DATAÇÃO ABSOLUTA

outros métodos

Existem outros processos de datação absoluta de acontecimentos

geológicos que podem ser aplicados, embora com algumas limitações:

1– Varvas ou Varvitos
Quando se estuda com algum pormenor, os processos geológicos
que controlam a deposição dos sedimentos numa bacia sedimen-
tar, verifica-se, frequentemente, que as mudanças que ocorrem ao
nível da litologia apresentam uma certa ciclicidade, isto é, parece
que há uma certa ritmicidade na formação de um depósito sedi-
mentar.
A deposição de sedimentos, em determinada bacia sedimentar, é
regulada por dois fatores principais:
 por um lado, a dinâmica da tectónica das áreas adjacentes à
própria bacia sedimentar que, regra geral, não obedece a qual-
quer tipo de ciclicidade;
 por outro lado, o clima da região onde se encontra a bacia se-
dimentar que, regra geral, varia de acordo com fatores periódi-
cos anuais, como as estações do ano.

Um dos casos mais típicos de ciclicidade em depósitos sedimen-

tares é a formação de varvas ou varvitos, em consequência dos ci-
clos de gelo-degelo na dependência de glaciares. Assim, as varvas
mais não são do que pares de estratos (um estrato claro e outro
escuro) produzidos anualmente em relação direta com a mudança
das estações do ano.

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As varvas, normalmente, formam-se em lagos de frente glaciá-

ria. O estrato de cor clara deposita-se durante o verão, quando os
sedimentos, de origem detrítica, chegam em maior quantidade ao
lago. No inverno, a superfície do lago fica gelada, não permitindo a
entrada de sedimentos, pelo que apenas se depositam os materiais
mais finos que se encontravam em suspensão na água, juntamen-
te com alguma matéria orgânica, formando-se assim os estratos
de cor escura.

A análise de um depósito de varvas pode fornecer várias indica-

ções. A variação na espessura dos estratos tal como, por exemplo,
um aumento no estrato de cor escura, pode indicar ter existido um
inverno mais longo. Caso se verifique um aumento na espessura
do estrato mais claro, poderá significar ter existido um verão mais
longo.

Figura - Depósitos de varvas apresentando ritmicidade

[obtido de http://geodinamica.no.sapo.pt/imagens/imagensglaciares/varvas.jpg]

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Figura - Depósitos de varvas apresentando certa ritmicidade.

Sendo possível determinar a idade de uma varva (um dos pares

de estratos claro/escuro), é possível definir, com bastante preci-
são, a história paleoclimática relativa aos avanços e recuos dos
glaciares numa determinada região. Na Suécia, através do estudo
de varvas, formadas na dependência dos glaciares que aí ocorrem,
foi possível estabelecer uma cronologia absoluta dos últimos 8800
anos, o que permitiu reconstituir o clima dessa região de globo re-
lativo aos últimos milénios.

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2– Dendrocronologia

É um outro tipo de relógio paleontológico que pode ser utilizado

como método de datação absoluta. Baseia-se na possibilidade de
enumerar os anéis de crescimento bianuais das árvores provenien-
tes de zonas com climas de marcada sazonalidade. Nas regiões em
que as estações do ano são muito marcadas, o crescimento do le-
nho que constitui certas árvores não se realiza de um modo cons-
tante ao longo de todo o ano. Esta diferença é o resultado da velo-
cidade de crescimento estar dependente de fatores como a tempe-
ratura e a humidade, que variam consoante a estação do ano.

Quando efetuamos um corte transversal no tronco de uma árvo-

re, podemos observar anéis concêntricos, representando um deles
um ano de crescimento. Este tipo de observação é a base da den-
drocronologia que, através da comparação de cortes atuais com
cortes efetuados em árvores mais antigas, permite realizar data-
ções de determinados acontecimentos até um limite de 11400
anos.

A dendrocronologia é um método de datação muito utilizado em

silvicultura e na arqueologia, permitindo a reconstituição da histó-
ria geológica de uma região.

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Figura - Anéis observados num corte transversal em tronco de cedro

[obtido de FÉLIX, et al - Geologia. P orto: P orto Editora, 2006. 972 -0-42163-0]

3– Magnetostratigrafia

É o ramo da Estratigrafia que estabelece a escala de mudanças

do campo magnético terrestres ao longo da história da Terra.