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Quadro Cronológico NT DATA OBRA

Paulo escreve os primeiros escritos do NT 51 1ª Epístolas aos Tessalonicenses


Paulo escreve os primeiros escritos do NT 54-57 Epístola aos Gálatas
Paulo escreve os primeiros escritos do NT 57 1ª e 2ª Epístolas aos Coríntios
Paulo escreve os primeiros escritos do NT 58 Epístola aos Romanos
Paulo escreve os primeiros escritos do NT 61 Epístola a Filemon
Paulo escreve os primeiros escritos do NT 61 Epístola aos Colossenses
Paulo escreve os primeiros escritos do NT 62 Epístola aos Efésios
Paulo escreve os primeiros escritos do NT 62 Epístola aos Filipenses
Marcos 60/70 Evangelho de Marcos
Anônima 70s Epístola aos Hebreus
Mateus 80s Evangelho de Mateus
Apocalipse é escrito 80s Livro do Apocalipse
Lucas compõe sua obra em duas partes 80/90 Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos
Tiago 70/90 Epístola de Tiago
Judas 70/90 Epístola de Judas
Evangelho de João é escrito 100/110 Evangelho de João
Epistolas de João são escritas 100/120 1ª, 2ª e 3ª Epístolas de João
2ª Pedro 100-125 2ª Epístola de Pedro
Marcião monta o 1º Cânone do NT 140 10 Cartas de Paulo e o Ev. De Lucas revisado
por ele
Ireneu, bispo de Lião 185 Apresenta um cânon do Novo Testamento (sem
3João, Tiago e 2Pedro)
Canone de Muratori c. 200 Fragmento de Muratori apresenta um cânon de
22 livros???

Padres da Igreja que não mencionam o Evangelho de João:


Policarpo, Inácio de Antioquia, Justino o Mártir e Gaio o mestre
romano o chamava de herético.
Por que, então, Irineu uniu e incluiu o Evangelho de João aos de
Mateus, Marcos e Lucas, que eram muito mais aceitos, e alegou
que se tratava de um elemento indispensável do “Evangelho
Quadruplo”?
E por que o colocou não como o quarto evangelho, como os
cristãos fizeram mais tarde, mas como a primeira e principal
coluna do “Evangelho da Igreja”? Diz ele que esse evangelho
merece essa posição exaltada porque João, e somente João,
proclama a origem divina de Cristo, ou seja, sua
Geração original, poderosa e gloriosa a partir do Pai, assim declarando: “No principio era o
verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” E também que “todas as coisas
foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.”

Irineu conta que o discípulo de Valentino, Ptolomeu, ao ler estas


palavras, visualizou Deus, o verbo e, finalmente Jesus Cristo
como ondas de energia divina, por assim dizer, fluindo de cima
para baixo. Assim, sugere ele, a infinita Fonte divina que está
acima se revela em forma diminuída no verbo divino, que, por
sua vez, revela-se na forma mais limitada no Jesus humano.
Mas Irineu declara que essa interpretação ignora o que vimos no
capitulo 2 como a convicção central que João deseja transmitir:
que Jesus encarna o verbo divino que provem de Deus e
portanto, na Terra, é “Senhor e Deus” para quem o reconhece.

Irineu, então, desafia a interpretação que Ptolomeu faz do prólogo


de João e argumenta que “Deus Pai” é equivalente ao verbo, e que
o verbo é equivalente a “Jesus Cristo”. Declara enfaticamente que
João quer dizer que existe:
“Um Deus e um Jesus Cristo, por intermédio de quem todas as coisas foram feitas. Diz ele:
o mesmo Filho De Deus, o mesmo Unigênito, o mesmo criador de todas as coisas, a mesma
luz verdadeira que alumia a todo homem, o mesmo criador de todas as coisas, o mesmo que
veio para o que era seu, o mesmo que se fez carne e habitou entre nós” Conforme prólogo
do Evangelho de João.
Disto os sucessores de Irineu derivariam uma espécie de equação
simples, quase matemática, na qual “Deus = verbo = Jesus
Cristo”. O fato de até hoje muitos cristãos considerarem alguma
versão desta equação como a essência de sua crença é um sinal do
feito de Irineu e de seu sucesso. Irineu quer enfatizar esse
argumento quando repete que o próprio Jesus Cristo manifesta o
“Deus uno e todo-poderoso” que é o “Criador do universo”.
Como sua ousada interpretação veio a praticamente definir a
ortodoxia, quem lê o Evangelho de João, hoje, num idioma que
não seja o grego original, constata que as traduções fazem que a
sua conclusão pareça.

Para Irineu, porém, o Evangelho de João faz precisamente isso;


como disse mais tarde o padre Orígenes, somente João fala da
“divindade” de Jesus. Para Irineu, assim como para Orígenes, isso
significa que João não só é diferente, como também é “mais
elevado”, pois viu o que os demais não perceberam

Um canon de quatro evangelhos (o Tetramorfo) foi afirmado por


Irineu, cerca de 160 d.C., que se refere diretamente a ele. Uma
insistência sobre a existência de um cânone de quatro
evangelhos, e não de outros além, foi um tema central de Irineu
de Lyon, c. 185.

Em sua obra central, Adversus Haereses Irineu denunciou vários


grupos cristãos primitivos que usavam apenas um evangelho,
como o Marcionismo, que utilizava apenas a versão de Marcião
de Lucas, ou os Ebionitas, que parecem ter usado uma versão
aramaica de Mateus, bem como grupos que utilizaram mais do
que quatro evangelhos, tais como os Valentinianos (AH 1,11).
Irineu aparentemente cita 21 dos livros do Novo Testamento, e
ele pensa que os nomes dos autores foram quem escreveram o
texto. Ele é conhecido por ter sido ligado a Policarpo, e Policarpo
pode ter sido ligado a João, o apóstolo de Jesus. Se isso for
verdade, então existe grande potencial e autoridade para sua
tradição. ??
Ele se refere a uma passagem do Pastor de Hermas como
Escritura (Mandato 1 ou Primeiro Mandamento), mas isso tem
alguns problemas de consistência da sua parte. Hermas
acreditava que Jesus tornou-se o Filho de Deus no Batismo
(Parábola 5 de Pastor, capítulo 59, versículos 4-6), um conceito
chamado Adocionismo, mas todo o trabalho de Irineu, incluindo
sua citação do Evangelho de João (João 1:1), prova que ele
acreditava que Jesus sempre foi Deus.

o Jovem (c.62-113 d.C.), citado por Bettenson, registrou seu próprio tratamento
dos suspeitos: “Eu lhes pergunto se são cristãos. Se eles admitem, eu repito a
pergunta uma segunda e uma terceira vez, ameaçando-os com uma punição
capital; se eles persistem eu os sentencio à morte. […] outros, que eu exibo
como loucos, reservo para serem enviados a Roma, desde que sejam cidadãos
romanos.”

A. As principais fontes no segundo século


Da Segunda metade do primeiro século ao fim do segundo século d.C., um
número considerável de escritos cristãos foi produzido. Entre eles destacam-
se: cinco tratados de Papias de Hierápolis3 intitulados Interpretações dos
Oráculos do Senhor [Logi/wn kuriakw=n e)chgh/sew]; uma carta aos Filipenses
de Policarpo;4 uma carta endereçada pela Igreja de Esmirna à Igreja de
Filomélia e a igrejas em outros lugares chamada de O Martírio de Policarpo5
[Marturi/ou Polu/karpou]; as sete Epístolas de Inácio de Antioquia;6 a Epístola de
Barnabé [th/n te Barnaba=];7 a Segunda Epístola de Clemente;8 o Livro do Pastor
[Poime/noj bibli/on];9 Sobre a Páscoa Judaica [Peri\ tou= pa/sxa] e Sobre a Vida
Cristã e os Profetas [Peri\ politei/a kai\ prdehtw=n] de Melito,10 bispo de Sardis;
o Didache;11 uma carta aos Romanos [ (Rwmai/ouj e)pistolh\], e uma carta de
Crisófora [e)pistolh\ tou= Xrusofo/r#] de Dionísio,12 bispo de Corinto; Estromas
[Strwmate/wn] de Pantenos;13 Esboços [ (Upotupw/sewn] e a Exortação aos
Gregos [pro\ (`Ellhna lo/go o( protreptiko\] de Clemente de Alexandria;14 os
Atos dos Mártires Sicilianos;15 Apocalipse de Pedro;16 Atos de Paulo17 e outros
materiais
4Policarpo foi bispo de Esmirna, Ásia Menor (EUSEBIUS, 1992, p.281). “A breve Epístola de Policarpo
contém proporcionalmente muito mais alusões aos escritos do Novo Testamento do que o que está
presente em qualquer outro dos Pais Apostólicos.” Ele sofreu martírio em 155 ou 156 d.C. (METZGER,
1997, p.60ss.).
5HARMER (1898, p.185).
6As Epístolas de Inácio foram escritas circa 110 d.C. (KOESTER, 1990, p.1). O martírio de Inácio
ocorreu na época do Imperador Trajano ca. 110 d.C..
7A epístola é mencionada em Eusebius (1994, p.47) como parte daqueles escritos disputados [ta=j
a)ntilegome/naj].
8Um sermão primitivo cristão, escrito por um autor anônimo. Ele se situa entre 120 e 170 d.C.
(METZGER, 1997, p.67).
9O Livro do Pastor era aceito por alguns cristãos como autoritativo para ser lido nas igrejas (EUSEBIUS,
1992, p.193).
10Ele escreveu uma Apologia [] ao Imperador Verus [161-180 d.C]. Além disso, escreveu
cerca de vinte outros livros (EUSEBIUS HE iv.xxvi.1 p.387).
11Foi escrito na primeira metade do segundo século, e composto, provavelmente, por mais de um autor
(METZGER, 1997, p.50).
12EUSEBIUS (HE iv.xxiii.9,13. p.381ss.).
13Pantenos foi o chefe da escola de Alexandria [fundada por Alexandre, o Grande, em 331 a.C.
Alexandria tornou-se a primeira escola de teologia cristã]. O trabalho de Pantenos foi compilado por
Clemente de Alexandria (EUSEBIUS, 1994, p.27).
14EUSEBIUS (HE vi.iii.2f. p.43.).
15O mais antigo documento na história da Igreja Latina (ROBINSON, 1927, p.71). Os Atos narram como
sete homens e cinco mulheres do vilarejo da Sicília, na Numidia [moderna Tunisia], foram postos em
julgamento na câmara-concílio de Cartago, em 17 de Julho de 180. Esperato menciona que ele tinha em
sua bolsa “Os livros, e as cartas de um homem justo, um certo Paulo.” (The Acts de the Scillitan Martyrs,
1927, p.72). 16Foi escrito no começo do segundo século (The Apocrypha NT, p.504).
17“Composto por um presbítero da Ásia antes do tempo de Tertuliano: ca. 160-170” (The Apocrypha
NT… p.228). Atos de João e Atos de Pedro são também exemplos de Atos escritos no segundo século.

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