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apresenta
T. B C.
OS OSSOS DO BARÃO"
Teatro Ginástico
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Conselho Deliberativo:
René Thioílier
Sergio W. B ernardes
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SEUS
APLAUSOS
TAMBÉM RENDEM
JUROS
Seus aplausos sao
a suprema recompensa do artista.
São depósitos de confiança, que rendem
juros de estímulo.
apresenta
O TEATRO BRASILEIRO
DE COMÉDIA
em
OSSOS DO BARÃO"
T rês atos de
JORdE ANDRADE
cenário e figurinos
DIREÇÃO
MAURICE VANEAU
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\
Em qualquer dificuldade que V. S. se encontre,
na falta de empregadas domésticas,
“SEU CRIADO”! lhe servirá:
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com Faxineiros competentes e especializados.
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cilada a&üg-ada
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w o c a s s m
As peças que escrevi e algumas por escrever, tais como “As Moças da Rua 4”,
“Allegro ma non troppo”, “Os Coronéis”, “O Sumidouro” e “As Confrarias”, perten
cem a um plano de trabalho, elaborado quando estava na Escola de Arte Dramática
de São Paulo. Plano organizado como tema, meta de trabalho, não como escolha de
histórias. Em outras palavras: tenho um objetivo definido a atingir. “O Incêndio”
— peça já escrita — chegou a ser apresentada, há nove anos, no curso de drama
turgia daquela Escola, em seu atual desenvolvimento. Daí a explicação para o apa
recimento destas peças, uma após outra, às vêzes em prazos relativamente curtos.
Evidentemente que não estavam tôdas programadas. Algumas foram substituí
das. outras apareceram depois e duas ou três resultaram de outros trabalhos. Mas,
tôdas tentavam exprimir uma mesma realidade.
Posteriormente, dividi este plano de trabalho em “peças rurais” e “peças urba
nas, procurando mostrar sempre, dois lados do mesmo problema. No campo — o la
do do fazendeiro e o do colono. Na cidade — o lado do tradicionalista e o das novas
classes. Procurei também não tom ar partido, registrando apenas as fases de um
ameno processo. Por sua vez, todo o conjunto teria uma peça conclusiva. Nas pecas
rurais incluí “A Moratória”, “O Telescópio”, “Pedreira das Almas”, “Os Coronéis”
e “Vereda da Salvação”.
As pecas urbanas — “As Colunas do Templo”, “As Moças da Rua 14”, “O In
cêndio”, “A Escada”, “Os Ossos do Barão” e “Allegro non troppo” — seguiriam o
mesmo desenvolvimento das peças rurais. Pará esclarecer melhor, eu diria que es
crevi “Os Ossos do Barão”, porque havia escrito “A Escada”. Uma conta a história
do aristocrata que caiu e a outra a do emigrants que sobe — partes de uma mesma
realidade social. Se na “A Escada” o personagem principal acusa o emigrante co
mo um dos causadores de seus males, podendo dar a impressão de que eu o apoio,
em “Os Ossos do Barão” mostro quem é o emigrante, reconhecendo seu valôr e seus
direitos. Assim, os dois lados têm suas razões e uma explicação histórica e socioló
gica se Antenor (A Escada) tem uma justificativa para ser o que é, Egisto Ghjrotto
(Os Ossos do Barão) também tem. Joaquim, em “Vereda da Salvação”, se pode ser
o que é. Mas o Joaquim de “A Moratória” também não pode deixar de ser o que
é. O conjunto de coisas injustas que não podem deixar de sçr o qqe são, forma uma
sociedade injusta que não deixará nunca de ser o que é, de sua estrutura!... Porém
isto já escapa a competência de um dramaturgo, pois são outros que devem pro
curar as soluções. Penso que um escritor dé teatro deve ser como um radiologista,
êle radiografa e interpreta os males do homem, e os especialistas indicam os tra
tamentos. Refiro me, naturalmente, aos grandes radiologistas e especialistas É co
nhecido de todos o caso do médico que leu uma radiografia de cabeça para baixo e
operou um pulmão são, deixando-o doente. Conseqüência: matou o paciente.
Assim como “A Moratória” e “Vereda da Salvação” são dois lados — aparente
mente independentes — do mesmo problema, “A Escada” e “Os Ossos do Barão”
também são. Assim como “Pedreira das Almas” tenta esclarecer as raizes do mun
do de “A Moratória”, “O Telescópio” e “Os Coronéis”, também “O Sumidouro”
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descreverá as do mundo de “A Escada”, “Os Ossos do Barão” e “Allegro ma non
troppo”. Daí a relação constante entre passado e presente em tôdas elas.
As peças rurais e urbanas, tratariam em bloco — tomando dois lados antagô
nicos, mas profundamente enraizados na mesma realidade — da decadência de uma
sociedade e o nascimento de outra. Como misturar em um todo, conflitos rurais e
urbanos? Somos um país de tradição de monocultura e, em São Paulo, o café foi o
fator preponderante na formação da sociedade, ligando cidade e campo numa mes
ma expressão econômica e política). Mas ,como todo processo já traz em si o ger-
mem de sua própria morte — aquela nova sociedade faltamente encontrará em de
cadência, se as leis que a regem continuarem as mesmas. A visão pessimista que
pode entrar contida aí, não se refere aos destinos do homem, mas sim à sociedade
que o congrega.
Para esclarecer melhor ainda: “Pedreira das Almas” é fim e comêço de um
processo, como “A Moratória” também é. Naquilo que determinou a grandeza pas
sada das duas, estava a destruição do homem. Numa o outro fácil à flôr da te rra ”
e na outra “ouro tacil nos galhos do cafeeiro”, Nas peças urbanas acontecerá o
mesmo. Em “O Sumidouro” já estão os germens da decadência que aparece em “A
Escada” e “Os Ossos do Barão” — que são fins de processo. Mas, se “Os Ossos do
Barão” é fim de processo, é também início de um outro, que terá seu desfecho em
“Allegro ma non troppo”.
Antenor e Miguel sonham com a grandeza de seus avós. Urbana, Francisco Joa
quim e Gomes também. Simultaneamente, como numa previsão do que vir, Egisto
Ghirotto começa a sonhar com o tempo em que êle ainda era um simples colono.
Com o “ouro fácil das engrenagens das máquinas”, seu mundo cairá também. Não
se trata, portanto, só de fatores independentes — no campo ou na cidade — deter
minando uma repetição matemática de situações culturais ou sociais, estreitamente
ligadas entre sí. Trata-se de formação de tôda a estrutura social daquilo que pode
mos chamar de “civilização paulista”, estrutura erguida sobre três ciclos: do ouro,
do café e da máquina.
Eu diria que o trabalho obedece a duas linhas mestras: uma que parte de “Pe
dreira das Almas” — determinada pelo fim do ciclo do ouro e vai term inar em
“A Moratória”, que anuncia o fim do ciclo do café e o comêço do ciclo da máquina,
A outra que parte de “O Sumidouro” — comêço da formação das elites paulistas —
essencialmente agrária — e vai terminar em “A Escada”, que por sua vez anuncia
a ascensão do emigrante; em “Os Ossos do Barão” — comêço de formação de uma
nova elite — essencialmente industrial, pois a ascensão do emigrante coincide com
o início do ciclo da máquina. O próprio movimento determina a intenção do traba
lho, pois êle parte das sesmarias e das bandeiras e vai term inar no sítio, nas re
partições públicas, nas seções dos Bancos ou nas Fábricas.
Essas linhas aparentemente desligadas, se entrelaçam em algumas falas em
todo o conjunto, ou em rememorações de família, citações de fatos e, principalmen
te, na menção constante de três acontecimentos capitais: a crise de 29, a revolução
de 30 e a ascensão do emigrante. Das treze peças programadas, apenas oito formam
expressões de um todo, transformando-se assim, numa procura de “causa para a
colocação problemática de uma realidade brasileira”.
Todo o meu trabalho tem se baseado e continuará se baseando nesta idéia.
M O I S É S D E M I G U E L Â N G E L O ( R O M A - S A N P I E T R O IN VINCOLI}. # /
M oisés, o lib e r ta d o r do povo h e b r a i c o qu e no Monte S i n a ï • d e p o is d a d r a m á t i c a ira
v e s s i a do Mar V e rm elh o - r e c e b e u a r e v e l a ç ã o do D e c á lo g o , inspirou a Miguel Angelo
urna de s u a s o b r a s prim a s. A e s t á t u a , que e x p rim e num a e x tra o rd in á r ia fu sã o d e e s
tilos a fo r ç a física e espiritual, a pa ixã o e a visão pro fética do p e r s o n a g e m biblico,
e n c o n t r a - s e e m R o m a na Igreja d e “ S a n P i e tr o in Vincoli” s o b o túmulo do P a p a
Ju lio II, que d e s d e 1 5 0 5 tinha incum bido o a r tis ta de e x e c u ta r um m a j e s t o s o Mausoléu
- c o m p o s t o de c ê r c a de 4 0 figuras de S a n t o s , P r o f e t a s e Virtudes. A figura atlética
de M oisés que s e g u r a c o m o b r a ç o direito a s t á b u a s do D e cá lo g o , foi e sc u lp id a por
Miguel Ângelo em m á r m o r e de C a r r a r a e n tr e 1513 e 1516, a p ó s a m o r te do P a p a
Ju lio II, s e n d o co n clu íd a em t o d o s o s p o r m e n o r e s s o m e n te em 1 5 4 5 , d e p o is de ter
sid o a lt e ra d o o g r a n d io s o p ro jeto primitivo que d e v eria t r a n s f o r m a r a o b r a do a rtista
n u m a “ v e rd a d e ira m o n ta n h a de m á r m o r e ”.
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