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ROGÉRIO MARTINS
Engenheiro Electrotécnico
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trabalho entre os 10,000 e os 14.000 gauss e para relativos, K = I (t), sendo K o cociente da potência
uma chapa siliciosa de 0,35 mm de espessura e relativa ao momento t pela potência nominal do
perdas a 10.000 gauss, 50 HZ da ordem dos 1,3 transformador (Fig. 1).
W/Kg, como era corrente na Alemanha em 1931.
Todos estes valores estão hoje desactualizados, e K
no ferro experimental obtém-se corri relativa faci- horas, própria do diagrama de cargas.
lidade com um rigor tão grande quanto se deseje. Por outro lado, tanto PFe como pc .. são funções
Finalmente, não tem interesse considerar num da indução B; ter-se-á
primeiro estádio o mínimo do valor «perdas totais)
(PFe + Pcu) e depois adaptar aos resultados desta PT = <I> (B) (2)
consideração os vários diagramas que se apresentem;
e a condição de mínimo é a estacionaridade desta
parece mais lógico ir directamente a cada diagrama
função.
e analisá-lo por si.
Torna-se, portanto, necessário determinar a
O que fica dito permite situar o método aqui forma de função (2), ou seja, as das funções PF• =
apresentado em relação ao clássico: trabalha-se di-
= 11 (B) e pc .. = 12 (B).
rectamente com a curva experimental de perdas A primeira obtém-se a partir da cáracterfstica
própria da chapa e da série construtiva, e· com o em vazio unitária da série construtiva a que per-
diagrama de cargas do transformador, e preten- tence o transformador quando se utilisa um deter-
de-se obter o valor da indução que minimisa o minado tipo de chapa magnética no núcleo; isto é,
integral de perdas correspondente a esse diagrama. da curva dos W/Kg de perdas em vazio em função
Veremos no final a extensão da sua aplicabili- da indução magnética.
dade. Esta é uma curva experimental, a que se chega
após um número suficientemente elevado de ensaios
2. Admitamos urn diagrama de cargas diário com tipos diferentes da mesma série construídos
'determinado, típico do serviço que espera o trans- com o núcleo com um mesmo tipo de chapa; a sua
formador; representemos esse diagrama em valores fórmula determina-se, portanto, empiricamente, por
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análise matemática directa da curva. No caso par- o que corresponde à equação
ticular das nossas séries construtivas e com chapa
hipersil tal como a usamos, a fórmula mais adequada 24 . rIFe' ecB " • cnB,,-l = 2a r B-3
é uma exponencial do tipo
donde se tira, fazendo ex = a/24,
" 2 r
ecB. Bn+2=-. ex· -- = C (5)
em que B é a indução em Kilogauss, c e n constantes, cn llFe
II
determinar r de modo analítico, e é, nesse caso, 70
I
r=Ax(_lm)2._p 2
60
V
n.,
S Fe
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seus três factores as três influências dominantes do O presente método não diz nada sobre isto; nem
condicionamento do problema: a influência da chapa tem que dizer. Cabe a quem prepara tecnicamente
utilizada, 2/cn; a influência do diagrama de cargas, as ofertas escolher certos tipos diferentes como
oc; a influência do tipo construtivo, r/flFe. Juntamos ponto de partida para a solução procurada; aplicar,
a curva C = t (B) correspondente a uma das nossas em cada um, o método preconizado, que corresponde,
séries construtivas. na verdade, a fazer render ao máximo as suas poten-
O modo de a utilizar no projecto é muito sim- cialidades; e depois fazer a sua comparação econó-
ples: escolhido o tipo construtivo a empregar para mica como acima se referiu.
satisfazer determinado pedido de transformador, Resta o segundo ponto, e o mais grave. Resulta
conhecido o diagrama de cargas a considerar, que do facto de, muitas vezes, se não conhecer o dia-
nos dá o oc, e escolhida a chapa magnética, cal- grama de cargas que vai esperar o transformador.
cula-se o parâmetro de perdas, C. Entrando na Esta ignorância em certos casos é injustificada.
curva, temos o valor B correspondente, que é a No caso de indústrias com horários perfeitamente
indução óptima teórica (A indução real nem sem- definidos, em que o diagrama de cargas é função
pre pode coincidir com este valor, quer devido a estreita dos processos de laboração, parece que se
limitações construtivas, sobretudo quando uma das poderia acompanhar a consulta da indicação desse
tensões de serviço é baixa e a secção útil do diagrama; o mesmo se diga do caso das companhias
núcleo é elevada, quer devido a limitações impos- distribuidoras, cuja experiência deve poder indicar
tas pelo valor da tensão de curto-circuito; nestes o diagrama estatisticamente mais provável e as
casos, deve escolher-se o valor prático mais pró- tendências da sua evolução futura. Infelizmente,
.ximo do indicado pela curva). poucos são os clientes que enviam juntamente com
com os seus pedidos de oferta estes elementos, de-
3. As principais vantagens deste método são, cisivos para o estudo económico e, portanto, pre-
por um lado, a comodidade e, por outro, o rigor; é ciosos para os fabricantes poderem realizar um pro-
cómodo porque traçar a curva C = ecBn. B"+2 é jecto racional. Espera-se que um aumento da com-
tarefa simples, a sua utilização imediata e o resul- preensão da importância destes factos leve no futuro
tado do seu emprego o valor chave do projecto; é a uma situação mais favorável para ambas as par tes,
rigoroso porque entra com todos os elementos do em que se considere normal informar as consultas
problema sem fazer simplificações. com diagramas e tarifas de energia correspondentes.
Convém referir agora dois pontos estreitamente Mas há muitos casos em que não é possível
ligados mas exteriores ao problema tal como se pôs, indicar estes elementos; todos aqueles casos em que
importantes, contudo, para uma valoração crítica o uso do transformador não é previsto (armazém,
do método. por exemplo), ou em que se prevê que o consumo
O primeiro é o problema económico geral. Com varie ràpidamente e de modo, por ora, incerto (re-
efeito, sabe-se como, para satisfazer um pedido de giões em fase acentuada de evolução de consumo,
transformador definido pela sua potência, tensões por exemplo). Nestes casos, à falta de diagrama
de serviço e de curto-circuito, e conhecido o seu donde se extraia, tem de se arbitrar o valor do oc.
diagrama de cargas, pode apresentar-se um certo É corrente o valor 0,25; pode-se aliás aproxi-
número de soluções diferentes que interessa com- má-lo de valores mais baixos (0,15) ou mais altos
par_ar economicamente. De um modo geral, pode (0,50) conforme se sabe que o transformador se
dizer-se que nos vão aparecer transformadores de destina ou a utilizações de carácter mais rural ou
melhores características (integral de perdas menor) a utilizações de carácter mais industrial. Ter uma
mais caros, e outros com piores perdas, mais ba- ideia do coeficiente de utilização anual médio do
ratos; a comparação justa pode fazer-se entrando transformador é já, para estes casos, uma razoável
em conta com o preço da energia, o custo anual das substituição do diagrama 3.
perdas, o capital inicial a que este custo corresponde, O método é perfeitamente aplicável ainda nestes
fazendo-o equivaler a uma amortização a certo juro casos, requerendo-se apenas bom senso para a arbi-
durante um certo prazo, e somando este capital tração do valor oc; mas de qualquer modo esta
inicial ao preço pedido para o transformador. As requisição é indispensável.
somas, assim obtidas, são os preços reais dos vários Parece, portanto, que pode concluir-se pelo re-
tipos; e é evidente que o resultado desta compa- conhecimento de uma terceira vantagem, que é a
ração não pode ser estranho às preocupações de maleabilidade do método e a generalidade possível
quem projecta. do seu emprego.
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DISTRIBUIÇÃO DAS PERDAS
NOS TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA
RESUMO-O presente método permite obter o melhor C=f(B), udlida para todos os transformadores da mesma
aproveitamento do condicioecmento constructivo de um trans- série constructiua que utilisem a mesma chapa. O valor C,
formado" conhecendo-se o diagrama de cargas do serviço a «parâmetro de perdas», é por sua vez [unçâo do diagrama
que se destina. de cargas, do tiPo constructiuo e da chapa, e calcula-se em
Em relação aos métodos conhecidos apresenta as vantagens cada caso a partir destes dados; entrando na curva com este
de ser exacto e imediatamente aplicâve! a qualquer tipo de valor, obtém-se o valor de B óptimo, isto é, o que arrasta
chapa magnética, de diagrama de cargas ou de transformador, para o transformador em projecto uma distribuição de perdas
e de fornecer não a relação de perdas mas directamente o no ferro e no cobre que minimiza o integral de perdas do
valor da indução magnética no núcleo, que é primacial no diagrama de cargas.
projecto. Finalmente, frisa-se a vantagem dos clientes indicarem
Consiste em exprimir a curva experimental de perdas sempre que possivel nas suas consultas o diagrama de carga
no ferro (Própria do tipo constructiuo e da qualidade de e as tarifas correspondentes e na impossibilidade de o fazerem
chapa empregada) por uma função exponencial; e a partir de sugerirem pelo menos um coeficiente de utilização anual
de constantes assim determinadas, construir um~ curva médio aconselhável.
BIBLIOGRAFIA
1- RrCHTER, Elektrische Maschinen, Vol. III, Die Trans-
formatoren, pg. 262 et seq., 1954.
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