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MANUAL DE METODOLOGIA

DA PESQUISA PARA O DIREITO


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http://www.unisc.br
Mônia Clarissa Hennig Leal

MANUAL DE METODOLOGIA
DA PESQUISA PARA O DIREITO

1a reimpressão

Santa Cruz do Sul


EDUNISC
2009
© Copyright: Mônia Clarissa Hennig Leal
1ª edição 2007
1ª reimpressão 2009
Direitos reservados desta edição:
Universidade de Santa Cruz do Sul

Editoração: Clarice Agnes, Felipe A. Lorenz


Capa: Silvia Paula Bittencourt

L435m Leal, Mônia Clarissa Hennig


Manual de metodologia da pesquisa para o Direito/ Mônia
Clarissa Hennig Leal. - Santa Cruz do Sul : EDUNISC,
2007.
130 p.

Bibliografia.
Conteúdo: Pós-graduação e seus respectivos tipos de trabalhos
acadêmicos – Projeto de pesquisa – Estrutura e desenvolvimento
dos trabalhos acadêmicos – Outros tipos de trabalhos científicos
(artigo, paper, resenha) – Fichamentos.
1ª reimpressão 2009.

1.Direito – Metodologia. 2. Pesquisa. 3. Redação técnica.


I. Título.
CDDir: 340.072
Bibliotecária : Muriel Thürmer CRB 10/1558

ISBN 978-85-7578-162-3
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................ 9

1 METODOLOGIA DA PESQUISA ............................... 11


1.1 Considerações iniciais ...................................................... 11
1.2 Pós-Graduação ................................................................. 11
1.3 Tipos de pesquisa ............................................................. 17
1.3.1 Pesquisa bibliográfica .................................................... 18
1.3.2 Pesquisa de campo ......................................................... 18
1.3.3 Estudo de caso ............................................................... 23

2 PROJETO DE PESQUISA .............................................. 27


2.1 Considerações iniciais ...................................................... 27
o/ Mônia 2.2 Tema ................................................................................. 28
SC, 2.3 Delimitação do tema ........................................................ 31
2.4 Problema ........................................................................... 32
2.5 Hipótese(s) ....................................................................... 33
2.6 Objetivo geral ................................................................... 34
de trabalhos 2.7 Objetivos específicos ........................................................ 34
volvimento 2.8 Justificativa ....................................................................... 35
científicos 2.9 Revisão bibliográfica ou Referencial teórico .................... 35
2.10 Metodologia ................................................................... 36
2.11 Recursos .......................................................................... 38
2.12 Estrutura preliminar do trabalho ................................... 38
écnica.
2.13 Cronograma.................................................................... 39
.072 2.14 Referências ..................................................................... 40
2.15 Bibliografia ..................................................................... 41

3 FICHAMENTOS .............................................................. 43
3.1 Considerações iniciais ...................................................... 43
3.2 Fichamento bibliográfico ................................................. 44
6 Mônia Clarissa Hennig Leal

3.3 Fichamento de leitura ...................................................... 46


3.3.1 Fichamento de leitura de transcrição ............................ 48
3.3.2 Fichamento de leitura de resumo .................................. 48
3.3.3 Fichamento de leitura de sumário ................................ 49
3.4 Fichamento definitivo de leitura ...................................... 50

4 ESTRUTURA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO . 52


4.1 Elementos do Trabalho de Conclusão de Curso - TCC . 52
4.2 Introdução ........................................................................ 52
4.3 Desenvolvimento .............................................................. 53
4.4 Conclusão ......................................................................... 54
4.5 Outros aspectos ................................................................ 55
4.6 Referências ....................................................................... 58

5 OUTROS TRABALHOS CIENTÍFICOS ..................... 59


5.1 Considerações iniciais ...................................................... 59
5.2 Paper ................................................................................. 59
5.3 Resenha ............................................................................ 60
5.4 Artigo científico ............................................................... 62

6 CITAÇÕES ........................................................................ 66
6.1 Considerações iniciais ...................................................... 66
6.2 Sistema autor-data ........................................................... 66
6.3 Sistema numérico ............................................................. 69
6.3.1 Nota de fim ................................................................... 69
6.3.2 Nota de rodapé .............................................................. 70

7 REFERÊNCIAS MAIS UTILIZADAS NA AREA


JURÍDICA ............................................................................. 74
7.1 Considerações iniciais ...................................................... 74
7.2 Formas de referência ........................................................ 74
7.2.1 Um autor ....................................................................... 74
7.2.2 Dois ou três autores ....................................................... 74
7.2.3 Quatro ou mais autores ................................................. 74
7.2.4 Obra coletiva ................................................................. 75
7.2.5 Texto de obra coletiva .................................................... 75
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 7

7.2.6 Autores com mesmo sobrenome ................................... 75


7.2.7 Textos diferentes do mesmo autor ................................ 75
7.2.8 Legislação ...................................................................... 75
7.2.9 Acórdãos ........................................................................ 76
7.2.10 Teses e dissertações ...................................................... 76
7.2.11 Artigos de periódico .................................................... 77
7.2.12 Homepage institucional ............................................. 77
7.3 Outras observações importantes ...................................... 77

REFERÊNCIAS ................................................................... 79

ANEXO A - PROJETO DE PESQUISA COMPLETO . 81

ANEXO B - ESTRUTURA E FORMATAÇÃO DO


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO .............. 109
a) Capa .................................................................................. 110
b) Folha de rosto ................................................................... 111
c) Folha de aprovação ........................................................... 112
d) Dedicatória ....................................................................... 113
e) Agradecimentos ................................................................ 114
f ) Resumo ............................................................................. 115
g) Abstract............................................................................. 116
h) Zusammenfassung ........................................................... 117
i) Résumé .............................................................................. 118
j) Resumen ............................................................................ 119
k) Lista de abreviaturas ....................................................... 120
l) Sumário ............................................................................ 121
m) Formatação e digitação .................................................. 124

ANEXO C - CAPA DE RESENHA ................................. 125

ANEXO D - ARTIGO CIENTÍFICO ............................. 127


8 Mônia Clarissa Hennig Leal
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 9

APRESENTAÇÃO

Coube-me a honra de apresentar este novo livro da Profa.


Dra. Mônia Clarissa Hennig Leal, o qual é resultado de suas au-
las de Metodologia da Pesquisa Jurídica junto aos diversos cursos
de Pós-Graduação em Direito, em nível de especialização, na
UNISC. Nesta obra, a Professora Mônia apresenta suas experi-
ências na pesquisa jurídica, tanto junto à Graduação quanto na
Especialização, no Mestrado e, mais recentemente, no Doutora-
do e agora no Pós-Doutorado, propondo ferramentas práticas a
fim de que professores, estudantes e demais operadores do Direi-
to possam realizar suas pesquisas no Direito com eficiência e qua-
lidade.
Neste livro, a Professora Mônia desmistifica a pesquisa ju-
rídica, demonstrando com rara habilidade os diversos tipos de
trabalhos científicos, os diferentes tipos de pesquisa, o roteiro
completo de um projeto de pesquisa, os tipos de fichamento, as
formas de citações, as referências, enfim, todas as informações
necessárias à realização de um competente trabalho de pesquisa
jurídica, tudo num texto acessível, objetivo e prático.
Trata-se, verdadeiramente, de um Manual da Pesquisa Ju-
rídica, que será de grande proveito aos estudantes da graduação,
da pós-graduação lato e stricto sensu e aos professores, na reali-
zação da sua própria pesquisa e na orientação dos trabalhos dos
seus alunos, que poderão se valer não só das dicas práticas que o
texto traz, mas também dos exemplos e modelos apresentados.
Ainda que o ensino universitário brasileiro não se enqua-
dre totalmente nas características da “Universidade de Massa” ita-
liana, referida por Umberto Eco1, certamente que guarda grandes
semelhanças, porque também aqui, como lá, transforma-se o alu-

______________
1
ECO, Humberto. Como se faz uma tese. Tradução de Gilson César Cardoso
de Souza. 14. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996. p. XIII.
10

no da graduação e da pós-graduação lato sensu em pesquisador


por obrigação. Em função disso e na ausência do professor “tu-
tor” das universidades norte-americanas, responsável pela “tuto-
ria” de um ou dois alunos por ano e, portanto, podendo ser “usa-
do” por esses sempre que dele necessitarem, é que este livro tem
sua importância, porque permite ao aluno, de forma individual,
buscar o conhecimento necessário à realização do seu trabalho de
pesquisa.
A professora Mônia Clarissa Hennig Leal coloca, portan-
to, juntamente com a EDUNISC, que sempre tem apoiado as
iniciativas do Curso e do Mestrado em Direito da UNISC, à dis-
posição de todos os operadores do Direito, em seus diversos ní-
veis, esta obra de metodologia da pesquisa jurídica. Por certo que,
embora seja direcionada à orientação da pesquisa no Direito, nada
impede que seja utilizada, também, por pesquisadores de outras
áreas do conhecimento, em razão da clareza dos conceitos e ideias
transmitidas na obra.

Prof. Dr. Jorge Renato dos Reis


Coordenador do Programa de Pós-Graduação em
Direito – Mestrado da UNISC
11

1 METODOLOGIA DA PESQUISA

1.1 Considerações iniciais

É preciso ter-se claro, em primeiro lugar, que a metodologia,


na pesquisa, não é um problema; ela não pode ser vista como um
obstáculo, como uma dificuldade. Antes pelo contrário: ela nos
fornece um caminho lógico para o desenvolvimento do trabalho
(methodus = caminho) a ser realizado.
Ela facilita, portanto, a chegada a um determinado destino,
evitando que se ande em círculos, sem rumo. Assim, podemos fa-
zer uma associação com a estrada, que é utilizada para se chegar,
com segurança, a algum lugar (ela ajuda, e não atrapalha), por mais
que, por vezes, o caminho trilhado seja um pouco mais longo. Da
mesma forma, a metodologia, na pesquisa, confere segurança e for-
nece meios que qualificam o resultado final, mesmo que isso im-
ponha o desenvolvimento de algumas atividades específicas.

1.2 Pós-Graduação

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC (monografia) ≠ Dis-


sertação ≠ Tese: apesar da diferença entre eles, todos pressupõem um
estudo científico (cientificidade da sua construção, da sua estrutu-
ra, do seu texto). Dentro dessa cientificidade também se enquadra,
por sua vez, a elaboração de um projeto de pesquisa, que tem por
objetivo mais auxiliar na maturação e na qualificação do trabalho
do que dificultar (aquilo que o projeto exige de preparação antes,
12 Mônia Clarissa Hennig Leal

evita de complicação depois, ao longo do trabalho).


 Aspectos:
- cientificidade (sistematicidade, rigor científico);
- tema limitado (relacionado com a ciência);
- análise exaustiva e profunda daquele aspecto do tema a
ser enfrentado;
- análise de todos os seus ângulos (daquele aspecto do tema
selecionado).
 Obs.: Não se confunde rigor científico com neutrali-
dade (é preciso que o trabalho faça críticas, tenha um
posicionamento – até porque quando se elege um marco teórico,
essa própria escolha já revela uma postura), sobretudo no âmbito
das ciências humanas e sociais.

• Trabalho de Conclusão de Curso – TCC (“monografia” ou


outro): segundo as diretrizes do Ministério da Educação, o
Trabalho de Conclusão de Curso pode tomar a feição de uma
monografia, de um artigo ou de um relatório ou estudo de caso,
especialmente em se tratando da Pós-Graduação Lato Sensu;
nesse caso, a opção e determinação de qual modalidade de
trabalho será exigida como requisito para obtenção do título
pleiteado cabe ao próprio curso em questão.
 Via de regra, contudo, a “monografia” ainda tem sido o
tipo mais tradicional, até mesmo em virtude de sua obrigatoriedade
nos currículos dos cursos de Graduação em Direito, razão pela
qual concentraremos nela nossa atenção, apesar de as informa-
ções aqui enfocadas também serem aplicáveis às demais modali-
dades mencionadas.
 Trata-se, pois, do estudo científico de uma questão bem
determinada e limitada, realizado de forma exaustiva e com pro-
fundidade.
 Como a própria etimologia do nome já indica, é um
estudo individual acerca de um único tema, bem determinado
(mono = um; graphos = escrita).2
______________
2
Apesar de esta nomenclatura, tradicionalmente, ter sido empregada com
relação aos trabalhos desenvolvidos no âmbito da Graduação e da Especia-
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 13

 Não só estuda o seu tema em profundidade, mas tam-


bém em todos os seus ângulos e aspectos.
 É o trabalho de conclusão característico dos cursos de
Graduação3 e dos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu, em qual-
quer de suas modalidades (Especialização Acadêmica; Especiali-
zação Profissionalizante; MBA – Master of Business
Administration), podendo tanto tratar-se, em qualquer dos ca-
sos, de uma pesquisa de cunho eminentemente bibliográfico, de
um estudo de caso ou de uma pesquisa de campo.4
 Não existe uma extensão específica estabelecida para
este tipo de trabalho, porém o que se tem verificado, nas univer-
sidades, é que, para o nível de graduação5, tem-se exigido textos
______________
lização, é preciso observar que também a Dissertação de Mestrado e a Tese
de Doutorado possuem natureza monográfica, isto é, versam sobre um tema
determinado, valendo-se de sua carga etimológica. A referência e opção ao
termo “monografia” justifica-se, portanto, tão somente em virtude de ainda
ser amplamente utilizado no meio acadêmico, apesar de a legislação educa-
cional atinente à espécie evidenciar uma tendência de incorporação desta
nova designação, conforme se depreende da leitura da nota de rodapé se-
guinte.
3
A monografia nos cursos de Graduação em Direito passou a ser obrigatória
nos currículos por determinação da Portaria 1886/94 do Ministério da Edu-
cação (art. 9º). A Resolução CNE/CES nº 9/2004, todavia, em seu art. 10,
já incorpora a expressão “trabalho de conclusão de curso”, conforme referi-
do, designação essa também utilizada na NBR 15.287.
O Regulamento do Centro de Estudos e Pesquisas Jurídicas – CEPEJUR
da Unisc ainda se refere, contudo, à monografia, razão pela qual se optou,
no presente texto, por manter, igualmente, a designação de “monografia” ao
trabalho de conclusão de cursos da Graduação e da Especialização, não a
desconsiderando por completo.
4
Normalmente, os cursos de MBA – até mesmo em virtude das característi-
cas e do perfil que normalmente identificam esta modalidade de pós-gra-
duação lato sensu – adotam trabalhos de conclusão mais voltados para o
estudo de casos, notadamente de empresas, em que se possam aplicar os
conhecimentos auferidos ao longo do curso. Nada impede, porém, que a
pesquisa, também nestes casos, adote um cunho bibliográfico ou seja desen-
volvida a partir de uma pesquisa de campo.
5
São estas, inclusive, as orientações adotadas pela Universidade de Santa
Cruz do Sul – UNISC, onde o Centro de Estudos e Pesquisas Jurídicas
(CEPEJUR) tem fixada a extensão de, no mínimo, cinquenta e, no máximo,
14 Mônia Clarissa Hennig Leal

em torno de sessenta a oitenta laudas em média, enquanto que,


em nível de pós-graduação6, estes demandam cerca de oitenta a
cento e vinte páginas.
 A duração dos cursos de Especialização está fixada, pela
legislação educacional, em vinte e quatro meses; o que se oberva,
contudo, é que, em decorrência de uma série de fatores (dentre
eles as exigências de mercado e a própria redução na extensão dos
cursos de pós-graduação stricto sensu), a duração deste tipo de
curso não tem ultrapassado os dezoito meses, incluída a elabora-
ção do trabalho de conclusão.
 Não existe exigência específica, em se tratando desta
modalidade de trabalho acadêmico, de se realizar uma sessão pú-
blica de defesa; algumas universidades, todavia, adotam, interna-
mente, esse critério como regra.
 No caso da UNISC, a defesa pública do Trabalho de
Conclusão de Curso (tanto em nível de graduação como em nível
de pós-graduação) segue os seguintes padrões: a banca é compos-
ta, necessariamente, pelo professor orientador (que preside os tra-
balhos) e por mais um professor convidado, que atue na área ob-
jeto da pesquisa, com titulação adequada e compatível.
 Em ambos os casos, no início da sessão, o aluno possui
um tempo determinado para a apresentação do trabalho, sendo
que, em seguida, confere-se prazo – de vinte a trinta minutos –
para a manifestação e questionamentos do professor convidado,
sendo concedido igual tempo ao acadêmico para suas respostas.
 Ao final, a banca se reúne, analisa os critérios
preestabelecidos para a avaliação e atribui a nota final.
 A sessão encerra-se com a leitura da ata de defesa, onde
constam todas as informações relevantes, assim como o grau final
obtido pelo aluno.
 O número de exemplares da versão definitiva a serem
entregues varia conforme uma série de fatores (sugere-se, neste caso,
______________
cem páginas de texto (conforme o art. 26, parágrafo 1º do Regulamento dos
Trabalhos de Conclusão do Curso de Direito).
6
Os Cursos de Especialização em Direito oferecidos pela Unisc têm adota-
do, em seus projetos pedagógicos, exatamente esta orientação.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 15

sempre buscar estas informações diretamente junto à Secretaria, a


fim de se evitar qualquer transtorno dessa ordem); de qualquer for-
ma, normalmente são concedidos, neste nível, trinta dias para que
se procedam as adequações e revisões sugeridas pelos integrantes
da banca examinadora, situação que fica condicionada à apreciação
e à aprovação posterior por parte do professor orientador.
 Somente após cumpridos esses requisitos é que o traba-
lho é considerado definitivamente aprovado, podendo-se emitir,
então, o certificado ou diploma.

• Dissertação: na dissertação, exigem-se todos os requisitos


da monografia, porém é preciso esgotar-se um determinado tema,
que, em virtude da própria natureza mais aprofundada que carac-
teriza os cursos de Mestrado, também precisa ser mais complexo
do que o de uma “monografia” de graduação ou de especialização,
o que exige, por sua vez, naturalmente, também uma maior ex-
tensão e uma maior demanda de tempo para a sua realização.
 Como se disserta sobre um determinado tema – reunin-
do-se uma série de referências com relação a ele – até há pouco
não se costumava, aqui, falar em conclusão, mas tão somente em
considerações finais (isso é, entendia-se que a própria natureza e
forma do trabalho não permitiam que se pretendesse concluir, ter
uma conclusão propriamente dita, ao final do mesmo), já que,
por sua natureza, os elementos finais se destinam mais a traçar
um reforço das ideias e dos elementos centrais desenvolvidos ao
longo do trabalho.
 Hoje, todavia, entende-se que também neste nível a
finalização da pesquisa deve ser apresentada em termos de con-
clusão.7
 Assim como ocorre com a modalidade de trabalho an-
terior, não há uma previsão expressa com relação à sua extensão,

______________
7
O embasamento para uma tal postura pode ser encontrado na NBR 14.724/
2005, sendo também incorporado nas últimas edições do livro de normas da
Unisc; ver HELFER, I.; AGNES, C. Normas para apresentação de trabalhos
acadêmicos. 8. ed. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2006. p. 12.
16 Mônia Clarissa Hennig Leal

mas a dissertação normalmente apresenta em torno de, no míni-


mo, cento e cinquenta páginas.
 No que tange à duração dos cursos de Mestrado, o padrão
de organização e de estruturação dos cursos na área do Direito
tem sido de conclusão no prazo de vinte e quatro meses (incluída
a elaboração da dissertação), atendendo a indicativos e padrões
estabelecidos pela CAPES (órgão do Ministério da Educação
encarregado de regulamentar e acompanhar a Pós-Graduação
Stricto Sensu no Brasil), que, nos critérios de avaliação, indica
como referencial ideal o prazo acima referido.8
 De qualquer forma, como esses aspectos podem sofrer
variações de acordo com as orientações dadas pelos órgãos de fo-
mento, ou com regras específicas de cada instituição de ensino,
recomenda-se, sempre, para tanto, uma leitura atenta do regimento
de cada programa.
 Em se tratando de Dissertação de Mestrado, exige-se,
necessariamente, a defesa do trabalho em sessão pública perante
banca, composta pelo professor orientador, por um professor que
integra o quadro docente do respectivo programa e por um
professor convidado, externo (todos, invariavelmente, portadores
do título de doutor).
 No Mestrado, o prazo para a entrega da versão definiti-
va da Dissertação, devidamente encadernada, é, em regra, de no-
venta dias, após a defesa, valendo, no mais, todas as questões
indicadas com relação ao trabalho de conclusão de curso da
Graduação e da Pós-Graduação Lato Sensu.

• Tese: além dos requisitos anteriores, exige originalidade


(ou do tema, ou da abordagem).
 Por tratar-se de uma tese, de uma teoria própria que se
constrói, exige-se, ao final, aí sim, independentemente de ques-
tões de nomenclatura, uma conclusão.

______________
8
Conforme CAPES. Nova ficha de avaliação dos programas/cursos acadêmicos:
versão 07/06/2006. Brasília: [s.n.], 2006. p. 9.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 17

 A tese deve eleger um tema específico – porém amplo,


profundo, complexo – e esgotá-lo em todas as suas possibilida-
des; daí ser natural o fato de a extensão de uma Tese de Douto-
rado ser bem maior do que a de qualquer dos outros trabalhos
científicos aqui referidos.
 Embora não haja previsão expressa sobre a extensão
mínima exigida para as teses de doutorado (isto varia de acordo
com as regras estabelecidas no regimento de cada programa), elas
normalmente possuem em torno de, no mínimo, trezentas pági-
nas, podendo chegar a um número bem maior em alguns casos.
 Atualmente, a duração estipulada para a realização de
um curso de doutorado é de trinta e seis a quarenta e oito meses,
permanecendo as demais orientações referentes ao Mestrado.
 No caso da tese, a sessão pública de defesa é presidida
pelo professor orientador, sendo a banca composta, ainda, por
dois professores convidados e por dois professores integrantes do
corpo docente do respectivo programa (todos portadores do título
de doutor e com notória trajetória acadêmica relacionada ao tema
da pesquisa).
 Obs.: Percebe-se que a cientificidade é a mesma em
todas as versões e graduações dos trabalhos de conclusão; o que
muda, portanto, é a profundidade, a exigência com relação à abor-
dagem (e, consequentemente, também a extensão e o tempo para
sua elaboração).
 Obs.: Em todos os casos também é importante atentar-
se para as áreas de concentração e as linhas de pesquisa adotadas
pelo Programa (adequação ao perfil do Programa), fator que com-
põe um importante elemento de avaliação por parte dos órgãos
governamentais competentes, especialmente em se tratando do
Mestrado e do Doutorado.

1.3 Tipos de pesquisa

bibliográfica
Pesquisa de campo
estudo de caso
18 Mônia Clarissa Hennig Leal

1.3.1 Pesquisa bibliográfica


É extremamente comum no âmbito do Direito. Ela traba-
lha o desenvolvimento de determinado tema notadamente a par-
tir de referenciais teóricos baseados em pesquisa de natureza bi-
bliográfica (livros, revistas, artigos).
Dentro desse contexto é possível, ainda, articular o traba-
lho de diferentes formas, isto é, segundo diferentes lógicas de
organização (dedutiva, indutiva, etc), conforme veremos mais
adiante.9
Enfim, pesquisa bibliográfica é aquela em que a monografia
consiste em um texto cuja redação é feita a partir da consulta a
outros textos e publicações, sem se valer de outras fontes ou ins-
trumentos de pesquisa mais empíricos ou diretos.

1.3.2 Pesquisa de campo


Neste caso, a investigação não fica restrita aos aspectos te-
óricos; há, antes, uma ênfase em dados concretos. Trata-se de uma
pesquisa empírica, em que elementos e dados coletados na reali-
dade concreta são fundamentais e essenciais para o desenvolvi-
mento do trabalho.
Ela utiliza como base a observação que o pesquisador faz
diretamente com relação a fatos ou pessoas, ou também a pesqui-
sa de documentos cujo acesso não se faz possível ou desejado pela
via bibliográfica.
Dito de outra forma, para que se obtenham esses dados e
elementos fundamentais, é necessário que se saia “a campo” para
buscá-los; nesse caso, o rigor na aplicação e na utilização destes
elementos, bem como na coleta dos dados, é essencial, devendo
receber uma especial atenção por parte do pesquisador.
Depois da realização do trabalho de campo, é preciso que
se proceda à organização do material colhido (de acordo com as
premissas levantadas e que nortearam o fazimento desta pesquisa

______________
9
Ver, para tanto, o item referente à metodologia no capítulo que trata do
projeto de pesquisa, quando serão desenvolvidas as especificidades que iden-
tificam cada um destes métodos.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 19

direta – critérios). Essas premissas tomam como referência, por


sua vez, algumas elaborações teóricas relacionadas ao tema, ou
seja, a coleta de dados deve se dar sempre, necessariamente, a
partir de determinados referenciais (jamais se admite, para fins
científicos, uma pesquisa onde o levantamento de dados é feito
de forma aleatória, sem embasamento).
 Obs.: Isso quer dizer que, mesmo em uma pesquisa
de campo, há sempre a necessidade de uma elaboração teórica
(a pesquisa de campo sempre é feita a partir de um referencial
teórico).
Essas premissas têm, por sua vez, que estar muito bem
definidas antes do início da coleta de material (é preciso que se
saiba, exatamente, quais são os objetivos, o que é que se busca, o
que é necessário e importante para que estes objetivos sejam al-
cançados e quais os meios adequados para isso). A pesquisa se
torna muito difícil se não estiver bem estruturada e se não houver
uma clareza com relação aos seus objetivos e aos elementos que a
integram. Por outro lado, essas premissas não implicam um
“engessamento” total e absoluto da pesquisa, isto é, é possível que,
ao longo de sua realização, esses aspectos sofram desvios e ajustes,
porém eles precisam ser conscientes e justificados.
 Exemplo: pesquisa versando sobre a problemática do “acesso
à justiça” com relação à determinada camada da população.
 Hipótese de que as pessoas de baixa escolaridade não
têm amplo acesso à justiça.
 Essas hipóteses podem ser retiradas de construções dou-
trinárias (baseadas em trabalhos de autores que desenvolvem re-
flexões e teorias nesse sentido, teorias essas que, no caso, tentarão
ser testadas em uma determinada realidade concreta que será ob-
jeto da pesquisa), ou mesmo de outras pesquisas nesse sentido já
realizadas.
 Fonte das hipóteses:
- doutrinária;
- outras pesquisas (mudança/alteração nos fatores
determinantes ou incorreção da pesquisa anterior).
20 Mônia Clarissa Hennig Leal

 Para basear a pesquisa de campo em uma pesquisa an-


terior, todavia, é preciso que:
- haja entre as duas um período de tempo razoável + séria
desconfiança de que as condições reais nas quais a pesquisa ante-
rior se baseou se alteraram;
- que se acredite ou desconfie – com fundamento – que o
pesquisador da pesquisa anterior tenha se equivocado na análise
ou então na coleta dos dados (tira-se, então, a prova).
 Nesse último caso, as premissas a serem adotadas devem
ser, necessariamente, as mesmas tomadas como referência para a
pesquisa anterior, sendo necessário dar-se especial atenção para o
aspecto comparativo em cada uma das etapas, a fim de se verifi-
carem e de se demonstrarem os eventuais erros cometidos.
 Isso significa que o pesquisador tem um duplo traba-
lho:
- buscar dados novos (coletar os dados necessários à reali-
zação da pesquisa);
- comparar esses dados com os anteriores, sempre com a
atenção voltada para os “erros” e “acertos” da pesquisa anterior.
 Obs.: Esses “vícios” podem estar localizados em dife-
rentes possíveis partes ou fases da pesquisa anterior (ex.: hipóte-
ses, coleta de dados, conclusões, etc).
 Uma vez levantando-se como premissa a hipótese de
que as pessoas de baixa escolaridade não têm amplo acesso à jus-
tiça, ou seja, que elas raramente recorrem ao Judiciário para resol-
ver os seus problemas, é necessário que a coleta do material seja
feita junto às pessoas que compõem esta camada social, a fim de
se constatarem os níveis de acesso ao Judiciário especificamente
nesta camada da população.
 Obs.: Como, no entanto, a pesquisa trabalha com a hi-
pótese de que existe uma relação entre acesso à justiça e grau de
escolaridade, é necessário, também, levantar os mesmos dados
junto a outras camadas populacionais (de nível de escolaridade
mais elevado, por exemplo), a fim de se poderem contrastar os
resultados obtidos.
 Isso porque, se a pesquisa ficar restrita somente à po-
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 21

pulação de baixo nível de escolaridade, pode-se chegar à con-


clusão de que este grupo não tem garantido o seu acesso à
justiça, mas isso não prova que esta seja a causa ou um fator
determinante para essa conclusão, porque, na via inversa, não
é necessariamente verdadeiro que as faixas de maior escolari-
dade o tenham (isto pode estar relacionado a inúmeros outros
fatores – como o financeiro, por exemplo – que, no caso, contu-
do, não se inclui nas variáveis da pesquisa em foco).
 É preciso, portanto, sempre considerarem-se todas as
amostras possíveis desse todo (todas as variantes devem ser leva-
das em conta).
 Apesar de ser necessário recorrer-se a estatísticas, não se
deve esquecer que o gênero humano é único e avesso a generali-
zações.
 Nesse sentido, quanto mais específico e pontual for o
objeto da pesquisa, isto é, quanto mais amplamente se consegui-
rem coletar os dados (abranger toda a população envolvida), di-
minuindo-se as generalizações, melhor.
 Dentro desse contexto, deve-se ter um especial cuidado
por ocasião da fixação do foco da pesquisa, tentando-se, ao máxi-
mo, restringir e especificar o público-alvo, a fim de se evitarem
generalizações muito amplas.
 Assim, no caso, dever-se-ia, de forma geral:
- estabelecer o que é baixa escolaridade (ex.: somente ensi-
no primário, até a quarta série);
- limitar o local (ex.: em Santa Cruz do Sul, no bairro, no
setor, etc.), pois pode haver variações locais relacionadas a outros
fatores;
- especializar (ex.: faixa etária, nível salarial, etc);
- definir critérios que estabeleçam o que é considerado um
acesso “amplo” à justiça (padrões, critérios objetivos que indiquem
um parâmetro para o que é um acesso à justiça amplo, satisfatório,
ou não – por exemplo, um percentual dos problemas que chega-
ram à apreciação e foram decididos pelo Judiciário e que não fo-
ram resolvidos por vias informais e escusas).
 Além disso, é preciso que se levem em consideração al-
22 Mônia Clarissa Hennig Leal

guns aspectos relevantes relacionados ao objeto da pesquisa e que


podem ser determinantes para a alteração dos resultados (ex.: no
caso específico do acesso à justiça, o surgimento da Lei 9.099/
95, pois ela trouxe uma grande inovação com relação ao tema e
que não pode ser desconsiderada).
 Uma vez coletados os dados, são feitas as comparações e
análises com relação a eles, a partir das premissas elaboradas para
a realização da pesquisa de campo (os critérios para a comparação
devem, necessariamente, estar baseados nos critérios adotados para
a realização da pesquisa).
 Daí é que se extraem as conclusões, confirmando-se ou
rejeitando-se as hipóteses iniciais levantadas (ex.: “em face dos
dados coletados, verifica-se que há um baixo índice de acesso ao
Judiciário junto à população estudada, porém a escolaridade não
se apresentou como um fator determinante para tanto, pois tam-
bém nas camadas mais elevadas daquela população o referido ín-
dice permaneceu praticamente inalterado; a baixa escolaridade
não se apresenta, por conseguinte, como sendo um fator
determinante ou restritivo de acesso à justiça, razão pela qual re-
futam-se, portanto, as hipóteses levantadas com base na teoria de
Fulano de Tal, uma vez que a relação entre as variáveis não restou
demonstrada...”).
 Obs.: A realização de uma pesquisa de campo não
exclui a possibilidade de estar associada com uma pesquisa de
compilação de cunho bibliográfico (até mesmo porque a aná-
lise dos resultados precisa estar amparada por referenciais te-
óricos, que embasem as conclusões).
 Ex.: “a partir dos resultados obtidos na pesquisa, refu-
tam-se as posições do autor Tal, pois constatou-se...”; ou “confir-
mamos, pois, as ideias defendidas por Fulano de Tal, pois...”.
 Pesquisa de jurisprudência: pode ser objeto tanto de uma
compilação como de uma pesquisa de campo.
 O que diferencia as duas é que, no caso da compilação, o
acesso a ela se dá por meio de publicações, de revistas de jurispru-
dência, etc; já no segundo caso, a coleta da jurisprudência se dá
diretamente nos cartórios, nos julgamentos.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 23

 Obs.: Esta segunda situação pode ser constatada espe-


cialmente naqueles casos em que o objeto da pesquisa está asso-
ciado com aspectos que normalmente não são publicizados nos
repertórios de jurisprudência (ex.: concessão de liminares; duração
média de algumas espécies de processos; tempo médio gasto para
a realização de determinados atos processuais, análise de peti-
ções, etc).

1.3.3 Estudo de caso


Trata-se de uma forma privilegiada de pesquisa teórico-
prática (de caráter qualitativo, isto é, ela tem por finalidade uma
análise qualitativa dos dados, e não só quantitativa, quer dizer, o
objetivo não passa por uma simples descrição de dados, mas por
uma análise crítica e criativa), diferenciando-se, portanto, em certa
medida, da pesquisa de campo propriamente dita que, muitas
vezes, possui um caráter mais estatístico, razão pela qual este tipo
de trabalho é abordado, aqui, em tópico próprio.
O estudo de caso caracteriza-se, especificamente, por de-
dicar seu estudo ao que se poderia denominar de uma “situação
particular com recorte radical”, isto é, ele tem por objeto uma
determinada situação, empiricamente verificável, o que significa
dizer que ele deve estar conectado, necessariamente, com uma
situação de fato, não podendo assumir uma conotação meramen-
te teórica (ex.: ao contrário do que ocorre numa pesquisa de cará-
ter eminentemente bibliográfico, onde o tema seria, por exemplo,
“a sonegação fiscal”, no estudo de caso o tema ganha um foco
mais específico, tal como “o caso de sonegação fiscal x, ocorrido
na empresa y da localidade z”).10

______________
10
É exatamente em razão desta característica que este tipo de trabalho é tão
comum nos cursos de MBA – Master of Business Administration, pois,
como o perfil desses cursos normalmente é voltado para uma formação prá-
tica, a modalidade do estudo de caso permite exatamente esta interação
entre teoria e prática, permitindo que os conhecimentos desenvolvidos nas
aulas sejam empregados para a análise de uma situação concreta, direta-
mente relacionada com a vida e a atuação profissional dos alunos.
24 Mônia Clarissa Hennig Leal

Apesar dessas características especiais, o estudo de caso,


enquanto técnica de pesquisa, resulta em um trabalho de con-
clusão ou “monografia” como qualquer outro, exigindo os mesmos
requisitos de cientificidade referidos acima. Exatamente por isso,
também ele pode ser desenvolvido tanto a partir de uma lógica
dedutiva (onde a análise do caso concreto se dá ao final, após o
desenvolvimento dos referenciais teóricos e dos conceitos e cate-
gorias fundamentais para o trabalho) quanto a partir de uma ló-
gica indutiva (quando a análise do caso concreto serve como ponto
de partida para o posterior desenvolvimento dos conceitos e dos
referenciais teóricos relacionados ao tema investigado), confor-
me se pode visualizar no quadro abaixo.

dedutivo (referencial teórico + revisão


bibliográfica dos conceitos + estudo de caso)
Aspecto metodológico
indutivo (descrição do caso + generalização
+ suporte teórico)

Da mesma forma que a lógica de organização do trabalho


e os aspectos metodológicos admitem variações no estudo de caso,
também a tipologia ou a natureza e tipo do estudo de caso podem
se apresentar sob diferentes formas, conforme o caso.
No estudo de caso chamado de institucional, tem-se como
foco, via de regra, a análise de determinada instituição, entidade
ou empresa com relação a algum aspecto específico (ex.: a estru-
tura organizacional da empresa x, da ONG y, do Poder Judiciário,
etc).
Já no caso do estudo de caso categorial, o que se tem é a
tentativa de aplicação ou de verificação do alcance e da possibili-
dade de aplicação de uma determinada categoria a uma situação
ou caso específico (ex.: a aplicação do conceito de público não
estatal no ensino superior brasileiro – o caso das Universidades
Comunitárias; a aplicação do código do consumidor nas relações
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 25

privadas – o caso dos contratos de venda de carros usados entre


particulares, etc).
Outra possibilidade em termos de realização de um estudo
de caso é o desenvolvimento de um estudo de caso comparado, em
que se procede mediante a comparação de dois ou mais casos
específicos (ex.: o estudo de caso da aplicação do sistema tributá-
rio “simples” na empresa x e na empresa y), visando a estabelecer
um contraponto entre eles. Em que pese ser esse um tipo especí-
fico de estudo de caso, ele é compatível com os demais modelos –
como o institucional e o de categoria aplicada – podendo, por
conseguinte, ser empregado de forma combinada com outra ca-
tegoria (ex.: o conceito de público não estatal – um comparativo
entre as Instituições de Ensino Superior comunitárias e as IES
privadas), se a natureza da análise ou da pesquisa assim o deman-
dar.
Por fim, pode-se falar, ainda, de um tipo de estudo de caso
especialmente voltado para os processos judiciais, em que o caso se
identifica, mais precisamente, com um processo judicial específi-
co (ex.: a prescrição intercorrente no caso x; a concessão de tutela
antecipada no processo y, nas ações de alimentos contra pais de-
sempregados, etc).
Em todos esses casos, contudo, apesar das distinções e par-
ticularidades que marcam cada uma dessas categorias, é impres-
cindível que se deixe claro qual o referencial teórico adotado, isto
é, é de extrema relevância que a leitura e a apreciação dos aspectos
que envolvem o caso específico sob análise sejam feitas a partir de
elementos teóricos sólidos e consistentes (ex.: se a proposta é re-
alizar um estudo de caso da concessão de tutela antecipada no
processo y, então é necessário, além da apreciação criteriosa da-
quele caso particular, que se proceda a um estudo aprofundado
sobre o instituto da tutela antecipada, seus requisitos, particulari-
dades, etc – elementos esses que somente são possíveis de ser
satisfatoriamente desenvolvidos se se tiver em mãos uma boa e
qualificada bibliografia e um bom referencial teórico sobre o tema
– pois somente assim a própria análise do caso concreto será de
qualidade).
26 Mônia Clarissa Hennig Leal

 Obs.: Em qualquer das situações envolvendo o estudo


de caso, é importante que se anexem ao trabalho os documentos
essenciais utilizados para a sua elaboração, até mesmo para possi-
bilitar, de parte de quem lê, um acompanhamento das informa-
ções e uma maior autonomia para uma compreensão mais ampla
dos elementos envolvidos (ex.: em um estudo de caso de um
processo judicial, juntar cópia dos autos, a fim de que se tenha
uma melhor percepção da situação como um todo).
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 27

2 PROJETO DE PESQUISA

2.1 Considerações iniciais

Toda elaboração de um trabalho científico, por sua própria


natureza – independentemente da complexidade demandada –
pressupõe, para sua adequada realização, a construção de um pro-
jeto de pesquisa, por mais rudimentar que seja (toda vez que nos
sentamos para escrever, temos que, minimamente, organizar nos-
sas ideias e nos focar naquilo que precisamos dizer, nos argu-
mentos que vamos utilizar, nos fatos que precisamos referir). Isso
vale tanto para quando escrevemos uma simples carta a um amigo,
uma mensagem via e-mail ou quando fazemos uma petição, sob
pena de escrevermos uma série de informações vazias, sem lógica
e sem propósito, que não dizem nada e não servem, portanto,
para nada.
Se isso vale para atos cotidianos de nossa vida, tanto afetiva
quanto profissional, com ainda mais propriedade esses requisitos
se fazem presentes por ocasião da realização de um trabalho de
cunho científico. Só que, aqui, também a elaboração do projeto
possui uma certa formalidade, nem sempre podendo ser feita tão
somente de forma mental ou informal.
Muitos cursos exigem apresentação de projetos de pesqui-
sa como etapa integrante e necessária da avaliação do trabalho
propriamente dito, inúmeras vezes mediante defesa pública (mais
especificamente, nos cursos de pós-graduação stricto sensu, isto é,
nos cursos de Mestrado e de Doutorado), onde esse é um requi-
sito formal quase tão importante quanto o próprio trabalho final.
Esse projeto, apesar de poder apresentar algumas peque-
nas variações de local para local, de universidade para universida-
de, conforme alguns interesses, possui uma estrutura determina-
da e comum, que deve ser observada e respeitada quando existe
28 Mônia Clarissa Hennig Leal

uma demanda específica e formal no sentido de apresentação de


um projeto de pesquisa.
Falaremos, a seguir, um pouco sobre cada um dos itens
que o integram.

2.2 Tema

 O quê, assunto.
 Existem muitos aspectos que podem ser considerados
por ocasião da escolha do tema (provocação para escolha):
- curiosidade do pesquisador;
- dificuldade prática;
- desafio teórico.
A escolha do tema pressupõe, sempre, um conhecimento
mínimo sobre o assunto a ser enfrentado, sobre os autores
(referenciais) fundamentais para o seu desenvolvimento, sobre o
que já se disse sobre ele. Nesse sentido, dificilmente a escolha de
um determinado tema será boa se for feita “no escuro”, até mes-
mo porque, nesse caso, é necessário um esforço extra no sentido
de um conhecimento preliminar, para então se poder encaminhar
mais especificamente o tema. Nada impede, contudo, que a
temática a ser enfrentada seja desconhecida do pesquisador, porém,
isso deve ser uma opção consciente, isto é, deve-se estar conscien-
te de que, para a realização do trabalho, será necessário um esforço
extra para acessá-lo de forma satisfatória (ainda mesmo antes da
elaboração do projeto).
Para que se proceda à escolha do tema a ser desenvolvido,
vários aspectos devem ser considerados, tanto no que tange às
condições para sua realização quanto a restrições e situações que
devem ser evitadas. Esses elementos estão abaixo elencados.

• O tema deve ser do interesse do candidato.


 Em sendo um tema que desperta o interesse, a curiosi-
dade do pesquisador, automaticamente a qualidade e o resultado
do próprio trabalho tendem a ser incrementadas, pois a sua reali-
zação deixará de ser uma obrigação para se transformar em um
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 29

prazer (não é preciso dizer que tendemos a ser incansáveis quan-


do algo nos instiga).
 No caso da Especialização, o tema já está, na maioria
das vezes, previamente delimitado pela própria natureza do Cur-
so (ex.: direito do trabalho, direito penal, direito processual civil,
direito constitucional).
 Este interesse pode ser:
- teórico;
- profissional (prático; neste caso, a pesquisa vai ser facili-
tada, bem como o trabalho, qualificado).

• Evitar duplicidade (estudos já desenvolvidos neste sentido).


 Ao se escolher a temática do trabalho, deve-se levar em
consideração a existência de outras pesquisas realizadas neste sen-
tido, pois, por mais que não se exija ineditismo em Trabalhos de
Conclusão de Curso (TCCs) e nem mesmo em dissertações, ain-
da assim isso não significa que o trabalho não precise ser inova-
dor.
 Note-se que não faz nenhum sentido desenvolver um
estudo igual a muitos outros já efetuados, que nada tem a contri-
buir para a evolução do tema; nesse caso, a atividade não repre-
sentará nada mais do que tempo perdido ou mero cumprimento
de uma obrigação (como se diz no meio acadêmico: por que in-
ventar, mais uma vez, a roda se ela já foi inventada?).
 A ideia da ciência é que, progressivamente, se dê sem-
pre um passo à frente, destinado a ser compartilhado com a co-
munidade acadêmica e com a sociedade (daí não ser interessante
a realização de um trabalho com o simples objetivo de cumprir
com a tarefa necessária para a obtenção de um título).

• Possibilidade de execução:
- fontes de consulta (existentes + acessíveis);
- ao alcance do candidato (capacidade – física e intelectu-
al).
Outro cuidado que se deve ter diz respeito à questão que se
refere à tese panorâmica x tese monográfica. Quando o tema eleito é
30 Mônia Clarissa Hennig Leal

muito amplo, normalmente o trabalho acaba sendo um trabalho


panorâmico (pois não há muita possibilidade de se aprofundar os
elementos que o compõem). Nesse caso, o trabalho acaba sendo
bastante frágil e sujeito a críticas (ou por omissões feitas, ou por
não terem sido abordados determinados aspectos considerados
importantes, etc.). Isso porque, quanto mais amplo o tema, me-
nos se pode escrever sobre cada elemento que o compõe e,
consequentemente, quanto menos se pode escrever sobre algo,
mais escolhas são necessárias e, portanto, mais críticas podem ser
tecidas com relação a elementos não enfrentados (ex.: “as inovações
trazidas pelo Novo Código Civil”; esse tema é muito amplo para
caber em uma monografia).
Assim, é preferível escolher um tema menor, menos
abrangente e mais limitado, e então escrever tudo o que for pos-
sível sobre ele (ex.: “as inovações trazidas pelo Código Civil com
relação aos regimes de bens e suas implicações sob uma perspec-
tiva constitucional”). Dentro desse contexto, quanto mais se res-
tringe o campo, melhor e com mais segurança se trabalha.
Portanto, uma tese monográfica (mono = um), sobre um
único tema (foco), sempre é preferível a uma tese panorâmica.
 Obs.: Fazer uma tese monográfica, no entanto, não
significa perder de vista o panorama (somente entendemos
um tema ou um autor quando o enquadramos em um
panorama); mas uma coisa é usar um panorama como pano de
fundo e outra é ter a obrigação de traçar um panorama como
objeto central do trabalho (ex.: “a noção e a função do costume
em Pontes de Miranda”; isso não significa que seja suficiente só
estudar Pontes, mas a obrigação com relação aos outros é menor,
pois eles servirão tão somente como contraponto, isto é, serão
trazidos para dentro do trabalho apenas a título ilustrativo).
Por outro lado, também é preciso tomar-se cuidado para
não se eleger um tema restrito demais, que nem sequer seja sufi-
ciente para o desenvolvimento de uma monografia.

 O tema é redigido em uma única frase.


 Ex.: “A natureza da atividade registral (pública ou privada)
e os seus efeitos na esfera da responsabilidade civil.”
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 31

2.3 Delimitação do tema *11

É por meio da delimitação do tema que o trabalho se torna


“humanamente” possível de ser feito.

espacial (onde)
Delimitação
temporal (quando)

 A delimitação do tema é feita em um parágrafo.


 Ex.: “A natureza da atividade registral (pública ou privada) e
os seus efeitos na esfera da responsabilidade civil, tomando
como referência o aspecto democrático incorporado pelo Es-
tado a partir da Constituição brasileira de 1988.”

 Delimitação:
- espacial (dentro da realidade brasileira);
- temporal (a partir da noção da Constituição de 1988).
Assim, apesar de se poder fazer referência ao modelo e à
natureza da atividade registral em outros países e também em
outros momentos (perspectiva histórica), não existe uma respon-
sabilidade de abordar profundamente esses comparativos – isso
porque o objetivo dos resultados da pesquisa visa só a este mo-
mento e a este lugar determinados. Não se pode cobrar que
determinadas situações ou realidades alheias ao tema central não
foram abordadas.
______________
11
Os itens indicados com (*) são elementos opcionais, não integrando a rela-
ção de elementos obrigatórios do projeto de pesquisa constantes do livro
Normas para apresentação de trabalhos acadêmicos da Unisc; eles são, todavia,
obrigatórios nos projetos de dissertação apresentados ao Mestrado em Di-
reito da Instituição, razão pela qual são aqui igualmente indicados.
Nesse sentido, o já citado livro Normas para apresentação de trabalhos acadêmi-
cos da Unisc identifica, ao indicar a estrutura do projeto de pesquisa, as figuras
do tema e da delimitação do tema, considerando-as uma coisa única. O
Mestrado em Direito, contudo, adota como requisito para os projetos de
dissertação, apresentados ao Programa, a apresentação de ambos os itens
(conforme regimento).
32 Mônia Clarissa Hennig Leal

A responsabilidade do trabalho é com relação aos aspectos


espaciais e temporais delimitados. Quem fizesse o trabalho sem
essa delimitação teria que falar, por exemplo, sobre a atividade
registral desde o Doomsday Book na Inglaterra, em 1085, e sobre
as especificidades existentes em todos os lugares do mundo em
que há uma atividade registral – ex.: na Alemanha, a presunção
do registro de imóveis é iure et de iure, o que tornaria o trabalho
por demais extenso para o intervalo de tempo disponível para
sua realização. É melhor, por conseguinte, neste caso, assumir
um compromisso menos pretensioso e cumpri-lo com qualidade.

2.4 Problema

É a formulação mais exata daquilo que se pretende estudar.


É um enunciado interrogativo, feito na forma de questionamento
direto ou indireto.
 O problema deve ter:
- relevância social e científica (deve trazer alguma contri-
buição para o Direito e para a sociedade);
- dimensão viável (o problema não pode se transformar em
um problema – os cartórios de imóveis são bons?; cavalos têm
inteligência?; o que faz uma criança feliz?; as relações contratuais
bancárias são justas?).
 Além disso, os parâmetros precisam ser claros:
· critério de criança (0 a 12 anos);
· critério de felicidade (não ter depressão);
· critério do que é uma relação contratual justa (que consi-
dera a capacidade e a realidade do cliente na aplicação de suas
taxas de juros).
Ainda assim é preciso especificar, restringir melhor o obje-
to da pesquisa (faixa etária a ser pesquisada, os aspectos a serem
analisados). Além disso, é preciso que haja possibilidade de se
responder, a partir dos limites da pesquisa, à questão formulada
(ex.: não há resposta para a pergunta “existe vida após a morte?”;
ou então existe possibilidade de resposta, todavia os meios não
estão ao acesso do pesquisador).
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 33

Dessa forma, ao se especificar o problema que norteará a


pesquisa, deve-se sempre ter em consideração os recursos e os
meios disponíveis para a sua realização, bem como os limites de
tempo e de extensão que o trabalho permite (ex.: o problema até
pode ser viável, mas pode demandar um tempo excessivo, que
ultrapassa o prazo estabelecido para a sua conclusão; nesse caso,
antes que haja alguma complicação, é preferível que se repense o
problema, a fim de que a pesquisa possa ser efetuada de forma
mais tranquila).

 É redigido de forma pontual, em um único parágrafo.


 Ex.: “Considerando-se os pressupostos estabelecidos pela
Constituição de 1988, a natureza da atividade registral é pú-
blica ou privada? Quais os efeitos desta natureza com relação à
responsabilidade civil?”

2.5 Hipótese(s)

É a resposta (pode haver mais de uma) provável ao proble-


ma formulado, que, ao fim, acaba por orientar a pesquisa. Ao fi-
nal do trabalho, a hipótese é confirmada ou refutada, o que não
significa, todavia, que, para um trabalho ser científico, seja preci-
so, necessariamente, confirmar-se a hipótese; dito de outro modo,
a contrariedade final à hipótese originalmente formulada não re-
tira a cientificidade do trabalho.
Tal situação acaba por reforçar, por seu turno, a importân-
cia do método (procedimento científico), pois, em caso de rejei-
ção da hipótese, o que importa, mais do que tudo, é que o traba-
lho seja consistente em sua realização e em sua estruturação. Na
seriedade de seu desenvolvimento é que reside a possibilidade de
se justificar a não comprovação da hipótese anteriormente levan-
tada, isto é, é a cientificidade e seriedade com relação ao desen-
volvimento do trabalho que permitem e autorizam que se ouse
derrubar o que foi estabelecido previamente.
34 Mônia Clarissa Hennig Leal

 A hipótese é redigida em um parágrafo.


 Ex.: “Dado o caráter da atividade registral, a natureza da
atividade registral é pública. Em sendo uma atividade de natu-
reza pública, então é possível acionar-se diretamente o Estado
nos casos em que há danos decorrentes de erro em registros.”

2.6 Objetivo geral

Sua redação é sempre marcada pelo emprego de um verbo,


indicando qual a ação, em sentido amplo, que se pretende desen-
volver com o trabalho. Em suma, ele consiste na indicação do que
se pretende com a pesquisa, quer dizer, de onde se quer chegar.

 É redigido em uma única frase.


 Ex.: “Analisar a natureza da atividade registral e suas impli-
cações na esfera da responsabilidade civil, a fim de verificar se
é possível acionar diretamente o Estado ou não nos casos em
que há danos decorrentes de erro em registros, tomando-se
como referência os pressupostos estabelecidos pela Constitui-
ção brasileira de 1988.”

2.7 Objetivos específicos

São estruturados na forma de tópicos, normalmente inici-


ando-se com um verbo (que indica as ações específicas, pontuais, a
serem desenvolvidas ao longo da pesquisa para a sua realização).

 São redigidos na forma de tópicos (sempre iniciando com


um verbo).
 Ex.:
- identificar se a atividade registral é de natureza pública ou
privada;
- analisar as implicações da natureza da atividade registral na
esfera da responsabilidade civil;
- determinar se o Estado pode ser acionado ou não como respon-
sável nos casos em que há danos decorrentes de erro em registros.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 35

2.8 Justificativa

É na justificativa que se abre um espaço para se poder dei-


xar claro por que o trabalho é importante (persuasão, deve con-
vencer o leitor da importância do mesmo). Normalmente faz-se
isso indicando-se as insuficiências do estágio atual do tema esco-
lhido, bem como demonstrando-se como o assunto vem sendo
tratado, para, a partir daí, indicar as contribuições pretendidas
(este aspecto é importante porque, apesar de a “monografia” e a
dissertação não precisarem ser inéditas, elas devem, de alguma
forma, trazer alguma contribuição para o mundo acadêmico/ pro-
fissional).

 Não deve ser redigida de forma extensa (deve-se evitar in-


gressar no mérito do tema), bastando, para tanto, um parágrafo
(ou mais, conforme o caso, dependendo da forma como são
abordados, no texto, os itens acima indicados).
 Obs.: Se não houver requisito de que seja feito em tópico
próprio, é aqui que se deve justificar, também, em parágrafo
próprio, a inserção na linha de pesquisa do curso.12

2.9 Revisão bibliográfica ou Referencial teórico13

É uma “minimonografia”, isto é, ela é elaborada na forma


de um texto científico, com citações, exposição lógica e coorde-
nada das ideias e dos aspectos relevantes com relação ao tema,
______________
12
Em se tratando de um projeto de Mestrado ou de Doutorado, este item
deve receber uma especial atenção, uma vez que este é um ponto extrema-
mente relevante para uma avaliação positiva do próprio curso. Os órgãos
governamentais que cuidam da pós-graduação stricto sensu atribuem um
grande valor à pertinência temática dos trabalhos de conclusão apresenta-
dos (tanto no sentido de vinculação com a linha de pesquisa na qual se
inserem quanto com relação ao enquadramento temático na área de produ-
ção do professor orientador). Assim, quanto mais restarem evidenciadas esta
inserção e esta adequação, mais positivamente o projeto será avaliado.
13
O livro de normas da Unisc adota a denominação “Referencial Teórico”
para este item; já o Mestrado em Direito se utiliza da denominação tradicio-
36 Mônia Clarissa Hennig Leal

além da utilização de argumentos e análise do referencial teórico


disponível.
A Revisão Bibliográfica (ou Referencial Teórico) deve ter
uma boa extensão, pelo menos a extensão necessária para que se
demonstrem os conhecimentos existentes com relação ao tema e
o domínio acerca dos seus aspectos mais relevantes. Dependendo
do tipo de trabalho a que se destina o projeto – monografia, dis-
sertação, tese – é natural, logicamente, que a extensão desta tam-
bém varie. De qualquer forma, ela não pode ser tão enxuta que
deixe a impressão de que o autor ainda não domina suficiente-
mente a temática a ser enfrentada, mas também não deve ser tão
extensa que já configure, por si só, o trabalho propriamente dito
(não se pode esquecer que o projeto é apenas uma etapa prelimi-
nar, de preparação do trabalho).
Nos cursos em que se exige a apresentação formal do pro-
jeto de pesquisa, contudo, esta extensão, em geral, já vem deter-
minada no próprio regulamento, facilitando, assim, a atividade
do pesquisador, que sabe, então, exatamente quais os requisitos
que precisa cumprir neste sentido.

 A Revisão Bibliográfica (ou Referencial Teórico) deve ser


redigida na forma de texto científico, com citações diretas e
indiretas.
 A extensão deve seguir as exigências indicadas no regimen-
to de cada curso (não tão extensa que equivalha ao trabalho
propriamente dito, nem tão enxuta que não seja suficiente para
demonstrar um amadurecimento e domínio prévio do objeto
da pesquisa).

2.10 Metodologia

Uma vez estruturado o projeto, já é possível que se tracem


as diretivas metodológicas a serem utilizadas para a realização do

______________
nal, “Revisão Bibliográfica”; trata-se, no entanto, da mesma coisa, variando
tão somente a nomenclatura empregada.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 37

trabalho, que devem ser indicadas em momento próprio no cor-


po do projeto. Ao se fazer essa indicação, são basicamente três os
aspectos a serem apontados: o método de abordagem a ser empre-
gado (isto é, a lógica de organização que será adotada para a rea-
lização do trabalho); a técnica de pesquisa a ser adotada (se se utili-
zarão fontes baseadas em documentação direta ou indireta) e o
método de procedimento (quer dizer, como se procederá na cons-
trução do texto).

dedutivo (parte do geral para o particular)


indutivo (parte do particular para a generalização; coleta de dados)
Método de abordagem
hipotético-dedutivo (experimentação; típico das ciências naturais)
dialético (tese e antítese, para daí se extrair uma síntese)

estatístico
Método de procedimento histórico
comparativo

documentação indireta (pesquisa documental + bibliográfica)


fontes primárias e secundárias
Técnica de pesquisa
documentação direta (pesquisa de campo + laboratório)
entrevista, questionário, etc...

 A indicação dos métodos a serem empregados deve ser feita


em um único parágrafo.
 Obs.: Hoje enfrentamos algo que se poderia designar como
“crise do método”, isto é, algumas escolas da filosofia atual têm
questionado a questão da neutralidade científica, sustentando
que o método não pode ser tido como meio para se alcançar
uma verdade pura e imutável, de caráter metafísico; hoje, por-
tanto, pode-se dizer que ele serve mais como um indicativo da
lógica de organização do trabalho adotada.
38 Mônia Clarissa Hennig Leal

2.11 Recursos

É o momento em que são indicadas as previsões de despe-


sa e dos custos para a realização da pesquisa, fato muito comum e
necessário, principalmente, quando se pleiteia algum financia-
mento (o órgão financiador, neste caso, precisa ter uma noção
exata dos custos envolvidos, bem como ter elementos que lhe vin-
culem e permitam alguma previsibilidade). Além disso, apesar
de, na área jurídica, os projetos de pesquisa envolverem baixos
custos – via de regra destinados apenas para eventual aquisição
de material bibliográfico ou de suporte – em outras áreas, onde os
materiais empregados possuem custos elevados, esses aspectos são
de fundamental importância, devendo ser demonstrados.14
Podem-se relacionar, neste item, diversas despesas, tais
como aquisição de equipamentos (informática, máquinas especi-
ais), suprimentos, material de apoio (folhas para impressão, tinta
para impressora, etc.), livros, passagens e despesas com desloca-
mento (para levantamento de dados, busca de referencial biblio-
gráfico em bibliotecas), dentre outros.

2.12 Estrutura preliminar do trabalho*

Para finalizar a montagem do projeto, depois de todos os


aspectos essenciais com relação ao trabalho já terem sido
estruturados, cabe esboçar a estrutura que se pretende desenvol-
ver (sumário provisório). Isto é importante tanto para orientar a
realização do trabalho como também para auxiliar na redação do
texto, além de permitir uma visualização do trabalho propriamente
dito – se efetivamente o tema escolhido possui potencial para ser

______________
14
O Mestrado em Direito não adota como item obrigatório a apresentação
deste item.
* Os itens indicados com (*) são elementos opcionais, não integrando a rela-
ção de elementos obrigatórios do projeto de pesquisa constantes do livro
Normas para apresentação de trabalhos acadêmicos da Unisc; eles são, to-
davia, obrigatórios nos projetos de dissertação apresentados ao Mestrado
em Direito da Instituição, razão pela qual são aqui igualmente indicados.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 39

desenvolvido dentro dos limites nos quais deve se enquadrar (ex-


tensão e profundidade de cada tipo de trabalho: monografia, dis-
sertação ou tese).

 A indicação do sumário provisório é feita no próprio proje-


to.
 Isso não significa que esse sumário não possa ser alterado
no trabalho definitivo; mas pelo menos ter-se-á uma
visualização clara do que será a pesquisa.

1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS REGISTROS PÚBLI-


COS NO BRASIL
1.1 Período colonial
1. 2 Período imperial
1. 3 Período republicano

2 A NATUREZA DA ATIVIDADE REGISTRAL


2. 1 A atividade registral no direito comparado ocidental
2. 2 Os pressupostos do Estado Democrático de Direito no âm-
bito público
2. 3 A atividade registral na Constituição de 1988: considerações
sobre sua natureza pública ou privada

3 A RESPONSABILIDADE CIVIL NA ATIVIDADE


REGISTRAL
3. 1 Pressupostos da responsabilidade civil (culpa, dano)
3. 2 Pressupostos da responsabilidade civil do Estado
3. 3 A responsabilidade civil na atividade registral e a possibilida-
de de se acionar o Estado

2.13 Cronograma

Como forma de planejamento para a realização da pesqui-


sa, é importante que se projetem no tempo as ações necessárias
para a sua consecução. Esse aspecto é importante para que se
demonstre a viabilidade de realização do trabalho dentro do prazo
40 Mônia Clarissa Hennig Leal

(é preciso que se programem as atividades de acordo com a dis-


ponibilidade), bem como para que se possa fazer um acompanha-
mento mais efetivo do andamento do mesmo (especialmente nas
hipóteses em que há financiamento; nesse caso, a exigência com
relação aos relatórios tomará por base exatamente o cronograma
indicado no projeto). De outro lado, o cronograma serve para
orientar o próprio pesquisador, pois, se em algum momento al-
guma das atividades previstas demandar um tempo maior do que
aquele originalmente estipulado, automaticamente se terá que
recuperá-lo em uma oportunidade posterior.
De qualquer forma, é fundamental que a elaboração do
cronograma seja feita de forma sincera (de nada adianta prever
que a redação de um capítulo será feita em uma semana se já se
sabe de antemão que o cronograma não poderá ser cumprido; é
fundamental que os prazos estipulados sejam “humanamente re-
alizáveis”, de acordo com as condições e com a realidade de cada
um).

Jan/05 Fev/05 Mar/05 Abr/05 Mai/05 Jun/05 Jul/05 Ago/05 Set/05 Out/05 Nov/05
Leitura X X
Texto X X X X X X X X
Revisão X

2.14 Referências*

Servem para indicar e fazer a referência das obras efetiva-


mente empregadas para a elaboração da Revisão Bibliográfica (das
obras efetivamente utilizadas). Nesse caso, seguem-se a mesma
lógica e o mesmo padrão das referências utilizadas nos trabalhos
acadêmicos.

______________
* Os itens indicados com (*) são elementos opcionais, não integrando a rela-
ção de elementos obrigatórios do projeto de pesquisa constantes do livro
Normas para apresentação de trabalhos acadêmicos da Unisc; eles são, to-
davia, obrigatórios nos projetos de dissertação apresentados ao Mestrado
em Direito da Instituição, razão pela qual são aqui igualmente indicados.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 41

 Ex.:
ABELLÁN, Marina Gascón. Los límites de la jurisdicción
constitucional. In: LAPORTA, Francisco (Org.). Constitución:
problemas filosóficos. Madrid: Centro de Estudios Políticos y
Constitucionales, 2003.
ACKERMANN, Bruce. El argumento político en favor de los
Tribunales Constitucionales. Traducción de Grabriela L. Alonso.
Barcelona: Gedisa, 1999.
ALEXANDER, Larry. Tudo ou nada? As intenções das auto-
ridades e a autoridade das intenções. In: MARMOR, Andrei
(Org.). Direito e interpretação. Tradução de Luís Carlos Borges.
São Paulo: Martins Fontes, 2000.
ALEXY, Robert. Theorie der Grundrechte. Frankfurt a.M.:
Suhrkamp, 1994.

2.15 Bibliografia*15

Trata-se de uma relação que reflete a pesquisa de todo o


material existente e disponível sobre o tema da pesquisa (resulta-
do de um levantamento feito em diferentes bibliotecas, em livros
próprios, artigos de revistas, etc.). A indicação da bibliografia
demonstra a viabilidade de realização do trabalho, isto é, se há,
efetivamente, material disponível suficiente e de qualidade para
que se realize uma boa pesquisa. Nesse ponto, se houver poucas
obras, apresentam-se duas alternativas: ou é preciso repensar o
trabalho (escolher um tema que ofereça melhores condições de
realização), ou é preciso que se faça um esforço extra no sentido
de se buscarem mais referenciais para a realização da pesquisa.

______________
* Os itens indicados com (*) são elementos opcionais.
15
Mais uma vez, percebem-se variações com relação a este ponto, pois o ma-
nual de normas da Unisc não exige a apresentação da bibliografia, restrin-
gindo-se às Referências; já o Mestrado em Direito demanda a apresentação
de uma bibliografia preliminar.
42 Mônia Clarissa Hennig Leal

 Obs.: bibliografia ≠ referências .


 Não se pode confundir bibliografia com referências; a pri-
meira, conforme já referido, indica uma relação de todos os
livros, títulos e autores que abordam o tema e que se conseguiu
levantar e que se tem à disposição para a realização do traba-
lho; já as referências servem para indicar somente aquelas obras
efetivamente utilizadas (citadas) na elaboração do projeto, mais
especificamente na Revisão Bibliográfica (Referencial Teóri-
co).
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 43

3 FICHAMENTOS

3.1 Considerações iniciais

Um trabalho científico, qualquer que seja – “monografia”,


dissertação ou tese –, é muito rico para que se percam as suas
fontes e as suas ideias. E a melhor forma de preservar esta memó-
ria é por meio de alguns instrumentos que visam a facilitar esta
tarefa, além de auxiliar na elaboração do trabalho propriamente
dito. É o caso do fichamento.
 Normalmente, o fichamento pode se desenvolver em
três momentos distintos:
· coleta do referencial bibliográfico (fichário bibliográfi-
co);
· leitura dos textos selecionados (fichamento de leitura);
· crítica, posicionamento do autor (fichário definitivo de
leitura).
Não há uma regra específica, definitiva, para a elaboração
dos fichamentos; o que importa é que quem pesquisa se entenda
e se sinta à vontade com eles. Assim, qualquer um pode desen-
volver estratégias próprias, que lhe permitam trabalhar com mais
prazer.
Apesar disso, algumas dicas são importantes – ao menos
como ponto de partida – especialmente para quem ainda não tem
uma trajetória de pesquisa consolidada. Nesse sentido, seguem
algumas considerações importantes e úteis para a elaboração de
cada um dos diferentes tipos de fichamento.16
______________
16
Para a realização destes fichamentos, pode-se utilizar tanto a via impressa
(sempre importante, tanto por questões de manuseio quanto de segurança),
quando se recomenda o armazenamento das fichas em pastas ou arquivos
adequados, quanto à via informatizada (podem-se adquirir programas espe-
cíficos de bancos de dados, ou mesmo se empregarem recursos “caseiros”
44 Mônia Clarissa Hennig Leal

3.2 Fichamento bibliográfico

É a indicação detalhada de todo o referencial bibliográfico


para a realização do trabalho. É semelhante às tradicionais fichas
encontradas nas bibliotecas, porém com o acréscimo de alguns
aspectos pessoais do pesquisador.
 Elementos:
- nome do autor;
- título da obra;
- editora e edição;
- local e data da publicação;
- número de páginas;
- local em que se encontra a obra (biblioteca, seção, nume-
ração);
- apreciação da obra (importante, complementar, etc.);
- tema (com que abordagem, com que parte do trabalho se
relaciona).
As referências (informações) do fichário devem ser feitas
sempre com a maior clareza e exatidão possíveis, a fim de que se
evitem transtornos ou a necessidade de nova busca e acesso à obra
para fins de nova consulta a estes dados.
Para que se faça uma apreciação da obra, por sua vez, po-
dem-se adotar alguns códigos pessoais, que depois, por ocasião
da leitura efetiva e dos fichamentos de leitura, servirão para uma
melhor localização e organização das atividades (neste sentido, é
natural que, ao se iniciarem as leituras, se o faça a partir das obras
consideradas mais importantes, para, depois, apenas se comple-
mentar com aquelas que apenas tangencialmente interessam à
temática do trabalho; assim, a pesquisa fica facilitada e a própria
redação, qualificada).

 Sinais (sugestões):
- (I) – importante;
- (MI) – muito importante;
______________
a partir do próprio editor de texto, com a criação de arquivos e de pastas
específicos e organizados de forma lógica e estratégica para a consulta).
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 45

- (EA) – exemplos aproveitáveis;


- (SI) – sem interesse.

 Estes sinais são pessoais; o importante é que eles desempe-


nhem a função de localização do pesquisador com relação às
obras.
 Mesmo que uma obra não interesse diretamente ao traba-
lho, é importante fichá-la e incluí-la na bibliografia, pois as-
sim se evita o risco de que, no futuro, mais uma vez se acesse
essa obra para a mesma finalidade; se esta informação for “per-
dida”, é bem provável que isto acabe acontecendo, pois, após
certo decurso de tempo, já não somos capazes de lembrar com
exatidão detalhes desta natureza.
 À medida que vai se realizando a pesquisa, é interessante
que se faça um sinal, uma marca, na ficha, a fim de identificar
que a obra já foi consultada e/ou utilizada.

FICHAMENTOS

ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 2. ed. Tradução de


Gilson César Cardoso de Souza. São Paulo: Perspectiva,
1977. 181 p.

Local: Biblioteca da Unisc (Central), Seção de Metodologia


da Pesquisa, 3210.2Ue.
Apreciação: importante
Observações:
- o autor apresenta exemplos gráficos dos diferentes tipos
de fichamento, fazendo comentários sobre cada um de-
les;
- há disponível a versão italiana do livro, intitulada Como se
fa una tesi di láurea.
46 Mônia Clarissa Hennig Leal

3.3 Fichamento de leitura

O fichamento de leitura é aquele que tem por objetivo ar-


mazenar informações e conteúdos acerca das obras consultadas.
Neste ponto, é preciso levar-se em consideração que o texto das
fichas deve ser organizado tendo-se em mente os objetivos da
pesquisa (de acordo com os grandes temas a serem desenvolvi-
dos), a fim de que a leitura e o trabalho realmente sejam produti-
vos – de nada adianta fazer um fichamento para copiar ou trans-
crever o livro todo; a sua grande vantagem é possibilitar um aces-
so qualificado e específico às informações relevantes para o tema
trabalhado.
Mesmo naqueles casos em que o fichamento se destinar a
guardar a memória de uma determinada obra (portanto, não se
trata de um fichamento seletivo, voltado para uma situação de
pesquisa específica), ainda assim as informações precisam ser
selecionadas com critério, pois, do contrário, o fichamento não
cumprirá sua finalidade.
 Elementos:
- referência completa da obra;
- indicação do tema com que se relaciona (onde se enqua-
dra);
- texto e indicação minuciosa da respectiva página.
As fichas devem, dentro do possível, ter sempre a mesma
vizualização gráfica, isto é, devem ser padronizadas (até mesmo
para facilitar a leitura e a apreensão das informações; assim já se
sabe, sempre, de antemão, o que significa cada coisa e onde e de
que forma aquela informação aparece na ficha, agilizando, assim,
o seu acesso).

 Estas fichas podem ser armazenadas em blocos temáticos,


de acordo com o item ou capítulo do trabalho no qual se en-
quadram (o mesmo vale para a via informatizada, caso em que
se pode criar uma pasta específica de fichamentos para cada
bloco temático).
 É comum que, no início da pesquisa, estas classificações
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 47

sejam mais amplas, mais genéricas; mas, à medida que a


pesquisa avança, podem ser criadas subdivisões (espécies),
que facilitam ainda mais a identificação.
 Ex.: natureza da atividade registral  natureza pública 
referências do direito comparado.
 Obs.: Esta especificação pode avançar tanto, que ela prati-
camente pode chegar a ser um reflexo do sumário do trabalho,
com todos os seus itens e subitens.

Uma vez traçadas essas considerações iniciais, seguem, agora,


algumas considerações específicas acerca de alguns pontos
controversos no que concerne às estratégias a serem adotadas, em
determinados casos, para o fichamento.
Autor x temas: alguns autores divergem no que concerne à
organização das fichas quando um mesmo livro de um mesmo
autor se destina a temas diferentes da mesma pesquisa. Neste caso,
alguns entendem que as fichas de leitura devem ser únicas (para
cada autor); já outros sustentam que o que prevalece é o tema e,
portanto, um mesmo autor poderia ter fichas diferentes. A deci-
são, contudo, cabe ao pesquisador, pois é ele quem deve se sentir
“confortável” com a sistemática utilizada.
Tema extenso: se o tema a ser fichado for extenso, fazem-se
mais fichas (numeradas), sempre com a indicação de uma seta
(), a fim de que se saiba que há, na sequência, mais fichamentos
daquele mesmo texto.
Ideias laterais: às vezes, ao longo do fichamento, surgem
questões interessantes apontadas pelo autor, mas que não interes-
sam diretamente ao objeto da pesquisa. Neste caso, é interessante
abrir-se, ao final do fichamento (ou em ficha própria, específica)
uma rubrica destinada a “ideias laterais” ou “generalidades”. As-
sim, estas informações não ficam perdidas e nem esquecidas, po-
dendo ser acessadas para complementar e enriquecer o trabalho
(neste caso, não há dispersão no fichamento, sendo possível man-
ter-se a linha de raciocínio, mas também não se perdem as ideias
ou comentários que surgem ao longo da leitura).
48 Mônia Clarissa Hennig Leal

No que tange aos fichamentos de leitura, podem-se indi-


car três tipos diferentes de fichamento, cada qual com objetivos e
características bem delimitados.

de transcrição
Fichamento de leitura de resumo
de sumário

3.3.1 Fichamento de leitura de transcrição


 A transferência do pensamento do autor é feita ipsis literis,
pois se pretende reproduzir o texto no trabalho.
 Em virtude disso, o texto pode ser diretamente utiliza-
do como fonte (citação textual).
 É recomendável o seu uso sobretudo quando a clareza e
a força da afirmação do autor tornam difícil a reprodução de for-
ma diversa.
 Obs.: Neste caso, é importante ter especial cuidado com
a precisão das informações (tanto da referência, como da afirma-
ção original).
 Deve-se sempre colocar os trechos fichados entre aspas,
para que se tenha a exata dimensão de que a reprodução foi fiel
(ou se indicar, na própria ficha, de que se trata de um fichamento
de transcrição).

3.3.2 Fichamento de leitura de resumo


 Trata-se de um fichamento que adota como estratégia
registrar uma versão simplificada do texto, isto é, ele tem por pro-
pósito transcrever as ideias do autor, porém com palavras própri-
as (substituição da linguagem, que pode ser mais direta).
 Neste caso, a ideia continua sendo de outrem, mas é
elaborada, linguisticamente, pelo próprio pesquisador.
 Obs.: Aqui, é preciso especial cuidado para não se alte-
rar a ideia do autor ao se redigir o resumo.
 Uma forma interessante de expressar que se trata de um
fichamento de resumo é utilizar as expressões “segundo o autor”,
“conforme o autor”, etc (ex.: “segundo o autor, a Constituição de
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 49

1988 modificou alguns aspectos importantes relacionados com a


natureza da atividade registral...”).

1
FICHAMENTOS

ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 2. ed. Tradução de


Gilson César Cardoso de Souza. São Paulo: Perspectiva,
1977. 181 p.

 A situação ideal para uma tese seria possuir em casa todos


os livros que se tem necessidade, novos ou antigos; mas
essa condição ideal é muito rara, mesmo para um estudi-
oso profissional.
 Independentemente desta situação, torna-se extremamen-
te relevante para a realização de um trabalho científico a
confecção das fichas de leitura, a fim de que as informa-
ções coletadas não se percam com o tempo.
 P. 87.
 Assim, há diferentes maneiras de se organizar os fichári-
os, segundo os interesses e as necessidades de cada autor.
 P. 88.
 Etc...

UNISC, 3210.2.Eu  c:\Mestrado\Dissertação\Metodologia\fichamentos

3.3.3 Fichamento de leitura de sumário


Trata-se de uma ordenação sucinta das principais ideias
expostas no texto (poder-se-ia dizer que este tipo de fichamento
constitui o que se poderia chamar, pleonasticamente, de um “re-
sumo resumido”).
 Fornece um panorama mais geral, ou seja, ele não é tão
específico, não reproduz tão minuciosamente as informações do
texto, abordando as informações de forma mais genérica.
 É importante ou pode ser utilizado, sobretudo, naqueles
casos em que a obra consultada não é tão relevante para o estudo
realizado.
50 Mônia Clarissa Hennig Leal

 Ex.: O autor fundamenta seu estudo nas teorias alemãs


acerca da natureza da atividade registral, traçando um panorama
de quais aspectos relacionados a esta atividade fazem com que a
sua natureza seja pública...

FICHAMENTOS

ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 2. ed. Tradução de


Gilson César Cardoso de Souza. São Paulo: Perspectiva,
1977. 181 p.

 O autor apresenta uma interessante reflexão sobre a ativida-


de da pesquisa e o prazer da produção científica, abordando
uma série de temas relacionados com o desenvolvimento da
monografia.

- Fichamento bibliográfico (p. 23)


- Fichamento de leitura (p. 52)
- Fichamento de transcrição (p. 80)
- Fichamento de resumo (p. 89)
- Fichamento de sumário (p. 102)

 Obs.: O texto contém exemplos interessantes sobre cada


um dos tipos de fichamento.

UNISC, 3210.2.Eu  c:\Mestrado\Dissertação\Metodologia\fichamentos

3.4 Fichamento definitivo de leitura

Ao se concluírem os fichamentos de leitura, podem ocor-


rer duas situações: ou o pesquisador, ao fazer as suas fichas de
leitura, já realizou uma síntese do tema, incluindo nelas sua opi-
nião pessoal, ou então somente reproduziu as informações do texto,
sem analisá-las e criticá-las. No segundo caso, torna-se necessá-
rio ultrapassar a mera coleta de dados, para fazer-se uma reflexão
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 51

pessoal sobre o texto e o posicionamento do autor, situação em


que se pode seguir o seguinte roteiro.
 Roteiro:
· releitura do material coletado (a fim de que se detectem
as eventuais lacunas, se estabeleçam agrupamentos de assuntos,
etc);
· programação de novas pesquisas (caso, na leitura, se ma-
nifestem lacunas ou aspectos infundados);
· triagem e seleção do material (separação daquilo que é
considerado mais importante e daquilo que é acessório);
· estabelecimento da síntese pessoal.
 Obs.: Esta ficha de síntese pode ser anexada à ficha de
leitura que lhe deu origem.
52 Mônia Clarissa Hennig Leal

4 ESTRUTURA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO

4.1 Elementos do Trabalho de Conclusão de Curso -


TCC (roteiro)

1 Capa
2 Folha de rosto
3 Páginas preliminares (dedicatória, agradecimentos,
epígrafe)*17
4 Resumo
5 Abstract
6 Sumário
7 Listas*
8 Introdução
9 Desenvolvimento (capítulos)
10 Conclusão
11 Referências
12 Anexos*

4.2 Introdução

A introdução é uma apresentação do assunto ao leitor. O


objetivo principal é situá-lo no contexto da pesquisa (ele deve
perceber claramente o que será analisado: como, por que, as limi-
tações e suas bases teóricas gerais). Ao mesmo tempo, essas indi-
cações já retiram, também, a responsabilidade de quem escreve
com relação a determinadas omissões, etc. (desde que estejam
consideradas – e bem fundamentadas – na introdução).
Por sua própria natureza, a introdução só pode ser bem
redigida depois de o desenvolvimento estar pronto (depois de se
______________
17
Estes elementos (*) são opcionais.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 53

saber exatamente aquilo que foi apresentado no trabalho). Assim,


consegue-se ter um domínio com relação aos objetivos e com
relação ao seu cumprimento, pois, do contrário, como é possível
falar de um trabalho, introduzir alguma coisa que ainda não se
sabe exatamente o que é?
 Elementos:
· determinação do assunto (deve ser posto de modo claro e
preciso, de preferência contextualizado);
· delimitação do tema (quais os aspectos a serem analisa-
dos);
· levantamento da problemática (questionamentos que pre-
tendem ser respondidos com o trabalho e os possíveis desdobra-
mentos ou possibilidades);
· referenciais teóricos (a partir de onde é que se vai falar, a
partir de que pressupostos);
· metodologia empregada;
· organização do trabalho (no capítulo primeiro, trata-se
do...);
· importância do tema e contribuição do trabalho.
A maior parte destes elementos reproduz aspectos já de-
senvolvidos no projeto de pesquisa, daí a importância de se ter
um projeto bem-estruturado; tudo aquilo que se pensa e as deci-
sões que se tomam no projeto economizam trabalho por ocasião
da realização da monografia, especialmente na redação da intro-
dução.

 Não se desenvolvem conteúdos e nem se antecipam solu-


ções na introdução; por isso ela também não comporta cita-
ções.
 A introdução não comporta divisões, nem títulos; geralmente
ela é curta (proporcional à extensão do trabalho em si).

4.3 Desenvolvimento (capítulos)

O desenvolvimento segue a lógica definida no projeto e no


sumário (divisões e subdivisões). O desenvolvimento deve, con-
54 Mônia Clarissa Hennig Leal

tudo, subsistir sozinho – deve poder ser independente da intro-


dução e da conclusão e em cada um dos seus capítulos e
subcapítulos (o que significa que, no início de cada item, deve-se,
minimamente, introduzir o tema a ser abordado, assim como, ao
final, deve haver um fechamento – encerramento do assunto – da
mesma forma que também não se devem deixar todas as conclu-
sões para as considerações finais).
Divisão: o desenvolvimento deve ser dividido no menor
número de partes possível (desde que, é claro, esteja atendida a
subdivisão dos temas a serem enfrentados); essas, por sua vez,
também devem se subdividir no menor número possível de ele-
mentos. Isso porque a divisão excessiva interfere na harmonia do
texto, fazendo com que facilmente se perca a ideia principal ou a
lógica do raciocínio; quanto mais fracionamentos, mais estanque
fica o texto. Assim, devem-se evitar partes muito curtas, pois o
texto fica muito fragmentado, aparentando ser pouco profundo.
Com relação à extensão, a doutrina tem sido unânime em
recomendar que o trabalho não ultrapasse o limite de cinco capí-
tulos; mas para tanto, contudo, é necessário que se levem em con-
sideração, sempre, a realidade e a extensão de uma monografia.
Deve, também, haver uma simetria entre os capítulos desenvolvi-
dos (os capítulos devem possuir uma quantidade semelhante ou
próxima de páginas, a fim de que não fique a impressão de que se
tinha muito material sobre um determinado ponto e não se sabia
quase nada sobre o outro; todos os capítulos são igualmente im-
portantes e isto deve se refletir em sua extensão).
Em havendo muita disparidade na extensão dos capítulos
ou subcapítulos, talvez seja hora de se repensar a estrutura do
trabalho, agrupando-se alguns desses itens ou fracionando-se
outros, a fim de que a simetria possa ser mantida; tudo é uma
questão de estratégia.

4.4 Conclusão

A conclusão se apresenta vinculada aos conteúdos ante-


riormente expostos (não se podem levantar questões absoluta-
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 55

mente novas, que não tenham sido objeto de enfrentamento ao


longo do texto), devendo a sua estrutura refletir a própria lógica
do trabalho em si.
Por se tratar de uma parte isolada, ela não comporta subdi-
visões ou títulos e deve ser pontual (devem-se realçar e retomar as
principais ideias desenvolvidas ao longo do texto). É o momento
em que o autor se posiciona integralmente, razão pela qual não se
discutem mais teorias, prós e contras; pelo mesmo motivo, tam-
bém não se fazem mais citações.

 O fato de, ao final, não se confirmar a hipótese levantada no


projeto e na introdução não retira a cientificidade do trabalho.

4.5 Outros aspectos

• Impessoalidade: o texto deve ser redigido de forma im-


pessoal, preferencialmente ou na primeira pessoa do plural (“nós”)
ou por meio do índice de indeterminação do sujeito (“se”).
 Ex.: “Acreditamos que...”
 Ex.: “Ressalte-se, ainda, que...”
 Ex.: “Neste sentido, é de se ponderar que...”
 Obs.: A forma “nós” é recomendada para dar uma
conotação de impessoalidade às manifestações pessoais do autor.
• Abreviaturas: devem ser evitadas.
 Em caso de se utilizar com muita frequência, no texto,
uma determinada expressão, recomenda-se que, na primeira vez
em que a palavra ou expressão for utilizada no trabalho, seja es-
crita por extenso e, em nota de rodapé, se faça a indicação de que,
a partir daquele momento, ela será tratada ou designada, simples-
mente, pela sigla indicada ou da forma tal.
 Em havendo muitas siglas ou abreviaturas, a solução
mais indicada passa a ser a de utilizar o recurso da lista de abrevi-
aturas, adotando-se, para tanto, o modelo indicado ao final do
presente capítulo.
 Ex.: CF/88.
• Transições: para a passagem de uma parte à outra do texto.
56 Mônia Clarissa Hennig Leal

 As diferentes partes e capítulos que integram o traba-


lho devem ter uma ligação, uma relação entre si.
 Para tanto, recomenda-se que, na passagem de um ca-
pítulo para outro, ao final do capítulo precedente, se faça um pe-
queno parágrafo de transição, em que se retoma e se faz o fecha-
mento dos aspectos e assuntos abordados e, ao mesmo tempo, se
indica a temática a ser enfrentada no capítulo seguinte.
 Isso torna mais aparente a trama do raciocínio, facili-
tando a leitura e a assimilação das informações trazidas por parte
de quem lê, aumentando, inclusive, a qualidade do próprio traba-
lho (vale lembrar que todos gostam mais de ler aquilo que enten-
dem, que conseguem compreender...).
 Se não houver esta preocupação, o texto se transforma
em uma mera superposição de títulos e de informações soltas,
sem concatenação.
 Ex.: “uma vez analisados os pressupostos que envolvem
o instituto da coisa julgada, passaremos, agora, a analisar as pos-
sibilidades de sua relativização dentro do contexto da ordem de-
mocrática, a partir da noção de ponderação entre a noção de dig-
nidade humana e o princípio da segurança jurídica.”
• Citações: devem-se evitar as citações “prenhes de vazio”,
que são aquelas que não dizem nada de relevante ou então aque-
las que se referem a fatos notórios ou incontroversos (ex.: “a soci-
edade atual se revela bastante complexa”; “atualmente vivemos
em um mundo globalizado”); assim, deve-se reproduzir literal-
mente a ideia de um autor somente quando ela realmente for
importante, determinante, com relação ao tema.
 As citações estrangeiras devem sempre ser traduzidas,
preferencialmente no corpo do próprio texto, recomendando-se
inserir, quando possível, o texto original em nota de rodapé (até
mesmo para que aqueles que dominam o idioma original do au-
tor possam acessar a informação, especialmente porque determi-
nadas expressões são muito difíceis de ser traduzidas sem que se
perca a complexidade de seu sentido).
 A supressão de determinado trecho da parte transcrita
normalmente é designada pelo uso de colchetes com reticências:
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 57

“há situações em que não interessa registrar toda a informação,


[...] caso em que alguns recursos são muito úteis para que se atin-
jam os objetivos sem deturpações ou desvios.”
 Da mesma forma, os eventuais acréscimos devem ser
indicados por colchetes: “a utilização de recursos em citações de-
pende de necessidade específica [a fim] de se garantir a coerência
do texto.”
 Este último recurso deve ser utilizado somente em ca-
sos excepcionais, isto é, naqueles casos em que a não intervenção
compromete a compreensão do texto citado.
• Citações curtas e longas: a forma por meio da qual se
fazem citações curtas e longas se diferencia em termos de
formatação.
 As citações curtas (até três linhas, inclusive) são feitas
diretamente no texto.
 Ex.: Neste sentido, pode-se asseverar, com Dworkin
(1986, p. 73), que “não há direito desvinculado da moral.”
 As citações longas (quatro linhas ou mais), por outro
lado, devem ser feitas em uma caixa de citação específica, com
formatação diferenciada com relação ao restante do texto (recuo
de quatro centímetros; fonte tamanho dez e espaçamento sim-
ples).
 Não se usam aspas quando é utilizada caixa de citação.
 Ex.:
Neste sentido, pode-se asseverar, com Dworkin (1986, p.
73), que

não há direito desvinculado da moral. Toda e qualquer ma-


nifestação jurídica deve levar em consideração, sempre, os
aspectos morais presentes na sociedade. Isto pressupõe
aquilo que se poderia denominar de uma leitura moral da
sociedade, sobretudo naqueles casos que se poderiam de-
nominar de hard cases.

 Estas regras valem para a redação de qualquer espécie de tra-


balho científico (monografia, dissertação, tese, artigo, paper, etc.).
58 Mônia Clarissa Hennig Leal

4.6 Referências

As referências configuram um momento importante do


trabalho, pois é a parte em que se indicam todos os referenciais,
obras, citadas ao longo do trabalho. Além desta função indicativa,
elas são uma imprescindível informação para o leitor e para ou-
tros pesquisadores, que podem ali encontrar a indicação de novas
fontes. Exatamente em função disso é que é fundamental que se
faça, sempre, uma indicação completa e cuidadosa dos principais
elementos da obra citada, tanto para demonstrar a qualidade e
seriedade do trabalho como para ser honesto com quem lê (vale
lembrar, neste sentido, que a atividade acadêmica e científica,
conforme já dissemos, deve ser pautada pela solidariedade, isto é,
ela se destina, também, ao compartilhamento público de infor-
mações e de experiências).
Assim, alguns aspectos essenciais devem ser observados por
ocasião das referências, até mesmo porque, de certo modo, a for-
ma de fazê-las possui alguns “códigos” que, a partir do momento
em que são respeitadas as regras e normas técnicas estabelecidas,
podem se tornar “universais”.

 A forma de se citarem, nas referências, as diferentes fontes


utilizadas no trabalho é tratada em capítulo próprio (capítulo 7).
 Obs.: Em virtude dos avanços tecnológicos, que permitem
acesso a fontes de consulta muito mais variadas e amplas do
que o mero material bibliográfico, convencionou-se,
hodiernamente, que a designação feita nos trabalhos recebe
tão somente o título de “REFERÊNCIAS”, um termo bem
mais abrangente e condizente com a realidade da pesquisa atual,
e não mais de “referências bibliográficas”.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 59

5 OUTROS TRABALHOS CIENTÍFICOS

5.1 Considerações iniciais

Apesar de a monografia, a dissertação e a tese, por confi-


gurarem trabalhos de maior fôlego e constituírem requisito espe-
cífico e formal para a obtenção do título pleiteado, serem mais
associadas à ideia de trabalho científico, não significa que não
haja outros tipos de trabalhos acadêmicos desenvolvidos nos cur-
sos e que também possuem requisitos e particularidades específi-
cas para sua elaboração, que devem receber a mesma atenção e
cuidado daqueles trabalhos referidos acima.
Dentre os trabalhos acadêmicos deste tipo mais comuns
estão a figura do paper, da resenha e do artigo científico, cujos
requisitos e formatação específicos abordaremos, separadamente,
no presente capítulo.

5.2 Paper

O paper é o nome comumente adotado para os textos exi-


gidos como produção de final de disciplina, constituindo-se, as-
sim, em uma minimonografia. Em razão da extensão, contudo,
comumente menor e de menor fôlego do que a dos demais traba-
lhos de conclusão (monografia, dissertação, tese), ele não possui
os mesmos e todos os elementos daqueles.
Tem-se, pois, que os elementos que comumente integram
a figura do paper são:
1 Capa
2 Folha de rosto
3 Sumário18
4 Texto (introdução, desenvolvimento e conclusão)
5 Referências
______________________

18
Item opcional que depende, sobretudo, da extensão do trabalho.
60 Mônia Clarissa Hennig Leal

Normalmente, o paper é apresentado na forma de um úni-


co texto (as subdivisões não compõem capítulos autônomos, que
sejam formatados separadamente), sendo que as subdivisões se
dão no corpo do próprio texto, com a indicação por meio de sub-
títulos.
Em razão da extensão variável (a extensão dos trabalhos de
conclusão de disciplina nos cursos de especialização comumente
gira em torno de quinze a vinte páginas, enquanto há casos, nos
cursos de Doutorado, em que a exigência é de trabalhos com, no
mínimo, oitenta páginas), todavia, deve-se dizer que a principal
regra, neste caso, é o bom senso – pois um texto de maior fôlego
como os do doutorado já admite maiores recursos metológicos
(subdivisões, sumário), até mesmo porque a sua extensão já se
aproxima da de uma monografia propriamente dita. De outro
lado, não há o menor sentido em se fazer um sumário, em página
especial e específica o mesmo acontecendo com as demais páginas
preliminares opcionais, como agradecimentos e dedicatória, nem
de se criarem capítulos independentes e autônomos para um texto
de vinte páginas.
Assim, tecidas essas considerações, cada autor deve saber
qual a melhor estratégia a adotar, desde que essas escolhas sejam
realizadas de forma consciente.

5.3 Resenha

A resenha constitui um tipo especial de trabalho científi-


co, que consiste, basicamente, numa descrição pormenorizada de
um determinado texto ou de determinada obra, isto é, o conteúdo
do livro objeto da resenha é reproduzido de forma fiel e narrativa,
sendo este o seu principal foco. Nesse ponto, pode-se dizer que a
resenha se aproxima da figura do fichamento, que também tem
por objeto registrar o pensamento de determinado autor; ambos
não se confundem, contudo, em razão, principalmente, de dois
aspectos: em primeiro lugar, o fichamento traduz uma leitura mais
seletiva de informações, enquanto a resenha pressupõe um registro
mais detalhado e completo; em segundo lugar, a resenha configura
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 61

um tipo específico de trabalho científico (pode ser demandado,


exatamente por esta característica, por um professor como
atividade integrante da disciplina, especialmente naqueles casos
em que a abordagem do conteúdo pretende ser feita de forma
profunda e detalhada com relação aos autores ou ao referencial
teórico adotado), enquanto o fichamento poderia ser designado,
mais propriamente, como um instrumento (fundamental e
importante) de pesquisa e de realização de trabalhos científicos,
tais como monografias, dissertações, teses, etc.
Em princípio, em virtude de suas próprias características, a
resenha não possui um caráter crítico, sendo suficiente, para a sua
realização, que se desenvolvam as ideias e principais pensamen-
tos do autor. Nada impede, todavia – e isto muitas vezes é solici-
tado – que ela venha a ter um caráter também crítico, situação em
que se está diante do que se costuma designar como resenha críti-
ca.
Em qualquer dos casos, a resenha deve conter os seguintes
elementos, não devendo ser demasiadamente extensa (não há uma
indicação clara e precisa acerca do número de páginas, pois a sua
extensão pode variar de acordo com a própria densidade e exten-
são da obra analisada; o que se recomenda, porém, é que mesmo
nestes casos haja um cuidado especial no sentido de não
transformá-la em um texto demasiadamente longo):

1 Apresentação do autor (contextualização de seu pensamento,


um pouco de sua biografia, quais as escolas que o influencia-
ram e a corrente à qual se filia, etc).
2 Indicação das obras mais relevantes do autor (isto também é
importante para a sua contextualização; é a partir destas infor-
mações que a leitura da resenha propriamente dita e dos con-
teúdos nela referidos vai fazer sentido).
3 Descrição do texto ou da obra (reprodução fiel do conjunto
de ideias desenvolvido pelo autor ao longo do texto).
4 Crítica (se a exigência ou opção for por uma resenha crítica) e
apreciação da obra analisada, de forma sucinta).
 Obs.: Neste caso, deve-se tomar especial cuidado, pois a críti-
62 Mônia Clarissa Hennig Leal

ca deve ser feita, sempre, com fundamento; nada pode ser pior
do que, no afã de criticar e de dizer algo acerca da obra,
desvirtuar aquilo que é dito pelo autor, procedendo-se a mera
“crítica pela crítica”.

Ao se fazer uma resenha, a referência completa da obra


deve estar indicada na capa do trabalho, logo abaixo do título
(que pode ser uma criação pessoal de quem realizou o trabalho).

 Ver modelo de resenha (capa) ao final do livro, nos anexos.

5.4 Artigo científico

A estrutura do artigo científico não se diferencia muito,


em linhas gerais, da forma de apresentação do paper (adota a forma
de um texto em bloco, com algumas subdivisões), porém com
alguns diferenciais. Por se destinar notadamente à publicação em
revistas especializadas, o artigo traz algumas demandas específicas,
tais como a exigência de elaboração de um resumo, tanto em língua
vernácula (nacional) como em língua estrangeira
(preferencialmente o inglês – abstract), acrescido da indicação das
palavras-chave relacionadas ao tema (normalmente de três a
cinco).
Além disso, tradicionalmente os artigos da área jurídica
trazem a indicação de um sumário, logo após o resumo (vale
lembrar que a estrutura do artigo é feita em folhas corridas, sem
todos aqueles fracionamentos e exigência de utilização de nova
página a cada novo item ou capítulo).
Importante referir, ainda, que, por não possuir capa (já que
o objetivo é reproduzir o artigo em uma revista), a indicação do
nome do autor é feita logo abaixo do título, puxando-se uma nota
de rodapé para que se faça o registro das atividades e da qualificação
profissional e acadêmica de quem o escreveu.
Por fim, com relação à formatação, esta pode variar
conforme as exigências de cada revista ou periódico (vale sempre,
antes de encaminhar o artigo para publicação, informar-se sobre
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 63

os requisitos exigidos – desde o número de páginas mínimo e


máximo até a formatação do texto); não havendo especificações
neste sentido, seguem-se os padrões científicos tradicionais (os
mesmos utilizados, por exemplo, na redação da monografia, tais
como citações, referências, etc).
Dito isto, tem-se assim a estrutura do artigo científico:
1 Título (centralizado, com fontes em negrito maiores do que as
utilizadas no texto propriamente dito).
2 Nome do autor (em itálico, com recuo à esquerda; deve-se
puxar, conforme referido acima, nota de rodapé para se
incluírem as informações relevantes com relação à sua
formação, atuação profissional, etc).
3 Resumo (seguido das palavras-chave e do abstract, isto é, do
resumo em língua estrangeira).
4 Sumário (em parágrafo recuado à esquerda, justificado; a fonte
usada deve ser menor do que a do texto propriamente dito;
espaçamento simples; a introdução, a conclusão e as referências,
apesar de não serem numeradas, devem ser referidas).
5 Texto (introdução, desenvolvimento, conclusão; as subdivisões
do desenvolvimento devem ser sequenciais, na mesma página;
a formatação, salvo exigência expressa em sentido contrário, é
a mesma da monografia, valendo o mesmo para as citações).
6 Referências (devem ser feitas na sequência do texto, na mesma
página; seguem o mesmo padrão da monografia).

 Obs.: Por ser de menor extensão, não é comum a inclusão


de anexos e de outras páginas opcionais no artigo, embora
não seja proibido (de preferência, se houver alguma
informação relevante neste sentido, recomenda-se que ela
seja inserida – com critério – no próprio corpo do artigo,
ou referida em nota de rodapé).

Essa tem sido, tradicionalmente, a formatação básica


utilizada para os artigos na área jurídica, verificando-se essas
características, com algumas pequenas variações, na formatação
da maioria dos periódicos da área do Direito. Atualmente, contudo,
64 Mônia Clarissa Hennig Leal

devido ao processo de catalogação e de classificação, pelo Ministério


da Educação e, sobretudo, do Comitê da Área do Direito junto
à Capes (órgão governamental responsável pela Pós-Graduação
Stricto Sensu), das revistas jurídicas pelo chamado sistema
Qualis 19 , tem-se verificado, por parte desses periódicos, uma
tendência de assimilação e de adoção do padrão de artigo científico
estabelecido pela NBr 6022/2003, que normatiza as questões
referentes aos artigos científicos (notadamente no que concerne
à sua natureza e estrutura).
Conforme a NBr 6022/2203, o artigo científico é composto
de uma estrutura tripartida, caracterizada pela existência de
elementos pré-textuais (título, autor e titulação, resumo e palavras-
chave), textuais (introdução, desenvolvimento e conclusão) e pós-
textuais (título, resumo e palavras-chave em língua estrangeira,
notas explicativas, referências e eventuais anexos), apresentando
algumas pequenas variações em relação ao modelo anterior
apresentado (segundo este padrão, verifica-se, dentre outras coisas,
conforme já referido, que o título e o resumo em língua estrangeira,
por exemplo, vêm ao final, assim como as notas explicativas, que
seguem em bloco no fim do texto).
Assim, tem-se a seguinte organização para os artigos
científicos pela ABNT (note-se que a referida norma não
estabelece um padrão gráfico a ser observado, razão pela qual se
recomenda seguirem-se, neste caso, os padrões de digitação
indicados pela própria revista à qual se destina a publicação, ou
então, as eventuais normas da ABNT atinentes):

_______________________

19
Com a adoção de um sistema qualitativo de avaliação das publicações,
denominado de Qualis, o Comitê de Área do Direito atribui, a cada periódico,
uma classificação e uma respectiva pontuação, a partir de critérios
preestabelecidos, sendo que a utilização das normas técnicas naturalmente
constitui um importante elemento. Assim, as revistas jurídicas têm,
recentemente, tendido a adotar o padrão normativo da NBr 6022/2003,
conforme referido.
Essa tendência pode ser percebida também nos periódicos editados pela Unisc,
pois os atuais números da Revista do Direito já seguem a nova formatação
proposta.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 65

1 Título (deve figurar na página de abertura, normalmente


centralizado e escrito com letras maiúsculas; o título e o
subtítulo – se houver – devem ser diferenciados
tipograficamente ou separados por (:) dois pontos).
2 Nome do autor (logo abaixo do título, com alinhamento direito;
deve-se puxar, conforme referido, nota de rodapé para se
incluírem as informações relevantes com relação à sua
formação, atuação profissional, etc.).
3 Resumo na língua do texto (redigido em bloco – um único
parágrafo – com frases estruturadas na forma de um texto,
sem citações, devendo conter até duzentas e cinquenta palavras).
4 Palavras-chave na língua do texto (de três a cinco, com a
primeira letra maiúscula e separadas por ponto).
5 Texto (composto de introdução, desenvolvimento – com
subdivisões em seções e subseções próprias dos trabalhos
científicos – e conclusão).
6 Título em língua estrangeira.
7 Resumo em língua estrangeira (igual ao original do texto).
8 Palavras-chave em língua estrangeira.
9 Notas explicativas (com numeração consecutiva, em numerais
arábicos).
10 Referências (segundo os padrões indicados no último capítulo
deste livro).
11 Anexos (opcionais; a indicação dos anexos é sempre feita por
letras maiúsculas – ex.: ANEXO A).

Uma vez postos esses aspectos, cabe, mais do que nunca,


conforme já referido, a cada autor, informar-se acerca dos
requisitos exigidos para publicação.
66 Mônia Clarissa Hennig Leal

6 CITAÇÕES

6.1 Considerações iniciais

Existem diferentes formas possíveis de se fazer as citações


ao longo do trabalho, todas elas reconhecidas e aceitas pela
metodologia da pesquisa e pelas normas técnicas. O importante,
neste caso, é que quem elabora o trabalho se sinta confortável e à
vontade com a sistemática adotada, e que o mesmo sistema seja
adotado ao longo de todo o texto (não se admite uma combina-
ção ou o uso conjunto de ambos).
Ademais, cada um dos sistemas é empregado, indistinta-
mente, tanto para as citações diretas (textuais, que reproduzem
fielmente a obra do autor citado) como para as citações indiretas
(em que há a reprodução de determinada ideia, porém sem que
reproduza textualmente o trecho citado).
Os sistemas mais conhecidos e empregados são o sistema
autor-data e o sistema numérico (que pode ser operacionalizado
tanto na forma de nota de rodapé como na forma de nota de fim),
cada qual com suas particularidades.

autor-data
Sistema de citação
nota de fim
numérico
nota de rodapé

6.2 Sistema autor-data

 É a sistemática na qual a indicação do autor citado é


feita entre parênteses, no corpo do próprio texto.
 Sobrenome do autor (maiúsculo) + ano da publicação +
página.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 67

 Ex.: Dentro deste contexto, tem-se que “a questão da


normatividade dos princípios constitucionais constitui um dos
elementos centrais da ordem democrática, devendo ser levada em
consideração também pelos tribunais, notadamente pelo Supre-
mo Tribunal Federal, enquanto guardião da Constituição” (LEAL,
2003, p. 23).
 Nos casos em que o autor é citado expressamente no
corpo do texto, havendo textualmente a referência a seu nome, a
indicação é feita indicando-se, tão somente, o ano e a página,
entre parênteses, logo após o nome do autor – neste caso, o so-
brenome não é grifado com letras maiúsculas.
 Ex.: Segundo sustenta o constitucionalista brasileiro
Paulo Bonavides (1996, p. 124), a normatividade dos princípios
constitucionais e a sua proeminência na ordem jurídica caracteri-
zam o chamado pós-positivismo.
 Neste caso, a indicação entre parênteses pode aparecer
após o nome do autor ou após a citação direta, ao final das aspas
(recomenda-se, neste caso, que o mesmo padrão seja adotado em
toda a extensão do trabalho).
 Algumas vezes, este sistema de citação é criticado na
área jurídica, especialmente porque a quantidade de informações
referidas no próprio texto – que é o que o caracteriza e facilita, de
certa forma, a sua utilização – é insuficiente para que se tenham
elementos concretos de qual exatamente a obra que está sendo
citada (ou porque o autor é desconhecido e se torna necessário
consultar as referências ao final do trabalho para se saber de quem
se trata, ou porque, mesmo nos casos de autores renomados e
conhecidos, pode ocorrer de haver mais de uma obra citada, sen-
do necessário, mais uma vez, que se consultem as referências para
se saber, com precisão, se aquele conteúdo é trabalhado na obra
“x” ou na obra “y”).
 Além disso, outros recursos podem ser úteis:
· Instituição: se a fonte citada é institucional, então o so-
brenome do autor é substituído pelo da Instituição em questão.
 Ex.: Conforme a ABNT (2000, p. 12), “as referências
devem seguir os padrões estabelecidos pelas normas técnicas.”
68 Mônia Clarissa Hennig Leal

 Ex.: Conforme as diretrizes vigentes, tem-se que “as


referências devem seguir os padrões estabelecidos pelas normas
técnicas” (ABNT, 2000, p. 12).
· Dois autores com o mesmo sobrenome e data: via de regra,
sendo o ano de publicação diverso, esta simples indicação já é
suficiente para individualizar a obra; quando inclusive o ano é
idêntico, contudo, neste caso, para diferenciá-los e evitar confu-
sões, lança-se mão da estratégia de se designarem, também, as
inicias do prenome de cada um dos autores com sobrenomes e
publicações em datas idênticas citados no trabalho.
 Ex.: Celso Antonio Bandeira de Mello e Oswaldo Ara-
nha Bandeira de Mello (BANDEIRA DE MELLO, C. A., 1993,
p. 84) e (BANDEIRA DE MELLO, O. A., 1928, p. 37).
· Várias publicações do mesmo autor com a mesma data: via
de regra, a diferenciação entre as diferentes obras de um mesmo
autor é possível por meio da data; em havendo mais de um livro
ou obra citado com a mesma data, deve-se distingui-los a partir
da indicação de letras minúsculas logo após o ano.
 Ex.: as obras Aplicabilidade das normas constitucionais e Di-
reito Constitucional positivo, ambas de José Afonso da Silva, publicadas
em 2005 (SILVA, 2005a, p. 59) e (SILVA, 2005b, p. 104).
· Obra de dois autores: faz-se a indicação do sobrenome
dos dois autores, separados por ponto-e-vírgula.
 Ex.: (SILVA; LEAL, 2004, p. 76).
· Obra de três ou mais autores: para tanto, usa-se o recurso
da expressão et al após a indicação do primeiro sobrenome citado.
 Ex.: (BERCOVICI et al., 2003, p. 48).
· Citação de citação: neste caso, utiliza-se o recurso do apud,
indicado no parênteses, juntamente com os demais elementos.
 Ex.: (HÄBERLE apud MENDES, 1998, p. 91).
 Obs.: Vale lembrar que o recurso do apud deve ser uti-
lizado somente em último caso, devendo, dentro do possível, ser
evitado (ver, para tanto, as considerações feitas acerca dessa ques-
tão no capítulo 4 do presente trabalho).
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 69

6.3 Sistema numérico

Neste caso, as notas são indicadas por uma numeração no


corpo do texto (normalmente por meio de um numeral sobrescri-
to, alocado imediatamente após a citação ou passagem indicada),
de forma crescente, tomando por base o trabalho na íntegra, ou
por capítulo.

6.3.1 Nota de fim


 Neste caso, a ideia é que se puxe uma nota (por meio de
um numeral sobrescrito, conforme já mencionado), sendo que a
referência completa da obra aparece, em bloco próprio, ao final
do texto ou livro como um todo ou ao final de cada capítulo.
 Ex.: “As aulas de Metodologia da Pesquisa são muito
boas.”1
 Assim, ao invés de as referências aparecerem na forma
de nota de rodapé, na própria página (como é indicado no item
seguinte), elas aparecem agrupadas de forma sequencial ao final
do texto ou capítulo.
 Este sistema é muito utilizado, sobretudo, na tradição
jurídica americana, aparecendo, frequentemente, em livros de
edição norte-americana e inglesa.
 Exatamente por ter como um dos principais objetivos a
superação do fracionamento textual e da “quebra” na sequência
da leitura normalmente causados pela utilização das notas de
rodapé, contudo, tem-se que este sistema não deve ser combina-
do ou associado ao uso de notas de rodapé (nem mesmo para
comentários ou esclarecimentos); a intenção é preservar por in-
teiro a fluência do texto, sem elementos estranhos que interfiram
em sua sequência.
 De certo modo, apesar de reconhecido no meio acadê-
mico, este sistema não é muito utilizado no Brasil, principalmen-
te porque ele traz as mesmas dificuldades de remissão às notas
para que se acessem as informações completas com relação à obra
citada apresentadas pelo sistema anterior (autor-data), associadas
ao fato de que ele pressupõe a mesma completude e complexida-
70 Mônia Clarissa Hennig Leal

de de utilização trazida pelo sistema de notas de rodapé.


 Nada impede, todavia, que ele seja utilizado nos traba-
lhos acadêmicos, sobretudo se a opção e a escolha forem consci-
entes.

6.3.2 Nota de rodapé


 Trata-se de um sistema bastante comum e conhecido,
porém muitas vezes operacionalizado de forma equivocada.
 Por vezes, tem-se até mesmo a impressão de que cada
autor que dele se utiliza lhe inventa e atribui aspectos e mecanis-
mos próprios, o que, por sua vez, acaba resultando em uma certa
“confusão” com relação à sua utilização.
 A indicação das fontes no sistema de notas de rodapé é
feita por meio de numeração sequencial (no texto como um todo
ou para cada capítulo), puxando-se um número sobrescrito, da
mesma forma que ocorre no sistema anterior; neste caso,
logicamente, a diferença é que a indicação ou explicação daquele
numeral consta em sede de nota de rodapé, necessariamente na
mesma página em que foi referido.
 Por sua própria natureza, este sistema permite que se
utilizem notas de rodapé também para fins explicativos e se fa-
çam comentários complementares ao que foi desenvolvido no tex-
to.
 A primeira indicação deve conter sempre todos os ele-
mentos essenciais da obra, conforme o padrão científico.
 Para que se evitem repetições desnecessárias, repetin-
do-se, numa mesma página, várias indicações de uma mesma obra,
este sistema se vale de alguns recursos complementares, que se
destinam exatamente a superar esta impertinência.
 Esses elementos complementares a que nos referimos
(e que são utilizados quase que como “códigos” universais), são os
seguintes.

- Idem (mesmo autor)


- Ibidem (mesma obra)
- Op. cit. (opus citatum, na obra citada – notas intercaladas)
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 71

- Loc. cit. (locus citatum, no lugar citado)


- Passim (aqui e ali)
- Et seq. (et sequentia, e seguintes)
- Sic (assim mesmo – em citações)

Exemplos – Idem e Ibidem


1. SILVA, Paulo Antonio da. A louca arte de fazer citações em tra-
balhos científicos. Porto Alegre: Nenhuma, 2005. p. 82.
2. Idem. É possível sobreviver à monografia. São Paulo: Milagrosa,
2002. p. 24.
3. Ibidem, p. 37.

 Obs.: Estes recursos são utilizados somente quando há ci-


tações sucessivas de um mesmo autor (Idem) ou de uma mesma
obra (Ibidem)!!!
 Assim, sabe-se que o autor é exatamente o mesmo daquele
citado na nota de rodapé imediatamente anterior.
 Se o autor é o mesmo, mas a obra citada (sempre sucessiva-
mente) é outra, vale o recurso isolado do Idem, seguido do títu-
lo da obra (conforme o n. 2, acima).

Exemplos – op. cit.


1. SILVA, Paulo Antonio da. A louca arte de fazer citações em tra-
balhos científicos. Porto Alegre: Nenhuma, 2005. p. 82.
2. SANTOS, Pedro Paulo. É ótimo fazer citações. Maravilhópolis:
Inacreditável, 2004. p. 49.
3. SILVA, op. cit., p. 86.

 Obs.: No caso do op. cit., também vale a regra de que ele se


aplica somente nos casos de citações intercaladas na mesma
página.
 Para evitar confusões, utiliza-se a indicação do sobrenome
(apenas ele) do autor, normalmente em letras maiúsculas.
72 Mônia Clarissa Hennig Leal

Exemplos – outros.
1. CITTADINO, Gisele Guimarães. Pluralismo, Direito e justi-
ça distributiva. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000. p. 61.
2. Ibidem, loc. cit.
3. KELSEN, Hans. Jurisdição constitucional. Tradução de Alexan-
dre Krug. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 49-52 passim.
4. MENDES, Gilmar Ferreira. Jurisdição constitucional: o contro-
le abstrato de normas no Brasil e na Alemanha. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 1998. p. 12 et seq.

 No caso do loc. cit., sabe-se que o número da página de onde


se extraiu a citação é exatamente o mesmo da referência do
mesmo autor já citada.
 Já o passim serve para indicar que as ideias citadas no traba-
lho encontram-se dispersas no texto do autor, podendo ser en-
contradas nos intervalos de página “x” a “y”; assim, quem lê
sabe de antemão que, no texto original, o autor citado desen-
volve ainda outras ideias, mas que, por alguma razão, não inte-
ressaram à citação.
 Em isto ficando claro, quem tiver interesse pode acessar o
texto original do autor citado (o que, aliás, em se tratando de
trabalho científico, sempre é recomendado), a fim de buscar as
ideias de forma mais completa.
 O et seq. substitui, por sua vez, o tradicional “ss.”, isto é, a
indicação das páginas seguintes; isto pode parecer preciosis-
mo, mas, como todos os outros elementos são retirados do la-
tim, por uma questão de uniformidade, é recomendável o seu
uso.

Exemplo – sic
 Quando o próprio trecho citado possui algum erro de
grafia (e não conceitual).
 Ex.: “As questões que envolvem a metodologia da pes-
quisa e a arte de fazer citações não podem ser resolvidas por meio
de uma análize (sic) apressada” (LEAL, 2006, p. 63).
 Utilizando-se este recurso, demonstra-se que houve
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 73

percepção do erro, sem se manipular o texto original do autor


citado.
 Este recurso não se aplica, contudo, aos casos em que a
citação é de textos antigos (no caso do Brasil, anteriores à Refor-
ma de 1971, por exemplo, que alterou completamente a acentua-
ção e a própria grafia de algumas palavras) ou de Portugal, onde
algumas palavras são redigidas com algumas modificações (ex.:
actos, contractos, etc).
74 Mônia Clarissa Hennig Leal

7 REFERÊNCIAS MAIS UTILIZADAS NA ÁREA


JURÍDICA

7.1 Considerações iniciais

Seguem, demonstradas de forma específica, algumas das


situações mais comuns – e que por vezes trazem algumas dificul-
dades, tais como jurisprudência, acórdãos, etc. – de referências
relacionadas à área jurídica.20

7.2 Formas de referência

7.2.1 Um autor
ALEXY, Robert. Teoría de los Derechos Fundamentales. Traducción
de Ernesto Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios
Constitucionales, 1997.

7.2.2 Dois ou três autores


LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia do traba-
lho científico. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1992.

7.2.3 Quatro ou mais autores


BERCOVICI, Gilberto et al. Teoria da Constituição: estudos so-
bre o lugar da política no direito constitucional. Rio de Janeiro:
Lúmen Júris, 2003.

______________
20
Para informações complementares, consultar o livro Normas para apresen-
tação de trabalhos acadêmicos, citado nas referências e adotado como regra
para a elaboração de trabalhos acadêmicos na Unisc, onde podem ser en-
contradas outras formas importantes de referência, embora não tão comuns
à área jurídica.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 75

7.2.4 Obra coletiva


PINA, António López (Org.). División de poderes e interpretación:
hacia una teoría de la praxis constitucional. Madrid: Tecnos, 1987.

7.2.5 Texto de obra coletiva


FERRAJOLI, Luigi. O direito como sistema de garantias. Tra-
dução de Eduardo Maia Costa. In: OLIVEIRA JR., José
Alcebíades de (Org.). O novo em Direito e Política. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 1997. p. 79-93.
OLIVEIRA JR., José Alcebíades de. Cidadania e novos direitos.
In: __________ (Org.). O novo em Direito e Política. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 1997. p. 7-23.

7.2.6 Autores com mesmo sobrenome


BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Elementos de Direito
Administrativo. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.
BANDEIRA DE MELLO, Oswaldo Aranha. A teoria das Cons-
tituições rígidas. São Paulo: José Bushatsky, 1980.

7.2.7 Textos diferentes do mesmo autor


DWORKIN, Ronald. Los derechos en serio. Traducción de Marta
Gustavino. Madrid: Ariel, 1997.
______. Uma questão de princípio. Tradução de Luís Carlos Borges.
São Paulo: Martins Fontes, 2000.

7.2.8 Legislação
BRASIL. Lei 9.868, de 10 de novembro de 1999. Dispõe sobre o
processo e julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade e
da Ação Declaratória de Constitucionalidade perante o Supremo
Tribunal Federal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 10 nov. 1999. p. 49.
BRASIL. Lei 9.882, de 3 de dezembro de 1999. Dispõe sobre o
processo de julgamento da Arguição de Descumprimento de Pre-
ceito Fundamental, nos termos do parágrafo 1º do artigo 102 da
76 Mônia Clarissa Hennig Leal

Constituição Federal. Disponível em: <http://www.stf.gov.br>.


Acesso em: 19 nov. 2001.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Fede-
rativa do Brasil. 33. ed. Atualizada até a Emenda Constitucional
n. 42, de 19 de dezembro de 2003. São Paulo: Saraiva, 2004.
BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional n. 8, de
15 de agosto de 1995. Altera o inciso XI e a alínea “a” do inciso
XII do art. 21 da Constituição Federal. Constituição da República
Federativa do Brasil. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 180-181.
BRASIL. Código de Processo Civil. Organização de Juarez de Oli-
veira. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
RIO GRANDE DO SUL. Constituição do Estado do Rio Grande
do Sul. Porto Alegre: Síntese, 1989.
SANTA CRUZ DO SUL. Lei Orgânica do Município de Santa
Cruz do Sul promulgada em 3 de abril de 1990. Santa Cruz do Sul:
[s.n.], 1990.

7.2.9 Acórdãos
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Declaratória de
Inconstitucionalidade 1946/DF, julgada em 29 de abril de 1999.
Ministro Sydnei Sanches (relator). In: Jurisprudência
Informatizada Saraiva ( JUIS), nº 17. São Paulo: Saraiva, set./dez.
2000. CD ROM.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula n. 695. Não cabe
habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. Dis-
ponível em: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 24 mar. 2005.

7.2.10 Teses e dissertações


HENNIG, Mônia Clarissa. Em defesa da Constituição material: a
Constituição dos princípios e os princípios que constituem-a-
ação. 2001. 238 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em
Direito – Mestrado) – Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa
Cruz do Sul, 2001.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 77

7.2.11 Artigos de periódico


STRECK, Lenio Luiz. Direito penal, criminologia e paradigma
dogmático: um debate necessário. Revista do Direito, Santa Cruz
do Sul, n. 4, p. 71-89, dez. 1995.

7.2.12 Homepage institucional


UNISC. Desenvolvida pela Universidade de Santa Cruz do Sul.
Apresenta informações gerais sobre a instituição. Disponível em:
<http://www.unisc.br>. Acesso em: 02 de maio de 2004.
SENADO FEDERAL. Desenvolvida pela Assessoria de Impren-
sa da República. Apresenta informações gerais sobre o órgão e
notícias históricas sobre legislação. Disponível em: <http://
senado.gov.br>. Acesso em: 13 nov. 2001.

7.3 Outras observações importantes

· Ausência de local de editoração ou do nome do editor: neste


caso, deve-se referir expressamente a ausência constatada, por meio
da indicação de sine loco [s.l.] e de sine nomine [s.n.], sempre entre
colchetes.
 Ex.: BARACHO, José Alfredo de Oliveira. O princípio
da subsidiariedade: conceito e evolução. [S.l.:s.n.], 1996.
· Cidades homônimas: ocorrendo a existência de cidades di-
ferentes com o mesmo nome na indicação do local da editora,
deve-se fazer a distinção por meio da indicação do Estado ou do
país a que pertencem.
 Ex.: Jacutinga (RS) e Jacutinga (MG).
 Ex.: SANTOS, José Elival da Silva. O direito constituci-
onal de petição e os poderes públicos no Brasil. Jacutinga, MG: Triân-
gulo, 1998.
· Existência de mais de um local para a mesma editora: exis-
tem editoras que possuem sucursais em diferentes cidades; neste
caso, deve-se indicar somente um deles, via de regra o primeiro
local indicado ou o mais destacado.
· Indicação da editora: o nome da editora deve ser indicado
conforme consta no documento consultado (nas páginas iniciais
78 Mônia Clarissa Hennig Leal

da própria obra); devem-se suprimir referências ao caráter edito-


rial e à sua natureza jurídica ou comercial.
 Ex.: HESSE, Konrad. A força normativa da Constituição.
Tradução de Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre: Fabris, 1991.
 Obs.: Não se deve usar a indicação “Sergio Antonio Fa-
bris Editor”.
· Co-edição: quando a obra for publicada por mais de uma
editora, ou seja, em sendo a publicação conjunta, deve ser indicada
cada uma delas, com a indicação da respectiva cidade (separadas
por ponto-e-vírgula).
 Ex.: VIANNA, Luiz Werneck (Org.). A democracia e os
três poderes no Brasil. Belo Horizonte: UFMG; Rio de Janeiro:
IUPERJ, 2002.
· Autores com sobrenomes compostos: quando o autor a ser re-
ferido for conhecido por seu sobrenome composto, a indicação
também deve ser feita desta forma; o mesmo vale para as situa-
ções em que há indicações de parentesco (Neto, Filho).
 Ex.: BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Ele-
mentos de Direito Administrativo. 2. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1999.
 Ex.: CRETELLA JÚNIOR, José. Tratado do domínio
público. Rio de Janeiro: Forense, 1994.
· Indicação de responsável pela atualização: quando houver
necessidade ou conveniência de se indicar a autoria da atualiza-
ção de determinada obra, estas informações devem ser acrescidas
à referência, logo após o título.
 Ex.: MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo
brasileiro. 25. ed. Atualização de Eurico de Andrade Azevedo et
al. São Paulo: Malheiros, 2000.
· Indicação do título original: é possível (embora não obriga-
tório e nem comum) fazer-se, junto à referência, a indicação do
título original da obra; neste caso, ele é acrescentado ao final, sem-
pre em itálico, por tratar-se de nome de obra e também por estar
grifado em língua estrangeira.
 Ex.: HESSE, Konrad. A força normativa da Constituição.
Tradução de Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre: Fabris, 1991.
Título original: Die normative Kraft der Verfassung.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 79

REFERÊNCIAS

ALVARENGA, M. A. de F. P.; ROSA, M. V. de F. P. do C. Apon-


tamentos de metodologia para a ciência e técnicas de redação ci-
entífica. 3. ed. Porto Alegre: Fabris, 2003. 181 p.
AZEVEDO, Israel Belo de. O prazer da produção científica. 2. ed.
Piracicaba: Unimep, 1993. 159 p.
BECKER, F.; FARINA, S.; SCHEID, U. Apresentação de traba-
lhos escolares. 15. ed. Porto Alegre: Multilivro, 1995. 69 p.
CASTILHO, Maria Augusta de. Manual para elaboração de
monografia em Ciências Jurídicas. Campo Grande: UCDB, 1998.
111 p.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 2. ed. Tradução de Gilson
César Cardoso de Souza. São Paulo: Perspectiva, 1977. 184 p.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 1996. 159 p.
HELFER, I.; AGNES, C. Normas para apresentação de traba-
lhos acadêmicos. 8. ed. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2006. 72
p.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teo-
ria da ciência e prática da pesquisa. 17. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
180 p.
LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Metodologia do traba-
lho científico. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1992. 214 p.
LEITE, Eduardo de Oliveira. A monografia jurídica. 4. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. 438 p.
MEZZAROBA, O.; MONTEIRO, C. S. Manual de
Metodologia da Pesquisa no Direito. São Paulo: Saraiva, 2003.
310 p.
80 Mônia Clarissa Hennig Leal

OLIVEIRA, Olga Maria Boschi de Aguiar. Monografia jurídica.


Porto Alegre: Síntese, 1999. 127 p.
PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica. 2. ed.
Florianópolis: OAB/SC Editora, 1999. 192 p.
RIZZATTO NUNES, Luiz Antonio. Manual da monografia ju-
rídica. São Paulo: Saraiva, 1997. 207 p.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 11. ed. São
Paulo: Cortez, 2002. 108 p.
YIN, Robert K. Estudo de caso. 2. ed. Tradução de Daniel Grassi.
Porto Alegre: Bookman, 2001. 205 p.
81

ANEXO A
PROJETO DE PESQUISA COMPLETO
82 Mônia Clarissa Hennig Leal

UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL - UNISC


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO –
MESTRADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM DEMANDAS
SOCIAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS

Maria João da Silva Silva

OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E A JURISDI-


ÇÃO CONSTITUCIONAL NO BRASIL: POSSIBILI-
DADES E PERSPECTIVAS

Santa Cruz do Sul, março de 2006


Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 83

Maria João da Silva Silva

OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E A
JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL NO BRASIL:
POSSIBILIDADES E PERSPECTIVAS

Projeto de pesquisa apresentado à banca do Pro-


grama de Pós-Graduação em Direito –
Mestrado, Área de Concentração em Deman-
das Sociais e Políticas Públicas da Universida-
de de Santa Cruz do Sul – UNISC.

Orientador: Prof. Dr. José Marques Rabicó

Santa Cruz do Sul, março de 2006


84 Mônia Clarissa Hennig Leal

SUMÁRIO

1 Tema ............................................................................................ xx
2 Delimitação do tema* .................................................................. xx
3 Problema ...................................................................................... xx
4 Hipótese(s) ................................................................................... xx
5 Objetivo geral ............................................................................... xx
6 Objetivos específicos .................................................................... xx
7 Justificativa ................................................................................... xx
8 Justificativa da linha de pesquisa ................................................. xx
9 Revisão bibliográfica ou Referencial teórico ................................ xx
10 Metodologia ................................................................................. xx
11 Recursos ....................................................................................... xx
12 Estrutura preliminar do trabalho* ................................................ xx
13 Cronograma ................................................................................. xx
14 Referências* .................................................................................. xx
15 Bibliografia* .................................................................................. xx

______________
* Ver observações feitas no Capítulo 2.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 85

1 Tema

Os princípios constitucionais como elementos do controle


de constitucionalidade e as possibilidades de sua aplicação no sis-
tema de constitucionalidade brasileiro.

2 Delimitação do tema*

O tema tem como foco central avaliar, no âmbito da Teoria


Constitucional Contemporânea, em especial e a partir de
referenciais teóricos do Direito Constitucional alemão1 , norte-
americano2 , português3 e brasileiro4 , como se tem tratado o con-
trole de constitucionalidade no Brasil, tendo-se como parâmetro
e fundamento os princípios constitucionais, verificando-se, in casu,
______________
* Ver observações feitas no Capítulo 2.
1
Como, por exemplo, as contribuições de HESSE, Konrad. Elementos de
Direito Constitucional da República Federal da Alemanha. Tradução de
Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Fabris, 1998; HESSE, Konrad. A força
normativa da Constituição. Tradução de Gilmar Ferreira Mendes. Porto
Alegre: Fabris, 1991; BACHOF, Otto. Normas constitucionais
inconstitucionais? Tradução de José Manuel M. Cardoso da Costa. Coimbra:
Almedina, 1994; MÜLLER, Friedrich. Métodos de trabalho do Direito
Constitucional. Tradução de Peter Nauman. Porto Alegre: Síntese, 1999;
ALEXY, Robert. Teoría de los Derechos Fundamentales. Traducción de
Ernesto Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997.
2
Com DWORKIN, Ronald. A matter of principle. Cambridge, Massachusetts:
Harvard University Press, 1986 e DWORKIN, Ronald. Los derechos en serio.
Traducción de Antonio Calsamiglia. Barcelona: Ariel, 1997.
3
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. Coimbra:
Almedina, 1995 e CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Fundamentos da
Constituição. Coimbra: Coimbra, 1991 e MIRANDA, Jorge. Manual de
Direito Constitucional. Coimbra: Coimbra, 1997, dentre outros.
4
Neste particular, com os contributos teóricos de BONAVIDES, Paulo. Curso
de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 1996; BARROSO, Luís
Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. São Paulo: Saraiva, 1996;
BARROSO, Luís Roberto. O Direito Constitucional e a efetividade de suas
normas. Rio de Janeiro: Renovar, 1993; GRAU, Eros Roberto. Direito, con-
ceito e normas jurídicas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988; GRAU, Eros
Roberto. O Direito posto e o Direito pressuposto. São Paulo: Malheiros,
1998.
86 Mônia Clarissa Hennig Leal

as possibilidades de efetiva implementação deste controle no sis-


tema brasileiro, a partir de uma análise de como os tribunais pátrios
têm enfrentado a questão da vigência plena atribuída a estes prin-
cípios por parte das modernas teorias constitucionais, especial-
mente desde a promulgação da Constituição de 1988.

3 Problema

A questão central que se coloca para o presente trabalho é


como a Teoria Constitucional contemporânea, em especial a do
Direito Constitucional brasileiro, tem enfrentado o problema dos
princípios constitucionais como instrumentos de controle de
constitucionalidade e quais as implicações deste posicionamento
no âmbito deste mesmo controle.

4 Hipótese(s)

A clássica Teoria Constitucional brasileira não tem dado


valor aos Princípios Constitucionais como normas efetivamente
vigentes e autoaplicáveis, o que afasta a possibilidade de utilizá-
los de maneira concreta no cotidiano das demandas judiciais e,
principalmente, como mecanismos de aferição da
constitucionalidade em sede de controle especial.

5 Objetivo geral

Analisar, de forma crítica, partindo dos estudos do direito


alemão, norte-americano, português e brasileiro, o sistema de
constitucionalidade vigente no país em face dos princípios consti-
tucionais, perscrutando acerca de sua operacionalização como
parâmetros para a aferição da constitucionalidade/
inconstitucionalidade, pois, no atual Estado Democrático de Di-
reito que se nos coloca a Constituição, reside em seus mecanismos
um imprescindível instrumento para a consecução deste último.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 87

6 Objetivos específicos

- Analisar, de forma crítica (partindo dos estudos do direito ale-


mão, norte-americano, português e brasileiro) o sistema de
constitucionalidade vigente no país em face dos princípios cons-
titucionais.
- Demonstrar que, dentro do contexto de um Estado Democrá-
tico de Direito, o caráter axiológico dos princípios constituci-
onais se afigura como elemento indispensável em sede de con-
trole de constitucionalidade.
- Verificar o posicionamento da jurisdição constitucional pátria
no que concerne à operacionalização dos princípios constitu-
cionais como parâmetros normativos para a aferição da
constitucionalidade/inconstitucionalidade.

7 Justificativa

O Brasil se constitui – segundo o disposto no artigo pri-


meiro da nossa Constituição – em um Estado Democrático de
Direito, que se caracteriza pelo fato de não responder por uma
mera legalidade e sim por uma legalidade qualificada por valores
e princípios materiais, que se afiguram como a base de todo o
ordenamento jurídico.
Consequentemente, esses princípios – em sendo de con-
teúdo obrigatório – vinculam a todos os atores sociais, devendo
ser observados e respeitados em todos os âmbitos (executivo,
legislativo e judiciário).
Neste contexto, em que prevalece a supremacia da Cons-
tituição (que, por sua vez, é a base lógica para o controle de
constitucionalidade) e, dentro desta, os princípios se sobrepõem
às simples regras, o controle jurisdicional de constitucionalidade
não pode se dar tão somente pelas regras jurídicas, mas princi-
palmente pelos princípios, valores supremos eleitos pela comu-
nidade e incorporados ao texto constitucional. Assim, todo e qual-
quer controle jurisdicional deve enfrentar, necessariamente, estes
aspectos fundamentais.
88 Mônia Clarissa Hennig Leal

Essa, contudo, não tem sido a realidade em nosso país, onde


o Supremo Tribunal Federal (órgão encarregado da jurisdição
constitucional), ao não receber ações com fundamento exclusivo
nestes princípios, tem negado a estes o seu status superior, impe-
dindo, neste aspecto, a implementação de um efetivo Estado
Democrático no Brasil e fazendo com que vigore, em certo senti-
do, uma inconstitucionalidade no controle de constitucionalidade
brasileiro.

8 Justificativa da linha de pesquisa

Considerando-se que a jurisdição constitucional e sua


operacionalização numa perspectiva democrática constituem ele-
mentos centrais da noção de constitucionalismo e da realização e
concretização dos valores e dos direitos fundamentais, o trabalho
encontra-se plenamente ancorado nas linhas de pesquisa que
embasam o curso, notadamente no que diz respeito à linha do
Constitucionalismo Contemporâneo, que tem como elementos
centrais (reproduzir, de preferência, a justificativa contida na in-
dicação do próprio programa – site, folder, projeto do curso, etc.).

9 Revisão bibliográfica ou Referencial teórico

Dentro do contexto de uma ordem democrática, a questão


do controle de constitucionalidade adquire profunda relevância,
principalmente se considerarmos que, no âmbito jurídico, “a gran-
de ‘descoberta’ do pensamento moderno está nas Cartas Consti-
tucionais, entendidas como lex superior”5, cuja grande inovação
não se encontra na ideia em si mesma, mas no caráter universal

______________
5
CAPPELLETTI, Mauro. O controle judicial de constitucionalidade das
leis no Direito Comparado. Tradução de Aroldo Plínio Gonçalves. Porto
Alegre: Fabris, 1992. p. 10. Segundo o autor, esta descoberta não pode ser
considerada em sentido absoluto, pois a ideia já apresentava alguns preceden-
tes antigos de supremacia de algumas leis tidas como ‘fundamentais’ sobre
outras, com na Grécia, por exemplo, onde o nomos (lei em sentido estrito),
quando em contraste com um pséfisma (decreto), prevalecia sobre este último.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 89

por ela assumido neste período, principalmente a partir da Cons-


tituição norte-americana de 1787.
Essa norma constitucional, por sua vez, dá estrutura (or-
ganização) ao Estado, estabelece a forma de elaboração das outras
normas e fixa os direitos e as responsabilidades fundamentais dos
indivíduos. Por tudo isso, ela passa a ser reconhecida como Lei
Fundamental, por ser a base de todo o direito positivo da comu-
nidade que a adota, em especial naqueles países que possuem um
sistema jurídico baseado na lei escrita, sobrepondo-se aos demais
atos normativos por estar situada no vértice da pirâmide jurídica
que representa idealmente o conjunto de normas jurídicas vigen-
tes em determinado espaço territorial.
Em face de tais argumentos, é possível dizer que a Cons-
tituição é o complexo de normas fundamentais de um dado
ordenamento jurídico, ou a ordem jurídica fundamental da co-
munidade, como diz Konrad Hesse, acrescentando, ainda, que
ela estabelece os pressupostos de criação, de vigência e de execu-
ção das normas do resto do ordenamento jurídico, determinando
amplamente seu conteúdo, bem como se converte em elemento
de unidade do ordenamento jurídico da comunidade em seu con-
junto, no seio do qual vem a impedir tanto o isolamento do Di-
reito Constitucional de outras parcelas do Direito como a exis-
tência isolada dessas parcelas do Direito entre si6.
Por ser a Constituição, vista aqui no seu conteúdo
normativo, aquele complexo de normas jurídicas fundamentais,
escritas ou não, capaz de traçar as linhas mestras do mesmo
ordenamento, é que se dá a ela a denominação de Lei Funda-
mental, porque nela é que estão exarados os pressupostos jurídi-
cos básicos e necessários à organização do Estado, além da previ-
são das regras asseguradoras de inúmeros direitos aos cidadãos,
colocando-se ela, em razão disso, como base, como ponto de par-
tida e como fundamento de validade de todo o ordenamento ju-
rídico pátrio7.
______________
6
HESSE, Konrad. Escritos de Derecho Constitucional. Traducción de Pedro
Cruz Villalon. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1996. p.167.
7
Conforme reflexão de HÄBERLE, Peter. Hermenêutica Constitucional. Tra-
dução de Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre: Fabris, 1997.
90 Mônia Clarissa Hennig Leal

Enquanto norma reguladora, a Constituição Federal é com-


posta de princípios e de regras, sendo ambos, na concepção de
Alexy, espécies do gênero norma jurídica e, portanto, dotados de
normatividade. Não há distinção entre princípios e normas. As
normas compreendem regras e princípios, de modo que a distin-
ção relevante não é, como nos primórdios da doutrina, entre prin-
cípios e normas, mas entre regras e princípios:

tanto las reglas como los principios son normas porque


ambos dicen lo que debe ser. Ambos pueden ser formula-
dos con la ayuda de las expresiones deónticas básicas del
mandato, la permisión y la prohibición. Los princípios, al
igual que las reglas, son razones para juicios concretos de
deber ser, aun cuando sean razones de un tipo muy dife-
rente. La distinción entre reglas y principios es pues una
distinción entre dos tipos de normas.8

Para Canotilho,

se a Constituição vale como lei, se o Direito Constitucio-


nal é Direito Positivo, então as regras e princípios consti-
tucionais devem obter normatividade, regulando jurídica
e especificamente as relações da vida, dirigindo as condu-
tas e dando segurança a expectativas de comportamento.9

Prosseguindo em sua análise, afirma o autor português que


às normas programáticas é reconhecido um valor jurídico consti-
tucionalmente idêntico ao dos restantes preceitos da Constitui-
ção, pois, uma vez sendo o Direito Constitucional positivo, é pos-
sível falar em “Constituição como norma” ou em “força normativa
da Constituição”, de modo que suas normas vinculam, necessari-
amente, o legislador, os órgãos de concretização e os poderes pú-
blicos.
______________
8
ALEXY, Robert. Teoría de los Derechos Fundamentales. Traducción de Ernesto
Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997. p. 83.
9
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. Coimbra:
Almedina, 1995. p. 156.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 91

Corroborando esse entendimento, encontra-se nas pala-


vras de Paulo Bonavides, a afirmação de que

a corrente de ideias mais idôneas do Direito Constitucional


contemporâneo parece ser indubitavelmente aquela que,
em matéria de Constituição rígida, perfilha ou reconhece a
eficácia vinculante das normas programáticas, pois, sem este
reconhecimento, jamais será possível proclamar a natureza
jurídica da Constituição, ocorrendo em consequência a que-
bra de sua unidade normativa, visto que se deve ter em
vista as palavras de Rui Barbosa, que acentuam que “Não
há numa Constituição, proposições ociosas, sem força cogente”.10

E continua, classificando esta concepção como pós-


positivista, assim caracterizada:

nesta fase, os princípios passam a ser tratados como Direito,


acentuando nas novas constituições a hegemonia axiológica
dos princípios, convertidos em pedestal normativo sobre o
qual se assenta todo o edifício dos novos sistemas
constitucionais.11

Isso significa dizer que eles valem diretamente contra a lei,


quando essa estabelece restrições em desconformidade com seus
preceitos, implicando a inconstitucionalidade de todos os dispo-
sitivos legais contrários12, inclusive de ordem constitucional.13
Segundo Marcic14, a remissão expressa do texto constituci-
onal a alguns princípios de direito suprapositivo, como a prote-
ção da dignidade humana e o da defesa da igualdade como
______________
10
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros,
1996. p. 211.
11
Ibidem, p. 224.
12
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. Coimbra:
Almedina, 1995. p. 186.
13
BACHOF, Otto. Normas constitucionais inconstitucionais? Tradução de José
Manuel M. Cardoso da Costa. Coimbra: Almedina, 1994. p. 27-28.
14
MARCIC, René. Vom Gesetzesstaat zum Richterstaat. Viena: [s.n.], 1957. p.
130.
92 Mônia Clarissa Hennig Leal

concretização do princípio de justiça material, demonstra que a


Constituição limitou-se aqui a incorporar postulados jurídicos
superiores, princípios superiores que restringem a própria sobe-
rania do Constituinte.
Dentro desse contexto, papel relevante é o desempenhado
pelo princípio da proporcionalidade15, que, apesar de não constar
explicitamente na Constituição, pode ser haurido de outros prin-
cípios constitucionais16, como elemento de aferição do telos dos
atos normativos, que se afigura essencial no âmbito do Estado
Democrático de Direito, onde, nas palavras de Pelayo,

si bien que la legalidad es un componente de la idea del


Estado de Derecho, no es menos cierto que éste no se
identifica con cualquier legalidad, sino con una legalidad
de determinado contenido y, sobre todo, con una legalidad
que no lesione ciertos valores por y para los cuales se
constituye el orden jurídico y político y que se expresan en
unas normas o principios que la ley no puede violar.17

Analisando o tema, Suzana de Toledo Barros conclui que

o Estado de Direito é, portanto, aquele que define e res-


peita, por meio de normas jurídicas, os limites de sua ati-
vidade, tendo em vista especiais fins, (...) que, no caso do
Estado Brasileiro, o preâmbulo da Constituição em vigor
já indica. (...) E, se a lei tem um claro significado material
______________
15
Erigido a partir da exigência de que “toda intervenção estatal deve se dar
por necessidade, de forma adequada e na justa medida, objetivando a máxi-
ma eficácia e otimização dos vários direitos fundamentais concorrentes.”
BARROS, Suzana de Toledo. O princípio da proporcionalidade e o controle de
constitucionalidade das leis restritivas de Direitos Fundamentais. Brasília:
Brasília Jurídica, 1996. p. 89.
16
Segundo concepção sustentada por LARENZ, Karl. Metodologia da Ciência
do Direito. Tradução de José Lamego. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1989. p. 577, “os princípios jurídicos constitucionais, como
‘idéias jurídicas materiais que lograram uma consciência jurídica geral’, po-
dem estar escritos no texto da Constituição, como podem estar implícitos.”
17
PELAYO, Manuel García. Las transformaciones del Estado Contemporáneo.
2. ed. Madrid: Alianzal, 1993. p. 52-53.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 93

– e não meramente formal – deve poder ter a sua ratio


essendi testada, ou seja, deve entrar no âmbito do seu con-
trole o problema de se saber se é realmente adequada para
conseguir o objetivo em questão.18

Essa concepção, que se afasta de um conceito de Consti-


tuição puramente formal, também é reconhecida em sede
jurisprudencial, principalmente por parte dos Tribunais Consti-
tucionais alemães, como se pode depreender do seguinte julgado,
proferido pelo Verfassungsgerichtshof da Baviera já em 195019 :

a nulidade inclusivamente de uma disposição constituci-


onal não está a priori e por definição excluída pelo facto
de tal disposição, ela própria, ser parte integrante da Cons-
tituição. Há princípios constitucionais tão elementares, que
obrigam o próprio legislador constitucional e que, por
infracção deles, outras disposições da Constituição sem a
mesma dignidade podem ser nulas.20

Diante do exposto, é possível concluir, segundo a nova te-


oria constitucional, que, uma vez sendo os princípios constituci-
onais portadores de valor normativo, seu conteúdo, necessaria-
mente, deve servir como referencial axiológico ao controle de
constitucionalidade, impondo-se a declaração de
inconstitucionalidade em face de princípio, por parte dos Tribu-
nais competentes, seja no âmbito da legislação infraconstitucional,
seja no âmbito da legislação constitucional21 .
______________
18
BARROS, Suzana de Toledo. O princípio da proporcionalidade e o controle de
constitucionalidade de leis restritivas de Direitos Fundamentais. 2. ed. Brasília:
Brasília Jurídica, 2000. p. 92 et seq.
19
MENDES, Gilmar Ferreira. Jurisdição Constitucional. São Paulo: Saraiva,
1998. p. 115.
20
Posição esta ratificada em inúmeros julgados posteriores, como se pode ver
em BACHOF, Otto. Normas constitucionais inconstitucionais? Tradução de
José Manuel M. Cardoso da Costa. Coimbra: Almedina, 1994. p. 30 et seq.
21
No tocante à competência do Supremo Tribunal para efetuar este controle,
ou seja, acerca da legitimidade de um controle judicial, pretendemos analisá-
la e demonstrá-la em um capítulo específico da dissertação, conforme cons-
ta da estrutura preliminar do trabalho (item n. 12 do presente projeto).
94 Mônia Clarissa Hennig Leal

Nesse sentido, tem o Supremo Tribunal Federal tido um


comportamento um tanto quanto paradoxal, pois, ao mesmo tem-
po em que reconhece a inconstitucionalidade de Emenda Cons-
titucional22 , sequer conhece do recurso extraordinário interposto
com fundamento na violação de princípio constitucional.23
Conclui-se, portanto, que grande parte da doutrina cons-
titucional brasileira ainda não incorporou, de forma efetiva, a
vinculação aos princípios constitucionais, adotando uma postura
conservadora perante a nova realidade posta pela nova ordem cons-
titucional. Colocam-se com propriedade, aqui, as palavras de
Barroso, para quem

não se escapou, aqui, de uma das patologias crônicas da


hermenêutica constitucional brasileira, que é a interpreta-
ção retrospectiva, pela qual se procura interpretar o texto
novo de maneira a que ele não inove nada, mas, ao revés,
fique tão parecido quanto possível com o antigo.24

______________
22
Conforme sustenta BARROSO, Luiz Roberto. Interpretação e aplicação da
Constituição. São Paulo: Saraiva, 1996. p. 152, no domínio das relações en-
tre os Poderes, o STF exerceu a competência de declarar a
inconstitucionalidade de emenda constitucional, votada pelo Congresso, sob
o fundamento de que o poder constituinte derivado é subordinado à Cons-
tituição originária, não podendo violar claúsulas pétreas.
23
Nas palavras de STRECK, Lênio Luiz. Hermenêutica jurídica e(m) crise. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 1999. p. 216-217, tem-se que “o STF não
conhece recurso extraordinário fundado na violação de princípios que este-
jam colocados em lei ordinária, como é o caso do direito adquirido. Na
espécie, em havendo invocação no RE do aludido princípio, o Supremo
Tribunal não conhece do mesmo, sob o argumento de que se trata de uma
‘inconstitucionalidade reflexa’, uma vez que violada, de fato, teria sido a Lei
de Introdução ao Código Civil. (...) Enquanto nossos tribunais negam a
aplicação dos princípios jurídicos, mormente os de âmbito constitucional,
juristas do porte de Ovídio Baptista da Silva sustentam o cabimento até
mesmo de recurso especial por violação de princípio jurídico. (...) É posível
haver violação de direito federal quando se nega a aplicação a determinado prin-
cípio, recebido pelo ordenarmento jurídico, como critério vetor no domínio da
hermenêutica legal.”
24
BARROSO, op. cit., p. 160.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 95

Assim, em face dos novos elementos de teoria constitucio-


nal, impõe-se uma constitucionalidade mais ampla, lastreada em
princípios (vinculantes), que conduzem a uma efetiva
implementação do Estado Democrático de Direito:

como topos hermenêutico, o texto constitucional deve ser


visto em sua substancialidade, com toda principiologia que
assegura o Estado Social e o plus normativo que é o Esta-
do Democrático de Direito, que aparece já no artigo pri-
meiro de seu texto.25

Nas palavras do Prof. Darcísio Corrêa,

o Estado e o Direito são hoje componentes indispensá-


veis no processo de materialização do espaço público. Por
serem expressões e componentes constitutivos do modo
de produção capitalista, afiguram-se como espaço privile-
giado da luta de classes e do confronto dos demais pode-
res organizados presentes nas relações sociais.26

Enfim, pretendemos demonstrar que o controle de


constitucionalidade é um dos mais importantes mecanismos de
implementação da força normativa da Constituição, para o que
se exige seja ele feito à luz de seus valores principiológicos, eis
que

a interpretação conforme a Constituição é mais do que


princípio, é um princípio imanente da Constituição, até
porque não há nada mais imanente a uma Constituição
do que a obrigação de que todas as normas do sistema
sejam de acordo com ela interpretadas. Desse modo, em
sendo um princípio (imanente), os juízes e tribunais não
podem sonegar a sua aplicação, sob pena de violação da
própria Constituição.27
______________
25
STRECK, 1999, p. 16.
26
CORRÊA, Darcísio. A construção da cidadania: reflexões histórico-políti-
cas. Ijuí: Unijuí, 1999. p. 230.
27
STRECK, op. cit., p. 221.
96 Mônia Clarissa Hennig Leal

Impõe-se, por conseguinte, uma nova postura por parte do


Supremo Tribunal Federal, como condição primeira de manu-
tenção da ordem constitucional, da qual é o guardião. São esses
os aspectos que pretendem ser desenvolvidos ao longo do trabalho,
que, ao final, demonstrando a normatividade de que se revestem
os princípios constitucionais no contexto de uma ordem demo-
crática, pretende contribuir para consolidar ainda mais a demo-
cracia e a real e efetiva concretização e realização dos direitos
fundamentais que caracterizam o nosso constitucionalismo.

10 Metodologia

Considerando que nosso trabalho é de natureza bibliográ-


fica, o método de abordagem a ser adotado no seu desenvolvi-
mento será o dedutivo, enquanto o método de procedimento
será o analítico28 e o histórico-crítico29, que, procurando dar tra-
tamento localizado no tempo à matéria objeto do estudo, preten-
de aferir como o universo da dogmática jurídica e seus operado-
res, e em especial os Tribunais, vêm tratando a questão da
normatividade dos princípios constitucionais e sua vinculatividade
no âmbito do controle de constitucionalidade.
A partir desse método, estabeleceremos a demarcação teó-
rica de categorias fundamentais à pesquisa, a saber: Estado De-
mocrático de Direito, princípios constitucionais e controle de
constitucionalidade, para então esboçarmos um diagnóstico da
conjuntura nacional neste particular.
Os marcos teóricos referidos vão se cingir tanto às refle-
xões de juristas brasileiros como estrangeiros (alemães, america-
______________
28
Segundo DEMO, Pedro. Pesquisa e construção do conhecimento. Rio de Janei-
ro: Tempo Brasileiro, 1996. p. 49, o método analítico busca construir e
aprofundar análises, tecendo argumentações críticas e criativas, diante de
uma hipótese de trabalho.
29
Entendido aqui como um método de procedimento que busca prescrutar os
acontecimentos, processos e instituições do passado, no intento de verificar
a sua influência nos dias atuais. Conforme ANDRADE, Maria Margarida
de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação. São Paulo: Atlas,
1996. p. 21.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 97

nos, portugueses e espanhóis), exatamente para densificar a cons-


trução de nossa hipótese.
Em termos de técnica da pesquisa, pretendemos utilizar
documentação indireta, com consulta em bibliografia de fontes
secundárias, tais como: publicações avulsas, jornais, revistas
especializadas na área da pesquisa, livros, periódicos de jurispru-
dências, etc.30. Este manancial de fontes servirá tanto para a
fundamentação do trabalho e para a diversificação de sua abor-
dagem, como no aspecto dos estudos de alguns casos
jurisprudenciais.

11 Recursos

Materiais Valor
Aquisição de livros R$ 2.000,00
Papel e tinta para impressora R$ 500,00
Viagens R$ 500,00

12 Estrutura preliminar do trabalho*

1 DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E SUA


APLICABILIDADE
1.1 Os princípios constitucionais e sua natureza
1.2 A experiência das teorias constitucionais alemã, norte-ame-
ricana e portuguesa
1.3 Os princípios na teoria constitucional brasileira

2 DOS SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITU-


CIONALIDADE
2.1 O controle difuso de constitucionalidade
______________
* Item opcional, ver observações feitas no Capítulo 2.
30
Conforme LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A.. Fundamentos de
metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1995. p.183.
98 Mônia Clarissa Hennig Leal

2.2 O controle concentrado de constitucionalidade


2.3 As Comissões Parlamentares de Constituição e Justiça

3 DA LEGITIMIDADE DO PODER JUDICIÁRIO PARA


O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO ES-
TADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
3.1 Da divisão dos poderes estatais: velhas teses, novos problemas
3.2 Da essencial função do Poder Judiciário no Estado Demo-
crático de Direito
3.3 O controle judicial principiológico de constitucionalidade das
normas

13 Cronograma

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108 Mônia Clarissa Hennig Leal

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ZAGREBELSKY, Gustavo. El derecho dúctil. Traducción de
Marina Gascón. Madrid: Trotta, 1999.
ZAPATA-BARRERO, Ricard. Ciudadanía, democracia y
pluralismo cultural: hacia un nuevo contrato social. Barcelona:
Anthropos, 2001.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 109

ANEXO B
ESTRUTURA E FORMATAÇÃO DO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE
CURSO
110 Mônia Clarissa Hennig Leal

UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL - UNISC


CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO CONSTITUCIONAL

Maria Xica da Silva

JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL E DEMOCRACIA:


SUPERANDO O DEBATE SUBSTANCIALISMO x
PROCEDIMENTALISMO

Santa Cruz do Sul, março de 2006


Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 111

Maria Xica da Silva

JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL E DEMOCRACIA:


SUPERANDO O DEBATE SUBSTANCIALISMO x
PROCEDIMENTALISMO

Trabalho de conclusão apresentado ao Curso


de Pós-Graduação em Direito Constitucional
– Especialização – da Universidade de Santa
Cruz do Sul – UNISC para obtenção do título
de Especialista em Direito Constitucional.

Orientador: Prof. Dr. José Mário Picó

Santa Cruz do Sul, março de 2006


112 Mônia Clarissa Hennig Leal

Maria Xica da Silva

JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL E DEMOCRACIA:


SUPERANDO O DEBATE SUBSTANCIALISMO x
PROCEDIMENTALISMO

Este trabalho de conclusão foi submetido ao


Programa de Pós-Graduação em Direito Cons-
titucional – Especialização – da Universidade
de Santa Cruz do Sul - UNISC, como requisi-
to parcial para a obtenção do título de Especi-
alista em Direito Constitucional.

Dr. José Mário Picó


Professor Orientador

Dra. Maria da Graça Sanches

Dr. Ari Barreto de Moura


Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 113

Aos meus pais, que sempre me deram o exem-


plo e que fizeram de tudo nesta vida por mim:
este trabalho também é de vocês!

Ao meu marido que, apesar da ausência e da


distância (e do stress), nunca se afastou de mim:
te amo!
114 Mônia Clarissa Hennig Leal

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer ao meu pai, à minha mãe, aos meus


irmãos, aos meus tios, primos, parentes, vizinhos, professores,
amigos, inimigos, funcionários e a quem se interessar possa por
ter chegado até aqui.
Um agradecimento especial é devido, também, ao meu che-
fe, que me deixou, todos os dias, durante o período de realização
deste curso, sair cinco minutos mais cedo do trabalho para estu-
dar.
Também à Universidade é preciso que se faça um agrade-
cimento, por ter colocado ar condicionado nas salas, o que facili-
tou (e muito) a tarefa de assistir às aulas.
Por fim, aos meus colegas, parceiros nas horas certas e in-
certas, o meu muito obrigado e a certeza de que valeu a pena!
Por fim, gostaria de fazer uma referência muito especial ao
meu orientador, Prof. Dr. José Mário Picó, mestre maior na arte
de viver e de orientar, por ter sabido me pressionar na medida
certa, fazendo-me trabalhar, porém sem ficar desesperada. Não
sei o que teria sido deste trabalho sem a sua contribuição e sem a
sua intervenção!
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 115

RESUMO

A jurisdição constitucional tem evoluído, ao longo do tempo, de


acordo com as transformações que se operam no âmbito do próprio Es-
tado, passando, assim, de uma postura restrita e reservada no Estado
Liberal a uma competência ampla e ativa no Estado Democrático de
Direito, assentada, sobretudo, especialmente a partir do período que su-
cede a II Guerra Mundial, notadamente na Europa em geral (e na Ale-
manha em particular) nos direitos fundamentais, dotados de uma di-
mensão objetiva, e na sua respectiva necessidade de concretização, que
pressupõe, por sua vez, sopesamentos e ponderações de valor para sua
realização. Tal situação acaba por conferir uma atividade de caráter cria-
tivo aos Tribunais Constitucionais, o que gera críticas com relação à sua
atuação, muitas vezes tida como violadora do princípio tradicional de
separação dos poderes. Para enfrentar a questão da legitimidade da atu-
ação da jurisdição constitucional em meio a um contexto democrático
surgem, por seu turno, duas grandes linhas de pensamento: uma tida
como substancialista, que defende e sustenta uma postura ativa e mate-
rial por parte desses Tribunais, e outra denominada como
procedimentalista, que defende a ideia de que à jurisdição constitucional
compete, tão somente, a guarda dos procedimentos democráticos, restan-
do a especificação dos conteúdos essenciais da Constituição ao Legislativo.
Para tanto, nos valemos da análise de autores representativos da teoria
constitucional alemã e norte-americana, países que se notabilizam neste
debate, com Tribunais ativos e por meio de uma sólida produção intelectual.
Neste contexto, pretendemos demonstrar que estas correntes não podem,
contudo, ser tidas como excludentes uma com relação à outra, sendo ambos
os aspectos apontados essenciais à consolidação da democracia. Ademais,
acreditamos que a legitimidade da jurisdição constitucional passa por uma
inclusão da jurisdição numa esfera efetivamente democrática, enquanto
locus privilegiado de exercício da cidadania, em face do que propomos, para
a operacionalização de uma Constituição aberta e valorativa, a construção
de uma jurisdição constitucional aberta.

Palavras-chave: Jurisdição constitucional. Democracia. Legitimi-


dade.
116 Mônia Clarissa Hennig Leal

ABSTRACT

The Judicial Review has followed, in time, the changes that


happened in the concept of the State itself, so that it passes, from a
restricted and limited role in the Liberal State, to a wide and active role
in the Democratic State, mainly in Europe (and particulary in Germany),
in the period after the Second World War, when fundamental rights
gain an objective and impositive dimension, which demands, for their
concretization, value ponderations. This turns the Supreme Court into a
creative instance and gives to critics the argument that such activities
burn the separation of powers principle, once that kind of functions
belongs to the Parliament and not to the jurisdiction her own. So, to
discuss the legitimacy of Judicial Review in a democracy, appear in
Constitutional Theory two ways of thinking this question: one known
as substancialist, which defends and supports an active and material role
to this Courts, and another called proceduralism, which stands on the
idea that its constitutional role extends only to the protection of the
democratic process, so that only Legislative reports to that value-subjects.
For doing this, we analyse the thinking of german and american authors
related to that discussion, countries that have a solid experience in this
point. After all, what we argue and try to show is, however, that those
views can´t be took as excludent one to each other, because both of them
are fundamental to democracy. More: we believe that judicial’s review
legitimacy pressuposes an inclusion of jurisdiction in a very and real
democratic sphere, whereas a privileged locus of citizenship, so that we
propose – beside the notion of an open-ended Constitution – an open-
ended jurisdiction.

Keywords: Judicial review. Democracy. Legitimacy.


Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 117

ZUSAMMENFASSUNG

Die Verfassungsgerichtsbarkeit verfolgt die Veränderungen die


man im Rechtsstaat beobachten darf, in der Zeit, so das sie von einer
limitierenden und zurückhaltenden Konzeption im liberalen Staat zu
einem expansiven Modell im demokratischen Staat übergeht. Diese
Wandlung geschieht hauptsächlich in Deutschland nach dem Zweiten
Weltkrieg, seit die objektive Dimension der Grundrechten stärker ins
Bewußtsein getreten ist, Dies hat ferner die Notwendigkeit der
Abwägung im Rahmen der Verhältnismässigkeit herbeigeführt. Sie
bedarf einer schöpferischen Entscheidungen des
Bundesverfassungsgerichts die in der Sicht einer traditionellen
Gewaltenteilung dem Parlament vorbehalten ist. In diesem Sinne kann
man dann zwei grosse Linien bemerken: eine die man Substantialismus
nennt (die durch einen materialen Aktivismus geprägt ist) und eine
andere die als Prozeduralismus bekannt ist (nach diese Theorie muss die
Jurisdiktion einfach nur die Demokratie bewahren, so daß die Werte
der Verfassung nur von der Legislative her gestaltet werden können).
Diese Fragen sollen anhand der deutschen und der amerikanischen
Verfassungstheorie diskutiert werden. Beides sind Länder deren
Verfassungsgerichtsbarkeit sehr aktiv ist und deshalb auch kontrovers
diskutiert wird. Es wird dann behauptet, dass diese beide Theorien
eigentlich nicht aussschliessend sind, sondern dass sie vereinigt werden
können und müssen; denn Prozess wie Substanz sind für eine Demokratie
wichtig und unerlässlich. Abschließend wird die These vertreten, dass
die Legitimität der Verfassungsgerichtsbarkeit – neben einer offenen
Verfassung – nur durch eine bürgerliche und auch offene
Verfassungsgerichtsbarkeit möglich ist.

Stichworte: Verfassungsgerichtsbarkeit. Demokratie. Legitimität.


118 Mônia Clarissa Hennig Leal

RÉSUMÉ

La Jurisdiction Constitutionnelle suivre, dans le temps, les


changements qui s’opèrent dans l’État, de manière qu’on passe d’une
position restricte dans l’État de Droit Liberal à une position active dans
l’État Démocratique. Cette transformation remonte, à la fois, à la fin de
la Deuxième Guerre, quand, surtout en Allemagne, les droits
fondamentaux sont pris comme règles objectives, qui demandent, pour
sa concrétisation, une évaluation et une ponderation valoratives de part
de ces Tribunaux, situation qui dérange la conception traditionnelle de
la séparation des pouvoirs. Dans ce contexte, c’est possible trouver deux
lignes differentes pour expliquer cette relation: une substancialiste, qui
soutient une action engagée et materielle de la jurisdiction, à côté d’une
autre, connue comme procedimentaliste, qui dit que à la mêmme reste
seulement garantir la participation des citoyens en la démocratie, pour
que les contenus essenciels trouvent dans le Législative leur space de
définition. Pour faire cette analyse, on utilise la théorie constitutionnelle
allemande et américaine, nations qui ont une solide tradition intellectuelle
dans ce domaine. On considère et essaye démontrer, pourtant, que cettes
classifications ne peuvent pas être compris comme excludentes une avec
l’autre, lors que les deux configurent des éléments nécessaires à la
démocratie. À la fin, on croit que la légitimité de la jurisdiction leur
demande un espace pour l’exercice de la citoyenneté, de manière qu’on
propose, pour l’opérationalisation d’une Constitution ouverte et
valorative, aussi une jurisdiction constitutionnelle ouverte.

Mots-clés: Jurisdiction constitutionnelle. Démocratie. Légitimité.


Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 119

RESUMEN

La jurisdicción constitucional ha se desarrollado, a lo largo del


tiempo, de acuerdo con las transformaciones operadas en el propio
concepto de Estado, cambiando, así, de una postura restricta y reservada
en el Estado de Derecho Liberal, a una competencia ancha y activa en el
Estado Democrático, basada, sobretodo, en el período del segundo
postguerra, especialmente en países como Alemania, en la dimensión
objectiva atribuída a los derechos fundamentales, lo que presupone, a la
vez, para su realización, actividades de ponderación valorativa de parte
de estos Tribunales, que pasan a cumplir una actividad de carácter cria-
tivo, lo que genera, a su vez, críticas en el sentido de sua actuación, muchas
veces tenida como insostenible y como violadora del principio de
separación de los poderes. Así es que surgen, en la doctrina constitucio-
nal acerca del tema de la legitimidad democrática de la jurisdicción, dos
corrientes distintas de pensamiento: una conocida como sustancialista,
que sustenta una postura activa y material de parte de esos Tribunales, y
otra tenida como procedimentalista, segundo quien a la jurisdicción cons-
titucional compiten, solamente, la protección y la guarda de los
procedimientos democráticos, de manera que la especificación de los
contenidos fundamentales de la Constitución le queda al Poder
Legislativo. Para hacer un tal analisis, nos valemos de las reflexiones de
la teoría alemana y de la teoría americana, dos países de sólida tradición
jurisdiccional e intelectual en este ámbito. Lo que sostenemos y tenta-
mos demostrar, entre tanto, es que estas dos correntes de pensamiento
no pueden ser comprendidas como excludentes, sino que ambos los as-
pectos apontados son imprescindibles para la democracia. Además, acre-
ditamos que la legitimidad de la jurisdicción constitucional reclama una
inclusión de la jurisdicción en una esfera efetivamente democrática, en
cuanto locus privilegiado de exercicio de la ciudadanía. Así, lo que
proponemos, para fines de operacionalización de la Constitución abierta
y valorativa, es la construcción de una jurisdicción constitucional (también)
abierta.

Palabras clave: Jurisdicción constitucional. Democracia.


Legitimidad.
120 Mônia Clarissa Hennig Leal

LISTA DE ABREVIATURAS

AöR Archiv des öffentlichen Rechts (Revista de Direito


Público)
ARSP Archiv für Rechts- und Sozialphilosophie (Revista
de Direito e de filosofia social)
BVerfG Bundesverfassungsgericht (Tribunal Constitucional
alemão)
BVerfGE Entscheidungen des Bundesverfassungsgerichts (de-
cisões do Tribunal Constitucional alemão)
DöV Die öffentliche Ver waltung. Zeitschrift für
öffentliches Recht und Verwaltungswissenschaft
(Revista de Direito Público e de Direito Adminis-
trativo)
DVBl Deutsches Verwaltungsblatt (Revista de Adminis-
tração)
EuGRZ Europäische Grundrechte Zeitschrift (Revista Eu-
ropéia de Direitos Fundamentais)
JuS Juristische Schulung. Zeitschrift für Studium und
Ausbildung (Revista de Formação, de Estudo e de
Preparação Jurídica)
JZ Juristenzeitung (Revista dos Juristas)
NJW Neue Juristische Wochenschrift (Nova Revista Se-
manal Jurídica)
VVDStRL Veröffentlichungen der Vereinigung der Deutschen
Staatslehrer (Revista da Associação dos Professores
do Estado alemães)
ZaöRV Zeitschrift für ausländischen öffentliches Recht und
Völkerrecht (Revista de Direito Público Estrangei-
ro)
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 121

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................... 21

1 PERSPECTIVAS TEÓRICAS E EVOLUTIVAS DA


JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL E DA ESPECI-
ALIZAÇÃO DOS PODERES EM FACE DAS
TRANSFORMAÇÕES DO ESTADO
1.1 Considerações iniciais ...................................................... 28
1.2 Estado e Constituição liberal: surgimento e caracteres ... 31
1.3 Interpretação restritiva e controle vinculado no direito
liberal ...................................................................................... 55
1.4 O constitucionalismo social e suas repercussões no
âmbito da jurisdição constitucional ........................................ 63
1.5 O surgimento dos Tribunais Constitucionais europeus
e o debate Schmitt x Kelsen ................................................... 81

2 A NOÇÃO DE CONSTITUIÇÃO ABERTA E A


ATIVIDADE (NOTADAMENTE CRIATIVA) DOS
TRIBUNAIS CONSTITUCIONAIS: ELABORA-
ÇÕES TEÓRICAS E CRÍTICAS
2.1 Considerações iniciais sobre o tema ................................. 91
2.2 Ordem objetiva de valores: espaço criativo para a juris-
dição constitucional .............................................................. 107
2.3 Sentenças interpretativas e manipulativas: mais espa-
ços de atuação para a jurisdição constitucional .................... 134
2.4 Diferentes perspectivas críticas à jurisdição constituci-
onal no contexto de abertura: substancialismo e
procedimentalismo ............................................................... 146

3 PENSAMENTO DE AUTORES ALEMÃES SO-


BRE A LEGITIMIDADE DA JURISDIÇÃO CONS-
TITUCIONAL
3.1 Considerações preliminares ............................................ 156
122 Mônia Clarissa Hennig Leal

3.2 As possibilidades e limites da jurisdição constitucio-


nal em Ernst-Wolfgang Böckenförde: uma abordagem a
p a r -
tir da dimensão objetiva dos Direitos Fundamentais........... 157
3.3 A noção de Constituição como produto cultural e a
sociedade aberta de intérpretes em Peter Häberle ............... 181
3.4 Jurisdição constitucional e agir comunicativo em Jürgen
Habermas ............................................................................. 204

4 A TÍTULO DE CONTRAPONTO: CONTRIBUI-


ÇÕES DA TEORIA AMERICANA COM RELAÇÃO
À LEGITIMIDADE DA JURISDIÇÃO CONSTITU-
CIONAL
4.1 Questões preliminares sobre alguns aspectos que en-
volvem a teoria e a jurisdição constitucional nos Estados
Unidos e na Alemanha ......................................................... 221
4.2 A noção de representation reinforcing de John Hart Ely ... 230
4.3 A vinculação moral da atividade interpretativa e a ca-
racterística contramajoritária da jurisdição constitucional
em Ronald Dworkin ............................................................ 252
4.4 As constitutional choices e a vinculação entre substância
e procedimento em Lawrence H. Tribe ............................... 272

5 SUPERANDO PARADIGMAS: ALGUMAS TESES


PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA JURISDIÇÃO
CONSTITUCIONAL ABERTA
5.1 Algumas considerações críticas ...................................... 291
5.2 Primeira tese: não se pode falar em substancialismo e
em procedimentalismo como teorias propriamente ditas .... 303
5.3 Segunda tese: “substancialismo” e “procedimentalismo”
não se afiguram como lógicas excludentes, senão que como
lógicas complementares e interdependentes ........................ 310
5.4 Terceira tese: a questão da legitimidade da jurisdição
constitucional não passa pela disscusão de “se” deve existir
ou não este controle, mas sim de “como” ele deve se dar –
contributo para a construção de uma jurisdição constitucio-
nal aberta ............................................................................... 314
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 123

CONCLUSÃO.................................................................... 323

REFERÊNCIAS ................................................................. 334

ANEXO A – Quadro comparativo entre Tribunal e Parla-


mento .................................................................................... 363

ANEXO B – Quadro esquemático analítico da legitimi-


dade da jurisdição constitucional ......................................... 364
124 Mônia Clarissa Hennig Leal

1 METODOLOGIA DA PESQUISA JURÍDICA

1.1 Orientações para a digitação do trabalho

Alguns cuidados devem ser tomados quando se trata da


digitação do trabalho científico, seja ele monografia, dissertação
ou tese. Para tanto, devem-se seguir as informações fornecidas
neste trabalho e também as orientações do manual de Normas
para apresentação de trabalhos acadêmicos da Universidade de San-
ta Cruz do Sul.
O texto deve ser digitado em fonte tamanho doze (de pre-
ferência Times New Roman ou Arial), em espaço um e meio,
com dois espaços um e meio entre os parágrafos.

As citações textuais com quatro ou mais linhas devem ser


feitas em uma caixa de citação como esta, recuada a qua-
tro centímetros da margem esquerda do texto. A fonte deve
ser a mesma do texto, porém de tamanho dez, usando-se
espaço simples. Não se usam aspas.31

A margem esquerda é de 3 cm; a margem superior é de 3


cm; a margem inferior e a margem direita são de 2 cm.
O recuo do parágrafo deve ser de 1 cm.

______________
31
As notas de rodapé devem ser em fonte tamanho dez, com espaço simples e
justificadas.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 125

ANEXO C
CAPA DE RESENHA
126 Mônia Clarissa Hennig Leal

UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL – UNISC


(CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO)
(ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO
CONSTITUCIONAL)

Maria Xica da Silva

POR UMA NORMATIVIDADE DOS PRINCÍPIOS


CONSTITUCIONAIS

HENNIG LEAL, Mônia Clarissa. A Constituição como princípio:


os limites da jurisdição constitucional brasileira. São Paulo:
Manole, 2003.

Santa Cruz do Sul, março de 2006


Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 127

ANEXO D
ARTIGO CIENTÍFICO
128 Mônia Clarissa Hennig Leal

COMO É IMPORTANTE SABER METODOLOGIA E


OUTRAS COISAS

Maria Augusta da Silva32

RESUMO – A metodologia da pesquisa tem sido cada


vez mais importante no meio acadêmico, especialmente em razão
da demanda e da exigência, instituída pela maioria dos cursos
superiores, de realização de monografia ao final do curso de Gra-
duação em Direito. Isso sem contar a crescente quantidade de
profissionais que tem procurado se aperfeiçoar, buscando cursar
Mestrado e Doutorado. Assim, a disciplina em questão merece
uma atenção especial por parte das Universidades, sendo este o
foco central desenvolvido neste trabalho.
PALAVRAS-CHAVE – Metodologia. Direito. Demanda
crescente.

ABSTRACT – Methodology of research is becoming each


time more important in the academic world, specially because of
the demand related to the obligation concerned to the most of
Law High Schools, that include monography as a needed work.
Beside this factor it’s possible to identify a big number of students
that search for an upgrade in its professional life, visiting Master
and Doctor programs. So its possible to say that this subject
deserves an especial attention from Universities, so that this is
the main point developed in this work.
KEYWORDS – Methodology. Law. Growing demand.

______________
32
Maria Augusta da Silva é graduada em Direito pela Universidade de Santa
Cruz do Sul – UNISC; mestre em Direito pela mesma Universidade. Pro-
fessora do Departamento de Direito. Advogada.
Manual de Metodologia da Pesquisa para o Direito 129

SUMÁRIO – 1 Introdução. 2 Aspectos introdutórios relaciona-


dos à temática da metodologia da pesquisa. 3 Aspectos
constitutivos da metodologia da pesquisa no Direito. 4 Histórico
do desenvolvimento da metodologia da pesquisa nos cursos jurí-
dicos brasileiros. 5 Apontamentos sobre a realidade atual. 6 Con-
clusão. 7 Referências.

1 Introdução

A metodologia da pesquisa jurídica vem se tornando cada


vez mais importante no âmbito dos cursos de Direito no Brasil....

2 Aspectos introdutórios relacionados à temática da


metodologia da pesquisa

Muito se tem discutido, no meio acadêmico, acerca da fun-


ção reservada à metodologia da pesquisa jurídica...

3 Aspectos constitutivos da metodologia da pesquisa no Direito

A metodologia da pesquisa no Direito constitui um dos


principais e mais importantes focos de construção do raciocínio
lógico e do pensamento crítico no âmbito dos cursos jurídicos...

4 Histórico do desenvolvimento da metodologia da pesquisa


nos cursos jurídicos brasileiros

De certa forma, considerando-se a tradição relacionada à


pesquisa jurídica no Brasil, pode-se dizer que a preocupação com
a questão da metodologia da pesquisa nos cursos jurídicos brasi-
leiros é bastante recente, remontando...

5 Apontamentos sobre a realidade atual

Por mais que a disciplina de metodologia da pesquisa jurí-


dica esteja prevista e inserida no currículo da maioria dos cursos
130 Mônia Clarissa Hennig Leal

de Direito brasileiros, o que se percebe é que esta é uma tradição


ainda não consolidada, pois...

6 Conclusão

Considerando-se todo o exposto, pode-se afirmar que...

7 Referências

ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 2. ed. Tradução de Gilson


César Cardoso de Souza. São Paulo: Perspectiva, 1977.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 1996.
HELFER, I.; AGNES, C. Normas para apresentação de traba-
lhos acadêmicos. 8. ed. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2006.
LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Metodologia do tra-
balho científico. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1992.
LEITE, Eduardo de Oliveira. A monografia jurídica. 4. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
MEZZAROBA, O.; MONTEIRO, C. S. Manual de
Metodologia da Pesquisa no Direito. São Paulo: Saraiva, 2003.
NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual da monografia jurídica.
São Paulo: Saraiva, 1997.
OLIVEIRA, Olga Maria Boschi Aguiar de. Monografia jurídica:
orientações metodológicas para o trabalho de conclusão de curso.
Porto Alegre: Síntese, 1999.
PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica. 2. ed.
Florianópolis: OAB/SC Editora, 1999.
YIN, Robert. Estudo de caso. 2. ed. Tradução de Daniel Grassi.
Porto Alegre: Bookman, 2001.

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