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Slide 1 Apresentação

Slide 2 A região litorânea centro-norte catarinense, além de abrigar


importantes balneários do sul do país, também é responsável por
receber a descarga de drenagem da principal bacia hidrográfica do
estado. A região passa por grande crescimento e apresenta índices de
tratamento de esgoto deficitários.
Slide 3 O aporte de nutrientes e matéria orgânica ao ambiente natural, ao
favorecer mais um nível trófico que os demais, ocasiona a
eutrofização, uma vez que a biomassa gerada, ao morrer, se deposita
no fundo onde é decomposta. Essa ação ocasiona o consumo de
oxigênio, que dependendo da intensidade, pode contribuir para a
criação de zonas de hipoxia. A hipoxia em ambientes aquáticos é
caracterizada por concentrações de oxigênio dissolvido (OD) abaixo de
2 mg/L de O2. Porém alguns autores apontam como quadro de hipoxia
quando as [] de OD começam a gerar alguma resposta nos
organismos, valores como abaixo de 4,6 mg/L.
Slide 4 Os registros de zonas hipóxicas vem aumentando ao longo do
planeta. Muitos desses casos são eventos sazonais, na região costeira,
na camada de fundo, em frente a grandes rios, no final do verão e
início do outono. Em casos extremos a falta de oxigênio cria “zonas
mortas”, regiões anóxicas, que são amplamente desprovidas de
macrofauna, por mortalidade ou emigração.
Slide 5 Objetivos.
Slide 6 A área de estudo está localizada no litoral Centro-Norte de SC e
abrange os municípios de Barra Velha, Penha, Navegantes, Itajaí,
Balneário Camboriú, Itapema e Porto Belo. Na área está localizada a
desembocadura da rio Itajaí-Açú, que drena a maior bacia do estado
(aprox. 15% do território), além de alguns dos balneários mais
procurados por turistas no verão.
Slide 7 Para o entendimento dos processos de eutrofização e hipoxia no
litoral centro-norte de SC, foram adotadas 4 estratégias amostrais.
Inicialmente foram utilizados dados de um monitoramento
desenvolvido pelas equipes da Univali para verificar evidências que
apontam para eventos de hipoxia na região. Nos últimos 5 anos a
região vem sendo monitorada em 4 estações de coleta situados na
região de estudo, na isóbata de 15m, com coletas em superfície e
fundo e frequência mensal. Além dos parâmetros FQ, alíquotas de
água são elvadas à laboratório para processamento e posterior
quantificação de nutrientes, cla-a, MPS, COP, DBO e CF.
Slide 8 Como segunda estratégia, foi executada uma malha amostral mais
abrangente, em termos de área paralela a costa, com o intuito de
verificar a ocorrência de eventos de hipoxia em mais locais, além da
região já monitorada. Essa malha amostral contou com 10 estações de
coleta, abrangendo toda a área de estudo, situadas na isóbata de 15m.
Além dos dados FQ coletados em campo, amostras foram levadas ao
laboratório para processamento e análises posteriores. Entre
dezembro de 21 e abril de 23, foram realizadas 15 amostragens.
Slide 9 Uma terceira estratégia amostral, denominada de amostragem em
alta resolução temporal, foi o fundeio de sensores de oxigênio
dissolvido, temperatura, salinidade e dados de corrente (direção e
intensidade). O fundeio foi realizado na mesma isóbata do
monitoramento costeiro, entre os municípios de Itajaí e Balneário
Camboriú, e os registros de dados foram de hora em hora.
Slide 10 Para um maior detalhamento do evento de hipoxia, como quarta
estratégia foram realizadas amostragens com maior resolução
espacial, abrangendo diferentes isóbatas, com o intuito de avaliar a
extensão espacial do evento. Assim, foram determinados 31 pontos de
amostragem em transectos nas isóbatas de 5, 10, 15, 17 e 20 metros.
Foram realizados perfis verticais na coluna d’água para o levantamento
dos parâmetros FQ. O esforço amostral foi concentrado no mês de
maior probabilidade da ocorrência do evento (mar/23).
Slide 11 Analisando a s [] de OD é possível observar que os valores no estrato
de fundo são sempre menores que em superfície, o que pode ser
explicado pelo trocas realizadas com a atmosfera em superfície. O que
chama a atenção é que nos meses de verão (dezembro a março)
sempre há uma queda significativa nas suas [] no estrato de fundo.
Slide 12 Os dados de salinidade indicam o aporte de água doce (continental)
rica em nutrientes que alimentam a produção primária. A diminuição
das médias de salinidade em superfície se deve aos períodos de maior
vazão do rio Itajaí-Açú, cuja pluma atinge diretamente a área de
estudo.
Slide 13 Também é possível observar a estratificação térmica na coluna d’água,
sempre nos meses de dezembro a abril, com exceção ao verão de
20/21, onde não houve estratificação evidente. É sabido que na região
de estudo há momentos em que a ACAS, caracterizada por
temperatura abaixo de 20 graus celcius e salinidade acima de 34,5,
pode chegar próximo à superfície. A presença dessa massa d’água gera
uma estratificação na coluna d’água, provocando o isolamento da
água de fundo, que ao receber a biomassa morta da superfície passa a
ter seu OD consumido no processo de respiração, sendo as trocas
gasosas verticais impedidas pela diferença de densidade da água
(diferente temperatura e salinidade).
Slide 14 Quanto aos dados de clorofila-a, que servem como um indicador da
produção primária, é possível observar que durante os meses de verão
sua [] tende a aumentar em superfície, indicando uma maior produção
primária nesse estrato.
Slide 15 Os valores de pH nas águas costeiras, normalmente ficam em torno de
8,1. As variações podem ser atribuídas ao escoamento superficial da
água continental, com valores menores e que, por serem menos
densas alteram as médias de pH em superfície. Porém são observadas
médias mais baixas nos meses de verão, nos mesmos meses em que
as [] de OD no fundo são menores, indicando que houve uma
diminuição em função do processo de respiração, que resulta num
aumento da [] de CO2 , diminuindo o pH.
Slide 16 Como já observado, a exceção para as observações aqui apontadas é o
verão de 20/21, onde o padrão foi diferente. Nos perguntamos o
porquê disso? Verificando os dados de ventos para os 5 verões em
questão observamos que especificamente no verão de 20/21 o padrão
de frequência dos ventos foi bem diferente dos demais, com uma
maior frequência dos ventos do quadrante sul, em detrimento dos
ventos de oeste e nordeste, normalmente predominantes no verão, na
região de estudo. Essa mudança no comportamento pode ter
influenciado uma mudança da dinâmica do ambiente, impedindo a
manutenção das condições ideias, em termos de dinâmica do
ambiente, para a formação da zona hipóxica como consequência da
eutrofização.
Slide 17 As observações nas quedas das [] de OD no estrato de fundo nos
meses de verão, em especial no verão de 19/20 despertou a atenção
para a possibilidade do desenvolvimento de eventos de hipoxia, como
consequência da eutrofização. Foi a partir dessa observação que o
grupo de pesquisa, liderando pelo prof. Dr. Jurandir Pereira Filho, criou
uma linha de pesquisa, culminando com a implantação de um
monitoramento mais detalhado e abrangente.
Slide 18 e 19 Tendo como referência as observações nos dados históricos, outra
malha amostral, mais ampla foi proposta para verificar a extensão
espacial da formação da zona hipóxica. Essa malha amostral mais
ampla foi monitorada entre os meses de dezembro de 21 e abril de 23,
abrangendo 2 verões, época propícia à formação das zonas hipóxicas.
É possível observar que o mesmo padrão observado nos dados
históricos se repete, porém agora para uma área mais ampla. Há uma
diminuição nas [] de OD nos meses de verão, porém de forma mais
intensa quando associada à estratificação térmica, que ocorreu de
forma mais acentuada no verão de 22/23. Novamente podemos
evidenciar a presença de uma massa d’água diferente (ACAS com alta
salinidade e baixa temperatura).
Slide 20 A clorofila-a é um indicador de produção primária, a qual pode
evidenciar a formação de uma grande biomassa, que ao se depositar
no fundo provoca o consumo do oxigênio. Os dados apresentam um
aumento em superfície nos meses de verão, coincidindo com os meses
em que a [] de OD no fundo diminui. Esse é um dado que corrobora a
hipótese de que os eventos de hipoxia se evidenciam como
consequência da eutrofização.
Slide 21 Dos dados obtidos com o monitoramento costeiro, ficou evidenciado
que o evento de hipoxia foi mais contundente no verão de 22/23.
Slide 22 Assim, utilizando apenas os dados obtidos no respectivo verão, é
possível observar que, espacialmente, as menores [] de OD no fundo
foram nas estações #RC05, 06, 07 e 10. As menores salinidades em
superfície nas estações #RC03 e 04 podem ser atribuídas ao
escoamento do rio Itajaí-Açú.
Slide 23 Em relação à cla-a, as maiores médias foram observadas nas estações
#RC05, 06 e 07. Assim, foram concentrados os esforços na região que
compreende os municípios de Navegantes, Itajaí e Balneário
Camboriú.
Slide 24 Os dados fornecidos pelo oxímetro fundeado na área de estudo
mostram 2 situações. A primeira, com a queda acentuada do OD
fortemente associada com a queda da temperatura da água, que
dadas as suas características pode ser classificada como ACAS. Isso
ocorre do final de dez/22 até meados de fevereiro. A segunda
observação é que após a estabilização da temperatura, as [] de OD,
que haviam se reestabelecido, voltam a cair gradativamente atingindo
[] abaixo de 2mg/L no início de março, se mantendo por todo o mês
de março. Esse segundo sistema só é quebrado quando há uma
variação na temperatura, indicando que houve alguma perturbação
física (vento, corrente, onda).
Slide 25 Paralelo aos dados coletados pelo oxímetro fundeado, foram
realizadas coletas em diversas datas ao longo do período, atendendo
as demais estratégias amostrais. Foram verificados valores médios
elevados de Cla-a em superfície, tendo como referência a média dos
dados históricos da região de estudo.
Slide 26 Durante o mês de março, além das coletas de rotina do
monitoramento, foram realizadas semanalmente coletas de dados FQ
numa malha amostral mais detalhada, com o intuito de verificar a
extensão das baixas [] de OD na região. Aqui são apresentados os
resultados de 3 campanhas, onde foram observados valores abaixo de
2mg/L de O. A primeira delas ocorreu em 8 de março e podemos
observar uma normalidade dos valores de OD em superfície, porém
no estrato de fundo, observamos diversos pontos com [] bem abaixo
do normal, especialmente na área de influência da pluma do Rio Itajaí-
Açú e praia de Balneário Camboriú.
Slide 27 Na campanha do dia 22 de março, as menores [] de OD foram
observadas nas estações em frente à praia de Navegantes nas isóbatas
de 10 e 14 m, área fortemente influenciada pela pluma do rio Itajaí-
Açú.
Slide 28 Já na campanha de 29 de março, as menores concentrações foram
registradas em frente às praias de Navegantes (5m), Atalaia(14m) e
Balneário Camboriú (14m).
Slide 29 Com os resultados obtidos em campo, podemos afirmar que eventos
de hipoxia ocorrem no litoral centro-norte de SC, justificados por
leituras de [] de OD abaixo de 2mg/L. Também há elementos
suficientes para sustentar a hipótese que tais eventos ocorrem em
decorrência do processo de eutrofização, uma vez que
simultaneamente há um aumento da produção primária e [] de OD em
superfície, e diminuição tanto nas [] de OD, como nos valores de pH,
no estrato de fundo.
Slide 30 Mas algumas hipóteses surgiram e precisam ser verificadas ainda, para
um bom entendimento da evolução dos processos. O isolamento do
fundo causado pela estratificação térmica e halina da coluna d’água
em decorrência da presença de massas d’água diferentes, sendo
necessário ainda, fazer uma caracterização das massas presentes
durante os eventos, bem como seus comportamentos na região de
estudo. Também entender melhor como a dinâmica do ambiente
contribui para a evolução dos eventos de eutrofização seguidos de
hipoxia, confrontando dados meteorológicos (frequência e
intensidade dos ventos) e meteoceanográficos (direção e intensidade
de correntes, ondas).

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