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APLICAÇÕES DE RADIOISÓTOPOS DE ELEMENTOS DO GRUPO 3 DA TABELA

PERIÓDICA

David Batista Oliveira Alves


David0.uefs@gmail.com
Orientador: Prof. Marcos Melo
Universidade Estadual de Feira de Santana
2021 mai-jun

RESUMO
Os elementos do grupo 3 da tabela periódica, escândio, ítrio, lantânio e actínio são
chamados de elementos de transição ou metais de transição; estes representam o
bloco d. A IUPAC define como “Elementos que cujos átomos possuem subnível d
incompleto ou que possa vir a formas cátions com subnível d incompleto”.
São elementos raros e possuem suas principais aplicações em ligas metálicas ou em
uso aeroespacial por geralmente terem pontos de fusão elevados. No entanto seus
isótopos radioativos, em especial os do grupo 3, possui outras aplicações como
petrolíferas ou farmacológicas, por serem boas fontes de radiação beta além de
possuírem uma meia-vida relativamente curta.
PALAVRAS-CHAVE: Grupo 3 – Tabela periódica – radioativos – aplicações

ABSTRACT
The elements of group 3 of the periodic table, scandium, yttrium, lanthanum and
actinium are called transition elements or transition metals; these represent the d-
block. The IUPAC defines it as “Elements whose atoms have incomplete sublevel d or
which can form cations with incomplete sublevel d”.
They are rare elements and have their main applications in metallic alloys or in
aerospace use because they generally have high melting points. However, its
radioactive isotopes, especially those of group 3, have other applications such as oil or
pharmacology, as they are good sources of beta radiation, in addition to having a
relatively short half-life.
DESCRIPTORS: Group 3 – periodic table – radioactive – applications
INTRODUÇÃO
Os elementos do grupo 3, por serem altamente reativos e, embora abundantes
em alguns casos, difíceis de extrair o que os torna escassos, não são encontrados
puros na natureza, mas, geralmente, na forma de óxidos. Estes óxidos são sempre
muitos estáveis e se tornam quase sempre difíceis de reduzir para obtenção dos
metais puros, sendo quase sempre chamados de “terras” e no caso dos metais de
transição, “terras raras” devido a baixa quantidade de reservas naturais como a
dificuldade de extração já dita.
A obtenção destes elementos se dá quase sempre em reações de troca, onde
se obtém os metais puros. Estes metais, especialmente os do grupo 3 da tabela
periódica, são prateados, dúcteis e maleáveis e possuem suas aplicações tanto na
forma metálicas em ligas, por exemplo, como em óxidos para produção de vidros,
LEDs e luz. No entanto, seus radioisótopos possuem certas aplicabilidades a parte
que se destacam dos isótopos estáveis.
Apesar de possuírem uma meia vida muito curta, é possível se aproveitar disso
para usos específicos de cada um deles, sendo possível utilizar na indústria
petroquímica, chegando à farmacologia e medicina nuclear.
Escândio (Sc)
Quando Mendeleev estava criando estava criando sua tabela periódica
percebeu a existência de uma lacuna em peso entre os elementos cálcio e titânio.
Mendeleev previu a existência de um elemento não conhecido até então cujo peso
atômico seria intermediário ao cálcio e titânio e que seu óxido seria X2O3.
O escânio foi descoberto em 1879 por Lars Nilson que o extraiu a partir da
euxenita, um mineral muito complexo que contém oito diferentes óxidos.
Após extrair os óxidos desejados notou a existência de um óxido mais leve cuja
análise de espectro atômico mostrou ser um metal ainda não conhecido. Seu óxido
seguia o padrão previsto por Mendeleev e sua massa era intermediária com os
elementos cálcio e titânio. No entanto, apenas 60 anos depois, na Escandinávia, o
metal foi produzido através da eletrólise de cloreto de escândio, que recebeu esse
nome em homenagem ao local em que foi produzido.
Por ser raro e altamente reativo, não existem aplicações substanciais do
escândio na indústria, mas um dos seus 9 isótopos radioativos, o escândio – 46, pode
ser utilizado no craqueamento do petróleo. Este craqueamento nada mais é que um
termo derivado do inglês “cracking”, que quer dizer “quebrando” ou “fracionando”. O
escândio – 46 age como um marcador em refinarias para controlar as fracções do
petróleo e seus movimentos facilitando o fracionamento das partes. Além disso,
também pode ser utilizado para detecção de escapes de petróleo subterrâneo
justamente pela sua função de marcador.

ÍTRIO (Y)
Descoberto por acaso por Karl Arrhenius na Finlândia em 1787, que acreditava
ter encontrado outro mineral de tungstênio em uma pedreira, o ítrio foi chamado de
“terra”, por ter um óxido que não se reduzia com o aquecimento com carvão vegetal,
sendo somente isolado em 1828 por Friedrich Whöler após reagir cloreto de ítrio com
potássio. Atualmente é obtido com a redução do fosfato de ítrio (YPO 4), que é obtido
no mineral xenótimo na China e Malásia.
O ítrio é o é 28º elemento mais abundante da crosta terrestre e possui diversas
aplicações, como geração de ligas metálicas com cromo e alumínio; criação de lasers
e luz branca em LEDs, também utilizado na geração de cor vermelha em antigas
televisões de tubo; e na forma de Y3Fe5O12 (garnet), serve como filtro de radiação de
microondas.
Um de seus isótopos, o Ítrio – 90, possui aplicação farmacológica sendo
utilizado no tratamento de câncer, como os hepáticos.

As microesferas são marcadas com itrio-90 (90Y), isótopo emissor de


radiação beta com meia vida física de 64,2 horas, energias média e máxima
de 0,94 e 2,26 MeV respectivamente, penetração média e máxima nos
tecidos moles de 4 e 11 mm respectivamente, com um alcance médio de
2,5 mm. Devido às características físicas de alcance da partícula β do 90Y,
ocorrem altas doses de radiação localmente onde as microesferas foram
seletivamente implantadas. (ITAIYA, Y; pg 1; 2018)
Microesferas são marcadas com ítrio-90 e são inseridas estrategicamente nos locais com o
tumor. Por ser uma fonte de radiação β, que possui média penetração, assim como uma meia
vida de aproximadamente 64,5 horas, o local onde o ítrio-90 foi inserido recebe uma alta dose
de radiação sem grande perigo para tecidos vizinhos. Este tratamento é chamado de
radioembolização ou radioterapia interna seletiva (SIRT). O ítrio-90 utilizado na medicina
nuclear com o nome de “hidroxiapatita”.

LANTÂNIO
O Lantânio foi descoberto em 1839 com Carl Gustav e também se trata de uma “terra”,
ou seja, um óxido não redutível por queima. Foi obtido na forma simples em 1923, através da
redução do fluoreto de lantânio (LaF3) com cálcio metálico.
O nome vem da palavra grega lanthanein, que significa “se esconder”. Isto
porque Mosander extraiu uma nova “terra” (óxido) do nitrato de cério
impuro – Ce (NO3)3 – e identificou o novo elemento. Como resultado dessa
extração, obteve-se óxido de lantânio – La2O3. (FABRÍCIA, P; pg 40; 2005)
Atualmente o Lantânio é extraído principalmente da bastnaesita, que pode ter até 38%
de carbonato de lantânio (LaCO3).
É um metal prateado, dúctil e pirofórico, ou seja, em contato com o ar, entra em
ignição, por isso uma das aplicações do lantânio está na fabricação de pedras de ignição e em
isqueiros para geração de faíscas. Também é utilizado na fabricação de vidros especiais,
principalmente para telescópios.
Seu isótopo radioativo que também é encontrado naturalmente, o Lantânio-138 pode
ser utilizado como um traçador radioativo para petróleo e seus sais podem ser utilizados como
catalisadores de fracionamento de petróleo, sem necessariamente utilizar pirolise.

ACTÍNIO
Encontrado apenas em traços em minério de urânio, o actínio foi descoberto em 1899,
na França por André Debierne. Ele foi encontrado em vestígios na pitchblend, um mineral de
urânio.
Justamente por ser raríssimo não possui uma utilização em grande escala. Sua
principal aplicação é como fonte de partículas alfa, pois seu isótopo actínio - 225 é radioativo.
No entanto, um uso experimental desde isótopo é no tratamento de câncer. Isto porque
alguns pacientes com tumores na próstata, que foram submetidos a diversos tratamentos
como quimio e radioterapia, além de cirurgia e terapia hormonal sem sucesso, tiveram
reversão de seus tumores mesmo em metástase.
Pesquisadores alemães trabalham no desenvolvimento do uso deste radioisótopo do
actínio associado a exames de imagens e notaram que as células cancerosas “explodem”, o
que causou uma remissão mesmo em fase metástase.
É impossível determinar, segundo os autores se 100% das células cancerígenas foram
destruídas, mas certamente poderá ser um tratamento revolucionário para o câncer.
CONCLUSÃO:
Ainda que raros, os elementos de transição do grupo 3 da tabela periódica
possuem certas aplicações e utilidades muito aproveitáveis, especialmente alguns de
seus radioisótopos que se mostram úteis do ponto de vista farmacológico, energético e
industrial. Estes radioisótopos, que são fontes de radiação β possuem como principal
aplicação o uso na medicina nuclear e o cracking, tornando estes elementos de “terras
raras”, tais com seus óxidos, substâncias de grande valor e utilidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Portal São Francisco. Escândio. Disponível em <
https://www.portalsaofrancisco.com.br/quimica/escandio > Acesso em 11 de jun de
2021
FABRÍCIA, P. DESENVOLVIMENTO DE TRAÇADORES ATIVÁVEIS PARA
APLICAÇÃO EM RECUPERAÇÃO SECUNDÁRIA DE RESERVATÓRIOS DE
PETRÓLEO. 2005. Disponível em <
http://www.repositorio.cdtn.br:8080/bitstream/123456789/617/1/Tese_Polyana_FFerna
ndes.pdf > Acesso em 15 de jun de 2021
FRANCO, G. Grupo Alemão reverte câncer de próstata metastático com terapia
experimental. 2 de ago de 2017. Gustavofrancourologia.org. Disponível em
https://gustavofrancourologia.com/terapia-experimental-com-actinio-225-psma-617-
reverte-cancer-de-prostata-metastatico/ Acesso em 12 de jun de 2021
ROBERTO, L. Usos do elemento lantânio na indústria e no cotidiano.
Tabelaperiodica.org. Disponível em https://www.tabelaperiodica.org/usos-do-elemento-
lantanio-na-industria-e-no-cotidiano/ Acesso em 15 de jun de 2021
ROBERTO, L. Actínio – Usos do elemento no cotidiano e na pesquisa científica.
Tabelaperiodica.org. Disponível em https://www.tabelaperiodica.org/actinio-usos-do-
elemento-no-cotidiano-e-na-pesquisa-cientifica/ Acesso em 12 de jun de 2021
YURI, L. Guideline para radioembolização hepática com microesferas marcadas com
Ítrio-90. Disponível em https://sbmn.org.br/wp-content/uploads/2018/08/Guideline-
Microesferas.pdf Acesso em 11 de jun de 2021

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