Pesquisa e Ação V3 N2: Dezembro de 2017 ISSN 2447-0627

PRINCIPAIS LESÕES DECORRENTES A PRÁTICA DE JUDÔ: UMA REVISÃO DA

LITERATURA
Jonathan Rodrigues de Oliveira1; Luiz Henrique Moura Souza Filho1; Marta Francine Cercena Pozenato1;
Carlos Alberto Santos2; Laila Moussa3; Márcia Regina Pinez Mendes4

RESUMO
Introdução: O Judô é um esporte de contato do início ao fim, sendo muito comum a ocorrência de lesões tanto no treino como em
competição. Por ser um esporte com grande demanda de esforço, é necessário verificar os mecanismos da ocorrência das lesões e
analisar os segmentos mais acometidos. Objetivo: Realizar uma revisão da literatura sobre a ocorrência das lesões na prática do
Judô. Metodologia: revisão de literatura sistemática, através de dados Scientifc Electronic Library Online (Scielo), PuBMed e
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), em português e inglês, não havendo restrição de ano de
publicação. Resultados: Foram utilizados 7 artigos para revisão sobre a incidência das lesões decorrente da prática do Judô
verificando os golpes, os tipos de lesão e a sua frequência. As lesões são mais frequentes no treinamento do que na competição, e em
sua maior parte acomete as articulações como joelho, ombro e tornozelo com grande prevalência de entorses e subluxações.
Conclusão: O Judô é um esporte de contato amplamente praticado e seu índice de lesão é alto no que se refere ao treinamento. O
volume de treino e a posição do judoca estão diretamente ligadas ao tipo de lesão.
Palavras-chave: Judô. Lesões. Prevalência.

ABSTRACT
Introduction: Judo is a contact sport from beginning to the end, being quite usual the ocurrence of lesions in trainings as in
competition. Because it is a sport that demands a great effort, it is necessary to verify the mecanism of lesions and analyze the most
affected segments. Objectives: Carry out a review of the literature on the occurrence of lesions in Judo practice. Metodology:
systematic literature review, using data from Scientifc Electronic Library Online (Scielo), PuBMed and Latin American and
Caribbean Literature on Health Sciences (LILACS), in Portuguese and English, with no restriction of year of publication. Results:
Seven articles were used for reviewing the incidence of lesions resulting from the practice of judo, checking strokes, the types of
lesions and their frequency. These Injuries are more frequent in training than in competition, and most affect the joints such as the
knee, shoulder and ankle with a high prevalence of sprains and subluxations. Conclusion: Judo is a widely practiced contact sport
and its lesion rate is high in terms of training. The training volume and the position of the judoka are directly related to the type of
injury.
Key Words: Judo. Lesion. Prevalence.

INTRODUÇÃO

O Judô foi criado no Japão, em 1882, pelo professor de Educação Física Jigoro Kano, seu
objetivo era criar uma arte marcial que trabalhasse o corpo, mente e espírito¹. Chegou ao Brasil no
ano de 1922, durante o período da imigração japonesa.

Caracteriza-se por ser praticada no dojô (é o local onde se prática artes marciais) em um
formato quadrado. As lutas duram aproximadamente 5 minutos. O judoca que atingir primeiro o
Ippon vence a luta. Caso o atleta não tenha conseguido o Ippon, vence aquele que tiver a maior
pontuação ou menos punições.

Não são permitidos golpes no rosto ou que possam provocar lesão no pescoço ou vértebras,
sendo passíveis de punições; quando houver reincidência o atleta pode ser desclassificado.

1 Acadêmicos do curso de Fisioterapia da Universidade Braz Cubas - Mogi das Cruzes - SP.
2 Mestre e Orientador de Conteúdo - Universidade Braz Cubas - Mogi das Cruzes - SP
3 Mestre e Orientadora Metodológica - Universidade Braz Cubas - Mogi das Cruzes - SP
4 Mestrado em Desenvolvimento Humano e Educação pela Universidade Estadual de Campinas, Brasil(2001). Membro
do Comitê de Ética em Pesquisa - CEP da Universidade Braz Cubas , Brasil
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O judô foi reconhecido como modalidade olímpica, em 1964, nos Jogos Olímpicos de
Tokyo. ²

É um esporte de contato, sendo assim seus praticantes estão sujeitos a lesões. O

número de atendimentos clínicos e traumatológicos durante os Jogos Pan-Americanos de Mar
del Plata, em 1995, mostrou que o judô foi o quarto esporte em números geral de
atendimentos, sendo no quadro traumatológico em primeiro. ³

As lesões ocorrem principalmente nos movimentos de arremessar, empurrar, puxar,

estrangular e ataques as articulações.4 Tão grande é o número de lesões que existe um
questionário elaborado por Carazzato; Cabrita; Castropi em, 1996, para a população
brasileira.

Tais lesões estão relacionadas a fatores como idade, sexo, capacidade física, dieta,
psicológico, técnicas do esporte, equipamentos, treino, competições e condições climáticas. 5

Hoje em dia existe uma grande procura por atividades físicas e o judô passou a ser
procurado também como uma forma de atividade para aqueles que não querem seguir uma
carreira, mas sim buscar uma forma de descontrair do dia a dia, sendo assim há praticantes
que não vivem somente para o esporte, mas estão sujeitas as lesões que o esporte oferece. 6

Por ser uma modalidade muito procurada por pessoas de todas as idades e ter o contato
físico direto, o número de traumas de pequenas e grandes proporções é muito elevado.

Esse estudo teve como objetivo revisar a literatura sobre as principais lesões dentro do
Judô sejam elas micro ou macro traumáticas.

2 OBJETIVOS

GERAL

- Revisar a literatura sobre a incidência de lesões na prática do judô.

ESPECÍFICO

- Revisar os tipos de lesões decorrentes do Judô.

- Revisar quais golpes que podem levar a uma lesão.
- Revisar a frequência dos locais de lesões.
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3 METODOLOGIA

Esse trabalho é uma revisão de literatura sistemática, feito através de dados Scientifc
Electronic Library Online (Scielo), PuBMed e Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS), em português e inglês, não havendo restrição de ano de
publicação.
Os artigos foram selecionados através do seguinte critério: ter como tema principal as
lesões em praticantes de Judô.
O critério de exclusão foram artigos de revisão de literatura.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os artigos foram selecionados em ordem cronológica. Na tabela 1 contém as

informações do autor e ano, objetivos, metodologia, resultados e conclusão.

Tabela 1- autor e ano, objetivo, metodologia, resultado e conclusão.

Autor Objetivos Metodologia Resultados Conclusão

Barsonttini, Verificar a Aplicação de Foram avaliados Os golpes que
Guimarães e ocorrência das questionário 46 atletas geraram maior
Moraes (2006)7 lesões em relação fechado na cidade masculinos e 32 incidência de
a técnica do de São José dos femininos, foi lesão foram o
atleta. Campos –SP por observado no ippon, seoi
diferentes estudo que 23% Nague, o Tai
educadores físicos. das lesões foram otoshi e Uchi
no joelho, 16% no mata, e que as
ombro e 39% as lesões foram mais
demais. frequentes nos
treinamentos.
Souza (2014)8 Investigar a Aplicação de um Participaram da A maioria dos
prevalência lesões questionário pesquisa 38 atletas de judô já
em atletas de composto por 14 judocas, desses, sofreram lesão
judô. perguntas para seis foram pelo menos uma
investigar a excluídos, um por vez. Dentre as
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prevalência de apresentar lesões, o

lesões e alteração diagnóstico mais
caracterização da musculoesqueléti presente foi o de
amostra ca e cinco por luxações, com o
praticarem ombro sendo o
atividades físicas segmento
que não o judô corpóreo mais
mais de quatro acometido. A
vezes na semana. grande maioria
Amostra total foi das lesões se deu
composta de 32 durante o
atletas treinamento.
Carvalho Definir o perfil Aplicação de A amostra foi Foi registrado que
(2015)9 epidemiológico questionário constituída por 83% dos atletas
lesional de uma individual a atletas 212 atletas com teve pelo menos
população de nacionais e idade média de uma lesão.
jovens judocas de estrangeiros 16,8 ± 1,5 anos e Verificou- se que
alto nível presente em predomínio do a maioria das
competitivo competições sexo masculino. lesões ocorreram
nacionais e internacionais A média de anos durante o treino e
estrangeiros realizadas durante de prática da cerca de ¾ das
o ano de 2014. modalidade foi de lesões ocorreram
9,7 ± 3,1. durante a ação em
Identificaram-se pé. Com maior
347 lesões. prevalência na
articulação do
ombro.
10
Dorta. (2015) Verificar a região Foram avaliados 50 Em relação ao O local com
mais acometida atletas praticantes predomínio de maior incidência
de lesões em de judô. A lesões nos de lesão dentro
atletas de judô. avaliação foi feita membros mais dos MMII foi o
através de um acometidos no joelho com
 111

questionário que judô, mostrou que 32.26% seguido

verificava a o principal por 29.04% de
incidência de membro lesões no dorso e
lesões mais acometido foi o dedos do pé,
acometida no judô. membro inferior 19.36% nos
com 62% sendo o tornozelos, 9.68%
joelho o local de lesões nas
mais acometido coxas, 6,45% nas
com 32 %. pernas e 3.21%
nos quadris.

Junges (2015)11 Levantar as Aplicação de Após a exclusão Concluiu-se que o

principais lesões questionário das lesões joelho, seguido
que acometem os fechado, com decorrentes de do ombro foram
atletas de judô, amostra de 28 aquecimentos e os segmentos
verificar qual a atletas de situações anatômicos mais
lesão mais competição de isoladas, foi lesionados, sendo
frequente. nível regional, observado que a que no ombro
nacional e lesão mais houve grande
internacional. frequente foi o número de
joelho (27%) subluxação e
seguida do ombro luxação.
(23%).
 112

Sacras (2016)12 Quantificar o Estudo foi As regiões: Prevalência de

número de lesões constituído por 30 ombro, joelho, lesões elevada
e prevalência de judocas franceses e coluna lombar e nos judocas de
lesões e a 30 judocas dedos foram as ambas as
prevalência por portugueses. Todos regiões em que os amostras, sendo
zona corporal em os atletas atletas referiram que as regiões
judocas preencheram um mais dor. Os mais afetadas são
Portugueses e questionário atletas Franceses idênticas para
Franceses. individual. apresentaram Portugueses e
valores mais Franceses. Assim
elevados de dor as estruturas mais
em comparação frequentemente
com os atletas lesadas são
Portugueses. ombro, coluna
lombar e joelho.

Mazato et al. Descrever a Aplicação de Segunda a Os locais de

(2017)13 epidemiologia de inquérito de natureza e maiores lesões
lesão morbidade referida, mecanismo foram ombro e
musculoesqueléti com amostra de causal, a maioria tornozelo ou pé.
ca e analisar a 111 judocas dos relatos foi O sexo masculino
ocorrência de confederados e constituída por e a maior carga
lesão em judocas. residente em lesões articulares horária semanal
Campo Grande – traumáticas 37%. de treino são um
MS. dos principais
fatores associado
a lesão.

Este estudo teve como objetivo demonstrar através de uma revisão da literatura a
prevalência de lesões decorrente da prática do judô, após analisar os dados foi possível
 113

verificar nos relatos dos autores a incidência de lesões tanto na prática competitiva quanto no
treinamento.

Barsonttini, Guimarães e Moraes em 2006 verificaram que o maior índice de lesão foi
no joelho pois o golpe Tae Otoshi por sua mecânica favorece essa lesão, porém o golpe Ippon
Seoi Nague é mais suscetível a lesão no ombro. No estudo de Souza em 2014 também
verificou que o maior índice de lesão foi subluxação de ombro. As duas referências também
evidenciaram que a lesão ocorre mais no treinamento 71 % e 54,94 % respectivamente.

Carvalho 2015 obteve os mesmos resultados com o maior índice de lesão no

treinamento cerca de ¾ e maior incidência de lesão no ombro devido ao mecanismo de lesão
que foi o contato direto 71,8%.

Dorta 2015 verificou que no MMII a maior taxa de lesão foi no joelho cerca de 32,26
% e que assemelha ao trabalho de Junges 2015 com uma taxa de 27%. O estudo de ambos
autores também teve como maior meio de lesão o treinamento, pode-se dizer que isto ocorre,
pois, a modalidade apresenta maior demanda no treinamento do que na competição.

Em estudos estrangeiros também são encontrados os mesmos resultados que em

estudos nacionais. Sacras 2016 realizou um trabalho comparando as lesões de judocas
Portugueses e Franceses no que se referem a dor com um percentual de 63,3% no ombro, 60%
dedos e 56,7% joelho não sendo possível verificar a diferença em ambas nacionalidades. Fato
que confirma os segmentos anatômicos mais prejudicados no judô por ser um esporte de
contato do início ao fim.

No que se refere ao tipo de lesão da prática do judô em 2014 Souza constatou que a
maior incidência foram as de luxações 25,27%, lesões musculares 13,18 %, entorses 12,9 %,
fraturas 12,9%, contusões 9,9% e tendinites 2,2 %, porém Carvalho 2015 analisou que a
maior prevalência foi de entorse 36,3% seguida de ruptura 17,3 %, contusão 16,1 % e fratura
12,7%. O fator determinante do tipo de lesão, é, se o praticante está em pé ou em solo.

Em um trabalho mais completo, Junges 2016 analisou o segmento corporal com o tipo
de lesão, o resultado foi entorse 58% que ocorreu no tornozelo em seguida a tendinite 32%,
29% e 28% em punho, joelho e cotovelo respectivamente. Confirmando os achados de Junges
2016, Mazato et al. 2017 verificaram que o maior índice do tipo de lesão foi também a de
entorse de tornozelo 34% acompanhada de luxação de ombro 24% enquanto as tendinites
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obtiveram 17,8%. É visto que pode ocorrer alterações no levantamento estatístico pois as
lesões podem sofrer grande influência da carga horária de treino e participações em
competições associado ao menor tempo de repouso.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O judô sendo um esporte de contato é muito suscetível a lesões, estudos

mostraram que as lesões em sua maior parte ocorrem devido a rotina de
treinamento que tem um volume muito maior do que na competição, e acomete
principalmente lesão no joelho, ombro, tornozelo e dedos, sendo que o entorse e
subluxações é muito frequente e tal fato está em sua maior parte relacionado a
posição do judoca em pé ou no solo associado ao golpe aplicado.

6 REFERÊNCIAS

1. Watson, BN, Memórias de Jigoro Kano: O início da história do judô. São Paulo: Cultrix,
2011.
2. Planatov, VN. Tratado Geral de Treinamento Desportivo. São Paulo: Phorte, 2008.
3. Carazzato JG, Rossi JP, Fonseca BB, Freitas HFG. Equipe médica do Comitê Olímpico
Brasileiro: Atendimento médico desportivo Jogos Pan-Americanos Mar del Plata, 1995. Rev
Bras Med Esporte 1995;10(30).69-79.
4. Cohen, M, Abdalla, R. J, Lesões nos Esportes – Diagnóstico, Prevenção e Tratamento. São
Paulo: Revinter, 2003.
5. Almeida, JP, P. Programa de Prevenção de Lesões no Desporto. Treino Desportivo. 1991;
19, 38-42.
6. Sandelin J, Santavirtas S, Lattilar R, Vuolle P, Sarna S. Sport injuries in a large urban
population: occurrence and epidemiologic aspects. Int J Sports Med 1987; 9(01):61-6.
7. Barsottini, D., Guimarães, A. E., & Morais, P. R. D. Relação entre técnicas e lesões em
praticantes de judô. Rev Bras Med Esporte, 2016; 12(1), 56-60.
8. Sousa, C. G. B. Prevalência de lesões em judocas do Distrito Federal. Monografia de
Conclusão de Curso na Universidade de Brasília – Faculdade de Ceilândia, 2015.
9. Carvalho, M. A. F. Lesões desportivas em jovens atletas de judô de alto nível competitivo:
Realidade nacional e internacional. Dissertação de Mestrado em Medicina do Desporto com
vista à atribuição do grau de Mestre. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra,
2015.
 115

10. Dorta, H. S. Os principais locais de lesões que acometem os atletas do judô. Revista
Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, 2016; 9(56); 630-634
11. Junges, A. Incidência de lesões desportivas em praticantes de judô. Monografia de
Conclusão de Curso da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2015.
12. Sacras, D. Análise da prevalência das lesões no judo em judocas portugueses e franceses.
Monografia de Conclusão de Curso da Universidade Fernando Pessoa, 2017.
13 Manzato, A. L. G., de Camargo, H. P., das Graças, D., Martinez, P. F., & de Oliveira
Júnior, S. A. Lesões musculoesqueléticas em praticantes de judô. Fisioterapia e Pesquisa,
2017; 24(2), 127-134.