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Resumo Malandros

Monique Alves

O Sagrado pelas energias dos excluídos, este é o significado dos Guias Malandros na Umbanda.
Grande parte dessas entidades sofreram na verdade o preconceito racial e passaram a viver à
margem da sociedade com limitações para crescerem e se desenvolverem na vida neste plano.
Totalmente focados na felicidade, eles viveram da forma que puderam, carregando em seu
estereótipo físico algo que na realidade não eram na maioria das vezes. O sorriso sarcástico no
rosto era a forma de afastar as tristezas, pois lamentação não enche barriga, mas a fé no
amanhã pode sim realizar diversos milagres, e era nisso que os Malandros acreditavam.
E foi por meio desse modo de enxergar as possibilidades e de saber lidar com as adversidades
que esses espíritos ganharam força maior ao desencarnar, e passaram a ser respeitados e
buscados como inspiração nos terreiros de Umbanda.
Não significa que o Malandro era santo, muitos realmente passaram dos limites por conta do
tipo de vida que levavam, se envolvendo com drogas, tráfico e prostituição. Porém, ao
desencarnaram muitos deles alcançaram um grau de espiritualidade muito elevado ao
compreenderem melhor a forma de enxergar a vida. Alguns, somente aprimoraram o que já
sabiam, outros tornaram-se conscientes da verdadeira Luz, mas todos eles que trabalham na
Linha dos Malandros se dispuseram a auxiliar aqueles que se encontram perdidos ainda em
nosso plano. A malandragem ensinou a esses espíritos uma forma de erradicar o mau humor, e
um jeitinho especial de encarar qualquer tipo de adversidade, por isso eles passaram a ser
grandes professores nas Giras.
Os Malandros não são tipos de Exú, como algumas pessoas imaginam, por isso ao se falar de
Exú Malandro não se refere especificamente a esta Linha. Considerados de uma regência bem
mista, os Malandros atuam na vibração da força de Ogum – pois são de estrada -, podem
aparecer também na Esquerda com regência de Exú – como o famoso Zé Pilintra -, e ainda se
apresentarem na cura, com uma fitinha branca em seu chapéu sendo regidos por Oxalá.
Esses Guias no Terreiro, são especialistas em curas, abrir caminhos, desmanchar magias ruins e
proteção, por isso devem ser bem-tratados e levados a sério como qualquer outra entidade,
pois são seres de Luz e mais elevados espiritualmente que nós. De atitudes simples, muito fiéis
e justos, os Malandros não toleram mentiras e se alguém tenta de alguma forma enganá-los
será facilmente desmascarado na frente de todos. Apreciadores de fumos, eles se apresentam
no Terreiro vestidos elegantemente – tanto quanto gostavam durante a vida -, com suas
camisas de seda ou listradas, chapéus de palha ou Panamá com detalhes em fita, alguns
gostam de terno e usam sempre sapatos brancos ou bicolor.
Os movimentos que realizam que se assemelham a dança, na verdade é uma forma de limpar
o ambiente de toda energia negativa presente. Seus passes e atendimento no geral são
sempre alegres, realizados com um sorriso inspirador de quem conhece de perto a dor, mas
que perdeu há muito tempo o medo dela.
Felicidade é o que define a Linha dos Malandros na Umbanda, alegria que dá forças de
compreensão, traz energias para lutar, e sabedoria para entender que não estamos aqui para
desfilar, e sim para crescermos com as dificuldades e evoluirmos durante essa fase que
chamamos de vida.
Seu Zé, como é carinhosamente chamado pelos seus filhos e fiéis, surgi no Nordeste com o
Catimbó e o Jurema. De seguida, se muda para o Rio de Janeiro, onde vem a habitar a
Umbanda. Ele é também conhecido como o “patrono” da linha dos malandros.
Os malandros trabalham com todos os tipos de ervas, mas principalmente com as ervas de
Ogum (aroeira, eucalipto, guiné, entre outras) e de Oxalá (alecrim, hortelã, louro, entre
outros): tudo vai depender de qual o motivo para a utilização daquelas ervas.
Podem ser cultuados tanto na terça quanto na sexta-feira, devido a ligação com os orixás que
os regem.
As oferendas mais apreciadas pelos Malandros são: rapadura, fumo de rolo, carne seca com
abóbora, farofa de farinha de milho amarela com carne seca, cocada mole, doce de abóbora,
carne seca com abóbora, coco e diversas frutas, além de bebidas alcoólicas como whisky,
batidas de coco, conhaque, cachaça e cerveja clara. Para alem disso, podem ser ofertadas
flores vermelhas, principalmente o cravo, além de velas brancas, vermelhas ou bicolor (branca
e vermelha). Os pontos de força são as encruzilhadas, pés de coqueiros e nas subidas de
morros.
Há vários nomes conhecidos dos malandros na umbanda, como Zé Malandro, Zé do Coco, Zé
da Luz, Zé de Légua, Zé Moreno, Zé Pereira, Zé Pretinho, Malandrinho, Camisa Listrada. A
malandra mais conhecida nesta linha é a Maria Navalha, seguida da Maria do Cais.

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