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Aula 01 – Fatores físicos e químicos

Os oceanos nem sempre tiveram a mesma forma: a movimentação das placas tectônicas faz com que os
continentes e os oceanos tivessem diferentes organizações e tamanhos durante a história geológica do planeta.
Isso faz com que diferentes áreas do oceano tenham diferentes características (como profundidades distintas, e
o mar pode ser dividido em zonas de acordo com a profundidade) e composições faunísticas (o Atlântico-Sul,
por exemplo, é um oceano com menor diversidade, pois é um oceano de formação mais nova). A movimentação
das placas tem expandido alguns oceanos (principalmente no Pacífico), ao criar nova crosta oceânica no
encontrado das placas. As diferentes formações de relevo no oceano, formadas devido a eventos de vulcanismo
e tectônica de placas, permitem diversos habitats.

Propriedades da água
 Alto calor específico (muita energia necessária para aumentar em um grau a temperatura da água – alta
capacidade térmica, temperatura varia pouco);
 pH entre 7-8, com pouca flutuação (bem tamponada);
 Polar (consegue interagir com outros compostos polares, transportando-as, e substâncias orgânicas muitas
vezes são polares – conhecida como solvente universal).

A distribuição do oxigênio não é homogênea no mar, com a existência de uma região chamada zona mínima de
oxigênio, local onde a taxa de produção torna-se igual à de respiração. A produção de oxigênio no mar é
promovida pelos organismos autotróficos, logo regiões mais superficiais tendem a ser mais bem oxigenadas,
assim como águas mais frias (gases se dissolvem melhor na água gelada). Ainda, o oxigênio chega ao fundo por
meio da circulação de correntes, geralmente produzidas nos pólos, onde a água gela e afunda, seguindo por
correntes em direção ao equador.

A penetração de luz também é diferente nos oceanos: dependendo da faixa, a luz penetra mais ou menos. A
faixa de luz que penetra mais profundamente é o azul, enquanto que o vermelho é a que é absorvida mais
rapidamente – e por isso o vermelho parece preto nos fundos oceânicos. Os raios UV também penetram apenas
poucos centímetros.

Quanto a temperatura, existe um gradiente padrão e praticamente constante de temperatura das águas
superficiais de acordo com a latitude, enquanto que as profundidades são sempre muito geladas.

Por outro lado, as marés não são homogêneas. Elas são formadas pela atração gravitacional da Lua e do Sol e
pelas rotações da Terra, da Lua e do Sol. A gravidade da Lua é mais forte no lado da Terra mais próximo dela,
puxando as águas do oceano em direção a ela. No lado oposto, a força centrífuga faz com que a água se afaste
da Lua. A amplitude delas pode variar de quase nada a marés de 15m, como vistas em uma região da França.

Aula 02 – Ambiente terrestre vs. Ambiente marinho


 Os ambientes terrestres tem maior amplitude térmica (amplitude de até 100°C no ambiente terrestre). No
mar, a amplitude de temperatura não passa muito de 34°C.
 A água é um fator limitante no ambiente terrestre, mas não no marinho. A água também possibilita um tipo
de vida diferente do que na terra.
 A maior densidade da água permite que organismos vivam em suspensão ou se sustentem nela.
 A luz, no ambiente marinho, é um fator limitante, estando presente apenas nas camadas mais rasas.
 CO2 é, também, um fator limitante no mar, mas não na terra.
 Na terra, os organismos fotossintetizantes precisam gastar energia para unir oss fatores de um
compartimento (solo – água e nutrientes) com os do outro (ar/atmosfera – luz e CO2), criando estruturas
para proporcionar o encontro.
 O som na água movimenta-se mais rápido.
 A gravidade é um problema maior na terra, já que a densidade e a viscosidade “seguram” na água, fazendo
a gravidade neutralizar um pouco. A gravidade age menos naqueles organismos que são menos densos.
 A água é melhor condutora de íons dissolvidos.
 Ambientes marinhos oligotróficos tem menor taxa de fotossíntese, menor comunidade em suspensão e, por
conseguinte, menor comunidade bentônica séssil.
 A possibilidade de vida séssil é praticamente restrita ao ambiente marinho.
 Fecundação externa não existe na terra (o mais próximo disso que existe é pólen e espermatóforos).
 Não é muito comum a existência de larvas que ocupam compartimento diferente do adulto no ambiente
terrestre (um exemplo de exceção: anfíbios).
 A dispersão no ambiente terrestre é no geral ativa (enquanto no mar, é possível ser carregado por corrente
de água) e também mais limitada.

Aula 03 – Diversidade
A natureza da vida em um determinado habitat é determinada em grande parte pelo componente não vivo,
abiótico, do ambiente, ou seja, as características físicas e químicas do ambiente, como salinidade ou tipo de
fundo. Cada ambiente possui diferentes características que oferecem tanto desafios quanto oportunidades para
os organismos que ali vivem. Os organismos também são afetados por outros organismos – componente vivo,
ou biótico, do ambiente. As populações interagem de maneiras complexas que fazem com que os organismos
em uma comunidade dependam uns dos outros.

A diversidade é geralmente maior no equador e diminui a medida que caminhamos para os pólos. Lembrando
que existe diferença entre riqueza (número de espécies em um ambiente) e diversidade (leva em consideração a
riqueza e a densidade das espécies). Durante muito tempo, a diversidade foi explicada pelo equilíbrio e falta
dele.

Hipótese do equilíbrio
Para essa teoria, as comunidades são mantidas sempre próximas ao equilíbrio, com as espécies interagindo e
repartindo nichos de forma a manter a alta diversidade. As espécies ocupando nichos semelhantes sem maiores
problemas, no entanto, não é a realidade: espécies melhor competidoras eliminam as outras. Uma perturbação
também é capaz de causar um desequilíbrio, alterando o padrão, e apesar de antes se achar que o clímax logo
era reestabelecido, notou-se que as perturbações são mais frequentes do que se imaginava.

Hipótese do não-equilíbrio
De acordo com essa hipótese, as espécies raramente estão em equilíbrio no ambiente, e sim oscilando, uma vez
que o clímax é a dominância de uma espécie, o que diminui a diversidade do ambiente. Assim, a diversidade é
maior quando as perturbações são intermediárias tanto na frequência como na intensidade.

K e R-selecionados
De acordo com o trabalho de Pianka (1970), K e R são variáveis em um gráfico. R está associado a espécies de
ciclo de vida rápido, espécies de desenvolvimento rápido e que cuja mortalidade não está relacionada com a
densidade, sendo muito comuns em que sofrem perturbações constantes. Essas espécies sofrem pouca
competição intraespecífica e interespecífica, e suas populações estão sempre sendo dizimadas por eventos
catastróficos.

K está associado a espécies de ciclo de vida longo, com desenvolvimento demorado e poucos descendentes,
habitando ambientes mais estáveis onde há muita competição intra e interespecífica. Os tamanhos das
populações são relativamente estáveis com o tempo, e geralmente grandes.

Regras sobre tamanho


1. A força de um indivíduo varia com o tamanho;
2. A superfície para difusão de oxigênio e de ganho e perda de calor varia com o tamanho;
3. A divisão de trabalho no organismo, ou seja, sua complexidade, varia com o tamanho;
4. Taxa de vários processos de vida variam com o tamanho, como metabolismo, longevidade e velocidade de
crescimento;
5. A abundância dos organismos na natureza varia com o tamanho.

Aula 04 - Bentos de substrato não-consolidado


São ditos não-consolidados substratos cujas partículas são menores do que 20cm, ainda que essa classificação
seja relativa: uma diatomácea em um grão de areia está, para o seu tamanho, em um substrato consolidado. O
relevo dos oceanos é heterogêneo quanto ao sedimento, com menor quantidade dele no meio do Atlântico,
onde o assoalho oceânico é mais novo devido a dorsal meso-oceânica, e maior quantidade perto dos
continentes, onde existe maior influência terrígena, principalmente vinda dos rios. Longe dos continentes, o
sedimento em sua maior parte advém de processos na coluna d’água, como precipitação de íons e de carapaças
orgânicas de protistas marinhos.

Vários fatores interferem na biota encontrada nesse substrato: tipo de sedimento, onde está esse sedimento,
presença ou não de O2, etc. A biota também é capaz de influenciar no substrato, como o caso da existência de
uma “língua” de sílica no Pacífico, causada pela precipitação de frústulas de diatomáceas: por causa das
correntes que vem dos pólos para a região, essa é uma zona de ressurgência. Outro exemplo são áreas com
depósitos de argila vermelha, presentes em regiões com poucas rochas calcárias.

O sedimento é poroso, ou seja, a água é capaz de circular entre as partículas que o formam, em menor ou maior
escala. Quanto maior o grão, mais poroso é o sedimento. A circulação também é maior quanto mais esférico for
o grão, já que cria mais espaços. Em uma escala de tamanho, areia é maior que silte que é maior que argila. O
sedimento não costuma ser homogêneo, no entanto, sendo formado por porcentagens das três partículas.
Logo, sedimentos muito finos são menos porosos do que os mais grossos, levando a menor circulação de água e
disponibilidade de oxigênio.

A penetração do oxigênio divide o substrato em três regiões: camada oxidante, camada intermediária e camada
anóxida (o petróleo se forma por sedimentação orgânica em regiões anóxidas). A presença da biota pode
promover a penetração de oxigênio em regiões onde ele normalmente não entraria, principalmente as espécies
ditas como bioturbadoras, como poliquetas tubícolas e bilvalves cavadores; tapetes de microalgas podem
cumprir a mesma função de oxigenação. Animais que cavam galerias, ao morrerem ou abandonarem as galerias,
podem promover refúgios a outras espécies. A fauna do sedimento não-consolidado pode ser dividida em
macrofauna, meiofauna e microfauna, de acordo com seu tamanho.

As fontes de alimento no substrato dependem muito do que vem da superfície, desde plâncton e pellets de
fezes até animais maiores. Alguns organismos, principalmente bactérias, também são capazes de fazer
quimiossíntese. A proximidade com o continente interfere no que precipita ao sedimento. Uma série de tipos de
organismos, com diversas estratégias alimentares, é bentônica, vivendo associadas ao substrato.

Eventos extremos podem destruir substratos bentônicos, como chuvas fortes e ondas grandes.

A amostragem do sedimento pode ser simples ou complexa, dependendo do local e do tipo de sedimento.
Muitas vezes é difícil fazer amostras quantitativas (“quanto de sedimento foi coletado?”), sendo geralmente
apenas qualitativa.

Aula 05 – Reprodução e o bentos


Para os organismos bentônicos, a fase larval é de grande importância, para compensar o grau de mobilidade
baixas dos adultos.

A) Modos de reprodução:
1. Assexuada:
a. Brotamento;
b. Estrobilação (em Scyphozoa, classe de Cnidaria);
c. Fragmentação e regeneração.
A reprodução assexuada cria problemas em relação à linhagem, repetindo as mutações do organismo parental;
em longo prazo, não é interessante para a espécie, uma vez que pode levar à especiação (se acontecer por
milhares de anos) e por não favorecer a variação genética (o que pode culminar em extinção).

2. Sexuada (produção de gametas meioticamente reduzidos)


a. Monóicos (ou hermafroditas – os dois sexos no mesmo indivíduo, podendo ser
hermafrodita simultâneo, protândrico – o sistema reprodutor masculino se desenvolve
primeiro – ou protogínico – o sistema reprodutor feminino se desenvolve primeiro;
ambos os casos conhecidos como hermafroditismo sequencial);
b. Dióicos (ou unissexuada ou gonocóricos – um sexo por indivíduo).

A reprodução sexuada permite que o indivíduo não apenas “leve” o seu gene adiante (e é preciso lembrar que o
sucesso reprodutivo só é atingido de fato quando essa prole também tem sua prole) como garante a
variabilidade genética na população. Um problema que esse tipo de reprodução gera para os indivíduos é como
encontrar o parceiro ou garantir o encontro dos gametas. Para aqueles que liberam o gameta na coluna d’água,
essa liberação é geralmente sincrônica; a época da lua nova é a melhor hora para liberar gametas, uma vez que
é o momento mais escuro, evitando predadores.

O tipo de reprodução encontrada nos organismos não segue um padrão na filogenia, uma vez que os modos são
misturados pelo cladograma, se adequando ao hábito de vida do organismo.

B) Padrões de desenvolvimento

A presença de uma larva é recorrente nas formas de reprodução, por permitir mobilidade (gerando um maior
fluxo gênico e recorrência da espécie). Existem diferentes tipos de larvas entre os organismos bentônicos, e
aqueles que são pelágicos não costumam mais apresentar essa fase de vida, uma vez que os próprios adultos já
são vágeis. Para haver larva, a fecundação não necessariamente precisa ter ocorrido na coluna d’água;
gastrópodes, que desovam em massas de ovos fixos ao substrato, por exemplo, apresentam fase larval, assim
como o Argonauta, gênero de cefalópode, cuja fêmea incuba os ovos em uma concha secretada com essa
função que se encaixa em seu corpo.

1. Quanto ao potencial de dispersão (tempo):


a. Teleplânicas (2 meses – 1 ano);
b. Acteplânicas (1 semana – 2 meses);
c. Anquiplânica (horas – dias);
d. Aplânicas.

Há uma diferença entre o dispersialismo, movimento feito pelos organismos que cobrem pequenas distâncias, e
que é bem comum no “dia-a-dia” dos mesmos, e a dispersão, cujo movimento é bem maior e definitivo para o
indivíduos, mas ainda dentro da área de distribuição natural do táxon.

2. Quanto ao modo de nutrição:


a. Planctotróficas;
b. Lecitotróficas;
c. Osmotrofia;
d. Autotrofia (dividida em quimioautotrofia e fotoautotrofia);
e. Somatoautotrofia.
Aula 06 – Biogeografia
São chamados de cordões homeozóicos as faixas de oceano onde, segundo Forbes (~1800), a biota tinha uma
similaridade, um padrão. Ele observou algumas áreas de endemismo, como a de uma província na região da
América Central, oposta ao Caribe. O Indo-Pacífico, aparentemente, é a região de maior diversidade, o que pode
ter relação com ser a região de margem entre duas bacias (a do Oceano Índico e do Pacífico).

De acordo com o padrão longitudinal de diversidade observado pro Forbes, o Pacífico é bem mais diverso do
que o Atlântico. Esse padrão, diferente do longitudinal, não está relacionado a temperatura (que explica a maior
diversidade no cinturão tropical), e provavelmente ocorre porque o Atlântico é um oceano mais recente na
história do planeta.

É interessante observarmos que a região do Caribe é diferente da fauna do Brasil, e diversas teorias existem
para tentar explicar esse fenômeno, como o desague do rio Amazonas criando uma barreira que dificulta a
subida ou descida de espécies. Seja como for, esses limites são definidos por critérios de endemismo (“as
espécies chegam até o limite x”)

Processos biogeográficos
Processo é definido como as funções e ações geográficas, geológicas, ontogenéticas, fisiológicas,
comportamentais e mudanças genéticas que culminam em mudança ou resultados que podemos observar e
estudar sob condições naturais ou experimentais. Processos, ao longo do tempo, formam padrões.

Um filtro é uma “barreira” que, na verdade, só age como barreira para algumas espécies, mas não para outras.

Efeito fundador – movimento em mão única, onde uma dispersão pontual causa a formação de uma nova
população, que pode, com o tempo, especiar.

Aula 07 – Corais e recifes


O recife é o remanescente de organismos capazes de produzir esqueletos de carbonato de cálcio (calcário),
podendo ser de corais ou de algas calcárias. Por causa disso, muitos pesquisadores preferem chamar os recifes
de recifes biológicos.

A parte viva do coral é, portanto, uma cobertura fina e delicada sobre esse esqueleto calcário, podendo estar
associado a zooxantelas (que são dinoflagelados), em um associação simbiótica (o coral fornece nutrientes às
zooxantelas, principalmente nitrogênio, e a zooxantela faz fotossíntese e usa CO2 nessa reação, favorecendo a
reação para formação de mais carbonato de cálcio).

Ca(HCO3)2 – CaCO3 + H2C03, que depois se separa em (CO2 + H20), onde CO2 é usado pela zooxantela e
favorece a formação de mais CaCO3.

Oceanos equatoriais são os mais pobres em nutrientes, uma vez que ocorre grande consumo e os nutrientes
decantam para águas mais profundas e geladas (uma boa forma de medir isso é observar a turbidez da água:
águas cristalinas são geralmente oligotróficas). Essas são zonas boas para o crescimento de corais, que possuem
taxa de crescimento pouco competitivas e, em água com muitos nutrientes, acabam perdendo espaço para
algas.
O colorido dos corais é resultado da associação com as zooxantelas, e o branqueamento deles pode ter diversos
motivos: temperatura, estresse salino, muito sedimento, etc.

No recife, há uma distribuição de diferentes espécies de coral de acordo com a zona do recife: onde a onda
quebra, onde a água é mais calma e tem mais sedimentação, etc.

Aula 08 – Substrato consolidado


Rochas podem possuir diferentes durezas e diferentes porosidades, sendo mais ou menos adequadas para a
fixação de esse ou aquele organismo. Muitos organismos vivem sobre substrato consolidado nas regiões de
transição entre o mar e o continente/ilha, ou seja, no entremarés. Eles são excelentes indicadores das condições
abióticas do meio, definindo melhor a zonação da área do que a maré.

A zona entremarés possui um gradiente de seco-molhado em uma distância curta, e a amplitude da maré (que
cria esse gradiente) varia com o ciclo da lua. Os fatores abióticos são fundamentais para a modulação do
supralitoral, e fatores biológicos são os que definem o infralitoral.

As amplitudes de maré no Brasil não são muito grandes, variando de mais ou menos um metro no sul, sudeste e
nordeste para dois metros no norte. Não apenas a falta de água define quais animais poderão ser vistos no
entremarés, mas também a temperatura, a quantidade de ondas (fator de dissipação de energia), o sol (não
apenas pela temperatura, mas também a exposição ao UV, que obriga esses organismos a terem alguma
proteção contra, como carapaças ou produção de mucilagem), a busca por refúgio e a disputa por espaço
(espaço é um recurso limitante no bentos, mas a competição é menor nessa área).

Aula 09 – Cracas
É o único crustáceo séssil, e talvez essa habilidade de se fixar no substrato foi o que garantiu aos cirripédios sua
grande diversidade. A infraclasse Cirripedia é composta de 3 superordens: Rhizocephala (260 spp),
Acrothoracica (61 spp – são umas cracas sem a carapaça externa, vivendo em buracos escavados em substrato
calcário) e Thoracica (960 spp – são as cracas propriamente ditas).
Uma curiosidade interessante é que as cracas são fazem muda da carapaça externa (a parte interna faz),
crescendo continuadamente por adição de carbonato de cálcio. Essa carapaça é formada por placas articuladas
e soldadas juntas.

Os indivíduos adultos da superordem Thoracica são permanentemente fixos ao substrato, com o corpo
protegido por placas calcárias. Esses organismos são capazes de habitar diversos ambientes sobre substrato
consolidado, desde o entremarés até outros organismos, como cascos de tartarugas e baleias. A concha difere
de acordo com o substrato que a craca habita, buscando uma melhor adaptação. Em águas profundas e/ou
calmas, é possível encontrar espécies pedunculadas.

As cracas são suspensívoras e captura o alimento através de “patas” modificadas, e esses apêndices torácicos
são birremes, uma característica de Crustacea.

As cracas são hermafroditas simultâneas, apesar de poderem existir machos-anões, ou seja, “machos” bem
pequenos que vivem sobre uma “fêmea” grande, funcionando praticamente como pequenos testículos e se
alimentando do exsudado dessa “fêmea”.

As populações possuem um padrão de distribuição agregado, o que facilita a estratégia reprodutiva da


infraclasse: as cracas possuem um órgão intromitente que funciona como pênis, fecundando a craca da
vizinhança. Recentemente, foi observada a capacidade do espermatozoide de nadar e fecundar indivíduos em
distâncias mais longas, o que é incomum em Arthropoda, onde a cópula é a regra.

O desenvolvimento possui duas fases larvais: larva nauplius e cypris, essa última sendo lecitotrófica. A larva,
passado um tempo, assenta e se desenvolve em um adulto. Toda a dispersão na infraordem é, portanto, feita na
fase larval planctônica.

Quando o substrato da craca é um organismo vivo, como baleias e tartarugas, a sua reprodução pode ser
sincronizada com a desse substrato, uma vez que há maior densidade do substrato na mesma área durante a
reprodução.

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