Título e Contexto

O título completo da obra é “O Cativeiro Babilônico da Igreja do Papado”. Foi

publicada em 1520, um momento crucial no início da Reforma Protestante, quando
Lutero já havia desafiado várias doutrinas e práticas da Igreja Católica Romana.

Motivação

Lutero escreveu esta obra em resposta à sua crescente preocupação com a

corrupção e os abusos que ele percebia na igreja de sua época, especialmente em
relação aos sacramentos e à autoridade papal.
A publicação de “O Cativeiro Babilônico” faz parte do período de
intensificação das críticas de Lutero à Igreja Católica, que culminaria na sua
excomunhão em 1521.

Principais Temas e Argumentos

1. Crítica à Transubstanciação: Lutero rejeita a doutrina da

transubstanciação, que afirmava que o pão e o vinho da Eucaristia se
transformavam literalmente no corpo e no sangue de Cristo. Em vez disso,
ele defende a “consubstanciação” ou “presença real”, argumentando que o
corpo e o sangue de Cristo estão presentes junto com o pão e o vinho,
mas sem uma mudança na substância dos elementos.

2. A Tríplice Função dos Sacramentos: Lutero introduz a ideia de que os

sacramentos têm três funções: prometem, selam e alimentam a fé. Isso
significa que os sacramentos não são apenas rituais vazios, mas meios
pelos quais Deus promete Sua graça aos crentes, sela essa promessa em
seus corações e fortalece sua fé.

3. Crítica à Autoridade Papal: Lutero argumenta que o papa não possui

autoridade suprema sobre todas as questões religiosas e que a autoridade
do papa não pode se sobrepor à autoridade das Escrituras Sagradas. Ele
chama o papado de “cativeiro babilônico” porque acreditava que a igreja
havia sido cativa da autoridade papal como os israelitas estiveram cativos
na Babilônia.

4. Ênfase na Sola Scriptura: Lutero reafirma a importância da sola scriptura,

ou seja, da Escritura como a única autoridade final em questões de fé e
prática. Ele argumenta que as tradições humanas e os decretos papais
não podem se sobrepor à Palavra de Deus.

Impacto e Legado

“O Cativeiro Babilônico da Igreja” teve um impacto profundo na disseminação

das ideias da Reforma Protestante. A obra contribuiu para a divisão religiosa na
Europa e incentivou outros reformadores a questionar a autoridade da Igreja
Católica Romana.
 A crítica de Lutero à transubstanciação e sua defesa da presença real na
Eucaristia influenciaram a teologia e as práticas da maioria das denominações
protestantes que surgiram após a Reforma.
A obra também reforçou a ênfase na sola scriptura como um princípio
fundamental da teologia reformada.