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Democracia

O que é democracia?

Normalmente, quando se fala em democracia,


a primeira imagem que nos vem ao pensamento é
a imagem do voto. Essa imagem é adequada e
está no fundamento da democracia. Por outro lado,
o voto é, dentro do próprio sistema democrático, a
consequência de um conjunto de ideias anteriores.
Vamos tentar deixar isto mais claro: podemos
dizer que a democracia é aquele sistema político
onde todos têm direito ao voto e as decisões são
tomadas a partir do voto da maioria.

A democracia e sua transformação ao longo da história

A palavra democracia tem origem na Grécia antiga e significa “governo do povo”. Portanto, todo aquele
regime que se reivindica como democrático, pressupõe a participação dos cidadãos e cidadãs no destino
do país. É a partir daqui, na maneira como se dá a tal participação, que ao longo da história a democracia
foi ganhando vários formatos, onde as pessoas participam de forma direta ou indireta.

A seguir, vamos conhecer alguns formatos do regime democrático:

 Democracia representativa:

Um dos modelos mais tradicionais é o de democracia representativa – formato aplicado no Brasil, que
funciona a partir das eleições que, em basicamente todo o mundo ocidental, são sustentadas pelo
Sufrágio Universal, ou seja, todas e todos podem votar e escolher o seu representante, daí a ideia de
representatividade democrática.

No modelo representativo, os políticos e ou cidadãos que desejem exercer cargos eletivos necessitam
estar filiados em partidos políticos, estes lançam os candidatos, que por sua vez e sempre nos períodos
eleitorais, podem ir às ruas ou utilizar outros métodos para pedir votos às pessoas.

No Ocidente, a democracia representativa é maioria, com algumas diferenças de um país para outro. E
quais são essas diferenças? A começar pela duração dos cargos eletivos (varia entre 4 e 5 anos),
financiamento de campanhas: em alguns países apenas cidadãos podem doar, em outros, o
financiamento é misto, ou seja, pessoas e empresas privadas podem ajudar com dinheiro e, em alguns
países, além dos dois meios de financiamento, o Estado também possui um fundo eleitoral, caso do
Brasil. E como os partidos políticos acessam esse fundo? De acordo com a sua bancada na Câmara dos
Deputados Federais: quanto maior o partido, mais dinheiro recebem.

 Democracia participativa ou direta

O modelo de democracia participativa é considerado por especialistas como o mais ideal, pois a ideia é
conceder poder deliberativo aos cidadãos e cidadão. E o que seria o poder de deliberativo? Os eleitores
podem barrar diretamente decisões que considerem ruins por parte dos governantes. Por exemplo: o
governador de um estado decide construir uma ponte, porém essa construção vai afetar diretamente a
vida de moradores de um determinado bairro. Esses moradores, organizados, na democracia
participativa podem barrar tal medida. Em uma democracia representativa, os afetados pela construção
dependem dos deputados e vereadores para barrarem ações que considerem negativas.

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É importante destacar que o modelo de democracia participativa também não é homogêneo. A
participação dos cidadãos pode ser através de conselhos populares organizados em nível nacional,
estadual e municipal; participação direta no destino da verba pública a partir de audiências deliberativas,
ou seja, são os grupos organizados que decidem onde o dinheiro público vai ser investido e, por ser
deliberativa, o governo nacional e o local não podem desobedecer.

No Brasil nós tivemos uma pequena experiência de democracia participativa durante a gestão da então
prefeita da cidade de São Paulo, Marta Suplicy (PT), com a instituição do Orçamento Participativo (OP),
onde grupos organizados participavam de uma audiência pública e decidiam o destino de 15% do
orçamento da cidade.

Para especialistas, o modelo participativo de democracia é ideal demais e por isso tão pouco aplicado.
Alguns avaliam que ele pode funcionar em países pequenos, mas não em nações como o Brasil ou EUA,
que são grandes demais.

Qual a diferença entre parlamentarismo e presidencialismo?

Parlamentarismo e presidencialismo são dois sistemas de governo que existem na maioria dos
governos democráticos da atualidade.
O objetivo é o mesmo: garantir a governabilidade e a segurança do Estado e dos cidadãos.
A principal diferença entre os dois sistemas de governo é o modo como é escolhido o chefe do
Poder Executivo. Também se as funções como chefe de Estado e de Governo são concentradas em uma
só pessoa ou divididas em duas.
No presidencialismo, o chefe do Poder Executivo é o presidente, que é eleito pelo povo por meio
do voto direto ou indireto.

Parlamentarismo

O Parlamentarismo é um sistema de democracia que também pode ser entendido como


representativo, porém o chefe de Estado, que geralmente é o 1º Ministro, depende de formar uma
maioria no Congresso Nacional. Ou seja, ao contrário do modelo brasileiro, onde o Presidente da
República concentra boa parte do poder, seja de verba ou de decisões, nos regimes parlamentaristas o
poder está concentrado nas mãos dos parlamentares.
Desta maneira, o representante do país não é eleito de maneira direta, como fazemos no Brasil
ao votar em candidatos(as) à presidência da República. Quem nomeia o futuro Chefe de Estado é a
maioria parlamentar eleita. Em alguns países, Espanha, por exemplo, esse voto se dá por meio de uma
lista fechada, ou seja, você escolhe votar na lista do partido X, se este obtiver maioria é ele quem decide
ou nomeia o futuro representante do país. Às vezes, nenhum partido consegue maioria absoluta para
indicar o Chefe de Estado, a partir daí os partidos começam uma negociação para formar uma maioria e
é neste ponto que aparece um dinamismo interessante neste regime: supondo que os partidos Y e N não
foram os mais votados, mas, juntos, conseguem o maior número de parlamentares, cabe a estes dois
partidos indicar o representante, mesmo que o partido X, como indicado antes, tenha obtido a maioria
dos votos.
No regime parlamentarista os chefes de Estados não são depostos por meio do impeachment,
como ocorre no Brasil, mas sim por meio de dois caminhos: 1) Voto de desconfiança: se os
parlamentares considerarem que o atual governo não está realizando uma boa gestão, eles colocam em
votação a Desconfiança, se esta for aprovada, o governo é dissolvido. Em alguns países, isso gera
obrigatoriamente novas eleições, em outros, quem monta o novo governo é o partido que propõe o Voto
Desconfiança. 2) Dissolução da base de apoio: se o governo em questão perde sua base de apoio, o
chefe de Estado é automaticamente removido do cargo. Neste caso há dois caminhos: o próprio partido
do poder pode fazer uma eleição interna e escolher um novo representante ou novas eleições podem ser
convocadas.

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Alguns países que são parlamentaristas: Alemanha, Reino Unido, Japão, Irlanda, Itália, Espanha
e outros.
Presidencialismo Parlamentarismo
O presidencialismo é um sistema de Parlamentarismo é um sistema de governo
governo em que o presidente é o Chefe de em que o Poder Legislativo (parlamento)
Estado e Chefe de Governo. Este define o representante do Poder Executivo.
presidente é o responsável pela escolha Todos os projetos, leis e outras decisões do
dos ministros e deve submeter seus governo são submetidos a votação do
Definição projetos de lei ao parlamento. parlamento.
Primeiro-Ministro (em alguns países é
chamado de Chanceler, Presidente do
Poder Conselho de Ministro, Presidente do
executivo Exercido pelo Presidente da República. Governo).
O primeiro-ministro é escolhido pelo
parlamento, por meio da maioria de votos
internos. Ele também pode ser escolhido
pelo Chefe de Estado através de uma lista
Por meio de voto direto do povo. Nos fornecida pelo parlamento.
Escolha do Estados Unidos, o presidente é eleito por Por sua parte, o parlamento é escolhido
representante um colegiado. pelos cidadãos.
Depende do país. No Brasil, o mandato é
de 4 anos, já na França é de cinco anos. Indefinido.
Tempo de A possibilidade de reeleição também Em certos países há eleições a cada quatro
mandato depende das leis de cada país. ou cinco anos.
Onde surgiu Estados Unidos Inglaterra Medieval
Fiscalizar, debater leis que sejam Todas as decisões do governo passam pelo
Função do sugeridas pelo Executivo e ser um parlamento. Ele também é responsável pela
parlamento contrapeso aos atos do mesmo. escolha do Chefe de Governo.
O chefe de Estado (rei ou presidente) é
Chefia de Está concentrado na mesma pessoa que exercido por outra pessoa e esta não
Estado exerce a chefia de governo. possui responsabilidades políticas.
Em caso de falecimento ou por meio
do Impeachment. Este só acontece apenas O parlamento tem o poder de substituir o
em casos de crimes de responsabilidade, Chefe de Governo. Em caso de suspeita de
Interrupção do cassação por crime eleitoral ou crime corrupção, pode ser aprovado o voto de
governo comum durante o mandato. censura.
Canadá, Inglaterra, Suécia, Itália,
Exemplos Brasil, Estados Unidos, Argentina, Uruguai Alemanha, Portugal.
No presidencialismo, o presidente exerce o O Poder Executivo necessita da aprovação
Poder Executivo, enquanto os outros dois do parlamento para ser formado.
Divisão de poderes (Legislativo e Judiciário) possuem No entanto, há independência entre os
Poderes autonomia. poderes Executivo, Judiciário e Legislativo.
Em qual regime
de governo
pode ser
aplicado? República Monarquia e república

A divisão de poderes
Até este momento nós acompanhamos os modelos de democracia existentes no mundo.
Percurso importante para que vocês tenham em mente que não existe apenas um e que todos estes

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modelos apresentados possuem características diferentes, a depender do país. Porém, todos eles têm
uma marca em comum: a participação da população no destino político do país.
Além disso, a democracia possui outras marcas: a liberdade de expressão, onde, de acordo com
as regras de cada país, os cidadãos e cidadãs podem expressar suas respectivas opiniões, estas
características nos levam a outra, que também acompanha um regime democrático: a liberdade de
imprensa, ou seja, jornais, revistas, rádio, portais de internet, etc., podem fazer críticas ou elogios aos
governos sem que sofram sanções.
Além dos pilares da participação dos cidadãos e cidadãs por meio do voto ou pela participação de
Conselhos Populares (deliberativos ou consultivos,) e da liberdade de expressão, a democracia possui
outra marca: a divisão de poderes; são eles: executivo, legislativo e judiciário. Vejamos a competência de
cada um deles:

Executivo
O poder executivo é aquele designado ao representante eleito (presidente, governador e prefeito)
– direta ou indiretamente, como vimos anteriormente – e que tem por obrigação aplicar o seu plano de
governo. E como isso se dá? Tanto no regime presidencialista (representativo ou participativo), quanto no
Parlamentarista, esse poder executivo é distribuído em ministérios que são responsáveis por assuntos
específicos. Por exemplo: economia, educação, saúde, segurança, direitos humanos, arte e cultura, lazer
etc.

Legislativo
O poder legislativo varia muito conforme o país. Por exemplo, no Brasil nós temos três tipos de
poder legislativo: o municipal (Câmara dos Vereadores), o estadual (Assembleia Legislativa) e o nacional
(Câmara dos Deputados Federais e o Senado, estes dois compõem aquilo que é chamado de Congresso
Nacional).

E o que faz cada um?

O vereador é responsável por fiscalizar o trabalho da prefeitura e também atuar na zeladoria da


cidade; o deputado estadual é aquele que é eleito para trabalhar pela sua região, mas também pelo
estado (São Paulo, Bahia, etc.) como um todo; o deputado federal é responsável por fiscalizar o trabalho
do representante do poder executivo, bem como propor leis nacionais e também conseguir verba para a
sua região. Além disso, os deputados federais possuem a prerrogativa de propor e revogar (derrubar) leis
e alterar a Constituição. Os senadores e senadoras, assim como o deputado federal, também
representam as suas respectivas regiões, mas também atuam como fiscalizadores do Poder Executivo e
possuem o poder de criar ou derrubar leis e também de alterar a Constituição. Porém, seus respectivos
mandatos possuem 8 anos de duração, enquanto dos deputados e vereadores, 4 anos.

Judiciário
O poder judiciário, além de garantir os direitos da população, ele também serve como fiscalizador
do Poder Executivo e ele está dividido em algumas esferas: O Supremo Tribunal Federal (STF), O
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunais Regionais Federais
e Juízes Federais, os Tribunais e Juízes do Trabalho, os Tribunais e Juízes Eleitorais, os Tribunais e
Juízes Militares e os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal.
Cabe destacar que dentro de cada estrutura dessa funcionam uma série de outras subestruturas
do Poder Judiciário, como os tribunais estaduais.

Quando votamos, estamos escolhendo qual será o melhor representante ou conjunto de


representantes que melhor irá administrar os recursos públicos.
Por isso, não faz diferença se quem está votando é rico ou pobre, pois os recursos públicos são
propriedade de todos os membros de uma sociedade, representados pelo Estado.

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Além dos recursos financeiros, a estrutura pública também é formada de recursos “legais”, isto é,
de um determinado código de leis que rege a sociedade como um todo, e que cabe também aos
representantes eleitos pelo voto a estabelecerem.

Princípios democráticos fundamentais

É importante notar que o direito ao voto se refere sempre a uma comunidade específica. Por
exemplo, nas eleições municipais de uma cidade “x”, só podem votar para escolher como prefeito ou
vereador, as pessoas que são naturais desta cidade.
Da mesma forma, um brasileiro que não tenha dupla nacionalidade, ou seja, não tenha direitos
políticos em dois países diferentes, não pode participar dos processos eleitorais que ocorrem, por
exemplo, na Itália. Desta forma, a universalidade do direito ao voto sempre está regulada pela
participação de determinado indivíduo em determinada comunidade.
Na Grécia antiga, onde surgiu a democracia, temos um exemplo interessante a respeito das
restrições da democracia quanto a quem tinha direito ao voto. Se tomarmos, por exemplo, a cidade de
Atenas entre os séculos VI e V a.C, poderemos verificar que as condições para que se tivesse direito ao
voto eram não ser:

 escravo,
 estrangeiro ou
 do sexo feminino.

Essas condições faziam com que o percentual efetivo de pessoas que tinham direito ao voto não
ultrapassasse os 15%. Obviamente, se compararmos a sociedade democrática de hoje com a
democracia ateniense de 2.600 anos atrás, iremos constatar que hoje existe uma abrangência muito
maior do direito ao voto.
As mulheres conquistaram igualdade política na sociedade ocidental e a escravidão é uma prática
completamente extinta das estruturas políticas dos Estados ocidentais, desde o século XIX.
É preciso compreender que o verdadeiro centro da democracia é a ideia de que todos os
membros de determinada comunidade têm igual direito e dever de intervir nas decisões que se referem
aos recursos públicos. O voto é o meio através do qual este processo pode ser realizado e deve ser visto
sempre como uma consequência de um processo maior, e não como um ato isolado em si mesmo.

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O valor do voto reside no comprometimento da pessoa que votou com determinada proposta, pois
o que realmente transforma uma sociedade é o
cuidado contínuo com a mesma, expresso através das manifestações públicas que exigem direitos
públicos, tais como:

 justiça,
 igualdade de direitos,
 dignidade,
 condições de trabalho,
 educação,
 saúde.
Cabe ainda ressaltar que a democracia, embora seja cada vez mais afirmada como valor universal, é
um valor de origem claramente ocidental.
Na verdade, o próprio ocidente passou muito mais tempo afastado da democracia, do que próximo a
ela. O continente europeu foi por mais de 1.600 anos governado por imperadores, reis e pela igreja
católica. Essas formas de governo se caracterizavam pelo poder de oligarquias, que são pequenos
grupos de pessoas consideradas nobres e que por isso teriam o direito de governar.

A democracia, tal como podemos observar no ocidente, é, portanto, fruto de um longo processo
histórico que pode parecer estranho às culturas que vieram de outras influências filosóficas e religiosas.

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Por isso, a discussão de até que ponto e em que velocidade a democracia pode (ou não) se
estender como um valor realmente universal, configura-se como tarefa muito delicada e necessária do
ponto de vista de uma ética global.
O panorama da extensão da democracia no mundo de hoje aponta que esta se mostra presente
em toda a Europa, predominante na América, e pouco expressiva na Ásia e África.

Uma democracia ou várias democracias?

Como vimos, a democracia é fruto de um processo lento de desenvolvimento político das


sociedades ocidentais. Esse processo se mistura à própria história do ocidente, encontrando variações
relativas aos acontecimentos e ideias que marcaram cada país. Dessa forma, é preciso reconhecer que
existem democracias mais bem desenvolvidas que outras.
O que realmente tem valor dentro de uma democracia verdadeira é o comprometimento com
propostas políticas que são manifestadas através do voto. O voto é um meio para expressar a defesa de
um comprometimento político.
Só é possível que uma nação tenha consciência e compromisso político, na medida em que seus
habitantes estejam convencidos de que defender o bem-estar do Estado ao qual pertencem, é defender
seu próprio interesse particular.
Os habitantes de um país devem entender que ele foi e é fruto de uma construção coletiva, em
favor de uma terra onde se possa viver com prosperidade, paz e segurança. É preciso que o cidadão tenha
a consciência clara de que o destino de seu país pertence a ele, é fruto do seu trabalho.
Pode-se dizer que a experiência democrática no Brasil é muito recente e, por isso mesmo, ainda
precisa ser muito desenvolvida, sobretudo no que se refere à consciência da necessidade de respeito e
cuidado com a esfera pública.
Para exemplificar o que estamos querendo dizer em relação à consciência dos bens públicos,
vamos tomar por base o fato de o Brasil possuir uma das maiores cargas tributárias do mundo:
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, realizado neste ano de
2009, cerca de 38,45 % do que recebemos por nosso trabalho é consumido com o pagamento de impostos
e, mesmo assim, não nos sentimos suficientemente indignados para cobrar do governo condições básicas
de saúde, educação e segurança.
Aliás, o brasileiro muitas vezes tem “vergonha” de cobrar seus direitos. Mesmo pagando quase 4
reais de cada 10 reais que ganha para tê-los. A razão deste comportamento incoerente é que,
historicamente, não tivemos tempo suficiente de experiência com a democracia e com o Estado de direito.
Por isso ainda há uma dificuldade para interiorizarmos a consciência de que todo o benefício público é
financiado pelo trabalho do povo.
Como pode um político qualquer se gabar tanto em dizer que “fez” uma ponte, um hospital ou um
colégio? Na verdade, quem faz a ponte, o colégio, o hospital e tudo mais, é o trabalho do povo.
O político brasileiro fala como se tivesse feito um grande gesto de bondade, como se tivesse
doado de seu salário a quantia necessária para a construção de obras públicas. O político, quando aplica o
dinheiro público para o bem público, não faz mais que a sua obrigação. É para isso que ele é pago, aliás,
no Brasil, excessivamente bem pago!
Como podemos ainda assistir a escândalos diários envolvendo políticos do alto escalão do
governo, sem termos com isso a mobilização necessária para reivindicar punições severas para aqueles
que roubam dinheiro público?
Quantos políticos você se lembra de serem condenados, presos por um tempo considerável por
crimes envolvendo o dinheiro do estado? Certamente, você não vai se lembrar porque, no Brasil, a lei não
se aplica devidamente aos crimes praticados contra o patrimônio público.
Dessa maneira, fica evidente que nossa democracia necessita progredir muito e não podemos
dizer que exista uma uniformidade das democracias existentes em países com históricos de formação
muito distintos. Certamente, alguns países europeus irão demonstrar graus de evolução democrática mais
elevados que os Estados Unidos.
O estado de evolução da democracia no Brasil apresenta índices bem mais elevados que na
Colômbia, Venezuela, Rússia e China, dentre outros. Ou seja, ao falarmos de democracia, devemos

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sempre pensar em “democracias”, dada a variedade de estágios de desenvolvimento dos Estados
democráticos no mundo.

Corrupção: o grande “veneno” para a democracia

Ainda falta falarmos de um valor


importantíssimo ligado ao fundamento da
democracia. Trata-se da “confiança”.

Em uma democracia, escolhemos


representantes que possam cuidar dos nossos
interesses. O papel do político é, basicamente,
servir aos interesses do povo que ele representa,
tal como cabe ao comandante de uma aeronave
conduzir os passageiros em uma viagem
tranquila.
Por isso, uma relação de confiança sólida entre aqueles que votam e aqueles que são eleitos deve
ser estabelecida. Assim, deve haver um Estado democrático onde as pessoas estejam seguras de que
podem contar com o empenho de seus governantes eleitos para promover o bem-estar da comunidade.
Se não existir confiança, dificilmente haverá uma democracia de fato. Pois, escolher alguém que
nos represente é, “por si”, um ato de confiança.
Assim, ocorre que os políticos são aqueles que mais têm acesso aos recursos públicos. Nós lhes
conferimos poder para que façam o melhor emprego do dinheiro dos impostos de todos.
O que esperamos ou deveríamos esperar de um político é, na verdade, o que se deve esperar de
qualquer outro profissional que cuida de algo que nos pertence: honestidade.
E o político, tendo acesso aos recursos públicos, vê-se diante de dois caminhos: ou age com
honestidade e trabalha para o povo, honrando os votos de confiança que lhe foram dados, ou se corrompe.
Mas o que é se corromper? Muitas pessoas confundem a corrupção com a “mudança de ideia” ou de
vontade. Mas ela é algo significativamente diferente.
Você quer ver um exemplo: Imagine alguém que deseja ser prefeito visando o valor do salário e dos
benefícios que são atribuídos ao cargo e que consegue, por fim, ser eleito.
Imagine que essa pessoa descubra que, na verdade, gostaria de ganhar mais e de ter mais poder
em outra profissão. Este alguém ainda não é corrupto. Ele simplesmente mudou de ideia, mudou de
planos, não está mais satisfeito com os benefícios daquele cargo tão sonhado. Nesse caso, essa pessoa
deve abrir mão do cargo e ir em busca daquilo que lhe satisfaça, sem que, por isso, seja corrupto.
Basicamente, a corrupção nasce quando a pessoa finge estar comprometida com valores que na
verdade não está. Mas aí você pode se perguntar: a corrupção não tem a ver com receber dinheiro para
realizar coisas que não deveriam ser feitas?
A resposta é sim. No entanto, antes de ser um ato de recebimento de importâncias financeiras ou
favores, é um ato de quebra de confiança relativa a valores até então defendidos, tais como:

 igualdade,
 justiça,
 causas ambientais,
 bem-estar público,
 liberdade,
 dignidade,
 educação etc.
Vamos deixar isso mais claro: ninguém elege um político desejando que ele desvie dinheiro público
para multiplicar o seu salário. Elegemos políticos de acordo com a confiança que temos na sua suposta
capacidade moral de seguir os ideais defendidos no período de campanha.
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Quando determinado político aceita dinheiro ou favores para não seguir os valores e ideais afirmados
em público, ou quando simplesmente se nega a trabalhar por estes valores, ele se corrompe. Isto é, ele
ocupa um cargo e recebe por ocupar este cargo, fingindo estar a favor de causas que para ele, na
verdade, não existem mais, foram corrompidas.
Nesse caso, com a corrupção dos valores, ocorre a quebra de confiança no sistema democrático, pois a
população percebe que foi traída na defesa de seus interesses.
Nesse sentido, a corrupção é algo que existe no mundo todo, mas que, no entanto, é especificamente
um problema mais recorrente em democracias mais jovens, como é o caso do Brasil. Isso porque, nesses
casos, a impunidade se mostra mais acentuada.
Sem valores, a democracia não é muito melhor que qualquer sistema tirânico disfarçado. Isso porque,
enquanto os sistemas tirânicos são baseados em imposições de governo por via da ameaça e da violência,
os sistemas democráticos tendem a ser regulados por valores tais como liberdade, igualdade e justiça.
Ou seja, são justamente os valores agregados à democracia que fazem dela um sistema de governo
melhor que o de um tirano, como o do ex-ditador do Iraque, Saddam Hussein.
É interessante notar que a liberdade está sempre presente em todo sistema democrático. Pode até ser
que a maioria dos políticos de um país democrático qualquer seja corrupta. Mas a liberdade, ou a
sensação de liberdade, sempre é mantida dentro dos Estados democráticos.
O que, de qualquer forma, não deixa de ser, mesmo diante do problema da corrupção, uma grande
vantagem em relação aos sistemas e governo tirânicos.

A democracia e as minorias

Quando falamos de democracia, é extremamente importante discutirmos a questão das minorias.


Já sabemos que o sistema democrático segue a vontade da maioria dentro de determinado meio social e
que, consequentemente, sempre existirá, para todos os casos, uma minoria “derrotada” democraticamente.
Deve ficar claro que com o mesmo cuidado com que o sistema democrático acata a vontade da
maioria, ele deve respeitar a discordância da minoria.
As minorias não podem nunca ser massacradas ou perseguidas. O fato de a maioria determinar as
decisões a serem tomadas não deve, e nem pode, inibir que a minoria manifeste, através da liberdade de
expressão, sua discordância.
Uma democracia que persegue os grupos menores deixa de ser uma democracia e se transforma
em um totalitarismo. Isto é, em um sistema que não admite divergências de pensamento em relação às
tomadas de decisão política de quem tem o poder. Em uma democracia, o eleito deve governar para todos,
e não simplesmente para os que o elegeram.
Deve-se entender que o voto de uma pessoa que pertence a uma determinada minoria relativa a
uma questão específica qualquer vale tanto quanto o voto da pessoa que participa da maioria para esta
mesma questão.
As pessoas não são melhores ou piores por participarem de grupos maiores ou menores. O
respeito individual dos membros de uma sociedade democrática deve sempre prevalecer sobre as
divergências coletivas.
Através deste equilíbrio, ao mesmo tempo que a vontade da maioria prevalecerá, o bem-estar da
minoria será garantido, já que ambos os grupos são constituídos por seres humanos individuais igualmente
merecedores de respeito.

Resumo
 O voto, dentro da democracia bem desenvolvida, não pode ser nunca um fim em si mesmo. Ele é a
consequência de um conjunto de ideias anteriores, sobretudo a de igualdade de direitos, e mostra-se
como um meio para que uma decisão seja tomada.
 A democracia parte do pressuposto de que todos têm os mesmos direitos dentro do Estado do qual
participam.

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 Para a democracia, é fundamental a divisão clara entre aquilo que é público e aquilo que é privado. O
sistema democrático opera, sobretudo, com as questões de cunho, social, político e econômico onde
todos têm direitos iguais.
 A estrutura pública é formada por recursos materiais e pelo corpo de leis que regulam o
desenvolvimento da sociedade.
 A universalidade do voto está sempre limitada pela participação de determinado indivíduo em
determinada estrutura social onde ele tem poder de voto. É preciso fazer parte de um meio para poder
ter direitos políticos de intervenção sobre ele.
 A democracia nasce na Grécia antiga e suas primeiras formas datam de mais de 2.600 anos.
 O processo de desenvolvimento da democracia é lento e obedece às variações culturais de cada país
ou região.
 A verdadeira democracia exige que os cidadãos tenham real sentimento e consciência de pertença e
responsabilidade para com o meio onde vivem.
 A formação do Brasil partiu de um processo de colonização exploradora, enquanto que países como
os Estados Unidos passaram por processos de colonização de povoamento.
 Cerca de 76% da história de nosso país é marcada pelo regime escravocrata.
 Muito de nossa passividade quanto aos crimes absurdos contra o dinheiro público deriva da nossa
pouca experiência histórica com a democracia.
 A carga tributária do Brasil é uma das maiores do mundo – 40% – e, mesmo assim, muitas vezes
sentimos “vergonha” quanto à cobrança de nossos direitos: mais um sintoma da fragilidade de nossa
consciência democrática.
 A corrupção se mostra como a grande inimiga da democracia na medida em que acaba com os
vínculos de confiança necessários entre eleitores e eleitos.
 A liberdade é talvez o traço mais fundamental da democracia.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
1. O que é democracia?
2. Defina presidencialismo e parlamentarismo.
3. Além dos pilares da participação dos cidadãos e cidadãs por meio do voto ou pela participação de
Conselhos Populares (deliberativos ou consultivos,) e da liberdade de expressão, a democracia possui
outra marca: a divisão de poderes, quais são eles?
4. Uma democracia sem exercício de voto não é possível. Por outro lado, o voto
sem os fundamentos da democracia não faz sentido democrático. Por quê?
5. Leia o fragmento de texto a seguir:

Só de Sacanagem!
Elisa Lucinda
[...]
Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba” e vou dizer: “Não
importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus
amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a
gente consegue ser livre, ético e o escambau.”

Dirão: “É inútil, todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. Eu direi: Não
admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo,
mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

Agora, com base no que você aprendeu nesta aula, responda:

a) Que papel o valor “confiança” tem dentro do sistema democrático?


b) Aponte pelo menos uma medida fundamental para a diminuição do nível
de corrupção em nosso país

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CIDADANIA

O que é a cidadania?
A cidadania representa o conjunto de direitos e
deveres que um cidadão tem em um
determinado território. Esse conceito, que
perpassa diversas áreas das Ciências Humanas,
é bastante amplo e remete ao convívio pacífico
da sociedade, mediante um conjunto de diversos
direitos e deveres que devem ser assegurados e
respeitados, com vistas à construção de uma
sociedade plenamente democrática. Os direitos e
deveres de um cidadão envolvem as esferas
civil, política e social, assim como diversos
campos da sociedade, como a saúde, a
educação e a segurança.

→ Exemplos de cidadania
A cidadania é o termo que designa o conjunto de direitos e deveres de um indivíduo. São
exemplos de cidadania o direito ao voto livre e a liberdade de expressão. A função da cidadania é
contribuir para a participação ativa dos indivíduos na sociedade, e o exercício pleno da cidadania
promove a participação das pessoas em diversos setores da comunidade, havendo assim a construção
de uma sociedade democrática. Logo, a importância da cidadania remete à transformação social, por
meio da participação cidadã.
Conceito bastante amplo, a cidadania envolve diversas esferas da sociedade. São exemplos de
cidadania desde práticas individuais, como destinar o lixo doméstico para locais adequados de
coleta e reciclagem, até ações que impactam a sociedade como um todo, como o direito e o dever
de participar de uma eleição democrática por meio do voto.

Qual a função da cidadania?


A função da cidadania está relacionada à construção de uma sociedade democrática, levando em
conta os direitos e deveres dos cidadãos, sejam eles civis, políticos ou sociais, por meio da participação
ativa do indivíduo em diferentes esferas da sociedade.
Portanto, a função da cidadania é garantir o cumprimento dos direitos e deveres dos
cidadãos, visando a construir uma sociedade verdadeiramente democrática. Sendo assim, a
cidadania contribui, dentre outros aspectos, para a atenuação da desigualdade social e para o fomento
do desenvolvimento sustentável, por meio de ações individuais e coletivas que objetivem o respeito e a
solidariedade entre os indivíduos que compartilham um mesmo território.

O que é ser cidadão?


O conceito de cidadania está diretamente imbricado ao de cidadão, uma vez que para a
efetivação da cidadania de um indivíduo torna-se necessário o exercício dos seus deveres e o respeito
dos seus direitos.
Nesse sentido, um cidadão é o indivíduo que participa de forma autônoma e ativa na
sociedade, com a adoção de medidas individuais e participação em ações coletivas que contribuem para
a construção de um modelo social mais livre e democrático. Assim, ser cidadão é exercer de fato a
cidadania, tendo direitos e deveres resguardados pela legislação local e aplicados no cotidiano.

Exercício pleno da cidadania


O exercício pleno da cidadania envolve a participação ativa do indivíduo na sociedade. Desse modo, o
cidadão exerce a cidadania quanto tem ciência completa dos seus direitos e deveres e os
aplica nas ações do cotidiano que promovem o desenvolvimento da sua comunidade, sendo de suma

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importância a participação das escolas e da educação em geral no processo de conscientização dos
indivíduos.

Cidadania no Brasil
A cidadania no Brasil foi resultado de uma longa trajetória de construção da identidade
brasileira e do processo de independência do país, que marcou a construção dos primeiros
documentos legais que demarcam os direitos e deveres dos cidadãos do país. Nesse contexto,
a Constituição da República Federativa do Brasil é um elemento-chave, uma vez que ela é a principal lei
do país, ou seja, onde estão reunidos todos os principais direitos e deveres dos cidadãos brasileiros.
Mesmo com o aporte legal, o exercício da cidadania no Brasil ainda é bastante complexo,
visto que não são todas as prerrogativas legais que são cumpridas pelo poder público, como, por
exemplo, em áreas como saúde, educação, segurança e alimentação. No mesmo sentido, a acentuada
desigualdade social brasileira, assim como a falta de efetivação de políticas públicas diversas, dificulta o
exercício da cidadania no país.

Direitos do cidadão
Os direitos de um cidadão são descritos nos documentos constitucionais que legislam
determinado território. No caso específico do Brasil, esse documento é a Constituição da República
Federativa do Brasil, promulgada em 1988. De acordo com o referido documento, são exemplos de
direitos dos cidadãos brasileiros|1|:
 a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados;
 a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
 a livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente
de censura ou licença;
 a livre locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
 o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que
a lei estabelecer.

Deveres do cidadão
Assim como ocorre em relação aos direitos, os deveres de um cidadão também
são descritos no documento constitucional de um determinado território. São exemplos de direitos
indicados pela Constituição da República Federativa do Brasil (1988)|1|:
 o sufrágio universal por meio do voto direto e secreto nos termos da lei;
 o respeito e o cumprimento da legislação do Brasil;
 o cumprimento do serviço militar obrigatório nos termos da lei;
 a proteção ao patrimônio histórico, cultural e ambiental do Brasil.

História da cidadania
A história da aplicação do termo “cidadania” tem origem na Grécia Antiga, onde havia uma clara
descentralização do poder, por meio da constituição de cidades semiautônomas. Logo, esse
termo referia-se aos direitos e deveres daqueles que moravam nas cidades da Grécia Antiga.
No mesmo sentido, o termo cidadania aplicava-se ao conjunto de direitos e deveres da
população local na Roma Antiga. Em ambos os casos, vislumbra-se uma relação muito próxima entre
cidadania e democracia, com destaque para a Grécia, considerada o berço das práticas democráticas no
mundo.
Portanto, a história da cidadania está justamente atrelada à participação dos indivíduos nos
diferentes âmbitos de uma comunidade. Com o tempo, essa concepção foi ampliada, incluindo
diversas esferas da sociedade, assim como inúmeras localidades, que passaram a adotar a democracia
como regime de governo. Atualmente, a maior parte das nações ditas ocidentais e outras localidades no
planeta têm no exercício da democracia uma das suas premissas básicas.
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Por que a cidadania é importante?
A cidadania é importante porque, por meio dela, os cidadãos podem contribuir de forma direta para
a construção de uma sociedade mais justa. Nesse sentido, destaca-se que é fundamental que os
cidadãos tenham plena consciência dos seus direitos e deveres e que os coloquem em prática, com
vistas à mudança da mentalidade individual e coletiva para que seja promovida a cidadania plena dos
indivíduos. Essas ações promovem a transformação social, auxiliando assim na construção de uma
sociedade mais democrática.

Resumo sobre cidadania


 A cidadania é o conjunto de direitos e deveres que todo cidadão tem em sua localidade de origem.
 O direito ao voto é um exemplo de cidadania praticada em países com regime de
governo democrático.
 A função da cidadania é contribuir para a construção de uma sociedade mais inclusiva mediante a
participação na sociedade.
 O exercício pleno da cidadania envolve o conhecimento dos direitos e deveres por parte dos
indivíduos.
 A história da cidadania remete à construção do processo de democracia em sociedades antigas,
como Grécia e Roma, e está relacionada ao cumprimento dos direitos e deveres dos cidadãos.
 A cidadania no Brasil está fortemente vinculada à construção da Constituição da República
Federativa do Brasil, datada de 1988.
 A educação, a saúde e a alimentação são direitos que estão previstos na Constituição da República
Federativa do Brasil.
 Os brasileiros têm como dever, dentre outros, participar ativamente do processo eleitoral local por
meio do exercício do voto.

O QUE É UMA POLÍTICA PÚBLICA E COMO ELA AFETA SUA VIDA?


As políticas públicas afetam a todos os cidadãos, de todas as escolaridades, independente de
sexo, raça, religião ou nível social. Com o aprofundamento e a expansão da democracia, as
responsabilidades do representante popular se diversificaram. Hoje, é comum dizer que sua função é
promover o bem-estar da sociedade. O bem-estar da sociedade está relacionado a ações bem
desenvolvidas e à sua execução em áreas como saúde, educação, meio ambiente, habitação, assistência
social, lazer, transporte e segurança, ou seja, deve-se contemplar a qualidade de vida como um todo.

E é a partir desse princípio que, para atingir resultados satisfatórios em diferentes áreas, os
governos (federal, estaduais ou municipais) se utilizam das políticas públicas.
Um programa da Prefeitura que esteja beneficiando seu bairro, por exemplo, é uma política pública. A
educação, a saúde, o meio ambiente e a água são direitos universais, assim, para assegurá-los e
promovê-los.
O conceito de políticas públicas pode possuir dois sentidos diferentes. No sentido político, encara-
se a política pública como um processo de decisão, em que há naturalmente conflitos de interesses. Por
meio das políticas públicas, o governo decide o que fazer ou não fazer. O segundo sentido se dá do
ponto de vista administrativo: as políticas públicas são um conjunto de projetos, programas e atividades
realizadas pelo governo.

Uma política pública pode tanto ser parte de uma política de Estado ou uma política de
governo. Vale a pena entender essa diferença: uma política de Estado é toda política que independente
do governo e do governante deve ser realizada porque é amparada pela constituição. Já uma política de
governo pode depender da alternância de poder. Cada governo tem seus projetos, que por sua vez se
transformam em políticas públicas.

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Políticas públicas podem ser definidas como o conjunto de diretrizes e intervenções emanadas do
estado, feitas por pessoas físicas e jurídicas, públicas e/ou privadas, com o objetivo de tratar problemas
públicos e que requerem, utilizam ou afetam recursos públicos.

Toda vez que alguém fala em política pública surge um grande ponto de interrogação em sua
cabeça? Tudo bem, o termo “política pública” é um desses conceitos com os quais todos nós já nos
deparamos por aí, mas nem sempre compreendemos de primeira. Ele está sempre em jornais, sites e
revistas, mas, quando somos questionados, temos dificuldade em definir o que ele significa. Isso não é
nenhuma surpresa, afinal o termo tem muitas formas e usos. Longe de esgotar o significado dessa
expressão, vamos tentar dar a ela um sentido prático.

Imagine que você e seus vizinhos decidam adotar conjuntamente um cachorro que está
passeando nas redondezas. Para evitar aquele velho ditado “cachorro com mais de um dono morre de
fome” todos vocês teriam de fazer alguns combinados: delegar responsabilidades (que envolvem dinheiro
e regras), como quem dá alimento em quais dias, quem tem disponibilidade para vacinar o animal e castrá-
lo, quem pode ofertar abrigo esporádico etc. Assim, toda essa organização e processo contribui para que
um objetivo comum seja atingido: o bem do cãozinho. Esse processo funciona de maneira semelhante a
uma política pública.

De maneira simples, a política pública é um processo (com uma série de etapas e regras) que
tem por objetivo resolver um problema público. Todos nós lidamos com isso diariamente em nossas
relações pessoais: traçar soluções para chegar a uma finalidade que agrade a um grupo de pessoas.

Políticas Públicas na prática


A diferença entre esses dois processos é grande. Criar uma política pública para, por exemplo,
erradicar o analfabetismo, é muito mais complexo que fazer um acordo para cuidar do cãozinho
comunitário. Enquanto este envolve meia dúzia de moradores em uma área limitada, algumas idas ao
veterinário, algumas porções de comida e um abrigo, o outro mobiliza um número muito grande de
pessoas (especialistas, professores e outros funcionários públicos) em áreas muito extensas, recursos
financeiros públicos, planejamento de aplicação e fiscalização do investimento, avaliação das práticas e
aprimoramento constante para tornar essas ações mais eficientes. Tudo isso, seguindo uma série de
regras e conhecimentos técnicos. Parece bastante coisa?

Pois é mesmo! Agora vamos dar uma olhada nos quatro tipos e exemplos de políticas públicas que
impactam nossas vidas diariamente:

1. Políticas públicas distributivas: sua a principal função é distribuir certos serviços, bens ou quantias a
apenas uma parcela da população. Um exemplo seria o direcionamento de dinheiro público para áreas que
sofrem com enchentes; na Educação, seriam as cotas.

2. Políticas públicas redistributivas: sua principal função é redistribuir bens, serviços ou recursos para
uma parcela da população, retirando o dinheiro do orçamento de todos. Um exemplo disso seria o sistema
previdenciário; na Educação seria a política de financiamento educacional, onde há um fundo em que
todos os municípios e estados colocam dinheiro, mas que depois é repartido conforme as matrículas e não
de acordo com a contribuição de cada um.

3. Políticas públicas regulatórias: Essas medidas estabelecem regras para padrões de comportamento.
São bastante conhecidas, pois tomam a forma de leis. Um exemplo muito comum são as regulações do
trânsito; na Educação, podemos citar a lei que organiza a área, como a LDB (Lei de Diretrizes e Bases
da Educação).

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4. Políticas públicas constitutivas: O nome difícil quer dizer que elas estabelecem as “regras do jogo”.
Isto é, são elas que dizem como, por quem e quando as políticas públicas podem ser criadas. O conceito
pode parecer obscuro, mas quer saber uma que atinge a vida de todos nós? A distribuição de
responsabilidade entre municípios, estados e Governo Federal. Na Educação, por exemplo, municípios
são responsáveis pela Educação Infantil e Ensino Fundamental 1; estados pela Ensino Fundamental 2 e
Ensino Médio; e o Governo Federal pela Educação Superior.

E o que você tem a ver com isso?


As políticas públicas dão forma ao País que queremos e, por isso, é tão importante estarmos de
olho nelas. Se estabelecemos uma política pública de redistribuição de renda, por exemplo, estamos
sinalizando o enfrentamento da dura desigualdade econômica brasileira, de maneira mais imediata – o que
é importante para a parcela da população mais pobre, como os das milhões de pessoas que vivem
abaixo da linha da pobreza.
Essas leituras do que são e para que se faz políticas públicas têm de estar no radar da população o
tempo todo e não apenas durante os períodos eleitorais. Quanto mais democráticos e técnicos forem os
processos das políticas públicas, maiores as chances de os resultados serem positivos para toda a
sociedade. Como os recursos financeiros do País são limitados, as políticas públicas desempenham a
importante missão de organizar para onde vai esse montante de dinheiro público. Neste cenário de
pandemia do novo coronavírus, por exemplo, as políticas públicas educacionais de médio prazo, visando
a superação da crise e a garantia de oportunidades iguais para estudantes de diferentes classes sociais e
condições, será determinante para o bem-estar do Brasil nos próximos anos! Será o bom planejamento da
gestão pública da Educação que garantirá que o ano de 2020, em que houve longo período de suspensão
de aulas, não seja um ano perdido para muitos estudantes.
Se mesmo assim você ainda acha que esse assunto não é com você, repense. Ainda que você não
use o serviço público de saúde (outro exemplo de política pública), você faz uso de ruas, praças e parques
públicos, descarte de lixo, regulação das habitações, etc.
É fácil perceber que as políticas públicas estão em tudo e dizem respeito a todos nós. Importante
lembrar também de um tipo específico delas: as políticas públicas educacionais. Uma gestão que dá
prioridade às ações de qualidade focadas na Educação indica o desejo de garantir o acesso ao
conhecimento para todos e, consequentemente, construir um País menos desigual. Essas iniciativas
educacionais requerem planejamento técnico e levam mais tempo para que os frutos sejam colhidos.

ESFERA PÚBLICA

Esfera pública é a dimensão na qual os assuntos públicos são


discutidos pelos atores públicos e privados. Tal processo culmina na
formação da opinião pública que, por sua vez, age como uma força
oriunda da sociedade civil em direção aos governos no sentido de
pressioná-los de acordo com seus anseios.
A noção de esfera pública tem como aspectos básicos:

a) Discursividade e argumentação: dominada pelo uso da razão, a


obtenção de consenso acontece pelo convencimento racional dos
antagonistas.

b) Publicidade: o objeto debatido e os argumentos apresentados


ganham exposição ou visibilidade.

c) Privacidade: enquanto participante do debate, cada um vale


somente pelos argumentos e pela capacidade de argumentar.

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Esfera pública política
O conceito de esfera pública política tem sido retomado devido a dois movimentos conceituais. O
primeiro deles é a noção de democracia deliberativa, que determina que o reconhecimento social de
pretensões e vontades acontece apenas quando toma forma de palavra, através do discurso. Assim,
a esfera pública política argumentativa ganha força. Outro é a relação entre política e mídia, uma vez
que, atualmente, não há espaço de exposição, visibilidade e debate maior que a mídia.
Habermas nega a existência de uma esfera pública política autêntica em uma cena política dominada
pelos medias. O debate foi reacendido porque muitos acreditam que a política midiática é feita de forma
espetacular, seguindo princípios de sedução, escassamente argumentativa, teatral.
Muitos autores consideram que a esfera pública perdeu sua participação no processo de construção de
diálogo na política, uma vez que a produção de decisões ocorre fora de seu alcance, na negociação
protegida do público pelos gabinetes. Essas decisões emergem publicamente de modo a fazer com que os
cidadãos possam assentir, aderir ou tolerar as posições. Logo, a esfera pública apresenta apenas o papel
de legitimação das informações.

Esfera pública e esfera privada


As esferas pública e privada são lâminas sobrepostas. Os problemas experienciados na esfera privada
ecoam na esfera pública. Mas não a totalidade do que é vivido no privado e íntimo aflora na publicidade;
apenas aqueles aspectos causados por déficits nos sistemas funcionais, que afetam o mundo da vida.
Habermas compreende que não há uma demarcação de um conjunto fixo de temas e relações que separam
o acesso da esfera privada e da esfera pública, mas sim variações na acessibilidade, que garantem a
intimidade de um lado, e a publicidade, de outro.

Na esfera pública, realiza-se uma comunicação em condições de publicidade ou visibilidade; e na esfera


privada, uma comunicação com intimidade ou reserva. A publicidade social (ou esfera pública) tem uma
visibilidade alta, com discussões de públicos especializados até exibição midiática em horário nobre,
enquanto o domínio privado (esfera privada) possui uma baixa visibilidade, que vai desde segredos e
intimidade até redes interpessoais de fofoca.

Ainda segundo Habermas, as problemáticas que são debatidas na esfera pública política refletem as
experiências de sofrimento advindas de condições sociais estressantes. Essas experiências afetam
primeiro o âmbito pessoal, as histórias de vida; depois, elas afetam os círculos familiares, os grupos de
amigos, a vida cotidiana; e só então elas ecoam na esfera pública, numa discussão pública acerca de uma
problemática em comum.

Organizações Sociais e Organizações Civis

O que são Organizações Sociais?

De modo geral, como o Estado não tem sempre condições, seja financeira ou operacional (ou
ambas), de proporcionar todos os serviços que são inerentes aos direitos universais do cidadão, as OSs
surgem para suprir essa demanda.
OS são disciplinadas por uma lei específica: a Lei Nº 9.637, de 15 de Maio De 1998 que em seu
primeiro artigo traz a seguinte informação:

“O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado,
sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos
previstos nesta Lei.”

No caso, uma “pessoa jurídica de direito privado” é, grosso modo, sinônimo de “empresa”.

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Assim, toda organização sem fim lucrativo criada com o intuito de exercer alguma das atividades
descritas no Artigo citado e atendendo aos extensos requisitos dispostos na Lei, podem ser qualificadas
como uma OS pelo Poder Executivo.
É importante frisar também que o surgimento da regulamentação para OSs veio de um
movimento de administração pública que se baseia em criar relacionamento estratégico entre Estado e
Sociedade a fim de incentivar a produção de bens e serviços, pela Sociedade, que não são exclusivos do
Estado e, assim, ajudando a minimizar as limitações operacionais do governo.
Quando uma instituição é qualificada como OS, ela está habilitada para administrar bens e
equipamentos do Estado, além de receber financiamento público, com a contrapartida obrigatória de
celebrar um contrato de gestão (parte das condições de consolidar sua qualificação).

O que são OSCIPs (Organização da sociedade civil de interesse público)?

Mais uma vez, vamos entender inicialmente a sua regulamentação, que é feita a partir da Lei Nº
9.790, de 23 de Março De 1999 em seu Art. 1º:

“Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de
direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento
regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias
atendam aos requisitos instituídos por esta Lei.”

No caso, a Lei totaliza treze “objetivos sociais”, como citado no Artigo, que vão desde assistência
social, promoção da cultura, educação e saúde, dentre outros.
Para complementar seu conhecimento, você pode acessar a lei e conhecer os treze objetivos
sociais que qualificam OSCIPs, pois são todos de grande importância.
Outro critério importante é que, na condição de proporcionarem tais objetivos sociais, a OSCIP
deve os proporcionar segundo os Princípios da Universalidade dos Serviços Públicos.

Muita gente pensa que uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) é um
tipo de entidade ou organização. Mas não é nada disso. Mas uma ONG já não é uma OSCIP? Essa
pergunta é frequente e a resposta para ela é: não.

Então, o que é?

Uma OSCIP é uma qualificação jurídica atribuída a diferentes tipos de entidades privadas
atuando em áreas típicas do setor público com interesse social, que podem ser financiadas pelo Estado
ou pela iniciativa privada sem fins lucrativos. Ou seja, as entidades típicas do terceiro setor. A OSCIP
está prevista no ordenamento jurídico brasileiro como forma de facilitar parcerias e convênios com todos
os níveis de governo e órgãos públicos (federal, estadual e municipal) e permite que doações realizadas
por empresas possam ser descontadas no imposto de renda.

A diferença entre ONG e OSCIP

Mas uma ONG já não é uma OSCIP? Essa pergunta é frequente e a resposta para ela é: não. E o
motivo é simples: a figura da ONG não existe no ordenamento jurídico brasileiro. A sigla é usada de
maneira genérica para identificar organizações do terceiro setor, ou seja, que atuam sem fins comerciais
e cumprindo um papel de interesse público, como associações, cooperativas, fundações, institutos, entre
outras.
Já a qualificação de OSCIP é o reconhecimento oficial e legal mais próximo do que se entende
por ONG, especialmente porque é marcada por exigências legais de prestação de contas referentes a
todo o dinheiro público recebido do Estado.

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OSs e OSCIPs são a mesma coisa?

Para sermos diretos: não. Vamos entender as diferenças, abaixo.

As OS celebram contrato de gestão para receberem habilitação de receberem recursos


financeiros do Estado para com eles administrar bens e equipamentos do mesmo e, com isso,
promoverem serviços públicos. Outro ponto relevante para destacar a diferença é que OS são
propriedades públicas não estatais e, assim, não são de propriedade de um indivíduo ou de um grupo,
mas sim são constituídas por associações civis sem fins lucrativos.
Por sua vez, as OSCIPs não recebem qualquer repasse governamental e não celebram contratos,
mas sim termos de parceria para que possam desenvolver atividades lado a lado com o governo, mas
que não são necessariamente de responsabilidade do mesmo. Por não receberem recursos, é comum
que OSCIPs recebam doações externas – vide as chamadas para doação na própria página do CLP, por
exemplo. E, em diferença às OSs, OSCIPs são Organizações Não Governamentais (ONGs) de
propriedade privada, ou seja, por uma ou mais pessoas e que, após criadas como uma organização
privada, pleiteia e conquista a qualificação de OSCIP.
Para concluir, vale a pena voltar a frisar que embora elas não sejam a mesma coisa, ambas são
importantíssimas no contexto social, pois cada uma contribui enormemente, a sua maneira, para o
desenvolvimento da sociedade.

Iniciativa popular
O que é Iniciativa popular?

A iniciativa popular é uma das formas de garantir a participação do indivíduo na vida do Estado. Por meio
dela os cidadãos poderão inovar o ordenamento jurídico em âmbito federal, estadual e municipal, desde
que atendidos os requisitos exigidos pela Constituição.

Conceito
O conceito de iniciativa popular corresponde ao direito constitucionalmente previsto que permite aos
cidadãos apresentarem projeto de lei e, a partir de então, iniciarem o processo legislativo. Este
instrumento poderá ser aplicado para aprovar normas nas esferas municipal, estadual ou federal.

Iniciativa Popular na Constituição


Em um Estado democrático de direito, é dado à sociedade a participação ativa na vida do Estado. Nesse
sentido, a soberania popular pode ser exercida por meio do voto direto e secreto, bem como pelo
plesbicito, referendo ou iniciativa popular.
Nesse raciocínio, o artigo 14 da Constituição Federal:

A seguir, veremos as particularidades que envolvem o direito à iniciativa popular.

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Em Leis Federais
Segundo dispõe o artigo 61, parágrafo segundo da constituição federal, no âmbito federal é exigida a
subscrição mínima de 1% do eleitorado nacional distribuídos em 5 Estados e com participação de 0,3%
em cada um desses Estados. Observe:

Em Leis Estaduais
Quanto à iniciativa de lei em âmbito estadual, não é previsto pela carta magna o numerário necessário,
como ocorre no âmbito federal, de modo que caberá à lei dispor acerca dos requisitos. Nesse sentido, o
artigo 27, parágrafo quarto:

Vale destacar, portanto, que o artigo colacionado representa norma constitucional de eficácia limitada,
dependente de lei superveniente para ser aplicada.

Em Leis Municipais
Segundo o artigo 29, inciso XII da constituição, exige-se, em âmbito municipal, que o percentual de 5%
do eleitorado do Município pretenda a apresentação do projeto de lei.

Qual a diferença entre iniciativa popular e ação popular?


A Constituição Federal de 1988 contempla dois institutos com nomes bem parecidos, marcados
por uma atuação cidadã, mas que possuem distintos significados: a iniciativa popular e a ação
popular.
A iniciativa popular, prevista nos artigos 14, inciso III, e 61, § 2º, da Constituição, e regrada
pela Lei nº 9.709/98, representa uma das formas de deflagração do processo legislativo via
reunião das assinaturas pelo eleitorado brasileiro para que seja possível apresentar, na Câmara,
um Projeto de Lei.
Sendo assim, podemos imaginar que ocorre aqui uma espécie de "grande abaixo-assinado":
ao menos 1% do eleitorado nacional deve subscrever o pedido, estando distribuído, pelo menos, por 5
Estados, com não menos do três décimos por cento dos eleitores de cada um deles, como prevê
a Constituição, no seu artigo 61, § 2º:

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§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de
lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

O exemplo mais famoso que temos no Brasil de lei de iniciativa popular é a chamada Lei da
Ficha Limpa, fruto de todo um movimento de combate à corrupção eleitoral.
A ação popular, por sua vez, é uma ação judicial, prevista no artigo 5º, inciso LXXIII,
da Constituição. Trata-se, agora, de um processo judicial, que pode ser usado pelo cidadão
brasileiro que queira proteger o meio ambiente, o patrimônio público, o patrimônio histórico
cultural ou a probidade administrativa.
Vejamos o que diz a Constituição a respeito:

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência;

Uma vez proposta uma ação popular terá início um processo judicial, cuja tramitação encontra-
se regrada pela Lei nº 4.717/65. Ao final do andamento do processo, espera-se que ocorra um
julgamento pelo Magistrado competente, o que pode levar à condenação dos responsáveis pelo ato
lesivo.
Em síntese, portanto: ambas são demonstrações de cidadania, sendo a iniciativa
popular uma reunião de assinaturas para apresentação de um projeto de lei perante a Câmara dos
Deputados, enquanto a ação popular representa, por sua vez, um processo judicial, promovido pelo
cidadão, que deseja resguardar o meio ambiente, o patrimônio público, o patrimônio histórico e cultural
ou a probidade administrativa.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

1. O que é a cidadania?

2. Qual a função da cidadania?

3. O que é ser cidadão?

4. Quais são os Direitos do cidadão e Deveres do cidadão?

5. Por que a cidadania é importante?

6. Como pode ser definida política pública?

7. Cite os tipos e exemplos de políticas públicas.

8. O que é Esfera pública?

9. Diferencie Esfera pública e esfera privada.

10. O que são as OS?

11. O que são as OSCIPs?

12. Qual é a diferença entre ONG e OSCIP?

13. OSs e OSCIPs são a mesma coisa?

14. O que é Iniciativa popular?

15. Qual a diferença entre iniciativa popular e ação popular?

22
IDENTIDADE E CULTURA

1. Introdução

A identidade cultural ainda é


bastante discutida dentro dos círculos
teóricos das Ciências Sociais em face
de sua complexidade. Entre as possíveis
formas de entendimento da ideia de
identidade cultural, exitem duas
concepções distintas que devemos
destacar dentro dos estudos
sociológicos mais recentes. Essas
concepções de identidade são
brevemente explicadas por Anthony
Giddens, sociólogo britânico, e nos
ajudarão a entender melhor esse
conceito.

2. Conceito de Cultura

O conceito de cultura faz alusão às características socialmente herdadas e aprendidas que os


indivíduos adquirem a partir de seu convívio social. Entre essas características, estão a língua, a
culinária, o jeito de se vestir, as crenças religiosas, normas e valores. Esses traços culturais possuem
influência direta sobre a construção de nossas identidades, uma vez que elas constituem grande parte do
conjunto de atributos que formam o contexto comum entre os indivíduos de uma mesma sociedade e são
parte fundamental da comunicação e da cooperação entre os sujeitos.

Como se define cultura?

Em 1952 os antropólogos A.L. Kroeber e Clyde Kluckhohn analisaram 162 diferentes definições de
cultura e concluíram que não seria possível uma definição de cultura que contentaria a maioria dos
antropólogos. Com esse balde-de-água-fria, seguem algumas definições já “clássicas” de cultura na
antropologia que devem ser consideradas criticamente.

Um dos pioneiros da antropologia, Edward Tylor (1832-1917) fez


uma das primeiras propostas científicas de que cultura seria “em seu
amplo sentido etnográfico, este todo complexo que inclui
conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou quaisquer outras
capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma
sociedade”. (1871, p.1).

Note o adquirido e o membro de uma sociedade nessa definição.


Apesar de não ficar tão claro a cultura material na proposta de Tylor, a
cultura seria algo socialmente adquirido, não genético ou inato.

ALVES, Leonardo Marcondes. O que é cultura?


Antropologicamente falando. https://wp.me/pHDzN-hm

23
3. Conceito de Identidade

Identidade e alteridade
Identidade é o conceito que atravessa as áreas da sociologia e da
antropologia e está ligado às características do grupo social no qual o indivíduo
está inserido. Alguns fatores tal como a cultura, a história, o local e o idioma são
importantes para que um grupo compartilhe elementos identitários.
Um problema antigo para a história do pensamento ocidental é o da
identidade. A identidade foi enunciada em um princípio elucidado pelo filósofo
grego clássico Aristóteles, chamado princípio da identidade. Aristóteles o propôs
em uma fórmula que diz: “algo é algo”, ou seja, qualquer coisa possui uma
identidade definida.
Os seres humanos prezam por suas identidades, que são o que de mais imediato e preciso temos
em nossas particularidades. Essa identidade, que garante a nossa individualidade, pode ser o gatilho
para um comportamento individualista. Nesse sentido, a princípio, a identidade parece ser o início do não
reconhecimento da alteridade. É por isso que a psicologia e a filosofia podem ajudar-nos a compreender
a importância da alteridade em nosso mundo.
O conceito de identidade refere-se a uma parte mais individual do sujeito social, mas que ainda
assim é totalmente dependente do âmbito comum e da convivência social. De forma geral, entende-se
por identidade aquilo que se relaciona com o conjunto de entendimentos que uma pessoa possui sobre si
mesma e sobre tudo aquilo que lhe é significativo. Esse entendimento é construído a partir de
determinadas fontes de significado que são construídas socialmente, como o gênero, nacionalidade ou
classe social, e que passam a ser usadas pelos indivíduos como plataforma de construção de sua
identidade.
Dentro desse conceito de identidade, há duas distinções importantes que devemos entender
antes de prosseguirmos. A teoria sociológica distingue duas apreensões: a identidade social e a
autoidentidade.
A identidade social refere-se às características atribuídas a um indivíduo pelos outros, o que
serve como uma espécie de categorização realizada pelos demais indivíduos para identificar o que uma
pessoa em particular é. Portanto, o título profissional de médico, por exemplo, quando atribuído a um
sujeito, possui uma série de qualidades predefinidas no contexto social que são atribuídas aos indivíduos
que exercem essa profissão. A partir disso, o sujeito posiciona-se e é posicionado em seu âmbito social
em relação a outros indivíduos que partilham dos mesmos atributos.
Já a autoidentidade (ou a identidade pessoal) refere-se à formulação de um sentido único que
atribuímos a nós mesmos e à nossa relação individual que desenvolvemos com o restante do mundo. A
escola teórica do “interacionismo simbólico” é o principal ponto de apoio para essa ideia, já que parte da
noção de que é diante da interação entre o indivíduo e o mundo exterior que surge a formação de um
sentido de “si mesmo”. Esse diálogo entre mundo interior do indivíduo e mundo exterior da sociedade
molda a identidade do sujeito que se forma a partir de suas escolhas no decorrer de sua vida.

4. Conceito de Raça e Etnia

O que é Raça e Etnia:


Raça e etnia não são sinônimos. Etnia é um grupo definido pela mesma origem, afinidades
linguísticas e culturais, enquanto que raça como distinção entre os homens é um conceito socialmente
construído de que existiriam diferenças biológicas entre as etnias.
A palavra etnia é derivada do grego ethnos, que significa "povo que tem os mesmos costumes".
Raça é um conceito biológico aplicado aos subgrupos de uma espécie. A espécie humana não possui
subespécies ou subcategorias, e portanto não é correto dizer que existem diferentes raças humanas.
Mas há ainda um entendimento do senso comum, construído socialmente de que as diferentes
raças correspondem às características biológicas dos grupos étnicos. Como por exemplo, a raça negra

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que seria composta daqueles que têm a pele negra, cabelos crespos, entre outras características
fenotípicas.
A diferença entre raça e etnia é portanto que raça determinava um grupo por características
biológicas, enquanto a etnia fala sobre aspectos culturais. Contudo, estudos da sociologia, antropologia e
da biologia no último século contribuíram para desconstruir a ideia discriminatória do conceito de raça e
aposentar o termo quanto classificação humana.
A língua é utilizada como fator primário de classificação dos grupos étnicos. Existe um grande
número de línguas multi-étnicas e determinadas etnias são multilíngues.
Os grupos étnicos compartilham uma origem comum, e exibem uma continuidade no tempo,
apresentam uma noção de história em comum e projetam um futuro como povo.
Isto se alcança através da transmissão de geração em geração de uma linguagem comum, de valores,
tradições e, em vários casos, instituições.

Raça e Etnia no Brasil


O Brasil é considerado um país com uma enorme miscigenação étnica, como os indígenas,
portugueses, holandeses, italianos, negros, japoneses, árabes, e etc. Mas não se pode dizer que há
diferença racial entre os brasileiros, já que a raça humana é uma só.
Cada região brasileira, devido ao seu contexto histórico particular, possui uma predominância de
determinada etnia.
Os processos migratórios no Brasil foram fundamentais para a variedade de etnias brasileiras.
Além dos grupos culturais de imigrantes, a miscigenação permitiu a criação de grupos étnicos próprios do
Brasil, como os caboclos e mulatos.

5. Conceito de Miscigenação

Miscigenação é o processo gerado a partir da mistura entre diferentes etnias. Os seres


humanos miscigenados apresentam características físicas típicas de várias "raças". O indivíduo que
nasce a partir da miscigenação étnica (que ainda pode ser chamada de mestiçagem ou caldeamento) é
considerado mestiço.

Miscigenação no Brasil
A miscigenação do povo brasileiro é bastante evidente e intensa, principalmente devido à
presença de diferentes etnias que colonizaram e residiram no país, como europeus, asiáticos, africanos e
indígenas, que já habitavam o Brasil antes da chegada dos portugueses.
Aliás, o processo de miscigenação no Brasil começou a partir do século XVI, com a chegada dos
portugueses em terras brasileiras. É graças ao fenômeno da miscigenação que o Brasil é conhecido por
sua diversidade cultural, pois o povo, formado por tantas misturas, preserva a herança de vários grupos
étnicos diferentes.
De acordo com a classificação de "raças" no Brasil, criada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) e aplicada a partir do censo de 1971, existem cinco categorias: branca, preta,
amarela, parda e indígena.

De acordo com o IBGE:

“Consideraram-se cinco categorias para a pessoa se classificar quanto à característica cor ou


raça: branca, preta, amarela (compreendendo-se nesta categoria a pessoa que se declarou de
raça amarela), parda (incluindo-se nesta categoria a pessoa que se declarou mulata, cabocla,
cafuza, mameluca ou mestiça de preto com pessoa de outra cor ou raça)
e indígena (considerando-se nesta categoria a pessoa que se declarou indígena ou índia).”

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"A miscigenação entre brancos e negros originou os povos chamados de mulatos. Já da mistura entre
índios e brancos surgiram os mamelucos, considerados como os primeiros brasileiros no período após
o descobrimento. Já a miscigenação entre índios e negros deu origem aos cafuzos."

Pardo é o mesmo que mulato, cafuzo ou caboclo, ou seja, uma pessoa com diferentes ascendências
étnicas e que são baseadas numa mistura de cores de peles entre brancos, negros e indígenas.

6. Identidade Cultural

Por fim, podemos estabelecer, diante do que já foi esclarecido, que o conceito de identidade
cultural faz alusão à construção identitária de cada indivíduo em seu contexto cultural. Em outras
palavras, a identidade cultural está relacionada com a forma como vemos o mundo exterior e como nos
posicionamos em relação a ele. Esse processo é continuo e perpétuo, o que significa que a identidade de
um sujeito está sempre sujeita a mudanças. Nesse sentido, a identidade cultural preenche os espaços de
mediação entre o mundo “interior” e o mundo “exterior”, entre o mundo pessoal e o mundo público.
Nesse processo, ao mesmo tempo que projetamos nossas particularidades sobre o mundo exterior
(ações individuais de vontade ou desejo particular), também internalizamos o mundo exterior (normas,
valores, língua...). É nessa relação que construímos nossas identidades.

O que é identidade cultural?


A palavra identidade está associada, historicamente, ao que algo é.
Na Filosofia, a essência é a definição do que algo é, ou seja, a
identidade é a definição da essência. A identidade cultural não está
distante da definição de identidade, pois ela é a identificação
essencial da cultura de um povo.

A identidade cultural é um conjunto híbrido e maleável de


elementos que formam a cultura identitária de um povo, ou
seja, que fazem com que um povo se reconheça enquanto
agrupamento cultural que se distingue dos outros.

É difícil definir uma identidade cultural específica, pois


ela é maleável e depende do momento e das
peculiaridades culturais de uma determinada sociedade.

Atualmente, o maior desafio para se manter a identidade cultural dos grupos sociais é a globalização,
que determina padrões culturais baseados na cultura estadunidense, que tem se tornado hegemônica
no mundo.

As vestimentas, os hábitos e costumes são elementos da identidade cultural.

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7. A Identidade Cultural Brasileira

A identidade cultural brasileira é o conjunto de traços culturais que definem o que é ser
brasileiro. Em tese, os brasileiros compartilham determinadas características culturais que fazem com
que cada um deles se sinta parte da nação. Esse conjunto de traços distintivos é chamado de
brasilidade.
É comum nos identificarmos (ou sermos identificados por estrangeiros) como um povo alegre,
comunicativo, caloroso e criativo. Certas manifestações culturais, como o Carnaval, ou hábitos
alimentares, como comer arroz com feijão, parecem fazer parte desse "rótulo" do ser brasileiro.
Estudiosos da cultura nacional chamam a atenção para um fenômeno característico da formação
do povo brasileiro: a miscigenação. Historicamente, somos fruto da mistura das culturas negra, indígena
e europeia, e essa mistura seria, em grande medida, definidora da nossa identidade.
Um dos problemas de se tentar definir a identidade cultural brasileira diz respeito à enorme
diversidade do nosso povo, que põe em xeque a ideia de uma única identidade nacional. Em vez de uma,
talvez seja mais correto dizer que existem inúmeras identidades culturais. Isso nos leva a crer que um
elemento central da identidade cultural brasileira é justamente a diversidade.
O Brasil é caracterizado por grande miscigenação e grandes diversidades regionais. Essas
diversidades são sociais, econômicas e culturais. Uma pessoa que viaja o Brasil de norte a sul
certamente notará ao longo desse longo trajeto a variedade de ritmos, crenças, costumes, sotaques etc.
Além disso, mesmo dentro de uma cidade existem diferenças culturais bastante demarcadas,
muitas delas determinadas por desigualdades socioeconômicas. Essas identidades locais, que muitas
vezes se limitam a determinadas zonas ou bairros de uma cidade, são bastante evidentes em metrópoles
como São Paulo e Rio de Janeiro.

Segue abaixo alguns exemplos de representações da identidade cultural do Brasil:

 Samba: ritmo original do Brasil, possui uma forte raiz nos ritmos entoados por povos de origem
africana, sendo uma variante sonora originalmente brasileira que surgiu nas favelas do Rio de
Janeiro.
 Feijoada: prato típico brasileiro, reúne o feijão preto, cortes de carne bovina seca, como o charque, e
carnes suínas embutidas e defumadas, como o paio e o bacon. A feijoada é um prato tipicamente
brasileiro que representa a nossa identidade cultural fora do país.
 Caipirinha: um drink originalmente brasileiro que representa, de maneira geral, a nossa cultura no
exterior. Composta por cachaça, gelo, açúcar e limão, a bebida teve origem no Rio de Janeiro.
 Religiões de matriz africana: apesar de uma maioria cristã no Brasil (tanto católica quanto
protestante), uma marca cultural de nosso país está nas crenças religiosas de matriz africana, como
o candomblé e a umbanda, que nasceram aqui a partir da miscigenação entre as religiões africanas
e o cristianismo.
 Cultura sertaneja: o sertão do Brasil, em especial o sertão nordestino, é rico em elementos
culturais, sejam culinários, religiosos, linguísticos, literários, musicais, sejam das artes plásticas.
Essa cultura sertaneja compõe a nossa identidade cultural.

8. Outros exemplos de Identidade Cultural

É difícil delinear exemplos claros de identidade cultural, visto que a cultura é um termo muito
amplo e maleável. No entanto, alguns aspectos culturais podem ser separados e postos como exemplos
de elementos identitários de determinadas culturas. Listamos a seguir alguns exemplos de identidade
cultural que são associados a algumas culturas:

 Religiosidade: as diversas religiões são elementos identitários de certos grupos culturais. Cristãos
(católicos, protestantes ou espíritas), judeus, muçulmanos, candomblecistas, budistas, hinduístas ou
qualquer outra denominação religiosa compreendem grupos identitários que se relacionam a
determinadas culturas.

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 Artes plásticas: os artefatos produzidos por artistas plásticos e artesãos também são fortes
elementos de identidade cultural de um povo. Os adereços corporais, a pintura e a escultura podem
representar de maneira efetiva uma cultura.
 Música: é um elemento de identidade cultural muito eficaz. De acordo com o ritmo ou com os
instrumentos utilizados, é possível estabelecer de onde a música se originou, havendo uma noção de
identidade cultural implícita nessa relação.
 Culinária: forte elemento de identidade cultural. É comum associarmos as massas à culinária
italiana, o bacalhau à culinária portuguesa, o sushi à culinária japonesa, a paella à culinária
espanhola, a feijoada à culinária brasileira e a cerveja à culinária alemã. Os hábitos culinários dizem
muito a respeito da cultura em questão.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
1. Conceitue identidade cultural.
2. Entre as possíveis formas de entendimento da ideia de identidade cultural, existem duas concepções
distintas que devemos destacar dentro dos estudos sociológicos mais recentes. Quais são essas
concepções?
3. Diferencie com suas palavras o que identidade social de Autoidentidade.
4. De acordo com o texto, qual a ideia geral de cultura?
5. Qual o conceito de identidade?
6. Cite exemplos da identidade cultural manifestados em sua cidade.
7. Descubra os tipos de turismo cultural desa cruzadinha abaixo, de acordo com as dicas dadas.
8. Qual o conceito de miscigenação?
9. Quais os tipos de raças têm no Brasil? Defina cada uma delas.
10. Cite exemplos da Identidade Cultural brasileira.

CULTURA E DIVERSIDADE
O que é Cultura?
Cultura é um conceito amplo que representa o conjunto de tradições, crenças e costumes de
determinado grupo social. Ela é repassada através da comunicação ou imitação às gerações seguintes.
Dessa forma, a cultura representa o patrimônio social de um grupo sendo a soma de padrões dos
comportamentos humanos e que envolve: conhecimentos, experiências, atitudes, valores, crenças,
religião, língua, hierarquia, relações espaciais, noção de tempo, conceitos de universo.
A cultura também pode ser definida como o comportamento por meio da aprendizagem social.
Essa dinâmica faz dela uma poderosa ferramenta para a sobrevivência humana e tornou-se o foco
central da antropologia desde os estudos do britânico Edward Tylor (1832-1917). Segundo ele:
"A cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os
costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade".

Cultura na Sociologia
A cultura na sociologia representa o conjunto de saberes e tradições de um povo. Estes são
produzidos pela interação social entre os indivíduos de uma comunidade ou sociedade.
A partir das necessidades humanas vão sendo moldados e criados padrões e comportamentos
que geram uma determinada estrutura e organização social.
Vale lembrar que nenhuma cultura deve ser considerada superior à outra. O que existe são
diferenças culturais entre os diversos grupos. Ao fazer juízo de valor sobre algum aspecto externo à sua
cultura, podemos estar sendo etnocêntricos.
O etnocentrismo ocorre quando consideramos nossos hábitos ou condutas superiores aos de
outrem e isso pode gerar preconceitos não fundamentados.

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7 Tipos de Cultura

1. Cultura de Massa
A cultura de massa é o conjunto de ideias e de valores que se desenvolve tendo como ponto de
partida a mesma mídia, notícia, música ou arte. Ela é transmitida sem considerar as especificidades
locais ou regionais.
A cultura de massa é usada para promover o consumismo entre os indivíduos, sendo um
comportamento típico do capitalismo, que foi expandido de maneira drástica a partir dos séculos XIX e
XX.

2. Cultura Erudita
Diferente da cultura de massa, a cultura erudita é resultado do conhecimento adquirido por meio
da pesquisa e do estudo nos mais diferentes campos.
Não é ofertado massivamente, está disponível a poucos e representa uma forma de diferenciação
social permitida pelo acesso ao conhecimento. Como exemplos, temos: exposições artísticas,
apresentações teatrais e concertos.

3. Cultura Popular
A cultura popular está intimamente relacionada com as tradições e os saberes, os quais são
determinados pelo povo, por exemplo: as festas, o folclore, o artesanato, as músicas e a dança.
Em oposição à cultura erudita, ela ocorre de forma espontânea e orgânica. Portanto, não está
associada aos equipamentos culturais, como os museus, cinemas, bibliotecas, etc.

4. Cultura Material
A cultura material representa o conjunto de patrimônio cultural e histórico formado por elementos
concretos que ao longo de tempo foram construídos pelo ser- humano.
Como exemplos de cultura material temos os elementos arquitetônicos (igrejas, museus,
bibliotecas) e os objetos de uso pessoal e coletivo (obras de arte, utensílios, vestimenta).

5. Cultura Imaterial
Diferente da cultura material, a cultura imaterial é formada pelos elementos intangíveis. Ela
representa o conjunto de saberes, tradições, técnicas, hábitos, comportamentos, costumes e modos de
fazer de um determinado grupo.
Considerada um patrimônio cultural transmitido entre gerações, temos como exemplos as lendas
folclóricas, as feiras populares, os rituais, as danças, a culinária, etc.

6. Cultura Organizacional
A cultura organizacional, também chamada de "cultura corporativa", reúne um conjunto de
elementos associados aos valores, missões e comportamentos de determinada organização.
Dentro do contexto da globalização e dos estudos mercadológicos, esse tipo de cultura foi criando
padrões de funcionamento e operações, por exemplo, dentro de uma empresa.

7. Cultura Corporal
A cultura corporal analisa o comportamento dos seres humanos em seus mais diferentes grupos.
Ela reúne as práticas relacionadas ao movimento, como danças, jogos, atividades, comportamento
sexual e festividades.

Elementos da Cultura
Associada aos valores materiais e espirituais, os elementos culturais são:

1. Elementos da Cultura Material


Associada aos elementos tangíveis, concretos e palpáveis construídos pelos seres humanos.
Como exemplos de cultura material podemos citar as construções e os objetos: museus, igrejas, obras de
arte, vestuário, utensílios, etc.

2. Elementos da Cultura Imaterial


Relacionado com os elementos intangíveis e espirituais de um grupo, a cultura imaterial
representa os saberes, os modos de fazer e os valores partilhados entre os membros de uma sociedade.
Como exemplos, podemos citar os rituais, as lendas, as festas, a linguagem, a culinária, etc.

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Características da Cultura
 determinada pelo conjunto de saberes, comportamentos e modos de fazer;
 possui um caráter simbólico;
 é adquirida por meio das relações sociais de um grupo;
 é transmitida para gerações posteriores;
 não é estática, sendo influenciada por novos hábitos.

Cultura Brasileira

A cultura brasileira resulta da mistura de raças e etnias que constituem o País desde o descobrimento.

A diversidade cultural brasileira foi influenciada por quatro grandes grupos:

 Colonos portugueses;
 Os índios que já viviam antes da chegada de Pedro Álvares Cabral (1467-1520);
 Os negros africanos que foram escravizados;
 Os europeus que chegaram principalmente ao fim do período de exploração da mão de obra não
remunerada.

Diferente da maioria dos países que passaram pelo processo de colonização, o Brasil é marcado
pela miscigenação, condição que influencia diretamente na cultura.
Há comportamentos que resultam da mistura de múltiplos grupos. Podemos ver essa realidade
em festas, regras de etiqueta e crenças.
A língua portuguesa, que é um importante elemento da unidade nacional, também está entre os
pontos de destaque da cultura brasileira.
Em consequência das dimensões geográficas, os diferentes grupos que se estabeleceram no
País influenciaram a língua de maneira particular. Assim, há entonações e expressões que apontam as
mais variadas regiões.
Embora seja a mesma, a língua é pronunciada de maneira diferente no Sul, no Sudeste, no Norte,
no Nordeste e no Centro-Oeste. Todas diferem do português falado em Portugal.

Entenda o que é Diversidade Cultural

Diversidade cultural são os vários aspectos que representam particularmente as diferentes


culturas, como a linguagem, as tradições, a culinária, a religião, os costumes, o modelo de
organização familiar, a política, entre outras características próprias de um grupo de seres humanos
que habitam um determinado território.
A diversidade cultural é um conceito criado para compreender os processos de diferenciação
entre as várias culturas que existem ao redor do mundo. As múltiplas culturas formam a
chamada identidade cultural dos indivíduos ou de uma sociedade; uma "marca" que personaliza e
diferencia os membros de determinado lugar do restante da população mundial.
A diversidade significa pluralidade, variedade e diferenciação, conceito que é considerado o
oposto total da homogeneidade. Atualmente, devido ao processo de colonização e miscigenação cultural
entre a maioria das nações do planeta, quase todos os países possuem a sua diversidade cultural, ou
seja, um "pedacinho" das tradições e costumes de várias culturas diferentes.
Algumas pessoas consideram a globalização um perigo para a preservação da diversidade
cultural, pois acreditam na perda de costumes tradicionais e típicos de cada sociedade, dando lugar às
características globais e "impessoais".
Com o intuito de tentar preservar a riqueza da diversidade cultural dos países, a Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) criou a "Declaração Universal sobre a
Diversidade Cultural".
A Declaração da UNESCO sobre Diversidade Cultural reconhece as múltiplas culturas como uma
"herança comum da humanidade", e é considerada o primeiro instrumento que promove e protege a
diversidade cultural e o diálogo intercultural entre as nações.

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Diversidade Cultural no Brasil

A diversidade cultural no Brasil é representada pelas inúmeras tradições, manifestações


religiosas e artísticas, culinária, crenças e costumes, dos diferentes grupos de indivíduos nas
diferentes regiões brasileiras.
Devido à extensão territorial e ao processo de povoamento com povos de diferentes origens, o
Brasil é um país com imensa diversidade cultural.
A origem da formação cultural brasileira está ligada, sobretudo, aos indígenas, aos negros
escravizados e aos imigrantes europeus.
O primeiro imigrante foi o colonizador português e ao longo dos séculos seguintes, outras
nacionalidades também tiveram destaque na migração brasileira, como os italianos, alemães, japoneses
e poloneses.
De norte a sul, as tradições, as festas, os rituais e a alimentação variam de maneira significativa.
As manifestações culturais são influenciados também pelas características locais, como o clima e a
vegetação e os aspectos sociais e econômicos.
Entre as regiões do país existem diferenças bastante significativas da formação cultural, mas
mesmo dentro de uma região ou estado é possível encontrar grande diversidade de tradições e
manifestações culturais.
A cultura dos mais variados grupos no Brasil é elemento de identificação, é o que forma os
indivíduos que pensam, sentem e agem em seus círculos sociais.
São as manifestações culturais que fornecem identidade e contam a história de um país, por
isso, sua preservação é muito importante. Para que a cultura de um país seja preservada é preciso que
se criem políticas públicas de valorização e reconhecimento das tradições e também que esses temas
sejam incluídos nos currículos escolares.

Diversidade cultural nas regiões do Brasil

Veja a seguir, um pouco da cultura, das tradições e da culinária em cada região do Brasil:

Norte
Na região norte acontecem dois importantes eventos culturais: o Festival de Parintins no
Amazonas e o Círio de Nazaré em Belém do Pará.
O Festival de Parintins conta com apresentações semelhantes ao carnaval, com fantasias,
alegorias e enredo e acontece uma competição entre o boi caprichoso e o boi garantido.
O Círio de Nazaré é uma manifestação religiosa cristã de devoção à Nossa Senhora de Nazaré e
reúne cerca de 2 milhões de pessoas.
Nessa região, a culinária apresenta forte influência indígena, sobretudo na utilização do peixe e
da mandioca. Também são pratos típicos dessa região a carne de sol, o jambu e o tucupi (caldo de
mandioca cozido).

Nordeste
No nordeste, uma das manifestações artísticas mais tradicionais é a literatura de cordel, que é
um gênero literário produzido em versos. Os textos são escritos em folhetos e pendurados em cordas nas
apresentações, por isso o nome "cordel".
Outras tradições famosas dessa região são o maracatu, o bumba meu boi, o carnaval, a capoeira,
o frevo, o coco, a ciranda, a festa de Iemanjá, a marujada e a lavagem das escadarias do Bonfim.
Os pratos típicos da região são: acarajé, vatapá, caruru, sarapatel, carne de sol, bolo de fubá,
arroz doce, canjica, buchada de bode, tapioca, pamonha, feijão verde e cocada.

Centro oeste
O centro-oeste é uma região de grande diversidade devido às influências de outros estados, de
povos indígenas e até mesmo de outros países como a Bolívia e o Paraguai.
Nessa região, algumas das manifestações culturais famosas são a cavalhada, o fogaréu e o
cururu. E dentre os pratos típicos estão o arroz com pequi, o angu, o arroz boliviano o cural e os peixes
do pantanal.

Sudeste
No sudeste, algumas das tradições são as festas do divino, o carnaval, o bumba meu boi, o peão
boiadeiro, o samba de lenço, o caiapó, a dança de velhos, a folia de reis e o jongo.
Os pratos típicos dessa região são o cuscuz paulista, aipim frito, moqueca capixaba, pão de
queijo, feijoada, tutu de feijão, feijão tropeiro, queijo minas, farofa e bolinho de bacalhau.
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Sul
O sul tem diversas manifestações culturais relacionadas aos imigrantes europeus,
principalmente alemães, italianos e japoneses.
Os grupos descendentes desses imigrantes preservam práticas culturais de dança, culinária e
também na arquitetura. É comum encontrar cidades inteiras construídas em estilo alemão, por exemplo.
No que se refere a culinária, destacam-se o chimarrão, especialmente no Rio Grande do Sul, o
pirão de peixe, o barreado (carne cozida em panela de barro) e a produção de vinho.

Significado de Tradição

Tradição é uma palavra com origem no termo em latim traditio, que significa "entregar" ou "passar
adiante". A tradição é transmissão de costumes, comportamentos, memórias, rumores, crenças, lendas,
para pessoas de uma comunidade, sendo que os elementos transmitidos passam a fazer parte da
cultura.
Para que algo se estabeleça como tradição, é necessário bastante tempo, para que o hábito seja
criado. Diferentes culturas e mesmo diferentes famílias possuem tradições distintas. Algumas
celebrações e festas (religiosas ou não) fazem parte da tradição de uma sociedade. Muitas vezes certos
indivíduos seguem uma determinada tradição sem sequer pensarem no verdadeiro significado da
tradição em questão.
No âmbito da etnografia, a tradição revela um conjunto de costumes, crenças, práticas,
doutrinas, leis, que são transmitidos de geração em geração e que permitem a continuidade de uma
cultura ou de um sistema social.
No contexto do Direito, tradição consiste na entrega real de uma coisa para efeitos da
transmissão contratual da sua propriedade ou da sua posse entre pessoas vivas. A situação jurídica
resulta de uma situação de fato: a entrega. Entretanto, a tradição poderá não ser material, mas apenas
simbólica.

Tradição religiosa
Para muitas religiões, a tradição é o fundamento, conservado de forma oral ou escrita, dos seus
conhecimentos acerca de Deus e do Mundo, dos seus preceitos culturais ou éticos.

No caso do catolicismo, por exemplo, existe a diferenciação entre a tradição oral e a escritura, sendo que
as duas são consideradas fontes comuns da revelação divina. Essa doutrina foi definida como dogma da
fé nos Concílios de Trento em 1546, do Vaticano I em 1870 e do Vaticano II em 1965. Uma tradição pode
ser interpretada de várias formas diferentes e ainda nos dias de hoje há contradições entre teólogos
protestantes e católicos.

Regionalismo
Regionalismo é um grupo de particularidades de uma determinada região que se manifesta na
linguística, política ou na literatura.
Regionalismo é entendido como particularidades de uma determinada região que dissemina uma
mesma cultura, seja através da linguística, da política ou da literatura.
Nesse sentido, o Brasil é hoje um país marcado por diversos regionalismos, que ajudaram a
compor a pluralidade de culturas da nação. Portanto, essa pluralidade é notada no dialeto,
nas manifestações ideológicas e nos livros de romance.

Regionalismo linguístico

Europeus, africanos e índios. Ou seja, esse foi o choque de culturas que os livros de história
relatam, após a chegada dos navios negreiros no Brasil.
Contudo, essa mistura deu início a uma miscigenação do povo brasileiro, que resultou em
diversos regionalismos distintos.
Neste viés, a maior forma de expressão do regionalismo é através do dialeto. Por exemplo,
a região Sul do Brasil foi mais colonizada pelos europeus. Desta forma, é notável que, tanto os costumes,
quanto a fala, sejam semelhantes aos dos colonizadores.
Sendo assim, dentre os dialetos do português, os mais comuns são:

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Mapa de dialetos no Brasil – Fonte: The Fools

Nesse sentido, o dialeto traz uma gama de opções de expressões para um mesmo sentido, sendo
manifestadas nas palavras.

Exemplo de diferenças na variação linguística por conta dos regionalismos individuais – Fonte: Docplayer

Por exemplo, a planta de nome científico Manihot esculenta é chamada de aipim ou macaxeira
na região Norte e no Nordeste, por influências indígenas. Por outro lado, na maior parte do país, a planta
é chamada de mandioca. Dessa mesma forma, ocorre com outras palavras, onde as variáveis linguísticas
são as principais características de identificação em cada estado.

Regionalismo na literatura

Em síntese, a literatura brasileira do século XIX foi marcada pela retomada do Romantismo. Neste
contexto, diversos escritores introduziram as particularidades regionais em suas obras.
Como resultado, os escritores utilizavam a literatura para expressar o meio em que viviam e momentos
históricos de uma determinada região. Assim, foi através da literatura regionalista que o sertão encontrou
uma forma de mostrar sua cultura e jeito de viver.

Regionalismo e política

O regionalismo político é manifestado através de uma ideologia regional, disseminada em uma


determinada região. Dessa forma, o regionalismo político é caracterizado por pautas de interesses em
comum, que gerem benefícios para todos em um espaço geográfico delimitado.
Certamente, a luta de classes é um exemplo de regionalismo político, pois ela representa as
manifestações ideológicas de um grupo. Geralmente, possuem um líder que representa o grupo.

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EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
1. O que é Cultura?

2. Em que consiste a alteridade?

3. Qual o significado da palavra alteridade? Existe algum sinônimo para ela? Explique.

4. O que representa a cultura na sociologia?

5. Quais são os tipos de cultura? Defina cada uma deles.

6. Quais são os elementos culturais?

7. Quais são Características da Cultura?

8. A diversidade cultural brasileira foi influenciada por quatro grandes grupos: Quais são eles?

9. O que é Diversidade Cultural?

10. Como é representada diversidade cultural no Brasil?

11. O que é tradição?

12. O que é regionalismo?

13. Defina Regionalismo linguístico, Regionalismo na literatura e Regionalismo e política.

MANIFESTAÇÕES CULTURAIS
Manifestação cultural é toda forma de expressão
humana na qual o ser humano expressa a sua cultura,
seja por meio de celebrações ou rituais, ou nas danças
e festas.
Portanto, fazem parte da cultura de um povo as
seguintes atividades e manifestações: música, teatro,
rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos
alimentares, danças, arquitetura, invenções,
pensamentos, formas de organização social, folclore,
festas populares, tradições, etc.
A diversidade e a riqueza da cultura popular
brasileira são notórias nos quatro cantos do país.
Manifestações ligadas à música, à dança e à religião
são símbolo de resistência, da identidade e da história
de diversos territórios e povos.

34
Para que serve a manifestação cultural?
Manifestação é um ato coletivo em que os cidadãos se reúnem publicamente para expressar uma opinião
pública. O objeto das manifestações são, em geral, tópicos de natureza política, econômica e social.

Qual a importância da manifestação cultural?


Partindo das conjecturas de que Cultura/s e Educação são fenômenos coexistentes, de que a diversidade
cultural, os conteúdos e formas das culturas locais e regionais, com suas vertentes, também são
essenciais nos processos de formação humana, do cuidado com a cidadania.

Quais são as características de uma manifestação?

Manifestação é um ato coletivo em que os cidadãos se reúnem publicamente para expressar


uma opinião pública. É habitual que se atribua a uma manifestação um êxito tanto maior quanto maior o
número de participantes. O objeto das manifestações são, em geral, tópicos de natureza política,
econômica e social.
O figurino dos dançarinos e o gênero tocado pelos instrumentistas também são características da
manifestação cultural.

Qual a diferença entre manifestações culturais populares e folclore?


Folclore é o conjunto de manifestações da cultura popular que são típicas de um determinado
povo, podendo realizar-se nas danças, contos e ritmos, por exemplo. Folclore é o que conhecemos
como manifestações da cultura popular que acontecem e que formam a identidade social de um povo.

 Exemplos de manifestações da cultura popular: carnaval, danças e festas folclóricas, literatura de


cordel, provérbios, samba, frevo, capoeira, artesanato, cantigas de roda, contos e fábulas, lendas
urbanas, superstições, etc.

 Exemplos de festas populares brasileiras: Festas Juninas, Folia de Reis, Festival Folclórico de
Parintins, Festa do Divino, Círio de Nazaré e Festa do Peão de Barretos.

 Exemplos de folguedos brasileiros: Congada, Marujada Fandango, Cavalhada, Bumba-meu-Boi.

Na região norte acontecem dois importantes eventos culturais: o Festival de Parintins no


Amazonas e o Círio de Nazaré em Belém do Pará.
O Festival de Parintins conta com apresentações semelhantes ao carnaval, com fantasias,
alegorias e enredo e acontece uma competição entre o boi caprichoso e o boi garantido.
O Círio de Nazaré é uma manifestação religiosa cristã de devoção à Nossa Senhora de Nazaré e
reúne cerca de 2 milhões de pessoas.

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No nordeste, uma das manifestações artísticas mais tradicionais é a literatura de cordel, que é
um gênero literário produzido em versos. Os textos são escritos em folhetos e pendurados em cordas nas
apresentações, por isso o nome "cordel".
Outras tradições famosas dessa região são o maracatu, o bumba meu boi, o carnaval, a capoeira,
o frevo, o coco, a ciranda, a festa de Iemanjá, a marujada e a lavagem das escadarias do Bonfim.

No sul tem diversas manifestações culturais relacionadas aos imigrantes europeus,


principalmente alemães, italianos e japoneses.
Os grupos descendentes desses imigrantes preservam práticas culturais de dança, culinária e
também na arquitetura. É comum encontrar cidades inteiras construídas em estilo alemão, por exemplo.

O centro-oeste é uma região de grande diversidade devido às influências de outros estados, de


povos indígenas e até mesmo de outros países como a Bolívia e o Paraguai.
Nessa região, algumas das manifestações culturais famosas são a cavalhada, o fogaréu e o
cururu.

No sudeste, algumas das tradições são as festas do divino, o carnaval, o bumba meu boi, o peão
boiadeiro, o samba de lenço, o caiapó, a dança de velhos, a folia de reis e o jongo.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

1. O que é Manifestação cultural?

2. Para que serve a manifestação cultural?

3. Qual a importância da manifestação cultural?

4. Quais são as características de uma manifestação?

5. Qual a diferença entre manifestações culturais populares e folclore?

6. Cite exemplos de manifestações culturais.

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PESQUISA DE CAMPO

A pesquisa de campo pode ser aplicada,


por exemplo, para procurar entender se os
clientes de determinado estabelecimento estão
satisfeitos com o atendimento de um setor
específico.
Para isso, o pesquisador poderá produzir questionários ou fazer entrevistas com alguns
participantes para obter as respostas. Por fim, e com base em informações que ajudem a
contextualizar a realidade dos clientes e do estabelecimento, o pesquisador poderá identificar os
pontos positivos e negativos do serviço.

O que é uma pesquisa de campo?


A pesquisa de campo é caracterizada por investigações que, somadas às pesquisas
bibliográficas e/ou documentais, se realiza coleta de dados junto à pessoas, ou grupos de
pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa.
Neste sentido, a pesquisa de campo, assim como a bibliográfica, pode ser somada a
outros procedimentos.
Visando uma pesquisa mais completa você pode agregar esta pesquisa com a pesquisa
ex-post-facto, pesquisa-ação e a pesquisa participante, por exemplo.
Neste cenário, a pesquisa de campo surge como uma das formas de investigação mais
difundidas e utilizadas por pesquisadores e alunos em seus trabalhos acadêmicos e
científicos.

Qual é a finalidade da pesquisa de campo?


Desta forma, a pesquisa de campo tem a finalidade de observar fatos e fenômenos da
maneira como ocorrem na realidade por meio da coleta de dados.
Posteriormente tais dados serão analisados e interpretados com base em uma
fundamentação teórica sólida e bem fundamentada.
O objetivo será, especialmente, compreender e explicar o problema que é objeto de estudo
da pesquisa.

Pesquisa de campo e áreas do conhecimento


A pesquisa de campo pode ser utilizada em qualquer área do conhecimento. Entretanto,
algumas delas como Antropologia, Sociologia, Psicologia, Economia, História, Pedagogia,
Política, fazem grande uso para o estudo de indivíduos, grupos, comunidades e instituições.
Assim, buscam compreender os mais diferentes aspectos de uma determinada realidade.

Como desenvolver uma pesquisa de campo


Para sua execução, é preciso selecionar as técnicas de coleta de dados que sejam mais
adequadas à natureza do tema.
Além disso, é preciso definir quais técnicas serão aplicadas para o registro e análise dos
dados coletados.
Dependendo das técnicas de coleta e análise dos dados, a pesquisa poderá adquirir a
característica quantitativa ou qualitativa.
Todo o processo de planejamento e execução começa com a definição do tema do
trabalho e do problema de pesquisa.
Uma vez que se tenha objetivos geral e específicos, deve-se iniciar o trabalho de revisão
da literatura, onde é preciso buscar fontes de pesquisa que pautem sua investigação ao
fornecer conceitos e informações já estudados sobre aquele tema.
Essa procura por referências teóricas se caracteriza por uma pesquisa bibliográfica, que
pode envolver a pesquisa em livros, artigos, reportagens, documentos oficiais e trabalhos
científicos, como teses e dissertações.

Todo o conteúdo encontrado ao longo desse levantamento teórico vai servir para
contextualizar o problema de pesquisa e apontar lacunas que precisam ser preenchidas para
se chegar aos objetivos do estudo.
Isso quer dizer que muitos dados que podem ser importantes para se atingir os objetivos
do seu trabalho não são encontrados no levantamento teórico, onde entra a pesquisa de
campo.
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Técnicas de coleta de dados
A pesquisa de campo não prevê técnicas específicas para a coleta de dados, sendo que
elas podem variar bastante de acordo com as necessidades do trabalho.
Ou seja, as técnicas utilizadas devem ser selecionadas e aplicadas conforme a natureza
dos dados que precisam ser colhidos, sendo que essas técnicas podem se basear em
métodos quantitativos ou qualitativos e algumas das mais utilizadas são observação,
entrevista e questionário.

Etapas da Pesquisa de Campo


1. Pesquisa bibliográfica
Inicialmente, deve-se realizar uma pesquisa bibliográfica aprofundada, principalmente para
conhecer melhor o seu objeto de pesquisa e os trabalhos já desenvolvidos na área

2. Determinação da metodologia
Em parceria com seu grupo de pesquisa ou a pessoa que está te orientando, deve-se
definir a metodologia para coleta e análise de dados.

3. Interpretação dos resultados


Um dos passos mais importantes é a análise dos dados coletados por meio do referencial
teórico. Basicamente, o seu referencial deve explicar a sua realidade, ou, ao menos, tentar
justificar.

4. Comunicação/publicização
Ainda, tão importante quanto realizar uma boa análise de qualidade, é fundamental que
todos os resultados sejam publicizados. Seja por meio da apresentação do seu trabalho, ou a
publicação em anais de eventos ou artigos em periódicos.

Tipos de pesquisa de campo


A pesquisa de campo pode ser classificada em três tipos principais, de acordo com o
objeto de estudo e a metodologia: Exploratória, Quantitativa-Descritiva e Experimental.

Pesquisa de campo Exploratória


Objetiva estreitar o conhecimento com o tema a ser estudado, ajudar na formação de
hipóteses e facilitar a determinação de métodos e técnicas.

Pesquisa de campo Quantitativa-Descritiva


Visa a descrição detalhada do objeto de estudo em dados quantitativos, podendo ser
usados desde testes estatísticos a avaliações subjetivas com escalonamento quantitativo.

Pesquisa de campo Experimental


Na pesquisa experimental se determina um objeto de estudo.

Conforme Gil (2007), a pesquisa experimental objetiva selecionar as variáveis que seriam
capazes de influenciar o objeto.
Além disso deve-se definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável
produz no objeto.

Perguntas para a pesquisa de campo


Além destes tópicos relacionados ao tema, fazem parte da estrutura de uma pesquisa de
campo:

 A população (o público-alvo) a ser estudado


 O método pelo qual a escolha da amostra será obtida
 O tipo da abordagem metodológica (se quantitativa, qualitativa ou mista)
 Quais fenômenos serão estudados
 Os métodos de medição das variáveis de interesse
 Tendo claras estas definições, o pesquisador pode partir para a pesquisa propriamente
dita. Para isso deve criar o formulário para pesquisa de campo e obter seus dados.
 Junto da coleta, o pesquisador deverá fazer o levantamento bibliográfico e o
desenvolvimento da fundamentação teórica necessária ao trabalho em questão.
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Normas da ABNT para pesquisa de campo
Como é possível perceber até aqui, essa pesquisa tem grande aplicabilidade e importância
para a produção de um bom trabalho acadêmico.
Este método surge como uma forma de levantar e analisar dados que vão contribuir de
maneira decisiva para que se possa cumprir os objetivos da pesquisa.
E, para tornar todo esse trabalho ainda mais eficiente, você pode utilizar o Mettzer, o editor
que já formata seus trabalhos de acordo com as normas ABNT e ainda possui outras
funcionalidades incríveis.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

1. O que é uma pesquisa de campo?


2. Qual é a finalidade da pesquisa de campo?
3. Quais as etapas da Pesquisa de Campo?
4. Quais são os tipos de pesquisa de campo?

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Referências bibliográficas

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.


ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006.
COMPARATO, Fábio Konder. Ética. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
LALANE, André. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MAGEE, Bryan. História da Filosofia. São Paulo: Loyola, 1999.
MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
CARVALHO, José Murilo de. Os Bestializados. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
PINSKY, Jaime. PINSKY, Carla Bassanesi. História da Cidadania. São Paulo: Contexto, 2005.
RUSSEL, Bertrand. História do Pensamento Ocidental. São Paulo: Ediouro, 2001.
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1994. 207 p.
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/identidade-cultural.htm

https://www.institutoclaro.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/o-que-e-democracia/

https://brasilescola.uol.com.br/cultura/cultura-material-e-cultura-imaterial.htm

https://brasilescola.uol.com.br/cultura

https://www.politize.com.br/politicas-publicas/

https://todospelaeducacao.org.br/noticias/o-que-e-uma-politica-publica-e-como-ela-afeta-sua-vida/

https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/cidadania.htm

https://dicionariodireito.com.br/iniciativa-popular

https://gabrielmarques.jusbrasil.com.br/artigos/216434661/qual-a-diferenca-entre-iniciativa-
popular-e-acao-popular

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