Você está na página 1de 20

Desenvolvimento do cânone do Novo

Testamento
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O desenvolvimento do cânone do Novo Testamento foi


um processo que ocupou boa parte dos primeiros anos do
cristianismo. Para a Igreja Ortodoxa, o reconhecimento destes
livros como autoritativos foi formalizado no Concílio
Quinissexto, em 692, e reafirmado no Sínodo de Jerusalém
(1672). A Igreja Católica tornou dogmática sua definição do
cânone bíblico no Concílio de Trento, de 1546, uma
reafirmação dos cânones do Concílio de Florença (1442) e,
especialmente, dos concílios sinodais de Roma (382) e norte-
africanos de Hipona (393), Cartago (397) e Cartago (419).[1][2]
Para a Igreja da Inglaterra, o cânone tornou-se dogma a partir
da publicação dos Trinta e Nove Artigos em 1563. Para o
calvinismo, a Confissão de Westminster fixou-o em 1647.
Mateus 2:5-3:7 numa página do
O cânone do Novo Testamento é o conjunto de livros que Codex Sinaiticus, do século V
os cristãos consideram como inspirados por Deus e que fazem
parte do Novo Testamento da Bíblia cristã. Para a maioria das
denominações cristãs, trata-se de uma lista de vinte e sete livros, dentre os quais os Evangelhos, os
Atos dos Apóstolos, diversas epístolas e o Apocalipse.

Primeiras coleções
Escritos atribuídos aos Apóstolos circulavam entre as primeiras
comunidades cristãs. As epístolas paulinas já circulavam, talvez
já em conjunto, no final do século I.[3] Justino Mártir, em
meados do século II, menciona "memórias dos Apóstolos"
sendo lidas "no dia chamado do sol" (domingo) juntamente
com os "escritos dos profetas".[4] Um conjunto definido de
quatro evangelhos foi afirmado já por Ireneu de Lyon (c.
180).[5]

No início do século III, Orígenes pode ter utilizado os mesmos Codex Vaticanus, um manuscrito do
século IV considerado como sendo
vinte e sete livros atualmente presentes no cânone do Novo
a mais antiga cópia completa da
Testamento, embora já existissem disputas sobre a aceitação da
Bíblia, incluindo o Novo Testamento
Epístola aos Hebreus, Epístola de Tiago, II Pedro, II João, III
João, Epístola de Judas e o Apocalipse,[6] um conjunto
conhecido como Antilegomena ("obras em disputa"). Da mesma forma, o Fragmento Muratoriano
é uma prova que, talvez já no final do século II, existia um conjunto de textos cristãos similar ao
cânone moderno, incluindo os quatro evangelhos, e argumentando contra as objeções aos
Antilegomena.[7] Assim, apesar de terem existido debates durante os primeiros anos do
cristianismo sobre o cânone do Novo Testamento, é possível supor que os principais escritos já
haviam sido aceitos pela maioria dos cristãos em meados do século III.[8]

Em sua Carta Festiva de 367, Atanásio, patriarca de Alexandria, fornece uma lista de livros
contendo os vinte e sete livros canônicos[9] e utilizou a palavra "canonizados" (em grego:
κανονιζόμενα, "kanonizomena") para se referir a eles.[10] O primeiro concílio a aceitar este
cânone oficial foi o Sínodo de Hipona (393), no norte da África. Um breve sumário dos seus atos
foi lido e aceito pelo concílios de Cartago de 397 e 419.[11] Estes concílios foram todos realizados
sob os auspícios de Agostinho, que considerava que o cânone já estava fechado em sua
época.[12][13][14] O Concílio de Roma (382), do papa Dâmaso I, publicou um cânone bíblico
idêntico ao já mencionado se de fato o Decretum Gelasianum está associado a ele.[9][15] Da mesma
forma, a encomenda de Dâmaso para a produção da Vulgata latina por volta de 383 foi
instrumental para a fixação de um cânone para a Bíblia no ocidente[16]. Por volta de 405, o papa
Inocêncio I enviou uma lista de livros sagrados ao bispo gaulês Exupério de Toulouse. Os
estudiosos cristãos afirmam que, quando bispos e concílios tratavam do tema, eles não estavam
tratando de algo novo e sim "ratificando o que já havia se tornado o pensamento da
Igreja".[12][17][18]

Assim, já a partir do século IV existia uma unanimidade no cristianismo ocidental sobre o cânone
do Novo Testamento.[19] No caso do cristianismo oriental, com algumas exceções, a aceitação do
Apocalipse no século V encerrou a questão.[1][20] Apesar disto, articulações plenamente
dogmáticas sobre o cânone só foram feitas no Cânone de Trento (1546) para a Igreja Católica,[1] a
Confissão Gálica da Fé (1559) para o calvinismo, os Trinta e Nove Artigos (1563) para a Igreja da
Inglaterra e o Sínodo de Jerusalém (1672) para a Igreja Ortodoxa.

Cristianismo primitivo (até 325)


No período de cem anos que se estende, grosso modo, de 50 a
150, diversos documentos começaram a circular nas primeiras
igrejas, incluindo epístolas, evangelhos, memórias, apocalipses,
homilias e coleções de ensinamentos. Enquanto alguns destes
documentos eram de origem apostólica, outros se basearam na
tradição de apóstolos e na palavra de ministros em suas
missões individuais. Outras ainda representavam a soma dos
ensinamentos deixados para uma igreja em particular. Diversos
destes textos tentavam expandir, interpretar e aplicar os
ensinamentos apostólicos em uma determinada localidade.

Clemente de Roma

No final do século I, algumas epístolas paulinas já eram do


conhecimento do papa Clemente I (fl. 96), assim como algumas
"palavras de Jesus". Apesar de demonstrar grande estima por
elas, ele não as considerava como "Escritura" ("graphe"), um
termo que ele reservava para a Septuaginta, a versão grega do Clemente de Roma, o primeiro papa
Antigo Testamento. Metzger conclui o seguinte sobre a deixar escritos sobre o cânone da
Clemente: Bíblia.
1742-5. Afresco de Biagio Bellotti em San

Clemente... faz uma ocasional referência a Gregorio Magno in Camposanto, em Busto

“ certas palavras de Jesus; apesar de elas serem


autoritativas para ele, ele não parece ” Arsizio.
preocupado sobre como sua autenticidade podia ser assegurada. Em duas das três
instâncias nas quais ele fala de lembrar 'as palavras' de Cristo ou do Senhor Jesus,
aparentemente ele tem um registro escrito em mente, mas ele não o chama de
'evangelho'. Ele conhece diversas epístolas de Paulo e estima muito seu conteúdo;
o mesmo pode ser dito da Epístola aos Hebreus, que ele também conhece.
Emboras estes textos obviamente possuíssem considerável importância para
Clemente, ele jamais se refere a eles como 'Escritura'.[21]

Marcião de Sínope

Marcião de Sinope, um bispo da Ásia Menor que viajou para Roma e foi mais tarde excomungado
por suas visões, foi o primeiro a propor uma lista única, exclusiva e definitiva de Escrituras cristãs,
compiladas entre 130 e 140.[22] Inácio de Antioquia fez referência a Escrituras cristãs[23] antes de
Marcião em seus textos contra as heresias dos judaizantes e docetistas, mas ele não define uma
lista de livros canônicos. Em seu livro "Origem do Novo Testamento",[24] Adolf von Harnack
defendeu que Marcião percebia a igreja de sua época como sendo principalmente uma "igreja do
Antigo Testamento", ou seja, que "segue o testamento do Deus criador", sem um cânone do Novo
Testamento firmemente estabelecido e que a igreja formulou gradualmente seu cânone em
resposta ao desafio proposto por Marcião.

Ele rejeitava a teologia do Antigo Testamento inteiramente e considerava que o deus representado
lá era um ser inferior. Em "Antithesis", Marcião alegava que o Antigo Testamento era incompatível
com os ensinamentos de Jesus sobre Deus e a moralidade. Ele acreditava que Jesus teria vindo
para liberar a humanidade da autoridade do deus do Antigo Testamento e para revelar o deus
superior de bondade e misericórdia que Ele chamava de "Pai".

Para suportar sua doutrina, Marcião estabeleceu um grupo definido de livros que ele considerava
plenamente autoritativos, descartando todos os demais. Entre eles estavam dez das epístolas
paulinas (sem as epístolas pastorais) e o Evangelho de Lucas. É incerto se ele editou estes livros
para expurgar o que não estava de acordo com sua visão ou se as versões que ele utilizava eram
representativas de uma tradição textual diferente.[a] O Evangelho de Marcião, chamado
simplesmente de "Evangelho do Senhor", diferia do Evangelho de Lucas por não conter nenhuma
passagem que ligasse Jesus ao Antigo Testamento. Marcião batizou a sua coleção de epístolas de
"Apostolikon" e elas também eram diferentes das versões posteriormente aceitas pelos cristãos.

A lista de Marcião e sua teologia foram rejeitados como heréticas pela Igreja antiga. Contudo,
Marcião forçou os demais cristãos a enfrentarem a questão de quais textos seria considerados
canônicos e o motivo.[28] Ferguson (2002) cita "De praescriptione haereticorum", de Tertuliano:

Como Marcião separou o Novo Testamento do Antigo, ele é necessariamente


“ subsequente àquilo que separou, pois apenas estava em seu poder separar o que
estava antes unido. Tendo estado unido antes de sua separação, o fato de sua ”
subsequente separação prova a subsequência também do homem que efetuou a
separação.
— Tertuliano, De praescriptione haereticorum 30[29].

Ainda segundo Ferguson[30], "[Wolfram] Kinzig sugere que era Marcião que usualmente
chamava sua Bíblia de 'testamentum'". Outros estudiosos propõem que foi Melito de Sardis quem
teria cunhado o termo "Antigo Testamento".[31]
Robert M. Price defende que as evidências de que os primeiros Pais da Igreja, como Clemente,
Inácio e Policarpo, conheciam as epístolas paulinas é pouco clara e conclui que foi Marcião a
primeira pessoa a colecionar os textos de Paulo nas diversas igrejas e a tratar as epístolas paulinas
como um conjunto.[32]

Justino Mártir

Em meados do século II d.C., Justino Mártir, cujas obras são do período entre 145 e 163, menciona
as "memórias dos apóstolos", que os cristãos chamavam de "evangelhos" e que eram considerados
do mesmo status que o Antigo Testamento.[4][33][34] Não há consenso entre os estudiosos se
Justino incluiu o Evangelho de João entre estas "memórias" ou se, por outro lado, ele baseou sua
doutrina sobre o Logos nelas.[35][36]

Justino cita as epístolas paulinas, I Pedro e os Atos dos Apóstolos em suas próprias obras.

Nas obras de Justino é possível encontrar referências a Romanos, I


Coríntios, Gálatas, Efésios, Colossenses e II Tessalonicenses;
possivelmente há referências também a Filipenses, Tito e I Timóteo.
Além disto, ele também faz referência aos Atos dos Apóstolos, I
Pedro[37] e uma fonte desconhecida num relato sobre o batismo de
Jesus e que difere do relato dos evangelhos sinóticos: "Quando Jesus
afundou na água, fogo se acendeu no Jordão; e quando ele se
levantou da água, o Espírito Santo desceu nele. Os apóstolos de
Cristo escreveram isto".[38]

Taciano

Taciano foi um cristão convertido por Justino Mártir numa visita a


Ireneu de Lyon (m. 202), um Roma por volta de 150 e que, depois de muito estudo, retornou para
dos autores cristãos a a Síria em 172 para a reformar a igreja lá. Em algum momento
tratarem da questão do (alguns sugerem c. 160), ele compôs um único "evangelho
cânone.
harmonizado" costurando o conteúdo dos quatro evangélicos com
1883-84. Estátua na
eventos não citados em nenhum deles numa única narrativa baseada
Frederikskirken, em Copenhagen,
principalmente na cronologia do Evangelho de João. Esta obra é
na Dinamarca.
conhecida como "Diatessarão" ("Através de Quatro") e se tornou o
texto oficial do evangelho da igreja na Síria, baseada em Edessa.

Ireneu de Lyon

Ireneu de Lyon fez referência a um conjunto definido de quatro evangelhos por volta de 180.[5][39]
Em sua obra principal, "Adversus Haereses", Ireneu denunciou vários grupos cristãos primitivos
que utilizavam apenas um evangelho, como o marcionismo, que utilizava apenas o "Evangelho do
Senhor" de Marcião, os ebionitas, que aparentemente utilizavam uma versão aramaica de Mateus,
ou os docetistas, que utilizavam apenas o Evangelho de Marcos, além de grupos que utilizavam
mais do que os quatro evangelhos. Ireneu declarou que os quatro ele defendia eram os quatro
"Pilares da Igreja". "Não é possível que haja mais nem menos do que quatro" afirmou ele
apresentando como lógica a analogia com os quatro cantos da terra e os quatro ventos.[39] Esta
imagem, baseada em Ezequiel 1 ou Apocalipse 4:6-10, do Trono de Deus segurado por quatro
criaturas com quatro faces distintas — "a primeira criatura era semelhante a um leão, a segunda
criatura semelhante a um novilho, a terceira criatura tinha um rosto como de homem, e a quarta
criatura era semelhante a uma águia que voa" — equivalentes ao evangelho "de quatro formas" (o
"tetramorfo") é a origem dos tradicionais símbolos dos evangelistas: leão para Marcos, touro para
Lucas, águia para João e homem para Mateus. A tese de Ireneu terminou sendo vencedora e
apenas estes quatro foram considerados como portadores da "verdade".

Baseados na argumentação apresentada por Ireneu em defesa de apenas quatro evangelhos


autênticos, alguns estudiosos deduziram que a tese do "evangelho de quatro formas"
provavelmente ainda era uma novidade na época dele.[40] Porém, o sucesso do "Diatessarão" de
Taciano, da mesma época, é "...um poderoso indicativo de que o evangelho de quatro formas
patrocinado contemporaneamente por Ireneu não era amplamente, e muito menos
universalmente, reconhecido".[41]

Ireneu aparentemente cita 21 dos livros do Novo Testamento e nomeia quem ele acreditava ter sido
o autor do texto.[42] Ele menciona os quatro evangelhos, Atos, as quase todas as epístolas paulinas,
I Pedro, I João, II João e o Apocalipse. Ele argumenta que seria ilógico rejeitar os Atos dos
Apóstolos e aceitar o Evangelho de Lucas, pois ambos eram do mesmo autor[43];[44] ele
ridicularizou os que se acreditavam mais sábios do que os doze Apóstolos por afirmarem que estes
estariam ainda sob a influência dos judeus. Ele também pode ter citado Hebreus (2.30), Tiago
(4.16) e até mesmo II Pedro (5.28), mas não cita Filêmon, III João e nem Judas.[45][46]

Ireneu acreditava que a epístola aos Coríntios conhecida na época como "Primeira Epístola de
Clemente" era de grande valor, mas não parece ter acreditado que Clemente de Roma era o autor
(3.3.3) e parece acreditar que ela teria o mesmo status, mais baixo, que a Epístola de Policarpo aos
Filipenses (3.3.3). Ele também faz referência a uma passagem do "Pastor de Hermas" como sendo
"escritura" ("primeiro mandamento"), mas o trecho apresenta alguns problemas de consistência
por parte dele mesmo. O Pastor de Hermas ensina que Jesus não era ele próprio um ser divino,
mas um homem virtuoso que foi posteriormente preenchido pelo Espírito Santo e foi adotado pelo
Pai como seu Filho[b][c] (uma heresia chamada adocionismo). Mas a própria obra de Ireneu,
incluindo sua citação do Evangelho de João (João 1:1) indica que ele acreditava de fato que Jesus
sempre foi Deus.

Fragmento Muratori

O Fragmento Muratori[49] é o mais antigo exemplo conhecido


de uma lista claramente definida de livros do Novo
Testamento.[50] Danificado e incompleto, o fragmento é uma
tradução ruim para o latim de um original, em grego e perdido,
geralmente datado no final do
século II [51][52][53][54][55][56][57][58] ou, segundo uma tese
minoritária, no século IV [59][60][61] . Este é o texto do
fragmento, numa tradução de Metzgerː[62]
Fragmento Muratori (século VIII),
O terceiro livro do Evangelho é o segundo preservado na Biblioteca

“ Lucas... O quarto ... é o de João... os atos de


todos os apóstolos...Sobre as epístolas de ” Ambrosiana de Milão. É um dos
mais antigos cânones do Novo
Paulo... Aos Coríntios primeiro, aos Efésios Testamento sobreviventes
segundo, aos Filipenses terceiro, aos
Colossenses quarto, aos Gálatas quinto, aos
Tessalonicenses sexto, aos Romanos sétimo...
uma vez mais aos Coríntios e aos
Tessalonicenses... uma a Filêmon, uma a Tito e
duas a Timóteo.... aos Laodicenses [e] outra aos
Alexandrinos, [ambas] forjadas em nome de
Paulo para [avançar] a heresia de Marcião... a
epístola de Judas e duas do já mencionado (ou
trazendo o nome de) João... o [livro da] Sabedoria... Recebemos apenas os
apocalipses de João e de Pedro, embora alguns de nós não queremos que este
último seja lido na igreja. Mas Hermas escreveu o Pastor bem recentemente... E,
portanto, ele deveria, de fato, ser lido; mas ele não pode ser lido publicamente para
o povo na igreja.

Controvérsias

Rejeição às obras de Paulo

No final do século IV, Epifânio de Salamina (m. 402), em sua obra "Panarion" (29), afirma que os
nazarenos haviam rejeitado as epístolas paulinas e Ireneu de Lyon, em "Adversus Haereses"
(26.2), afirma que os ebionitas também haviam feito o mesmo. Atos 21:21 relata um rumor de que
Paulo tentava subverter o Antigo Testamento[d]. II Pedro 3:16 afirma que suas epístolas haviam
sido abusadas por heréticos, que "as torceram como fizeram com as outras escrituras". Eusébio
de Cesareia, em "História Eclesiástica" (6.38), afirma que os elcasaitas "usavam textos de todas as
partes do Antigo Testamento e dos Evangelhos; eles rejeitam Paulo inteiramente". Ele já havia
afirmado (4.29) que Taciano rejeitava também as epístolas paulinas e os Atos dos Apóstolos. Mais
adiante (6.25), ele afirma que Orígenes aceitou 22 livros canônicos dos hebreus mais Macabeus e
os quatro Evangelhos, mas sobre Paulo, teria dito que "...[ele] não fez mais do que escrever para
todas as igrejas que ensinou; e mesmo para aquelas que escreveu, enviou pouco mais do que
algumas linhas".[63]

No próprio Novo Testamento, há referência a pelo menos


algumas das obras de Paulo como sendo 'Escritura'. Segundo
Pedro:

«como faz também em todas as suas epístolas,


“ nelas falando disto, nas quais há algumas coisas
difíceis de entender, que os indoutos e ”
inconstantes torcem, como o fazem também
com as demais Escrituras, para a sua perdição.»
Estátua de Paulo de Tarso no
(II Pedro 3:16)
Vaticano. Paulo é o autor da maioria
das epístolas que fazem parte do
A referência às "demais" Escrituras, presumivelmente a
cânone do Novo Testamento
Septuaginta, denota que o autor de II Pedro considerava as
obras de Paulo, pelo menos as que já estavam escritas até
então, como sendo "Escritura". É difícil determinar a data desta epístola e comentários e livros de
referência já a dataram em quase todas as décadas entre 60 a 160.[64]

Cânone aberto de Clemente de Alexandria

Clemente de Alexandria (c. 150 – c. 215) utilizava um "cânone aberto", preocupando-se menos com
a canonicidade de um livro e mais com sua inspiração.[65] Além de livros que acabaram foram do
cânone final de vinte e sete livros no Novo Testamento e que tinham aceitação local (como Epístola
de Barnabé, Didaquê, I Clemente, Apocalipse de Pedro, Pastor de Hermas, Evangelho dos
Hebreus), ele também utilizava o Evangelho dos Egípcios, Pregações de Pedro, Tradições de
Matias, os Oráculos Sibilinos e tradições orais do evangelho. É fato, porém, que ele preferia os
quatro evangelhos canônicos em relação aos demais, mas os suplementava livremente com textos
apócrifos.

Alogi

Havia também os cristãos que rejeitavam o Evangelho de João (e, possivelmente, também o
Apocalipse e as epístolas joaninas) ou por não o considerarem apostólico ou por ter sido escrito
pelo gnóstico Cerinto ou por não ser compatível com os evangelhos sinóticos. Epifânio de Salamina
chamou-os de alogi, ou seja, os que rejeitavam o Logos da doutrina de João. É possível também
que tenha havido disputas sobre a doutrina do Paráclito.[66][67] Caio, um presbítero de Roma
(início do século III), aparentemente estava associado a este movimento.[68]

Período dos sete concílios ecumênicos (325–787)

Eusébio

Eusébio de Cesareia, em sua "História Eclesiástica" (c. 330),


mencionou os livros que ele entendia como parte do Novo
Testamentoː[69][70]

Chegando aqui, é hora de recapitular os escritos


“ do Novo Testamento já mencionados. Em
primeiro lugar temos que colocar a tétrade santa ”
dos Evangelhos, aos quais segue-se o escrito
dos Atos dos Apóstolos. Depois deste há que se
colocar a lista das Cartas de Paulo. Depois
deve-se dar por certa a

chamada Primeira de João, assim como a de


Pedro. Depois destas, se está bem, pode-se
colocar o Apocalipse de João, sobre o qual
exporemos oportunamente o que dele se pensa.
Estes são os ditos admitidos [Homologoumena].

Dos livros discutidos [Antilegomena], por outro


lado, mas que são conhecidos da grande Página da "História Eclesiástica" (c.
maioria, temos a Carta dita de Tiago, a de Judas 330), obra na qual Eusébio de
e a segunda de Pedro, assim como as que se Cesareia relatou o cânone do Novo
diz serem segunda e terceira de João, sejam do Testamento vigente na sua época
próprio evangelista, seja de outro com o mesmo
nome. Entre os espúrios sejam listados: o escrito
dos Atos de Paulo, o chamado Pastor e o
Apocalipse de Pedro, e além destes, a que se
diz Carta de Barnabé e a obra chamada
Ensinamento dos Apóstolos, e ainda, como já
disse, talvez, o Apocalipse de João: alguns,
como disse, rechaçam-no, enquanto outros o
contam entre os livros admitidos.

Alguns ainda catalogam entre estes inclusive o


Evangelho dos hebreus, no qual são muito
contemplados os hebreus que aceitaram Cristo.
Todos estes são livros discutidos .... seja dos Evangelhos de Pedro, de Tomé, de
Matias ou mesmo de algum outro, ou ainda dos Atos de André, de João e de outros
apóstolos. Jamais um só dentre os escritores ortodoxos julgou digno mencionar
estes livros em seus escritos.... claramente demonstram ser invenções de hereges.
Por isso não devem ser incluídos nem mesmo entre os espúrios, mas devemos
rechaçá-los como inteiramente absurdos e ímpios.

— Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica III.25[71].

O Apocalipse de João está listado entre os admitidos e disputados, o que provocou uma certa
confusão sobre o que exatamente Eusébio quis dizer ao fazer isto. A disputa, provavelmente
atribuída a Orígenes.[72][73][74] Ele próprio detalha mais ao falar de Paulo: "Por outro lado, é
evidente e claro que as catorze cartas são de Paulo. Contudo, não é justo ignorar que alguns
rechaçaram a carta aos Hebreus, dizendo que a Igreja de Roma não a admite por crer que não é
de Paulo".[75] Mais adiante, ele menciona o "Diatessarão", que ele considerava herético:

Mesmo assim, Taciano, seu primeiro líder, compôs certa combinação e


“ agrupamento - não sei como - dos Evangelhos, ao que deu o nome de Diatessarão
e que ainda hoje se conserva entre alguns. E diz-se que teve a ousadia de mudar ”
algumas expressões do apóstolo [Paulo], alegando completar a correção de seu
estilo.
— Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica IV.29[76].

Codex Claromontanus

O Codex Claromontanus (c. 303–67)[77][78], uma página inserida numa cópia do sécuo IV das
epístolas paulinas e Hebreus, apresenta o Antigo Testamento, incluindo os deuterocanônicos
Tobias, Judite, Sirácida, I-II, IV Macabeus e o Novo Testamento, incluindo Atos de Paulo,
Apocalipse de Pedro, Epístola de Barnabé e Pastor de Hermas e faltando Epístola aos Filipenses, I-
II Tessalonicenses e Hebreus.

Zahn e Harnack acreditam que esta lista foi montada originalmente em grego em Alexandria (ou
redondezas) por volta de 300. Segundo Jülicher, a lista é do século IV e é provavelmente de origem
ocidental.

Constantino

Em 331, Constantino I encomendou a Eusébio cinquenta bíblias para uso nas igrejas de
Constantinopla. Atanásio (Apol. Const. 4) relata que aproximadamente 340 escribas de Alexandria
trabalhavam preparando bíblias para Constante. Pouco mais se sabe, mas há muitas especulações
sobre o tema. Por exemplo, especula-se se este pedido teria sido a motivação para produção de
listas canônicas e que o Codex Vaticanus e o Codex Sinaiticus podem ser exemplares destas
bíblias.[79]

Juntamente com a Peshitta e o Codex Alexandrinus, o Codex Vaticanus e o Codex Sinaiticus são as
bíblias cristãs mais antigas ainda existentes.[80]

Sínodo de Laodiceia

O Sínodo de Laodiceia foi um sínodo regional que reuniu aproximadamente 30 clérigos da Ásia
Menor entre 363 e 364 em Laodiceia, na Frígia Pacaciana. O 59º Cânone deste sínodo proibiu a
leitura de livros não cânonicos nas igrejas. O 60º Cânone listou como canônicos 26 livros do Novo
Testamento, excluindo o Apocalipse.[81][82]

Contudo, a autenticidade deste último cânone é duvidosa[83] pois ele não


é citado em vários manuscritos antigos, o que pode significar que ele foi
incluído posteriormente[81] para clarificar o mandamento do cânone
anterior.

Lista de Cheltenham/Mommsen

A Lista de Cheltenham (ca. 365–90)[84][85] é uma lista latina descoberta


pelo acadêmico clássico alemão Theodor Mommsen num manuscrito do
século X (majoritariamente com textos patrísticos) na biblioteca de
Thomas Phillips, em Cheltenham, Inglaterra, e publicada em 1866. Ela
provavelmente é de origem norte-africana e é de meados do século IV.

Papa Dâmaso I (r. 366- Nela constam 24 livros no Antigo Testamento,[86] Gênesis, Êxodo,
384), patrocinador do Números, Levítico, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, I-IV Reinos, I-II
Concílio de Roma (382), Crônicas, I-II Macabeus, Jó, Tobias, Ester, Judite, Salmos, Salomão
que, supostamente, (provavelmente a Sabedoria), Profetas Maiores e Profetas Menores, e 24
proclamou o "Decreto livros no Novo Testamento, com contagens de sílabas e linhas, mas sem
Gelasiano", um dos Judas, Tiago e, provavelmente, Hebreus; o autor parece ainda questionar
mais antigos cânones as epístolas de João e de Pedro além das primeiras.
oficiais da Bíblia.
1685. Por Juan Carreño de
Miranda, atualmente na Cânone Apostólico 85
Casa de la Villa de Madrid,
Espanha. Por volta de 380, o autor das Constituições Apostólicas atribuiu um
cânone aos próprios Apóstolos como sendo 85º cânone de uma lista de
decretos apostólicosː[87][88]

Cânone 85. Que os seguintes livros sejam considerados veneráveis e santos por
“ todos, clérigos e leigos. [...] e nossos livros sagrados, ou seja, do Novo Testamento,
são quatro Evangelhos, de Mateus, Marcos, Lucas, João; as quatorze epístolas de ”
Paulo; duas epístolas de Pedro; três de João; uma de Tiago; uma de Judas; duas
Epístolas de Clemente; e as Constituições dedicadas a vós, os bispos, por mim,
Clemente, em oito livros, que não é adequada para ser apresentada ao público
perante todos por causa dos mistérios contidos nelas; e os nossos Atos, os
Apóstolos.

A tradução copta e algumas versões em árabe incluem o Apocalipse.[87] Karl Josef von Hefele
afirma que "este é provavelmente o menos antigo cânone de toda a coleção";[89]:n.3826 mesmo ele
e William Beveridge acreditam que os textos dos Cânones Apostólicos datam do final do século II
ou início do III, mas outros concordam que eles não podem ter sido escritos antes do Sínodo de
Antioquia (341) e nem antes do final do século IV.[90][91]

Papa Dâmaso I

A encomenda do papa Dâmaso I de uma versão em latim da Bíblia a Jerônimo, conhecida como
Vulgata,[1] por volta de 383 d.C. foi instrumental para o estabelecimento do cânone bíblico no
ocidente.[16] O papa é geralmente considerado o pai do cânone católico, uma vez que a sua lista é
geralmente considerada como sendo a lista que correspondeu ao moderno cânone.[1] Fazendo-se
passar como um documento produzido pelo Concílio de Roma, dirigido por Dâmaso, o chamado
Decretum Gelasianum[92] fornece uma lista idêntica à que seria aprovado como "Cânone de
Trento" em 1546.[9] Apesar de o texto não ser da época de Dâmaso, ele é um importante
documento do século VI sobre o cânone bíblico.[93][94] A lista, que segue abaixo, teria sido
endossada pelo papa:

[Uma lista de livros do Antigo Testamento...] e, no Novo Testamento: 4 livros dos


“ Evangelhos, 1 livro dos Atos dos Apóstolos, 13 epístolas do Apóstolo Paulo, 1 dele
aos Hebreus, 2 de Pedro, 3 de João, 1 de Tiago, 1 de Judas e o Apocalipse de ”
João.

Agostinho e os sínodos norte-africanos

Agostinho de Hipona declarou que se deveria "preferir os que


são recebidos por todas as igrejas católicas do que os que
algumas delas não recebem. Entre estes, novamente, que não
são recebidos por todos, ele deverá preferir os que receberam
a sanção de um número maior e os de maior autoridade ao
invés dos que são defendidos por um número menor e os de
menor autoridade".[95]

Ele efetivamente impôs sua opinião sobre a Igreja ao comandar


três sínodos sobre o cânone bíblico: o Sínodo de Hipona (393),
Concílio de Cartago (397) e o Concílio de Cartago (419). Cada
um deles reiterou a mesma lei: "nada deve ser lido na igreja
com o nome de Escritura divina" exceto o Antigo Testamento
(incluindo os livros deuterocanônicos) e os 27 livros canônicos
Agostinho de Hipona foi
do Novo Testamento. Aparentemente estes decretos também
instrumental para a fixação do
declararam que a Epístola aos Hebreus foi escrita por Paulo e,
cânone do Novo Testamento ao
por um longo tempo, encerraram o debate sobre o tema.
realizar três concílios no norte da
Este mesmo cânone seria reafirmado em 1546 durante o África entre 393 e 419 (Hipona,
Cartago I e Cartago II).
Concílio de Trento.[1][2]
Estátua na Rochuskirche, em Viena,
Áustria.

Papa Inocêncio I

Por volta de 405, o papa Inocêncio I enviou uma lista de livros sagrados ao bispo gaulês Exupério
de Toulouse,[96] idêntica à lista dos concílios de Agostinho e do Concílio de Trento.[97][98][99] Ela
cita "quatorze" epístolas paulinas, mas F.F. Bruce prefere "treze", excluindo Hebreus.[96] Segundo
a Enciclopédia Católica, na virada do século V, a igreja ocidental, liderada por Inocêncio I,
reconheceu o cânone bíblico previamente estabelecido pelos cânones do Concílio de Roma (382) e
dos concílios norte-africanos de Agostinho.[1]

Outros autores antigos

Cirilo de Jerusalém (c. 350), em sua "Aula Catequética" (4.36), lista os seguintes livros:
"Evangelhos (4), Atos, Tiago, I-II Pedro, I-III João, Judas".[100] As epístolas paulinas (14) e o
Evangelho de Tomé citados como pseudepigrapha.[101]

Em sua Carta Festiva de 367,[102] Atanásio, patriarca de Alexandria, apresentou uma lista idêntica
à que se tornaria o cânone oficial de 27 livros do Novo Testamento[9] e utilizou a palavra
"canonizados" ("kanonizomena") para se referir a eles.[103]
Epifânio (c. 374-377), em "Panarion" (76.5), citou os quatros evangelhos, 13 epístolas de Paulo,
Atos, Tiago, I Pedro, I-III João, Judas, Sabedoria e Sirácida.[101]

O bispo Anfilóquio de Icônio, em seu poema "Jâmbicos para Selêuco",[104] escrito em algum
momento depois de 394, trata do debate sobre a inclusão de vários livros que deveriam ser
admitidos e parece incerto sobre as últimas epístolas de Pedro e João, a epístola de Judas e o
Apocalipse.[105]

Jerônimo (c. 394) lista os seguintes livros como pertencentes ao Novo Testamento em sua Epístola
53: "Quatro do Senhor: Mateus, Marcos, Lucas, João, Epístolas de Paulo (14), I-II Pedro, I-III
João, Judas, Tiago, Atos e Apocalipse".[101]

Cânones orientais

As igrejas orientais sentiram, de modo geral, menos a necessidade de delinear claramente o que
seria o cânone do que as ocidentais. Elas eram mais conscientes da gradação da qualidade
espiritual entre os livros que aceitavam (como a classificação feita por Eusébio) e geralmente se
dispunham menos a afirmar que os livros que elas rejeitavam não possuíam nenhuma qualidade
espiritual.

De forma similar, o cânone do Novo Testamento da Igreja Ortodoxa Síria, Igreja Apostólica
Armênia, Igreja Ortodoxa Georgiana, Igreja Ortodoxa Copta de Alexandria e da Igreja Ortodoxa
Etíope apresentam diferenças menores, mesmo que cinco destas igrejas façam parte da Igreja
Ortodoxa.[106] O Apocalipse é um dos livros mais disputados, pois, no oriente, movimentos como o
quiliasmo e o montanismo levantaram suspeitas sobre ele.[107] Ele só foi traduzido para o
georgiano no século X e jamais foi incluído no lecionário oficial da Igreja Ortodoxa, em tempos
bizantinos ou modernos. Porém, seu status canônico não é disputado.[108]

Fora do Império Bizantino

Cânone sírio

No século IV, a Doutrina de Addai lista um cânone do Novo


Testamento com dezessete livros: Diatessarão (que é uma
harmonia dos quatro evangelhos), Atos e 15 epístolas paulinas
(incluindo III Coríntios). A doutrina é tida como a mais antiga
tradição da igreja síria e defende que somente estes livros
podem lidos nas igrejas, nada mais. Ela também afirma que as Manuscrito em árabe do
epístolas de Paulo teriam sido enviadas por Pedro a partir de Diatessarão, a harmonia evangélica
Roma e que Atos foi enviado por João, filho de Zebedeu, a que substituiu os evangelhos
partir de Éfeso. canônicos na Síria por muitos anos
antes da adoção da Peshitta
Por séculos, este foi o único cânone aceito nas igrejas sírias, o
que significa que a visão do próprio Taciano, mais estrita (ele
rejeitava I Timóteo), não foi a vencedora. Além disso, depois de vários pronunciamentos oficiais
sobre o cânone no século IV, Taciano foi declarado herético e os bispos Teodoreto de Cirro e
Rábula de Edessa (ambas cidades sírias) confiscaram todas as cópias que puderam encontrar do
Diatessarão e as substituíram pelos evangelhos canônicos. Como resultado, nenhuma cópia antiga
do Diatessarão sobreviveu.
No século V, a Bíblia síria, chamada Peshitta, foi formalizada,
aceitando Filêmon, Tiago, I Pedro e I João, mas excluindo II-
III João, II Pedro, Judas e o Apocalipse. Depois do Primeiro
Concílio de Éfeso (431), a Igreja do Oriente se separou e
mantém este cânone como oficial até os dias de hoje. Este
cânone com 22 livros é o que foi citado por João Crisóstomo (c.
347-407) e Teodoreto (393-466) como sendo o utilizado pela
Escola de Antioquia. Ele também inclui o Salmo 151, os Salmos
152-155 e II Baruque no Antigo Testamento. A Igreja Ortodoxa
Síria utiliza este cânone, mas acrescentando os outros livros Manuscrito do século IX da
normalmente presentes no cânone do Novo Testamento, como Peshitta, a Bíblia padrão do
é o caso da Peshitta de Lee (1823).[109] cristianismo sírio, preservado em
Israel
Atualmente, os lecionários oficiais seguidos pela Igreja
Ortodoxa Síria Malancara, com sede em Kottayam, na Índia, e
da Igreja Síria Caldeia, também chamada de Igreja Síria Malabar, com sede em Thrissur, na Índia,
ainda utilizam o cânone de 22 livros da Peshitta original.[109]

Cânone armênio

A Bíblia armênia acrescenta apenas um livro, III Coríntios, que também é parte dos Atos de Paulo,
um livro que foi canonizado pela Igreja Apostólica Armênia, mas que não faz mais parte da Bíblia.
O Apocalipse, porém, só foi aceito por volta de 1200, quando o arcebispo Nerses organizou um
sínodo armênio em Constantinopla justamente para aceitá-lo.[110] Apesar disto, até o final de 1290
houve várias tentativas de incluir no cânone armênio diversos livros apócrifos como "Conselho da
Mãe de Deus aos Apóstolos", o "Livro de Criapos" e a popular "Epístola de Barnabé".

A Igreja Apostólica Armênia também já teve em seu cânone do Antigo Testamento o "Testamento
dos Doze Patriarcas".

Cânones copta e etíope

A Bíblia copta, adotada pela Igreja Ortodoxa Copta, inclui I-II Clemente[110] e a Bíblia etíope,
utilizada pela Igreja Ortodoxa Etíope (Tewahedo), inclui diversos livros não aceitos por nenhuma
outra igreja: "Sinodos" (uma coleção de orações e instruções atribuídas a Clemente de Roma, o
"Octateuco" (um livro supostamente escrito por Pedro para Clemente), o "Livro da Aliança" (em
duas partes: a primeira detalha as regras do ordenamento eclesiástico e a segunda, traz instruções
de Jesus para os discípulos passadas por ele entre a ressureição e a ascensão), e a "Didascalia"
(com mais regras, similar às "Constituições Apostólicas"). Além disto, a ordem, o nome e a divisão
dos capítulos/versículos de alguns livros é ligeiramente diferente dos demais cânones.

Porém, estes livros jamais foram impressos e nunca foram amplamente estudados. Este "cânone
ampliado" também inclui, no Antigo Testamento, uma história dos judeus em oito partes baseada
nas obras de Flávio Josefo, conhecido como "Josefo ben Gurion" (Yosēf walda Koryon).[111][112]

Depois da Reforma (a partir de 1517)


Para os católicos, o "Magistério da Igreja Católica" (em latim: Magisterium) tem um status
equivalente ao da "Santa Tradição" e ao das Sagradas Escrituras e os três, em conjunto, servem
para o bem da Igreja.[113] Ao rejeitar tanto o Magisterium quanto a Tradição, os reformadores
protestantes se concentraram na doutrina da sola scriptura, ou seja, da autoridade da Bíblia
apenas.[114]
A "Encyclopedia of Theology" afirma que os 27 livros que
compõem o cânone do Novo Testamento não foram escolhidos
com base numa lista bíblica que os autentique como inspirados
e, por isso, sua legitimidade é considerada impossível de ser
distinguida com certeza sem apelar para outra fonte infalível,
como o "Magisterium" no caso dos católicos, que se reuniu
pela primeira vez e autenticou esta lista no Concílio de Roma
(382).[115]

Martinho Lutero

Martinho Lutero se incomodava com quatro livros do Novo


Testamento, chamados de "antilegomena": Judas, Tiago,
Hebreus e o Apocalipse. Por isto, ele os posicionou numa
posição secundária em relação aos demais, mas não os excluiu.
Ele propôs removê-los do cânone[116][117] ecoando a opinião de
Martinho Lutero, o padre católico
diversos católicos — como o cardeal Caetano e Erasmo — e,
que deu início à Reforma
Protestante, um evento importante
parcialmente, por causa de ensinamentos que ele percebia
no desenvolvimento do cânone do
como sendo contrário às doutrinas protestantes como a sola
Novo Testamento.
gratia e a sola fide, uma tese que não é geralmente aceita por
1861. Por Joseph Noel Paton, atualmente
seus seguidores. Ainda hoje estes livros aparecem em último
na Galeria Nacional da Escócia. lugar na Bíblia de Lutero alemã.[118][119]

Confissões protestantes

Entre as confissões de fé elaboradas pelos protestantes, diversas identificaram pelo nome os 27


livros do cânone do Novo Testamento, incluindo a Confissão de Fé Francesa (1559), a Confissão
Belga (1561) e a Confissão de Westminster (1647), do período da Guerra Civil Inglesa. Os Trinta e
Nove Artigos, proclamados pela Igreja da Inglaterra em 1563, nomeia os livros do Antigo
Testamento, mas não os do Novo. Nenhuma das confissões proclamadas pela Igreja Luterana
inclui uma lista explícita de livros canônicos.

Critérios de canonicidade

Muitos protestantes modernos citam quatro "Critérios de Canonicidade" para justificar quais livros
devem ser incluídos no Antigo e no Novo Testamento:

1. Origem Apostólica – atribuído a e baseado no ministério e nos ensinamentos da primeira


geração de apóstolos ou seus companheiros próximos;
2. Aceitação Universal – reconhecido por todas as grandes comunidades cristãs do mundo
antigo no final do século IV;
3. Uso Litúrgico – lidos publicamente quando as primeiras comunidades cristãs se reuniam para
a "Ceia do Senhor", o serviço religioso semanal;
4. Mensagem Consistente – conteúdo teológico similar ou complementar a outros textos cristãos
aceitos universalmente.

O fator básico para o reconhecimento da canonicidade era a inspiração divina e o teste principal
para isto era a "Origem Apostólica". Neste contexto, o termo "apostólico" não necessariamente
significa autoria ou derivação apostólica e sim "autoridade apostólica". Esta, por sua vez, está
necessariamente ligada a autoridade divina através da sucessão apostólica.
Contudo, é muitas vezes difícil aplicar estes critérios a todos os livros do cânone aceito e livros
considerados como apócrifos poderiam preencher estes critérios. Por isso, na prática, os
protestantes defendem o cânone da Bíblia hebraica e o cânone católico para o Novo Testamento
(27 livros).

Cânones evangélicos

Muitas denominações cristãs evangélicas (a partir de c. 1730, na Inglaterra) não aceitam a teoria de
que a Bíblia cristã não era conhecida até que seu cânone fosse determinado por concílios, locais e
concílios ecumênicos, que eles consideram "dominados por Roma".

Estes grupos defendem que o Novo Testamento afirma que Paulo (II Timóteo 4:11–13), Pedro (II
Pedros 3:15–16) e João (Apocalipse 22:18–19) finalizaram o cânone do Novo Testamento. Algumas
lembram que os três escreveram 20 (ou 21 se considerarmos que Hebreus foi escrita por Paulo) dos
27 livros do Novo Testamento e conheciam pessoalmente todos os demais autores.[e]

Contrarreforma (depois de 1546)

Concílio de Trento

Em 8 de abril de 1546, durante o Concílio de Trento, foi


aprovada a afirmação do cânone da moderna Bíblia católica,
que inclui os livros deuterocanônicos, como um artigo de fé (a
lista de livros já havia sido reafirmada por unanimidade). A
decisão foi confirmada através da aprovação por voto de um
anátema (24 a favor, 15 contra e 16 abstenções) contra
qualquer tentativa de alterar o cânone.[120] A lista aprovada
reafirmava a lista produzida em 4 de fevereiro de 1442, na 11ª O Concílio de Trento (1546) tornou
sessão do Concílio de Florença,[121] pelos concílios norte- dogmática a definição católica do
cânone bíblico
africanos de Agostinho entre 393 e 419[2] e, provavelmente,
pelo papa Dâmaso I pelo Concílio de Roma (382).[9][122]

Eventos posteriores

O Concílio Vaticano I, em 24 de abril de 1870, aprovou o "Final longo de Marcos" (Marcos 16:9–
20), Lucas 22:19b-20, a "Agonia no Horto" (Lucas 22:43–44) e a "Perícope da Adúltera" (João
7:53-João 8:11), trechos disputados por não constarem em alguns dos manuscritos mais antigos,
mas presentes na Vulgata.[123]

Em 2 junho de 1927, o papa Pio XI decretou que o "Comma Johanneum" (I João 5:7–8)
permanece em disputa.

Em 3 de setembro de 1943, o papa Pio XII proclamou a encíclica "Divino afflante Spiritu", que
permitiu novas traduções da Bíblia baseadas em textos diferentes da Vulgata latina.

Igreja Ortodoxa (depois de 1672)

Sínodo de Jerusalém
O Sínodo de Jerusalém, em 1672, decretou que o cânone da Igreja Ortodoxa seria idêntico ao
decidido pelo Concílio de Trento. Os bispos reunidos "...chamaram de Escritura todos [os livros]
que Cirilo colecionou do Sínodo de Laodiceia e enumeraram, acrescentando às Escrituras aqueles
que ele tolamente ou ignorantemente ou ainda maliciosamente chamou de Apocrypha;
especificamente [lista dos livros deuterocanônicos...]".[124]

Notas
a. John Knox[25] (que não deve ser confundido com o reformador protestante) foi o primeiro a
propor que o Evangelho de Marcião pode ter precedido o Evangelho de Lucas e os Atos dos
Apóstolos[26] mesmo defendendo que Marcião editou as fontes que tinha em mãos[27]
b. "Deus fez habitar na carne que ele havia escolhido o Espírito Santo preexistente, que criou
todas as coisas. Essa carne, em que o Espírito Santo habitou, serviu muito bem ao Espírito,
andando no caminho da santidade e pureza, sem macular em nada o Espírito. Ela se portou
digna e santamente, participou dos trabalhos do Espírito e colaborou com ele em todas as
coisas. Comportou-se com firmeza e coragem e, por isso, Deus a escolheu como companheira
do Espírito Santo. Com efeito, a conduta dessa carne agradou a Deus, pois ela não se
maculou na terra, enquanto possuía o Espírito Santo. Ele tomou então o Filho e os anjos
gloriosos por conselheiros, para que essa carne, que tinha servido ao Espírito
irrepreensivelmente, obtivesse um lugar de repouso e não parecesse ter perdido a recompensa
pelo seu serviço. Toda carne em que o Espírito Santo habitou e que for encontrada pura e sem
mancha, receberá sua recompensa".[47]
c. "Hermas jamais menciona Jesus Cristo ou o Verbo, mas apenas o "Filho de Deus", que é o
anjo mais alto. Como o Espírito Santo do Filho habita na carne, esta natureza humana é o filho
adotivo de Deus".[48]
d. Contra o rumor, veja Romanos 3:8, 31.
e. Os livros não atribuídos aos três são Mateus, Marcos, Lucas, Atos, Tiago e Judas. A autoria de
Hebreus é tema de disputa desde os primeiros anos do cristianismo.

Referências
1. " Canon of the New Testament" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em
domínio público.
2. Philip Schaff, «Chapter IX. Theological Controversies, and Development of the Ecumenical
Orthodoxy» (http://www.ccel.org/s/schaff/history/3_ch09.htm), History of the Christian Church
(em inglês), CCEL
3. Gamble, Harry Y, «18», The Canon Debate (em inglês), p. 300, note 21
4. Martyr, Justin, First Apology (em inglês), 67.3.
5. Ferguson 2002, p. 301.
6. Noll 1997, pp. 36–37.
7. de Jonge 2003, p. 315.
8. Ackroyd & Evans 1970, p. 308.
9. Lindberg 2006, p. 15.
10. Brakke 1994.
11. McDonald & Sanders 2002, Appendix D-2, note 19.
12. Ferguson 2002, p. 320.
13. Bruce 1988, p. 230.
14. Augustine, 22.8.
15. Bruce 1988, p. 234.
16. Bruce 1988, p. 225.
17. Metzger 1987, pp. 237–38.
18. Bruce 1988, p. 97.
19. Bruce 1988, p. 215.
20. Ackroyd & Evans 1970, p. 305.
21. Metzger 1987, p. 43.
22. Marcion (http://www.earlychristianwritings.com/marcion.html) (em inglês), Early Christian
writings.
23. Ignatius (http://www.ntcanon.org/Ignatius.shtml) (em inglês), NT Canon.
24. von Harnack, Adolf (1914). Origin of the New Testament (http://www.ccel.org/ccel/harnack/origi
n_nt.v.vi.html) (em inglês). [S.l.: s.n.]
25. Knox, John, Marcion and the New Testament: An Essay in the Early History of the Canon,
ISBN 0-404-16183-9
26. Marcion (http://ontruth.com/marcion.html) (em inglês), On truth, consultado em 19 de junho de
2017, cópia arquivada em |arquivourl= requer |arquivodata= (ajuda) 🔗 (https://web.archi
ve.org/web/20071016131116/http://ontruth.com/marcion.html) Parâmetro desconhecido
|fechaarchivo= ignorado (|arquivodata=) sugerido (ajuda).
27. Marcion (http://www.christianorigins.com/marcion.html) (em inglês), Christian origins.
28. Wace, Henry (1911). «Marcion» (http://www.earlychristianwritings.com/info/marcion-wace.html).
Early Christian Writings (em inglês). [S.l.: s.n.]
29. Ferguson 2002.
30. 2002 308.
31. Kessler, Edward; Wenborn, Neil, A Dictionary of Jewish-Christian Relations (https://books.googl
e.com/books?id=QkI_JNv3rIwC&pg=PA316), ISBN 9781139447508 (em inglês), p. 316.
32. Price.
33. Ferguson 2002, pp. 302–3.
34. Justino Mártir, Primeira Apologia 67.3.
35. Ferguson 2002, pp. 302–3 note 32.
36. Craig D. Allert, Revelation, Truth, Canon, and Interpretation (https://books.google.com/books?id
=wGsJ8ndwDnQC&pg=PA178) (BRILL 2002 ISBN 978-9-00412619-0), p. 178 (em inglês)
37. Saint Justin Martyr (http://www.britannica.com/biography/Saint-Justin-Martyr) (em inglês),
Encyclopædia Britannica, Inc.
38. Justino Mártir, Diálogos 88.3
39. Ireneu de Lyon, Adversus Haereses 3.11.8.
40. McDonald & Sanders 2002, p. 277.
41. McDonald & Sanders 2002, pp. 280, 310
42. Streeter, Tom. The Church and Western Culture (https://books.google.com/books?id=m_BcTvy
yP_YC) (em inglês). Bloomington, IN: AuthorHouse. p. 115. ISBN 978-1-42595349-2
43. McDonald & Sanders 2002, p. 288
44. Ireneu de Lyon, Adversus Hæreses 3.12.12 (http://www.ccel.org/fathers2/ANF-01/anf01-60.htm
#P7525_2024213).
45. Wallace, J. Warner (2013). «How the Ante-Nicene Church Fathers Preserved the Eyewitness
Gospel Accounts» (http://coldcasechristianity.com/2013/how-the-ante-nicene-church-fathers-pr
eserved-the-eyewitness-gospel-accounts/) (em inglês). Cold Case Christianity
46. Dillon, John J. (1991). St. Irenaeus of Lyons Against the Heresies (https://books.google.com/bo
oks?id=LUOskdepLlAC&pg=PA9) (em inglês). Mahwah, NJ: Paulist Press. p. 9. ISBN 978-0-
80910454-3
47. Pastor de Hermas, capítulo 59 (https://docs.google.com/document/d/1nswXJeOCDDhpkzGUcc
OMd-jIYquSY14wLWj0_ZmV5RE/edit) (em português).
48. Patrick W. Carey, Joseph T. Lienhard (editors), Biographical Dictionary of Christian
Theologians, page 241 (Greenwood Press, 2008). ISBN 0-313-29649-9
49. The Muratorian Canon (http://www.earlychristianwritings.com/muratorian.html) (em inglês),
Early Christian writings
50. Bauckham 2006, pp. 425–26.
51. Ferguson, E (1982), «Canon Muratori: Date and Provenance», Studia Patristica (em inglês),
17: 677–83.
52. Ferguson, E (1993), «The Muragorian Fragment and the Development of the Canon», Journal
of Theological Studies (em inglês), 44: 696.
53. Bruce, FF (1983), «Some Thoughts on the Beginning of the New Testament Canon», Bulletin of
the John Rylands Library (em inglês), 65: 56–57.
54. Metzger 1987, pp. 193–94.
55. Henne, P (1993), «La datation du Canon de Muratori» [The dating of the Muratorian canon],
Revue Biblique (em inglês), 100: 54–75.
56. Horbury, W (1994), «The Wisdom of Solomon in the Muratorian Fragment», Journal of
Theological Studies (em inglês), 45: 146–59.
57. Hill, CE (1995), «The Debate over the Muratorian Fragment and the Development of the
Canon», Westminster Theological Journal (em inglês), 57.
58. Bauckham 2006, p. 426.
59. Hahneman, GM (1992), The Muratorian Fragment and the Development of the Canon (em
inglês), Oxford: Oxford University Press.
60. Anchor Bible Dictionary (em inglês).
61. McDonald & Sanders 2002, p. 595, note 17
62. The Muratorian Fragment (http://www.bible-researcher.com/muratorian.html), Bible Research
63. Lightfoot, Joseph Barber, Commentary on the Epistle to the Galatians
64. Bauckham, RJ (1983), Word Bible Commentary, Vol.50, Jude-2 Peter, Waco
65. Lieuwen, Daniel F, NT canon emergence (http://orthodoxinfo.com/inquirers/ntcanon_emergenc
e.aspx) (em inglês), Orthodox info.
66. Metzger 1987, p. 150.
67. The Oxford Dictionary of the Christian Church (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 45
68. "Montanists" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
69. Pamphili c. 330, Book 3, chapter XXV: The Divine Scriptures that are accepted and those that
are not (http://www.ccel.org/ccel/schaff/npnf201.iii.viii.xxv.html).
70. Kalin, Everett R (2002), «The New Testament Canon of Eusebius» (em McDonald), pp. 403-4
Parâmetro desconhecido |in2= ignorado (ajuda);
71. Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica III.25 (http://www.faberj.edu.br/downloads/biblioteca/
teologia/Eusebio_de_Cesareia.pdf) Arquivado em (https://web.archive.org/web/201707130005
15/http://www.faberj.edu.br/downloads/biblioteca/teologia/Eusebio_de_Cesareia.pdf) 13 de
julho de 2017, no Wayback Machine. (em português)
72. Kalin, ER (1990), «Re-examining New Testament Canon History: 1. The Canon of Origen»,
Currents in Theology and Mission (em inglês), 17: 274–82
73. Pamphili c. 330, 3.24.17–18 (http://www.faberj.edu.br/downloads/biblioteca/teologia/Eusebio_d
e_Cesareia.pdf).
74. McDonald & Sanders 2002, p. 395.
75. Pamphili c. 330, 3.3.5 (http://www.faberj.edu.br/downloads/biblioteca/teologia/Eusebio_de_Ces
areia.pdf).
76. Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica IV.29 (http://www.faberj.edu.br/downloads/bibliotec
a/teologia/Eusebio_de_Cesareia.pdf) Arquivado em (https://web.archive.org/web/20170713000
515/http://www.faberj.edu.br/downloads/biblioteca/teologia/Eusebio_de_Cesareia.pdf) 13 de
julho de 2017, no Wayback Machine. (em português)
77. Codex Claromontanus (http://www.bible-researcher.com/claromontanus.html), Bible
Researcher.
78. McDonald & Sanders 2002, pp. 584.
79. Martin Hengel (2004), Septuagint As Christian Scripture (https://books.google.com/books?id=L
UmGZ0NiweAC), ISBN 9780567082879 (em inglês), A&C Black, p. 57
80. The Canon Debate, pages 414–415
81. «Council of Laodicea» (http://www.bible-researcher.com/laodicea.html) (em inglês). bible-
researcher
82. Schaff (ed.), Nicene and Post Nicene Fathers (http://www.ccel.org/ccel/schaff/npnf214.viii.vii.iii.l
xv.html), XIV, The Christian classics ethereal library.
83. "Synod of Laodicea" (http://www.newadvent.org/fathers/3806.htm) Nicene and Post-Nicene
Fathers, Second Series, Vol. 14. Philip Schaff and Henry Wace (eds). Buffalo, New York:
Christian Literature Publishing Co., (1900). (em inglês)
84. «The Cheltenham List» (http://www.bible-researcher.com/cheltenham.html) (em inglês). Bible
Research. Consultado em 8 de julho de 2007
85. «The Cheltenham Canon» (http://www.ntcanon.org/Cheltenham_Canon.shtml) (em inglês). NT
canon
86. Cheltenham (http://www.bible-researcher.com/cheltenham.html) (em inglês), Bible researcher
87. Apostolic Canons (http://www.ntcanon.org/Apostolic_Canons.shtml), NT canon.
88. Michael D. Marlowe. «The "Apostolic Canons" (about A.D. 380)» (http://www.bible-researcher.c
om/apostolic.html). Bible Research (em inglês). Cópia arquivada em 29 de agosto de 2010 (htt
ps://web.archive.org/web/20100829192040/http://www.bible-researcher.com/apostolic.html)
89. James Donaldson, D.D. (ed.), «Ecclesiastical Canons of the Same Holy Apostles» (http://www.
ccel.org/ccel/schaff/anf07.ix.ix.vi.html), Constitutions of the Holy Apostles (em inglês), Christian
Classics Ethereal Library
90. «Apostolic Canons» (http://encyclopedia.jrank.org/APO_ARN/APOSTOLIC_CANONS.html)
(em inglês)
91. "Apostolic Canons" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio
público.
92. Decretum Gelasianum (http://www.tertullian.org/decretum_eng.htm) (em inglês), Tertulian.
93. Bruce 1988, p. 234.
94. Turner, CH, ed. (1900), «Damasian Canon», JTS, 1: 554–60.
95. Augustine, Aurelius, On Christian Doctrine (http://www9.georgetown.edu/faculty/jod/augustine/d
dc2.html) (em inglês), II.12.8, Georgetown.
96. «Letter of Innocent I on the Canon of Scripture» (http://www.bible-researcher.com/innocent.htm
l) (em inglês)
97. Ramage, Matthew J. (2013). Dark Passages of the Bible (https://books.google.com/books?id=Z
ZYTAQAAQBAJ&pg=PA67) (em inglês). [S.l.]: CUA Press. p. 67. ISBN 978-0-81322156-4
98. Lee Martin McDonald, Formation of the Bible (https://books.google.com/books?id=4SuRX3APs
ukC&pg=PA149) (Hendrickson Publishers 2012 ISBN 978-1-59856838-7), p. 149
99. John L. Mckenzie, The Dictionary of the Bible (https://books.google.com/books?id=aE7EyQ_H
QAMC&pg=PA119) (Simon and Schuster 1995 ISBN 978-0-68481913-6), p. 119
100. Cyril of Jerusalem on the Canon (http://www.bible-researcher.com/cyril.html) (em inglês), Bible
Research
101. McDonald & Sanders 2002, Appendix D-2.
102. Athanasius (367), Schaff, ed., Easter letter (http://www.ccel.org/ccel/schaff/npnf204.xxv.iii.iii.xx
v.html) (em inglês), The Christian classic ethereal library.
103. Brakke, David (1994), «Canon Formation and Social Conflict in Fourth Century Egypt:
Athanasius of Alexandria's Thirty Ninth Festal Letter», Harvard Theological Review (em inglês),
87: 395–419.
104. «The Canon of Amphilochius of Iconium (after 394 CE)» (http://www.ntcanon.org/Amphilochius.
canon.shtml) (em inglês)
105. The Canon Debate, page 400, note 78, translation attributed to Metzger's Canon of the NT
page 314
106. Metzger 1987.
107. Eugenia Scarvelis Constantinou (editor) Commentary on the Apocalypse (https://books.google.
com/books?id=AmMEhsEYHUsC&printsec=frontcover&dq=%22Eastern+Orthodox%22+Apocal
ypse&hl=en&sa=X&ei=fAx3VKzwGc2I7Aa54YCYCQ&redir_esc=y#v=onepage&q=%22Easter
n%20Orthodox%22%20Apocalypse&f=false) by Andrew of Caesarea (CUA Press 2011 ISBN
978-0-81320123-8), p. 3 (em inglês)
108. «The Longer Catechism of The Orthodox, Catholic, Eastern Church • Pravoslavieto.com» (htt
p://www.pravoslavieto.com/docs/eng/Orthodox_Catechism_of_Philaret.htm#ii.xv.iii.i.p41) (em
inglês)
109. «Peshitta» (http://www.ntcanon.org/Peshitta.shtml). The Development of the Canon of the New
Testament. [S.l.]: NT canon
110. «Reliability» (https://web.archive.org/web/20071008124635/http://www.theologicalperspectives.
com/RELIABILITY4.html) (em inglês). Theological Perspectives. Arquivado do original (http://w
ww.theologicalperspectives.com/RELIABILITY4.html) em 8 de outubro de 2007
111. Ethiopian Canon (http://www.islamic-awareness.org/Bible/Text/Canon/ethiopican.html), Islamic
Awareness. (em inglês)
112. «Fathers» (http://www.ccel.org/p/pearse/morefathers/harden_ethiopic_literature.htm#CHAPTE
R%20IV) (em inglês). Christian Classics Ethereal Library (CCEL)
113. Dei verbum, n. 10.
114. Michael Horton (1994). «Reformation Essentials» (https://web.archive.org/web/2008073122582
7/http://www.monergism.com/updates/reformation_essentials_by_mich.php). Modern
Reformation (em inglês). Arquivado do original (http://www.monergism.com/updates/reformatio
n_essentials_by_mich.php) em 31 de julho de 2008
115. Karl Rahner, ed. (1999). Encyclopedia of Theology: A Concise Sacramentum Mundi (https://boo
ks.google.com/books?id=WtnR-6_PlJAC&pg=PA172) (em inglês). [S.l.]: Burns & Oates. p. 172.
ISBN 978-0860120063
116. «Martin Luther» (https://web.archive.org/web/20080322080915/http://www.wels.net/sab/qa/luth
er-03.html) (em inglês). WELS. Arquivado do original (http://www.wels.net/sab/qa/luther-03.htm
l) em 22 de março de 2008
117. «Luther's Treatment of the 'Disputed Books' of the New Testament» (http://www.bible-researche
r.com/antilegomena.html) (em inglês)
118. «Gedruckte Ausgaben der Lutherbibel von 1545» (https://archive.is/20100419071230/http://ww
w.bibelcenter.de/bibel/lu1545/) (em inglês). Arquivado do original (http://www.bibelcenter.de/bib
el/lu1545/) em 19 de abril de 2010
119. «German Bible Versions» (http://www.bible-researcher.com/links10.html) (em inglês). Bible
researcher
120. Metzger 1997, p. 246
121. «Council of Basel 1431-45 A» (http://www.papalencyclicals.net/Councils/ecum17.htm) (em
inglês). Papalencyclicals.net
122. F.L. Cross, E.A. Livingstone, ed. (1983), The Oxford Dictionary of the Christian Church (em
inglês) 2nd ed. , Oxford University Press, p. 232
123. «2», Session 3 (http://www.dailycatholic.org/history/20ecume1.htm#SESSION%203%20:%202
4%20April%201870) (em inglês), Daily Catholic, Item 6.
124. Dennis Bratcher (ed.), The Confession of Dositheus (Eastern Orthodox, 1672) (http://www.crivo
ice.org/creeddositheus.html) (em inglês), CRI / Voice, Institute

Bibliografia

Fontes primárias
Agostinho, De Civitate Dei (em latim)
Eusébio, História Eclesiástica (http://www.faberj.edu.br/downloads/biblioteca/teologia/Eusebio_
de_Cesareia.pdf) (PDF), consultado em 19 de junho de 2017, cópia arquivada (PDF) em
|arquivourl= requer |arquivodata= (ajuda) 🔗 (https://web.archive.org/web/201707130005
15/http://www.faberj.edu.br/downloads/biblioteca/teologia/Eusebio_de_Cesareia.pdf)
Parâmetro desconhecido |fechaarchivo= ignorado (|arquivodata=) sugerido (ajuda).

Fontes secundárias
Ackroyd, PR; Evans, CF, eds. (1970), The Sanders, JA, The Canon Debate (em inglês),
Cambridge History of the Bible (em inglês), Hendrickson.
1, Cambridge University Press. Gamble, Harry (1985), The New Testament
Bauckham, Richard (2006), Jesus and the Canon. Its Making and Meaning (em inglês),
Eyewitnesses (em inglês), Cambridge: Fortress Press.
Eerdmans. Kruger, Michael (2012), Canon Revisited.
BeDuhn, Jason (2013), The First New Establishing the Origins and Authority of the
Testament. Marcion's Scriptural Canon (em New Testament Books (em inglês),
inglês), Polebridge Press. Crossway.
Bourgel, Jonathan (2012). «Do the Synoptic Kruger, Michael (2013), The Question of
Narratives of the Passion Contain a Stratum Canon. Challenging the Status Quo in the
Composed in Judea on the Eve of the Great New Testament Debate (em inglês),
Revolt?" ». NTS (em francês) (58): 503-21 InterVarsity Press.
Brakke, David (1994), «Canon Formation Lindberg, Carter (2006), A Brief History of
and Social Conflict in Fourth Century Egypt: Christianity, ISBN 1-4051-1078-3 (em
Athanasius of Alexandria's Thirty Ninth inglês), Blackwell.
Festal Letter», Harvard Theological Review McDonald, LM; Sanders, JA, eds. (2002),
(em inglês), 87: 395–419. The Canon Debate (em inglês),
Bruce, FF (1988), The Canon of Scripture Hendrickson.
(em inglês), Intervarsity Press. Metzger, Bruce (1987), The Canon of the
de Jonge, HJ (2003), «The New Testament New Testament: Its Origins, Development,
Canon», in: de Jonge, HJ; Auwers, JM, The and Significance (em inglês), Oxford:
Biblical Canons (em inglês), Leuven Clarendon.
University Press Noll, Mark A (1997), Turning Points.Decisive
Ferguson, Everett (2002), «Factors leading Moments in the History of Christianity (em
to the Selection and Closure of the New inglês), Baker Academic.
Testament Canon», in: McDonald, LM;

Ligações externas
«The Development of the Canon of the New Testament» (http://www.ntcanon.org/) (em inglês).
NT Canon
Price, Robert, The Evolution of the Pauline Canon (http://depts.drew.edu/jhc/Rpcanon.html)
(em inglês).
A HISTÓRIA DO CÂNON BÍBLICO (https://www.youtube.com/watch?v=R9oX4VqVr7k) (vídeo)

Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Desenvolvimento_do_cânone_do_Novo_Testamento&oldid=64338494"

Você também pode gostar