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pnld 2021 Material digital do professor
A MERCADORIA
MAIS PRECIOSA
UMA FÁBULA
MANUAL DO PROFESSOR
Jean-Claude
Grumberg
Tradução Rosa Freire d'Aguiar
editora
pnld 2021 Material digital do professor
Você tem em mãos um material pensado para subsidiar o trabalho com a leitura
da obra A mercadoria mais preciosa: Uma fábula, um livro para todas as idades e
todos os tipos de leitores. Um conto belíssimo e, ao mesmo tempo, perturba-
dor. Uma narrativa assustadora sobre os horrores da Segunda Guerra Mundial,
o Holocausto, mas também sobre a potência do amor.
Embora utilize uma linguagem à maneira das fábulas e dos contos de fada, a
crueza dos primeiros acontecimentos logo deixa evidente que se trata de uma
história “pra gente grande”, cuja leitura o levará a constatar, ao final, que apren-
deu muitas coisas, inclusive sobre si mesmo.
Este manual foi desenvolvido em consonância com as Diretrizes e Orienta-
ções Curriculares para o Ensino Médio, no âmbito do Novo Ensino Médio, e
com a bncc; mas, acima de tudo, espera-se que você tome as atividades aqui
propostas não como um roteiro obrigatório, mas como sugestões de possíveis
caminhos a serem trilhados, já que a boa mediação entre a obra e seus estudan-
tes só pode ocorrer se você realizá-la à sua maneira, a partir da sua própria ex-
periência de leitura e também adaptando as sugestões às características e nível
de engajamento da sua turma, assim como às condições materiais e à realidade
local da escola.
Nossa primeira sugestão, então, é que, até mesmo antes de ler este manual,
você leia o livro e deixe-se afetar pelo universo mágico criado por Grumberg.
Fique atento — e, se possível, registre — as sensações, os sentimentos e pen-
samentos que lhe ocorrerem durante a leitura. São eles também que vão guiá-
-lo sobre a melhor forma de “contaminar” seus estudantes com o desejo de ler
essa pequena obra-prima.
Na sequência, a sugestão é que você leia o Paratexto, destinado ao estudante,
ao final do livro, onde buscou-se dialogar tanto com o leitor que vai lê-lo depois
de ter lido o conto, como com aquele leitor curioso que pode começar lendo o
Paratexto, um petisco servido antes da refeição para aguçar o apetite. Mas o ideal
seria você, como anfitrião, conduzir e degustar, junto com os estudantes, a lei-
tura do Paratexto, antes de trinchar e destrinchar, à mesa, o prato principal. Para
esse pequeno banquete, o manual traz sugestões de percursos flexíveis a serem
saboreados só com você, professor de Língua Portuguesa, quanto compartilha-
dos com outros comensais, convidados para participar da festa com reflexões
de História, Arte e Filosofia.
Ao longo do manual serão indicadas as competências e as habilidades para as
áreas de conhecimento e os componentes curriculares envolvidos nas ativida-
des propostas.
a) Ficção, mistério Num de seus mais antológicos ensaios, “O direito à literatura”, o professor e
e Fantasia crítico literário Antonio Candido (1918-2017) afirma:
Talvez seja essa uma das mais claras colocações sobre a necessidade que todos
os humanos têm de sonhar, de fabular, e cuja satisfação é vista como um direito
essencial de qualquer pessoa. Para Candido, “talvez não haja equilíbrio social
sem literatura”, já que ela desenvolve em cada um de nós traços fundamentais
de humanização, abrindo portas à percepção da beleza, afinando as emoções e a
reflexão sobre a vida, sobre o mundo, tornando o homem mais compreensivo
e aberto para com o próximo.
No conto de Grumberg, o mistério e a fantasia alimentam a imaginação do
leitor nos dois núcleos narrativos que correm paralelos e constituem seu enredo.
Especialmente nos capítulos que têm a lenhadora como protagonista, os traços
fantasiosos são marcantes, trazendo elementos temáticos e formais próprios dos
contos de fada e das fábulas. Entretanto, o escritor joga com a natureza dinâ-
mica dos gêneros do discurso e produz um texto híbrido, um conto moderno
que dialoga muito de perto com o conto popular, com lampejos de linguagem
cinematográfica atravessando a narrativa. Reside aí, aliás, boa parte do encanto
provocado pela leitura desse livro. A maestria do autor manifesta-se também
nessa quebra de cânone: a escolha do gênero conto, com fortes traços dos tra-
dicionais que se contam às crianças, para tratar de um tema sombrio e terrível,
o Holocausto. O contraste entre aspectos temáticos e formais intriga o leitor.
b) Preconceito e resPeito O preconceito é uma manifestação que resulta sempre da desconfiança e da ig-
à diFerença norância. Na base do preconceito e do desrespeito às diferenças estão o medo,
a suspeita daquilo que se desconhece, o julgamento a priori, seguido da adesão
fácil a um estereótipo, uma simplificação que impede e compromete a constru-
ção de uma experiência pessoal efetiva com o outro, o diferente. Contudo, não
há preconceito que resista à luz do conhecimento, do estudo e do saber (não
por acaso os nazistas queimavam livros). Cabe, portanto, especialmente à es-
cola iluminar a obscuridade do preconceito.
c) diálogos com a História O convite que o nosso conto faz ao leitor é para mergulhar fundo no ódio, na
e a FilosoFia destruição e no horror que a ação nazista provocou durante o Holocausto ou
Shoah, o que vai além de conhecer fatos objetivos sobre a Segunda Guerra.
Nesse processo, é preciso estar atento a sentimentos pesados que podem aflo-
rar entre jovens em formação e oferecer, além dos fatos em sua crueza, saídas
que a Filosofia e a Arte podem proporcionar. Nesse sentido, serão propostas ati-
vidades para entrar em contato com elaborações desse fenômeno histórico por
meio de textos dos campos artístico-literário e jornalístico-midiático, a partir
dos quais pode-se encaminhar atividades de leitura, fruição e pesquisa, segui-
das de rodas de conversa. Os dois exemplos a seguir dão uma ideia disso; ou-
tros estão indicados na seção 5 do manual:
Ao lado da História e da Arte, a Filosofia pode ser convocada para ampliar a ex-
periência de leitura do nosso conto. Um trecho, em particular, mostra que há,
no pai das crianças, um impulso que provoca nele o desejo de viver; é um alento
de esperança, de resistência e de coragem, simbolizando a ideia do amor como
motor da vida.
O pai dos ex-gêmeos desejava morrer, mas bem no fundo dele crescia uma
sementinha insana, selvagem, resistindo a todos os horrores vistos e so-
fridos, uma sementinha que crescia e crescia, mandando-o viver, ou pelo
menos sobreviver. (p. 41)
Também é o amor que move a lenhadora, assim como depois seu marido e
o “homem do fuzil da cabra e da cabeça quebrada” quando ambos abrigam a
criança e enfrentam os milicianos, dando a própria vida para que a mulher e a
criança sobrevivam. Todos oferecem ao outro a mais desinteressada e incon-
dicional hospitalidade, proteção e amor. E o que dizer do ato de total abnega-
ção e altruísmo do pai, que, depois de reconhecer a filha, decide, dilacerado,
não se dar a conhecer, já que “ela vivia, era feliz, sorria” (p. 59), enquanto ele,
morto por dentro, não tinha nada a lhe oferecer?
Que relações haveria entre esses episódios do livro e o afeto sobre o qual a
Filosofia, ao longo dos séculos, tem refletido? O amor de que tratam os filóso-
fos compreende apenas o amor romântico, a idealização da pessoa amada, ou
é mais abrangente? Haveria relação de dependência entre o amor e a tão bus-
cada felicidade? Essas perguntas podem nortear uma provocação a ser pro-
posta aos estudantes, seguida de um convite para conhecer o que falam sobre
o amor alguns pensadores de diferentes épocas. Lembre-os de que a investi-
gação filosófica não trata apenas da origem do mundo e das causas das trans-
formações da natureza, mas também das ações, das ideias, comportamentos e
valores humanos, ou seja, da Ética e da Política (chaui, 2000), quando se bus-
cam as virtudes morais e políticas para iluminar o comportamento do homem
como indivíduo, e também como cidadão.
Na Filosofia o cuidado de si estava indissoluvelmente ligado ao cuidado do ou-
tro, como se vê pelo exemplo que foi a vida de Sócrates (469-399 a.C.), consi-
derado um divisor de águas na história da Filosofia no Ocidente, cuja obra che-
gou até nós por Platão, seu mais ilustre discípulo.
O Amor é tema do talvez mais famoso dentre os Diálogos de Platão (427-347
a.C.), O banquete, cuja beleza e simplicidade decorrem inicialmente do tema:
trata-se de elogiar o Amor ou Eros, e assim o fazem os convidados ao banquete,
sendo o último discurso, o de Sócrates, que “acaba sendo feito no quadro da
teoria das Ideias, que traça o destino do homem numa linha de ascese espiritual,
de abstenção gradativa dos seus apetites sensuais, perturbadores da temperança,
um dos aspectos capitais da virtude socrático-platônica” (platão, 2012, pp. 11-2).
Na atualidade, o tema do amor continua em foco e pode interessar a seus es-
tudantes para refletirem sobre um mundo globalizado em que as relações pes-
soais passam pela tecnologia, pelas redes sociais, num tempo disperso e frag-
mentado, marcado pela competição, o individualismo e o consumismo.
Zygmunt Bauman (1925-2017), sociólogo e filósofo polonês, por exemplo, re-
flete sobre as consequências desse “mundo líquido” sobre o homem contem-
porâneo, sem vínculos, marcado pela fragilidade dos laços interpessoais que
a prática da leitura Na base do trabalho sugerido neste manual está a ideia de que a leitura deve ser
literária na escola: entendida como uma prática social, uma atividade humana que tem lugar em
pressupostos gerais nossas vidas, e não somente uma tarefa escolarizada. Dessa perspectiva, a leitura
pode ocorrer em espaços com características muito específicas que compreen-
dem os diferentes tipos de conteúdo dos textos que ali circulam, as finalidades
colocadas para a leitura, os procedimentos mais comuns, decorrentes dessas fi-
nalidades e os gêneros dos textos. Considera-se ainda que ler é uma experiên-
cia, ao mesmo tempo, individual e única — como processo pessoal e particu-
lar de processamento dos sentidos do texto — quanto interpessoal e dialógica
— já que os sentidos não se encontram no texto ou no leitor, exclusivamente,
mas “situam-se no espaço intervalar entre texto e leitor” (bräkling, 2004, p. 4).
Um conceito central que guia as atividades propostas é o de letramento literá-
rio, o processo de apropriação da literatura enquanto linguagem, que tem início
com as cantigas de ninar e continua por toda a vida. Trata-se de uma apropriação,
de tomar algo para si, de internalizar, por exemplo, o que “nos dão as palavras de
um poema para dizer o que não conseguíamos expressar antes” (cosson, 2014).
Para que o estudante possa ampliar o seu grau de letramento literário, vamos
convidá-lo a entrar no jogo de linguagem que está na base do pacto ficcional que
todo texto literário propõe de forma a viver plenamente a experiência estética de
leitura de um conto. Para tanto, visamos promover o desenvolvimento da com-
petência leitora por meio da mobilização de procedimentos e capacidades de1:
organização do material Além dessa conversa inicial, o manual é composto por mais quatro seções com
sugestões de atividade2 alinhadas à leitura do livro e do Paratexto:
Boa leitura!
Propostas de atividades I Nesta seção, as atividades preparam os estudantes para a leitura de A mercadoria
mais preciosa: Uma fábula e encaminham a leitura integral da obra tendo como
Para Literatura na aula de foco principal a natureza literária do texto, sua fruição e análise. Cada atividade
Língua Portuguesa pode ser realizada em uma aula ou desdobrada em duas ou três, dependendo do
ritmo da turma e da escolha de cada professor para realizar ou não todos os pas-
sos sugeridos, intercalando ou não com as atividades indicadas na próxima seção,
“Propostas de atividades ii”, em parceria com os professores de História e de Arte.
As competências específicas da área de Linguagens e suas tecnologias e as ha-
bilidades correlatas de Língua Portuguesa a serem mobilizadas nessas ativida-
des são as seguintes:
Tradução:
-> garanta a ideia de que, especialmente para textos literários, traduzir não
se resume à transposição automática de um idioma a outro; trata-se de
recriar poeticamente o texto em outra língua;
-> lembre-os de que a tradução de obras desempenha ainda o importante
papel de colocar em contato pessoas de diferentes origens, culturas
2. atividades de leitura: Objetivos: Promover a leitura integral da obra com os estudantes, favorecendo
ler, analisar e fruir um o reconhecimento do gênero e das características que o tornam um texto lite-
conto literário rário, visando a sua completa fruição.
Etapa 1 — do capítulo 1 ao 8
Etapa 2 — do capítulo 9 ao 20
Etapa 3 —Epílogo e Apêndice para amantes de histórias verdadeiras
etaPa 1 Dois teóricos russos estão na base do trabalho já iniciado no Paratexto, a ser am-
capítulos 1 a 8 pliado agora sob sua orientação nessa etapa. O primeiro deles é Vladimir Propp
Um conto e sUa estrUtUra (1895-1970), que analisou contos tradicionais russos, classificando-os não pelo
assunto e sim pela estrutura. Ao deter-se nas funções das personagens, ele
concluiu, grosso modo, que os contos populares se assemelham muito na es-
trutura rígida que apresentam, considerada arquetípica (propp, 1984). Decorre
daí a impressão que temos, ao ouvi-los, de estarmos diante de enredos diferen-
tes, mas também muito familiares. O segundo, Mikhail Bakhtin (1895-1975), do
qual utilizamos os conceitos de gênero do discurso (bakhtin, 2016) e de dia-
logismo para apontar a intergenericidade ou a intertextualidade intergêneros
2. Como o trecho do livro a ser lido nessa Etapa 1 é curto (oito capítulos breves,
alguns deles com menos de uma página), é possível que você o leia em voz alta
para os estudantes, sem pressa, modulando a voz nos momentos mais impor-
tantes, respeitando o ritmo das frases, valorizando os silêncios e pausas. Leitu-
ras expressivas em voz alta, adequadamente realizadas são, muitas vezes, deci-
sivas para a formação do leitor, já que esse tipo de leitura se constitui como um
evento cultural, uma performance em que o próprio processo de leitura se ofe-
rece como espetáculo. Ouvir boas leituras em voz alta é uma prática de letra-
mento que resgata uma experiência inaugural de entrada no mundo da escrita
literária: a das histórias que adultos nos leram quando éramos crianças. Caso jul-
gue conveniente, realize a sua leitura somente dos três primeiros capítulos, de-
signando os próximos cinco para serem lidos, na próxima aula, em voz alta, por
alguns estudantes, que devem se preparar lendo e relendo em casa o trecho que
lhe foi designado.
2. atividades pós-leitura: Objetivos: Promover reflexão sobre o papel e a relevância da ficção na reme-
entre a ficção moração de fatos históricos.
e a realidade:
a rememoração Materiais: exemplares do livro em questão, papel e lápis/caneta.
e a literatura de
testemunho A essa altura, sugerimos que realize com os estudantes uma conversa apreciativa
sobre o conto, com a finalidade de promover uma reflexão sobre a relevância da
literatura no processo de construção e reconstrução da memória individual e
coletiva, sobretudo quando relacionada a acontecimentos históricos traumáti-
cos, como é o caso aqui. Os conceitos de verossimilhança, personagens, lite-
ratura como memória e literatura de testemunho serão úteis nesse percurso.
c. Você acredita que o conto tem relevância como produto cultural que res-
gata fatos históricos? Por quê?
aspectos a serem Durante a discussão coletiva, garanta que sua mediação favoreça a
contemplados na compreensão de que:
conversa, item a item
a. Na retomada do “Epílogo”, a negação, pelo narrador, da veracidade
dos narrados é um exercício de ironia que pode ter, pelo menos, dois
efeitos de sentido: (1) evidenciar certa incredulidade do narrador frente
à possibilidade de estar lidando com um leitor ingênuo, desconhecedor
da história do Holocausto; (2) demonstrar o sarcasmo do narrador frente
a discursos negacionistas que procuram minimizar ou mesmo negar
certos fatos históricos e suas consequências nefastas. É no “Epílogo” que
o narrador reitera, de modo incisivo, as memórias dos fatos históricos
sobre os quais teceu a sua história inventada. Ao mesmo tempo que
supostamente nega a veracidade dos fatos, nos dois últimos parágrafos,
quando fala do que é verdadeiro na história — o amor que moveu as
atitudes do pai da menina e da lenhadora —, o narrador recoloca como
verdade toda a essência da narrativa: os horrores relatados, a luta e a
defesa pela vida aconteceram.
realidade sociocultural do tempo em que vive, do qual faz parte, com ela
dialogando ao produzir sua representação, por meio de sua vivência, de
seus interesses e projetos, mas não é simples refletor dos acontecimentos
sociais; ele os transforma e combina, cria e devolve o produzido à
sociedade”. (borges, 2010)
2. Finalize a conversa comentando, ainda, que há muitas obras literárias que são
biográficas ou autobiográficas e que, portanto, se configuram como rememo-
ração de um passado que aconteceu de fato. Aproveite para questioná-los sobre
o que pode haver de literário em obras dessa natureza, de modo que eles possam
considerar que nesse exercício de relatar o vivido por si ou pelo outro, há todo
um exercício de recriação, de interpretação da vivência que a modifica e que
lhe dá o status de experiência; que na rememoração do vivido, o modo como
se escolhe construir o texto pode ser marcado pelo uso de recursos expressi-
vos, como muitos dos observados na leitura do conto de Grumberg, que poten-
cializam efeitos de sentidos e possibilitam uma experiência de leitura mais es-
tética. Pergunte se conhecem obras literárias desse tipo, incluindo adaptações
para cinema. Você poderá citar duas delas:
-> Anne Frank: Uma biografia (Rio de Janeiro: Record, 2000), de Melissa Mul-
ler. Biografia de Anne Frank, autora de O diário de Anne Frank que se tornou
um dos relatos mais conhecidos dos horrores cometidos contra os judeus
durante a Segunda Guerra.
3. Comente, por fim, que quando as autobiografias literárias são marcadas por
experiências que se constituem como memórias coletivas, podemos classifi-
cá-las como literatura de testemunho. Esclareça que um dos expoentes nesse
tipo de literatura é o escritor italiano Primo Levi (1919-87), prisioneiro sobrevi-
vente dos campos de concentração de Auschwitz. Algumas de suas obras mais
conhecidas são É isso um homem?, Assim foi Auschwitz, A trégua, Os afogados e
os sobreviventes. Incentive os estudantes a conhecerem mais os livros do autor
e esse tipo de literatura, que pode receber tratamentos diferenciados e se cons-
tituir em diferentes gêneros, como é o caso das historical graphic novels (roman-
ces gráficos históricos). Pergunte-lhes se conhecem alguma obra nesse gênero.
Nas "Propostas de atividades ii”, sugeridas para parceria com os professores de
História e de Arte, serão citados como possibilidades de leituras complemen-
tares à leitura do conto duas obras muito representativas do gênero: Maus, de
Art Spiegelman; e Heimat, de Nora Krug.
Propostas de atividades II Na realização das próximas atividades, que estão em estreito diálogo com as da
seção anterior, o foco está no desenvolvimento de competências específicas e
Para outros componentes de habilidades da área de Ciências Humanas e Sociais aplicadas, especialmente
curriculares as relativas ao componente curricular História, articuladas com as da área de
Linguagens e suas tecnologias para o componente curricular Arte.
comPetências 1e5
4. O professor de História, por sua vez, pode fornecer uma visão geral dos es-
paços que indivíduos judeus ocupavam na Alemanha pré-Segunda Guerra,
sua participação nas áreas das ciências, das artes, das finanças, da advocacia, na
vida intelectual e também política, já que parte considerável deles militava no
sindicalismo, no Partido Social-Democrata e no Partido Comunista Alemão
(gay, 1978).
e. O que evidenciam as obras de arte que Hitler colecionava sobre sua con-
cepção de mundo?
c. Além de ter concebido cada detalhe dos símbolos nazistas, como a suástica,
usada nos uniformes, estandartes e bandeiras, Hitler recorria à cenografia
teatral em seus comícios, nos quais ele era também o ator que contracenava
com a massa, dando forma ao mito do “corpo do povo”.
6. Peça que os grupos exponham suas respostas e debatam entre si para que a
turma chegue, como conclusão e, se possível, com a assistência dos professores
de Língua Portuguesa, História e Arte, à formulação da tese defendida no docu-
mentário, redigida da forma mais clara, concisa e completa possível.
2. atividade leitura: Objetivos: Favorecer a leitura de textos que abordam diferentes perspectivas
roda de conversa sobre o Holocausto e promover uma roda de conversa sobre os textos para re-
fletir sobre os impactos do Holocausto até os nossos dias.
c. O que você ficou sabendo de novo sobre o assunto, com o estudo desse
material?
a. Qual das experiências que você conheceu chamou mais atenção? Por quê?
c. Nos capítulos 9, 10 e 11 do livro que estamos lendo, vemos que o pobre le-
nhador muda a relação que, até então, tinha com a criança salva pela lenha-
dora. O que pode ter provocado essa mudança de atitude?
3. atividades pós-leitura Objetivo: Promover a pesquisa sobre os modos de representação desse mo-
modos de representação mento histórico nas artes e na literatura.
e narrativas sobre o
nazismo Materiais: papel e lápis/caneta, computadores e rede de internet disponível.
-> negação. Direção de Mick Jackson. Estados Unidos, Reino Unido: bbc
Filmes, 2016. (110min). O filme, baseado em fatos reais, conta a história
de uma disputa judicial de difamação movida pelo historiador David, um
negacionista do Holocausto, contra a pesquisadora Deborah E. Lipstadt,
que o ataca em um de seus livros.
b. Artes visuais
Artes plásticas
-> As obras do artista plástico alemão Anselm Kiefer, em especial Lilith
am rotem Meer (1990), em: <http://www.deletetheweb.com/unstuck/
archives/001574.html>.
-> krug, Nora. Heimat. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. Um
misto de romance gráfico e caderno de colagens e anotações, a obra
autobiográfica relata a jornada da escritora alemã na busca da sua
identidade, o que a levou a investigar o envolvimento da família com o
regime nazista.
-> Jacobson, Sid; colón, Ernie. Anne Frank, a biografia ilustrada. São
Paulo: Companhia das Letras, 2017. Os autores reconstituem a vida de
Annelies Marie Frank, do seu nascimento, em junho de 1929, até sua
morte precoce, em 1945, no campo de concentração de Bergen-Belsen.
5. Caso avalie que a turma está engajada nas discussões sobre o tema, recomen-
damos fortemente que você sugira aos estudantes a leitura de três dos romances
gráficos históricos de caráter biográfico e autobiográfico citados no boxe ante-
rior, que abordam o Holocausto da perspectiva dos judeus e seus descenden-
tes e da perspectiva de uma alemã que por muito tempo carregou a culpa pelas
ações de alemães nazistas: Maus, de Art Spiegelman; Heimat, de Nora Krug; e
O diário de Anne Frank, de Ari Folman e David Polonsky. Além de discussões
sobre a temática, a leitura pode render um estudo sobre os efeitos de sentido
construídos na relação entre texto e imagem.
6. Finalize o trabalho com uma roda de conversa que promova a avaliação das
aprendizagens sobre a temática.
Conceito de discurso
Entrevista com Dominique Maingueneau, professor da Universidade iv
Paris-Sorbonne, sobre como o conceito de discurso ajuda a ensinar línguas.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_VrkkZ_WiE8>.
Acesso em: 4 jan. 2021.
O gênero conto
carone, Modesto. “Anotações sobre o conto”. In: Vários autores. Boa
companhia: Contos. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, pp. 7-10. Três
preciosas páginas que introduzem uma coletânea de contos modernos
brasileiros, nas quais o escritor, jornalista e tradutor nos brinda com a sua
visão do gênero conto.
Conto de fadas
Entrevista com Jack Zypes, que realiza uma análise do conto de fadas sob
diferentes óticas: cultural, histórica, social, política, entre outras. Disponível
em: <https://www.revistas.usp.br/literartes/article/view/165176/158582>.
Acesso em: 4 jan. 2021.
Intergenericidade
koch, Ingedore Grünfeld Villaça; bentes, Anna Christina; cavalcante,
Mônica Magalhães. Intertextualidade: Diálogos possíveis. São Paulo: Cortez,
2007. A premissa de que um texto só pode ser compreendido por meio do
que Bakhtin nomeia por dialogismo é detalhada pelas autoras ao discutir
a intertextualidade, suas categorizações e a intergenericidade a partir de
exemplos de textos literários, jornalísticos, propagandísticos, letras de
músicas etc.
Tradução
Dicionário de tradutores literários no Brasil, para obter mais informações sobre
a tradutora do nosso conto. Disponível em: <https://dicionariodetradutores.
ufsc.br/pt/RosaFreireDAguiar.htm>. Acesso em: 4 jan. 2021.
GAY, Peter. A cultura de Weimar. Trad. de Laura Lúcia da Costa Braga. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1978.