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JEFFERSON RODRIGUES DOS SANTOS

SINDICATO LABORAL: A DECADÊNCIA DO ESPAÇO DO TRABALHADOR E A


SUA RECONSTRUÇÃO PELO PLURALISMO SINDICAL

Projeto de pesquisa apresentado ao


Curso de Mestrado em Filosofia da
Universidade Federal do Ceará – UFC.

Fortaleza – CE.
2010
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SUMÁRIO

1. Introdução

1.1. Problematização

1.2. Justificativa

2. Objetivos

2.1 Gerais

2.2 Específicos

3. Metodologia

4. Cronograma

5. Referências bibliográficas
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1. INTRODUÇÃO

Como se sabe, o sindicato é uma espécie de associação que congrega pessoas


que têm objetivos comuns relacionados às suas atividades profissionais, constituindo um
espaço público da aparência.

Analisar o sindicato laboral no Brasil sob a perspectiva do espaço público na


concepção de Hannah Arendt, e, tentar compreender a decadência desse espaço em
decorrência do modelo sindical vigente no nosso país, é esse o desafio proposto nessa
pesquisa.

Será que o modelo de sindicato laboral vigente no Brasil, tem se constituído


num verdadeiro espaço democrático para o trabalhador, ou ao revés, tem se revelado
numa forma disfarçada de tirania, na qual os representantes dos trabalhadores se investem
no poder de direção sindical e ali tentam se perpetuar, contrariando os interesses dos
próprios trabalhadores quanto ao destino da categoria profissional ?

Essa analise do sindicato laboral permitirá compreender os principais motivos


pelos quais a estrutura sindical no Brasil é antidemocrática, o que gera um paradoxo, qual,
a existência de instituições não completamente democráticas (sindicatos) dentro de uma
República que se diz democrática (Brasil).

A priori, partimos da compreensão de que o sindicato laboral trata-se de um


espaço público da aparência do trabalhador, e que tal espaço deve ser reconstruído pelo
pluralismo sindical, em contraposição ao sistema atualmente vigente no Brasil, que é o
sistema da unicidade sindical.

Vale lembrar que esse sistema atual de organização do sindicato no nosso país
- a unicidade sindical - , é uma cópia idêntica do modelo adotado na época do fascismo
italiano de Benito Mussolini.
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E talvez, seja esse o principal motivo pelo qual o sindicalismo no Brasil, na


sua dimensão laboral, seja tão antidemocrático e marcado por violência e tirania de seus
representantes, o que vale a pena ser pesquisado.

Buscar, então, novos espaços para atuação do trabalhador, para que ele saia do
ISOLAMENTO, requer a construção de uma nova estrutura do sindicato laboral, ao que
se indica nessa pesquisa, a partir da pluralidade sindical, a (re)construção desse espaço do
trabalhador, onde ele passará a debater os seus interesses com maior liberdade, revelando
assim a sua identidade, o “QUEM” ele é, e não o que ele é.

E é exatamente nesse ponto que vem a luz das idéias de Hannah Arendt
(1951, p. 527) quando ensina que o isolamento consiste num “(...) impasse no qual os
homens se vêem quando a esfera política de suas vidas, onde agem em conjunto na
realização de um interesse comum, é destruída (...) o homem, como HOMO FABER
tende a isolar-se com o seu trabalho, isto é, a deixar temporariamente o terreno da política
(...).”

Parece ser essa a situação atual dos trabalhadores brasileiros, não dispõem de
um espaço público autônomo para exercerem a ação e o discurso, para aparecerem “qua”
homens, porque um de seus principais espaços de aparência (o sindicato laboral) encontra-
se destruído politicamente, por não contar com a verdadeira pluralidade sindical, isto é, por
não existir a verdadeira liberdade sindical.

1.1. PROBLEMATIZAÇÃO

A unicidade sindical adotada pelo Brasil como forma de organização sindical


revela a decadência do espaço dos trabalhadores, por quê ?

Como poderemos construir ou reconstruir o espaço público de aparência dos


trabalhadores a partir do sindicato laboral ?

O pluralismo sindical é possível como instrumento apto à reconstrução do


espaço autônomo dos trabalhadores ?
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Como concretizar a construção do espaço autônomo dos trabalhadores a partir


do pluralismo sindical ?

1.2. JUSTIFICATIVA

A organização sindical brasileira, tem fortes características não democráticas, o


que pode ser observado pela adoção do sistema da unicidade sindical, ou seja, da
imposição constitucional de um único sindicato para representar dada categoria
profissional em um limite territorial.

Essa unicidade sindical não se coaduna com a liberdade dos trabalhadores em


sua organização autônoma, nem com o regime democrático brasileiro, trazendo prejuízos
aos trabalhadores que sofrem a limitação de seu espaço da aparência.

Esse espaço dos trabalhadores pode ser reconstruído a partir da mudança de


paradigma do modelo sindical, saindo da unicidade sindical para o pluralismo sindical.

Com essa mudança de paradigma do sistema de organização sindical,


possibilitará a revelação dos trabalhadores em um verdadeiro espaço democrático, onde se
manifestará a sua pluralidade, e portanto, sua verdadeira liberdade.

Essa pesquisa tem essa justificativa, buscar a reconstrução de um verdadeiro


espaço público da aparência dos trabalhadores, promover o estudo da mudança
paradigmática do modelo sindical brasileiro, através da análise da pluralidade sindical.

2. OBJETIVOS

2.1 Gerais
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Analisar o sindicato laboral no Brasil, enquanto espaço público autônomo


do trabalhadores, verificando os eventuais motivos da decadência do espaço do
trabalhador e sua reconstrução a partir do pluralismo sindical.

2.2 Específicos

▪ Compreender a decadência do espaço público do trabalhador à partir da


implantação do sistema de sindicato único no Brasil;
▪ Observar e identificar os entraves causados pela unicidade sindical à liberdade dos
trabalhadores;
▪ Comparar as práticas do sistema de organização sindical em relação aos modelos
de unicidade sindical e pluralismo sindical;
▪ Buscar alternativas para reconstrução do espaço do trabalhador, retirando-lhe do
isolamento a partir do pluralismo sindical.

3. METODOLOGIA

Inicialmente a pesquisa buscará fazer um apanhado histórico sobre os motivos


que levaram ao Governo brasileiro à adotar o sistema de sindicato único copiando o
modelo do fascismo italiano.

Depois dessa analise dos pressupostos históricos do atual modelo de


sindicato adotado no Brasil, a pesquisa fará um retrato do que é o sindicato laboral hoje,
utilizando para isso, reportagens e documentários científicos ou jornalísticos a respeito do
assunto e questionários perante as autoridades envolvidas no assunto.

Deverá ser realizada a partir da pesquisa bibliográfica, em livros, jornais,


artigos, filmes, leis e outras fontes do gênero, objetivando colher dados que identifiquem a
diferença entre os modelos de organização sindical, entre os países que adotam o sistema
de unicidade sindical e os que adotam a pluralidade sindical.
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A pesquisa também fará questionários junto aos trabalhadores filiados à


sindicatos, dirigentes sindicais e empregados de sindicatos, com o objetivo identificar o
que eles propõem como alternativa de criação de espaço público para o trabalhador.

A pesquisa de campo estará focada também a aproximação do pesquisador ao


objeto estudado, que para tanto fazermos uso de técnicas de observação, acompanhando se
os trabalhadores são livres em seus sindicatos e se consideram o sindicato como
satisfatório ou não aos seus interesses, fazendo estatísticas sobre isso.

4. CRONOGRAMA

ATIVIDADES MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS

01- 04-05 06-07 08-09 10-11 12-13 14-15 16-17 18-19 20-21 22-24
02-03
Pesquisa X
bibliográfica
Pesquisa X
documental e
estatística
Diferenciação X
dos modelos
sindicais
Qualificação X
Relatório X
parcial
Definição dos X
entrevistados
Construção X
do roteiro de
entrevistas
semi-
estruturada
Aplicação das X
entrevistas
Análise dos X
dados
Relatório X
final
Defesa da X
dissertação

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ARENDT, Hannah. A Dignidade da Política. Rio de Janeiro, Relumé-Dumará, 1993.

__________. Hannah. Sobre a violência. Tradução André Duarte. RJ: Relume – Dumará,
1994.

__________. Hannah. A condição Humana. Tradução de Roberto Raposo, posfácio de


Celso Lafer – 10ª Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

DUARTE, A. Hannah Arendt e a modernidade: esquecimento e redescoberta da política.


Transformação, v. 24, p. 249-272, 2000a.

______. O pensamento à sombra da ruptura: política e filosofia em Hannah Arendt. Rio


de Janeiro: Paz e Terra, 2000b.

______. Hannah Arendt entre Heidegger e Benjamin: a crítica da tradição ea recuperação a


origem da política. In: MORAES, E. J. de; BIGNOTTO, N. (Org.). Hannah Arendt:
diálogos, reflexões, memórias. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2001.

______. Hannah Arendt e a modernidade: esquecimento e redescoberta da política. In:


CORREIA, A. (Org.). Transpondo o abismo: Hannah Arendt entre a filosofia e a política.
Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2002.

HELLER, A.; FEHÉR, F. A condição política pós-moderna. Rio de Janeiro: Civilização


Brasileira, 1998.

LAFER, C. Hannah Arendt: pensamento, persuasão e poder. Rio de Janeiro: Paz e


Terra, 1979.

LEFORT, C. Pensando o político: ensaios sobre democracia, revolução e liberdade. Rio


de Janeiro: Paz e Terra, 1991.

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