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Licenciado para - Maria Júlia Ferreira Silva - 10401844994 - Protegido por Eduzz.com
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AVISOS
A apostila de análises vai ser sua maior
aliada nas leituras obrigatórias da UEL!
o material foi desenvolvido para fazer
você gabaritar todas as questões de
literatura!
SUMÁrIO
O rei da vela....01
O torto arado....08
Cartas Chilenas....14
O seminárista...23
Melhores poemas...30
Niktche....39
Quarto de despejo....49
Histórias que os jornais não
contam....70
Contos novos...77
Chove sobre minha infância...95
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3) ENEM 2019
1) Alternativa D
HELOÍSA: Faz versos?
A famosa peça “O rei da vela” pode
ser compreendida como uma crítica
PINOTE: Sendo preciso…
à sociedade e à política de um Brasil
Quadrinhas… Acrósticos…
que vivia em uma profunda crise. Isto
Sonetos… Reclames.
ocorre durante a crise do ciclo
cafeeiro, sendo que o preço vinha
HELOÍSA: Futuristas?
decaindo no mercado internacional.
PINOTE: Não senhora! Eu já fui
A peça conta a história de um agiota
futurista. Cheguei a acreditar na
inescrupuloso, Abelardo I, o Rei da
independência… Mas foi uma
Vela. A sua grande especialidade
tragédia! Começaram a me tratar de
eram os empréstimos. Ele
maluco. A me olhar de esguelha. A
aproveitava-se da crise econômica
não me receber mais. As crianças
que flagela o país,
choravam em casa. Tenho três
filhos. No jornal também não
2) Alternativa B
pagavam, devido à crise. Precisei
viver de bicos. Ah! Reneguei tudo.
Nos textos teatrais, há a existência
Arranjei aquele instrumento (Mostra
de personagens e um enredo, assim
a faca) e fiquei passadista.
como o clímax e a conclusão da
história.
ANDRADE, O. O rei da vela. São
Paulo: Globo, 2003.
Entretanto, a história é contada
pelos próprios personagens,
O fragmento da peça teatral de
através de suas falas por meio de
Oswald de Andrade ironiza a reação
discurso direto. Isso é algo
da sociedade brasileira dos anos
característico desse gênero textual,
1930 diante de determinada
eles são representados e não
vanguarda europeia. Nessa visão,
contados por narradores.
atribui-se ao público leitor uma
postura
Nos textos dramáticos, a sua
representação é por meio de poesias
a) preconceituosa, ao evitar formas
ou prosas. Estes textos são divididos
poéticas simplificadas.
por "atos", que identificam os
"capítulos" e as mudanças de
b) conservadora, ao optar por
cenários da história envolvida.
modelos consagrados.
3) Alternativa B
Sobre a obra:
saobernardo.sp.gov.br
Narradoras, significado do título,
1. A obra Torto Arado conta a história tempo, espaço e resumo:
de luta e resistência de Bibiana e Osmelhoreslivros.com.br
Belonísia, duas irmãs que criaram Resistência da mulher negra:
uma conexão para além do verbo, artigo da revista UNOESTE, escrito
após um acidente traumático ao por Joelma de Araújo Silva,
encontrar, nas coisas de sua avó, Resende, Margareth Torres de
uma faca afiada Alencar Costa e Maria Helena de
Oliveira
2. O sertão baiano, as relações de Entrevista: www.dw.com.br
trabalho semiescravagistas, a
discriminação racial e a questão da
terra — temas inerentes à vida, aos
estudos e ao trabalho de Vieira
Junior — são pano de fundo para a
trama de Torto Arado.
O prólogo é uma conversa com o Ah! pobre Chile, que desgraça esperas!
leitor onde o autor explica do que se Quanto melhor te fora se sentisses
trata a obra, neste caso, ele diz que As pragas, que no Egito se choraram,
encontrou um cavalheiro instruído Do que veres que sobe ao teu governo
nas letras e que trazia com ele uns Carrancudo casquilho, a quem rodeiam
manuscritos onde eram relatadas Os néscios, os marotos e os peraltas!
todas as desordens no governo de
Fanfarrão Minésio, general do Chile,
então ele traduz esse manuscrito e
confessa que mudou algumas coisas
para melhor entendimento.
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6) Alternativa D
Seminário: Encontrava-se em
Congonhas do Campo → “um
grande edifício de sobrado, cuja
frente se atravessa a pouca distância
por detrás da igreja, tendo nos
Em 1871 (século XIX), o bispo do Rio
fundos mais um extenso lance, um
de Janeiro suspendeu o padre
pátio e uma vasta quinta. Das
Almeida Martins das ordens
janelas do edifício se descortina o
eclesiásticas por este ser maçon,
arraial, e a vista se derrama por um
fazendo-o abandonar a maçonaria.
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[5] – Então venha esse mocinho, 3) UVA 2016 Antunes era o pai de:
que aí está com a senhora — disse
Luciano. a) Umbelina.
Com este convite o rapaz b) Luciano.
procurava mesmo ocasião de travar-
se de razões com o estudante, a fim c) Eugênio.
de desabafar o ciúme e o despeito
que por dentro o corroíam. d) Margarida.
– Eu não sei dançar — respondeu
Eugênio com timidez. 4) UVA 2016 Bernardo Guimarães é
um autor:
– Deveras!... não me diga isso,
moço; isso é desculpa; falta-nos uma a) barroco.
pessoa; venha... não se faça de
b) romântico.
[10] rogado.
c) realista.
– É deveras; não sei dançar, nunca
dancei em dias de minha vida. d) naturalista.
– Então para que vem a estas
funções?...
4) UVA 2016 Não é característica
– Ora essa é boa!... para ver... dessa Escola:
– Como quem vem aqui ver... mas a) zoomorfização do homem.
ah! já o estou conhecendo; o senhor
não é aquele coroinha, que b) historicismo.
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nas vivências reais do autor, mas conviver entre si: a vida que queriam
não é uma autobiografia. É um lhe impingir e o seu desejo real.
romance que se apropria de um
discurso memorialístico, no qual o Chove sobre minha infância é uma
autor é narrador a um só tempo. narrativa que vai se construindo pela
Nele, o Sanches Neto conta uma memória do narrador, que avalia
história na sua própria voz e em seu tudo aquilo pelo qual passa por uma
próprio nome. Mesmo quando se ótica pessoal, centrada em seus
vale de suas próprias experiências, o sofrimentos.
autor não busca a verdade factual,
mas a psicológica. Estamos diante de um menino de
extrema sensibilidade para o
Em uma linguagem simbólica, tem confronto com o mundo e com a
momentos de crônica, poesia e morte, que luta desesperadamente
conto, formando um singular contra a orfandade, não só a real
romance em blocos que, além de mas principalmente contra a
cativar pelo lirismo, é um vigoroso orfandade cultural, ele vem de uma
retrato de um pouquíssimo família de analfabetos, dedicada à
explorado período de nossa História agricultura, e se sente destinado
recente. Inicialmente apresentando para o mundo dos livros. Esta
uma visão ingênua, revoltada e ausência do pai, morto na primeira
otimista, o narrador vai infância, representa a própria
amadurecendo ao contar sua ausência de uma herança cultural. O
história, passando do órfão que não menino triste vai crescendo como
compreende bem o seu mundo a um observador de uma força
adulto que domina seus símbolos e negativa que o impede de ser ele
suas dolorosas verdades. Miguel mesmo. Esta força se concentrou na
Sanches Neto constrói uma saga figura do padrasto, que nega seu
dramática no sul do país, em que as projeto. O padrasto, portanto, é
antíteses sociais são forçadas a pintado com tintas fortes até o
conviver entre si. O personagem momento em que há, depois da
principal deve receber a herança do consolidação da vocação do menino,
mundo rural e do analfabetismo para agora um adulto, uma revelação que
encontrar-se consigo e com sua o concilia com o mundo do padrasto.
história uma necessidade muitas
vezes camuflada em um país O livro não é complacente com o
envergonhado de si mesmo. O leitor narrador, porque ele acaba tendo
vai encontrar neste romance um destruído o relato em que se vê
Brasil que se olha, se mostra e que como vítima. A família está muito
comove, identificando-se com a presente neste livro. Ela é ao mesmo
história do menino perdido em meio tempo odiada e amada. Inicialmente
a poderosas forças antagônicas. apresentando uma visão ingênua,
revoltada
Nessa obra Miguel Sanches Neto e otimista, o narrador vai
rastreia o seu passado vivido amadurecendo ao contar sua
no interior do Paraná, delimitando história, passando do órfão que não
uma trajetória de angústias e compreende bem o seu mundo a um
pesadelos, constrói uma saga adulto que domina seus símbolos e
dramática no sul do país, em que as suas dolorosas verdades.
antíteses sociais são forçadas a
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Sobre o autor:
grupoeditorialglobal.com.br
Trechos da entrevista:
mundovestibular.com
Resumo: record.com.br
Enredo: passeiweb.com
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Em O guardador de rebanhos é
importante sublinhar a questão do
divino: se para muitos Deus é um ser
Observação: são MUITOS poemas, então
superior, no decorrer dos versos
neste material, demos prioridade as vemos como a criatura que nos rege
características dos heterônimos, cada parece ser, para Caeiro, a natureza.
‘’personagem’’ de Fernando escreve de
forma diferente. A probabilidade de acertar O Fingimento Artístico (Fernando
a questão lembrando das características é
maior que tentar adivinhar o poema que vai
Pessoa, Cancioneiro)
estar na prova!
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
O guardador de rebanhos, do Que chega a fingir que é dor
heterônimo Alberto Caeiro A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escrevem
Eu nunca guardei rebanhos, Na dor lida sentem bem,
Mas é como se os guardasse. Não as duas que ele teve,
Minha alma é como um pastor, Mas só a que eles não têm.
Conhece o vento e o sol .
E anda pela mão das Estações E assim nas calhas de roda
A seguir e a olhar. Gira a entreter a razão,
Toda a paz da Natureza sem gente Esse comboio de corda
Vem sentar-se a meu lado. Que se chama coração.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície Na perspectiva pessoana, o artista, e
E se sente a noite entrada especialmente o poeta, é um
Como uma borboleta pela janela. fingidor, no sentido em que o acto de
escrever não é um acto directo e
Escrito por volta de 1914, mas imediato. A dor, as emoções que são
publicado pela primeira vez em descritas no poema não foram as
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efemeridade da vida e a
necessidade de gozá-la, que
caracterizam a tópica do carpe diem.
Além do mais, É bom lembrar que
Lídia era a musa de Ricardo Reis.
Logo, qualquer trecho que cite esse
nome é, com certeza, pertencente a
esse heterônimo.
Poemas:
culturagenial.com
notapositiva.com
Heterônimos:
guiadoestudante.com
Período literário, estilo e
características dos heterônimos:
educacao.globo.com
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Esta conclusão revolve uma torrente “Um dia disse às minhas rivais:
de sentimentos escondidos. Vejo venham, venham todas exigir o pão
lágrimas correndo, frustrações quando vos falta, despertar o Tony à
avolumando-se em cachos, noite se por acaso aqui estiver
incertezas espelhando-se no quando as crianças têm febre, e
silêncio, a esperança ténue quando, na escola, os professores
tremelicando nos horizontes do exigem a presença do encarregado
mundo. da educação. Venham todas em
desfile, ele costuma estar e casa só
– Somos éguas perdidas galopando à hora do almoço. Vocês são as suas
a vida, recebendo migalhas, mulheres e os vossos filhos são
suportando intempéries, irmãos dos meus filhos.
guerreando-nos umas às outras. O
tempo passa, e um dia todas Começou a procissão das mães e
seremos esquecidas. Cada uma de das crianças. O Tony já não
nós é um ramo solto, uma folha aguentava, fugia deles. Rami,
morta, ao sabor do vento – explico. – aguenta tu com essa gentalha.
Somos cinco. Unamo-nos num feixe Aguentei com elas até onde pude,
e formemos uma mão. Cada uma de até que lhes disse: Isto acontece
nós será um dedo, e as grandes porque não trabalham. Em cada sol
linhas da mão a vida, o coração, a têm que mendigar uma migalha. Se
sorte, o destino e o amor. Não cada uma de nós tivesse uma fonte
estaremos tão desprotegidas e de rendimento, um emprego,
poderemos segurar o leme da vida a estaríamos livres dessa situação. É
traçar o destino.” humilhante para uma mulher adulta
pedir dinheiro para sal e carvão. A
Ao decidirem aderir ao regime da Saly diiz que já teve negócios que
poligamia, temos a impressão que as faliram, porque usou todo o dinheiro
personagens estão apenas que tinha na cura do filho que andou
passando de uma forma patriarcal de doente. A Lu diz que gostaria de ter
opressão a outra. No entanto, esse uma loja de modas, que fora sempre
primeiro momento, de garantia esse o seu sonho. A Ju gosta de
miníma de certos direitos, é apenas crianças. Diz que, no dia que
o início de uma revolução na vida procurar um emprego, vai ser para
lidar com crianças. A Mauá diz que
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história de sofrimento e de
resiliência, de como uma mulher lida
com todas as dificuldades impostas
pela vida e ainda consegue Carolina Maria de Jesus – É a
transformar em discurso a situação autora dos diários e a protagonista.
limite vivida. Nascida no interior de Minas Gerais,
foi morar em São Paulo, onde só
encontrou lugar na favela do
Canindé. Mãe de 3 filhos, solteira,
era catadora de lixo e metal para
sustentar sua casa e alimentar a
A redação de Carolina - a sintaxe do família.
texto - por vezes foge ao português
padrão e por vezes incorpora Vera Eunice, João José, José
palavras rebuscadas que ela parece Carlos – Filhos de Carolina. Era por
ter aprendido com as suas leituras. A eles que ela lutava e dava a vida.
escritora, em diversas entrevistas, se
identificou como uma autodidata e Vizinhos e autoridades políticas –
disse que aprendeu a ler e a Compõe a narração do quotidiano.
escrever com os cadernos e livros
que recolhia das ruas. Na entrada do
dia 16 de julho de 1955, por
exemplo, vemos uma passagem
onde a mãe diz para os filhos que A redação de Carolina - a sintaxe do
não há pão para o café da manhã. texto - por vezes foge ao português
Convém observar o estilo da padrão e por vezes incorpora
linguagem utilizada: palavras
Jesus Lima acredita que pouca coisa ela passou, pela história que ela
mudou na sociedade brasileira tinha, porque muitos negros têm a
nesses 60 anos, mas a postura da história da Carolina. Eu vejo várias
população negra mudou. mulheres que são mães solteiras,
empregadas domésticas, com pouco
“O livro ‘Quarto de Despejo’ está estudo ou com muito estudo; eu vejo
completando 60 anos, mas o adolescentes negras querendo
problema no Brasil continua o alcançar o sonho igual a Carolina
mesmo, por isso é um livro atual e Maria de Jesus alcançou.
será assim por muito tempo. O que
eu tenho visto de mudança quanto Então, eu acho que a Carolina Maria
ao ‘Quarto de Despejo’ e hoje é que de Jesus hoje é mesmo uma
hoje o negro é engajado, o negro é referência para a literatura negra e
politizado, o negro é culto, o negro para os negros não só no Brasil, eu
sabe o que quer, o negro quer atingir digo nisso negros americanos,
seus sonhos”, analisou. negros de Paris, negros da
Alemanha. Então, o meu objetivo
Brasil de Fato Pernambuco: hoje é colocar a Carolina Maria de
Lançado em 1960, o livro "Quarto Jesus na literatura, ao lado de
de Despejo: Diário de uma Clarice Lispector, ao lado de Jorge
Favelada" completa 60 anos e até Amado, para termos uma escritora
hoje é considerado um dos livros negra compondo a nossa literatura
mais importantes da literatura brasileira.
brasileira e um dos primeiros
escritos por uma mulher negra. Quais são a lembrança mais
Como você observa as mudanças marcante da sua infância com a
que aconteceram na literatura afro sua mãe na favela do Canindé, em
brasileira nesse período? São Paulo? Já que muitas dessas
histórias estão descritas no livro e
Vera Eunice: O livro “Quarto de contam a história da vida de
Despejo” está completando 60 anos, Carolina e também da sua e dos
mas o problema no Brasil continua o seus irmãos.
mesmo, por isso é um livro atual e
será assim por muito tempo. O que As lembranças que eu tenho da
eu tenho visto de mudança quanto minha mãe na favela do Canindé
ao “Quarto de Despejo” e hoje é que são logicamente de uma mulher que
hoje o negro é engajado, o negro é vivia atrás de comida. Isso eu tenho
politizado, o negro é culto, o negro claramente na minha memória a
sabe o que quer, o negro quer atingir preocupação dela em alimentar os
seus sonhos. Inclusive eu estive no filhos, mas também tem partes muito
Nordeste e eu fiquei impressionada alegres que eu lembro da Carolina:
de como o negro é culto, como ele lê eu lembro da Carolina cantando com
Carolina, como ele sabe a história da a gente, eu lembro da Carolina lendo
Carolina e desde o negro mais para a gente, eu lembro da Carolina
simples, como o que cata recicláveis, contando os causos. Ela tinha o livro
até o negro mais culto; e isso não só “As Mil e Uma Noites” e lia todo dia
no Nordeste. uma história para a gente, então era
uma mulher que queria passar a
Eu tenho percebido que o negro se cultura para os filhos. A gente tocava
espelha muito na Carolina, pelo que
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violão, ela tocava e a gente cantava para a rua. Mas a rua também
junto. ninguém merece, a rua também são
noites longas, noites frias, terrível a
Mas também lembro de muitas rua também. Então, voltávamos para
partes, uma que me chocou muito no a favela.
“Quarto de Despejo” é que a gente
vivia pedindo comida, principalmente Ela jamais deixaria meus irmãos
o meu irmão mais velho, ele pedia faltarem a escola, então o que ela
comida o tempo todo, como dizia a fazia era os colocar pela janela
minha mãe - ela falava muito bem, quando o barco vinha buscar;
então ela falava “esse famélico”. Eu quando o barco não vinha, ela os
lembro que ela chegou em casa com colocava nas costas e ia nadando;
um pacote embrulhado num jornal e, pegava uma roupinha e trocava lá
quando ela chegava em casa, eu quando chegava, mas ela não os
lembro que a gente já a cercava, a deixava faltar a escola.Ela valorizava
gente não tinha móveis – a gente muito o estudo, ela valorizava muito
tinha caixotes e caixas – e eu lembro o ensino e, conversando com
que ela colocou aquele pacote na Conceição Evaristo que faz parte do
mesa e nós chegamos na mesa e conselho dos novos lançamentos da
quando ela abriu eram ratos mortos. Carolina que virão pela Companhia
Então, ela se desesperou, porque das Letras, achei interessante que
tinha dias que ela conseguia trazer ela pegou um trecho do diário da
comida, mas tinha dias que chovia, mãe dela que hoje tem 98 anos e ela
que ela não catava muito papel, começa a ler para a gente ali no
então o dinheiro vinha muito curto. grupo. Nossa! Fiquei muito
Ela sofria muito com isso, ela emocionada, achei tão parecido, tão
chorava até. semelhante. E eu acho a história da
Conceição muito parecida com a da
Lembrança também com a minha Carolina, com a minha. Ela sempre
mãe que eu tenho é aquela água, no diz que hoje ela é uma escritora,
Canindé quando chove, transborda porque ela se inspira em Carolina
por causa do rio. Então, minha mãe Maria de Jesus.
nos chamava - porque o barraco
estava inundado – e a gente ia
dormir em um albergue, então a
gente ia para um albergue lá no
centro de São Paulo, mas o albergue 1) UNIMONTES/2014 O fragmento
eu não recomendo para ninguém – abaixo foi extraído do livro Quarto de
não sei se melhorou hoje. despejo, de Carolina Maria de Jesus.
Leia-o com atenção.
A gente dormia naqueles lençóis mal
cheirosos de urina, aquelas 1 DE JULHO...
mulheres nuas correndo para tomar
banho. Era um horror! Eu não Eu percebo que se este Diário for
suportava aquilo e nem ela! Então publicado vai maguar muita gente.
ela nos chamava – ela era muito alta, Tem pessoa que quando me ver
então ela se abaixava - e perguntava passar saem da janela ou fecham as
“vocês querem ficar aqui ou querem portas. Estes gestos não me
ir para a rua?”. A gente falava “então, ofendem. Eu até gosto porque não
vamos para a rua” e aí a gente ia preciso parar para conversar. (...)
Quando passei perto da fabrica vi
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uma flor para aspirar o seu perfume, cruzeiros. Fiquei pensando que
para ouvir o zumbido das abelhas ou precisava comprar pão, sabão e leite
o colibri acariciando-a com seu frágil para a Vera Eunice. E os 13
biquinho. O único perfume que exala cruzeiros não dava! Cheguei em
na favela é a lama podre, os casa, aliás no meu barracão,
excrementos e a pinga. nervosa e exausta. Pensei na vida
atribulada que eu levo. Cato papel,
.Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo:
Diário de uma favelada. 9. ed. São Paulo: Ática, 2007.
lavo roupa para dois jovens,
permaneço na rua o dia todo. E
O título do livro “Quarto de Despejo” estou sempre em falta. A Vera não
pode sugerir algumas inferências. tem sapatos. E ela não gosta de
Assinale aquela que NÃO pode ser andar descalça. Faz uns dois anos,
comprovada pelo relato. que eu pretendo comprar uma
maquina de moer carne. E uma
A - O ambiente onde escreve maquina de costura.
Carolina assemelha-se a um quarto
de despejo. Cheguei em casa, fiz o almoço para
os dois meninos. Arroz, feijão e
B - Tal qual os objetos que Carolina carne. E vou sair para catar papel.
recolhe nas ruas, ela e seus filhos Deixei as crianças. Recomendei-
são restos ignorados pelo poder lhes para brincar no quintal e não
público. sair na rua, porque os pessimos
vizinhos que eu tenho não dão
C - Os relatos da vida da autora são socego aos meus filhos. Saí
comparados aos pertences deixados indisposta, com vontade de deitar.
em um quarto de despejo. Mas, o pobre não repousa. Não tem
o privilegio de gosar descanço. Eu
D - Há uma alusão ao local onde estava nervosa interiormente, ia
vivem as pessoas que trabalham maldizendo a sorte (...) Catei dois
com serviços domésticos em casas sacos de papel. Depois retornei,
de luxo. catei uns ferros, uma latas, e lenha.
Vinha pensando. Quando eu chegar
na favela vou encontrar novidades.
Talvez a D. Rosa ou a indolente
Maria dos Anjos brigaram com meus
4) UERR 2020
filhos. Encontrei a Vera Eunice
dormindo e os meninos brincando na
16 DE JULHO
rua. Pensei: são duas horas. Creio
que vou passar o dia sem novidade!
Levantei. Obedecia a Vera Eunice.
O João José veio avisar-me que a
Fui buscar agua. Fiz café. Avisei as
perua que dava dinheiro estava
crianças que não tinha pão. Que
chamando para dar mantimentos.
tomassem café simples e comesse
Peguei a sacola e fui. Era o dono do
carne com farinha. Eu estava
Centro Espirita da rua Vargueiro 103.
indisposta, resolvi benzer-me. Abria
Ganhei dois quilos de arroz, idem de
a boca duas vezes, certifiquei-me
feijão e dois quilos de macarrão.
que estava com mau olhado. A
Fiquei contente. A perua foi-se
indisposição desapareceu sai e fui
embora. O nervoso interior que
ao seu Manoel levar umas latas para
eu sentia ausentou-se. Aproveitei a
vender. Tudo quanto eu encontro no
minha calma interior para eu ler.
lixo eu cato para vender. Deu 13
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Texto I
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4) Alternativa C
De certa forma, isso permitiu que IV. Incorreta. O termo “onde” indica
Carolina pudesse registrar sem permanência em um lugar, não
idealização o real sofrimento que se podendo ser substituído por “aonde”,
vive na infância, principalmente se a que indica movimento “para” um
criança for extremamente pobre. lugar, usado com verbo cuja
regência necessita de preposição,
como “ir” (eu sei aonde queres ir)
15) Alternativa B
16) Alternativa D
17) Alternativa A
Publicados postumamente, em
1947, os contos desta obra trazem
personagens, espaços e tipo de
trama reveladores de um Mário de
Mário de Andrade foi um escritor Andrade que acreditava na produção
modernista, crítico literário, cultural como denunciadora da
musicólogo, folclorista e ativista realidade, sem perder suas
cultural brasileiro .Seu estilo literário características artísticas e estéticas.
foi inovador e marcou a primeira fase
modernista no Brasil, sobretudo, Vestida de preto
pela valorização da identidade e
cultura brasileira. Ao lado de Nele, o narrador aborda um amplo
diversos artistas, ele teve um papel período de sua vida. Tudo começa
preponderante na organização da na infância. Flagramos Juca (o
Semana de Arte Moderna (1922). narrador) e sua prima, de família
Mário Raul de Morais Andrade abastada (alguns estudiosos
nasceu na cidade de São Paulo, no apontam as dificuldades do
dia 09 de outubro de 1893. relacionamento Juca / Maria,
provocadas pela diferença social,
De família humilde, Mário possuía como um aspecto autobiográfico)
dois irmãos e desde cedo mostrou brincando de família com outras
grande inclinação às artes, crianças numa casa de vários
notadamente a literatura.Em 1917, cômodos. Deitados, o menino,
estudou piano no “Conservatório posicionado atrás da companheira,
Dramático e Musical de São Paulo”, acaba encantando-se com a vasta
ano da morte de seu pai, o Dr. Carlos cabeleira que tem à sua frente,
Augusto de Andrade. Nesse mesmo mergulhando a cabeça nela,
ano, com apenas 24 anos, publica enquanto Maria entrega-se,
estorcendo-se de prazer, com o
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contato dos lábios do menino em sua • Fica nas entrelinhas a idéia de que
nuca. seria positiva a união dos dois, pois
sossegaria o espírito afoito da
• São interrompidos com a chegada mulher.
de Tia Velha (outro elemento
autobiográfico. Mário de Andrade Esse conto é narrado pelo próprio
possuiu uma tia com as mesmas Juca, personagem que ainda
características de Tia Velha), que os aparece em outras duas histórias
flagra, dá-lhes uma bronca e ameaça deste livro. As memórias do rapaz
delatá-los. O que acontece aqui é assemelham-se muito a fatos
como a Queda do Paraíso (Mário de ocorridos na vida do autor, o que dá
Andrade era muito católico). ao texto um certo tom autobiográfico.
Além disso, vale observar a
• Os dois separam-se, assustados e simplicidade da linguagem, marca
envergonhados, e nunca mais típica tanto de Mário de Andrade
aquela sensação de êxtase e quanto da primeira geração
felicidade vai ser recuperada, apesar modernista. Nota-se também a
de as duas personagens buscarem, simbologia dos nomes rosa é a flor
à sua maneira, recuperar esse bem símbolo da paixão e violeta, da
perdido. amizade.
a fase genital. É interessante lembrar enorme, volta para sua casa, pega
que esse é justamente o momento suas estrelinhas e dá a mais bonita
de socialização da criança: ou vai para o infeliz.
haver um direcionamento em sua
personalidade para o altruísmo, ou • É o momento de dois grandes
haverá para o egoísmo.Coincidência aprendizados. O primeiro está na
ou não, é este justamente o tema do ideia de que a nossa felicidade é
conto. sempre diminuída pela infelicidade
que existe no mundo. O segundo é a
• A história passa-se numa rara noção de altruísmo, mesmo que para
viagem de férias em Santos, tanto deva diminuir seu bem-estar.
possibilitada apenas por causa de
um período de convalescença da Temos aqui a singela história de um
mãe do narrador (o pai do narrador menino que está descobrindo a si e
Carlos não era afeito a esses luxos, ao mundo e formando o seu caráter
o que faz lembrar o pai de Juca, de que, como vemos pelo desfecho,
O Peru de Natal, reforçando a tese pende para o lado bom. Pode-se
de se tratarem das mesmas dizer que esta é uma espécie de
personagens). história de aprendizagem, porém
sem a densidade existencial comum
• Em seus passeios, a criança, após a esse tipo de texto, como vemos em
desafiar a santa (já se disse que alguns contos de Lygia Fagundes
Carlos gostava de manipular seu Telles e Clarice Lispector.
pênis. Mas era sempre repreendido
por sua mãe, sob a alegação de que
a santa (um quadro na parede) não
iria gostar. Nesse dia, Carlos,
aproveitando que ninguém estava - Juca: presente em vários contos na
em casa, exibe com toda empáfia condição de narrador, parece
seu diminuto membro para a funcionar como alter-ego do autor.
divindade, espantando-se por nada
acontecer. Rompia limites. Estava - 35: o protagonista sem nome de
crescendo), acaba ganhando de um “Primeiro de maio”, símbolo da festa
pescador três estrelinhas do mar. O e da solidariedade que se opõem ao
pobre homem havia dito, ao estado repressivo.
presenteá- las, que serviam para dar
boa-sorte. O menino volta para casa - Frederico Paciência: personagem
feliz, mesmo sem saber direito o que do conto homônimo, síntese das
era sorte, guardando as tentativas de vencer as barreiras
preciosidades no quintal de sua impostas pelo superego.
casa. Mas seu estado é tal que fica
toda hora indo visitar seus troféus. - Nelson: personagem do conto
homônimo, figuração da solidão.
• Até que, em outro de seus
passeios, conhece um português - Mademoiselle: personagem de
infeliz. Fica sabendo que o sujeito “Atrás da Catedral de Ruão”,
tinha “má sorte”: muitos filhos figuração do desejo sexual
pequenos, dificuldade para criá-los e reprimido.
uma esposa paralítica. O menino
ficou penalizado. Num esforço
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[Fragmento]
Mas agora não resisto mais. Está me anteriormente expostos no conto são
parecendo que entre as causas mais fortes até mesmo para provocar
insabidas, tinha também uma brigas violentas entre cada um deles
espécie de despeito desprezador de e um colega.
um pelo outro... Se no começo
invejei a beleza física, a simpatia, a IV. O desejo de deixar de imitar
perfeição espiritual normalíssima de Frederico remete a um movimento
Frederico Paciência, e até agora deliberado de afastar-se da
sinto saudades de tudo isso, é certo “perfeição espiritual” do amigo, o que
que essa inveja abandonou muito está em sintonia com o perfil
cedo qualquer aspiração de ser modernista de caracterização de
exatamente igual ao meu amigo. Foi personagens.
curtíssimo, uns três meses, o tempo
em que tentei imitá-lo. Depois Assinale a alternativa correta.
desisti, com muito propósito. E não
era porque eu conseguisse me a) Somente as afirmativas I e II são
reconhecer na impossibilidade corretas.
completa de imitá-lo, mas porque eu,
sinceramente, sabei-me lá por quê! b) Somente as afirmativas I e IV são
Não desejava mais ser um Frederico corretas.
Paciência!
c) Somente as afirmativas III e IV são
ANDRADE, Mário de. Frederico Paciência. In: Contos
novos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. p. 111-
corretas.
112.
d) Somente as afirmativas I, II e III
Com base no trecho e na leitura são corretas.
integral do conto “Frederico
Paciência”, considere as afirmativas e) Somente as afirmativas II, III e IV
a seguir. são corretas.
e) Tempo da camisolinha
b) O personagem “35” tem a
esperança de que no Dia do
Trabalho haja uma confraternização
proletária; por outro lado, há o
Estado Novo oprimindo qualquer
movimento, menos a que acontecia
no Palácio das Indústrias.
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Análise e personagens:
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Resumo dos contos: pdf
disponibilizado pela prof. Sônia
Targa, no doceiro.com
Gênero literário, espaço e
contexto histórico:
mundovestibular.com
Foco narrativo: vestibular.uol.com
Temas sociais, universais,
cenário
cultural:professorclaudineicamolesi
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