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Fortaleza–CE
2013
Coordenação de Design
Jon Barros
Diagramação
Juscelino Guilherme
Ilustrações
Fabiano Sousa
Capa
Mano Alencar
Projeto Gráfico
Hiroldo Serra
Revisão
Aparecida Cláudio
Colaboração
Assis Teles
Jonh Ewerton
Natali Lima
Hiramisa Serra
Walden Luiz
Catalogação na fonte
Carmen Araújo
Gráfica LCR
Rua Israel Bezerra, 633 | Dionísio Torres | 60135–460
Fone: 85 3105–7900 | Fax 85 3079–7000 – Fortaleza – Ceará
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Ao meu pai Haroldo Serra pelos seus 60 anos de teatro.
Ao grupo teatral Comédia Cearense pelos seus 55 anos
de atividades ininterruptas e aos 10 anos de fundação
da Casa da Comédia Cearense.
Outras publicações do autor
O Soldadinho de Chumbo
Mogli – O Menino Lobo
João e Maria
A Dama e o Vagabundo
A Família Addams
Os Três Mosqueteiros
O Príncipe e o Mendigo
Cyrano de Bergerac
Hiroldo Serra
SUMÁRIO
A Noiva Cadáver......................................... 13
Peter Pan.................................................... 61
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A Noiva
Cadáver
A Noiva Cadáver
Adaptação Livre: Hiroldo Serra
Personagens:
Víctor
Victória
Noiva Cadáver (Émily)
Mãe de Víctor
Pai de Víctor
Mãe de Victória
Pai de Victória
Lord Barkis
Caveira 1
Caveira 2
Caveira 3
Mayhew (cocheiro)
Pastor
Velho Gutknecht
Corpo de Baile
A Noiva Cadáver
(casa de Víctor)
Mãe de Víctor – Mas que linda manhã!
Pai de Víctor – É uma bela manhã!
Mãe de Víctor – Para um glorioso casório.
Pai de Víctor – Um ensaio, querida. Para ser mais exato.
Mãe de Víctor – Um ensaio para um grande casório.
Pai de Víctor – Contanto que não haja um imprevisto qualquer.
Mãe de Víctor – Ninguém para perturbar ou meter a colher.
Pai de Víctor – Por isso, cada um e todos os mínimos detalhes, mes-
mo os microscópicos detalhes devem funcionar.
Mãe de Víctor – De acordo com o plano.
Pai de Víctor – Nosso filho vai se casar.
Mãe de Víctor – De acordo com o plano.
Pai de Víctor – A família será elevada ao prestígio da classe A.
Mãe de Víctor – Aos salões reais.
Pai de Víctor – E às catedrais.
Mãe de Víctor – Reuniões com a nobreza.
Pai de Víctor – E chá das cinco com Sua Alteza.
Mãe de Víctor – Para sermos vistos e maiorais vamos ser.
Pai de Víctor – Na elite, viver e o passado esquecer.
Mãe de Víctor – Vamos procurar Víctor. Não quero me atrasar!
Pai de Víctor – Vamos querida! (saem)
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A Noiva Cadáver
(casa de Victória)
Mãe de Victória – Comerciantes de peixe! Que terrível manhã!
Pai de Victória – Melhore esse humor!
Mãe de Victória – Tão imprópria para um casamento.
Pai de Victória – Os negócios vão de mal a pior.
Mãe de Victória – E agora esse grande tormento.
Pai de Victória – Seremos obrigados a pagar esse mico?
Pai e Mãe de Victória – Casar a nossa filha com um novo rico?
Mãe de Victória – Tão comuns.
Pai de Victória – Tão insossos.
Mãe de Victória – É o fundo do poço.
Pai de Victória – Fundo do poço? Lamento discordar. Podiam ser
falidos. Nobres de museus sem um centavo para gastar como você e
eu. (mostram o cofre vazio)
Mãe de Victória – Ai, querido.
Pai de Victória – Por isso, cada um e todos os mínimos detalhes,
mesmo os microscópicos detalhes, devem funcionar.
Mãe de Victória – De acordo com o plano.
Pai de Victória – Vai ter de casar.
Mãe de Victória – De acordo com o plano.
Pai de Victória – Para nos levantar.
Pai e Mãe de Victória – Da pobreza e da ruína totais.
Mãe de Victória – E poder honrar nossos ancestrais.
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(na carruagem)
Pai de Víctor – Você fisgou mesmo um peixão desta vez, Víctor.
Mãe de Víctor – Agora só precisa puxar o anzol.
Víctor – Já estou puxando, mãe. Victória Everglot não deveria se casar
com algum lorde?
Mãe de Víctor – Ora que tolice! Somos tão bons quanto os Everglot.
Por isso eu sempre achei que merecia mais do que uma vida de ven-
dedora de peixes.
Víctor – Mas eu nunca falei com ela!
Mãe de Víctor – Pelo menos nós temos isso a nosso favor.
(casa de Victória)
Mãe de Victória – Casamento é uma parceria. Um toma lá–dá–cá. A
vida inteira ela nos observou... E, como nós, ela fará. Como nós, ela fará.
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A Noiva Cadáver
Victória – Mamãe não me deixa chegar perto do piano. Ela diz que a
música não é apropriada para uma jovem.
Víctor – Eu posso perguntar Srta. Everglot... Onde está sua dama de
companhia?
Victória – Talvez, diante das atuais circunstâncias, devesse me cha-
mar de Victória.
Víctor – Sim, claro. Victória?
Victória – Sim, Víctor.
Víctor – Amanhã nós estaremos cas... cas...
Victória – Casados.
Víctor – Isso. Casados!
Victória – Desde criança que sonho com o dia do meu casamento.
Sempre quis encontrar alguém por quem me apaixonasse perdida-
mente. Alguém com quem pudesse passar o resto da vida. (senta-se
ao piano) Tolice, não é?
Víctor – Sim, tolice. Não! De jeito nenhum. Não! (derruba um jarri-
nho com flores que está em cima do piano) Oh! Céus! Eu sinto muito.
(Victória coloca uma flor na lapela de Víctor)
Mãe de Victória – Que absurdo é esse? Não deviam estar juntos sozi-
nhos. Está na hora. Um minuto para as cinco horas e não estão no en-
saio. O pastor está esperando. Venham imediatamente. (corte de luz)
Pastor – Sr. Víctor, vamos do início outra vez. “Com esta mão, espan-
tarei suas tristezas. Sua taça jamais ficará vazia, pois serei seu vinho.
Com esta vela, iluminarei seu caminho na escuridão. E com esta alian-
ça, peço-lhe que seja minha”. Vamos outra vez.
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Mãe de Victória – Ah, Lord Barkis! Espero que o quarto seja do seu agrado.
Lord Barkis – Obrigado. É uma anfitriã muito generosa. E, é por isso
que me dói ser o portador de notícias tão ruins: Víctor foi visto esta
noite na ponte nos braços de uma mulher misteriosa! A sedutora de
cabelos negros e o Sr. Víctor sumiram noite adentro!
Mãe de Víctor – Mulher misteriosa? Ele nem conhece mulher nenhuma!
Lord Barkis – É o que todos pensavam. Podem me chamar se preci-
sarem de minha ajuda. Seja lá para o que for.
Mãe de Victória – E agora, Finis? O que vamos fazer?
Pai de Victória – Pegue meu mosquete.
Mãe de Víctor – William, faça algo!
Pai de Víctor – Não deve ter acontecido nada de importante.
Pai de Victória – Mesmo assim. Está faltando um noivo para o casa-
mento de amanhã. (à parte)* Isso sem falar nas implicações financeiras.
Mãe de Victória – E é um imenso constrangimento pra todos nós.
Mãe de Víctor – Deem–nos uma chance de encontrá-lo. Nós implo-
ramos. Deem–nos até o amanhecer.
Mãe de Victória – Muito bem! Até o amanhecer. (corte de luz)
* Consiste num comentário feito por um personagem, presumivelmente não ouvido pelos de-
mais que estão em cena. O aparte pode ser dado diretamente à plateia ou na forma de um
comentário do personagem para si mesmo.
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Víctor – Eu também.
Velho Gutknecht – Ah, aqui está. Prontos? Mas lembrem–se: quan-
do quiserem voltar, digam “amarelinha”.
Noiva Cadáver – Amarelinha?
Velho Gutknecht – Isso mesmo. (joga um pó sobre eles, efeito de
luz e fumaça)
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gano. (sai)
Noiva Cadáver – (despetalando um buquê) As rosas são amor eter-
no. Os lírios, a doçura. Cravo de amor. Chuva de prata. Talvez ele
tenha razão. Talvez sejamos diferentes demais. Talvez ele deva ficar
com ela. A senhorita “vivinha”... Com suas bochechas rosadas e seu
coração pulsante. (canta)
(casa de Victória)
Victória – Víctor está casado com uma mulher morta. É verdade,
mãe. Eu a vi. Um cadáver. Estava bem aqui com ele.
Mãe de Victória – Víctor? Ele esteve no seu quarto?
Victória – Eu tenho que ajudá-lo.
Mãe de Victória – Um escândalo! Você precisa de uma camisa de
força. Está completamente louca. (sai. Barulho de chuva. Victória vai
até a igreja)
Pastor – Quem poderá ser a essa hora? Senhorita Victória? O que faz
aqui? Devia estar em sua casa sofrendo com sua dor.
Victória – Pastor, preciso lhe perguntar uma coisa.
Pastor – Isso é muito estranho. (ameaça sair)
Victória – Por favor, eu lhe imploro. O senhor é o único aqui que sabe
o que nos espera além do túmulo.
Pastor – Um assunto fúnebre para uma noiva.
Victória – É uma noiva que eu temo. Por isso, preciso saber. Os vivos
podem se casar com os mortos?
Pastor – Mas do que é que você está falando?
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Victória – Por favor, é o Víctor. Ele se casou com um cadáver. Ele tem
uma noiva cadáver! Deve haver algum jeito de desfazer o que foi feito.
Pastor – Eu creio que sei o que devo fazer. Venha comigo. (corte de luz)
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se vive sozinho, o dinheiro não serve para nada. (Lord Barkis sai. O
casal tem uma ideia)
(no quarto de Victória)
Pai de Victória – Ótimas notícias, Victória. Vai haver um casamento,
afinal.
Victória – Vocês o acharam?
Mãe de Victória – Apresse–se querida. Nossos parentes chegarão a
qualquer momento. Você precisa ficar apresentável para Lord Barkis.
Victória – Lord Barkis?
Mãe de Victória – Ele será um ótimo marido.
Pai de Victória – Sim, foi uma feliz mudança nos acontecimentos.
Mãe de Victória – Uma perspectiva melhor desta vez.
Victória – Mas eu não o amo. Não podem me obrigar a fazer isso.
Pai de Victória – Precisamos.
Victória – Por favor, eu imploro! Deve haver outra saída.
Pai de Victória – Se não se casar com Lord Barkis, nós vamos parar
na rua sem um tostão. Estamos arruinados.
Victória – Mas e Víctor?
Mãe de Victória – Víctor foi embora, filha.
Pai de Victória – Irá se casar com Lord Barkis amanhã.
Pai e Mãe de Victória – De acordo com o plano! (um para o outro.
Saem. Corte de luz)
Lord Barkis – (conversando com o retrato de Victória) Ah, minha
querida. Não olhe para mim desse jeito. Só irá sofrer com essa união
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até que a morte nos separe. E isso acontecerá antes do que você ima-
gina. (corte de luz)
(no plano dos mortos)
Víctor – (com um buquê nas mãos) Acho que deixou isso cair. Sinto muito se
menti para você sobre querer ver os meus pais. É que o dia de hoje não saiu
muito bem... De acordo com o plano. (chega o cocheiro dos pais de Víctor)
Víctor – Mayhew! Que bom ver você! O que aconteceu?
Mayhew – Morri num acidente de carruagem!
Víctor – Eu sinto muito.
Mayhew – Tudo bem. Na verdade, eu me sinto ótimo.
Víctor – Mayhew, tenho que voltar. Todo mundo deve estar preocu-
pado. Como estão todos?
Mayhew – Bem, ainda estão se perguntando para onde você foi. E
a Srta. Victória...
Víctor – Como é que ela está?
Mayhew – Ela vai se casar, hoje à noite.
Víctor – O quê? Vai se casar com quem?
Mayhew – Com um recém-chegado. Um tal lorde sei-lá-o-quê.
Víctor – Mas isso é impossível!
Mayhew – É, e como você foi embora. Acho que não queriam
desperdiçar o bolo de casamento.
Víctor – Como ela pôde fazer isso?
Caveira 2 – (bebendo) Mulheres. Não se pode viver com elas... Não
se pode viver sem elas...
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Victória – Se ele descobrir, irá embora. Deve haver algo que possa fazer.
Velho Gutknecht – Bom, existe um jeito. Mas exigirá um imenso sacrifício.
Victória – E qual é? (Víctor ouve escondido)
Caveira 3 – Por favor, deixe-me contar para ela. Temos que matá-lo!
Victória – O quê?
Velho Gutknecht – Víctor teria que abrir mão da vida que ele tem
para sempre. Teria que repetir seus votos no mundo dos Vivos e beber
do vinho dos tempos.
Victória – Veneno?
Velho Gutknecht – Isso faria com que seu coração parasse para sem-
pre. E só então ele estaria livre para dá-lo a você.
Victória – Eu nunca pediria isso a ele.
Víctor – Não precisa pedir. Eu farei isso.
Velho Gutknecht – Meu filho, se escolher este caminho, jamais po-
derá voltar para o mundo lá de cima. Você entende?
Víctor – Eu entendo. Aproximem-se. Decidimos fazer isso como deve
ser feito. Então peguem o que puderem e venham conosco. Vamos
levar essa festa de casamento lá para cima.
Caveira 1 – Lá em cima? Eu não sabia que existia um “lá em cima”!
Caveira 2 – Parece assustador! (música e coreografia)
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Víctor – Com esta mão, espantarei suas tristezas. Sua taça nunca fi-
cará vazia, pois eu serei o seu vinho.
Velho Gutknecht – Agora você.
Noiva Cadáver – Com esta mão, espantarei suas tristezas. Sua taça
nunca ficará vazia, pois eu serei... (colocando vinho envenenado na
taça e avistando Victória) Eu serei...
Velho Gutknecht – Continue minha cara.
Noiva Cadáver – Sua taça nunca ficará vazia... Pois eu serei...
Víctor – Eu serei o seu vinho. (quando Víctor vai beber do vinho, a
Noiva cadáver o impede)
Caveira 1 – Ela está em dúvida.
Caveira 2 – O que está acontecendo?
Noiva Cadáver – Eu não posso.
Víctor – Por que não?
Noiva Cadáver – Isso está errado. Eu era noiva. Meus sonhos foram
roubados de mim. E agora eu roubei o sonho de outra pessoa. Eu
amo você, Víctor. Mas você não é meu. (chama Victória)
Víctor – Victória!
Todos – Ohhh!!!
Lord Barkis – Tão emocionante! Eu sempre choro em casamentos.
Nossos jovens amantes juntos, finalmente. Com certeza, agora vão
viver felizes para sempre. (para Víctor e puxando Victória) Mas você
esqueceu que ela ainda é minha mulher. E não vou sair daqui de mãos
abanando.
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(entrega-lhe a aliança) Agora posso fazer o mesmo por você. (vai sain-
do e joga o buquê para trás. Música crescente. Em um efeito com luz
negra a Noiva Cadáver vai se transformando em borboletas)
Victória – Com essa mão espantarei suas tristezas.
Víctor – Sua taça nunca ficará vazia, pois eu serei o seu vinho. Com
esta aliança, peço que seja minha. (dançam. Corte de luz)
(coreografia de agradecimento)
Fim
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A Noiva Cadáver
Elenco:
Noiva Cadáver Scarlett Abdon
Víctor Lúcio Leonn
Natali Lima / Larissa Góis
Victória
Mãe de Víctor Hiramisa Serra
Mãe de Victória Ivanilde Rodrigues
Pai de Víctor Odair Prado
Pai de Victória Paulo César Cândido
Lord Barkis Hiroldo Serra
Velho Gutknecht Luiz Carlos Pedrosa
Pastor Magno Freitas
Gabriel Gomes
Caveirinha
Caveira/Mayhew Ítalo Tomaz
Caveira Cantor Felipe Araújo
Caveira Niiw Teixeira
Corpo de Baile Larissa Góes, Letícia Gois, Fernanda Santiago,
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A Noiva Cadáver
Amanda do Vale
Ficha Técnica
Adaptação livre e direção Hiroldo Serra
Figurinos Hiramisa Serra
Cenários J. Amora
Maquiagem Haroldo Jr.
Caracterização em látex Cláudio Magalhães
Fotos Magno Freitas / Luana Clara
Adereços Carri Costa
Cenotécnico João Tenório
Confecção de figurinos Sula/Marina
Pintura em tecido Daniele Valente
Op. de luz Nito Bates
Contra regra Afonso Sampaio
Pianista Gabriel Gomes
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Cenário
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Cenários J. Amora
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Maquiagem
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O látex
Os cremes e tintas de maquiagem são um excelente meio para se
criar diversos efeitos de maquiagem. No entanto, com elas é possível
criar efeitos apenas em duas dimensões. O realce e o sombreado (ou
luz e sombra) fornecem apenas a ilusão ou idéia que é tridimensional.
Mas outros efeitos para serem passíveis de crédito pelo expectador
precisam ser realmente tridimensionais. Existem diversos materiais
usados para se criar efeitos tridimensionais de maquiagem, o látex é
o mais comum.
O látex é uma borracha líquida usada como maquiagem e como
adesivo. Quando usá-lo como adesivo, primeiro teste numa pequena
área do antebraço do ator para observar se ele tem alergia. Ao passar
perto dos olhos, mantenha-os fechados até a secagem. E não utilize
em regiões com pêlos. Para usá-lo, aplique na prótese que você vai
colar e na área do corpo em que deseja aplicar. Para isso, é preciso fa-
zer uma cópia do rosto do ator (ou réplica positiva) ou de outra parte
do corpo feita de um material permanente como o gesso. Em cima do
positivo, a maquiagem pode ser esculpida em argila de modelar cha-
mada de plastilina e um negativo é feito a partir destas características
esculpidas. Então através de vários métodos, uma cópia da escultura
é feita, chamada de aplique ou prótese, num material flexível que é
grudado no ator para criar um personagem.
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PETER PAN
PETER PAN
Adaptação Livre: Hiroldo Serra e Walden Luiz
Personagens:
João
Miguel
Wendy
George – Pai de Wendy
Caolho
Marina – Mãe de Wendy
Sereia
Peter Pan
Náná – Cachorra babá dos meninos
Crocodilo
Gancho
Barrica
Bicudo
Calado
Pequeno
Princesa Olhos de Lince
Corpo de baile
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Wendy – Meu nome é Wendy. Ah, mas como a Naná pegou a sua
sombra, Peter?
Peter Pan – Pulou em cima de mim numa noite, na janela.
Wendy – E o que você fazia lá?
Peter Pan – Venho sempre ouvir suas histórias.
Wendy – Minhas histórias. Mas são todas sobre você.
Peter Pan – Claro. É por isso que gosto. Eu as conto para os meninos
perdidos.
Wendy – Os meninos perdidos... Ah, lembrei. É a sua tropa. Fico tão
feliz que tenha vindo essa noite. Ou eu nunca mais o veria.
Peter Pan – Por quê?
Wendy – Porque tenho que crescer amanhã.
Peter Pan – Crescer?
Wendy – Essa foi minha última noite neste quarto.
Peter Pan – Mas isso quer dizer que não teremos mais histórias. Não!
Não aceitarei. Vamos.
Wendy – Mas... Onde vamos?
Peter Pan – Para a Terra do Nunca.
Wendy – Terra do Nunca!
Peter Pan – Lá você nunca crescerá.
Wendy – Ah, Peter, será tão maravilhoso! Mas espere. O que diria
Mamãe? Vamos acordar os meninos!
Peter Pan – Mamãe? Que mamãe?
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Wendy – Ora, Peter, uma mãe é alguém que te ama e que cuida de
você, e te conta histórias.
Peter Pan – Ótimo. Você pode ser nossa mãe. Vamos!
Wendy – Ora, espere só um minuto... Vejamos. Preciso fazer as malas. E
devo deixar um bilhete dizendo quando voltarei. Não posso ficar muito
tempo. E depois terei que... Ah, a Terra do Nunca! Ah, eu... Estou tão
feliz que... Acho que vou te dar... Um beijo. (a luninária onde está Sini-
nho pisca várias vezes acompanhada do som característico da Sininho)
Peter Pan – O que é... Um beijo?
Wendy – Ora, eu te mostro. (muito barulho de Sininho e um peque-
no corte de luz)
Peter Pan – Pare! Pare já com isso, Sininho!
Miguel – João, João, acorde! Ele está aqui.
João – Puxa vida!
Miguel – Olá, Peter Pan. Eu sou o Miguel.
João – E meu nome é João. Como você vai?
Peter Pan – Muito bem. Wendy, vamos.
Miguel – Aonde estamos indo?
Wendy – Para a Terra do Nunca.
Miguel – Terra do Nunca?
João – Está aí uma Terra que não sabia que existia. Os livros de Geo-
grafia não falam dela.
Peter Pan – É uma ilha linda coberta por nuvens. É por isso que os
aviões não sabem a existência dela. Lá tem piratas terríveis, tem flores-
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ta, tem uma tribo de índios Pele Vermelha e tem também as sereias.
João – Sereias? Com escamas, rabo de peixe e tudo?
Peter Pan – Com cauda, escamas e tudo. Sereias iguaizinhas a essas
que aparecem pintadas nos livros de histórias.
João – Eu nunca vi uma sereia de verdade.
Peter Pan – Eu costumo vir aqui, para escutar do lado de fora da ja-
nela as lindas histórias que você conta.
Wendy – E você vem sempre?
Peter Pan – Tantas vezes vim que sou capaz de repetir uma por uma
todas as histórias que vocês já ouviram.
Wendy – Engraçado, eu nunca vi você na janela.
Peter Pan – Outro dia você estava contando uma história tão bonita.
Wendy – Qual?
Peter Pan – Aquela do príncipe que não encontrou a moça que usava
sapatinhos de cristal.
Miguel – É a história da Cinderela.
Wendy – E ele acabou achando a moça, se casaram e foram felizes
para sempre.
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Wendy – Eu sei mais de cem histórias, cada qual mais bonita, se você
ficar, eu contarei todas elas.
Peter Pan – Mais de cem? Você é um verdadeiro livro de histórias.
Mas o melhor seria você vir comigo para a Terra do Nunca.
Wendy – Não posso, Peter Pan. Mamãe não consentiria nunca.
Peter Pan – Você poderá contar todas essas histórias para os meni-
nos perdidos. Poderá ainda remendar as roupas deles, pregar botões
e de noite botar os meninos para dormir como uma verdadeira mãe.
Venha comigo, Wendy.
João – Como eu gostaria de visitar uma Terra com índios, feras, pira-
tas e sereias.
Miguel – Vamos, Wendy. Eu quero ver as sereias.
Wendy – Não podemos. A Terra do Nunca é muito longe daqui.
João – Eu adoraria cruzar espadas com piratas de verdade.
Peter Pan – Muito bem, mas terão que obedecer a ordens.
Miguel e João – Sim, senhor!
Wendy – Mas Peter como iremos à Terra do Nunca?
Peter Pan – Voando, claro.
Wendy – Voando?
Peter Pan – É fácil. Tudo que tem a fazer é pensar em alguma coisa boa.
Wendy, Miguel e João – Qualquer coisa boa?
Wendy – Lembre o natal a chegar!
João – Pense em nuvens a passar!
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Música
Tic–tac, tic–tac
Bate as horas sem parar
Tic–tac, tic–tac
Tá na hora do jantar
Tic–tac, tic–tac
Isto é uma maldição
tic–tac, tic–tac
Bate o meu coração
Tic–tac, tic–tac
O Crocodilo me apavora
tic–tac, tic–tac
Todo dia, toda hora
Tic–tac, tic–tac
Procura se aproximar
Tic–tac, tic–tac
Ele quer me devorar
Gancho – E pare este maldito tic–tac.
Barrica – Eu já parei, meu Capitão.
Gancho – Pare você também!
Caolho – Eu também já parei, Capitão.
Gancho – Então, só pode ser...
Barrica – Só pode ser?
Todos – O crocodilo! (saem correndo, entra o crocodilo andando len-
tamente atrás do bando de piratas)
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Miguel – Deve ter sido Wendy que fez para nós. (passa o dedo na
cobertura no bolo)
João – Não faça isso, Miguel. É falta de educação.
Miguel – O que é que tem? É só um pouquinho. (prova) Hum...
Está uma delícia!
João – É só um pouquinho. (Miguel boceja, João também. Se apóiam
um no outro e vão descendo até ficarem sentados no chão dormindo.
Entram os piratas e carregam João e Miguel para fora de cena. Entra
Wendy chamando e encontra o bolo)
Wendy – João, Miguel!... Que linda torta de chocolate! Parece com
as que a mamãe fazia para nós. Vai ver foram os meninos que fizeram
para mim. (passa o dedo na cobertura do bolo, prova e cai desmaia-
da. Entram os piratas para retirar Wendy de cena)
Gancho – Está dando certo!
Caolho – Eu disse que eles não resistiriam?
Barrica – Bolo de chocolate é a minha especialidade! (levam Wendy. En-
tram Pequeno, Bicudo e Calado. Olham para o bolo e correm para prová-lo)
Pequeno – Um bolo de chocolate!
Bicudo – Foi mamãe Wendy que preparou para a gente.
Calado – Coisa boa é a gente ter mãe!
Pequeno – Eu nunca tinha provado um bolo tão bom! (cai desmaiado)
Bicudo – Nem eu... (cai)
Calado – Nem, ah!... (rodopia, cambaleia e cai duro. Entram os Piratas)
Barrica – Vamos! Agora é levar tomo mundo para o Navio Hiena dos
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Gancho – Não sei! Nunca existiu galo nenhum a bordo do Hiena dos
Mares.
Caolho – Deve ser assombração. Mulher em navio só traz desgraças.
Wendy – O que traz desgraça é gente ruim dentro do navio.
Barrica – Isso é bruxaria, Capitão! Galo cantando fora de hora
é desgraça na certa.
Gancho – Parem com essas besteiras. Caolho, vá buscar as pedras.
Caolho – Mande o Barrica, Capitão...
Barrica – Eu não. Ele mandou foi você.
Gancho – Caolho, você está com medo?
Caolho – Estou! Quer dizer, não, Capitão. Eu nunca tive medo de nada.
Gancho – Pois então prove e vá buscar as pedras para a gente acabar
logo com isso. (empurra Caolho. Houve–se um grande barulho, de-
pois uns piados de passarinhos e em seguida silêncio)
Gancho – Caolho, traga logo estas pedras! (silêncio) Barrica, vá ver o
que há na cabine.
Barrica – Eu, Capitão?
Gancho – Você mesmo, imbecil!
Barrica – Mas, Capitão!
Gancho – Ligeiro.
Barrica – Está bem, Capitão. (vai em direção à porta e volta) Capitão,
o senhor não quer deixar essa execução para amanhã? (sai)
Gancho (encosta o Gancho no nariz de Barrica, que volta–se e vai em
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(música de perseguição)
Barrica – E Wendy, o que vamos fazer com ela?
Gancho (chama Barrica e ficam conversando de costas para a porta
da cabine e para Wendy. Peter Pan sai da cabine sem ser notado pelos
piratas e troca de lugar com Wendy. Cobre–se com um pano) – Muito
bem! Assim seja. Lance-a aos tubarões e acabe logo com a vida dessa
criatura que só está trazendo desgraças para nós.
Barrica – Chegou a sua hora, menina.
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Gancho – Nada no mundo poderá salvá-la. (puxa o pano) Peter Pan? (os
meninos saem da cabine gritando e armados de espadas de madeira)
Peter Pan – Peter Pan, o vingador.
Bicudo – Vamos, meninada, em cima deles!
Peter Pan – Abaixem as armas. Ninguém ataque o Capitão Gancho.
Isso é entre mim e ele. Agora sou eu ou o Capitão Gancho.
Pequeno – Bravo, Peter Pan!
Gancho – Garoto atrevido. Prepare–se para a viagem.
Peter Pan – Velhote sinistro e gagá, quem vai viajar é você com pas-
sagem só de ida para o inferno. (começam a lutar de espada. A espa-
da cai da mão do Capitão, Peter Pan convida o adversário a recuperar
a espada e a luta recomeça.)
(música)
Gancho – Será que eu estou lutando com o demônio? (pára de lutar)
Peter Pan, me responda quem é você?
Peter Pan – Eu sou a juventude! Sou a alegria da vida. Sou invencí-
vel. (recomeça a luta, o Capitão escorrega e cai. Peter Pan o ajuda a
levantar, mas é furado pelo Capitão no braço. Peter Pan dá um chute
no traseiro do Capitão que cai abraçado com Barrica) Covarde! Me
pegou a traição.
Wendy (corre e se abraça com Peter Pan) – Você está ferido?
Peter Pan – Foi só de leve. (entra o crocodilo fazendo tic–tac. O Ca-
pitão se apavora)
Gancho – Me escondam, me escondam. Não deixem esta fera me
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Ficha Técnica
Adaptação Hiroldo Serra e Walden Luiz
Coreografias Viliane Bento
Pintura de Cenários Ticiana Férrer
Contra regra Afonso Sampaio
Figurinos Hiramisa Serra e Dami Cruz
Cenotécnica João Tenório
Metalúrgica Sérgio
Op. de iluminação Nito Bates
Edição de imagens Jonh Ewerton
Estúdio Bebeto
Fotos Gustavo Portela
Direção, ambientação e Iluminação Hiroldo Serra
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Lúcio Leonn (Peter Pan), Hiroldo Serra (Capitão Gancho), Luiz Carlos
Pedrosa (Barrica), Javier Medrano (Caolho)
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Notre-Dame
O Corcunda de Notre-Dame
Personagens:
Corcunda
Frollo
Padre
Cigano1
Capitão Febo
Djali (cabrinha)
Esmeralda
Cigana
Gárgula1 1 = G1
Gárgula 2 = G2
Bufão
Ciganos
1 Biqueira, muitas vezes com forma de uma figura ou animal grotesco, por onde escorre a água
da chuva.
O Corcunda de Notre-Dame
Na rua
Frollo – Pare! O que esconde? Com certeza coisas roubadas. Você
será levada ao palácio da justiça!
Cigana – Senhor! Não roubei nada.
Frollo – Me dê isso já! Oh! Mas não é possível, o que é isto? (Ouve-
-se um choro de bebê) Um bebê? Mas é um monstro! É uma alma
profana. Uma aberração! Vou mandá-la ao inferno que é o seu lugar!
Cigana – Senhor, tenha piedade dessa pobre criatura; ele não pediu
para nascer!
Frollo – Não sou culpado. Tenho a consciência limpa.
Padre – (Entrando) Cuide da criança e crie como se fosse sua.
Frollo – O quê? (Gargalhada) Eu devo cuidar deste traste?
Padre – Pode ser um desígnio de Deus!
Frollo – Está bem. É possível. Mas com uma condição: que ele more
com você na sua igreja.
Padre – Mas como na minha igreja? Onde?
Frollo – Em qualquer lugar, contanto que seja bem escondido. No
campanário2. Deus escreve certo por linhas tortas, talvez, quem sabe,
essa criatura possa, um dia, servir a mim.
Cigana – Como a criança poderia se chamar?
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Esmeralda – Então, se não está aqui para me prender, o que você quer?
Febo – Me contento com o seu nome.
Esmeralda – Esmeralda.
Febo – É lindo! Pelo menos é melhor do que Febo. (Frollo entra)
Frollo – Bom trabalho, capitão. Agora prenda-a.
Esmeralda – (Para Febo) Você me enganou.
Frollo – Estou esperando, capitão.
Febo – Lamento, senhor... Ela clamou santuário e não pode ser presa
aqui dentro.
Frollo – Então arraste-a para fora e .... (Avança para Esmeralda)
Febo – Lamento, senhor. (Faz continência e sai)
Padre – (Entrando) Não toque nela, Frollo! Tenho certeza de que o
senhor, como ministro, sabe respeitar a santidade da Igreja.
Frollo – Acho que fui passado para trás, mas eu sou um homem pa-
ciente e os ciganos não conseguem viver entre quatro paredes. (Avan-
ça e faz menção de enforcar Esmeralda).
Esmeralda – O que está fazendo?
Frollo – Só estou imaginando uma corda em volta deste lindo pescoço.
Esmeralda – Eu sei muito bem o que você está imaginando.
Frollo – Que bruxa esperta! É típico da sua laia torcer a verdade para
confundir a cabeça das pessoas com pensamentos pagãos. Mas não
importa, você escolheu uma prisão magnífica, mas é uma prisão. Po-
nha os pés para fora e será toda minha! (Saindo) Vamos guardar cada
centímetro desta igreja.
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Na praça
Febo – Bom dia, senhor. Às suas ordens.
Frollo – Encontre a cigana. Ofereça uma recompensa de dez moedas
de prata pela cigana Esmeralda. Não, não... Ofereça uma recompensa
de vinte moedas de prata pela cigana Esmeralda. Queime a casa de
quem abrigar ciganos.
Febo – Como?
Frollo – Até ficar em cinzas. Eles são traidores e têm que servir de
exemplos.
Febo – Com todo respeito, senhor, mas não fui treinado para matar
inocentes.
Frollo – Mas foi treinado para cumprir ordens.
Febo – Perdão, senhor, mas não posso.
Frollo – Insolente! Covarde! Que pecado, jogar fora uma promissora
carreira.
Febo – Essa é a minha maior honra, senhor.
Frollo – Pois então morra. A sentença para insubordinação é a morte.
(Os dois travam uma luta de espada, e Febo fica gravemente ferido)
Se precisar queimar a cidade inteira, queimarei!
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G1 – É, mas não diga nada que preocupe Quasímodo. Ele já tem mui-
tas preocupações.
G2 – Você tem razão, é melhor aliviar. Aí vem ele.
G1 – Agora fique calma, nenhuma palavra. Frios como uma pedra!
Corcunda – Algum sinal de Esmeralda?
G2 – Ai, ai, ai, tá um caos, ela pode estar em qualquer lugar, no tron-
co, na masmorra, na roda, ai, ai, ai...
G1 – Deixe de exageros!
Corcunda – Não, ela tem razão. O que é que eu faço?
G2 – Por que a preocupação? Se conheço Esmeralda, ela está três
passos à frente de Frollo e fora de perigo.
G1 – É, e quando as coisas esfriarem, ela volta, vai ver!
Corcunda – Por que diz isso?
G2 – Porque ela gosta de você, e você é o nosso bonitinho.
G1 – Pensei que eu é que era o bonitinho!
G2 – Não, você é um nanico idiota que come como um porco. Acre-
dite em nós, Quasímodo, não se preocupe.
G1 – É. Você é irresistível.
G2 – Um cavaleiro de armadura não é o que ela quer. Esse pessoal é
fácil de encontrar, mas você... Você é único.
Esmeralda – Quasímodo! Quasímodo!
Corcunda – Esmeralda? Esmeralda, você está bem? Eu sabia que vol-
taria.
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Esmeralda – Você já fez muito por mim, meu amigo, e, mais uma
vez, eu peço a sua ajuda.
Corcunda – Claro. O que quiser.
Esmeralda – Encontrei Febo gravemente ferido. Ele não pode ir mui-
to longe, e sei que ele estará a salvo aqui. Pode escondê-lo para mim?
Febo – Esmeralda!
Esmeralda – Vai se esconder aqui até se sentir forte para andar. Mui-
tas famílias devem a vida a você por ter enfrentado o juiz Frollo. Você
é o soldado mais corajoso que já vi... Ou o mais louco.
Febo – Ex-soldado...
Esmeralda – Teve sorte. O ferimento quase atingiu seu coração.
Febo – Não sei se não atingiu!
Corcunda – Frollo deve estar vindo. Vamos.
Esmeralda – Tenha cuidado, meu amigo, prometa que nada de mal
acontecerá a ele.
Corcunda – Prometo.
Esmeralda – Obrigada. (Esmeralda sai. Frollo entra)
Corcunda – Mestre, eu não sabia que viria.
Frollo – Eu sempre tenho um tempo para estar com você, meu caro!
Você está agitado? Parece que está escondendo alguma coisa.
Corcunda – Não, não, mestre.
Frollo – O que há de diferente aqui?
Corcunda – Nada, senhor.
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tem um cavaleiro de armadura e não sou eu. Frollo tinha razão. Frollo
sempre teve razão. Estou cansado de tentar ser o que eu não sou.
Devo estar ficando louco! Febo?
Febo – Ainda bem que você mudou de ideia.
Corcunda – Não faço por você, faço por ela.
Febo – Sabe onde ela está?
Corcunda – Não, mas ela disse que isto (Mostra o amuleto) vai nos
ajudar a encontrá-la.
Febo – Bom, bom. O que é?
Corcunda – Não sei ao certo.
Febo – Deve ser algum código, talvez seja árabe. Não, não...
Corcunda – Ela disse: quando usar este medalhão terá a cidade na
mão.
Febo – O quê?
Corcunda – É a cidade!
Febo – Do que você está falando?
Corcunda – É um mapa! Aqui está a Catedral e o rio, e esta pedrinha
deve ser...
Febo – Eu não estou vendo mapa aí.
Corcunda – É um mapa!
Febo – Está bem, ótimo, se diz que é um mapa, então é um mapa.
Mas se queremos encontrar Esmeralda, temos que trabalhar juntos.
Corcunda – Está bem, está bem.
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isso. Amanhã teremos uma bela fogueira na praça e todos estão con-
vidados a comparecer. Podem levá-los.
Frollo – Volte para o campanário, imediatamente.
Corcunda – Não, por favor. Não! (Corte de luz e música)
Na praça
Frollo – (Esmeralda está amarrada sobre a fogueira). A prisioneira
Esmeralda foi declarada culpada por crime de bruxaria. A Sentença: a
morte. Chegou a hora cigana, você está à beira do abismo. Mas não
é tarde demais, posso salvá-la das chamas deste mundo e do outro.
Escolha a mim ou ao fogo.
Esmeralda – Prefiro a morte! (Cospe no rosto de Frollo)
Frollo – A cigana Esmeralda recusou–se a retratar–se. Esta bruxa ma-
ligna pôs a alma de cada cidadão de Paris em perigo mortal. (Corte
de luz)
No campanário
G1 – Vamos lá, Quasímodo. Levante–se.
G2 – Eles são seus amigos!
Corcunda – Tudo culpa minha.
G1 – Tente quebrar essas correntes.
Corcunda – Não consigo. Já tentei. Que diferença faz?
G2 – Mas não pode deixar Frollo vencer!
Corcunda – Deixarei sim!
G1 – Espere aí, está desistindo? É isso?
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O Corcunda de Notre-Dame
Na praça
Frollo – Você vai para o lugar de onde veio. O inferno! (Recebe uma
tocha do guarda para acender a fogueira. Quasímodo, num momen-
to de ira, quebra as correntes, vai até a praça, toma a tocha de Frollo,
entrega para Febo, liberta Esmeralda e volta à igreja). Não é possível!
Quasímodo!
Corcunda – SANTUÁRIO! SANTUÁRIO! SANTUÁRIO! Esmeralda está
salva!
Em frente à igreja
Frollo – Vamos invadir a catedral!
Padre – Frollo, você enlouqueceu? Não vou tolerar essa violação na
casa de Deus.
Frollo – Calado, padre idiota. O corcunda e eu temos assuntos pen-
dentes a tratar e desta vez você não vai interferir. Isso não vai ficar
assim. Estão todos contra mim, vocês pensam que já venceram a ba-
talha, mas ela está apenas começando.
Corcunda – Mestre, a minha vida inteira você disse que o mundo é
um lugar sombrio e cruel, mas agora vejo que as únicas coisas som-
brias e cruéis lá fora são as pessoas como você.
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MÚSICA FINAL
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O Corcunda de Notre-Dame
Ficha Técnica
Adaptação Hiroldo Serra
Coreografias Viliane Bento
Pintura de Cenários Ticiana Férrer
Contra regra Afonso Sampaio
Figurinos Hiramisa Serra
Adereços Dami Cruz
Cenotécnica João Tenório
Metalúrgica Sérgio
Op. de iluminação e som Jonh Ewerton
Direção, ambientação, produção e Iluminação Hiroldo Serra
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A Moura Torta e o
Pássaro Azul
A Moura Torta e o
Pássaro Azul
Adaptação livre: Hiroldo Serra
Personagens
Arauto Rubraflor
Convidado Príncipe Frederico
Rei Príncipe Alexandre
Rainha Príncipe Afonso
Felipe Rei Augusto I
Eduardo Rei Ricardo
Henrique Rei Juan Carlos
Princesa Moura Torta
Aia Jardineiro
Brancaflor
A Moura Torta e o Pássaro Azul
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A Moura Torta e o Pássaro Azul
Todos – Viva!
Henrique – Viva os solteiros!
Todos – Viva!
Rei – Eu não me conformo que, no meio de tantas moças bonitas e
de tão nobres famílias, vocês não tenham encontrado nenhuma que
lhes falasse ao coração.
Felipe – De fato, todas são lindas apesar das máscaras, mas os tem-
pos são outros, Majestade, e ainda temos muito que conhecer mun-
do a fora.
Rainha – O lugar de vocês é aqui ao lado da família dando continui-
dade ao reinado de Sua Majestade.
Eduardo – Precisamos aprender a caminhar com nossas “próprias”
pernas, minha Rainha. Viver nossas “próprias” experiências, passar
dificuldades, sofrer para aprender.
Rei – Vocês não tem ideia do que é o sofrimento. Aqui vocês têm
tudo do bom e do melhor. São amados e respeitados por nosso povo.
Lá fora, ninguém saberá quem são vocês nem de onde vieram.
Henrique – Precisamos experimentar como é ser um homem comum,
gente do povo, conhecer outras culturas.
Rei – Cada um sabe aonde lhe aperta o calo. Se essa é a vontade de
meus filhos, assim seja feita a vossa vontade. Música! (Todos dançam
alegremente e depois deixam o salão, ficando somente os príncipes)
Felipe – Irmãos, será que estamos fazendo a escolha certa?
Eduardo – Claro que sim. Vamos viajar e conhecer o mundo. Temos
fortuna. O que mais precisamos?
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cada dia da minha vida. (Imitando a mãe) Uma princesa deve mostrar
conhecimento sobre o seu reino. Ela não faz desenhos. É um ré, fi-
lha. Uma princesa não ri assim. Não enche muito a boca. Deve cedo
levantar, deve ter compaixão, ser paciente, ser cautelosa, e, acima de
tudo, uma princesa busca a perfeição! Mas, de vez em quando, tem
um dia em que eu não preciso ser uma princesa. Nada de lições nem
expectativas. Um dia em que qualquer coisa pode acontecer. Um dia
em que posso mudar meu destino.
Aia – Princesa, chegou um vestido novo lindíssimo que o rei mandou
de presente. Rosa, todo bordado e cheio de rendas.
Princesa – Tô noutra!
Aia – Como assim, princesa? O rei está queixando-se de seu compor-
tamento nos últimos dias.
Princesa – Acho que nasci na época errada! Não gosto de formali-
dades, não gosto de vestidinhos cor-de-rosa, bailes de máscaras... Eu
gosto mesmo é do “Rock in Roll”!
Aia – Ai, meu Deus! Quem é ele? É de qual reino? É bonito?
Princesa – Heloo! (A princesa aparece de calça e blusa preta, peruca
e sapatos altos) Vejam agora o outro lado de uma princesa! (A aia
desmaia)
Aia – (Acordando) Ai, ai, ai...
Princesa – Parece que viu fantasma!
Aia – Se eu desmaiei, imagine sua mãe, a Rainha.
Princesa – Chegou a hora de conhecerem quem eu sou de verdade.
Rainha – (Entra chamando pela princesa) Carolina, Carolina. Está na
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A Moura Torta e o Pássaro Azul
Princesa – Que absurdo! E onde fica o amor? Toda mulher pode até
sonhar com seu príncipe encantado, mas não escolhido por seu pai.
Rainha – Minha filha, não queira ser a responsável pela destruição
das nossas tradições. A mulher nasceu para o lar, para ter filhos, aten-
der ao marido e cuidar do palácio.
Princesa – Esse é o destino de todas as princesas?
Rainha – O destino de uma princesa já nasce traçado, e é o rei quem
decide como ele será.
Princesa – Então, eu não quero mais ser uma princesa. Eu não tenho culpa
de ser filha de rei. Quero ser uma menina comum como todas as outras!
Rainha – Você não sabe o que está dizendo, minha filha. Toda a sua
educação, seus vestidos, suas criadas, suas joias, suas festas, suas...
Princesa – (Interrompendo) Sua infelicidade, sua prisão...
Rainha – Chega de teatro dramático novamente. Tire esse figurino,
vista seu vestido, concentre-se no seu noivado e comece as aulas de
dança para a cerimônia de noivado (Sai).
Princesa – E o amor? Onde fica o amor? (Chora. Corte de luz)
Felipe – (Caminhando pelo deserto) Nunca pensei que iria passar por
tantas dificuldades nessa viagem. Que saudade do palácio, dos ba-
nhos no rio, dos banquetes, das lindas damas, da sombra das árvores.
Estou eu aqui com fome, com calor e prestes a morrer de sede. Como
estarão meus irmãos? Já estou quase delirando de tanto calor. O que
fazer? Só me resta a laranja que meu pai me deu antes da partida.
Mas e o seu conselho? Acho que era apenas para me fazer medo!
(Felipe tira a laranja de uma bolsa e começa a descascá-la. Por entre a fu-
maça e um efeito de luz, surge uma linda mulher em forma de flor branca)
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(No palácio)
Rei – Você está resmungando!
Rainha – Eu não resmungo!
Rei – Resmunga sim, você resmunga quando alguma coisa a pertur-
ba. Eu culpo você. Essa teimosia vem toda do seu lado da família.
Acho que a conversa não corre muito bem, não é?
Rainha – Eu não sei o que fazer?
Rei – Fale com ela!
Rainha – Mas eu falo com ela, mas ela não me escuta!
Rei – Pare com isso. Finja que eu sou a princesa. Fale comigo!
Rainha – Eu não consigo.
Rei – (Imitando a princesa) Eu não quero me casar, quero ficar solteira
e deixar meus cabelos soltos ao vento disparando flechas ao pôr do sol.
Rainha – Menina, todo esse trabalho, todo esse tempo gasto prepa-
rando-a, ensinando-a, dando a você tudo que nós não tivemos. Eu
preciso saber o que é que você espera de nós?
(A princesa aparece, e o rei sai)
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Rubraflor há dias não bebo uma gota de água. Se tivesse força, cho-
raria rios de lágrimas para molhar as tuas pétalas e saciar a tua sede.
Rubraflor – Água... Água... (Rubraflor dança agonizando uma core-
ografia, representando o seu sofrimento e morre. Corte de luz)
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Música
Era uma vez todos os reinos do mundo;
Onde as princesas nunca tiveram vez;
Seus pais, os reis, são seus donos;
Suas mães, as rainhas, baixam as cabeças;
Isso é a tradição, a invasão;
Não se busca o amor mas a riqueza;
Isso é a tradição, a escuridão;
Não se busca o diálogo mas o silêncio;
Isso é a tradição, a desunião;
Haverá uma vez todos os reinos do mundo;
Onde as princesas sempre terão vez;
Seus pais, os reis, serão seus parceiros;
Suas mães, as rainhas, ficarão de cabeça erguida;
Isso será tradição;
Só se buscará o amor, a imensidão;
A luz, a conversa, a justiça;
Isso será tradição;
A escolha, a igualdade;
O amor;
O amor;
O amor.
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A Moura Torta e o Pássaro Azul
Princesa – Me escuta!
Rainha – Eu sou a rainha. Você ouve a mim.
Princesa – Isso é muito injusto. Essa história de casamento é o que
você quer. Você já pensou em perguntar o que eu quero? Não. Você
sai por aí me dizendo o que tenho que fazer, tentando me fazer ser
como você... Mas eu não vou ser como você.
Rainha – Está agindo como uma criança.
Princesa – E você é um monstro. Nunca serei como você. (Sai. Corte
de luz)
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A Moura Torta e o Pássaro Azul
Rosaflor – Sou rosa flor. O senhor salvou a minha vida. Estive apri-
sionada naquela fruta por muito tempo. Eu e minhas irmãs fomos
enfeitiçadas pela Moura Torta, a feiticeira que odeia a beleza...
Eduardo – Moura Torta? Meus pais me contaram histórias sobre ela.
Rosaflor – Nunca soube por que fui enfeitiçada com minhas irmãs.
Eduardo – Foi a inveja. Qualquer uma teria inveja da sua beleza. Mas
o que importa agora? O feitiço foi quebrado e você está livre!
Rosaflor – O senhor me libertou... Sou sua escrava...
Eduardo – Rosaflor! Você é meu destino. Será minha esposa, minha
princesa, minha rainha, nunca minha escrava! (Eduardo e Rosaflor
cantam. Abraçam-se e beijam-se)
Eduardo – Rosaflor, encontrei o meu destino. Valeu a pena todas as
dificuldades por que passei. Você é minha grande recompensa, será a
minha luz, a minha inspiração. Já estou próximo ao castelo e chegarei
andando em algumas horas. Minha saudade será as minhas asas, irei
voando e trarei os mais lindos vestidos para recobrir sua beleza. Uma
carruagem e uma comitiva de nobres dignos de uma nova princesa.
Me espere, meu amor.
Rosaflor – Quero viver todos os minutos da minha vida em liberdade
e em teus braços. Nunca mais na prisão.
Eduardo – Suba nessa árvore e estará protegida. Cubra-se com a folha-
gem para não sentir frio. Virei o mais rápido que puder! (Sai. Rosaflor sobe
na árvore, olha para a água e vê refletida a sua imagem. Do outro lado do
palco, a feiticeira Moura Torta prepara mais uma porção em seu caldeirão)
Moura Torta – Asa de barata, perna de grilo, ferrão de abelha ita-
liana e pelo de morcego. Agora a porção para ficar jovem e bonita
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Moura Torta – Uma rosa? Mas como pode ser isso, menina?
Rosaflor – Eu e minhas irmãs fomos enfeitiçadas por uma bruxa mal-
vada. Ela roubou a nossa beleza, e com inveja, nos aprisionou dentro
de três laranjas.
Moura Torta – Mas que crueldade. Isso não se faz! (Mudança de luz.
Moura Torta fala à parte) Raios, raios... Ninguém tem o direito de des-
fazer feitiço meu. Minha vingança será pior ainda! (Tira um alfinete
de prata que trazia escondido, e num gesto violento, enfia entre os
cabelos de Rosaflor) Seja linda agora, Rosaflor! Seja linda! Você gosta
de se esconder entre os galhos e rir dos outros? Então os galhos serão
sua morada agora. (Dá uma gargalhada. Entre fumaça e um efeito de
luz, Rosaflor se transforma em um pássaro azul) Agora seu príncipe
será meu! Não tenho a beleza, mas terei todos os direitos de uma
princesa! Luxo e poder. E você, a partir de hoje, não passará de um
pássaro sem graça. Ninguém nunca ouvirá sequer o seu canto, e suas
asas não te darão liberdade para voar mais que alguns metros. (Mou-
ra Torta toma o lugar de Rosaflor em cima da árvore, e o pássaro azul
dança no palco uma coreografia demonstrando toda a sua tristeza)
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tente. Quero o outro! Calça direito, sua desajeitada. Não sabe fazer
nada! (Chuta a aia que cai no chão) Some, some daqui! Bando de
invejosas. Despeitadas! Não se conformam por não terem a minha
beleza. (Corte de luz)
Eduardo – (Passeando pelo jardim) Maldita Moura Torta! O que fez
com minha amada? Como pôde roubar sua beleza? Como pôde
transformar o seu espírito, sua alma? Rosaflor, ontem, tão delicada,
tão meiga, tão pura e, hoje, tão grosseira, tão má. Como poderei
governar com equilíbrio vivendo ao lado de uma esposa como essa?
(O pássaro azul dança próximo a Eduardo transmitindo paz e sereni-
dade. Quando Eduardo tenta pegar o pássaro azul, ele foge)
Eduardo – (Chamando) Jardineiro!
Jardineiro – Sim, senhor.
Eduardo – Prepare um laço com uma corda e coloque um punhado
de alpiste pra prendermos o Pássaro Azul. Quero mantê-lo sempre
por perto. Na presença dele, pelo menos por alguns momentos, con-
sigo esquecer a minha desgraça. (Sai)
Jardineiro – Agirei com cuidado e eficiência senhor. (O jardineiro
prepara o laço, e o Pássaro Azul dança, mas não pisa dentro do laço
e sai. O jardineiro prepara um novo laço com fios de prata e coloca
ração. O Pássaro Azul aparece, dança, mas não pisa dentro do laço)
(No palácio)
Jardineiro – Perdão, Alteza, mas não foi possível capturar o Pássaro
Azul. Se Vossa Alteza quiser, posso derrubá-lo com uma flecha!
Eduardo – Não! Nunca faça isso com nenhum pássaro. Deixe-os ficar
em liberdade. Ele pelo menos me acompanha quando sente que es-
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A Moura Torta e o Pássaro Azul
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A Moura Torta e o Pássaro Azul
tou triste. Não quero que ninguém toque nele. Vá e avise aos outros.
(O Pássaro Azul dança, e Eduardo aproxima-se lentamente. Quando o
Pássaro Azul percebe sua presença, para de dançar e tenta fugir)
Eduardo – Espere! Não fuja! Não tenha medo. Eu jamais machucaria
você. Você é a minha melhor companhia depois que minha amada Ro-
saflor se foi. Eu sinto que algo em você nos une de alguma forma. Até
parece que já conhecia você há muito tempo. Venha até aqui. Deixe-me
fazer um carinho (O pássaro azul aproxima-se, e Eduardo acaricia-lhe
o rosto). Que lindo, que macio, que azul! E tem perfume de flor. Que
coincidência! Parece que está chorando, mas pássaros não choram...
(Faz um carinho na cabeça do pássaro e encontra um alfinete de prata).
O que é isto? (Puxa o alfinete, por entre a fumaça e um efeito de luz, o
pássaro azul se transforma em uma linda mulher que é Rosaflor).
Eduardo – Rosaflor!
Rosaflor – Eduardo! Você me salvou mais uma vez! Nunca mais que-
ro me separar de você, mas ainda temo outro feitiço da Moura Torta.
Eduardo – Ninguém mais poderá impedir de vivermos o nosso grande
amor. Venha. Vamos ao palácio desfazer o meu casamento com a Mou-
ra Torta e encontrar uma maneira de prender essa feiticeira. (saem).
(No palácio. Moura Torta olha-se no espelho)
Moura Torta – Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonita do
que eu? Quem cala, concorda. Eu já sabia que eu sou a melhor e a
mais bonita e a mais sortuda do reino por ter casado com o príncipe
Eduardo. Aia, venha pentear meus cabelos, mas, se eu sentir alguma
dor, vou transformá-la em uma cobra cascavel. (Rosaflor entra vestida
de aia e começa a pentear Moura Torta).
Rosaflor - Seus cabelos estão lindos, senhora!
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A Moura Torta e o Pássaro Azul
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A Moura Torta e o Pássaro Azul
1. _________________________________________________
Em termos gerais, enfeite, adorno. Em teatro, objetos de uso pes-
soal do personagem, tais como leque, jóias, óculos, armas, etc. O
termo é usado, também, como sinônimo de acessório.
2. _________________________________________________
A operação de ajuste de qualquer peça de cenário ou do equipa-
mento de iluminação, visando a precisão na distância, e na intensi-
dade dos focos dos refletores.
213
3. _________________________________________________
Literalmente, o agente do ato. O intérprete do personagem de fic-
ção, ou seja, aquele que dá forma e vida ao personagem do drama.
4. _________________________________________________
Pancadas ritmadas dadas no chão do palco pelo contra-regra com a
finalidade de avisar o público do início da apresentação. Posterior-
mente, o som da campainha elétrica ou o apagar das luzes da platéia
fez que as _____________________________ caíssem em desuso.
5. _________________________________________________
Gíria. Significa um trecho mais ou menos longo de texto a ser interpre-
tado por único ator. Usa-se no sentido de boa oportunidade para o ator,
donde a expressão “ter um bom ______________________________”
significa ter uma boa oportunidade.
6. _________________________________________________
Gíria. Pequena improvisação verbal feita pelo ator durante o espe-
táculo. O _______________________ pode visar o efeito cômico ou
simplesmente superar uma situação de erro.
7. _________________________________________________
A arte e a ciência da criação do cenário.
8. _________________________________________________
Aquele que administra o palco durante ensaio e apresentação. É
encarregado da localização das peças móveis do cenário, acessó-
rios e demais elementos cênicos.
214
9. _________________________________________________
Parte da caixa do teatro localizada nas laterais do palco, destinada
ao trânsito dos atores nas entradas e nas saídas de cena bem como
os operários que executam as mudanças de cenários. Também cha-
mada bastidores.
10. _________________________________________________
Qualquer indicação visual ou sonora que permite ao ator iden-
tificar o momento de entrar, falar ou agir em cena. O tipo mais
comum de ____________________________ consiste nas últimas
palavras de cada fala do diálogo.
11. _________________________________________________
Em termos gerais, a maneira de dizer as palavras, visando, espe-
cialmente, à clareza de seus significados.
12. _________________________________________________
Aquele que cria o espetáculo teatral. A figura do ____________
_____________________________ como elemento hegemônico
no processo de criação teatral surgiu na segunda metade do sé-
culo XX, quando a linguagem cênica, fortalecida com o advento
da luz elétrica, encontra-se suficientemente amadurecida para
expressar, por si só, a carga de subjetividade requerida pela nar-
rativa dramática.
13. _________________________________________________
A arte, a ciência e a técnica de escrever peças de teatro.
215
14. _________________________________________________
Aquele que escreve drama.
15. _________________________________________________
Cada um dos encontros realizados pela equipe de técnicos e artis-
tas de uma determinada produção teatral, durante a fase de pre-
paração do espetáculo. Nos ______________________________,
atores e técnicos treinam e experimentam seus respectivos ins-
trumentos no sentido de estabelecer uma forma definitiva que
integrará o resultado final da apresentação.
16. _________________________________________________
Aquele que cria, projeta e supervisiona a execução dos figurinos
ou indumentária.
17. _________________________________________________
Nome dado a cada uma das peças ou o conjunto de trajes de uma
determinada produção teatral. O mesmo que indumentária e, no
sentido coletivo, que guarda-roupa.
18. _________________________________________________
Em cenografia, o espaço destinado à passagem dos atores para
saídas e entradas em cena. Uma ____________________________
caracteriza-se por não ser visível aos olhos do público.
19. _________________________________________________
Termo popular brasileiro para designar a atividade teatral itineran-
te de grupos de segunda categoria.
216
20. _________________________________________________
Dentre os recursos da linguagem cênica, aquele que se refere ao
deslocamento do ator. A ________________________________
engloba todos os movimentos executados pelo personagem, in-
clusive entradas e saídas de cena. Independentemente de estilo, a
_______________________________ resulta basicamente da von-
tade e das emoções dos personagens.
21. _________________________________________________
Gíria usada entre os atores, na França e no Brasil, para desejar
boa sorte antes do espetáculo. corresponde à expressão norte-
-americana break a leg.
22. _________________________________________________
Termo empregado em duas acepções diferentes. Primeiro, como
sinônimo de solilóquio, ou seja, como verbalização do que se
passa na mente do personagem, seja relato, seja expressão de
emoção, reflexão, decisão. Nesse sentido, pode-se falar no “Ser
ou não ser” como ______________________________ do Ha-
mlet. A segunda acepção, que parece ser a mais apropriada,
refere-se a um tipo de peça de teatro estruturada em torno de
um único personagem.
23. _________________________________________________
Espetáculo teatral do período do Teatro Romano. Tal espetáculo
consistia na reapresentação, através de gestos e movimentos, de
pequenas cenas baseadas na história e na mitologia. Essas cenas
eram acompanhadas por um coro que descrevia os acontecimen-
217
tos. Na França, a palavra __________________________________
foi usada para denominar as peças em que apareciam o persona-
gem do Pierrô. Modernamente, os termos ___________________
________________________ e a mímica são usados praticamente
como sinônimos.
24. _________________________________________________
A linguagem da ____________________________________ mo-
derna é exclusivamente de gesto, expressão facial, figura e mo-
vimento, e sua temática humanista é apresentada por meio de
atmosferas de graciosa poesia e humor.
25. _________________________________________________
Gíria. Papel pequeno, geralmente sem qualquer fala.
26. _________________________________________________
Aquele que, antigamente, lia, em voz baixa, as falas que deviam
ser repetidas em voz alta pelo ator. O ________________________
______________ ficava instalado num alçapão localizado no cen-
tro-baixo do palco, escondido do público por uma proteção curva
que ajudava a projetar o som de sua voz para o fundo da cena.
27. _________________________________________________
O responsável pela parte administrativa e financeira de uma pro-
dução teatral. O termo é também empregado para designar aque-
le que patrocina ou subvenciona um espetáculo.
218
28. _________________________________________________
Nos teatros com palco italiano, a parte do palco localizada entre
a boca de cena e a platéia. Com a evolução arquitetônica que
desembocou na criação da boca de cena, a área da cena propria-
mente dita passou a obrigar todo o espetáculo, perdendo, então,
o _______________________________________ sua importância.
No século XX, devido à técnica e às teorias que revalorizam a
relação direta entre o ator e o espectador, como a do distancia-
mento, o ______________________________ passou a ser visto
novamente como um espaço cênico importante.
29. _________________________________________________
Cortina, geralmente de cor preta, que cobre todo o fundo do pal-
co. Conjugada a três ou quatro rompimentos, forma um espaço
cênico, que é a imagem mais próxima possível da neutralidade.
30. _________________________________________________
Cena de caráter cômico, de curta duração, geralmente parte de
um ato de variedades ou de revista musical. O Novo Dicionário
de Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda, registra a
palavra em sua forma abrasileirada: esquete.
219
Recorte, monte o quebra-cabeça colando na página seguinte e pinte.
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223
Adereço: em termos gerais, enfeite, adorno. Em teatro, objeto de
uso pessoal do personagem, tais como gravata, chapéu etc. O termo
é usado também como sinônimo de acessório. Encontre no diagrama
de letras os nomes de alguns adereços que poderiam ser utilizados
na montagem dos espetáculos. (bengala, aliança, flor, óculos, cartola,
gancho, pena, pandeiro, chicote, lenço, espada)
U A X C A R T O L A
W E A B L O I W E U
E A S E R R A T N E
Q G A N C H O A Ç S
A U Y G E S V S O P
J O M A L I A N Ç A
E N E L A F C X A D
T E N A K L H Z N A
A J U D M O I J Q R
E Z M A E R C K I A
H I R O L D O N E O
O C U L O S T V L D
Y M P A N D E I R O
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Sonoplastia: Qualquer som ou ruído relacionado ao enredo de uma
peça de teatro, produzido mecânica ou eletronicamente dos bastido-
res. Tais sons podem ser o de campainhas e batidas de portas; ruídos
de vento; tiros e música. Que tal experimentar ser um compositor e
escrever uma letra de música para servir como fundo musical para
a cena que Victor está ao piano na peça A Noiva Cadáver. Pode ser
também uma paródia. (Imitação cômica de uma composição literária)
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Descubra e marque os sete erros nessa cena do Peter Pan.
227
Chegou a hora de inventar a sua própria história! Pinte, recorte e
misture os personagens das histórias: A Noiva Cadáver, Peter Pan, O
Corcunda de Notre Dame, A Moura Torta e O Pássaro Azul e Os Três
Mosqueteiros. Monte uma maquete com cenário e conte sua história
para seus amigos!
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Editora