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Aplicada à Nutrição
Conceitos e Definições em Farmacologia
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Conceitos e Definições
em Farmacologia
• Conceitos em Farmacologia;
• Tipos de Medicamentos;
• Autofármacos;
• Formas Farmacêuticas (FF);
• Sistemas de Dispensação de Fármacos (Medicamentos);
• Fase Farmacêutica.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Discutir os conceitos e definições em farmacologia, os quais são importantes para o enten-
dimento das medicações utilizadas pelos pacientes em atendimento clínico.
UNIDADE Conceitos e Definições em Farmacologia
Conceitos em Farmacologia
Para iniciar seu aprendizado em farmacologia, alguns conceitos se fazem neces-
sários, pois a terminologia nesta área é diferente da nomenclatura usual em nutrição.
O primeiro passo é entender o que significa a palavra “farmacologia”, a qual é de
origem grega – pharmakós (fármaco) e logos (estudo). Estudar os fármacos é estudar
as substâncias químicas que podem ser utilizadas como terapia, prevenção e diag-
nóstico de patologias.
Figura 1
Fonte: Adaptado de Getty Images
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• Forma Farmacêutica: é como o medicamento se apresenta, ou seja, como
pode ser encontrado para uso, por exemplo, cápsulas, drágeas, comprimidos,
solução, suspensão, entre outras;
• Remédio: é uma palavra leiga que traduz ações ou substâncias que tragam be-
nefícios ao indivíduo. Dessa forma, um remédio pode ser uma massagem, uma
preparação caseira ou até mesmo uma oração. Essa terminologia pode ser uma
forma carinhosa de se comunicar com o paciente para saber o que ele toma,
mas, quando se está falando de profissional para profissional, a melhor forma é
usar o termo medicamento.
Tipos de Medicamentos
Os medicamentos podem ser classificados de acordo com suas características
comerciais, forma de industrialização, origem e ação.
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Figura 2 Figura 3
Fonte: Getty Images Fonte: Getty Images
G Medicamento
Genérico
EQ não é INTERCAMBIÁVEL
REFERÊNCIA
com o GENÉRICO
EQ
Medicamento
Similar
EQ é INTERCAMBIÁVEL Equivalente
somente com a REFERÊNCIA
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Quando se trata de medicamentos manipulados, ou MAGISTRAIS, estes são mui-
tas vezes oficinais, ou seja, feitos com base na farmacopeia, principalmente quando
se trata de fitoterápicos. A manipulação tem a função de individualizar a terapêutica,
pois as doses serão específicas para aquele paciente.
Figura 5
Fonte: Getty Images
Atualmente os medicamentos que ora eram extraídos da natureza, hoje são sinté-
ticos, preparados através de processos químicos que podem ser artificiais. Também
há os semissintéticos, que são de origem natural, mas alterados laboratorialmente
para modificar suas ações para fins terapêuticos.
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Figura 6
Fonte: Getty Images
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• Transcutânea ou pele;
• Excepcionais: cárie dental; lesões cutâneas; membrana timpânica (LUCIA et al.,
2014).
Figura 7
Fonte: Getty Images
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Figura 8
Fonte: Getty Images
Para entender melhor sobre como um medicamento deve ser corretamente administrado,
leia o artigo “Administração: não basta usar, é preciso conhecer a maneira correta”.
Disponível em: https://bit.ly/31QzOxQ
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Autofármacos
Autofármacos ou autacoides são substâncias naturais do organismo que apre-
sentam estrutura química e atividade fisiológicas e farmacológicas diversas. Estão
envolvidos em diferentes processos fisiológicos, como secreção gástrica, neurotrans-
missão, regulação neurovegetativa e modulação-humoral, também em várias fisiopa-
tologias, como inflamação, alergia, anafilaxia, úlcera péptica, hipertensão arterial,
enxaqueca, depressão e ansiedade. Essas substâncias são originadas de nutrientes
específicos e por isso são muito importantes. Exemplo: histamina, serotonina, cini-
nas, angiotensina, óxido nítrico e os derivados do ácido araquidônico.
Podemos separar esses autacoides em dois grupos, aqueles que são derivados
proteicos e os que são derivados lipídicos. Os que são derivados proteicos estão des-
critos na tabela abaixo:
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Figura 10
Fonte: Getty Images
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Tipo de FF Características
Preparações sólidas obtidas por compressão de um volume constante de partículas
(princípios ativos adicionados ou não de adjuvantes).
Existem diferentes tipos de comprimidos:
• Simples (não revestidos): são desintegrados e diluídos logo no estômago e precisam
de um pH ácido para isso ocorra;
• Efervescentes: precisam ser dispersos na água antes de ser administrados e liberam
gás carbônico em contato com a água, sendo necessária total efervescência antes de
se deglutir;
• Revestidos: possuem película de revestimento para que haja proteção do princípio
ativo da acidez gástrica, sendo os ativos absorvidos no estômago;
• Drágeas: são um tipo de comprimido com uma ou mais camadas de revestimento
Comprimidos
com substâncias que mascaram o sabor ou odor, ou podem proteger da luz,
umidade e ar;
• Gastrorresistentes: são revestidos com uma ou mais camadas de substâncias
que apenas se desintegram em pH intestinal e protegem o princípio ativo contra
o suco gástrico;
• De liberação prolongada: são preparados com adjuvantes especiais ou processos
(matrizes) que permitem que as substâncias ativas sejam liberadas em uma
velocidade controlada ao longo do digestório;
• Sublinguais ou orodispersíveis: dissolvem facilmente na cavidade bucal;
• Mastigáveis: para serem fragmentados na mastigação;
• Pastilhas: é um tipo de comprimido para ser dissolvido lentamente na boca.
Figura 11
Fonte: Getty Images
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Quadro 3 – Formas farmacêuticas líquidas
Tipo de FF Características
Mistura homogênea que não precisa agitar:
• Solução Oral: apresenta ativos e adjuvantes que são chamados de veículo.
É recomendada para crianças ou idosos com disfagia. Exemplo: medicamentos
analgésicos em gotas ou usados com copo medida;
• Xaropes: líquidos de sabor doce e consistência viscosa de uso interno. São
constituídos de açúcares (sacarose, glicose) ou polióis (sorbitol, manitol)
dissolvidos em água juntamente com os princípios ativos e os adjuvantes;
Solução • Elixir: líquidos que contêm uma porção de álcool (20% a 50%), xarope e/
ou glicerol;
• Tinturas e alcoolaturas: preparações líquidas resultantes de extração por
maceração ou percolação, utilizam o álcool como solvente. A diferença entre
tintura e alcoolaturas é que as tinturas utilizam a planta seca e as alcoolaturas a
planta “in natura”. As tinturas são formas farmacêuticas comuns na fitoterapia e
na homeopatia, porém, com concentrações diferentes.
• É uma mistura heterogênica com uma parte sólida (pó) e uma parte líquida;
• Necessita de agitação.
Suspensões podem conter um ou mais ativos, porém, estes possuem baixa solubi-
Suspensão lidade e, por isso, devem ser agitadas (reconstituídas). Exemplo são os antibióticos
que apresentam uma fase sólida e uma líquida; na fase líquida, há adjuvantes que
ajudam na dispersão no líquido como agentes molhantes (tensoativos de natureza
não iônica) e suspensores (derivados da celulose, gomas naturais e argilas especiais).
• Também é uma mistura heterogênea entre uma parte líquida e uma oleosa;
• Necessita de agitação.
Este tipo de forma farmacêutica possui duas fases imiscíveis – uma fase aquosa
Emulsão (hidrofílica) e uma fase oleosa (lipofílica) – que precisam de um agente emulsio-
nante para dar estabilidade à formulação. Sendo que a fase aquosa pode conter
edulcorantes e flavorizantes para melhorar as características organolépticas.
Figura 12
Fonte: Getty Images
Adjuvantes Técnicos
As formas líquidas não necessitam ser diluídas em água para serem deglutidas,
porém, após administração, deve-se tomar um copo de água para melhorar a disso-
ciação do princípio ativo.
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Cabe comentar que se deve ter cuidado com os excessos desses adjuvantes, pois
é bem documentado que, por exemplo, o aspartame e a sacarina estão relacionados
ao aparecimento de tipos de câncer, como linfomase hiperplasias do endotélio da
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vesícula urinária em ratos. O sorbitol e a lactose podem produzir reações no trato
gastrointestinal, como diarreia e flatulências. Já o corante amarelo de tartrazina e
os parabenos, por serem estruturalmente semelhantes ao ácido acetilsalicílico, estão
relacionados a reações de hipersensibilidade e alergias, além do corante citado ser
hiperestimulante do sistema nervoso central, devendo ser evitado em crianças hipe-
rativas ou com Transtorno do Espectro Autista.
Sistemas de Dispensação de
Fármacos (Medicamentos)
Embora os sistemas de dispensação de medicamentos seja uma função do far-
macêutico, o nutricionista precisa entender, principalmente, sobre a dispensação de
medicamentos em hospitais, pois, sabendo como a medicação chega ao paciente,
pode-se elaborar a dispensação da alimentação para minimizar possíveis interações
entre fármacos e nutrientes.
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Figura 14
Fase Farmacêutica
Quando se analisa a fase farmacêutica da administração de um medicamento
se está considerando, o que é chamado de biofarmacotécnica, que analisa todos os
processos envolvidos na administração de uma forma farmacêutica em um sistema
biológico, considerando as fases de liberação e dissolução do fármaco, que precedem
sua absorção.
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As fases desse processo são a desintegração, desagregação e dissolução, sendo de-
pendente do perfil de hidrossolubilidade do princípio ativo. Dessa forma, a sequência
correta que deve ocorrer ao se administrar um medicamento por via oral será (Figura 15):
• Forma farmacêutica sólida + um copo de água (sempre atentando ao paciente
com restrição hídrica que deverá ter um volume menor de líquidos);
• No estômago, as formas farmacêuticas irão desintegrar: ocorrerá a disper-
são sólida do princípio ativo (granulados);
• Na sequência, ocorre a desagregação;
• Com a dissolução que corresponde à dispersão molecular: quando o princí-
pio ativo se separa dos excipientes. Essa fase é muito importante, pois antecede
a absorção do fármaco. Neste ponto, podem ocorrer interferências de fatores
físicos ou químicos, facilitando ou dificultando sua absorção. Um dos pontos de
importantes interações fármaco-nutrientes.
Assim, a fase farmacocinética pode ter profundo impacto sobre o efeito farmaco-
lógico, uma vez que os processos de ADME (Absorção, Distribuição, Metabolismo e
Excreção), Figura 5, que caracterizam a fase seguinte chamada de farmacocinética,
determinam a concentração e o tempo despendido das moléculas do fármaco no seu
local de ação (PEREIRA, 2007).
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UNIDADE Conceitos e Definições em Farmacologia
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Aula de Farmacologia: Princípios Básicos – Aula 1 | Dá Uma Força
https://youtu.be/YuoWNlGv4oY
Leitura
Hepatotoxicidade de Plantas Medicinais e Produtos Herbais
O uso de medicamentos e de fitoterápicos pode causar hepatoxicidade. O desen
volvimento das lesões nos hepatócitos pode prejudicar a função desse órgão tão
importante para o metabolismo.
https://bit.ly/2FpyfiQ
Excipientes Farmacêuticos e seus Riscos à Saúde: uma Revisão da Literatura
Os excipientes e veículos fazem parte das formas farmacêuticas, eles devem ser
inertes, porém, alguns indivíduos podem ser mais sensíveis e apresentar reações
adversas a eles.
https://bit.ly/3kJ6FwZ
Sistema de distribuição de medicamentos em ambiente hospitalar
Os sistemas de dispensação de medicamentos em hospitais é uma função do
farmacêutico, mas, quando há uma integração entre farmácia e nutrição e o
conhecimento de como os medicamentos chegam até o paciente, é possível fazer
planejamentos adequados para evitar as interações fármaco-nutrientes que podem
ser prejudiciais ao paciente.
https://bit.ly/3kG3aHX
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Referências
ALLAIRE, J. et al. Supplementation with high-dose docosahexaenoic acid increases
the Omega-3 Index more than high-dose eicosapentaenoic acid. Prostaglandins,
Leukotrienes and Essential Fatty Acids, vol. 120, p. 8-14, 2017.
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TORRES, L.; OLIVEIRA, P.; MACÊDO, C.; WANDERLEY, T. Hepatotoxicidade
Do Paracetamol e Fatores Predisponentes. Revista de Ciências da Saúde Nova
Esperança, 17(1), 93-99, (2019). Disponível em: <https://doi.org/10.17695/revcs-
nevol17n1p93-99>.
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