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pnld 2021 Material digital do professor

UM OUTRO BROOKLYN JACQUELINE WOODSON

MANUAL DO PROFESSOR

Tradução Stephanie Borges

outro brooklin_capa_pnld 2021_sem orelha_MP.indd 1 12/02/21 11:08

autoria Raquel Toledo

ano de publicação 2021

editora
pnld 2021 Material digital do professor

Sumário 03. Carta ao professor

11. Propostas de atividades I


11. Competências e habilidades
13. Pré-leitura
14. Leitura
16. Pós-leitura

18. Propostas de atividades II


18. Competências e habilidades
19. Pré-leitura
21. Leitura
22. Pós-leitura

23. Aprofundamento

28. Bibliografia comentada*

*Além dessas seções, o manual traz boxes com sugestões de referências complementares.

Consultoria técnico-pedagógica e gestão da produção dos


materiais escritos e audiovisuais: cenpec — Centro de Estudos
e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária.

Editora responsável: Anna Helena Altenfelder


Assessoria Pedagógica: Giselle Rocha e Sônia Madi

Jacqueline Woodson Um outro Brooklyn 2


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Carta ao professor Professor(a),

Este manual foi desenvolvido especialmente para oferecer subsí-


dios para a leitura e o trabalho com o título Um outro Brooklyn de
Jacqueline Woodson. Para isso, aqui poderão ser encontradas infor-
mações sobre a autora, a tradutora, elementos de análise literária e
sociológica que podem aprofundar a experiência de leitura e contex-
tualizá-la. Além das questões formais, vamos discutir os temas que
este livro pode trazer para a sala de aula, bem como o contexto em
que ele foi escrito e duas atividades que podem ser desenvolvidas
a partir do contato com essa obra.
Dessa forma, o conteúdo aqui ficou organizado da seguinte
forma:

-> Nesta carta inicial: contextualização da obra, da autora e da


tradutora; sinopse da narrativa e organização do Material di-
gital do professor.

-> Duas propostas de atividades: a primeira, voltada exclusiva-


mente à área de Língua Portuguesa e Estudos Literários, tra-
balhará o romance contemporâneo e o olhar para a infância na
intenção de relacioná-lo com as possibilidades de futuro; a se-
gunda, interdisciplinar, dialoga literatura, antropologia e histó-
ria do povo negro, com o objetivo de protagonizar as histórias
e valorizar os artistas da cultura diaspórica.

-> Aprofundamento: Temas com os quais Um outro Brooklyn dia-


loga, uma breve análise literária do romance, estudo do gênero,
relação possível com outros textos, formas de explorar a escrita
literária através dessa leitura e, especialmente, elementos que
apoiam tanto a fruição literária como a relação que pode haver
entre o romance e a vida em sociedade.

-> Bibliografia comentada: seleção de obras teóricas e literárias


que podem servir de subsídio tanto para o trabalho em aula
quanto para o aprofundamento e aperfeiçoamento pessoal e
profissional do docente.

-> Sugestões de referências complementares: Além dessas eta-


pas, o manual ainda traz, sempre que for pertinente, boxes com
sugestões de referências complementares, em que se podem
encontrar livros, filmes, reportagens, podcasts, vídeos entre ou-
tras produções que dialoguem com o tema abordado. A ideia é

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fornecer uma variedade de gêneros, dentro dos cinco cam-


pos de atuação previstos na bncc: vida pessoal, artístico-lite-
rário, estudo e pesquisa, jornalístico-midiático, atuação da vida
pública. Dessa forma, tanto o docente quanto o estudante po-
derão ampliar a gama de relações que a obra trás e, assim, enri-
quecer ainda mais a experiência literária.

Uma vez apresentado o manual, vamos ao livro. Um outro Brooklyn


é um romance curto publicado originalmente em 2016 (traduzido
e publicado no Brasil pela primeira vez em 2020) e escrito por Jac-
queline Woodson. A autora, apesar de não ser ainda muito publi-
cada no Brasil, é bastante reconhecida nos Estados Unidos, prin-
cipalmente por seus livros para o público infantojuvenil. Por essa
produção, Woodson foi premiada, em 2020, com o Hans Chris-
tian Andersen.
Woodson nasceu no estado de Ohio, mas ainda bem nova foi
morar na Carolina do Sul, um estado sulista bastante conservador,
onde ficou até os sete anos, quando se mudou com a família para
o distrito do Brooklyn, em Nova York. Sua carreira como escritora
começou após terminar o curso universitário e conseguir um em-
prego na agência literária especializada em livros infantis Kirchhoff
Wohlberg, onde começou a escrever. Algum tempo depois, seus
primeiros manuscritos foram publicados sempre com foco no pú-
blico infantojuvenil. Um outro Brooklyn é um de seus livros volta-
dos para o público juvenil.
Ter passado a infância entre o Brooklyn e a Carolina do Sul cau-
sou certo impacto na vida de Woodson. Em entrevista à jornalista
estadunidense Jennifer M. Brown, a autora revela as diferenças en-
tre esses dois lugares. Para ela, é evidente como o sul era um lu-
gar mais calmo, comunitário, segregado, enquanto em Nova York
ela convivia com diferentes nacionalidades em um mesmo quar-
teirão do bairro: alemães, porto-riquenhos, afro-americanos, asiá-
ticos. Havia, no Brooklyn, uma pluralidade que era nova para ela.
E essa pluralidade é incorporada em sua obra literária, que prota-
goniza pessoas racializadas, especialmente meninas e mulheres
negras, e conta as experiências dessa importante parcela da po-
pulação, costumeiramente invisibilizada. Entre as referências li-
terárias de Woodson estão os escritores James Baldwin, sobre o
qual falaremos mais adiante (na primeira atividade proposta), e
Toni Morrison.

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SugeStão de Toni Morrison é o pseudônimo de Chloe Ardelia Wofford,


referência escritora estadunidense nascida no estado de Ohio em 1931.
complementar: Morrison escreveu romances, contos, livros infantis e ensaios,
sempre levando em conta a questão do racismo e do culto à
beleza branca em suas obras. Em 1993, a escritora ganhou o
Prêmio Nobel de literatura. Ela faleceu em 2019. Hoje, quase
todos os seus livros já estão disponíveis em português. Na
bibliografia comentada, indicamos um de seus títulos, pois
é possível perceber certa relação entre ele e Um outro Brooklyn.

Jacqueline Woodson tem mais de trinta livros publicados e é pro-


fessora de escrita criativa para adolescentes nos cursos de férias da
National Book Foundation.

SugeStão de Veja, no canal Booktube, no Youtube, um vídeo em que Wood-


referência son é entrevistada por alguns leitores e produtores de con-
complementar: teúdo para a plataforma. No vídeo, a autora comenta sobre os
temas que costuma abordar em suas obras, especialmente a
questão racial e a comunidade lgbtq+, além de seu percurso
para tornar-se escritora. Perceba que ela também comenta so-
bre ler devagar e sobre o espaço da memória na criação literária.
Esses dois temas serão importantes para o desenvolvimento
de nossa primeira atividade!
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WNV-
wODk_rJk>. Acesso em: 17 dez. 2020.

Conhecer um pouco sobre a vida da autora joga alguma luz sobre


Um outro Brooklyn. O título, inevitavelmente, nos leva a pensar no
bairro para onde a escritora se mudou na infância e é justamente
nesse bairro diverso que a narrativa se passa. Mas não no Brooklyn
de hoje, berço de artistas hipsters e de aluguéis caríssimos. É um
outro Brooklyn, aquele dos anos 1970, da black music, multiétnico.
O Brooklyn do passado de Augusta, a narradora-protagonista que
nos conduz ao longo de sua história.
Augusta reconhece esse outro Brooklyn porque está de volta ao
bairro, agora adulta, para o velório do pai. Rever o bairro e encon-
trar, por acidente, no metrô, uma das suas amigas mais próximas da
infância leva Augusta a um turbilhão de memórias que compõem
a narrativa. Assim como na vida real, as memórias de Augusta
não são lineares, mas sim flashes de diferentes acontecimentos, de

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diferentes épocas, desde a vida no Tennessee, estado do sul dos


Estados Unidos, onde ela morava quando pequena com a mãe, o
pai e o irmão, até a chegada ao Brooklyn e a vida nova, agora na au-
sência da mãe.
Não é segredo que a mãe de Augusta morreu e por isso a famí-
lia se mudou. Essa informação é fornecida logo no primeiro pará-
grafo do livro, veja:

Durante muito tempo, minha mãe ainda não estava morta. A mi-
nha história poderia ter sido mais trágica. Meu pai poderia ter
se rendido à bebida, à heroína ou a uma amante e deixando
que meu irmão e eu cuidássemos um do outro — ou pior, sob
a tutela da assistência social da cidade de Nova York, onde, de
acordo com meu pai, raramente havia um final feliz. Mas não
foi o que aconteceu. Agora sei que trágico não era o momento.
É a memória. (p. 11)

Porém, como a menina entende essa morte e como convive com


ela é pano de fundo importantíssimo nessa narrativa, que vamos
explorar em “Aprofundamento”, mais adiante. É importante en-
tender que, na ausência da mãe, Augusta torna-se mulher. E esse
processo de crescimento, da infância à adolescência, é central no
livro. Imagine como pode ser difícil para uma menina passar pelas
transformações que a adolescência traz sem uma figura feminina
com quem dividir o que estava acontecendo.
O pai de Augusta percebe isso e apresenta Sonja à garota, uma
espécie de psicóloga de fé islâmica com quem a menina conversa
semanalmente. Sonja foi escolhida, pelo que se pode entender,
através da comunidade a que o pai de Augusta começa a fazer parte,
a Nação do Islã.

SugeStão de Para conhecer mais profundamente o que pregava a organi-


referência zação religiosa e política Nação do Islã, vale conferir a dis-
complementar: sertação de Rafael Filter Santos da Silva, O nacionalismo
preto da Nação do Islã: Entre pretos divinos e negros fragmen-
tados. Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, 2017. Dissertação (Mestrado em História). Disponível
em: <https://lume.ufrgs.br/handle/10183/172381>. Acesso
em: 17 fev. 2021.

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Por mais que Sonja ajudasse Augusta em algumas questões, foi ape-
nas com as amigas que ela realmente conseguiu se integrar àquela
vida. Recém-mudada e sem autorização para sair de casa sem o pai,
a menina ficava vendo, pela janela do apartamento, Sylvia, Angela
e Gigi andando pelas ruas do bairro, e esperava pelo momento
em que ela poderia ser parte dessa pequena organização. E é jus-
tamente quando as meninas se aproximam que Augusta pertence
de fato não só ao bairro, mas a si, à sua história e a seu crescimento.
Cada uma à sua maneira, Augusta, Angela, Sylvia e Gigi enfren-
tam as dificuldades de crescer: os estudos, as expectativas da famí-
lia quanto à vida profissional, os namoros, a gravidez na adolescên-
cia. Mas essa irmandade permite que as meninas entendam juntas
esses processos de tornar-se mulher: o feminicídio, o despertar da
sexualidade e a sexualização de seus corpos recém-saídos da infân-
cia, mas que já chamam a atenção de diferentes pessoas pelo bairro.

De alguma forma, meu irmão e eu crescemos sem mãe, mas


ainda assim quase inteiros. Meu irmão tinha a fé para a qual meu
pai o levou, eu tinha Sylvia, Angela e Gigi, nós quatro comparti-
lhando o peso de crescer Menina no Brooklyn, como se fosse um
fardo que passávamos de mão em mão entre a gente, dizendo: Ei,
me ajuda aqui a carregar. (p. 12)

E tudo isso nos é contado através de reminiscências da narradora,


a qual, no momento em que relembra de tudo, já é uma mulher
adulta. E quem é a Augusta adulta?
De início, sabemos que fazia anos que Augusta não voltava ao
seu bairro da infância e só fez isso porque seu pai estava doente
e, em seguida, faleceu. Um dos motivos para não voltar é sua pes-
quisa: Augusta é uma antropóloga formada numa universidade da
Ivy League (a liga das melhores universidades dos Estados Uni-
dos) e tem como objeto de pesquisa os rituais de morte ao redor do
mundo. E vemos parte dessas pesquisas nas páginas da narrativa,
entrecortando as memórias não lineares que nos são apresentadas
como flashes ou diferentes cenas de um mesmo filme.
O tema da morte também está sutilmente inserido na dedicató-
ria do livro: “Para Bushwick (1970-1990) Em memória”. Bushwick
é um bairro dentro do distrito do Brooklyn, em Nova York. Esse
bairro, assim como todo o distrito do Brooklyn, sofreu um pro-
cesso de gentrificação nos últimos anos e esse processo teria “ma-
tado” o bairro como ele era e o transformado em outra coisa, um
lugar diferente, já não tão diverso e acolhedor para as minorias ét-
nicas da cidade.

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SugeStão de Para entender melhor o processo de gentrificação, dois ma-


referênciaS teriais são interessantes. O primeiro deles é o vídeo Gentri-
complementareS: ficação, você sabe o que é? — Belém-Marajó do canal Terra Ne-
gra no YouTube. Nesse vídeo, os professores de Geografia
Vitor Augusto e João Marcelo explicam o que é gentrifica-
ção e como ela vem acontecendo no Brasil. O ponto de par-
tida da discussão é a região portuária de Belém do Pará, mas
a dupla fornece muitos outros exemplos nacionais e interna-
cionais. O vídeo ainda problematiza as implicações sociais
da gentrificação e por que é importante olhá-la com critici-
dade. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_
o54qvNJUAg>. Acesso em: 17 dez. 2020.
Agora, para o caso específico de Nova York, é interes-
sante ler a transcrição da entrevista que o cineasta estadu-
nidense Spike Lee deu a respeito das mudanças que ocorre-
ram no Brooklyn e como a chegada da classe média branca
mudou a vida dos moradores do distrito. É importante ob-
servar que Lee comenta sobre a “síndrome de Cristóvão
Colombo” presente nas pessoas de classe média alta que,
quando se mudam para um bairro tido como periférico,
acreditam que estão “descobrindo” aquele bairro, quando
na verdade ele sempre existiu e foi habitado, mas as pessoas
que moravam lá antes não eram relevantes para uma parcela
da cidade. Na entrevista, o cineasta ainda relaciona o movi-
mento de gentrificação ao tratamento dado às populações
indígenas no Brasil. Disponível em: <https://rioonwatch.org.
br/?p=10666>. Acesso em: 17 dez. 2020.

Portanto, Um outro Brooklyn é um livro sobre adolescência, ami-


zade, realizações, mas também sobre a morte, o fim e os recomeços
da vida. A morte da mãe de Augusta, o fim do Brooklyn da infân-
cia, a morte do pai anos depois, o fim de alguns sonhos adolescen-
tes, o fim da amizade infantil, mas a força para se almejar novos ob-
jetivos, de ascender socialmente e avançar no autoconhecimento
através dos estudos. Tudo isso, dando destaque para a população
negra, ao empoderar, especialmente, a mulher afrodescendente
como aquela que precisa de muito mais esforço para alcançar seus
objetivos, sejam eles quais forem.

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Essas ideias centrais do livro, apresentadas aqui, dialogam com a


Base Nacional Comum Curricular. Veja:

Nessa mesma direção, é também finalidade do Ensino Médio


o aprimoramento do educando como pessoa humana, consi-
derando sua formação ética e o desenvolvimento da autonomia
intelectual e do pensamento crítico. Tendo em vista a constru-
ção de uma sociedade mais justa, ética, democrática, inclusiva,
sustentável e solidária, a escola que acolhe as juventudes deve
ser um espaço que permita aos estudantes:

-> conhecer-se e lidar melhor com seu corpo, seus sentimentos,


suas emoções e suas relações interpessoais, fazendo-se respei-
tar e respeitando os demais;

-> compreender que a sociedade é formada por pessoas que per-


tencem a grupos étnico-raciais distintos, que possuem cultura e
história próprias, igualmente valiosas, e que em conjunto cons-
troem, na nação brasileira, sua história;

-> promover o diálogo, o entendimento e a solução não violenta


de conflitos, possibilitando a manifestação de opiniões e pon-
tos de vista diferentes, divergentes ou opostos;

-> combater estereótipos, discriminações de qualquer natureza e


violações de direitos de pessoas ou grupos sociais, favorecendo
o convívio com a diferença;

-> valorizar sua participação política e social e a dos outros, res-


peitando as liberdades civis garantidas no Estado democrático
de direito; e

-> construir projetos pessoais e coletivos baseados na liber-


dade, na justiça social, na solidariedade, na cooperação e na
sustentabilidade.
(BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
pp. 466-7.)

Ao lidar com a coletividade (o grupo de amigas, em primeira instân-


cia, e todo o distrito do Brooklyn, de forma mais ampla), a narrativa
nos mostra como as jovens protagonistas lidam com suas emoções,
sentimentos, como constroem suas relações de amizade, de afeto e
familiares, aprendendo a impor seus limites, respeitando assim a si

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mesmas e ao outro, numa luta velada e contínua contra a violência


e o feminicídio. Elas encontram meios de sobreviver diante das ad-
versidades da adolescência e da hostilidade do mundo masculino e
adulto para lidar com jovens mulheres. O ambiente do distrito tam-
bém as leva a conviver com distintos grupos étnico-raciais, e ques-
tões religiosas e pontos de vista políticos são levantados e debatidos.
A Nação do Islã, por exemplo, é uma organização político-religiosa
que toca diretamente o pai e o irmão de Augusta e traz para a nar-
rativa certo tom social, afinal, são citados nomes de grande impor-
tância para a luta por direitos civis e para a participação política da
população marginalizada, como Malcolm X.
Apesar de serem um pequeno grupo, são claros entre as garo-
tas os pontos que as distinguem e individualizam, especialmente
quando seus projetos de vida começam a tomar forma. Cada uma
delas vislumbra um futuro, que nem sempre chega como se sonhou.
Augusta talvez seja aquela que conseguiu chegar mais perto de seus
planos, mas, juntas, as jovens aprendem a lidar com a experiência
fundamental desse momento da vida, com a própria existência em
nossa sociedade, recortada pelo escopo do gênero e da raça. E essa é
uma lição de vida interessantíssima que se pode dar aos estudantes,
para que eles tracem também os seus projetos e percebam as etapas
que devem ser percorridas para alcançá-los, não é?

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Propostas de Toda obra literária tem potencial pedagógico, apesar de sua função
atividades I primeira não ser essa. O trabalho docente de pesquisa e desenvol-
vimento de atividades potencializa a literatura e a instrumentaliza
CompetênCias e para a sala de aula. Esse trabalho pode ser bastante significativo, es-
habilidades pecialmente se adaptado para a realidade de cada turma, em cada
escola. O poder de mudança da literatura é favorecido pela ação do-
cente! Dessa forma, apresentamos uma sugestão de atividade que,
certamente, crescerá muito com a criatividade e a experiência de
cada professor que for aplicá-las.
A atividade é voltada ao componente curricular Língua Portu-
guesa e trabalhará com conceitos próprios do estudo das narrativas,
com o objetivo principal de estimular o estudante a fazer a leitura
integral da obra e refletir sobre sua realidade a partir dessa leitura.
Abaixo, veja as competências e habilidades mobilizadas nessa
atividade:

CompetênCia 1: Compreender o funcionamento das diferentes


linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e
mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discur-
sos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias,
para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as
possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e
para continuar aprendendo.

CompetênCia 3: Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corpo-


rais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protago-
nismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa,
ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o ou-
tro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambien-
tal e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.

CompetênCia 6: Apreciar esteticamente as mais diversas produ-


ções artísticas e culturais, considerando suas características locais,
regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as lingua-
gens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais
individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira crítica e
criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.

CompetênCia 7: Mobilizar práticas de linguagem no universo di-


gital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e
estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se
em práticas autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos cam-
pos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva.

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EM13LGG103: Analisar o funcionamento das linguagens, para in-


terpretar e produzir criticamente discursos em textos de diversas
semioses (visuais, verbais, sonoras, gestuais).

EM13LGG104: Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta


seus funcionamentos, para a compreensão e produção de textos e
discursos em diversos campos de atuação social.

EM13LGG301: Participar de processos de produção individual e co-


laborativa em diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais),
levando em conta suas formas e seus funcionamentos, para produ-
zir sentidos em diferentes contextos.

EM13LGG302: Posicionar-se criticamente diante de diversas visões


de mundo presentes nos discursos em diferentes linguagens, le-
vando em conta seus contextos de produção e de circulação.

EM13LGG601: Apropriar-se do patrimônio artístico de diferentes


tempos e lugares, compreendendo a sua diversidade, bem como os
processos de legitimação das manifestações artísticas na sociedade,
desenvolvendo visão crítica e histórica.

EM13LGG602: Fruir e apreciar esteticamente diversas manifesta-


ções artísticas e culturais, das locais às mundiais, assim como de-
las participar, de modo a aguçar continuamente a sensibilidade, a
imaginação e a criatividade.

EM13LGG603: Expressar-se e atuar em processos de criação auto-


rais individuais e coletivos nas diferentes linguagens artísticas (ar-
tes visuais, audiovisual, dança, música e teatro) e nas intersecções
entre elas, recorrendo a referências estéticas e culturais, conheci-
mentos de naturezas diversas (artísticos, históricos, sociais e polí-
ticos) e experiências individuais e coletivas.

EM13LGG604: Relacionar as práticas artísticas às diferentes di-


mensões da vida social, cultural, política e econômica e identifi-
car o processo de construção histórica dessas práticas.

EM13LGG303: Debater questões polêmicas de relevância social,


analisando diferentes argumentos e opiniões, para formular, nego-
ciar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas.

EM13LGG703: Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramen-


tas digitais em processos de produção coletiva, colaborativa e pro-
jetos autorais em ambientes digitais.

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Pré-leitura Para aquecer, propomos duas pequenas atividades que criarão um


clima de interesse sobre Um outro Brooklyn e podem apoiar na con-
textualização do livro.

1) Roda de conversa sobre o livro: faça um momento de apre-


sentação da obra em uma roda de conversa com o objetivo de
apresentar a obra e contextualizá-la. Pergunte aos estudantes
se eles sabem o que é antropologia, se já viram algum filme ou
leram algum livro que se passe no Brooklyn. Também é interes-
sante chamar a atenção para a autora: quais autoras negras co-
nhecem ou já leram? Esse também é o momento de conversar
sobre conhecimentos prévios dos estudantes sobre o gênero
romance. Procure retomar, com base naquilo que os estudan-
tes não se lembrarem, ainda na roda, conceitos como narrador,
tempo, espaço, personagens. Se for possível, dê a essa aula uma
trilha sonora com uma playlist de música negra dos anos 1970 e
1980. Há uma sugestão de playlist e um debate mais desenvol-
vido sobre o tema na seção “Aprofundamento”.

2) Peça aos estudantes que pesquisem e façam anotações no


caderno, para a próxima aula, sobre o que trata o movimento
slow reading. No Paratexto há também uma seção dedicada a
esse tema, esse pode ser o ponto de partida de cada estudante.
Na aula em que eles trarão a pesquisa, divida a sala em peque-
nos grupos (de, no máximo, quatro estudantes) e peça que
elaborem um pequeno manual passo a passo sobre como ler
sem pressa em uma folha para entregar. Corrija os manuais e
peça que cada grupo produza um cartaz (digitalmente ou com
material reciclado) com os passos do manual. Em seguida, a
classe pode distribuir esses cartazes nos lugares de maior vi-
sibilidade da escola, em outras salas, enfim, lugares onde ou-
tros estudantes também possam entrar em contato com essa
modalidade de leitura.

Pensar atividades para o momento da leitura é fundamental para


que os estudantes deem continuidade ao processo de fruição
literária.

Jacqueline Woodson Um outro Brooklyn 13


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Leitura Separamos aqui três atividades que podem ser interessantes para
manter o interesse dos jovens leitores e para aguçá-los a refletir so-
bre as questões presentes na obra.

1) Crie uma meta de leitura semanal para a turma, um crono-


grama. Os estudantes, se quiserem, podem inclusive criar um
cartaz com o cronograma e fixá-lo na sala. A ideia aqui é que to-
dos se sintam estimulados a ler o livro aos poucos. Inclua em
seu planejamento (e dentro do cronograma da sala) aulas dedi-
cadas ao livro. Essas aulas podem ser de leitura silenciosa ape-
nas, afinal alguns estudantes podem não ter motivação ou am-
biente adequado para a leitura fora da escola; outras podem ser
de debate do trecho lido para o encontro. O mais importante é
que os estudantes percebam que a leitura faz parte de um pro-
jeto contínuo e coletivo.

2) Se possível, organize um momento na escola para exibir (ou


sugira aos estudantes) o filme Se a rua Beale falasse e prepare um
momento para debater o enredo. Discuta com eles se há ques-
tões raciais ligadas ao destino das personagens principais. Traga
o debate sobre o racismo através das dificuldades vivenciadas
pelo casal central extrapolando a questão da época e do lugar:
será que as injustiças que Foony passou no filme são exclusivas
de Nova York nos anos 80? Se houver tempo, apresente o autor
da obra que deu origem ao livro, James Baldwin.

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SugeStão de James Baldwin (1924-87) foi um escritor, poeta e ativista an-


referência tirracista nova-iorquino. Seus livros chamam a atenção para
complementar: as questões de racismo e homofobia nos Estados Unidos e
até hoje são referência tanto por seu estilo único quanto por
seu discurso libertário. O documentário Eu não sou seu ne-
gro (2018) dirigido por Raoul Peck utiliza trechos de um li-
vro que o autor deixou inconcluso sobre a história dos ne-
gros nos Estados Unidos.
Um dos livros de Baldwin que foi traduzido para o por-
tuguês é Se a rua Beale falasse, de 1974. A rua Beale fica na ci-
dade de Memphis, no estado do Tennessee, há mais de mil
quilômetros de Nova York, mas é, para Baldwin, uma rua
central para a história dos negros nos Estados Unidos, por-
que é conhecida como o local onde nasceu o ritmo blues,
que deu origem à música negra como a conhecemos (e como
Augusta e as amigas tanto ouviam em Um outro Brooklyn).
O título no livro nos remete, então, a tudo que essa “rua ori-
ginal” teria a contar se fosse narrar a história dos afro-ameri-
canos: uma história de perseguição injusta e revoltante.
Esse sentimento de Baldwin ainda é bastante sentido não
só nos Estados Unidos, mas no mundo todo, com um recru-
descimento das leis antirracistas e o fortalecimento do mo-
vimento Vidas Negras Importam.

Baldwin é uma das grandes inspirações literárias de Jacqueline


Woodson, autora de Um outro Brooklyn. Será que há alguma simi-
laridade no filme e nas páginas que já foram lidas? Leve também
esse debate para a sala de aula e aproveite para comentar sobre a
meta de leitura desse encontro.

3) Peça aos estudantes que façam um “caderno de leituras”.


Nele, devem anotar as passagens que mais chamaram a aten-
ção durante a leitura, trechos impactantes, reflexões sobre o
que foi lido etc. Esse caderno (que pode também ser uma seção
do caderno de português) pode servir de embasamento para
as discussões sobre as metas de leitura programadas no cro-
nograma. Dessa forma, os estudantes podem trocar impres-
sões e compartilhar pensamentos que tiveram enquanto liam.
No Paratexto essa atividade é indicada aos estudantes e tam-
bém exemplificada. Se achar interessante, peça que observem
como aparece lá.

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Pós-leitura No momento de pós-leitura, vamos verificar quais reflexões a obra


trouxe aos estudantes e incentivá-los a produzir seus próprios
textos. Também é o momento de avaliar o quanto a turma apren-
deu sobre o gênero romance e quais as reflexões que eles fazem
sobre esse gênero na contemporaneidade. Nesse momento de
finalização da leitura, é possível indicar aos estudantes a leitura
do Paratexto que está no final do romance lido. Lá são debatidas
questões técnicas que foram vistas na pré-leitura, contextualiza-
ção e elementos analíticos que podem ser importantes nesse mo-
mento de conclusão.

1) Como forma de apreciação crítica e criativa da leitura, peça


aos estudantes que produzam um mood board digital ou analó-
gico. Com essa atividade de pós-leitura, pretendemos entrelaçar
as linguagens literárias e visuais, pois, através do mood board, as
principais imagens da narrativa podem ser representadas atra-
vés de fotos e ilustrações procuradas na internet ou em revistas
e jornais. Após a finalização do projeto, é possível fazer uma ex-
posição dos trabalhos para que todos troquem impressões so-
bre a leitura e as reflexões que ela traz.

sugestão de Mood boards são painéis imagéticos que podem represen-


referência tar alguma aspiração (imagens de uma cidade para a qual
comPlementar: se pretende viajar para conhecer), inspirações diversas (ima-
gens que representem o estilo que se pretende na moda, um
painel com imagens que representam como se deseja estar ao
se formar na universidade) entre outros exemplos.
Caso se opte por um mood board digital, há plataformas espe-
cíficas para montar pastas de inspiração que funcionam muito
bem para essa atividade. Uma delas é a gratuita Pinterest. Dispo-
nível em: <https://br.pinterest.com>. Acesso em: 17 dez. 2020.
No caso específico do mood board sobre Um outro Brooklyn,
imagens que mostrem o estilo dos anos 1980, o distrito do
Brooklyn, artistas de soul, rituais de diferentes religiões, íco-
nes da luta negra de resistência ao racismo, são exemplos pos-
síveis para ilustrar a atividade.

Jacqueline Woodson Um outro Brooklyn 16


pnld 2021 Material digital do professor

2) A última sugestão de atividade é uma produção de texto inspi-


rada na leitura. Para esse momento, é interessante separar uma
ou duas aulas para que os estudantes “brinquem de Augusta”,
isto é, façam como a narradora-personagem e escrevam suas
memórias de infância. Essas memórias não precisam ser cro-
nológicas (eles podem brincar com o tempo da narrativa, como
é feito em Um outro Brooklyn), mas devem ser fruto de uma re-
flexão interna, contemplando os amigos, as relações familiares,
o bairro onde se cresceu. Treinar a expressão em primeira pes-
soa e rever a própria trajetória pode ser bastante significativo,
especialmente no Ensino Médio, quando os estudantes estão
em pleno desenvolvimento dos projetos de vida, que podem ser
mais bem-sucedidos quando calcados no autoconhecimento —
assim como aconteceu com Augusta.

Jacqueline Woodson Um outro Brooklyn 17


pnld 2021 Material digital do professor

Propostas de Apesar de ser composto em linguagem literária, Um outro Brooklyn


atividades II também abre diálogo para atuação de outras áreas do saber de forma
interdisciplinar para abordar temáticas fundamentais para a cida-
CompetênCias e dania, o protagonismo juvenil e a construção de uma imagem justa
habilidades dos afrodescendentes.
Portanto, em diálogo com a proposta anterior, aqui apresenta-
mos atividades para a área de Ciências Humanas e Sociais Aplica-
das visando uma abordagem sociológica e histórico-cultural da obra.

COMPETÊNCIA 1: Analisar processos políticos, econômicos, so-


ciais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional
e mundial em diferentes tempos, a partir de procedimentos epis-
temológicos e científicos, de modo a compreender e posicionar-
-se criticamente com relação a esses processos e às possíveis rela-
ções entre eles.

COMPETÊNCIA 5: Identificar e combater as diversas formas de


injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos,
democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos
Humanos.

EM13CHS101: Analisar e comparar diferentes fontes e narrativas ex-


pressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão e à crí-
tica de ideias filosóficas e processos e eventos históricos, geográfi-
cos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.

EM13CHS102: Identificar, analisar e discutir as circunstâncias his-


tóricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e
culturais da emergência de matrizes conceituais hegemônicas (et-
nocentrismo, evolução, modernidade etc.), comparando-as a nar-
rativas que contemplem outros agentes e discursos.

EM13CHS502: Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida,


valores, condutas etc., desnaturalizando e problematizando formas
de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e iden-
tificar ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade
e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.

EM13CHS503: Identificar diversas formas de violência (física, sim-


bólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais,
psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais
e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para combatê-las,
com base em argumentos éticos.

Jacqueline Woodson Um outro Brooklyn 18


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Pré-leitura Selecionamos duas atividades de pré-leitura que trarão o debate do


racismo e das dificuldades na produção de um projeto de vida para
próximo dos estudantes através da música brasileira (rap) e do pro-
tagonismo estudantil na criação de cenas teatrais.

1) Se possível, separe um momento para assistir com os alunos


ao documentário AmarElo: É tudo para ontem. Emicida é um ra-
pper muito próximo da cultura jovem e traz um debate bastante
atual para o seu filme. Após a exibição, faça uma roda de con-
versa e questione:

-> Quais das personalidades negras ali apresentadas os estu-


dantes já conheciam?

-> Quais momentos da história do Brasil são familiares?

-> Dentre as personalidades vistas, qual mais chamou a aten-


ção e por quê?

O objetivo desta atividade é despertar o interesse dos alunos


para o estudo histórico-cultural do movimento negro no Brasil
para, em seguida (durante a leitura), olhar para o racismo como
um problema sistêmico que precisa ser combatido a fim de que
haja igualdade de oportunidades entre os jovens.

SugeStão de AmarElo: É tudo para ontem, lançado no final de 2020 em strea-


referência ming, é uma produção do rapper Emicida que tem como pano
comPlementar: de fundo o show de seu disco AmarElo no Theatro Municipal
de São Paulo e o backstage das gravações das músicas para o ál-
bum. Esse show, porém, desencadeia inúmeras reflexões do
artista sobre o papel dos negros na cultura e na arte brasileira.
Passando por diferentes ritmos musicais, diferentes áreas
do saber e artísticos, Emicida procura trazer (e com certa
urgência, afinal, como o título diz, “é tudo pra ontem”) para o
debate alguns nomes fundamentais da nossa história, mas que
são constantemente invisibilizados, como o da ativista política
e professora Lélia Gonzalez, do músico Wilson Simonal e do
Movimento Negro Unificado, pioneiro na luta pelos direitos
dos afrodescendentes no Brasil.

Jacqueline Woodson Um outro Brooklyn 19


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2) Após a tomada de contato com personalidades brasileiras


negras de destaque na cultura, peça aos estudantes que esco-
lham uma dessas pessoas (ou até mesmo da cultura estaduni-
dense) para conhecer mais a fundo e pesquisar sobre ela. Em
casa, eles devem pesquisar sobre a biografia e as principais lu-
tas dessa pessoa para, em aula, representar uma pequena cena
(monólogo) representando a personalidade escolhida. Atente-
-se para que não haja repetição de nomes. Se achar adequado,
oriente para que essa atividade seja realizada em duplas.

Jacqueline Woodson Um outro Brooklyn 20


pnld 2021 Material digital do professor

Leitura Para o momento de leitura da obra, sugerimos que haja um crono-


grama para a realização das leituras em casa (essa orientação está
na “Atividade 1”, vale a pena conferir). Em seguida, incluímos aqui
três ações que podem ser feitas com os estudantes para motivá-
-los a ler a obra até o final e refletir sobre as questões sociais que
ela apresenta.

1) Um outro Brooklyn é recheado de referências a músicos e ati-


vistas negros (Malcom X, Tavares, Al Green, Stevie Wonder etc).
Para unir esses nomes àqueles apontados no documentário da ati-
vidade de pré-leitura, peça aos alunos que montem um grande
mural a ser preenchido ao longo da leitura com fotos e uma pe-
quena biografia das personalidades negras brasileiras e estaduni-
denses. A ideia aqui é ressaltar a relevância da cultura afrodescen-
dente na formação do Brasil e dos Estados Unidos.

2) Converse com os estudantes sobre a dedicatória da obra


(“Para Bushwick (1970-80) Em memória”). O que será que ela
significa? Para começar a investigação, aconselhe os alunos a ler,
no Paratexto, o trecho que trata da dedicatória. Lá aparecerá o
conceito de gentrificação. Peça aos estudantes que pesquisem
mais aprofundadamente sobre o tema e preparem um pequeno
texto (que deve ser entregue ao docente) associando o conceito
de gentrificação ao racismo. Se possível, peça exemplos da re-
gião em que a escola está.

3) Com base nas pesquisas realizadas até aqui e com o anda-


mento da leitura em ação, crie momentos de compartilhamento
da experiência de leitura. Procure estimular os estudantes a per-
ceber os assédios e as violências que as protagonistas sofrem.
Será que esse tipo de comportamento ainda existe? Será que
está presente em nossa comunidade? O objetivo dessa conversa
(que pode acontecer várias vezes ao longo do processo de lei-
tura) é estimular a reflexão e aplicar na vida prática essas refle-
xões proporcionadas pela ficção.

Jacqueline Woodson Um outro Brooklyn 21


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Pós-leitura Nas atividades de pós-leitura, pode ser interessante incentivar o


aluno a produzir conteúdo crítico sobre o tema da leitura, emba-
sado nas pesquisas e debates que aconteceram até este momento.

1) Pensando na circulação rápida de informação na internet,


convide a turma a abrir uma conta em alguma rede social para,
através dela, produzir conteúdo sobre a leitura e as reflexões
oriundas dela. A turma pode ser dividida num cronograma de
produção de conteúdo (para que todos tenham a oportunidade
de postar algo) e predefinir quem será o responsável por qual
conteúdo. Fotografar o mural, reencenar o monólogo, postar
fotos de uma personalidade relevante de cada vez com legen-
das que expliquem a sua relevância, criar pequenos vídeos-re-
senhas sobre a leitura são algumas sugestões do que pode apa-
recer na rede.

2) Agora, com a intenção de estimular também a produção de


textos mais formais, prepare uma proposta de redação argumen-
tativa em que os estudantes precisam contextualizar a leitura,
opinar sobre ela e refletir sobre a importância de se ler autoras
negras nos dias de hoje. Leve em conta a reportagem “Escrito-
res negros buscam espaço em mercado dominado por brancos”
da revista Carta Capital. Disponível em: <https://www.carta-
capital.com.br/cultura/escritores-negros-buscam-espaco-em-
-mercado-dominado-por-brancos>. Acesso em: 17 dez. 2020.

Jacqueline Woodson Um outro Brooklyn 22


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Aprofundamento No primeiro contato com Um outro Brooklyn, algumas caracterís-


ticas da obra são facilmente perceptíveis: a narração memorialís-
tica em primeira pessoa, a não linearidade desse relato autobio-
gráfico e a importância do contraste de percepção de mundo que
há entre a Augusta adolescente e a Augusta adulta, pesquisadora
e já com plena compreensão dos fatos que compõem seu passado.
Dessa forma, é importante que algumas convenções literárias se-
jam pontuadas, a começar pelo gênero a que essa obra subscreve.

Convenções Um outro Brooklyn é um romance curto narrado em primeira pes-


literárias soa, dividido em dezesseis capítulos nos quais são mostradas pas-
presentes sagens da vida da narradora em diálogo com sua pesquisa antropo-
na obra lógica sobre rituais funerários. Ao conhecer um pouco mais sobre
a vida da autora, é possível reconhecer muitos aspectos de sua bio-
grafia no enredo do romance; esse fenômeno é bastante contempo-
râneo e flerta com o gênero autoficção, termo cunhado pelo fran-
cês Serge Dubrovsky. Diferente da autobiografia, a autoficção não
se compromete com a realidade, mas cria um diálogo entre ficção
e biografia, sem compromisso com uma ou com outra.

sugestão de Para conhecer mais sobre esse gênero literário tão típico dos
referênCia anos 2000, confira o artigo acadêmico de Anna Faedrich
Complementar: publicado na revista Criação e Crítica da Universidade de
São Paulo. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/cria-
caoecritica/article/view/120842>. Acesso em: 17 dez. 2020.

Ainda sobre esse assunto, há em vídeo uma conversa entre o


escritor Michel Laub e o jornalista e crítico literário Manuel
da Costa Pinto no programa Café Filosófico cpfl. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=91JHBpDsTO4>.
Acesso em: 17 dez. 2020.

Para além da construção geral da voz do romance, há também que


se dedicar ao estudo do enredo não linear. Por se tratar de uma nar-
rativa que é baseada na construção mental de um relato memoria-
lístico por parte da narradora, a linearidade é constantemente en-
trecortada. O primeiro apontamento a que devemos nos atentar é:
qual é o tempo presente da narrativa? Há mais de uma resposta aqui,
uma vez que o presente pode ser aquele em que Augusta ainda é
adolescente e quando a maior parte dos acontecimentos que levam
a narrativa adiante acontece; mas também pode ser o momento mais

Jacqueline Woodson Um outro Brooklyn 23


pnld 2021 Material digital do professor

próximo daquele em que o leitor se encontra, ou seja, quando Au-


gusta adulta volta ao bairro natal.
Apenas por essa falta de clareza na definição analítica do tempo
pode-se notar a engenhosidade que há na construção de narrati-
vas que se passam em tempos diferentes, mas que possuem uma
mesma protagonista.
Além dessas duas possibilidades de presente mencionadas, há
um passado mais distante que também aparece interrompendo
momentos de linearidade: a época em que a família vivia no Ten-
nessee e a mãe de Augusta ainda estava viva. Nesse momento, ex-
clusivamente, estão vinculados dois personagens: a mãe e Clyde,
o tio de Augusta.
Escolher iniciar a narrativa in medias res (ou seja, “pelo meio das
coisas”, como se costuma dizer) também é um convite à não linea-
ridade, afinal, Woodson prefere iniciar a narrativa com Augusta
adulta em vez de narrar a vida da personagem desde seu início (ou
ab ovo). Esses dois conceitos foram explorados no Paratexto, pre-
sente ao final da edição que você recebeu de Um outro Brooklyn e
também é tema de uma de nossas atividades.

SugeStão de Para se aprofundar no estudo do tempo nas narrativas fic-


referência cionais, vale a pena conhecer o livro O tempo na narrativa
complementar: de Benedito Nunes, publicado em 2013 pela editora Loyola.
Nele, o professor Nunes divide o tema do estudo do tempo
em sete capítulos, além de um pequeno glossário de ter-
mos técnicos (ou “vocabulário crítico”, como ele chama) e
uma sessão de referências comentadas (como a que apre-
sentamos ao final deste manual). Ao estudar essa impor-
tante etapa da elaboração e da análise literária, parte da teo-
ria de que tanto a música quanto a literatura são duas artes
em que o tempo é fundamental para a criação artística, mas
também é nelas que o tempo pode ser fatiado de diferen-
tes maneiras, de acordo com os objetivos estéticos do ar-
tista. Interessante, não?

Jacqueline Woodson Um outro Brooklyn 24


pnld 2021 Material digital do professor

articulação da obra A ambientação de Um outro Brooklyn dialoga diretamente com a


com produçõeS de cultura negra dos anos 1970 e 1980. As citações de músicas da
outroS gêneroS época estão presentes ao longo de todo o livro e são a expres-
são da cultura black mais evidente em toda a narrativa. Augusta e
suas amigas frequentam os bailes do bairro com seus namorados
e é inclusive nesse ambiente que as meninas começam a explo-
rar a sensualidade que ainda lhes é desconhecida. Em outros mo-
mentos, a música será um lugar de consolo, de fuga. Mas as can-
ções são especiais para as jovens sobretudo porque elas se veem
representadas naqueles artistas e naquele movimento. Confira o
trecho a seguir:

Naquele ano, todas as canções faziam referência a algo da


nossa história. Amontoávamo-nos ao redor do radinho no
quarto de Sylvia e ouvíamos. Quando a mãe de Gigi não es-
tava em casa, íamos para lá depois da aula, esperávamos en-
quanto Gigi abrira a porta com a chave que usava pendurada
no pescoço. Não havia sofá na quitinete, então nos sentáva-
mos no chão ao redor de seu toca-discos Close’N Play — o vo-
lume baixo. Inclináva-mos para ouvir enquanto Al Green nos
pedia para deitarmos nossa cabeça no travesseiro e Tavares fa-
lava para lembrarmos do que havia dito para esquecer. E Min-
nie Riperton e Sylvia atingiam notas tão altas e longas que o
mundo parecia estar no fim. (p. 52)

Havia, na música e na cultura black dessa época, uma possibili-


dade de representação que é fundamental para as personagens da
narrativa. E é interessante perceber como a autora constrói a obra
com uma relação direta com a linguagem cinematográfica. Além da
questão da narrativa entrecortada por flashbacks (recurso cinema-
tográfico explorado no Paratexto), há ainda a trilha sonora.

SugeStão de A editora Todavia preparou uma playlist inspirada nas músi-


referência cas mencionadas ou da época da narrativa. Você pode acessar
complementar: essa playlist gratuitamente pelo canal de streaming que achar
mais adequado. É só procurar pelo nome do livro.

Jacqueline Woodson Um outro Brooklyn 25


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A escritA literáriA A narrativa de Augusta, como vimos nas atividades propostas no


A pArtir dA leiturA manual, é bastante inspiradora para que exploremos a nossa pró-
pria história. A investigação da história pessoal traz benefícios tanto
para o autoconhecimento, quanto para a aprimoração das técnicas
de escrita. Nas atividades didáticas e no Paratexto, foram feitas pro-
postas que envolvessem a produção discente, mas ela não é a única
produção importante no ambiente escolar.
A prática da escrita na vida docente é bastante comum: registra-
mos diários, práticas, fazemos anotações no material dos estudan-
tes, enviamos comunicados… Mas, como bem sabemos, a prática
da fabulação, isso é, da criação de narrativas, é um excelente exer-
cício imaginativo e de aprimoramento das técnicas que são cons-
tantemente ensinadas em sala de aula.
Tudo isso posto, queremos incentivá-lo a incluir entre suas ati-
vidades de lazer e aprimoramento profissional e pessoal, uma ati-
vidade de escrita similar àquela a que somos apresentados em Um
outro Brooklyn. Uma atividade ativa de lembrança e registro do seu
passado, da sua história pessoal. Seja num caderno especial para
isso, num arquivo no computador ou mesmo em sua agenda pes-
soal, dedique-se a aprimorar também as suas capacidades de escri-
tor e permita-se sentir a inspiração a partir do livro lido.

Jacqueline Woodson Um outro Brooklyn 26


pnld 2021 Material digital do professor

A importânciA dA Um livro nunca é apenas um livro, uma narrativa. Não é incomum a


fruição dA leiturA analogia que diz que livros são janelas e espelhos, ao mesmo tempo.
literáriA São janelas porque nos abrem o olhar para além dos nossos limi-
tes. São eles que abrem outros mundos, nos levam em viagem para
outros lugares, outros tempos, outras culturas. Ao mesmo tempo
que perfuram as paredes, os livros são espelhos, afinal, ler é tam-
bém uma expressão de autocuidado e autoconhecimento. Ao ler,
além de aprender mais sobre o outro, aprendemos mais sobre nós
mesmos, modificamos nosso olhar sobre a realidade dada diante
dos nossos olhos.
A literatura nos permite, através da fruição e do prazer de ler,
sentir as dores das experiências de outras pessoas, mesmo que elas
sejam diferentes de nós. Portanto, ao indicarmos um livro a nos-
sos estudantes, indicamos também um recurso importante para o
desenvolvimento das habilidades emocionais desses jovens, tanto
no olhar para si (autoconhecimento e respeito), como no olhar para
o outro (empatia).

SugeStão de Não são poucas as produções cinematográficas que tratam do


referênciA poder da leitura na transformação da vida das pessoas. Um
complementAr: filme talvez não muito conhecido, mas muito interessante
e inspirador sobre esse assunto, é Mãos talentosas: A histó-
ria de Ben Carson (dirigido por Thomas Carter, lançado em
2009), que narra a vida de Ben Carson, neurocirurgião pediá-
trico do hospital John Hopkins, nos Estados Unidos, desde
a sua infância até seu sucesso na profissão. Quando jovem,
Carson não apresentava um bom desempenho escolar, en-
tão sua mãe, ao descobrir a biblioteca do patrão, incentiva o
filho a ler diariamente. O filme é baseado na verdadeira his-
tória de Ben Carson.

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pnld 2021 Material digital do professor

Bibliografia BALDWIN, James. Se a rua Beale falasse. Trad. de Jorio Dauster.


comentada São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
Nesse romance, adaptado para o cinema por Berry Jenkins,
acompanhamos a batalha da jovem Tish, que quer tirar seu
noivo, Foony, da prisão, onde ele está por ter sido acusado
sem provas de um estupro. A narrativa tem como pano de
fundo a Nova York dos anos 1970.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum


Curricular: Ensino Médio. Brasília, 2018.
Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
images/historico/BNCC_EnsinoMedio_embaixa_site_110518.
pdf>. Acesso em: 17 fev. 2021. A BNCC do Ensino Médio foi
usada na elaboração das atividades com o objetivo de trazer
aos estudantes e professores ferramentas para desenvolver
habilidades e competências previstas no documento.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Trad. de Heci Regina


Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016.
O volume reúne diferentes ensaios da ativista política, filósofa
e professora americana, que possuem como eixo temático a
questão racial e de classe ligada à vida das mulheres. Davis
explora o passado escravocrata do país para compreender
o racismo contemporâneo e como ele oprime as mulheres
desde o início da história dos Estados Unidos.

EVARISTO, Conceição. Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2016.


Conceição Evaristo é uma das grandes autoras afro-brasileiras
da contemporaneidade. Esse livro de contos coloca mulheres
negras de diferentes extratos sociais como protagonistas
de histórias ora emocionantes, ora violentas. A narrativa de
Evaristo, ligeira e precisa, passa a crueza da realidade, ao
mesmo tempo que narra com ternura a história de mulheres
silenciadas há anos.

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano.


Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
Ainda não muito lida no Brasil, Gonzalez é uma das
grandes pensadoras nacionais que discorre, especialmente,
sobre o papel da mulher negra na sociedade brasileira e
latino-americana como um todo. Este volume reúne
diversos textos da autora.

Jacqueline Woodson Um outro Brooklyn 28


pnld 2021 Material digital do professor

MORRISON, Toni. Jazz. Trad. de José Rubens Siqueira.


São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
Romance que se passa na primeira metade do século XX, no
bairro do Harlem, em Nova York, narra as injustiças que
sofrem as mulheres negras e apresenta como pano de fundo
o crescimento da música negra, em especial o jazz e o blues.

NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. São Paulo: Loyola, 2013.


Obra fundamental para o estudo da narrativa através da
construção do tempo, esse livro do professor de literatura
Benedito Nunes joga luz teórica nas escolhas feitas por
Woodson em Um outro Brooklyn.

PETIT, Michèle. Os jovens e a leitura. Trad. de Celina Olga


de Souza. São Paulo: Ed. 34, 2009.
Michèle Petit é uma das grandes especialistas do
mundo no estudo sobre a difusão da literatura no
ambiente escolar. Boa parte de sua obra já foi traduzida
no Brasil (Ed. 34), mas o que nos leva a escolha desse
título é o debate que a autora traz sobre as múltiplas
dimensões envolvidas na experiência da leitura.

REIS, Maria Firmina dos. Úrsula. São Paulo: Penguin Classics


Companhia das Letras, 2018.
Apesar de considerado o primeiro romance escrito por
uma mulher negra da história do Brasil, ainda são poucos
os leitores do romance Úrsula, de 1859. Filiado à estética
romântica, o livro traz reflexões sobre a sociedade brasileira
através da relação entre os protagonistas Tancredo e Úrsula.

ROBERT, Marthe. Romance das origens, origens do romance.


São Paulo: Cosac Naify, 2007.
Marthe Robert, teórica francesa, apresenta questões
ligadas à construção do gênero romance, suas
origens e transformações ao longo dos séculos. Essa
leitura pode apoiar o estudo do gênero com um olhar
contemporâneo que Um outro Brooklyn pede.

VIEIRA JUNIOR, Itamar. Torto arado. São Paulo: Todavia, 2019.


Vencedor do Jabuti de 2020, esse romance de Itamar
Vieira Junior retrata as relações profundas que o Brasil
ainda tem com seu passado escravocrata. Em diálogo
com Um outro Brooklyn, o livro de Vieira Junior lança

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mão de protagonistas mulheres negras e a relação íntima


que existe entre elas como forma de sobrevivência.

WOOD, James. Como funciona a ficção. Trad. de Denise Bottman.


São Paulo: Sesi, 2017.
O professor de crítica da Universidade de Harvard trata, de
forma inteligente e acessível, dos principais elementos para
a constituição de uma obra de ficção. Aconselhado tanto
para estudantes de literatura como para pesquisadores e
escritores, esse é um manual útil para a análise do romance
contemporâneo.

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