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PAULO SÉRGIO RODRIGUES CARVALHO

Editora Maçônica "A TROLHA" Ltda.


Londrina, fevereiro de 2000

Não importa quantas palavras sagradas você leia, nem quantas


você pronuncie. Que bem essas palavras lhe trarão se você
não agir segundo o que elas dizem?
Dhammpada
Índice

Apresentação
Iniciações e Iniciados
Os Segredos das Pirâmides
Simbolismo
Angelologia
A Astrologia: Misticismo e Antigüidade
Jesus: O Essênio
Mantra
Cruz

Apresentação

Como escritor mambembe, todos os nossos leitores já


conhecem e sabem o meu ponto de vista, particular, sobre a
Maçonaria. Sabem que combato Leadbeater, Ragon, Jorge
Adoun e outros Teósofos. Que sou adepto da Maçonaria tida,
por uma boa corrente de escritores, como sendo a Maçonaria
autêntica.
Acontece, também, que sou Editor, e como editor eu me sinto
na obrigação de atender os apreciadores das outras correntes
maçônicas que, por sinal, são bem maiores que a corrente a
qual pertenço. Já publiquei, por exemplo - Cipolati, Oswaldo
Ortega e Righetto; Eduardo Carvalho - Irmãos ligados, ou
mais ligados, à corrente esoterista.
Este é mais um livro de cunho esoterista, do Irra:. Paulo Sérgio
Rodrigues Carvalho, intitulado "Mistérios e Misticismos das
Iniciações". Pelo próprio título já se pode ter uma idéia do
conteúdo do livro. Ele abrange os seguintes temas: Iniciações
e Iniciados; O Segredo das Pirâmides; Simbolismo;
Angelologia; Astrologia, Misticismo e a Antigüidade; Jesus, o
Essênio; Mantra e Cruz.
Como vemos, são assuntos muito em voga nestes fins de
séculos e de milênios e, como Editor, não privarei os leitores,
tanto Maçons como Profanos, da leitura desse livro.
Paulo Sérgio é professor universitário, em Londrina, na área
de Português, Advogado, Grão-Mestre para o Estado do
Paraná, da Sociedade de Estudos de Problemas Brasileiros, é
escritor didático já com diversas obras publicadas, inclusive
uma conosco - "Torre do Silêncio".
A missão do autor é transmitir aos leitores os seus
conhecimentos colhidos durante seus estudos e suas pesquisas,
de acordo com sua ótica; já o editor tem por dever e obrigação,
atender àqueles que buscam conhecimentos nos livros que
publica.
Já nos aproximamos dos 200 títulos publicados, e isso é uma
clara demonstração que estamos no caminho certo e que
estamos atendendo os anseios de nossos leitores - o que,
realmente, conta para nós.
Xico Trolha
Londrina, fevereiro de 2000

Iniciações e Iniciados

INICIAÇÃO - Derivado da mesma raiz latina initia, na acepção


de adquirir os primeiros rudimentos de ciência; início de uma
nova vida religiosa, filosofia, social ou ética. A cerimônia da
iniciação nos sagrados Mistérios, outrora ensinados pelos
Hierofantes, como também em todas as religiões nacionais, é
uma das mais antigas, tanto no culto exotérico ou público,
como no esotérico ou oculto. No culto público foi abolido na
Europa desde a extinção do último templo "pagão", e no culto,
perpetua-se nos Ritos Maçônicos. Segundo os maiores filósofos
gregos e romanos, nos florescentes dias da antigüidade os
Mistérios constituíam as mais sagradas das solenidades, e eram
tidos no máximo respeito e reverência por todos os cidadãos,
desde o mais humilde ao máximo potentado. Pálidos reflexos
de sua magnitude e significado se podem obter ainda nos
Livros dos Mortos dos egípcios, no Livro dos Mortos Tibetano,
no Zohar dos hebreus, no Evangelho de Cristo e no
Apocalipse de S. João, e ver em seus monumentos perpétuos
que são os antiquíssimos Signos Zodiacais, a Grande Pirâmide
do Egito e outras da Ásia e da América, o Labirinto de Creta e
outros, a tão mal-interpretada Torre de Babel, e o Oráculo de
Delfos, para citar só os mais conhecidos na atualidade. Os
Mistérios ensinavam ou representavam a peregrinação do ser
humano da vida mortal para imortal e as experiências
póstumas da Alma ou Espírito nos mundos subjetivos, como
também as leis do aperfeiçoamento da consciência pelo
desenvolvimento progressivo de seus poderes internos,
espirituais. Todavia, a verdadeira Iniciação não se perdeu;
ainda existe, mas tão-só para os poucos devidamente
preparados e dispostos a "trilhar o caminho estreito como o fio
de uma navalha". Ainda vigora em sua plenitude a lei de que
"muitos são chamados e poucos os escolhidos".
Joaquim Gervásio de Figueiredo

INICIAÇÃO - Esta palavra, que vem do latim initiatio, de


initiare, designava, entre os romanos, a admissão nos mistérios
de seus ritos secretos e sagrados. Mackey a faz derivar da
palavra initia, que significa "os primeiros princípios de uma
ciência". Os gregos usavam, porém, o termo Mistagoghia, de
Mistírion, mistério. Segundo Alec Mellor, porém "o termo
grego significando Iniciação é teleti, cuja origem é o verbo
telo, executar, realizar. Este verbo significa a realização
espiritual, o fato de conduzir à perfeição". O grego moderno,
segundo o mesmo autor, emprega o termo eisdochi,
significando recepção.
Iniciação é a ação ou efeito de iniciar ou de iniciar-se, ação ou
efeito de dar ou receber a noção ou conhecimento de coisas
desconhecidas. Numa passagem de Tertuliano, o termo é
sinônimo de batismo.
Muitas religiões antigas, sobretudo no Oriente, tiveram os
seus Mistérios e, conseqüentemente, a sua Iniciação. Os ritos
iniciáticos não são, todavia, peculiares à antigüidade. Durante
muito tempo, a Igreja cristã dos primeiros séculos deu ao
batismo o caráter de uma verdadeira iniciação e, entre os
judeus, a iniciação religiosa corresponde à primeira
comunhão. Muitas seitas e sociedades secretas conservaram,
até os nossos dias, o costume da Iniciação, inclusive a
Maçonaria.
Na realidade, a Iniciação é uma instituição que remonta ao
alvorecer das sociedades humanas, embora, através das idades,
assumisse diferentes aspectos. Entre os primitivos, a iniciação
se processava na época da puberdade e o adolescente, que até
então vivia entre as mulheres e as crianças (mundo profano),
depois de ser submetido a severíssimas provas e privações, era
admitido ao convívio dos adultos, ou seja, dos guerreiros
reunidos formando uma sociedade secreta.
Posteriormente, durante a Antigüidade, a iniciação
transformou-se numa espécie de educação gradual, na qual o
discípulo, inicialmente instruído de suas possibilidades, por
meio de uma exposição dogmática e ainda hipotética
desenvolvia em si, por seus próprios esforços, faculdades
transcendentes, das quais possui apenas o germe.
Havia duas espécies de iniciação, denominadas pequenos e
grandes mistérios. A primeira comportava apenas um
apanhado sintético das ciências elementares e dos princípios
gerais pouco definidos do Ocultismo. A segunda, a iniciação
aos grandes mistérios, era chamada a Grande Iniciação, ou
simplesmente a Iniciação. Abrangia a metafísica das ciências,
no seu grande desenvolvimento, assim como a prática da Arte
Sagrada, ou seja, todo o conjunto das ciências denominadas
ocultas.
A Arte Sagrada era ensinada nos templos por professores
hierárquicos que faziam passar o neófito pelos vários graus do
conhecimento. A Grande Iniciação era idêntica em todos os
santuários ocultos.
É preciso distinguir, todavia, entre a iniciação simbólica e a
iniciação real ou vivida. Sobre tal distinção, A. Gedalge
(Rhéa), escreve:
A Iniciação (real ou vivida), ao que parece, é um fato
indiscutível. Deve ser cuidadosamente distinguida das
iniciações simbólicas, que não são outra coisa senão as suas
imagens, sem "esquemas", pois, como toda ciência (e a
iniciação real é uma ciência que se relaciona com a Filosofia e
a Evolução) a Iniciação tem os seus "esquemas".
Ela é a única pela simples razão de que não pode ser outra
coisa senão o resultado de um processo acelerado de evolução,
levando o Iniciado a nele mesmo realizar o que,
provavelmente, será o homem atual, daqui a tempos
incalculáveis. Os símbolos florais da Iniciação fazem
compreender o seguinte: a Aqüilégia, o Cravo e, sobretudo, a
Rosa podem ser levados à perfeição, sem nunca perderem as
suas faculdades geradoras, ao passo que as outras plantas, na
maior parte das vezes, não abrem as suas pétalas senão ao
transformarem as suas anteras. E, portanto, um progresso
conseguido num sentido normal, que reclama a Iniciação, cuja
meta é de criar a "obra-prima" da espécie humana.
Se a Iniciação é uma, os processos empregados são múltiplos e
é estes que se relacionam os vários "sistemas" iniciáticos
conhecidos sob o nome de "Ciências Secretas", como também
os "mistérios" da antigüidade e os vários Ritos das "Sociedades
iniciáticas" que existiram e ainda existem em nossos dias.
M. F. dos Santos, referindo-se à Iniciação, escreve por sua vez:
Nos povos orientais, e entre os egípcios, também entre os
gregos, como se verificou entre os hindus, chineses e em todos
os povos do mundo, e em todos os ciclos culturais, há um
conhecimento secreto, um mysterion, que só é desvendado
aos que estão devidamente preparados para nele penetrar, e
aos que provem possuir dotes intelectuais e morais
correspondentes e adequados ao que é exigido pela ordem
iniciática.
Há um certo conhecimento em todos os povos que revela e
exige para alcançar a sua enunciação, que tenham sido
precedidos por uma especulação, pois seu enunciado não
poderia ser alcançado por simples instituições. A Iniciação
era, assim, o odos, a via, que devia percorrer o mystos, o
iniciado nos mistérios, guiado pelo mystagogos, o guia, o guru
(em sânscrito), que orienta desde os primeiros passos. Os
estágios desses conhecimentos são conhecidos por graus
iniciáticos e eram acompanhados de provas intelectuais,
morais e também físicas, na sua maior parte bem difíceis, e
que exigiam até o risco de vida, como se vê nas iniciações dos
egípcios, dos antigos gregos, etc.
Muitas dessas provas são ainda conservadas em ordens
iniciáticas modernas, que perderam muitíssimo do rigor
antigo, em sua maior parte realizadas através de formas
simbólicas, como se vê na Maçonaria e no Cristianismo.
Nicola Aslan

Seja o que for que agora se acredite ter sido Moisés,


demonstraremos que ele era um iniciado. A religião mosaica
era, na melhor das hipóteses, um culto do Sol e da serpente,
diluído, talvez, por algumas poucas nações monoteístas, antes
que estas fossem introduzidas à força nas chamadas "Escrituras
inspiradas" por Esdras, ao tempo em que ele pretendia ter
reescrito os livros mosaicos. Seja como for, o Livro dos
números foi escrito mais tarde; e é tão fácil seguir nele o culto
do Sol e da serpente, quanto em qualquer história pagã. O
relato das serpentes do fogo é uma alegoria, em mais de um
sentido. As "serpentes" eram os levitas ou os ofitas, que
formavam a escolta de Moisés (ver Êxodo, XXXII, 26); e a
ordem do "Senhor" a Moisés, para dobrar a cabeça do povo
"diante do Senhor contra o Sol", que é o emblema desse
Senhor, não deixa margem a equívocos.
Raymond Bernard
A narrativa do Apóstolo Paulo, em sua segunda Epístola aos
Coríntios (XII, 2-4), impressionou a vários eruditos, bem
versados nas descrições dos ritos místicos da iniciação dados
por alguns clássicos, e que fazem alusão, sem nenhuma dúvida
à Epopteia final. "Conheci um certo homem que foi arrebatado
ao paraíso - se em seu corpo, se fora do corpo, não sei: Deus o
sabe - e que ouviu palavras inefáveis, que não é lícito ao
homem repetir". Essas palavras raramente foram consideradas
pelos comentaristas, ao que saibamos, como uma alusão às
visões beatíficas de um vidente "iniciado". Mas a fraseologia é
inequívoca. Essas coisas "que não é lícito ao homem repetir"
são sugeridas pelas próprias palavras, e a razão que se dá para
isso é a mesma que vemos repetida muitas e muitas vezes por
Platão, Proclo, Jâmblico, Heródoto e outros clássicos.
"Pregamos a SABEDORIA [apenas] àqueles que são PER-
FEITOS", diz Paulo, sendo a seguinte a tradução clara e
inegável dessa frase: "Pregamos as doutrinas esotéricas mais
profundas (ou finais) dos mistérios (que foram denominados
sabedoria) apenas àqueles que são iniciados". Por conseguinte,
no que diz respeito ao "homem que foi arrebatado ao Paraíso"
- e que era evidentemente o próprio Paulo -, a palavra cristã
Paraíso substituiu o nome Elísio. Para completar a prova,
podemos relembrar as palavras de Platão, dadas noutro lugar,
que mostram que, antes de um iniciado poder ver os deuses
em sua luz mais pura, ele deve libertar-se de seu corpo;
separar sua alma astral. Apuleio também descreve sua
iniciação nos mistérios da mesma maneira:

Aproximei-me dos confins da morte, e, tendo trilhado o


limiar de Prosérpina, retornei, após ter sido transportado por
todos os elementos. Nas profundezas da meia-noite, vi o Sol
falseando com uma esplêndida luz, juntamente com os deuses
infernais e supernos, e, ao me aproximar dessas divindades,
paguei o tributo de uma devota adoração.
Gilbert Gaulmin

A própria designação apostólica de Pedro origina-se dos


mistérios. O hierofante ou pontífice supremo portava o título
caldeupether, ou intérprete. Os nomes Phtah, Peth'r, a
residência de Balsam, Patara e Patras, os nomes das cidades
oraculares, pateres oupateras e, talvez, Buddha, tudo provém
da mesma raiz. Jesus diz: "Sobre esta petra edificarei minha
Igreja, e as portas do Hades não prevalecerão contra ela",
entendendo por petra o templo sobre a rocha, e por metáfora,
os mistérios cristãos, cujos adversários eram os antigos deuses
dos mistérios do mundo subterrâneo, adorados nos ritos de
Isis, Adônis, Átis, Sabásio, Dionísio e Elêusis. Nenhum
apóstolo Pedro jamais esteve em Roma; mas o Papa, tomando
o cetro de Pontifex Maximus, as chaves de Jano e Cibele, e
adornando a sua cabeça cristã com o capelo da Magna Mater,
copiando da tiara de Brahmâtma, o Supremo Pontífice dos
iniciados da índia antiga, tornou-se o sucessor do alto pagão, o
verdadeiro Peter-Roma, ou Petroma.
Raymond Bernard

Séculos antes de nossa era, os Iniciados do templo escolhiam


um Conselho Superior, presidido pelo Brahmâtma, ou chefe
supremo de todos esses Iniciados; que esse pontificado só
podia ser exercido por um brâmane que alcançasse a idade de
oitenta anos; que o Brahmâtma era o único guardião da
fórmula mística de toda ciência, contida nas três misteriosas
letras: AUM que significam criação, conservação e
transformação. Só ele podia expor-lhe significado na presença
dos iniciados do terceiro e superior grau. Dentre os iniciados,
todo aquele que revelasse aos profanos uma única verdade, ou
mesmo o menor dos segredos confiados a seu cuidado, era
condenado à morte. Aquele que recebia a confidência
partilhava do mesmo destino.
"Finalmente, para coroar esse hábil sistema", diz Jacolliot,
"existia uma palavra ainda superior ao mistérios monossílabo
A UM , que tornava aquele que lhe possuía a chave igual ao
próprio Brahmâ. Só o Brahmâtma possuía esta chave, e a
transmitia ao seu sucessor numa caixa fechada.
Essa palavra desconhecida, que nenhuma força humana pôde,
mesmo hoje - quando a autoridade bramânica foi esmagada
sob as invasões mongólicas e européias;
quando todo pagode tem o seu Brahmâtma - forçar-lhe a
revelação, era gravada num triângulo de ouro e preservada
num santuário do templo de Asgartha, cujas chaves apenas o
Brahmâtma possuía. Ele também portava sobre sua tiara duas
chaves cruzadas, seguras por dois brâmanes ajoelhados,
símbolo do precioso depósito que tinha em guarda (...)
Essa palavra utilizava como um dos signos de sua dignidade;
ambos eram também reproduzidos num sol dourado sobre o
altar, onde toda manhã o Sumo Pontífice oferecia o sacrifício
do sarvamedha, ou sacrifício a todas as forças da natureza.
Maat
Após a leitura dos seguintes aforismos filosóficos, quem poderá
duvidar que Jesus e Paulo jamais leram os filósofos gregos e
indianos?

MAXIMAS DE SEXTO, O PITAGÓRICO, E DE OUTROS


PAGÃOS

1. "Possuir apenas as coisas que ninguém te possa roubar."


2. "É melhor queimar uma parte do corpo do que deixá-
lo no estado em que está, assim como é melhor para um
homem depravado morrer do que viver."
3. "Tendes em vós algo semelhante a Deus; portanto,
considerai-vos como o templo de Deus."
4. "A melhor honra que se pode prestar a Deus é conhecê-
lo e imitá-lo."
5. "O que não desejo que os homens me façam, eu
também não faço para os homens" (Analetos de Confúcio, cap.
V e XV;
VERSÍCULOS DO NOVO TESTAMENTO

1. "Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e


o caruncho os destoem, e onde os ladrões arrombam e
roubam" (Mateus, VI, 19).
2. "E se tua mão te escandalizar, corta-a; é melhor para ti
entrares mutilado para a vida, do que, tendo as duas mãos, ir
para o inferno", etc. (Marcos, IX, 43).
3. "Não sabeis que sois um templo de Deus, e que o
Espírito de Deus habita em vós?" (I Coríntios, III, 16).
4. "Deste modo vos tornareis filhos de vosso Pai que está
no Céu (...) sede perfeitos como o vosso Pai que está no céu é
perfeito (Mateus, V, 45-8).
5. "Fazei ao próximo o ver Max Müller, Chips, I, pp. 304 e s.).
6. "A Lua brilha mesmo na casa do pecador" (Manu).
7. "Dá-se àqueles que dão; rouba-se aqueles que roubam"
(Ibid.).
8. "Só a pureza da mente permite ver a Deus" (ibid.) -
ainda hoje é uma máxima popular na Índia.
que desejais que o próximo vos faça."
6. "Ele faz nascer o seu Sol igualmente sobre maus e bons,
e cair a chuva sobre justos e injustos" ( Mateus, V, 45).
7. "Pois àquele que tem, lhe será dado (...) ao que não tem,
mesmo o que tem lhe será tirado" (Mateus, XIII, 12).
8. "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a
Deus" (Mateus, V, 8).
R. A. Gilbert
Não há nenhuma dúvida de que Paulo foi iniciado nos
mistérios teúrgicos. A sua linguagem, a fraseologia tão
peculiar aos filósofos gregos, certas expressões usadas pelos
iniciados, são muitos sinais saudáveis para essa suposição.
Nossa suspeita foi reforçada por um artigo muito bem escrito,
publicado em jornais nova-iorquinos, intitulado Paul and
Plato, em que seu autor emite uma observação notável e, para
nós, muito preciosa. Nas suas Epístolas aos Coríntios, ele nos
mostra um Paulo abundante em "expressões sugeridas pelas
iniciações de Sabazius e Elêusis e pelas leituras dos filósofos
Igregos]. Ele [Paulo] se diz um idiotês - uma pessoa ignorante
no que concerne à Palavra, mas não à gnósis ou conhecimento
filosófico. 'Dizemos sabedoria entre os perfeitos ou iniciados' -
escreve ele - 'não a sabedoria divina num mistério, secreta -
que nenhum dos arcontes deste mundo conheceu" (I
Coríntios, II, 6-8).
O que mais quer o apóstolo dizer com estas palavras inequívo-
cas, senão que ele próprio, que fazia parte dos mystae
(iniciados), falava de coisas expostas e explicadas apenas nos
mistérios? A "sabedoria divina num mistério que nenhum dos
arcontes deste mundo conheceu" faz evidentemente alguma
referência direta ao basileus da iniciação eleusiana que ele
conhecia. O basileus pertencia à comitiva do grande
hierofante e era um arconte de Atenas; e, assim, era um dos
principais mystae, pertencente aos mistérios interiores, aos
quais apenas um número muito seleto e pequeno tinha acesso.
Os magistrados que supervisionavam os eleusianos eram
chamados arcontes.
Uma outra prova de que Paulo pertencia ao círculo dos
"iniciados" repousa no seguinte fato. Sua cabeça foi tosquiada
em Anchrea (onde Lúcio Apuleio foi iniciado) porque "ele
tinha um voto". Os nazars - ou os pontos à parte -, como
vemos nas Escrituras judaicas, tinham de cortar seus cabelos,
que usavam longos, e que "nenhuma navalha tocou" em tempo
algum, e sacrificá-los no altar da iniciação. E os nazars eram
uma classe de teurgos caudeus. Veremos depois que Jesus
pertenceu a essa classe.
Paulo declara que "De acordo com a graça de Deus que me foi
dada, como sábio arquiteto lancei o fundamento" (I Coríntios
III, 10).
Esta expressão, arquiteto, usada apenas uma vez em toda a
Bíblia, e justamente por Paulo, pode ser considerada como
uma verdadeira revelação. Nos mistérios, a terceira parte dos
ritos era chamada Epopteia, ou revelação, recepção dos
segredos. Em substância, ela significa aquele estágio de
clarividência divina em que tudo o que pertence a esta Terra
desaparece e a visão é terrena, é paralisada e a alma pura e
livre une-se ao seu Espírito, ou Deus. Mas a significação real
da palavra é "vigilante" - eu me vejo. Em sânscrito, a palavra
avâpta tem o mesmo significado, e também o de obter. O
título de mestre-pedreiro, na Franco-Maçonaria, deriva daí,
no sentido que ele tinha nos mistérios. Em conseqüência,
quando Paulo se diz ser um "arquiteto", ele está usando uma
palavra eminentemente cabalística, teúrgica e maçônica, e que
nenhum dos outros apóstolos utiliza. Assim, ele se declara um
adepto, que tem o direito de iniciar outros.
H. P. Blavatsky
"Os homens mais sábios e melhores do mundo pagão",
acrescenta o Dr. Warburton, "são unânimes em dizer que os
mistérios foram instituídos puros e se propunham aos fins
mais nobres pelos meios louváveis".
Embora pessoas de ambos os sexos e de todas as classes
pudessem participar desses ritos célebres, e mesmo que uma
certa participação fosse obrigatória, pouco numerosos eram
aqueles que atingiam a iniciação final e mais elevada. A
gradação dos mistérios foi- nos dada por Proclo, no quarto
livro da sua Teologia de Platão. "O rito perfective precede a
iniciação e a iniciação, o apocalipse final, epopteia". Teon de
Esmirna, na sua Matemática, também divide os ritos dos
mistérios em cinco partes: "a primeira consiste na purificação
prévia, pois os mistérios não são transmitidos a todos que os
querem receber; mas há algumas pessoas que são impedidas
pela voz do arauto, pois é necessário que aqueles que não
desejam ser excluídos dos mistérios, sejam primeiramente
aprimorados por certas purificações às quais se seguem os ritos
sagrados: mas a recepção dos ritos sagrados sucede à
purificação. A terceira parte é denominada epopteia, recepção.
E a quarta, que é o fim e o objetivo da revelação, consiste em
enfaixar a cabeça e cingi-la com as coroas (...) após o que ele [o
iniciado] se torna um portador do archote, ou um hierofante
dos mistérios, ou exerça outra função qualquer no ofício
sacerdotal. Mas a quinta, que é o resultado de todas as
anteriores, é a amizade e a comunhão interior com Deus (...)".
E este era o último e o mais solene dos mistérios.
Idem
Esse era o objetivo principal dos mistérios, tachado de
diabólico pela Teologia e ridicularizado pelos simbologistas
modernos. Negar que há no homem certos poderes arcanos
que ele pode desenvolver, pelo estudo psicológico, até o grau
mais elevado, torna-se um hierofante e então transmiti-lo a
outros sob as mesmas condições de disciplina terrena é acusar
de falsidade e de loucura os melhores, os mais puros e os mais
sábios homens da Antigüidade e da Idade Média. Eles nunca
permitiram que alguém sequer suspeitasse daquilo que era
dado ao hierofante na última hora e, entretanto, Pitágoras,
Platão, Plotino, Jâmblico, Proclo e muitos outros conheceram
os mistérios e afirmaram a sua realidade.
Seja no "templo interior', ou através do estudo privado da
teurgia, ou pelo esforço de toda uma vida de trabalho
espiritual, todos eles obtiveram a prova prática dessas
possibilidades divinas para o homem na Terra em sua luta com
a vida para merecer a vida na eternidade. Platão faz no Fedro
(250 B. C.) uma alusão ao que devia ser a última epopteia: "(...)
iniciados nesses mistérios, aos quais é justo chamar de os mais
sagrados de todos os mistérios (...) estamos livres das
molestações dos males que nos esperariam num período
futuro. Da mesma maneira, em conseqüência dessa iniciação
divina, tornamo-nos espectadores de visões divinas inteiras,
simples, imóveis que têm sede na luz pura". Essa frase nos
mostra que eles tinham visões, deuses, espíritos. Como Taylor
observa corretamente, podemos concluir, dessas passagens
emprestadas às obras dos iniciados, que "a parte mais sublime
da epopteia (...) consistia na visão dos próprios deuses
resplandentes da luz", ou espíritos planetários superiores. A
afirmação de Proclo a respeito desse assunto é inequívoca:
"Em todas as iniciações e em todos os mistérios, os deuses
apresentam-se sob muitas formas e surgem numa variedade de
estados. E, às vezes, na verdade, eles se apresentam à visão
numa luz sem forma; às vezes essa luz está de acordo com uma
forma humana, e às vezes assume um estado diferente".
Idem

O caso de Sócrates nos prova o perigo da mediunidade


destreinada e como os sábios antigos, que o haviam
compreendido, tinham razão em tomar suas precauções a esse
respeito. O velho filósofo grego era um "médium"; em
conseqüência, nunca fora iniciado nos mistérios, pois essa era
a lei rigorosa. Mas ele possuía o seu "espírito familiar", como
se dizia, o seu daimonion, e este conselheiro invisível tornou-
se a causa da sua morte. Acredita-se geralmente que, se ele
não foi iniciado nos mistérios, é porque ele mesmo não o quis.
Mas os Anais secretos nos informam que foi porque ele não
podia ser admitido aos ritos sagrados, e isso, precisamente, por
causa da sua mediunidade. Havia uma lei contra a admissão
não só daqueles que se sabia praticavam a feitiçaria, mas
também daqueles que se acreditava possuírem um "espírito
familiar". A lei era justa e lógica, porque um médium genuíno
é mais ou menos irresponsável e as excentricidades de Sócrates
se explicam, de certa maneira, por este fato. Um médium deve
ser passivo: e se ele tem fé cega no seu "espírito-guia",
permitirá que este o domine, em vez de ser dominado pelas
regras do santuário. Um médium dos tempos antigos, como o
"médium" moderno, estava sujeito a entrar em transe sob
dependência da vontade do "poder" que o controlava; assim,
não se podia confiar a ele os terríveis segredos da iniciação
final, "que não deviam ser revelados, sob pena de morte". O
velho sábio, em momentos descuidados de "inspiração
espiritual", revelou aquilo que nunca havia aprendido e, assim,
foi condenado à morte como ateu. Como, então, é possível,
tomando-se o exemplo de Sócrates, em relação às visões e às
maravilhas espirituais dos apoptai do Templo Interior, afirmar
que esses videntes, teurgos e taumaturgos fossem todos eles
"espíritos-médiuns"? Nem Pitágoras, Platão ou qualquer um
dos últimos neoplatônicos mais importantes: nem Jâmblico,
Longino, Proclo ou Apolônio de Tiara - nenhum deles foi
médium; se o fossem, não teriam sido admitidos nos mistérios.
Taylor diz que "A afirmação das visões divinas nos mistérios
está claramente confirmada por Plotino. E, em suma, aquela
evocação mágica formava uma parte do ofício sacerdotal dos
mistérios e essa era a crença universal de toda a Antigüidade
muito tempo antes dos primeiros platônicos" - tudo isto prova
que, além da "mediunidade" natural existia, desde o começo
dos tempos, uma ciência misteriosa, discutida por muitos, mas
só conhecida por poucos.
Peter Kodera
Iniciação de um Discípulo de Orfeu
...Orfeu e seu discípulo desceram por uma galeria subterrânea
para a cripta sagrada, que se prolongava no coração da
montanha e à qual somente o hierofante tinha acesso. Lá o
inspirado dos Deuses se entregava a suas meditações solitárias
ou prosseguia, com seus adeptos, as elevadas obras da magia e
da teurgia.
Ao seu redor, estendia-se um espaço imenso e cavernoso. Dois
archotes fixados no chão vagamente iluminavam as muralhas
fendidas e as profundezas tenebrosas. A alguns passos, uma
fenda negra se escancarava no solo; um vapor quente saía dali,
e este abismo parecia descer às entranhas da terra. Um
pequeno altar onde queimavam um fogo de loureiro seco e
uma esfinge de pórfiro vigiavam suas bordas. Mais distante, a
uma altura incomensurável, a caverna recebia a claridade do
céu estrelado por uma fenda oblíqua. Esse pálido raio de luz
azulada parecia o olho do firmamento mergulhando naquele
abismo.
Então, Orfeu disse ao discípulo:
- Tu bebestes nas fontes da luz santa. Entraste com o coração
puro no seio dos mistérios. Chegou a hora solene de fazer-te
penetrar nas fontes da vida e da luz. Aqueles que não
ergueram o véu espesso que encobre aos olhos dos homens as
maravilhas invisíveis, não se tornam filhos dos Deuses.
Escuta, pois, as verdades que é preciso calar à multidão e que
fazem a força dos santuários:
Deus é uno e sempre semelhante a Ele mesmo. Ele reina em
toda a parte. Mas os Deuses são inúmeros e diversos, porque a
divindade é eterna e infinita. Os maiores são as almas dos
astros. Sóis, Estrelas, Terras e Luas, cada astro tem o seu, e
todos são resultantes do fogo celeste de Zeus e da luz
primitiva. Semi-conscientes, inacessíveis, imutáveis, eles
regem o grande conjunto de seus movimentos regulares. Ora,
cada astro que gira arrasta, em sua esfera etérea, falanges de
semideuses ou almas resplandecentes, que outrora foram
homens, e que, após terem descido a escala dos reinos
gloriosamente tornaram a subir os ciclos, para saírem,
finalmente, do círculo das gerações. É por meio desses divinos
espíritos que Deus respira, age, aparece. Que digo eu? Eles são
o sopro de sua alma viva, os raios de sua consciência eterna.
Comandam os exércitos dos espíritos inferiores que atuam nos
elementos. Dirigem os mundos. De longe, de perto, eles nos
cercam e, embora de essência imortal, revestem-se de forma
sempre variável, conforme os povos, os tempos e as regiões. O
ímpio que os nega, teme-os. O homem piedoso adora-os sem
conhecê-los. O iniciado os conhece, atrai e vê. Se lutei para
encontrá-los, se desafiei a morte, se, como se diz, desci aos
infernos, foi para dominar os demônios do abismo, para
chamar os Deuses do alto sobre a minha Grécia amada, para
que o Céu profundo se case com a Terra e que a Terra
encantada escute as vozes divinas. A beleza celeste se
encarnará no corpo das mulheres, o fogo de Zeus circulará no
sangue dos heróis. E muito antes de subirem aos astros, os
filhos dos Deuses resplandecerão como os Imortais.
Sabes o que é a Lira de Orfeu? O som dos templos inspirados.
Tem o Deuses como cordas. A sua música, a Grécia se afinará
como uma lira e o próprio mármore cantará em cadências
brilhantes, em celestes harmonias.
Agora evocarei meus Deuses, para que eles te apareçam vivos
e te mostrem, numa visão profética, o místico himeneu que
preparo para o mundo e que os iniciados verão.
Deita-te ao abrigo desta rocha. Nada temas. Um sono mágico
fechará tuas pálpebras. Tremerás no início e verás coisas
terríveis. Mas, em seguida, uma luz deliciosa, uma felicidade
desconhecida inundará teus sentimentos e todo o teu ser.

O discípulo já se encolhera no ninho cavado em forma de leito


na rocha. Orfeu pôs algumas gotas de perfume no fogo do
altar. Depois tomou seu cetro de ébano, cuja cabeça de cristal
flamejante, colocou-se junto da esfinge e, clamando com uma
voz profunda começou a invocação:

Cibele! Cibele! Grande mãe, ouve-me! Luz original, chama


ágil, etérea e sempre saltitante através dos espaços, que
encerras as imagens de todas as coisas! Invoco os teus corcéis
fulgurantes de luz. Oh! alma universal, criadora dos abismos,
semeadora dos sóis, que arrasta pelo Éter teu manto estrelado!
Luz sutil, oculta, invisível aos olhos da carne! Grande mãe dos
Mundos e dos Deuses, tu, que encerras os tipos eternos!
Antiga Cibele, a mim! a mim! Por meu cetro mágico, por meu
pacto com as Potências, pela alma de Eurídice!... Eu te evoco.
Esposa multiforme, dócil e vibrante sob o fogo do Macho
eterno. Do mais alto dos espaços, do mais profundo dos
abismos, de todas as partes vem, aflui, enche esta caverna com
teus eflúvios. Cerca o filho dos Mistérios com uma muralha de
diamante e faz que ele veja em teu seio profundo os Espíritos
do Abismo, da Terra e dos Céus.
Edouard Schuré

Em um antigo texto oriental, encontramos o seguinte tipo de


instrução:
Antes de poder agir, você deve ser.
Antes de poder ser, você deve nascer.
Antes de poder nascer, você deve morrer.
Antes de poder morrer, você deve ser despertado.
A última linha nos revela que o texto não se refere à morte
física, nem à reencarnação, mas a um tema iniciatório.
Ragon

Ninguém pode achar a Deus no macrocosmo do universo


exterior sem que primeiro o encontre no microcosmo do seu
próprio Eu interior. Uma vez, porém, que o homem
encontrou a Deus dentro de si mesmo, encontra-o
espontaneamente por toda a parte, até num inseto ou numa
flor, mesmo lá onde Deus não parecia existir. É que Deus está
sempre presente ao homem, mas o homem muitas vezes está
ausente de Deus. O reino de Deus está dentro de cada homem,
mas nem todo homem está no reino de Deus. Para ver o reino
de Deus dentro de si deve o homem renascer pelo espírito,
abrir os olhos do seu verdadeiro Eu divino, passar da
insipiência para a sapiência, da cegueira para a vidência, das
trevas para a luz, da morte para a vida, da profanidade
material para a iniciação espiritual.
C. W. Leadbeater

O ciclo da Iniciação era uma reprodução em miniatura


daquela grande série de transformações cósmicas, a que os
astrônomos deram o nome de ano tropical ou sideral. Assim
como, no fim do ciclo do ano sideral (25.868 anos), voltam os
corpos celestes às mesmas posições relativas que ocupavam no
início, da mesma forma, ao terminar o ciclo da Iniciação, o
homem interior readquire o primitivo estado de pureza e
conhecimento divino, de onde partiu ao empreender o seu
ciclo de encarnações terrestres.
Moisés, Iniciado na Mistagogia egípcia, baseou os mistérios
religiosos da nova nação, que fundou, sobre a mesma fórmula
abstrata derivada daquele ciclo sideral, que simbolizou sob a
forma e as medidas do Tabernáculo, por ele construído no
deserto, conforme se supõe. Com esses dados prepararam os
Grão-sacerdotes judeus, posteriormente, a alegoria do Templo
de Salomão. Se, portanto, as medidas desse templo, símbolo do
ciclo da Iniciação, coincidem com as da Grande Pirâmide, é
porque derivaram destas últimas, por intermédio do
Tabernáculo de Moisés.
Annie Besant

Toda Iniciação real é um processo interno e não externo. A


cerimônia exterior é morta e de utilidade apenas como
símbolo e ilustração, esclarecendo assim a mudança interna.
Transformar significa regenerar (dominar a si próprio), e isso
se dá por provas, esforços, pela desilusão, pelo fracasso; é uma
renovação diária de luta. E assim que o homem deve realizar a
sua própria salvação. A consumação da iniciação é o encontro
do Cristo.
O problema da verdadeira Iniciação, ou treino no ocultismo,
consiste em colocar todas as operações do corpo sob o domínio
da Vontade; está no libertar o Ego do domínio dos apetites,
das paixões e de toda a natureza inferior. Essa idéia não
consiste em desprezar o corpo, mas sim em purificá-lo ou
transmutá-lo. Não é destruir os apetites, mas sim elevá-los e
dominá-los absolutamente, e isso é conhecido, na Alquimia,
pelo nome de transmutação. Este domínio da natureza inferior
não muda a Chave da natureza física como tal; porém a
subordina à de um Plano Superior.
Idem

A iniciação era uma refundição completa do caráter, um


acordar das faculdades latentes da alma. Somente quando
tinha sabido extinguir em si o fogo das paixões, comprimir os
desejos impuros, orientar os impulsos do seu ser para o Bem e
para o Belo, é que o adepto participava dos grandes mistérios.
Obtinha, então, certos poderes sobre a Natureza, e
comunicava-se com as potências ocultas do Universo.
Não deixam subsistir dúvida alguma sobre tal ponto os
testemunhos da História a respeito de Apolônio de Tiana e de
Simão, o Mago, bem como os fatos, pretensamente
miraculosos, levados a efeito por Moisés e pelo Cristo. Os
iniciados conheciam os segredos das forças fluídicas e
magnéticas.
O iniciado sabia unir-se a todos e orar com todos. Honrava
Brahma na índia, Osíris em Mênfis, Júpiter na Olímpia, como
pálidas imagens da Potência Suprema, diretora das almas e dos
mundos. É assim que a verdadeira religião se eleva acima de
todas as crenças e a nenhuma maldiz.
O ensino dos santuários produz homens realmente prodigiosos
pela elevação de vistas e pelo valor das obras realizadas, uma
elite de pensadores e de homens de ação, cujos nomes se
encontram em todas as páginas da História. Daí saíram os
grandes reformadores, os fundadores de religiões, os ardentes
propagandistas: Krishna, Zoroastro, Hermes, Moisés,
Pitágoras, Platão e Jesus; todos os que têm posto ao alcance das
multidões as verdades sublimes que fazem sua superioridade.
Lançaram aos ventos a semente que fecunda as almas,
promulgaram a lei moral, imutável, sempre e em toda parte
semelhante a si mesma. Mas não souberam os discípulos
guardar intacta a herança dos mestres. Mortos estes, os seus
ensinos ficaram desnaturados e desfigurados por alterações
sucessivas. A mediocridade dos homens não era apta a
perceber as coisas do espírito, e bem depressa as religiões
perderam a sua simplicidade e pureza primitivas. As verdades
que tinham sido ensinadas foram sufocadas sob os pormenores
de uma interpretação grosseira e material. Abusou-se dos
símbolos para chocar a imaginação dos crentes, e, muito
breve, a idéia máter ficou sepultada e esquecida sob eles. A
verdade é comparável às gotas de chuva que oscilam na
extremidade de um ramo. Enquanto aí ficam suspensas,
brilham como puros diamantes aos raios do Sol; desde, porém,
que tocam o chão, confundem-se com todas as impurezas. O
que nos vem de cima mancha-se ao contato terrestre. Até
mesmo ao seio dos templos levou o homem as suas
concupiscências e misérias morais. Por isso, em cada religião,
o erro, este apanágio da Terra, mistura-se com verdade, este
bem dos céus.
Pedro H. L. Casais

Entretanto, nas margens do Mar Morto, alguns homens


conservam no recesso a tradição dos profetas e o segredo da
pura doutrina. Os essênios, grupo de iniciados cujas colônias
se estendem até ao vale do Nilo, abertamente se entregam ao
exercício da medicina, porém o seu fim real é mais elevado:
consiste em ensinar, a um pequeno número de adeptos, as leis
superiores do Universo e da vida. Sua doutrina é quase
idêntica à de Pitágoras. Admitem a preexistência e as vidas
sucessivas da alma; prestam a Deus o culto do espírito.
Nos essênios, como entre os sacerdotes de Mênfis, a iniciação é
graduada e requer vários anos de preparo. Seus costumes são
irrepreensíveis; passam a vida no estudo e na contemplação,
longe das agitações políticas, longe dos enredos do sacerdócio
ávido e invejoso.
Foi evidentemente entre eles que Jesus passou os anos que
precederam o seu apostolado, anos sobre os quais os
Evangelhos guardam um silêncio absoluto. Tudo o indica: a
identidade dos seus intuitos com os dos essênios, o auxílio que
estes lhe prestaram em várias circunstâncias, a hospitalidade
gratuita que, a título de adepto, ele recebia, e a fusão final da
ordem com os primeiros cristãos, fusão de que saiu o
Cristianismo esotérico.
Geoffrey Hodson

Agora, que a alusão fica perfeitamente explicada, solicitamos


que sejam dados os passos naquele sentido; mas é fora de
dúvida que os evolucionistas se negarão hoje a fazê-lo, como
se negaram há anos. A Ciência e a Teologia estão contra nós;
temos, pois, que enfrentá-las e formular a nossa defesa.
Fundando-se em vagas metáforas disseminadas aqui e ali pelos
profetas, e no Apocalipse, de São João, majestosa versão do
Livro de Enoch reeditado, edificou a Igreja, sobre bases assim
tão inseguras, a sua epopéia dogmática da Guerra no Céu. Fez
mais: utilizou as visões simbólicas, só inteligíveis para os
Iniciados, como colunas destinadas a suportar todo o peso do
enorme edifício de sua religião. Ora, apurou-se agora que essas
colunas não passavam de débeis caniços; e a habilidosa
construção ameaça desmoronar. Todo o tema cristão repousa
sobre estes Jakin e Bohaz: as duas forças opostas do Bem e do
Mal, de Cristo e de Satã (forças benignas e malignas). Tire-se
ao cristianismo o seu principal ponto de apoio, os Anjos
Caídos, e o Jardim do Éden se desvanecerá nos ares, com o seu
Adão e Eva; e o Cristo, em seu caráter exclusivista de Único
Deus e Salvador, e de Vítima expiatória dos pecados do
homem-animal, se converterá em um mito inútil e sem
sentido.
Mais uma vez dizemos: é uma simples questão de prioridade.
Se o Apocalipse de São João tivesse sido escrito no período
Védico, e se não houvesse hoje a certeza de que é
simplesmente outra versão do Livro de Enoch e das lendas do
Dragão da antigüidade pagã, a grandiosidade e a beleza das
imagens poderiam inclinar a opinião do crítico em favor da
interpretação cristã sobre essa primeira Guerra, cujo campo de
batalha foi o Céu estrelado, e os primeiros mortos os Anjos.
No estado atual das coisas, porém, impõe-se remontar o
Apocalipse, sucesso por sucesso, a outras visões bem mais
antigas. Para melhor compreensão das alegorias apocalípticas e
da epopéia Esotérica, pedimos ao leitor que se dirija ao
Apocalipse e leia o capítulo III, do versículo lo ao versículo 7o.
Tem esse capítulo vários significados, e nele já se descobriu
muita coisa acerca das chaves astronômica e numérica daquele
mito universal. O que agora podemos mostrar é um
fragmento, são algumas indicações do seu sentido oculto, que
traduzem a reminiscência de uma guerra verdadeira, a luta
entre os Iniciados das duas Escolas. Muitas e variadas são as
alegorias que ainda existem, construídas sobre esta mesma
pedra fundamental. A história real, e que revela todo o
significado esotérico, encontra-se nos Livros Secretos.
C. W Leadbeater

Soma é, astronomicamente, a Lua; mas, na fraseologia mística,


é também o nome da poção sagrada que os Iniciados e os
Brâmanes bebiam durante os seus mistérios e os ritos do
sacrifício. A planta Soma é a Asclepia acida, que produz um
suco do qual se faz a bebida mística que tem o mesmo nome
de Soma. Os descendentes do Richis, os Agnihotris ou
Sacerdotes do Fogo dos grandes Mistérios, eram os únicos que
conheciam todas as virtudes da bebida. Mas a verdadeira
propriedade do Soma real consistia (e consiste ainda) em fazer
do Iniciado um "novo homem", após o seu "renascimento",
isto é, quando ele principia a viver em seu Corpo Astral; pois a
sua natureza espiritual, sobrepondo-se à física, o leva dentro
em pouco a desfazer-se desta a separar-se mesmo daquela
forma etérea.
Antigamente nunca se dava o Soma aos Brâmanes não-
iniciados - os simples Grihastas ou sacerdotes do ritual
exotérico. Assim, Brihaspati, embora fosse o "Guru dos
Deuses", não deixava de também representar a letra morta do
culto. E Tarâ, sua esposa - símbolo do que, embora aliado ao
culto dogmático, aspira à verdadeira Sabedoria -, quem
aparece como iniciada nos mistérios do Rei Soma, o
distribuidor da mesma Sabedoria. Por isso, a alegoria dá o rei
Soma como tendo-a raptado. O resultado é o nascimento de
Buddha, a Sabedoria Esotérica - Mercúrio ou Hermes, na
Grécia e no Egito. Ele é representado como sendo "de tal
modo belo" que o próprio esposo, ainda sabendo que Buddha
não é o fruto do seu culto da letra morta, reclama o "recém-
nascido" como seu Filho, fruto dos seus ritos e fórmulas sem
sentido. Tal é, em poucas palavras, um dos significados da
alegoria.
Ernest Wood

O Dragão também é um mistério. Razão tem o Rabino Simeão


Ben Iochai ao dizer que a compreensão do significado do
Dragão não é para os "companheiros" (estudantes ou cheias),
mas somente para os "pequenos", ou seja, os perfeitos
Iniciados.
Os companheiros compreendem a obra do princípio; mas só
os pequenos entendem a parábola da obra do principium pelo
Mistério da Serpente do Grande Mar.
E os Cristãos que cheguem a ler estas páginas compreenderão,
à luz do tópico acima, quem era o seu "Cristo". Pois Jesus
declara repetidamente que "aquele que não receber o reino de
Deus como um pequenino não entrará nele"; e, se é certo que
algumas de suas palavras se aplicam às crianças, sem metáfora,
a maior parte das referências aos "pequenos", nos Evangelhos,
entendem com os Iniciados, dos quais Jesus era um. Paulo
(Saul) é citado no Talmud com o qualificativo de "pequeno".
Era este o "Mistério da Serpente": Nossa Terra, ou melhor,
nossa vida terrestre, é muitas vezes chamada "o Grande Mar",
nos Ensinamentos Secretos; e o "Mar da Vida" perdura até
hoje como uma metáfora favorita. O Siphra Dtezenioutha fala
do Caos
Primordial e da evolução do Universo após uma Destruição
(Pralaya) comparando-o com uma serpente enroscada.
Idem

Tal era o nome que se dava na antiga Judéia aos Iniciados,


também chamados os "Inocentes" e os "Infantes", isto é, os
"nascidos de novo". Esta chave descerra um horizonte sobre
um dos mistérios do Novo Testamento: o "morticínio" de
40.000 "Inocentes" por Herodes. Existe uma lenda sobre isto, e
o acontecimento, que ocorreu cerca de um século antes de
Cristo, mostra a origem da tradição, que se relaciona também
com a de Krishna e seu tio Kansa. No caso do Novo
Testamento, Herodes representa Alexandre Janneus (de Lida),
cuja perseguição e assassínio de centenas ou milhares de
Iniciados determinaram a adoção da história da Bíblia.
Arthur E. Powell

Sua cabeça se parte nas águas do Grande Mar, pois está


escrito: Tu divides o mar com a tua força, tu partes as cabeças
dos Dragões nas águas.
Refere-se isto às provas dos Iniciados nesta vida física, o "Mar
das Aflições" se lermos com a ajuda de uma chave, à sucessiva
destruição das sete Esferas de uma Cadeia de Mundos, no
Grande Mar do Espaço, se usarmos outra chave; pois cada
Esfera ou global sideral, cada mundo, cada estrela ou grupo de
estrelas, tem no simbolismo o nome de "Cabeça de Dragão".
Mas, de qualquer modo que se leia, jamais o Dragão foi
considerado como o Mal, como tampouco o foi a Serpente, na
antigüidade. Nas metáforas, quer astronômicas, cósmicas,
teogônicas ou simplesmente fisiológicas (ou fálicas), a
Serpente (Cósmica) que corre com 370 saltos, significa isto os
períodos cíclicos do grande Ano Tropical de 25.868 anos,
dividido nos cálculos esotéricos em 370 períodos ou ciclos,
assim como o ano solar se divide em 365 dias. E se Miguel foi
considerado pelos Cristãos como o Vencedor de Satã, o
Dragão, é porque no Talmud aquele personagem guerreiro se
acha representado como o Príncipe das Águas, que tinha sob o
seu comando sete Espíritos subordinados, uma boa razão para
que a Igreja Latina dele fizesse o santo patrono de todos os
promontórios da Europa. No Siphra Dtzenioutha, a Força
Criadora "traça bosquejos de sua criação por meio de linhas
em espiral, com a forma de uma Serpente". Tem a cauda na
boca porque é o símbolo da eternidade sem fim e dos períodos
cíclicos. Suas diferentes significações exigiriam todo um
volume, e devemos terminar.
Idem

A Teologia, porém, não pode admitir esta verdade filosófica.


Ensinando, como ensina, o dogma dos Anjos Caídos no
sentido da letra morta, e, tendo feito de Satã a pedra angular e
a coluna em que assenta o dogma da redenção, admitir outra
coisa seria um suicídio. Sustentando, como sustentou, que os
Anjos Rebeldes eram distintos de Deus e do Logos em suas
personalidades, concordar em que a queda dos Espíritos
desobedientes significava simplesmente a sua queda na
geração e na matéria equivaleria a dizer que Deus e Satã são
idênticos. Porque, se o Logos ou Deus é o agregado daquela
Legião, dantes divina, que é acusado de haver caído, a
conseqüência natural é que o Logos e Satã não passam de um
só.
Tal era, no entanto, a verdadeira idéia filosófica da
antigüidade sobre essa doutrina agora desfigurada. O Verbo,
ou "Filho", era representado sob um duplo aspecto pelos
gnósticos pagãos; na verdade era um dualismo em completa
unidade. Daí as versões nacionais inumeráveis. Os gregos
tinham Júpiter, filho de Cronos, o Pai, que o precipita nas
profundezas do Cosmos. Os arianos tinham Brahmâ (na
teologia mais recente), projetado por Shiva no Abismo das
Trevas, etc. Mas a Queda de todos estes Logos e Demiurgos do
alto de sua posição primitiva tinha, em todos os casos, um
mesmo sentido esotérico: Maldição, do ponto de vista
filosófico, consistia no encarnar-se nesta Terra; degrau
inefável na Escala da Evolução Cósmica, lei Kármica
altamente filosófica e adequada, sem a qual a presença do Mal
na Terra permaneceria para sempre um mistério impenetrável
à compreensão da verdadeira filosofia. Dizer, como o faz o
autor de Esprits Tombés des Paiens, que, uma vez que "Está o
Cristianismo apoiado em duas colunas, a do mal e a do bem;
numa palavra, em duas forças; se suprimirmos o castigo das
forças más, a missão protetora das potências do bem não teria
nem valor nem sentido", é enunciar o mais anti-filosófico dos
absurdos. Se ele está de acordo com o dogma cristão, e o
explica, em compensação obscurece os fatos e a Sabedoria
primitiva das idades. As prudentes alusões de Paulo encerram
todo o sentido esotérico verdadeiro, e foram necessários
séculos de casuística escolástica para lhes dar o falso colorido
das interpretações atuais. O Verbo e Lúcifer são um só em seu
aspecto dual; e o "Príncipe do Ar" (princeps aéris hujus) não é
o "Deus daquele período", mas um princípio eterno. Quando
se disse que este último estava sempre dando voltas ao redor
do mundo (qui circumambulat terram), o grande Apóstolo
simplesmente tinha em vista os ciclos incessantes das
Encarnações humanas, nas quais predominará o mal até o dia
em que a Humanidade seja redimida pela verdadeira
Iluminação divina que é a exata percepção das coisas.
E fácil deturpar o sentido de expressões vagas, escritas em
línguas mortas e há tanto tempo esquecidas, e depois
apresentá-la astutamente às massas ignorantes como verdades
e fatos revelados. A identidade de pensamento e de
significação é o que primeiro impressiona o estudante em
todas as religiões que mencionam a tradição dos Espíritos
Caídos; e nessas grandes religiões não há uma só que deixe de
fazer-lhe referência ou não as descreva de uma ou de outra
forma. Assim, Hoang-Ty, o Grande Espírito, vê caírem os seus
Filhos, que haviam adquirido a sabedoria ativa, no Vale das
Misérias. Seu chefe, o DRAGÃO VOADOR, tendo bebido da
Ambrosia proibida, caiu na Terra juntamente com a sua
Legião (os Reis). No Zend Avesta, Angra Mainyu (Ahriman),
rodeando-se de Fogo (as "Chamas" das Estâncias), tenta
conquistar os Céus, quando Ahura Mazda, descendo do Céu
sólido em que habita, para vir em socorro dos Céus que giram
(no tempo e no espaço, os mundos manifestados dos ciclos,
inclusive os de encarnação) e dos Amshaspends, os "sete
brilhantes Sravah", acompanhados de suas estrelas, luta contra
Ahriman, e os Devas vencidos caem na Terra com ele. No
Vendidad, os Daêvas são chamados "malfeitores", contando-se
como se precipitaram "nas profundezas do mundo do inferno",
ou da Matéria. E uma alegoria, que mostra os Devas obrigados
a encarnar-se, desde o momento em que se separaram de sua
Essência-Máter, ou, em outras palavras, desde a Unidade se
tornou múltipla, após a diferenciação e a manifestação.
Tífon, o Píton egípcio, os Titãs, os Suras e os Asuras
pertencem todos à mesma lenda de Espíritos que povoam a
Terra. Não são "Demônios incumbidos de criar e organizar
este universo visível", mas os Moderadores ou Arquitetos dos
Mundos, e os Progenitores do Homem. São, metaforicamente,
os Anjos Caídos - os "espelhos verdadeiros" da "Sabedoria
Eterna".
Qual é a verdade completa acerca desse mito universal, e a sua
significação esotérica? Toda a essência da verdade não pode
ser transmitida da boca ao ouvido. Nem tampouco pode a pena
descrevê-la, nem mesmo a do Anjo Registrador; o homem tem
que descobrir a resposta no santuário do próprio coração, nos
recônditos de sua intuição divina. É o SÉTIMO grande
MISTÉRIO da Criação, primeiro e último; e os que leiam o
Apocalipse de São João podem encontrar a sua sombra oculta
sob o sétimo selo. Não se pode representá-lo senão em sua
forma objetiva aparente, como o eterno enigma da Esfinge. Se
a Esfinge se jogou no mar e pereceu, não foi porque Édipo
houvesse descoberto o segredo das idades, e sim porque,
antropomorfizando o eternamente espiritual e o subjetivo,
havia desonrado para sempre a grande verdade. E por isso não
podemos dá-la senão nos planos filosófico e intelectual,
abertos respectivamente com três chaves - pois as quatro
últimas das sete chaves que abrem de par em par os portais dos
Mistérios da Natureza estão em mãos dos mais altos Iniciados,
e não podem ser divulgadas às massas, pelo menos neste
século.
A letra morta é a mesma em toda parte. O dualismo da religião
masdeísta nasceu da interpretação exotérica. O santo
Airyaman. Evidencia-se deste modo, uma vez mais, que não é
possível considerar os chamados "mitos" com, pelo menos,
alguma dose de justiça, sem que tenham sido examinados de
perto e atentamente em todos os seus aspectos. Em verdade,
cada uma das sete chaves deve ser usada corretamente, nunca
se confundindo com as outras - se deseja descerrar o véu de
todo o ciclo dos mistérios. Em nossos dias de lúgubre
Materialismo destruidor de almas, os antigos Sacerdotes
Iniciados se converteram, na opinião das nossas sábias
gerações, em sinônimos de hábeis impostores, que atiçavam o
fogo da superstição para obter um domínio mais fácil sobre as
mentes humanas. Eis uma calúnia sem o menor fundamento,
obra do ceticismo e de pensamentos pouco generosos.
Ninguém acreditava nos Deuses mais do que eles - ou,
podemos dizer nos Poderes espirituais agora invisíveis, ou
Espíritos, os Números dos fenômenos; e acreditavam
simplesmente porque sabiam. E, ainda quando, depois de
iniciados nos mistérios da Natureza, fossem obrigados a
ocultar os seus conhecimentos aos profanos que por certo
teriam abusado deles, tal segredo era indubitavelmente menos
perigoso do que o procedimento seguido por seus usurpadores
e sucessores. Os primeiros ensinavam somente o que
realmente sabiam. Os últimos, ensinando o que não sabiam,
como seguro refúgio de sua ignorância, uma Divindade
ciumenta e cruel, que proíbe o homem de perscrutar os seus
mistérios, sob pena de condenação; e fizeram bem, porque os
seus mistérios, quando muito, podem ser insinuados a
ouvintes condescendentes, mas nunca ser descritos.
Annie Besant

A Doutrina Secreta nos ensina que tudo no Universo, assim


como o próprio Universo, é formado ("criado"), durante suas
manifestações periódicas no mundo fenomenal, pelo
MOVIMENTO acelerado posto em atividade pelo SOPRO do
Poder sempre desconhecido - desconhecido para a
humanidade atual, pelo menos. O Espírito da Vida e da
Imortalidade era em toda a parte simbolizado por um círculo;
e por isso a serpente que morde a própria cauda representa o
Círculo da Sabedoria do Infinito, tal como a cruz astronômica,
a cruz inscrita no círculo, e o globo de duas-asas, que se
converteu depois no Escaravelho sagrado dos Egípcios e cujo
nome sugere mesmo a idéia secreta que simbolizava. Porque,
nos papiros egípcios, o Escaravelho é chamado Khopirron e
Khopri, do verbo khopron, "vir a ser", e por isso foi escolhido
como símbolo e emblema da vida humana e do sucessivo "vir a
ser" do homem através das diversas peregrinações e
metempsicoses ou reencarnações da alma libertada. O símbolo
místico mostra claramente que os egípcios acreditavam na
reencarnação e nas vidas e existências sucessivas da Entidade
Imortal. Como se fosse, porém, uma doutrina esotérica,
somente revelada aos Candidatos durante os Mistérios, pelos
Sacerdotes Hierofantes e os Reis Iniciados, era conservada
secreta. As Inteligências Incorpóreas (os Espíritos Planetários
ou Poderes Criadores) eram sempre representados sob a forma
de círculos. Na primitiva Filosofia dos Hierofantes, estes
círculos invisíveis eram as causas prototípicas e os
construtores de todos os orbes celestes, os corpos e invólucros
visíveis de que eles eram as almas. Este era, certamente, um
ensinamento universal na antigüidade. Conforme diz Proclus:
Antes dos números matemáticos, há os números animados;
antes das cifras aparentes, as cifras vitais; e antes de produzir
os mundos materiais, que se movem em círculo, o Poder
Criador produziu os círculos invisíveis.
"Deus enim et circulus est", diz Ferécides em seu Hino a
Júpiter. Era um axioma hermético, e Pitágoras prescrevia esta
prosternação e postura circular durante as horas de
contemplação. "O devoto deve aproximar-se o mais possível
da forma de um círculo perfeito", diz o Livro Secreto. Numa
tentou vulgarizar o mesmo costume entre as massas, declara
Pierius a seus leitores; e Plínio diz:

Durante o nosso culto, enrolamos o nosso corpo, por assim


dizer, formando um anel -totum corpus circumagimus.
A visão do profeta Ezequiel faz lembrar fortemente este
misticismo do círculo, quando ele vê um "torvelinho" de onde
sai "uma roda sobre a terra", cujo trabalho "era como que o de
uma roda no meio de uma roda" - "pois o espírito da criatura
viva estava nas rodas". (Ezequiel I, 4 15, 16, 20.)
"(O Espírito) dá voltas continuamente, e... retorna de novo,
prosseguindo o seu circuito", diz Salomão; na tradução inglesa
fez-se constar que ele falava no "vento", quando, pelo texto
original, se referiu ao espírito e ao Sol ao mesmo tempo. Mas o
Zohar, que contém a única tradução literal verdadeira do
Pregador cabalista, diz, para explicar esse versículo, talvez
algo obscuro e difícil de compreender:
Parece dizer que o Sol se move em circuitos, quando a
referência é ao Espírito sob o Sol, chamado o Espírito Santo,
que se move em sentido circular, para ambos os lados, a fi m
de se unirem (Ele o Sol) na mesma essência.
C. W. Ceram

Somente Paulo, entre os Apóstolos da religião ocidental,


parece haver compreendido - se não revelado - o mistério
arcaico da cruz. Quanto aos demais, que, crucificando e
individualizando a Presença Universal, a sintetizaram num
único símbolo - o Ponto central do Crucifixo - demonstram
com isso que jamais compreenderam o verdadeiro espírito do
ensinamento de Cristo, antes o degradaram por mais de uma
maneira, com suas interpretações errôneas. Esqueceu-lhes o
espírito deste símbolo universal, que monopolizaram
egoisticamente - como se o Ilimitado e o Infinito pudesse
jamais limitar-se e condicionar-se a uma só manifestação
individualizada em um só homem ou até mesmo em uma só
nação!
Os quatro braços da X, ou cruz decussada, e os da cruz
hermética, indicando os quatro pontos cardeais, eram bem
compreendidos pelas inteligências místicas dos Hindus,
Brâmanes e Budistas, séculos antes de que na Europa se
ouvisse falar nesse símbolo, que era e ainda é encontrado em
todo o mundo. Dobrando as extremidades da cruz, fizeram
dela a sua Svástika, que é hoje o Wan dos Budistas mongóis. A
sua significação é que o "ponto central" não está limitado a um
só indivíduo, por mais perfeito que seja; que o Princípio
(Deus) está na Humanidade, e que a Humanidade, como tudo
o mais, está NELE, à semelhança das gotas de água no oceano;
sendo que as quatro pontas se dirigem para os quatro pontos
cardeais, e se perdem, portanto, no infinito.
Paul Kegan

Assim é; mas o espírito da frase foi sempre mal-compreendido.


"Crucificar ante (e não contra) o Sol" é uma expressão usada
na Iniciação. Provém do Egito e, originariamente, da índia.
Não se pode decifrar o enigma senão obtendo sua chave nos
Mistérios da Iniciação. O Adepto Iniciado, que se saísse bem
em todas as provas, era atado, não cravado, simplesmente
atado a um leito em forma de Tau T, no Egito; em forma de
Svastika, sem os quatro prolongamentos adicionais (+ e não (J-
j ), na Índia; e depois mergulhado em profundo sono - o "Sono
de Siloam", como ainda hoje o chamam os Iniciados da Ásia
Menor, da Síria e até mesmo do Alto Egito. Era mantido nesse
estado durante três dias e três noites, período em que seu Ego
Espiritual, dizia-se, "confabulava" com os Deuses; descia ao
Hades, Amenti ou Pâtâla, conforme o país; e fazia obras de
caridade em prol dos Seres invisíveis, Almas de Homens ou
Espíritos Elementais; permanecendo seu corpo todo o tempo
em uma cripta ou cova subterrânea do templo. No Egito o
corpo era colocado no Sarcófago da Câmara do Rei da
Pirâmide de Cheops, e levado durante a noite que precedia o
terceiro dia para a entrada de uma galeria, onde, em certa
hora, os raios do Sol nascente davam em cheio sobre a face do
Candidato em estado de transe, e então ele despertava para ser
iniciado por Osíris e Thorh, o Deus da Sabedoria.
Ao leitor que duvide das nossas afirmações pedimos que, antes
de negá-las, consulte os originais hebreus. Que examine
alguns dos baixos-relevos egípcios mais sugestivos;
especialmente, um dos que se encontram no templo de Philae,
e que representa uma cena da Iniciação. Dois Deuses -
hierofantes, um com cabeça de falcão (o Sol) e o outro com a
cabeça de íbis (Mercúrio, Thoth, o Deus da Sabedoria e do
Conhecimento Oculto, assessor de Osíris - Sol), estão
inclinados sobre o corpo de um Candidato que acaba de ser
iniciado, e derramam sobre a sua cabeça dois jatos de "água" (a
Agua da Vida e do Renascimento), que se acham entrelaçados
em forma de cruz e cheios de pequenas cruzes de asa. E uma
alegoria ao despertar do Candidato, que é então um Iniciado,
quando os raios do Sol da manhã, Osíris, infletem no alto de
sua cabeça; sendo o corpo em transe colocado em seu Tau de
madeira, de modo que possa receber os raios. Depois aparecem
os Hierofantes-Iniciadores, e as palavras sacramentais são
pronunciadas e dirigidas ostensivamente ao Sol-Osíris, na
realidade o Espírito-Sol interno, que ilumina o homem
renascido.
Que o leitor medite sobre a relação entre o Sol e a cruz, desde
a mais remota antigüidade, em sua dupla capacidade,
geradoras espiritualmente regeneradora. Que examine o
túmulo de Baite-Oxly, no reinado de Ramsés II, onde
encontrará cruzes de todas as formas e em todas as posições,
como, as verá também no trono daquele soberano e ainda em
um fragmento, conservado na Biblioteca Nacional de Paris,
proveniente da Sala dos Antepassados de Tuthmés III, e que
representa a adoração da Bagkan-Alearé. Nesta extraordinária
escultura e pintura se vê o disco do Sol aspergindo os seus
raios sobre uma cruz dessa, colocada sobre outra cruz, da qual
as do Calvário são cópias perfeitas. Os antigos manuscritos se
referem a estas cruzes como os "duros leitos dos que passavam
pelo parto (espiritual), o ato de darem nascimento a si
mesmos". Em salas subterrâneas dos templos egípcios foi
encontrado, quando demolidos, certo número destes "leitos"
cruciformes, sobre os quais eram estendidos e atados os
Candidatos em estado de profundo transe, no final da suprema
Iniciação. Os dignos e santos Padres do tipo de Cirilo e Teófilo
os usaram livremente, crendo que haviam sido levados ali e
ocultos pelos novos conversos. Somente Orígenes e depois
Clemente de Alexandria e outros ex-iniciados sabiam algo
mais a esse respeito; mas preferiram guardar silêncio.
Que o leitor também leia as "fábulas" hindus, como as
chamam os orientalistas, e tenha presente a alegoria de
Vishvakarman, o Poder Criador, o Grande Arquiteto do
Mundo, chamado no Rig Veda o "Deus que tudo vê", que "se
sacrifica a si mesmo". Os Egos Espirituais dos mortais são a sua
própria essência; e com ele se identificam, portanto.
Max Toth

Não é de estranhar que se interpretem erroneamente muitas


parábolas e ensinamentos de Jesus. Desde Orfeu, o primeiro
Adepto que a história pôde vislumbrar por entre as névoas da
era pré-cristã, até Amónio Sacas, passando por Pitágoras,
Confúcio, Buddha, Jesus e Apolônio de Tiana, nunca houve
Instrutor ou Iniciado que deixasse algo escrito para o público.
Todos e cada um deles recomendou invariavelmente silêncio e
sigilo em torno de certos fatos e acontecimentos. Confúcio não
quis explicar pública e satisfatoriamente o que entendia por
seu "Grande Extremo", nem dar a chave para a adivinhação
por meio de "palhas". E Jesus exortou os seus discípulos a que
não dissessem a ninguém que ele era Cristo (Mateus, XVI, 20)
o "homem das dores" e das provações, antes de sua suprema e
final Iniciação, ou que havia realizado um "milagre" de
ressurreição (Marcos, V 43). Os Apóstolos deviam guardar
silêncio, de modo que a mão esquerda ignorasse o que fazia a
direita; ou, para falar mais claramente, de modo que os
perigosos professos da ciência da Mão Esquerda - inimigos
implacáveis dos Adeptos da Mão Direita, especialmente antes
da suprema Iniciação - não se pudessem valer da publicidade
para causar dano tanto ao médico como ao paciente. E, se
alguém pretender que tudo isso não passa de mera suposição,
qual será então o sentido das terríveis palavras:

A vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; mas aos


que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas;
para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e
não entendam; para que se não convertam, e lhes sejam
perdoados os seus pecados (Marcos, IV 11-12).

Estas palavras, se não interpretadas no sentido da lei do


silêncio e do Karma, evidenciariam um espírito
profundamente egoísta e ausente de caridade. Elas se
relacionam diretamente com o terrível dogma da
predestinação.
Consentiria o bom e inteligente cristão em lançar tão cruel
estigma de egoísmo sobre o seu Salvador?
A tarefa de propagar as verdades contidas nas parábolas era
deixada aos discípulos dos grandes Iniciados. Cumpria-lhes o
dever de observar os princípios fundamentais dos
Ensinamentos Secretos, sem lhes revelar os mistérios. Assim o
mostra a história de todos os grandes Adeptos. Pitágoras
dividia seus alunos em duas classes de ouvintes: exotéricos e
esotéricos. E os Magos eram instruídos e iniciados nas
cavernas mais ocultas da Bactria. Quando Josefo menciona que
Abraão ensinava Matemática, queria dizer que ensinava
"Magia", pois no código pitagórico Matemática é sinônimo de
Ciência Esotérica ou Gnose.
Observa o Professor Wilder que:

Os essênios da Judéia e do Carmelo faziam distinções


análogas, dividindo seus prosélitos em neófitos e perfeitos...
Amônio obrigava seus discípulos, mediante juramento, a não
divulgarem suas doutrinas mais importantes, salvo aos que
estivessem completamente instruídos e aptos [preparados para
a Iniciação].
Uma das mais fortes razões que impunham a necessidade de
sigilo rigoroso nos é dada pelo próprio Jesus, a acreditarmos
em Mateus. Eis aqui as palavras do Mestre, segundo o relato
do evangelista:
Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as
vossas pérolas, para que não as esmaguem com os pés, e,
voltando-se, vos despedacem (Mateus, VIII, 6).

Palavras que encerram profunda verdade e sabedoria. Muitos


são os que tiveram que recordá-las em nossa própria época - e
não raro quando já demasiado tarde.
Até Maimonides recomenda o silêncio quanto ao verdadeiro
sentido dos textos bíblicos. Esta injunção contradiz a
afirmação corrente de que a "Sagrada Escritura" é o único livro
deste mundo cujos divinos oráculos contêm a verdade clara e
sem reservas. Para os cabalistas eruditos, é possível que sim;
para os cristãos, é precisamente o contrário. Veja-se o que diz
o sábio filósofo hebreu:

Quem quer que venha a descobrir o verdadeiro sentido do


Livro do Gênesis deve ter o cuidado de não o divulgar: Este é
um preceito que todos os nossos sábios nos repetem,
sobretudo no que se refere aos seis dias da criação. Se alguém
descobrir, por si só ou com a ajuda de outrem, o verdadeiro
significado dos seus dias, deverá guardar silêncio, ou, se por
acaso falar, fazê-lo em termos obscuros e enigmáticos, como
eu o faço, deixando o resto à intuição daqueles que são
capazes de compreendê-lo.
Se o grande filósofo judeu assim reconhece o simbolismo
esotérico do Velho Testamento, é natural que também o
façam os Padres da Igreja com relação ao Novo Testamento e à
Bíblia em geral. Assim, vemos que Orígenes e Clemente de
Alexandria o reconhecem explicitamente.
Clemente, que foi iniciado nos Mistérios de Elêusis, diz que:
"As doutrinas ali ensinadas continham o objeto de todas as
instruções, pois que procediam de Moisés e dos profetas" com
uma ligeira alteração dos fatos, que é perfeitamente
desculpável ao bom Padre. Estas palavras, afinal de contas,
admitem que os Mistérios judaicos eram idênticos aos dos
pagãos gregos, que os tomaram dos egípcios, e estes, por sua
vez, os aprenderam dos caldeus, e estes dos arianos, dos
atlantes, e assim sucessivamente - até muito além dos tempos
daquela Raça. O significado oculto do Evangelho é ainda
publicamente atestado por Clemente, quando diz que os
Mistérios da Fé não devem ser divulgados a todos:
Mas, pois que esta tradição não é proclamada somente para
aquele que percebe a magnificência da palavra, se faz
necessário, portanto, velar com um mistério a sabedoria falada
e ensinada pelo Filho de Deus.
Orígenes não é menos explícito com respeito à Bíblia e suas
fábulas simbólicas. Escreve:
Se devemos ater-nos à terra e interpretar à maneira dos judeus
e das pessoas comuns o que está escrito na Lei, então eu me
envergonho de confessar em voz alta que essas leis procedem
de Deus: as leis humanas parecem melhores e mais racionais.
E tinha razão de "envergonhar-se" o honrado e sincero Padre
do Cristianismo primitivo, ainda em sua época de relativa
pureza. Mas os cristãos do nosso tempo letrado e civilizado de
nada se envergonham; pelo contrário, admitem a "luz" antes
da formação do Sol, o jardim do Eden a baléia de Jonas, e tudo
o mais, e obra o mesmo Orígenes, num assomo de natural
indignação, formule as seguintes perguntas:
Que homem de são juízo assentirá na afirmação de que nos
três primeiros dias, com manhã e tarde, não houvesse nem sol,
nem luz, nem estrelas, e que o primeiro dia não tivesse céu?
Que homem será tão néscio para supor que Deus plantasse
árvores no Paraíso, no Éden, como um lavrador?... Creio que
se devem tomar estas coisas como imagens em que há um
significado oculto.
Vêem-se contudo, milhões desses "néscios", não só no século
III, mas também em nossa era de luz. Quando a isso se
acrescenta a inequívoca declaração de São Paulo, de que a
história de Abraão e seus dois filhos é uma "alegoria", e "Agar
é o monte Sinai", então ninguém pode, em verdade, censurar o
cristão ou o gentio que não vê senão engenhosas alegorias nos
relatos bíblicos.
O rabino Simeão Ben "Jochai", compilador do Zohar, só
oralmente ensinava os pontos mais importantes de sua
doutrina, e ainda assim a um número limitado de discípulos.
Por isso, sem a iniciação final na Mercavah ficará sempre
incompleto o estudo da Cabala; e somente se pode aprender a
Mercavah "nas trevas, em um lugar deserto e depois de muitas
e terríveis provas". Desde a morte daquele grande iniciado
judeu, esta doutrina permanece um arcano inviolável para o
mundo exterior.
Entre os membros da venerável seita dos Tanaim, ou melhor,
dos Tananim ou homens sábios, havia os que ensinavam
praticamente os segredos e iniciavam alguns discípulos no
grande e supremo Mistério. Mas na segunda seção do Mishna
Hagiga se diz que a tábua das matérias da Mercaba
(Mercavah) "deve ser confiada somente aos doutos anciãos". O
Gemara é ainda mais dogmático. Os segredos de maior
importância nos Mistérios não eram revelados nem mesmo a
todos os sacerdotes. Só os iniciados podiam conhecê-los. E
vemos o mesmo rigoroso sigilo prevalecer em todas as
religiões antigas.
Que diz por sua vez a Cabalai Seus grandes rabinos
anatematizavam aquele que aceita verbatim tudo o que eles
dizem. Lemos no Zohar:
Ai do homem que só vê na Thorah (isto é, na Lei) simples
narrações e palavras vulgares! Porque, se em verdade não
contivesse senão isso, nós mesmos seríamos capazes, ainda
hoje, de compor uma Thorah muito mais digna de admiração.
Se nós estivéssemos literalmente às palavras, nada mais
precisaríamos que recorrer aos legisladores da terra, esses que
mais freqüentemente nos aparecem no ápice da grandeza.
Bastaria imitá-los, e elaborar uma Thorah sob a inspiração de
suas palavras e exemplos. Mas não é assim: cada vocábulo da
Thorah encerra um sentido profundo e um mistério sublime...
As narrativas da Thorah são a vestimenta da Thorah. Ai de
quem confunde a vestimenta com a Thorah em. si mesma...
Os simplórios só tomam conhecimento do vestuário, dos rela-
tos da Thorah; de nada mais se advertem; não vêem o que se
acha oculto sob a roupagem. Os doutos não dão atenção ao
traje, senão ao corpo que ele veste. Ensinava Amônio Sacas
que a DOUTRINA SECRETA da Religião-Sabedoria estava
toda contida nos Livros de Thoth (Hermes), onde Pitágoras e
Platão beberam os seus conhecimentos e grande parte de sua
filosofia; e que esses livros eram "idênticos aos ensinamentos
dos sábios do Extremo Oriente". Observa o Professor A.
Wilder:
Como o nome Thoth significa colégio ou assembléia, não é de
todo improvável que os livros assim fossem chamados por
serem uma coleção dos oráculos e das doutrinas da irmandade
sacerdotal de Mênfis. O rabino Wise aventou a mesma
hipótese quanto às expressões divinas registradas nas
Escrituras hebraicas. E bem provável. Só que até hoje os
profanos jamais compreenderam as "expressões divinas".
Filon, o Judeu, que não era iniciado, tentou explicar o sentido
secreto, e falhou.
Mas tanto os Livros de Thoth como a Bíblia, os Vedas e a
Cabala prescrevem idêntico sigilo a respeito de certos
mistérios da Natureza, simbolizados em seus textos. "Ai de
quem divulgar ilegalmente as palavras sussurradas ao ouvido
do Manushi pelo Primeiro Initiatorl" O Livro de Enoch
esclarece quem foi este "Initiator": Deles [os Anjos] eu ouvi
todas as coisas; e compreendi o que foi, e aquilo que vai
suceder, não nesta geração, mas em outra geração que há em
época distante [63a e 7a Raças], segundo referem os eleitos
[Iniciados], Fala-se também no julgamento daqueles que
revelam "os segredos dos Anjos".
Eles descobriram os segredos: e são os que foram julgados; mas
não tu, filho meu [Noé]... tu és puro e bom, e não se pode
acusar-te de descobrir [revelar] segredos.
H. P. Blavatsky
Todos os grandes Hierofantes da história sofreram morte
violenta, como Buddha, Pitágoras, Zoroastro, a maior parte
dos grandes gnósticos, os fundadores das respectivas escolas, e,
mesmo em nossos tempos modernos, muitos filósofos "do
fogo", rosa-cruzes e Adeptos. Todos eles aparecem, de modo
claro ou sob o véu da alegoria, sofrendo punições por terem
revelado certas coisas. E, ainda que para o leitor profano tais
fatos não sejam mais que simples coincidências, para o
ocultista a morte de cada "Mestre" se reveste de aspectos
sumamente significativos. Onde quer que a história nos depare
um "Mensageiro", maior ou menor, iniciado ou neófito, que
tenha tomado a iniciativa de divulgar alguma das verdades até
então ocultas, vemo-lo crucificado ou atassalhado pelos "cães"
da inveja, da maldade e da ignorância.
Tal é a terrível lei oculta; e quem não se sentira com coração
de leão para não fazer caso dos selvagens latidos, e com alma
de pomba para perdoar a estultícia dos ignorantes, deve
renunciar ao estudo da Ciência Sagrada. Para vencer, o
ocultista tem que desconhecer o medo; arrostar os perigos, a
infâmia e a morte; estar disposto sempre a perdoar, e a calar o
que não deve ser revelado. Os que se têm esforçado nesse
sentido, que guardem aqueles dias de que fala o Livro de
Enoch, quando "serão consumidos os malfeitores" e aniquilado
o poder dos malvados. Ao ocultista não é lícito vingar-se, não
é permitido alimentar o desejo de vindita. Mas antes lhe
cumpre "Esperar até que o pecado se desvaneça; porque os
seus nomes los dos pecadores] serão apagados dos livros santos
Los registros astrais I, destruídas as suas sementes e mortos os
seus espíritos".
Henri Bergson
Tudo o que se pode dizer acerca dos primeiros Adeptos e de
seus divinos Mestres há de parecer uma fábula. Necessário é,
portanto, se queremos saber algo sobre os primitivos Iniciados,
julgar a árvore por seus frutos; e examinar a conduta e a obra
de seus sucessores da Quinta Raça, refletidas nos escritos dos
grandes clássicos e filósofos. Como viram os autores gregos e
romanos, durante dois mil anos, a Iniciação e os iniciados?
Cícero se manifesta em termos bastante claros:
Um iniciado deve praticar o mais possível todas as virtudes:
justiça, fidelidade, liberdade, modéstia, temperança. Estas
virtudes fazem esquecer ao homem os talentos que lhe faltem.
Escreve Ragon:
Quando os sacerdotes egípcios diziam: "Tudo para o povo,
nada por meio do povo" estavam certos. Em uma nação
ignorante a verdade só deve ser revelada às pessoas dignas de
confiança... Em nossos dias temos visto: "Tudo por meio do
povo, nada para o povo" - sistema falso e perigoso. A
verdadeira máxima deve ser: "Tudo para o povo e com o
povo".
Mas, para que seja possível esta reforma, é indispensável que
se opere uma dupla transformação no povo: lo divorciar-se de
todo elemento exotérico de superstição e clericalismo; 2 o
educar-se e instruir-se, para fugir ao perigo de se deixar
escravizar a um homem ou a uma idéia.
Pode isso parecer paradoxal diante do que acabamos de dizer.
Objetar-se-á que todos os iniciados eram "sacerdotes", ou pelo
menos os iniciados hindus, egípcios, caldeus, gregos, fenícios e
outros hierofantes e Adeptos eram sacerdotes dos templos, e
que eles próprios inventaram os credos exotéricos de suas
respectivas religiões. Redargüiremos que "o hábito não faz o
monge". Se nos podemos louvar na tradição e no juízo
unânime dos escritores antigos, sem falar nos exemplos que
nos oferecem os "sacerdotes" da Índia, a nação mais
conservadora do mundo, a verdade é que os sacerdotes
egípcios não eram mais sacerdotes, no sentido que hoje damos
a esta palavra, do que os brâmanes dos templos. Nunca
poderemos conceituá-los como tais, se tomarmos como padrão
o clero europeu.
Lautens observa com muita justeza que:
Estritamente falando, os sacerdotes do Egito não eram
ministros da religião. A palavra "sacerdote", cuja tradução tem
sido mal-interpretada, guardava um significado muito
diferente do que afora lhe damos. Na linguagem da
antigüidade, e especialmente no que se refere à iniciação
egípcia, o termo "sacerdote" era sinônimo de "filósofo"... A
instituição dos sacerdotes no Egito parece que foi realmente
uma confederação de sábios que se reuniam para estudar a
arte de governar os homens, centralizar o domínio da
verdade, regulamentar-lhe a propagação e evitar os riscos de
sua dispersão excessiva.
Os sacerdotes egípcios, como os antigos brâmanes, mantinham
as rédeas do governo, segundo o sistema herdado dos iniciados
atlantes. O culto puro da Natureza, nos primitivos tempos
patriarcais, foi o patrimônio exclusivo dos que sabiam
discernir o número por trás do fenômeno. A palavra
"patriarca" se aplicava, em seu sentido original e prístimo, aos
Progenitores da raça humana - os Pais, Chefes e Instrutores
dos homens primitivos.
Mais tarde, os iniciados transmitiam seus conhecimentos aos
reis humanos, do mesmo modo que o fizeram a seus
antepassados os Mestres divinos. Era seu dever, e sua
prerrogativa, revelar aqueles segredos da Natureza que fossem
úteis ao gênero humano, as virtudes ocultas das plantas, a arte
de curar os enfermos; e também despertar entre os homens o
sentimento de amor fraternal e assistência mútua.
Não era um iniciado quem não soubesse curar, inclusive
restituir à vida os que, caindo em estado de morte aparente
(coma), estariam realmente mortos se fossem deixados por
muito tempo em letargia. Aqueles que demonstravam tais
poderes se distinguiam das multidões, e eram considerados
reis e iniciados. Gautama Buddha foi um rei-iniciado e um
curador, que fazia retornar à vida os que já se achavam no
limiar da morte. Jesus e Apolônio também realizavam curas, e
seus discípulos os veneravam como se fossem reis. Se hou-
vessem falhado no ressuscitar os que já não aparentavam
nenhum sinal de vida, certamente que os seus nomes não
passariam à posteridade, pois esse poder era o sinal positivo e a
prova mais cabal de que sobre o Adepto pousava a mão
invisível de um Mestre divino, ou de que nele se encarnava
um "deus".
O privilégio da realeza passou dos faraós do Egito para os
monarcas de nossa Quinta Raça. Os faraós eram todos
iniciados nos mistérios da Medicina, e curavam enfermos,
ainda que, por causa das terríveis provas e dificuldades da
iniciação final, não pudessem chegar a ser perfeitos e
hierofantes. Gozavam, por tradição, do privilégio de curar e
nesta arte contavam com o auxílio dos hierofantes dos
templos, se acontecesse ignorarem os segredos da Medicina
oculta.
Vemos também que mais tarde, já nos tempos históricos, Pirro
cura os doentes só em tocá-los com a ponta do pé; e que
Vespasiano e Adriano não tinham senão que pronunciar
algumas palavras, ensinadas por seus hierofantes, para
devolver a vista aos cegos e o movimento aos paralíticos. A
partir desse época, registra a história casos de igual
prerrogativa conferida aos reis e imperadores de quase todas as
nações.
O que se sabe dos sacerdotes egípcios e dos antigos brâmanes,
e que todos os historiadores e clássicos da antigüidade
confirmam, nos dá o direito de acreditar em muita coisa que
para os cépticos não passa de tradição. Como podiam os
sacerdotes egípcios adquirir conhecimentos tão maravilhosos,
em todos os ramos da ciência, sem dispor de um manancial
ainda mais antigo? Os "quatro" centros famosos de
ensinamentos do antigo Egito são historicamente menos
duvidosos que os começos da Inglaterra moderna.
Foi no grande santuário de Tebas que Pitágoras, em seu
regresso da Índia, estudou a ciência dos números ocultos. Foi
em Mênfis que Orfeu popularizou a sua metafísica indiana,
demasiado abstrata para as mentes da Magna Grécia; e foi lá
que Tales e mais tarde Demócrito aprenderam tudo quanto
sabiam. A Saís cabe a honra da admirável legislação e da arte
de governar os povos, comunicadas por seus sacerdotes a
Licurgo e Sólon, e cujos códigos haveriam de maravilhar as
gerações futuras. E se Platão e Eudóxio nunca tivessem ido
fazer suas devoções no santuário de Heliópolis, é bem
provável que o primeiro não deslumbrasse a humanidade com
o seu sistema de ética, nem o segundo com os seus profundos
conhecimentos de matemática.
Ragon, o notável tratadista dos mistérios da iniciação egípcia
(conquanto nada soubesse dos da índia), não exagerou ao
dizer que: Os sacerdotes do Egito conheciam toda a ciência
dos hindus, persas, sírios árabes, caldeus, fenícios e babilônios
[acerca dos segredos da Natureza], A filosofia da índia, isenta
de mistérios, penetrou na Caldéia e na Pérsia, dando origem
aos Mistérios egípcios.
Os Mistérios foram anteriores aos hieróglifos, e foi a necessi-
dade de memorar em registros permanentes os seus segredos
que determinou a adoção desse sistema de escrita.
Constituíram a filosofia primitiva, que serviu de pedra
fundamental para a filosofia moderna; mas a progênie, ao
perpetuar os traços do corpo externo, extraviou no caminho a
alma e o espírito do progenitor.
Ainda que a Iniciação não contivesse regras nem princípios,
nem ensinamento algum especial de ciência, tal como a
entendemos nos dias atuais, era a Ciência - a Ciência das
Ciências. E, conquanto desprovida de dogmas, de disciplina
física e de ritual privativo, era, não obstante, a única Religião
verdadeira - a da verdade eterna. Externamente, era uma
escola, um colégio, onde se ensinavam ciências, artes, ética,
legislação, filantropia e o culto da verdadeira e real natureza
dos fenômenos cósmicos; as provas práticas eram dadas
secretamente durante os Mistérios.
Os que se mostravam capazes de aprender a verdade acima de
todas as coisas, isto é, os que podiam contemplar a face sem
véu da grande Ísis, e resistir ao deslumbrante e majestoso
olhar da deusa, esses se tornavam Iniciados. Mas os filhos da
Quinta Raça estavam demasiado submersos na matéria para
que o pudessem fazer impunemente; e os que falhavam
sumiam deste mundo sem deixar vestígios. Que rei, por mais
poderoso que fosse, ousaria subtrair à jurisdição dos austeros
sacerdotes o súdito que houvesse transposto o limiar do Adito
sagrado?
Os nobres preceitos ensinados pelos Iniciados das primitivas
raças propagaram-se até a índia, o Egito, a Caldéia, a China e a
Grécia, e difundiram-se por todo o mundo. Tudo o que há de
bom, nobre e generoso na natureza humana, todas as
faculdades e aspirações divinas, tudo isso os sacerdotes
iniciados cultivavam e procuravam despertar e desenvolver
nos iniciados. Seu código de ética, baseado no altruísmo,
chegou a ser universal. Vemo-lo em Confúcio, o "ateu", ao
ensinar que "carece de toda virtude quem não ama o seu
irmão", e nesta máxima do Antigo Testamento: "Ama o teu
próximo como a ti mesmo". Os Grandes Iniciados eram como
deuses. E Sócrates, no Fedro de Platão, declara:
Os Iniciados têm a certeza de que andam em companhia dos
deuses.
E em outra passagem da mesma obra diz o grande sábio
ateniense:
E evidente que os fundadores dos Mistérios, ou assembléias
secretas de iniciados não eram simples mortais, mas gênios de
grande saber que, desde os tempos primitivos, se esforçaram
para nos fazer entender, por meio daqueles enigmas, que todo
aquele que chegar impuro às regiões invisíveis será
precipitado no abismo [a oitava esfera da Doutrina Oculta;
isto é, perderá para sempre a sua personalidade]; ao passo que
aquele que chegar já purificado das manchas deste mundo, e
integrado nas virtudes será recebido na mansão dos Deuses.
São palavras de Clemente de Alexandria, referindo-se aos
Mistérios:
Aqui termina todo ensinamento. Vêem-se a Natureza e todas
as coisas.
E, portanto, um Padre da Igreja cristã que assim se manifesta
em termos semelhantes aos do pagão Pretextato, procônsul de
Acaia (quarto século de nossa era), "homem de preeminentes
virtudes", para quem "privar os gregos dos Mistérios sagrados
que uniam toda a humanidade" equivalia a suprir todo o
merecimento de suas vidas.
Teriam porventura recebido os Mistérios tantos louvores por
parte dos mais nobres e ilustres homens da antigüidade, se
fosse a sua origem puramente humana? Recorde-se tudo
quanto a respeito dessa instituição sem par disseram não só os
iniciados como aqueles que nunca o foram. Leia-se Platão,
Eurípedes, Sócrates, Aristófanes, Píndaro, Plutarco, Isócrates,
Deodoro, Cícero, Epicteto, Marco Aurélio - sem falar em
dezenas de outros sábios e escritores famosos.
O que haviam os Deuses e os Anjos revelado, as religiões
exotéricas, a começar pela de Moisés, velaram de novo, e
durante séculos ocultaram aos olhos do mundo. Iniciado foi
José, o filho de Jacob; porque, de outro modo, não teria
desposado Asenath, filha de Petephre, sacerdote de Heliópolis
e governador de On. Todas as verdades que Jesus revelou, e
que os próprios judeus e os cristãos primitivos
compreenderam, foram novamente veladas pela Igreja que
pretende servi-LO.
Ouçamos o que diz Sêneca, através de citação do Dr. Kenealy:
O mundo... estando dissolvido e reintegrado no seio de Júpiter
[ou Parabrahman], este Deus continua durante algum tempo
inteiramente concentrado em si mesmo, e permanece oculto,
de todo o ponto absorvido, por assim dizer, na contemplação
de suas próprias idéias. E dele surge depois um novo mundo...
Forma-se uma raça de homens inocentes.
E, ao falar da dissolução do mundo, que implica a morte ou
aniquilamento de tudo, ele [Sêneca] nos ensina que, quando
chegar o último dia, e as leis da Natureza estiverem sepultadas
sob as ruínas, o Pólo Sul, achatando-se, esmagará todas as
regiões da África, e o Pólo Norte, soçobrando, arrastará
consigo todos os países ao redor do seu eixo. O Sol assustado,
ver-se-á privado de sua luz; o palácio do céu, desmoronando-
se, produzirá a vida e a morte a um só tempo; e a dissolução
alcançará igualmente todas as divindades, que assim
retornarão ao seu caos original.
Tem-se a impressão de estar lendo, nos Purânas, o relato de
Parâshara sobre o grande Pralaya. E quase a mesma coisa,
conceito por conceito. Tem o Cristianismo algo semelhante?
Abramos a Bíblia, no capítulo III da Segunda Epístola de
Pedro, e veremos ali expostas as mesmas idéias.
... Nos últimos dias virão escarnecedores... dizendo: Onde está
a promessa da sua vinda ? Porque desde que os pais dormiram
todas as coisas continuam como o princípio da criação.
Porque eles voluntariamente ignoram isto: que pela palavra
de Deus, já desde a antigüidade existiam os céus e a terra, que
foi tirada da água e no meio da água subiste.
Pelas quais coisas pareceu o mundo de então, coberto pelas
águas do dilúvio. Mas os céus e a terra de agora a mesma
palavra de Deus os reserva e os guarda para o fogo...
E o dia virá... no qual os céus e a terra passarão com um
grande estrondo, e os elementos se fundirão por causa do
grande calor...
Mas nós... esperamos novos céus e nova terra...
Se os intérpretes preferem ver nessa passagem alusões a uma
criação, a um dilúvio, à promessa da vinda de Cristo e a uma
Nova Jerusalém no céu, não é culpa de São Pedro. O que ele
então queria significar era a destruição da Quinta Raça e o
aparecimento de um novo continente para a Sexta Raça.
Os druidas compreendiam o significado do Sol na constelação
do Touro, e por isso, quando todos os fogos se extinguiam no
dia Io de novembro, só o seu fogo sagrado e inextinguível
subsistia, para iluminar o horizonte, como os dos magos e dos
modernos zoroastrianos. E, tal como as primeiras gerações da
Quinta Raça, depois os caldeus e os gregos, e ainda mais tarde
os cristãos (que o fazem até hoje, sem suspeitar o verdadeiro
sentido), saudavam eles a "Estrela Matutina", a formosa
Vênus-Lúcifer.
Estrabão fala de uma ilha próxima da Bretanha, onde Ceres e
Perséfona eram adoradas com o mesmo ritual da Samotrácia.
Era a ilha sagrada de Ierna, onde ardia o fogo perpétuo.
Os druidas criam no renascimento do homem; não como
explica Luciano:
Que o mesmo espírito animará um novo corpo, não aqui, mas
em outro mundo diferente.
Acreditavam numa série de reencarnações neste mesmo
mundo, porque, como diz Deodoro, ensinavam que as almas
dos homens passam para outros corpos ao cabo de certo
período.
Os arianos da Quinta Raça receberam esses ensinamentos de
seus antepassados da Quarta Raça, os atlantes. Conservaram
religiosamente as doutrinas, enquanto a raça de seus
progenitores, crescendo em arrogância a cada geração, pela
aquisição de poderes super-humanos, gradualmente se
aproximava do seu fim.
H. P. Blavatsky
A respeito dos verdadeiros Mistérios e Iniciações,
naturalmente que nada podemos dizer para o público: só
devem conhecê-los os que são capazes de iniciar-se. Podemos,
no entanto, dar algumas indicações sobre as grandes
cerimônias antigas que o público considerava como os
Mistérios reais, e em que os candidatos eram iniciados com
um extenso ritual e demonstrações de artes ocultas.
Subjacentes a isso, na obscuridade e no silêncio, estavam os
verdadeiros Mistérios, como sempre existiram e continuam a
existir. No Egito, como na Caldéia e mais tarde na Grécia,
celebravam-se os Mistérios em épocas fixas; e o primeiro dia
era uma festividade pública, durante a qual os candidatos eram
conduzidos com muita pompa à Grande Pirâmide, em cujo
interior ficavam ocultos aos olhares do público. O segundo dia
era consagrado às cerimônias de purificação, no fim das quais
o candidato se apresentava vestido de branco. No terceiro dia
era submetido às provas, examinando-se o seu progresso em
conhecimentos ocultos. No quarto dia, após outra cerimônia
simbólica de purificação, era deixado sozinho, e passava por
diversas provas; e, por último, ficava em provocado estado de
letargia, numa cripta subterrânea, durante dois dias e duas
noites, imerso em total escuridão.
No Egito, o neófito em letargia era posto em um sarcófago
vazio da pirâmide, onde se celebravam os ritos da iniciação.
Na índia e na Ásia Central era ele atado a um torno, até que o
corpo entrava em letargia, e então, aparentemente morto, era
transportado para a cripta. Passava a ser velado pelo
hierofante, que "guiava a alma de aparição (corpo astral) desde
este mundo de Samsâra (ilusão) até os reinos inferiores, de
onde, se vencedor, tinha o direito de libertar sete almas
sofredoras "(Elementários). Revestido de seu
Anandamayakosha ou corpo de beatitude, o Srotâpanna
permanecia ali onde não devemos segui-lo, e ao regressar
recebia a Palavra, com ou sem o "sangue do coração" do
hierofante.
Mas em verdade o iniciado não matava o hierofante - nem na
índia nem alhures, pois o homicídio era apenas simulado - a
menos que o Iniciador houvesse escolhido aquele por seu
sucessor e decidido comunicar-lhe a última e suprema
PALAVRA, devendo morrer em seguida. Porque só um
homem tinha, em cada nação, o direito de conhecer a
"palavra". Muitos foram os grandes Iniciados que deixaram
assim o cenário do mundo, desaparecendo "dos olhos dos
homens tão misteriosamente como desapareceu Moisés no
cume do monte Pisgah (Nebo, ou sabedoria oracular), depois
de haver posto suas mãos sobre Josué, que deste modo 'se
impregnou do espírito de Sabedoria', isto é, se fez iniciado".
Mas não o mataram; morreu. Matá-lo seria um ato de magia
negra, não de Magia Divina. Foi a transfusão da luz, mais do
que uma transferência de vida; foi uma transfusão de vida
espiritual e divina - efusão de sabedoria, não de sangue. Os
inventores, não iniciados, do Cristianismo teológico tomaram
ao pé da letra a linguagem alegórica, e instituíram um dogma
cuja errônea e cruel expressão repugna ao espiritualismo
"pagão".
Todos os hierofantes e iniciados eram representações do Sol e
do princípio Criador (a Potência espiritual), como o foram
Vishvakerman e Vikartana, desde a origem dos Mistérios.
J. W Dunne
E o Anjo do Senhor lhe disse [a ManoahJ: Por que assim me
interrogas sobre o meu nome, sabendo que é secreto? (Juízes,
XIII, 18).
Sansão, filho de Manoah, foi um iniciado desse Senhor "de
Mistério" Java. Antes de nascer, seus pais o destinaram a ser
"Nazarita", isto é, Cheia ou Adepto. Seu pecado com Dalila e o
corte de seus longos cabelos, que "nenhuma tesoura devia
tocar", denotam como ele soube cumprir os votos sagrados. A
alegoria de Sansão prova o esoterismo da Bíblia, e também o
caráter dos "Deuses de Mistérios" dos judeus. Acerta Movers
quando define o conceito fenício da luz ideal do Sol: uma
influência espiritual que se irradia do Deus Supremo Iao, a
"Luz só perceptível pela inteligência - o princípio físico e
espiritual de todas as coisas, de que emana a Alma". Era a
essência masculina ou Sabedoria; enquanto que a matéria
primordial ou Caos se considerava como feminina. Assim, os
dois primeiros princípios, eternos e infinitos eram já, para os
fenícios, o espírito e a matéria. Mas este é o eco do
pensamento judaico, e não a opinião dos filósofos pagãos.
Mackenzie
Os primeiros Mistérios que a história registra são os da
Samotrácia. Após a distribuição do Fogo puro, começava uma
vida nova. Era o novo nascimento do iniciado, que então se
tornava, como os brâmanes da índia, um dwija - um "duas
vezes nascido".
Diz Platão no Fedro:
Iniciados no que em verdade se pode chamar o mais bendito e
sagrado de todos os mistérios... nós ficamos puros.
Deodoro Sículo, Heródoto e o fenício Sanchoniaton, o mais
antigo dos historiadores, afirmam que a origem dos Mistérios
se perde na noite dos tempos, remontando provavelmente a
milhares de anos antes do período histórico. E Jâmblico nos
informa de que Pitágoras "foi iniciado em todos os Mistérios
de Biblos e de Tiro, nas cerimônias sagradas dos sírios e em
todos os mistérios dos fenícios".
Não fica bem aos nossos críticos modernos julgar os Mistérios
[e seus Iniciados] só pelas aparências externas, quando vemos
que homens de conhecida austeridade moral como Pitágoras,
Platão e Jâmblico deles participavam e a eles se referiam com
a maior veneração.
Mas é o que até agora tem feito a crítica, e sobretudo os Padres
cristãos. Clemente de Alexandria estigmatiza os Mistérios,
tachando-os de "obscenos e diabólicos", embora em outras
passagens de sua obra afirme que os Mistérios de Elêusis eram
idênticos aos dos judeus, e até copiados destes.
Dividiam-se os Mistérios em duas partes: os Mistérios
menores, praticados em Agra, e os Mistérios maiores, em
Elêusis. O próprio Clemente de Alexandria foi iniciado neles.
Mas nunca se compreendeu bem o que era a Catarse, ou prova
de purificação. Jâmblico fala sobre a parte mais difícil dessa
prova, e sua explicação devia satisfazer pelo menos aos que
não se deixaram cegar pelo preconceito.
As representações desta espécie durante os Mistérios tinham o
objetivo de nos libertar das paixões licenciosas,
proporcionando deleite à vista e, ao mesmo tempo, o
completo domínio sobre todo pensamento mau através da
grandeza e santidade que transluziam de todo o ritual.
Observa o Dr. Warburton:
Os melhores e os mais sábios homens do mundo são unânimes
em reconhecer que os Mistérios eram uma instituição pura,
que se propunha os mais nobres fins, pelos meios mais
meritórios.
Conquanto nos Mistérios fossem aceitas pessoas de ambos os
sexos e de qualquer condição, que tinham até uma
participação obrigatória neles, mui poucos eram, em verdade,
os que alcançavam a suprema e final iniciação. Proclo, no
quarto livro de sua Teologia de Platão, menciona os seguintes
graus dos Mistérios:
O rito de aperfeiçoamento precede a iniciação Telete, Muesis,
e a iniciação Epopsia, ou apocalipse final [revelação].
Teon de Esmirna, em sua obra Matemática, divide o ritual
místico em cinco partes:
A primeira é a purificação preliminar; porque os Mistérios não
são comunicados a todos os que desejam conhecê-los, e
algumas pessoas há que a voz do pregoeiro manda apartar...
Para que eles não sejam excluídas dos Mistérios, necessário é
que se submetam a certas purificações; e somente depois é que
são admitidas aos sagrados ritos. A terceira parte se chama
Epopsia, ou recepção. E na quarta, objetivo final da revelação,
se dá a investidura, com o enfaixando da cabeça e a colocação
das coroas... depois disso, [o iniciado] pode ser um porta-
archote ou um hierofante dos Mistérios, ou encarregar-se de
outro setor do ofício sacerdotal. Mas a quinta parte -
resultante de todas as anteriores - é amizade e a comunhão
interior com Deus. Era este o último e o mais importante de
todos os Mistérios.
A instituição dos Mistérios, hoje ridicularizada por certos
escritores e qualificada como diabólica pelos Padres da Igreja,
inspirou-se em propósitos os mais elevados e éticos. Pela
iniciação no templo, ou pelo estudo privado da Teurgia, todos
os estudantes adquiririam a certeza, a prova da imortalidade
do seu Espírito, e da sobrevivência da sua Alma.
Platão refere-se no Fedro ao que era a Epopsia final:
Uma vez iniciados nestes Mistérios, os mais sagrados de todos,
assim podemos dizer... ficávamos livres de males que, de outro
modo, nos aguardariam em épocas futuras. E em virtude desta
divina iniciação ainda nos tornávamos espectadores de
simples, completas, inalteráveis e benditas visões, que
apareciam banhadas de uma luz argêntea.
Esta velada confissão indica que os iniciados gozavam da
Teofania: a visão dos Deuses e dos Espíritos imortais.
Conforme a acertada conclusão de Taylor:
A parte mais sublime da Epopsia (ou revelação final dos
antigos Mistérios) consistia na contemplação dos próprios
Deuses [os elevados Espíritos Planetários], envoltos em
resplandecente luz.
E Proclo declara em termos inequívocos:
Em todas as iniciações e mistérios, os Deuses apareciam sob
formas várias. Algumas vezes, deles não se via mais que uma
luz indefinida; em outras, a luz tomava formas humanas, ou se
mostrava com aspectos diferentes.
Vemos ainda, no Livro de Shet (ou profeta Zirtusht):
Tudo quanto existe na terra é semelhança e a sombra de algo
que está na esfera: enquanto esta resplendente coisa [o
protótipo da Alma Espírito]permanece imutável, o mesmo
sucede com sua sombra. Quando a resplendente coisa se
distancia da sombra, a vida também se afasta [desta última].
Por sua vez, essa luz é a sombra de algo ainda mais
resplandecente que ele.
Assim fala o Desâtir, mostrando com isso a identidade de suas
doutrinas esotéricas com as dos filósofos gregos.
A segunda afirmação de Platão confirma que os Mistérios
antigos eram idênticos aos que ainda hoje praticam os budistas
e os adeptos hindus. Visões as mais sublimes e verdadeiras se
obtinham por meio de uma disciplina metódica de iniciações
graduais e com o desenvolvimento de poderes psíquicos. Os
Mistas, na Europa e no Egito, se punham em íntima
comunhão com aqueles a quem Proclo chama "naturezas
místicas" e "Deuses resplandecentes", porque, como diz Platão,
"éramos puros e imaculados, livres desta vestimenta a que
damos o nome de corpo, e à qual estamos presos como a ostra
à sua concha".
Com relação ao Oriente, dissemos:
A doutrina dos Pitris planetários e terrestres só era revelada
por inteiro, na índia antiga, como ainda hoje ocorre, no
derradeiro momento da iniciação, e aos Adeptos de graus
superiores.
Podemos agora explicar a palavra Pitris e acrescentar algo
mais.
Na Índia, o cheia do terceiro grau da iniciação tem dois Gurus
ou Mestres: um é o Adepto em seu corpo físico; o outro, o
desencarnado e glorioso Mahatma, que é também o
conselheiro e instrutor dos Adeptos elevados. Poucos são os
cheias aceitos que chegam a ver o seu Mestre vivo, o seu Guru,
até o dia e a hora em que profere o voto definitivo e perpétuo.
Foi isso o que demos a entender quando escrevemos que
poucos faquires, por mais "puros, sinceros e devotos que
sejam, têm visto a forma de um pitar [antepassado ou pai]
humano em seu corpo etéreo antes dos instantes solenes da
primeira e da última iniciação. É em companhia de seu
instrutor, de seu Guru, e precisamente antes que o faquir [o
cheia recém-iniciado] seja enviado ao mundo dos vivos, com
sua vareta de bambu de sete nós por única proteção, que ele se
vê subitamente posto face a face com a PRESENÇA
desconhecida [de seu Pitar ou Pai, o glorioso Mestre invisível,
o Mahatma desencarnado]. Contempla-o, e prosternar-se aos
pés da forma impalpável; mas o grande segredo desta evocação
não lhe é confiado, porque é o mistério supremo da sílaba
sagrada".
Conforme diz Eliphas Lévi, o iniciado sabe; e, por isso, "a tudo
arrosta, e guarda silêncio. Diz o grande cabalista francês:
Podeis vê-lo muitas vezes triste, nunca abatido ou
desesperado; muitas vezes pobre, nunca envelhecido nem
miserável; muitas vezes perseguido, nunca acovardado nem
vencido. Porque ele se recorda da viuvez e do assassinato de
Orfeu, do exílio e da morte solitária de Moisés, do martírio
dos profetas, das torturas de Apolônio, da cruz do Salvador;
sabe em que estado de abandono morreu Agripa, cuja
memória ainda hoje se calunia; sabe que provações teve de
sofrer o grande Paracelso, e quanto suportou Raimundo Lula
antes de ser-lhe infligida morte violenta. Recorda-se de que
Swedenborg teve que simular insanidade, e até perdeu a
razão, antes que lhe fosse perdoada sua ciência; de que Saint
Martin se viu obrigado a ocultar-se a vida toda; de que
Cagliostro morreu abandonado nas masmorras da Inquisição;
de que Cazotte subiu ao cadafalso, Sucessor de tantas vítimas,
ele, o Iniciado, nada teme, mas compreende a necessidade de
calar-se.
H. P. Blavatsky
Os atlantes introduziram os Mistérios na América do Sul e na
América Central, no Norte do México e no Peru naqueles
tempos em que "Um peão vindo do Norte [onde outrora era
também a índia] podia alcançar quase sem molhar os pés, a
península do Alasca através da madchírua, do futuro golfo da
Tartária e das ilhas Curilas e Aleútes; enquanto outro viajante,
partindo do Sul, e provendo-se de uma canoa, podia atravessar
o Sião, cruzar as ilhas da Polinésia e prosseguir a pé até o
continente sul-americano."
Até a época da invasão espanhola, continuaram a existir os
Mistérios. Os invasores destruíram os anais do México e do
Peru; mas não puderam tocar com suas mãos sacrílegas as
numerosas pirâmides (Lojas de uma vetusta Iniciação), cujas
ruínas juncam as regiões de Puente Nacional, Cholula e
Teotihuacan. São sobejamente conhecidas as ruínas de
Palenque, Ococimgo em Chiapas, e outras na América
Central. Se as pirâmides e os templos em Guiengola e de Mitla
algum dia revelaram seus segredos, a presente DOUTRINA
demonstrará que foi uma precursora das maiores verdades da
Natureza. Por enquanto, todos esses lugares bem que se
podem chamar Mitla "lugar de tristeza" e "mansão dos mortos
(profanados)".
J. W. Bouton
... Antes de tudo, o neófito aprendia a conhecer-se. O
hierofante falava-lhe assim:
Oh! Alma cega, arma-te com o facho dos mistérios, e, na noite
terrestre, descobrirás teu dúplice luminoso, tua alma celeste.
Segue esse gênio divino e que ele seja teu guia, porque tem a
chave das tuas existências passadas e futuras.
Edouard Schuré
A ciência dos sacerdotes do Egito ultrapassava em bastante
pontos da ciência atual. Conheciam o Magnetismo, o
Sonambulismo, curavam pelo sono provocado e praticavam
largamente a sugestão. E o que eles chamavam - Magia. O alvo
mais elevado a que um iniciado podia aspirar era a conquista
desses poderes, cujo emblema era a coroa dos magos.
Sabei, diziam-lhe, o que significa esta coroa. Tua vontade, que
se une a Deus para manifestar a verdade e operar a justiça,
participa, já nesta vida, da potência divina sobre os seres e
sobre as coisas, recompensa eterna dos espíritos livres.
Hecetas
Aos Iniciados dava-se o nome de "Perfeitos", e Platão assim os
designa. Os Essênios tinham os seus "Perfeitos", e São Paulo
diz explicitamente que os Iniciados só podiam falar diante de
outros Iniciados. "Falamos a sabedoria [somente] entre os
perfeitos" (I Coríntios, II, 6).
Não obstante, a Igreja conservou em seu ritual sacro os "ritos
da estrela" dos Iniciados pagãos. Nos Mistérios Mitríacos pré-
cristãos, o candidato que saísse vitorioso na prova das "doze
torturas", antes da iniciação final, recebia um bolo redondo,
ou biscoito feito de pão ázimo, que simbolizava, em um de
seus significados, o disco solar, e era conhecido como o maná
(pão celeste)... Sacrificava-se depois um carneiro, e às vezes
um touro, e com o seu sangue se aspergia o candidato, como
sucedeu na iniciação do imperador Juliano. As sete regras ou
Mistérios, simbolizava-as o Apocalipse (cap. VI) nos sete selos
que são abertos e entregues aos "nascidos de novo".
Jules Boucher
...Ver-se-á também que o "Jardim do Eden" dos Iniciados não
era um mito, senão uma localidade hoje submersa. A luz se
fará, e serão apreciadas em seu verdadeiro valor esotérico
frases como esta: "Tu estiveste no Eden... estavas na montanha
sagrada de Deus"; porque cada nação tinha e muitas ainda têm,
montanhas sagradas - uma os Picos do Himalaia, outras o
Parnaso e o Sinai. Todas eram sítios de Iniciação e moradas
dos Chefes das comunidades de Adeptos, antigas e modernas.
Idem
O símbolo da "Arvore" para representar os diversos Iniciados
era quase universal. À Jesus chamou-se a "Arvore da Vida",
como também a todos os Adeptos da Boa Lei, ao passo que os
da Senda da Esquerda são chamados as "árvores que perecem".
João Batista fala do "machado" que "corta a raiz das árvores
(Mateus, III, 10), e os reis dos exércitos assírios eram
chamados "árvores" (Isaías, X, 19).
Marius Lepage
A colocação de um homem sobre a cruz era de uso entre os
hindus nesta forma de desenvolvimento. Mas era para
"relacionar" à idéia de um novo nascimento do homem por
meio da regeneração espiritual, e não pela física. O Candidato
à Iniciação era atado ao Tau, ou cruz astronômica, com uma
idéia muito mais elevada e nobre que a da origem da simples
vida terrestre.
Oakley
Em suma, os gnósticos cristãos surgiram por volta do início do
século II, e justamente na época em que os essênios
desapareceram misteriosamente, o que indica que eles eram os
essênios, e, ademais, crististas puros, isto é, acreditavam no
que um de seus próprios irmãos havia pregado, e o
compreenderam melhor do que ninguém. Insistir em que a
letra IOTA, mencionada por Jesus em Mateus (V 18), indicava
uma doutrina relativa aos dez Aeôns, basta para demonstrar a
um cabalista que Jesus pertencia à Franco-Maçonaria daqueles
dias; pós "I", que é o lota em grego, tem outros nomes em
outras línguas; e é, como o era entre os gnósticos daqueles
dias, uma senha, que significava o CETRO do pai, nas
fraternidades orientais que existem ainda hoje.
Idem
... Depois de um julgamento em Tebas, onde o neófito deveria
passar por muitas provas, chamadas de "Doze provas", era-lhe
ordenado governar suas paixões e nunca, em momento algum,
devia afastar de seu pensamento a idéia de Deus. Depois, como
um símbolo da peregrinarão da alma impura, ele devia subir
várias escadas e vagar às escuras numa caverna com muitas
portas, todas fechadas. Se triunfava dessas terríveis provas,
recebia o grau de Pastóphoro, sendo que o segundo e o
terceiro graus era chamados de Neocaris e Melanêphoros.
Levado a uma vasta cripta subterrânea abundantemente
povoada de múmias ali colocadas com muito aparato, ele era
deixado defronte a um ataúde que continha o corpo mutilado
de Osíris coberto de sangue. Esse era o salão chamado "Portões
da Morte" e com certeza é a esse mistério que aludem algumas
passagens do Livro de Jó (XXXVIII, 17) e porções da Bíblia
quando nela se fala desses portões. No capítulo X, damos a
interpretação esotérica do Livro de Jó, que é um poema da
iniciação por excelência: Os portões da morte se abriram para
vós? ou vistes as portas da sombra da morte?
Max Jegge
... E se nossos argumentos estiverem errados, se Jesus não era
um iniciado, um Mestre-construtor, ou Mestre-Maçom, como
agora é chamado, como é que nas catedrais mais antigas
encontramos a sua efígie com as insígnias maçônicas? Na
Catedral de Santa Croce, em Florença, sobre a porta principal,
pode-se ver a figura de Cristo segurando um esquadro perfeito
em sua mão.
Podemos deduzir que os sábios e os profetas dos mais diversos
tempos chegaram a conclusões idênticas quanto ao fundo, ain-
da que diferentes na forma, sobre as verdades primeiras e
últimas - e sempre pelo mesmo processo de iniciação interior
e da meditação. Além disso, tudo, estes sábios e profetas foram
os maiores benfeitores da humanidade, os salvadores, cuja
força redentora arrancou os homens do abismo da natureza
inferior e da negação.
Peter Kodera
Pode-se dizer que em toda parte onde se encontra um
fragmento da doutrina esotérica, ela existe virtualmente em
seu todo. Pois, cada uma de suas partes pressupõe ou engendra
as outras. Os grandes sábios, os verdadeiros profetas, todos a
possuíram, e os do futuro também a possuirão como os do
passado. A luz pode ser mais ou menos interna, mas é sempre
a mesma luz. A forma, os detalhes, as aplicações podem variar
ao infinito; o fundo, quer dizer, os princípios e o fim, jamais.
H. P. Blavatsky
A Ciência e a Religião, as guardiãs da civilização, perderam,
uma e outra, seu dom supremo, sua magia, aquela da grande e
forte educação Os templos da índia e do Egito produziram os
maiores sábios da terra.
Jules Boucher
... Se o estrangeiro (candidato à iniciação, neófito) persistia em
sua resolução, o hierofante o levava para o pátio externo e o
recomendava aos servidores do templo, com os quais ele devia
passar uma semana, obrigado aos trabalhos mais humildes,
escutando hinos e fazendo abluções. Recomendavam-lhe o
silêncio mais absoluto.
Edouard Schuré
Desde o começo, o Filho do Homem estava no Mistério, o
Altíssimo mantinha-o junto de seu poder e o manifestava a
seus eleitos... Mas os reis ficarão assustados e prostrarão o
rosto contra a terra e o pavor se abaterá sobre eles, quando
virem o filho da mulher sentado sobre o trono de sua glória...
Então o Eleito chamará todas as forças do céu, todos os santos
das alturas e o poder de Deus. Então os querubins, os serafins,
os ofanins, todos os anjos da força, todos os anjos do Senhor,
isto é, do Eleito e da outra força, que servem sobre a terra e
acima das águas, elevarão sua vozes (Livro de Enoch - XLVIII
e LXI).
Idem.
O reino de Deus é o único reino do universo onde não há
contrabando ou entrada ilegal, por alguma portinhola secreta
do fundo, seja a força de dinheiro ou sagacidade, seja por obra
e mercê de bons amigos e protetores. No reino de Deus só se
entra pela porta reta, honesta e pública da frente, isto é, pelo
fato de ser alguém, de ser precisamente aquilo que se deve ser
no plano eterno, para entrar nesse reino; e esse direito de
entrada no reino de Deus consiste precisamente no fato de ser
o homem um "renascido pelo espírito", uma "nova criatura em
Cristo".
A iniciação é um processo místico pelo qual o homem começa
a ser alguém no plano da realidade eterna.
A verdadeira iniciação nada tem que ver com fórmulas
misteriosas. Consiste tão-somente nesta coisa tão singela e tão
imensa, que é o encontro pessoal com Deus, essa estupenda
revolução cósmica dentro da alma humana e a subseqüente
sintonização da vida cotidiana, interna e externa, com essa
grande e decisiva experiência.
O homem está no céu quando esse céu do conhecimento
intuitivo de Deus está no homem. O homem espiritual leva
consigo o seu céu, aonde quer que vá. E, como esse homem,
consciente ou inconscientemente, irradia em derredor de si o
seu céu interior, todas as almas receptivas podem, na presença
de um verdadeiro iniciado, adivinhar o que seja o céu e ter
dele um antegozo de inexplicável fascínio e suavidade.
Humberto Rohden
... Então o Iniciado é aquele ser que dirige seu pensamento ao
mundo interno, mundo do espírito, que o conduz ao
conhecimento próprio, do Universo, do Corpo e dos Deuses
que nele habitam.
O Espírito único e Universal se diversifica em todos os seres
que se acham no Cosmos. Estes Deuses do Universo têm seus
representantes no corpo do homem e estes representantes
chamam-se Átomos. Por isso disse Hermes e com razão: "O
que está em cima é como o que está embaixo"; e por isso disse
Jesus. "O reino está dentro de vós".
Agripa
A porta da Iniciação verdadeira que conduz ao Reino de Deus,
no mundo interno, é o Coração. Há uma lei ignorada por
muitos que é a seguinte: Para onde se dirige o pensamento,
dentro do corpo, para lá aflui maior quantidade de sangue.
Idem
Todo aspirante deve compreender os mistérios da Iniciação
antiga para poder compreender e praticar, em consciência, a
verdadeira Iniciação moderna. Todos os Mistérios Antigos
eram símbolos de coisas futuras que devem suceder. Para
poder compreender a verdade, devemos estudar os símbolos
antigos que são o caminho mais reto até a sabedoria.
Os Egípcios praticavam a Iniciação na Grande Pirâmide. Este
monumento maravilhoso jamais foi tumba de Faraó, como
pretendem demonstrar alguns sábios. A Grande Pirâmide de
Gizé é fidelíssima cópia do corpo humano e podemos dizer
simbolicamente que é a tumba do Deus íntimo que se acha
dentro do homem.
A palavra Pirâmide vem de "PYR" equivalente a fogo, ou seja,
espírito. A Iniciação na Pirâmide equivale à comunicação com
os grandes mistérios do Espírito "a União no Reino de Deus
Interno com o Pai". Este fogo não é fogo material, nem
tampouco o fogo ou luz dos sóis, porém o outro fogo, mil
vezes mais excelso, é o fogo do Pensamento. A Grande
Pirâmide Iniciática, dentro da qual penetrava o candidato, é o
símbolo do nosso próprio Corpo.
Samel Van Auor
Todo Iniciado deve sofrer a dor do próximo para saber como
aliviá-lo; deve sentir todas as desgraças do mundo em sua alma
para encontrar-lhes um remédio eficaz. Deve apurar o cálice
da amargura e da dor para que seu coração possa oferecer a
cura e o auxílio sem limitações; então seu coração se converte
em horto de agonia no qual chora pelas desgraças alheias.
Cada um de nós pode passar por essa iniciação e sentir essas
mesmas dores. E a única iniciação verdadeira e, fora dela, não
há nenhum objetivo em pôr o pé na senda interna. Para que o
leitor aspirante a compreenda deve dirigir seu pensamento,
por um instante, ao Cristo e imitá-lo.
Jâmblico
A Iniciação significa: ir dentro em busca do Cristo, impulso
esse que é o iniciador em toda sabedoria. Todo homem é seu
próprio iniciador e seu próprio salvador.
Quem busca no interior de seu Templo vivo acha o Deus
íntimo que nele mora.
O silêncio é fator importante para o adiantamento. Saber,
Ousar, Fazer e Calar são as quatro leis do Iniciado; cada
palavra vã sai do interior do homem como um flecha, rompe a
envoltura áurea que o protege dos anjos malignos e estes
aproveitam essa ruptura para penetrar em nosso interior.
Filolau
O verdadeiro significado de palavra nazar é devotar-se ou
consagrar-se ao serviço de Deus. Como substantivo, significa
um diadema ou um emblema de tal consagração, uma cabeça
assim consagrada. Afirma-se que José era um nazar. "A cabeça
de José, o vértice do nazar entre seus irmãos." Sansão e Samuel
são descritos como nazars. Porfírio, ao tratar de Pitágoras, diz
que este foi purificado e iniciado na Babilônia por Zar-adas, o
chefe do colégio sagrado. Não se poderia supor, por
conseguinte, que Zoro-Aster era o nazar de Ishtar tendo Zar-
adas ou Na-Zar-Ad o mesmo significado na troca de idiomas?
Esdras era um sacerdote e escriba, um hierofante, e o primeiro
colonizador hebreu da Judéia foi Zoro-Babel ou Zoro ou nazar
da Babilônia.
As Escrituras judias indicam dois cultos e religiões distintos
entre os israelitas; o culto de Baco sob a máscara de Jeová, e o
dos iniciados caldeus a que pertenciam alguns dos nazars, os
teurgistas, e uns poucos profetas.
Os nazars ou profetas, assim como os nazarenos, eram uma
casta oposta ao culto de Baco sob a máscara de Jeová, e o dos
iniciados caldeus a que pertenciam alguns dos nazars, os
teurgistas, e uns poucos profetas.
Os nazars ou profetas, assim como os nazarenos, eram uma
casta oposta ao culto de Baco, de modo que, em comum com
todos os profetas iniciados, eles se mantinham fiéis ao espírito
das religiões simbólicas e ofereciam uma forte oposição às
práticas idólatras ou exotéricas da letra morta. Essa a razão
pela qual os profetas foram, com tanta freqüência, lapidados
pelo populacho, sob a instigação dos sacerdotes que tinham
todo o interesse em favorecer as superstições populares.
Temos, no entanto, a tradição oral, e dela podemos tirar várias
interferências; essa tradição assinala que Orfeu trouxe suas
doutrinas da índia, sendo a sua religião a dos antigos magos -
aquela à qual pertencem os iniciados de todos os países, a
começar de Moisés, os "Filhos dos Profetas", e os ascéticos
nazars (que não devem ser confundidos com aqueles contra os
quais trovejaram Oséias e outros profetas) e terminando com
os essênios.
Por conseguinte, não podemos confundi-los com todos os
nazars mencionados no Velho Testamento, e que são acusados
por Oséias de se terem separado ou se consagrado a Basheth
que implica a maior abominação possível.
A seita dos naziretas existiu muito tempo antes das leis de
Moisés, e teve origem entre o povo, em guerra aberta contra
os "escolhidos" de Israel, a saber, o povo da Galiléia, a antiga
olla-podrida das nações idólatras, onde foi erguida Nazara, a
atual Nasra. Foi em Nazara que os antigos nazarias ou
naziretas mantiveram seus "mistérios de vida" ou "assembléias"
(como figura agora a palavra na tradução), que não passavam
de mistérios secretos de iniciação.
Os nazarenos mais antigos, que eram os descendentes dos
nazars da Escritura, e cujo último líder proeminente foi João
Baptista, embora considerados pouco ortodoxos pelos escribas
e fariseus de Jerusalém, eram, não obstante, respeitados, nunca
tendo sido molestados. Mesmo Herodes "temia a multidão"
porque considerava João um profeta (Mateus, XIV, 5). Mas os
seguidores de Jesus pertenciam, evidentemente, a uma seita
que se tornou um espinho ainda mais exasperante em seu
flanco. Ela surgiu como uma heresia dentro de outra heresia;
pois enquanto os nazars dos tempos antigos, os "Filhos dos
Profetas", eram cabalistas caldeus, os adeptos da nova seita
dissidente revelaram-se reformadores e inovadores desde o
início. A nazars - que se confundem com os outros do mesmo
nome, "que se consagraram à vergonha" - foram secreta, se
não abertamente, perseguidos pela sinagoga ortodoxa. Torna-
se então claro por que Jesus foi tratado com tanto desdém
desde o começo, e chamado depreciativamente de "o galileu".
Nataniel pergunta - "De Nazaré pode sair algo de bom?" (João
I, 46), no início de sua carreira, e apenas porque ele sabe que
se trata de um nazar. Não indica isto claramente que mesmo
os nazars mais antigos não eram realmente religiosos
hebraicos, mas antes uma classe de teurgistas caldeus? Além
disso, visto que o Novo Testamento é conhecido por seus erros
de tradução e falsificação transparente dos textos, podemos
com razão suspeitar que a palavra Nazaré substitui o termo
nasaria ou nazari; e que o texto original rezava: "De um
nozari, ou um nazareno pode sair algo de bom?", isto é, de um
seguidor de São João Baptista, com o qual nós o vemos
associado desde o início de sua entrada em ação, após ter
estado desaparecido por um período de aproximadamente
vinte anos.
João foi o profeta desses nazarenos, e na Galiléia ele foi
chamado de "Salvador"; mas não foi ele quem fundou essa
seita cujas tradições remontam à mais alta antigüidade de
teurgia caldaico-acadiana.
Se queremos nos assegurar de que Jesus era um verdadeiro
nazareno - embora com idéias de uma nova reforma, não
devemos buscar a prova nos Evangelhos traduzidos, mas nas
versões originais de que dispomos. Tischendorf, em sua
tradução do grego, da passagem de Lucas, IV 34, chama-o
"lesou Nazarene"; e no texto siríaco lê-se "Iasua, tu, o nazaria".
Portanto, se levarmos em conta tudo o que é enigmático e
incompreensível nos quatro Evangelhos, revisado e corrigido
em sua forma atual, veremos facilmente por nós mesmos que o
verdadeiro e original Cristianismo, tal como pregado por
Jesus, encontra-se apenas nas chamadas heresias sírias.
Somente delas podemos extrair noções claras sobre o que era o
Cristianismo original. Tal era a fé de Paulo, quando Tertulo, o
orador, acusou o apóstolo diante do governador Félix. Ele se
queixava de que "encontramos esse homem (...) suscitador de
tumultos (...) chefe da seita dos nazarenos"; e, ao passo que
Paulo nega todas as outras acusações, confessa que "segundo o
caminho que chamam de heresia, sirvo ao Deus de meus pais".
Essa confissão vale por toda uma revelação. E a mostra: l o que
Paulo admitia pertencer à seita dos nazarenos; 2º que ele
servia ao Deus de seus pais, não ao Deus cristão trinário, de
quem ele nada sabe, e que só foi inventado depois de sua
morte e 3o que essa infeliz confissão explica satisfatoriamente
que o tratado dos Atos dos Apóstolos, juntamente com o
Apocalipse de João, que num dado momento foi
completamente rejeitado, ficaram ambos fora do cânone do
Novo Testamento durante um longo período de tempo.
Os nazarenos eram batizados no Jordão, e não podiam ser
batizados em qualquer lugar. Eles também eram
circuncidados, e deviam jejuar antes e depois da purificação
pelo batismo. Afirma-se que Jesus jejuou no deserto durante
quarenta dias, imediatamente após o seu batismo.
O profeta Elias, um nazareno, e descrito em 2 Reis, e por
Josefo, como "um homem peludo e com um cinto de couro ao
redor dos rins". E João Baptista e Jesus tinham, ambos, cabelos
longos. João Baptista vestia-se "com pêlos de camelo" e trajava
uma cinta de couro, e Jesus, uma longa túnica "sem costuras"
(...) e muito branca, como neve", diz Marcos-, são as mesmas
roupas trajadas pelos sacerdotes nazarenos e pelos essênios
pitagóricos e budistas descritos por Josefo.
Dunlap, cujas pesquisas pessoais parecem ter sido coroadas de
sucesso nessa direção, constara que os essênios, os nazarenos,
os dositeus e algumas outras seitas já existiam antes de Cristo:
"Elas rejeitavam os prazeres, desprezavam as riquezas,
amavam uns aos outros e, mais do que outras seitas,
desprezavam o matrimônio, considerando o domínio sobre as
paixões como uma virtude", diz ele.
Todas essas virtudes era pregadas por Jesus; e se devemos
aceitar os Evangelhos como um padrão de verdade, Cristo era
um partidário da metempsicose, um reencarnacionista - tal
como esses mesmos essênios, que eram pitagóricos em todos os
seus hábitos e doutrinas. Jâmblico afirma que o filósofo
samiano passou algum tempo com eles no monte Carmelo. Em
seus discursos e sermões, Jesus sempre falou por parábolas e
empregou metáforas com seus ouvintes. Esse hábito é também
característico dos essênios e dos nazarenos; os galileus que
habitavam em cidades e aldeias jamais foram conhecidos por
empregarem tal linguagem alegórica. Na verdade, sendo
alguns de seus discípulos galileus, como é próprio, ficaram
estes surpresos ao vê-lo empregar tal modo de expressão com
o público. "Por que lhes falas por parábolas?", perguntavam
com freqüência. "Porque a vós foi dado conhecer os mistérios
do Reino dos Céus, mas a eles não", foi a resposta, que era a de
um iniciado. "E por isso que lhes falo por parábolas, porque
vêem sem ver, e ouvem sem ouvir, nem entender" (Mateus,
XIII, 10-13). Além disso, vemos Jesus expressando ainda mais
claramente seus pensamentos - e em sentenças que são
puramente pitagóricas - quando, durante o Sermão da
Montanha, diz:
Não deis o que é sagrado aos cães, Nem atireis as pérolas aos
porcos; Pois os porcos as pisarão E os cães se voltarão e vos
morderão.
O Prof. A. Wilder, o editor de Eleusinian and Bacchic
Mysteries, de Taylor, observa "uma idêntica disposição da
parte de Jesus e Paulo para classificar suas doutrinas como
esotéricas e exotéricas, 'os mistérios do Reino de Deus para os
apóstolos’ e 'parábolas' para a multidão'. 'Pregamos a
sabedoria', diz Paulo, 'àqueles dentre eles que são perfeitos'
(ou iniciados)".
Portanto, em comum com Pitágoras e outros reformadores
hierofantes, Jesus dividiu seus ensinamentos em exotéricos e
esotéricos. Seguindo fielmente os procedimentos pitagórico-
essênios, ele jamais se sentou à mesa antes dizer "graças". "O
sacerdote reza antes de se pôr à mesa", diz Josefo descrevendo
os essênios. Jesus também dividia seus seguidores em
"neófitos", "irmãos" e "perfeitos", se podemos julgar pela
diferença que fazia entre eles.
Ele será sagrado e deixará crescer livremente os cabelos", diz
Números (VI, 5). Sansão era um nazireu, i. e., consagrado ao
serviço de Deus, e nos cabelos estava a sua força. "Sobre a sua
cabeça não passará navalha, porque o menino será nazireu de
Deus desde o ventre da mãe" (Juízes, XIII, 5). Mas a conclusão
final a inferir disso é a de que Jesus, que tanto se opôs a todas
as práticas judias, não deixaria o cabelo crescer se não
pertencesse a essa seita, que nos dias de João Baptista já se
havia tornado uma heresia aos olhos do Sanhedrin. O
Talmude, ao falar dos nazareus ou nazarenos (que
abandonavam o mundo, como os iogues e os eremitas hindus),
chama-os de seitas de médicos, de exorcistas errantes; o
mesmo faz Jervis. "Eles percorriam o país, vivendo de esmolas
e realizando curas." Epitáfio diz que os nazarenos se
aproximavam tanto quanto à heresia dos coríntios, pois,
embora possam ter existido "antes ou depois destes, eles são
não obstante sincrônicos"; e acrescenta: "todos os cristãos
naqueles tempos eram igualmente chamados nazarenos"!
Na primeira observação feita por Jesus a propósito de João
Baptista, vemo-lo afirmar que este é o "Elias, que deverá vir".
Esta afirmação, no caso de não ser uma interpolação posterior
para simular o cumprimento de uma profecia, dá a entender
que Jesus, além de nazareno, também era cabalista e
acreditava na reencarnação, pois nesta doutrina só estavam
iniciados os essênios, nazarenos e discípulos de Simão, ben-
Yohai de Hillel, sem que nada soubessem dela os judeus
ortodoxos nem os galileus. A seita dos saduceus negava a
imortalidade da alma.
Munk, em sua obra sobre a Palestina, afirma, que havia 4.000
essênios vivendo no deserto; que eles possuíam os seus livros
místicos e que prediziam o futuro. Os nabateus, com muito
pouca diferença, na verdade, tinham as mesmas crenças dos
nazarenos e dos sabeus e todos eles veneravam João Baptista
mais do que ao seu sucessor, Jesus.
Assim, se Josefo nunca escreveu a famosa interpolação a
respeito de Jesus, forjada por Eusébio; por outro lado, ele
descreveu, nos essênios, todas as características principais que
encontramos nos nazarenos. Para orar, eles procuravam a
solidão. "Quando tu orares, entra no teu aposento (...) e ora a
teu Pai que está em segredo" (Mateus, VI, 6). "Tudo que foi
dito por eles [pelos essênios] é mais forte do que um
juramento. Eles se abstêm de prestar juramento". Mas eu vos
digo que não presteis nenhum juramento (...) Que vossa
palavra seja sim, sim, não, não" (Mateus, V, 34-7).
Tudo isso está perfeitamente certo. Mas é igualmente verdade
que o Novo Testamento, os Atos e as Epístolas (por mais real
que seja a figura histórica de Jesus) são todos exposições
alegóricas e simbólicas, e que "Paulo, e não Jesus, foi o
verdadeiro fundador do Cristianismo", embora não fosse o da
Igreja Cristã oficial. "Em Antioquia receberam os discípulos,
pela primeira vez, o nome de cristãos", dizem os Atos dos
Apóstolos; anteriormente, e até algum tempo depois, não eram
assim chamados, mas simplesmente nazarenos.
H. P. Blavatsky - Grey Nielsen
Ninguém pode vir a ser um iniciado pelo simples fato de
"fazer" isto ou aquilo, portanto é absurdo e intrinsecamente
contraditório "fazer" algo sem primeiro "ser" algo ou alguém.
Humberto Rohden
A iniciação é um processo místico pelo qual o homem começa
a ser alguém no plano da realidade eterna.
Idem
O profano é um cego que corre, mas sem saber para onde.
Santo Agostinho
O verdadeiro iniciado usa o mundo, não como um fim, mas
como um meio para alcançar o fim supremo.
Platão
O objetivo da iniciação não é a busca dos poderes mágicos,
senão o sacrifício pelos demais. Sem esse requisito não há
religião, nem escola, nem ocultismo, nem misticismo.
Jorge Adoum
Todas as iniciações são boas se conduzem o pensamento ao
mundo interno e o único iniciador deve ser o Eu Sou.
Idem
O profano é o homem antigo; iniciado é o homem moderno e
Adepto é o homem do futuro.
Ibidem
Todo aspirante à iniciação deve ter uma religião e a melhor
religião é o amor.
Isósceles
O profano é o homem que pouco ou nenhum contato tem
com o Eu Sou ,e não possui consciência. O iniciado é o ser
que, por seu desenvolvimento no mundo interno, adquire a
união com o íntimo. Desde então pode sentir a proximidade
do Reino dos Céus, mas de maneira consciente.
Bernard Gorceix
Antes de poder agir, você deve ser.
Antes de poder ser, você deve nascer.
Antes de você nascer, você deve morrer.
Antes de você morrer, você deve despertar.
Provérbio Oriental
Em todas as iniciações e em todos os mistérios, os deuses
apresentam-se sob muitas formas e surgem numa variedade de
estados. E, às vezes, na verdade, eles se apresentam à visão
numa luz sem forma; às vezes essa luz está de acordo com uma
forma humana, e às vezes assume um estado diferente.
H. P. Blavatsky
O batismo é um dos ritos mais antigos e foi praticado por todas
as nações em seus mistérios, como abluções sagradas.
Dunlap
Em I Samuel, X, a unção de Saul, por Samuel, e a sua iniciação
são descritas; e no versículo 6, Samuel usa as seguintes pala-
vras significativas "(...) o Espírito do Senhor virá sobre ti e
profetizarás com eles e te tornarás um outro homem".
Samuel X: 6
Basta ao homem saber que ele existe? Basta que se forme um
ser humano para que mereça o nome de homem? E nossa
opinião e convicção de que para ser uma genuína entidade
espiritual, na verdadeira concepção da palavra, o homem deve
inicialmente, por assim dizer, criar-se de novo - isto é,
eliminar por completo de sua mente e de seu espírito não só a
influência dominante do egoísmo e de outras impurezas, mas
também a infecção da superstição e do preconceito.
Proclo
O problema da vida é o homem. A magia, ou melhor, a
Sabedoria, é o pleno conhecimento dos poderes do homem
interno, poderes que são emanações divinas, assim como a
intuição é a percepção de sua origem, e é pela iniciação que se
adquire esse conhecimento... O instinto é o primeiro passo; o
fim é a onisciência.
A. Wilder
Só pelo constante auto-aperfeiçoamento nos Mistérios
perfeitos é que o homem se faz secretamente perfeito.
Fedro
A iniciação não somente nos ensina ser felizes nesta vida,
como ainda a morrer com a esperança de algo melhor.
Cícero
Um iniciado deve praticar o mais possível todas as virtudes:
justiça, fidelidade, liberdade, modéstia, temperança. Estas
virtudes fazem esquecer ao homem os talentos que lhe faltam.
Idem
Os iniciados têm a certeza que andam em companhia dos
deuses.
Sócrates
O homem está no céu quando esse céu do conhecimento
intuitivo de Deus está no homem. O homem espiritual leva
consigo o seu céu, aonde quer que vá. E, como esse homem,
consciente ou inconscientemente, irradia em derredor de si o
seu céu interior, todas as almas receptivas podem, na presença
de um verdadeiro iniciado, adivinhar o que seja o céu e ter
dele um antegozo de inexplicável fascínio e suavidade.
Idem
A iniciação é um processo místico pelo qual o homem começa
a ser alguém no plano da realidade eterna.
Humberto Rohden

Os Segredos das Pirâmides

Todo aspirante deve compreender os mistérios da Iniciação


antiga para compreender e praticar, em consciência, a
verdadeira Iniciação Moderna. Todos os Mistérios Antigos
eram símbolos de coisas futuras que devem suceder. Para
poder compreender a verdade, devemos estudar os símbolos
antigos que são o caminho mais reto até a sabedoria.
Os Egípcios praticavam a Iniciação na Grande Pirâmide (Gizé
ou Queóps). Este monumento maravilhoso jamais foi tumba
de Faraó, como pretendem demonstrar alguns sábios. A
Grande Pirâmide é fidelíssima cópia do corpo humano e
podemos dizer, simbolicamente, que é a tumba do Deus
íntimo que se acha dentro do homem.
C. W. Leadbeater
O iniciado ou sacerdote egípcio conheceu a si mesmo física e
espiritualmente e escreveu seu conhecimento nesse livro que
a Pirâmide é, para que seu irmão menor pudesse ler nele e
saber, como ele, o modo de entrar em seu interior e adorar
Deus.
Greg Nielsen
Os antigos egípcios, para construírem a eterna Pirâmide de
Queóps, devem ter estudado bem o homem ou o Universo, ou
os dois juntos, para alcançarem aquela maravilha científica. E
compreensível que não haja, nas Lojas Maçônicas atuais, os
signos, os Símbolos, conservando todo o brilho e verdadeira
origem de sua antigüidade; todavia, ficou o bastante para
ocupar a imaginação do homem por várias vidas.
Idem
A assistência carinhosa do Cristo não desamparou a marcha
desse povo de nobreza moral. Enviou-lhe auxiliares e
mensageiros, inspirando-o nas suas realizações, que
atravessaram todos os tempos provocando a admiração e o
respeito da posteridade de todos os séculos.
Aquelas almas exiladas, que as mais interessantes
características espirituais singularizam, conheceram, em
tempo, que o seu degredo na Terra atingia o fim.
Impulsionados pelas forças do Alto, os círculos iniciáticos
sugerem a construção das grandes pirâmides, que ficariam
como a sua mensagem eterna para as futuras civilizações do
orbe. Esses grandiosos monumentos teriam duas finalidades
simultâneas: representariam os mais sagrados templos de
estudo e iniciação, ao mesmo tempo que constituiriam, para os
pósteros, um livro do passado, com as mais singulares
profecias em face das obscuridades do porvir.
Levantaram-se, destarte, as grandes construções que
assombram a engenharia de todos os tempos. Todavia, não é o
colosso de seus milhões de toneladas de pedra nem o esforço
hercúleo do trabalho de sua justaposição o que mais empolga e
impressiona a quantos contemplam esses monumentos. As
pirâmides revelam os mais extraordinários conhecimentos
daquele conjunto de Espíritos estudiosos das verdades da vida.
A par desses conhecimentos, encontram- se ali os roteiros
futuros da Humanidade terrestre. Cada medida tem a sua
expressão simbólica, relativamente ao sistema cosmogônico do
planeta e à sua posição no sistema solar. Ali está o meridiano
ideal, que atravessa mais continentes e menos oceanos, e
através do qual se pode calcular a extensão das terras
habitáveis pelo homem, a distância aproximada entre o Sol e a
Terra, a longitude percorrida pelo globo terrestre sobre a sua
órbita no espaço de um dia, a precessão dos equinócios, bem
como muitas outras conquistas científicas que somente agora
vêm sendo consolidadas pela moderna astronomia.
As pirâmides do Egito evocam uma imagem de estruturas
imensas, elevando-se de um vasto oceano de areia - três
imponentes monumentos, de face triangular, e uma estátua
enorme, meio humana, meio animal - arbitrariamente
agrupados, escorchados por um escaldante sol e desgastados
por ventos inclementes. Enigmas tangíveis, resquícios antigos
de tempos imemoriais, além da história, além da compreensão.
Junto com as pirâmides menos conhecidas que existem
espalhadas pelo mundo, esses colossais monumentos
arquitetônicos forneceram, através dos séculos, material para
os arqueólogos, historiadores e místicos que encheriam
milhares de volumes, inúmeras teorias, debates infindáveis e
meditações íntimas.
A Grande Pirâmide de Gizé encabeça a lista das Sete
Maravilhas do Mundo, e é considerada a última sobrevivente.
Os estudiosos atribuem a primeira lista das Sete Maravilhas do
Mundo a um escritor grego, Antipatros, em torno de 100 a.C..
Essa lista é a que conhecemos melhor:

1. A Grande Pirâmide de Gizé


2. Os Jardins Suspensos da Babilônia
3. A Estátua de Zeus em Olímpia, por Fídias
4. O Templo de Artêmis em Efeso
5. O Túmulo do Rei Mausolo de Karia, em Halicarnasso
6. O Colosso de Rodes
7. O Pharos, ou Farol, de Alexandria

Posteriormente, os escritores substituíram ou acrescentaram


outros itens à lista, citando o Templo de Júpiter em Roma, as
Muralhas de Babilônia, a Torre de Babel, as Muralhas de
Jericó e outros. E se tivessem sabido, por exemplo, dos
extraordinários santuários budistas do Ceilão, a imensa represa
na Arábia e a Grande Muralha da China, a lista certamente
teria sido mais extensa.
A Grande Pirâmide de Gizé também é conhecida apenas como
a Grande Pirâmide, ou a Pirâmide de Queóps - sendo Queóps
a forma grega de "Khufu", nome do faraó que era filho de
Snofru, sucessor do trono.
A Grande Pirâmide tornou-se o máximo em matéria de
construção de pirâmides, quanto ao tamanho e qualidade. Já
foram feitas dezenas de tentativas para ilustrar seu tamanho,
comparando-a com outras estruturas famosas.
Acredita-se que originariamente medisse 146,71m de altura;
os séculos a desgastaram, reduzindo-a à altura atual, de
137,16m. Abrange 5,30 hectares e cada lado mede
aproximadamente 230m de comprimento. Suas quatro faces
triangulares têm um ângulo de inclinação de
aproximadamente 51 graus e 52 minutos até o solo e toda a
estrutura se orientava, inicialmente, em linha com o
verdadeiro Norte e Sul.
Existe um grande mistério envolvendo as pirâmides, desde o
enigma da construção das colossais pirâmides egípcias, maias e
peruanas, até os poderes desconcertantes e inexplicáveis,
aparentemente intrínsecos, à forma piramidal.
Em todas as escavações demoradas e árduas das pirâmides
atribuídas à III Dinastia, nunca se encontrou um corpo ou
múmia de faraó algum. Isso levou alguns egiptólogos a
acharem que a pirâmide era destinada a abrigar apenas o cá do
rei, e que o verdadeiro corpo fora - e muito provavelmente
ainda está - sepultado em outro local. Os egiptólogos
sustentam essa opinião com o fato conhecido de que séries de
túmulos separados e longe uns dos outros pertenciam aos
mesmos reis ou faraós. Se bem que não fossem pirâmides, e
sim túmulos como criptas sob as areias do deserto, uma
continha a múmia enquanto a outra era considerada o túmulo
do cá.
A Grande Pirâmide já podia ser um monumento antigo na
época de Queóps, conforme está documentado numa inscrição
obscura e considerada insignificante - não fora isso - chamada
a Estela do Inventário. A maior das três pirâmides que formam
o conjunto de Gizé, a Grande Pirâmide, já existe quando se dá
a história da Estela. Segundo as inscrições, Queóps construiu
sua pirâmide junto da Grande Pirâmide, então conhecida
como o templo da deusa Ísis, e depois ele construiu outra
pirâmide para a filha, também junto do templo. Essa curiosa
inscrição na Estela do Inventário pode até indicar que Khafra
(Quéfren) e MenKeura (Miquerinos), comumente associados
às duas outras pirâmides de Gizé, podem não ter tido nem a
fortuna, o tempo ou o poder de construir suas próprias
pirâmides. Quéfren e Miquerinos podem ter simplesmente
assumido as pirâmides de Queóps e sua filha, respectivamente.
A altura atual total ou perpendicular da Grande Pirâmide é de
137m, e concebe-se que tenha medido originariamente 148m.
A discordância na altura deve-se ou à erosão dos séculos ou à
remoção física de seção do vértice. Sua base cobre 5,3 hectares
e é quase quadrada, cada lado medindo em média 230,3m de
comprimento. Embora não haja dois lados inteiramente iguais
em comprimento, a diferença entre o lado mais curto e o mais
longo é de apenas 20m. Toda a estrutura, embora ligeiramente
oblíqua, parece ter sido originariamente orientada num
alinhamento perfeito com os quatro pontos cardeais.
Calcula-se que a Pirâmide tenha sido construída com
2.500.000 blocos de pedra talhada. As estimativas quanto ao
peso de cada bloco de pedra variam de 2 a 70 toneladas,
enquanto que o peso total de toda a Pirâmide tem sido
avaliado em 5.273.834 toneladas. Também se acredita que o
cerne de seu centro seja composto de uma porção de pedras
cujo tamanho não pode ser determinado com precisão.
Acredita-se que toda a Pirâmide tenha sido originariamente
revestida de um invólucro de calcário cortado da pedreira de
Tura. Um dos poucos fatos indiscutíveis sobre a construção da
Grande Pirâmide é que as pedras de revestimento,
perfeitamente trabalhadas, com uma superfície de contato de
aproximadamente 3,25m2, estavam tão bem cimentadas que as
juntas entre elas têm uma separação de não mais de 0,6cm.
Esse cimento tem uma tal retentividade que existem
fragmentos de pedra de revestimento ainda unidos pelo
cimento, embora o resto dos blocos de ambos os lados tenha
sido destruído. Todo o revestimento de calcário de Tura, com
a exceção de algumas peças junto da base, foi arrancado por
civilizações posteriores para uso em suas construções. As
pedras de revestimento se assentam sobre uma plataforma de
um pouco menos de 43 cm de espessura, que por sua vez fica
sobre a rocha natural nivelada do planalto de Gizé. A
plataforma projeta-se pouco mais de 40 cm além das pedras de
revestimento.
A Pirâmide tem uma calçada de calcário à sua volta. Essa
calçada, feita de calcário, entesta no nível da plataforma e sua
largura existente é de menos de 10 cm. No lado leste da
Pirâmide, uma calçada de basalto começa quando acaba o
calcário, estendendo-se pelo menos 27 m para leste.
Max Toth
Outra referência alegórica é a Jesus Cristo e às Pirâmides,
envolvendo ainda mais a divindade da estrutura. Encontramos
isso nos Éfesos 2: 20:
Edificados sobre o fundamento dos Apóstolos e dos profetas,
sendo o mesmo Jesus Cristo a principal pedra angular.
Aliás, há várias referências no texto das Escrituras a Jesus
Cristo como pedra angular viva, pedra fundamental, pedra de
cumeeira e a própria Pirâmide, alegórica ou não.
Para mais esclarecimentos de pesquisas sobre as Escrituras,
que se crê tenham relação de algum modo com a Pirâmide,
consultem os seguintes textos das Escrituras: Salmos 118: 22;
Isaías 28:16; Romanos 9: 33; Isaías 8: 14-15; Mateus 21: 42-44;
Marcos 12: 10-11; Lucas 20: 17-18; Atos 4: 11; Pedro 2: 4-8; Jó
38: 4-6; e Zacarias 4: 7.
A grande possibilidade de que a Bíblia revele o propósito
essencial da Pirâmide, e que a própria Pirâmide seja uma
Bíblia de pedra, deu origem a um conceito inteiramente novo
na tentativa de se compreender o que hoje se chama do plano
divino das idades. Assim, os piramatologistas acreditam que a
sabedoria infinita de Deus está representada dentro de alguns
simples corredores e câmaras, e que as características
simbólicas da Grande Pirâmide e seus importantes marcos de
tempo indicam o plano da salvação e as várias providências da
humanidade, do princípio ao fim. Esses piramatologistas
interpretaram e definiram o simbolismo dos corredores e
câmaras da Grande Pirâmide.
Na tradição esotérica ocidental há muitos filósofos que indi-
cam que Jesus passou tempos no Egito.
Há um relato extraordinário de Paul Sédir sobre a visita de
Jesus à Grande Pirâmide, baseado sobre essa tradição.
Em seu livro Iniciações (1967) Sédir diz o seguinte:
Uma tarde os nossos exilados visitaram as Pirâmides. O sol se
punha e à sombra daqueles enormes triângulos de pedra as
fogueiras das tendas dos beduínos tornavam-se rubras.
Enquanto o pai e a mãe conversavam, o pequeno Jesus, ao
abrigo de uma rocha, parecia estar-se distraindo traçando
linhas na areia com uma vara. Depois correu para o mais velho
dos beduínos e levou-o para ver sua obra, como fazem todas as
crianças depois que constroem alguma maravilha frágil. Mas
assim que o velho de rosto impassível viu o desenho, ficou
pálido e debruçou-se depressa sobre aquela geometria
complicada. Naquele grande triângulo isósceles ele descobriu
a planta da construção interna da Pirâmide: a cripta, as salas
do Rei e da Rainha, os corredores, os poços, em resumo - tudo.
Mas aqueles nômades eram os únicos que conheciam os
segredos daquelas estruturas. Herdeiros das tradições ante-
diluvianas, sabiam que a Pirâmide, juntamente com a Esfinge,
era um dos livros de pedra em que os patriarcas depositavam
todas as chaves de sua sabedoria. A posição geodésica da
Pirâmide, sua orientação, medidas externas e internas, as
angulosidades de suas bordas e corredores, a posição de suas
salas, tudo isso dá os elementos da astronomia geral e
terrestre, a geografia, sociologia, direito e história política,
filosófica e religiosa, além dos da fisiologia e psicologia.
Alguns físicos acham que a pirâmide não é somente um
acumulador de energias, mas também um modificador deles.
Sabemos que qualquer objeto dentro do qual vibre energia é
capaz de atuar como uma cavidade ressonante. Sabemos
também que a energia é focalizada num certo ponto dentro do
objeto, seja ele oco ou compacto. Podemos assim imaginar que
a pirâmide é capaz de atuar como uma enorme cavidade
ressonante capaz de focalizar as energias do cosmo como uma
gigantesca lente. Esta energia focalizada efetuaria as moléculas
ou cristais de qualquer objeto situado no caminho do feixe
dessa energia. Alguns chegam mesmo a igualar um feixe
invisível de laser de uma freqüência diferente e diferente
efeito de força.
Achamos particularmente interessante que, até agora, muito
poucos relatos de efeitos negativos tenham-se espalhado sobre
a pirâmide. Virtualmente, ao contrário de toda parafernália
usada no ocultismo, como mesas mediúnicas e pêndulos, a
pirâmide parece ter poderes que são quase sempre benéficos
ou neutros. Naturalmente, alguns místicos se queixam de que,
quando passam muito tempo dentro da pirâmide para meditar,
recebem, na verdade, "energia demais" ou se sentem
"supercarregados". Claro que isto seria um erro do meditador,
por não saber controlar o uso de sua pirâmide, e não falha da
pirâmide.
Em vários países europeus como a Iugoslávia, a Itália e a
França, o leite e o iogurte são agora embalados em recipientes
na forma de pirâmides. Parece que este tipo de embalagem
retarda o processo de deterioração, permitindo aos
consumidores guardar o produto por muito mais tempo do
que quando acondicionado nos recipientes convencionais.
Embora não disponhamos de dados para sustentar a afirmação
do prolongamento da vida do produto na prateleira devido à
embalagem piramidal, sabemos que a forma da pirâmide atua
como preservativo. E não podemos pensar em nenhuma outra
razão que tenha levado os fabricantes a incorrer em tão
grandes despesas para mudar a embalagem desses produtos. E
também difícil admitir que uma simples coincidência tenha
sido a responsável pela decisão dos fabricantes de embalar o
creme para os restaurantes em pequeninos pacotes de forma
piramidal. Estes pacotinhos são guardados embaixo dos
balcões das cafeteiras o dia todo, sem refrigeração, e em geral
duram muito. E muito provável que a forma piramidal seja a
responsável pela longevidade do creme, se bem que isso
também possa ser atribuído às substâncias conservadoras que
bem são adicionadas e que retardam a deterioração. A este
propósito, contudo, parece significativo o fato de que, na
Rússia czarista, as tropas supostamente recebiam suas rações
de carne em recipientes de forma piramidal, projetados
precisamente com o objetivo de conservá-las.
Recentemente, é cada vez maior o número de pessoas que
começaram a usar recipientes em forma de pirâmide para
guardar cereais e outros alimentos, afirmando que assim seu
gosto fica muito mais apurado do que quando conservados nos
recipientes de formas convencionais. Experimente guardar
arroz, feijão, frutas secas, condimentos e até açúcar, biscoitos,
etc. em recipientes piramidais. Esteja certo de que vai sentir
uma grande melhora no gosto destes alimentos. Além disso,
você verificará que estes recipientes ficarão livres de bichos
nos meses de verão, quando, devido ao tempo quente e úmido,
os insetos e gorgulhos pululam nos recipientes.
Sugeriu-se que o café, quando guardado numa pirâmide, fica
menos amargo. Há também quem afirme que os charutos,
cigarros e o fumo para cachimbo se tornam mais suaves se
você os guardar dentro de uma pirâmide. Supostamente, a
conservação dentro da pirâmide amacia o uísque e envelhece a
cerveja. E há informações de que os perfumes fortes, deixados
dentro de pirâmides, passaram a ter uma fragrância mais sutil.
Gertrude Spencer
AS PIRÂMIDES: são estruturas quadriláteras de pedra ou
tijolo, geralmente assentadas sobre bases quadradas e
adelgaçando- se para o alto com superfícies laterais
triangulares, são encontradas em diferentes partes do mundo,
mas principalmente no Egito, onde as mais famosas são as três
de Gizé, a oeste do Cairo - a Grande Pirâmide de Queóps, a de
Quefren e a de Miquerino - tendo esta a metade da altura das
outras duas, mas excedendo-as em beleza de acabamento. São
sepulcros monumentais de primitivos reis egípcios, porém
estudos mais apurados demonstram que originalmente foram
templos votivos, relacionados com o culto solar e as iniciações
aos antigos Mistérios. Suas quatro faces estão orientadas no
sentido dos quatro pontos cardeais, visando alguma finalidade
astronômica. Na construção da Grande Pirâmide de Queóps,
calculada pelo sistema decimal (cabalisticamente o número 10,
ou seja, a combinação dos princípios masculino e feminino),
nota-se um sistema de ciência exata, geométrica, numérica e
astronômica, baseada na razão integral pi do diâmetro para
com a circunferência do círculo. Suas medidas coincidem com
as do alegórico Templo de Salomão, emblema do ciclo da
Iniciação, como também com as da Arca de Noé e da Arca da
Aliança. (Doutrina Secreta de H. P Blavatsky, I 333-34, e II,
487). Além disso, as pirâmides simbolizavam outros
misteriosos princípios criadores cósmicos e da natureza
interna do indivíduo (triângulo sobre o quadrilátero). No Rito
de Misraim se instruía que as pirâmides foram o verdadeiro
lugar da Maçonaria, e ali se exibe um de seus emblemas em
alguns graus. Em sua obra The Great Pyrazmid, p. 95,
Davidson e Alesmith, depois de copiosos informes sobre o
assunto, comentam: "As externas características, dimensões e
unidades da grande pirâmide metodicamente estudadas, dão
precisa e exatamente todos os valores essenciais da órbita e
movimento da Terra, inclusive os valores dos anos solar e
sideral, a distância média do Sol, o diâmetro do Sol e os
valores máximo e mínimo da excentricidade da órbita da
Terra".
Em apoio à crença de que a Grande Pirâmide era a Casa
Sagrada dos Mistérios, citamos palavras de eminente
autoridade sobre simbolismo maçônico, Albert Chuward:
"Sustentamos que a Grande Pirâmide de Gizé foi construída
no Egito como um monumento e permanente recordação
desta religião primitiva (os Mistérios), com base em
verdadeiras leis científicas, por divina inspiração e
conhecimento das leis do universo. Com efeito, podemos
interpretar a Grande Pirâmide como o primeiro templo
maçônico do mundo, superando todos outros até então
construídos" (Cit. em The Phoenix, Mainy P Hall, p. 164). E
prossegue o erudito escritor: "Este pensamento abre um vasto
campo de especulações. Foi a Grande Pirâmide a verdadeira
Casa de SOL-OM-ON? Foi o arquiteto dessa Casa o imortal
Hiram Abi, cujo nome significa "Nosso Pai Chiram", o "fogo
criador"? Foram as pedras da Grande Pirâmide cortadas com
serrote de bronze, com dentes feitos de diamantes, ou o foram
por meio do fogo cósmico, ou da schamir, com que Moisés
cortou as jóias do racional do Sumo Sacerdote? O que foi
schamir, a pedra sagrada que desintegrava tudo quanto ela
tocasse? Foi o Grande Agente Mágico do universo focalizado
num ponto preparado segundo os segredos dos Mistérios?
Acolhemos a idéia de que a Grande Pirâmide foi o real
Templo de Salomão. De fato a alegoria tem sido
lamentavelmente distorcida, mas, se ao Maçom moderno
parecer incrível que a Grande Pirâmide haja sido o berço de
sua Real Arte, nós lhe pediríamos respondesse a duas
perguntas: Que construção maior que a Pirâmide foi em algum
tempo executada por qualquer arquiteto ou artífice na face da
terra? Para a ministração dos três Graus da Loja Maçônica
Azul, que estrutura mais adequada que a da Grande Pirâmide
se poderia encontrar, com suas três apropriadas câmaras e um
sarcófago pronto e ao alcance na Câmara do Rei para outorgar
o Grau de Mestre Maçom?"(Cf. Esfinge; Harmachis;
Labirinto).
A data das centenas de pirâmides do vale do Nilo é impossível
de ser fixada por qualquer uma das regras da ciência moderna;
mas Heródoto informa-nos que cada rei erigiu uma delas para
comemorar o seu reino e servir como seu sepulcro. Mas
Heródoto não disse tudo, embora ele soubesse que o objetivo
real da pirâmide era muito diferente daquele que ele lhe
atribui. Não fossem os seus escrúpulos religiosos, ele teria
podido acrescentar que, externamente, ela simbolizava o
princípio criativo da Natureza e também ilustrava os
princípios de Geometria, Matemática, Astrologia e
Astronomia. Internamente, era um templo majestoso, em
cujos recessos sombrios eram realizados os mistérios e cujas
paredes freqüentemente testemunhavam as centenas de
iniciação dos membros da família real. O sarcófago pórfiro,
que o Prof. Piazzi Syth, Astronomer-Royal da Escócia, reduz à
condição de um grande caixote para armazenar cereais, era a
pia batismal da qual emergia o neófito, que então "nascia de
novo" e se tornava um adepto.
Heródoto dá-nos, todavia, uma idéia justa do labor enorme
despendido no transporte de um desses gigantescos blocos de
granito. Cada bloco media cerca de 10 metros de
comprimento, 6 de largura e 3 de altura. Estima o seu peso em
300 toneladas e em 2.000 o número de homens necessários
para transportá-lo em três anos de Syene a Sais, Nilo abaixo.
Gliddon, em seu Ancient Egypt, cita de Plínio uma descrição
dos preparativos para o transporte de um obelisco erigido em
Alexandria por Ptolomeu Filadelfo. Um canal foi aberto desde
o Nilo até o local em que ele repousa. Dois barcos flutuavam
sob ele; foram carregados com pedras de 30 centímetros
cúbicos cada uma; calculado o peso do obelisco pelos
engenheiros, a carga dos barcos era exatamente proporcional a
ele, de maneira que eles ficassem suficientemente submersos
para passar sob o monólito quando este fosse colocado sobre o
canal, atravessando-o de um lado a outro. Depois, as pedras
foram gradualmente removidas, os barcos flutuavam,
ergueram o obelisco e ele flutuou rio abaixo.
Na seção egípcia do Museu de Dresden, ou de Berlim, não nos
lembramos de qual deles, está uma pintura que representa um
operário subindo por uma pirâmide inacabada com uma cesta
de areia às costas. Isto sugeriu a alguns egiptólogos a idéia de
que os blocos das pirâmides eram manufaturados
quimicamente in loco. Alguns engenheiros modernos
acreditam que o cimento Portland, um silicato duplo de cal e
alumina, seja o cimento imperecível dos antigos. Mas, por
outro lado, o Prof. Carpenter afirma que as pirâmides, com
exceção do granito do seu revestimento, são formadas daquilo
que os geólogos chamam de calcário mumulítico. Este é mais
novo do que o velho giz e é feito de conchas de animais
chamados mumulites - que são como pequenas moedas de
tamanho aproximado à moeda de um xelim. Embora esta
questão discutível deva ser resolvida, ninguém, de Heródoto e
Plínio até o último engenheiro errante que olhou para esses
monumentos de dinastias imperiais há muito tempo
desmoronadas, foi capaz de nos mostrar como as massas
gigantescas foram transportadas e levadas no local. Bunsen
atribui ao Egito uma antigüidade de 20.000 anos. Mas mesmo
nessa questão só seremos levados a conjecturas se
dependermos das autoridades modernas. Elas nem nos podem
dizer para que as pirâmides foram construídas, em que
dinastia a primeira delas foi erigida, nem o material com que
foram edificadas. Para eles, tudo é conjectura.
Joaquim Gervásio de Figueiredo
Moisés foi um sacerdote iniciado, versado em todos os
mistérios e conhecimentos ocultos dos templos egípcios - e,
portanto, inteiramente a par da sabedoria antiga. E nesta
última que se deve investigar a significação simbólica e
astronômica deste "Mistério dos Mistérios": a Grande
Pirâmide. E, como os segredos geométricos que durante
longos evos se esconderam em sua robusta estrutura - as
medidas e proporções do Cosmos, inclusive as de nossa Terra -
eram todos familiares a Moisés, não é de admirar que ele
fizesse uso desses conhecimentos.
Não desejando ver o seu povo eleito - eleito por ele - incidir
na grosseira idolatria da massa profana que o rodeava, valeu-se
Moisés do seu conhecimento dos mistérios cosmogônicos da
Pirâmide para sobre ele basear a Cosmogonia do Gênesis,
mediante alegorias e símbolos muito mais ao alcance da
compreensão dos oimoyya que as verdades ensinadas nos
santuários às pessoas instruídas. Moisés foi original não só na
forma de expressão; mas nada inventou, nem acrescentou um
átimo ao conceito, seguindo assim o exemplo dos povos e
Iniciados mais antigos. Se revestiu de engenhosas imagens as
grandes verdades que aprendeu dos Hierofantes, fê-lo para
atender às exigências dos israelitas; pois esta raça obstinada
não teria aceito um Deus que não fosse também
antropomórfico como os Deuses do Olimpo; e ele próprio não
foi capaz de prever a época em que legisladores eminentes e
cultos viriam a defender a casca do fruto daquela sabedoria,
que nele germinara e amadurecera sobre o Monte Sinai,
quando se comunicava com o seu Deus pessoal, com o seu
divino Eu. Moisés compreendeu o gravíssimo risco de confiar
semelhantes verdades ao egoísmo das multidões, porque se
recordava do passado e conhecia o significado da fábula de
Prometeu. Velou-as, portanto, a fim de preservá-las dos
olhares profanos, e deu-lhes somente alegorias. Diz o seu
biógrafo, por isso, que, ao descer do Monte Sinai, "Moisés não
sabia que o seu rosto resplandecia... e cobriu a sua face com
um véu".
E da mesma forma "cobriu com um véu" a face do Pentateuco;
e o fez de tal maneira que somente 3.376 anos depois (pela
cronologia ortodoxa) é que o povo começou a perceber que
era "realmente um véu". Não foi a face de Deus, ou a de
Jehovah, que resplandeceu; nem mesmo a face de Moisés; mas
as dos últimos Rabinos.
Não é de surpreender que Clemente de Alexandria escrevesse
em sua Stromata:
Os enigmas dos egípcios, no tocante ao que encobrem, são
também semelhantes aos dos hebreus.
H.PBlavatsky
E como era na Grande Pirâmide que se celebravam os
Mistérios e se realizavam as Iniciações (pois foi construída
com essa finalidade), não é admissível, nem se compadece com
os fatos conhecidos da história dos Mistérios, supor que
Cheops, se foi realmente o construtor da pirâmide, houvesse
perseguido os sacerdotes iniciados e fechados os seus templos,
mas, além disso, ensina a DOUTRINA SECRETA que não foi
Cheops quem construiu a pirâmide que tem o seu nome -
sejam quais forem os seus grande feitos.
Idem
Ninguém contesta o mérito de Champollion como egiptólogo.
Ele declara que tudo faz crer que os antigos egípcios eram
profundamente monoteístas. E confirma em seus mínimos
detalhes a exatidão das obras do misterioso Hermes
Trismegisto, cuja antigüidade se perde na noite dos tempos.
Ennemoser diz também: "Heródoto, Tales, Parmênides,
Empédocles, Orfeu e Pitágoras foram ao Egito e ao Oriente a
fim de se instruírem na Filosofia Natural e na Teologia". Foi lá
também que Moisés adquiriu seus conhecimentos, e Jesus
passou os primeiros anos de sua vida.
Idem
A Grande Pirâmide (Queóps ou Gizé) exteriormente
simbolizava o princípio criador da natureza, e também
projetava luz sobre os princípios da geometria, das
matemáticas, da astrologia e da astronomia. Interiormente, era
um templo majestoso, em cujos sombrios recintos se
celebravam os Mistérios, e cujos muros haviam tantas vezes
testemunhado as cerimônias da iniciação de membros da
família real. O sarcófago de pórfiro, que o professor Piazzi
Smyth, Astrônomo Real da Escócia, rebaixa a nível de um
celeiro de trigo, era a fonte batismal, de onde o neófito saía
nascido de novo, convertendo-se a um Adepto.
Heródoto (op. cit., I, 519)

Simbolismo

Simbólica é toda literatura mística das antigas religiões. Os Livros de


Hermes, o Zohar, o Ya-Yabav, o livro dos Mortos egípcio, os Vedas, os
Upanishads e a Bíblia são tão cheios de simbolismo como as revelações
nabatéias do Qü-tâmy caldeu. Perguntar qual deles é mais antigo é perder
tempo: todos são versões distintas da primitiva revelação e do
conhecimento pré- histórico.
Sinésio
De algum modo, a contemplação de símbolos evoca novos,
estranhos e ressoantes acordes no interior do estudante. Suas
formas enigmáticas tornam-se fascinantes, e ele não sabe por
quê. Símbolos o intrigam; desafiam-no. Parecem falar-lhe uma
língua bem compreensível para seu Eu interior, mas
desconhecida para seu Eu exterior. O estudante toma
consciência de que sua forma e configuração não é acidental.
A resposta ou reação interior do estudante lhe sugere que os
símbolos possuem um significado oculto e que representam
uma linguagem esotérica, um código secreto, que ele deve
entender e cujo significado ele deve revelar.
Como parte de sua instrução mística, o estudante aprende o
significado tradicional dos principais símbolos. No entanto,
muito cedo ele compreende que os significados tradicionais
dos símbolos lhe são transmitidos simplesmente para servir
como pontos iniciais de reflexão e meditação. Lentamente
percebe que a mente objetiva do homem pode apreender só
limitadamente o significado de um símbolo. As poucas
presenças que abrangem explicações são apenas sinais
superficiais que revelam aspectos externos, racionais, do
símbolo. Um símbolo não deve ser apenas entendido pelas
faculdades racionais do homem, mas seu significado deve ser
vivenciado intimamente. O símbolo é um produto altamente
diferenciado da mente subconsciente do homem. Representa
uma força viva, a compreensão, a apreensão e vivência de uma
verdade cósmica.
Assim é que, para os estudantes de misticismo, os símbolos são
da maior importância, pois ensinam verdades esotéricas e são
instrumentos significativos para o seu desenvolvimento.
Os estudantes concordariam em que um símbolo não tem
significação própria, mas é uma representação figurativa, ou
uma substituição, de algo que não é ele próprio, como um
conceito, uma idéia, uma operação ou uma relação. Assim, a
imagem figurativa de um leão pode servir como um substituto
ou símbolo de coragem; uma nuvem escura pode significar
uma desgraça iminente; o triângulo pode simbolizar a
perfeição; o quadrado, solidez, estabilidade; e o círculo,
infinidade ou eternidade.
Gerald Jampolsky
O símbolo realmente iniciativo é esquemático e tem sido a
linguagem inalterável, universalmente usada desde a mais
remota antigüidade pelas ciências e artes "sacerdotais" para
proclamar e perpetuar certas verdades eternas, essenciais à
vida humana. Foi posteriormente transmitido às sociedades
secretas, que o mantiveram intacto através dos séculos e
adversidade. Mercê desses esquemas simbólicos, é-nos possível
reencontrar atualmente as antigas informações sobre a
Iniciação da alma nos mistérios da Vida. No entanto, é mister
que cada interessado procure interpretá-lo, compreendê-lo e
senti-lo por seus próprios esforços para poder penetrar seus
profundos significados.
Candace Pert
O símbolo é a representação gráfica ou pictórica de uma idéia
ou princípio. Este método tem a vantagem de não se encerrar
nos limites de uma definição, sempre mais ou menos arbitrária
e contestável. Apresenta idéias particulares sob uma forma
abstrata, de uma ordem superior às representações mentais
comuns, e permite-nos aproximações.
Joaquim Gervásio de Figueiredo
O Lótus e a Água figuram entre os mais antigos símbolos, e sua
origem é essencialmente ariana, embora passassem depois a
propriedade comum ao subdividir-se a Quinta-Raça.
Tales
O significado de cada símbolo é interno e não como se explica
exteriormente. Por exemplo, a cruz não significa "morte" e
sim "triunfo" sobre a matéria; também a fábula encerra
verdade profunda.
Timpson
O símbolo é como a verdadeira arte, nunca deve falar aos
sentidos e sim excitar a imaginação.
Jorge Adoum
Tempo houve ainda em que a Religião-Sabedoria não era sim-
bólica, pois só gradualmente é que se tornou esotérica, tendo-
se feito necessária esta mudança por causa dos abusos e da
feitiçaria dos Atlantes. Porque foi o "abuso", e não o uso do
divino dom, que conduziu os homens da Quarta Raça à magia
negra e à bruxaria, e finalmente ao "esquecimento da
Sabedoria".
J. Bailey
Angelologia

A Palavra ANJO é grega com a acepção de enviado,


mensageiro e correspondente ao Deva dos hindus, com o
significado de ser brilhante. Consta das lendas, rituais e mitos
de todas as religiões, com diferentes nomes, e figura nas
Cerimônias e Símbolos Maçônicos. Segundo os hindus, os
Devas compreendem três vastas categorias denominadas, em
ordem hierárquica decrescente, Arupadevas, Rupadevas e
Kamadevas, distribuídas em 33 amplos grupos e 7 grandes
hierarquias, num total de 330 milhões de indivíduos. Na
escritura Zend dos masdeístas se atribui mau sentido a essa
palavra (Dev para eles), provavelmente em conseqüência de
querelas religiosas. Segundo os cristãos, os anjos estão
divididos em três hierarquias, subdivididas por sua vez em
nove ordens chamadas Coros. A primeira hierarquia se
compõe dos Serafins, Querubins e Tronos; a segunda das
Dominações, Virtudes e Potestades, e a terceira, dos
Principados, os Arcanjos e os Anjos.
A síntese da Angelologia deste capítulo, é um estudo
aprofundado na Bíblia Sagrada e nas enciclopédias
especializadas.

ORIGEM DOS ANJOS

Salmo 148: 1-5 Col. 1: 16 João 1: 1-3.


A. Os anjos foram criados por Deus muito antes de criar o
homem, porém num tempo não especificado - Gên. 1: 1; 2:1,
Jó 38: 1-7 e Heb. 1: 5.
NATUREZA DOS ANJOS

A. Quanto à sua substância, a Bíblia chama-os de


"espíritos".
Heb. 1: 13, 14, Luc. 2: 13-15, Gên 32: 1, 2, Jó 4: 15-18.
1. Um espírito não tem carne nem ossos como disse Jesus
- Luc. 24: 37-39.
2. Deus é Espírito - João 4: 24, e assim cremos são os
anjos, porque eles servem ao Senhor em seu reino - I Cor. 15:
50.
3. Também todos os demônios que são anjos caídos, são
identificados por Jesus e em toda a Bíblia como "espíritos" -1
Sam. 16: 14-16, 23; 18: 10,1 Reis 22: 21, Marcos 9: 20-25, Luc.
7: 21; 8: 2; 24: 39, Atos 19: 12-15, I Tim. 4: 1, etc.
B. A Bíblia apresenta-os como seres que estão além das
conhecidas leis da matéria - Núm. 22: 23-27, I Crôn. 21: 16,
20, 27, Atos 12: 7, Juízes 6:21. Eles podem aparecer e
desaparecer instantaneamente, podem realizar prodígios sem
serem vistos.
C. Quanto à sua inteligência, são superiores ao homem no
seu estado atual - II Sam. 14: 20, Mat. 24: 36; 26: 53, Heb. 2: 6,
7, Sal. 8: 4-6. Ao homem, criado à imagem e semelhança de
Deus, está reservada uma posição maior, no futuro, quando for
glorificado - Apo. 3: 21, Mat. 19: 28, Luc. 22: 28-30, I Cor. 6:
2, II Tim. 2: 12, Rom. 8: 29, 30.
D. Constituem uma companhia em distinção de uma raça.
Uma companhia é um grupo de seres sem, obrigatoriamente,
ascendentes ou descendentes.
Uma raça se constitui de ascendentes e descendentes.
Mat. 22: 30, Luc. 20: 36, Heb. 2: 16.
E. Naturalmente são seres superinteligentes, porém
finitos. Onipotência, onisciência são atributos exclusivos de
Deus. Sal. 139, Is. 45: 5, 6, Heb. 1.
Em Jó 4: 18, está dito que o Senhor acha loucura nos anjos.
E São espíritos puros, santos, que, porém criados com livre
arbítrio, tendo, portanto, liberdade de decidirem sua sorte.
Dan. 8: 13, Atos 10: 22, Ez. 28: 15, 18.
Satanás e um número incontável deles rebelaram-se contra
Deus e foram expulsos do céu - Apoc. 12: 3, 4, 7-10, Judas 6, II
Ped. 2: 4, Is. 14: 12-15, Ez. 28: 12-19.
G. Eles são mais poderosos que os homens no seu estado
atual.
II Reis 19: 35, Sal. 103: 20, II Tes. 1: 7, II Ped. 2: 1, Mat. 28: 2,
Apoc. 5: 2; 10: 1; 18: 1; 20: 1-3.
H. Eles não têm sexo. Mat. 22: 30, Luc. 20: 35, 36.
Portanto, não se casam e não têm ascendência nem
descendência.
É absurdo alguém afirmar que "os filhos de Deus"
mencionados em Gên. 6: 2 sejam anjos.
I. Os anjos são imortais. Luc. 20: 35, 36.
J. Eles podem tomar forma humana - mesmo materializarem-
se, quando necessário a fim de cumprirem seu ministério.
Josué 5: 13-15, Juízes 13: 3, 6, 9, 11, 19, 20, Gên. 18 e 19.
Jantaram com Abraão e pegaram nas mãos de Ló, sua mulher e
suas filhas.
L. Podem ser vistos pelos homens e conversarem com eles.
Gên. 32: 1, 2, Juízes 6: 11, 12: 20-22; 13: 3, 8-18, Luc. 1: 11-
20; 2: 9-15, João 20: 11-13.
M. Eles aparecem em visões. Atos 10: 3, 31; 27: 22-24.
N. Aparecem também em sonhos trazendo revelações e
mensagens.
Mat. 1: 20, 21; 2: 13, 19-22, Atos 27: 22-24.
0. Sua presença ou aproximação causa:
a) Temor nos servos de Deus - Luc. 1: 11, 12, Dan. 10: 8-
11.
b) Medo nos que não estão ligados ao Senhor - Dan. 10:
5,7. Eles foram criados com livre arbítrio - são livres para
fazerem escolha.
1. Uma parte deles, liderados por Satanás, rebelou-se
contra o Senhor-Apoc. 12:4, 7-11, Judas 6, II Ped. 2: 4, Is. 14:
11-15, Ez. 28: 13-17.
2. Os eleitos permanecem fiéis -1 Tim. 5: 21, Apoc. 12: 4,
7.
Q. Como espíritos eles podem se locomover com rapidez
incrível.
1. Há, na Bíblia, ocasiões em que eles aparecem com 2, 4 e
6 asas Is. 6: 2, 6, Ez. 1: 6-11, Apoc. 14: 6.
2. Em muitas ocasiões eles apareceram sem asas - Josué 5:
13-15, Juízes 13: 3, 6, 9, 11, 19, 20, Gên. 18 e 19, etc.
3. Em outras ocasiões é dito que eles voavam
rapidamente, porém também não é mencionado o fato de
terem ou não asas - Dan. 9: 21, Apoc. 14: 6; 8: 13.
4. E interessante notar que os querubins feitos por
Salomão e colocados sobre a arca no templo, foram feitos com
asas - I Reis 6: 23-27. Heb. 8: 5; 9: 9: 1-5.
5. São os anjos seres criados para cultuar a Deus, portanto não
recebem culto ou adoração - Apoc. 19: 10; 22: 8, 9.
Portanto, cultuar os anjos é pecado de idolatria, condenado na
Palavra de Deus - Col. 2: 18, Mat. 4: 10.
Orar a qualquer anjo é outro erro que cristão nenhum deve
cometer - João 14: 13, 14; 16: 23-26,1 Tim. 2: 5.
6. A Bíblia dá indicações de que os anjos têm um certo tipo de
comida, espiritual certamente - Gên. 18: 8,1 Reis 19: 4-8, Sal.
78: 24, 25.
Com a comida que o anjo deu a Elias ele caminhou 40 dias e
40 noites sem cessar.
Com o "maná", que é chamado de "comida de anjos", os
israelitas por 40 anos viveram e andaram pelo deserto sem
ficarem doentes, nem ao menos um simples inchaço do pé -
Neemias 9: 20, 21, Sal. 105: 37, Deut. 29: 5.

MINISTÉRIO DOS ANJOS

A. Estar na presença de Deus e adorá-lo, louvá-lo, servi-lo


e estar à sua disposição - Sal. 29: 1,2; 89: 7; 103: 20, 21; 148: 2,
Nem. 9: 6, Is. 6: 1-3, Mat. 18: 10, Fil. 2: 9-11, Heb. 1: 6, 14,
Apoc. 4: 7-11; 5: 8-14; 11: 16, 17.
B. Rejubilarem-se nas obras realizadas por Deus - Jó 38: 7,
Luc. 2: 10-14; 15: 7-10, Apoc. 4: 11; 5: 9-14; 11: 15-17; 12: 10-
12; 14: 6, 7; 16: 3- 7; 19: 1-6.
C. Executar a vontade de Deus:
1. Operando na natureza - Heb. 1: 7, Sal. 103: 20; 104: 4, Êx.
14: 19-21, Jó 1: 12-19, Mat. 8: 23-27, Atos 27: 14-24.
2. Ajudando e protegendo os filhos de Deus - Heb. 1: 4,1
Reis 19: 5-8, Dan 6: 22; 3: 28, Sal. 91: 11, 12; 34: 7, Atos 12: 7-
11, 15, Gên. 19: 1, 10, 11, 15-16; 24: 4, 40.
3. Ajudando os eleitos a encontrarem o caminho da
salvação - Heb. 1: 14, Atos 10: 3-6, 22, 30-32.
4. Trazendo orientações específicas da parte do Senhor -
Gên. 19: 1, 12,13, Êx. 3, Josué 5: 13-6: 5, Juízes 6: 11-22; 13: 3,
9, Luc. 1: 26-38; 1: 11-20; 2: 8-14.
5. Dirigindo assuntos das nações - Dan. 10: 12, 13, 21; 11:
1; 12: 1, Rom. 13: 1.
6. Velando pelos interesses das igrejas locais - Apoc. 1: 20,
I Cor. 11: 10.
D. Executar a disciplina e correção do Senhor.
Gên. 19: 10, 11, II Sam. 24: 15-17,1 Crôn. 21: 1, 12, 15, Atos
12: 23.
E. Derrotar e destruir os inimigos do povo de Deus. II
Reis 19: 35, Atos 12: 23.
E Ministrar aos herdeiros da salvação. Heb. 1: 14,1 Reis 19: 5-
8, Dan. 6: 22, 23, Sal. 34: 7; 91: 11,12, Atos 12: 8-11; 10: 3-6;
27: 23, Apoc. 1: 1.
G. (No tempo de Moisés) Receber a Lei e colocá-la em
suas mãos.
Atos 7: 53, Gal. 3: 19, Heb. 2:2.
Também colocaram nas mãos de João a mensagem do
Apocalipse - Apoc. 1: 1.
H. Acompanharão Jesus em sua segunda vinda à terra.
Mat. 25: 31, 32; 16: 27, Mar. 8: 38, Atos 1: 11,1 Tes. 4: 14, II
Tes. 1: 7, 8, Judas 14, Zac. 14: 5.
I. Ajudarão na separação final dos salvos e dos perdidos.
Mat. 13: 39-41; 25: 31-34, 41, 46, Mare. 13: 27, Apoc. 14: 15-
19.
J. Muitos estão presentes nos cultos e participam do louvor e
adoração - I Cor. 4: 9; 10: 11.

OS ANJOS ESTÃO ORGANIZADOS EM VÁRIAS ORDENS,


POSIÇÕES OU POSTOS

A. Querubins - Gên. 3: 24, I Sam. 4: 4, Sal. 18: 10; 99: 1, Ezeq.


8: 14; 9: 3 e cap. 10.
B. Serafins - Is. 6: 2, 6.
C. Arcanjos - Dan. 10: 13; 12: 11,1 Tes. 4: 16.
D. Anjos - Heb. 1: 4-14.
São mencionados também outros seres celestiais:
1. Criaturas viventes - Apoc. 4: 6-9; 5: 6, 8, 11, 14.
2. Vinte e quatro anciãos - Apoc. 4: 4, 10; 6, 8-14.
NOMES DOS ANJOS
Há na Bíblia somente dois anjos ou arcanjos cujos nomes são
mencionados:
1. Miguel - (O que é semelhante a Deus) Dan. 10: 13, 21;
12: 1, Judas 9, Apoc. 12: 7. Miguel parece ser o mensageiro da
LEI e do JUÍZO.
2. Gabriel - (Herói de Deus) Dan. 8: 16; 9: 21, Luc. 1: 19,
26. Gabriel parece ser o mensageiro da MISERICÓRDIA e da
PROMESSA.
Diante do Senhor cada um deles tem seu nome - Sal. 147: 4.

A HIERARQUIA ENTRE OS ANJOS

Mesmo não tendo certeza, parece que entre os anjos há certas


posições, pelo menos há menções em alguns livros e textos
bíblicos, tais como, Rom. 8:38, Ef. 1: 21; 3: 10, Col. 1: 16; 2:
10,1 Ped. 3: 22.

NÚMERO DOS ANJOS

Ainda que não possamos determinar o número de anjos, a


Bíblia menciona vários números ou quantidade de anjos:
A. Multidão - Luc. 2: 13.
B. Exército - Gên. 33: 2.
C. Legiões - Mat. 26: 53.
D. Milhares de milhares - Dan. 7:10, Heb. 12: 22, Apoc.
5:11
E. Milhões de milhões - Dan. 7: 10, Apoc. 5: 11.
Certamente que o número dos anjos é ilimitado como as
estrelas do céu, é o que se deduz dos seguintes textos - Gên.
15: 5, Apoc. 12: 4, 7.

O ANJO DO SENHOR

No Antigo Testamento há freqüentes menções de uma


personagem celestial "que opera em nome de Jeová, e cujo
nome se usa na mesma forma que Jeová, e recebe honras e
reverências divinas". Os nomes dados a ele são:
O Anjo, Anjo de Jeová, Anjo da presença, Anjo ou Mensageiro
do Pacto.
Não pode ser outro que uma manifestação pré-encarnada do
LOGOS, de Cristo mesmo. Os anjos não recebem reverências
nem adorações, nem Deus dá Sua glória a outros - Apoc. 19:
10; 22:9, 10 e Is. 42: 8.
Gên. 16: 10-13; 18: 16-22; 22: 11, 12; 32: 24-32; 48: 16, Êx. 3:
2; 23: 20-25; 32: 34; 33: 2,14, Josué 5: 13-15, Juízes 2:1-5; 6:
12-24; 13: 3-21, Is. 63: 9, Zac. 1: 11, 12, Mal. 3:1.

HABITAÇÃO DOS ANJOS

Seu lugar é ao redor do trono de Deus - Apoc. 5: 1; 7: 11, Is. 6:


1, 2. Todavia sabemos que, em relação aos filhos de Deus, eles
são espíritos ministradores enviados para servir a favor dos
que hão de negar a salvação, isto é, estão também em missões
ao redor, ou perto dos salvos - Heb. 1: 14, Sal. 34: 7; 91: 11, 12.
Parece que este cuidado começa na infância e continua através
da vida - Mat. 18: 10. Eles também nos observam - Ecl. 5: 6,1
Cor. 4: 9, Ef. 3: 10, fato este que deveria influenciar nossa
conduta.

OS ANJOS ESTIVERAM PRESENTES EM GRANDE PARTE


DA VIDA DE JESUS

Um anjo anunciou o nascimento de João Batista-Luc. 1: 11-17.


E deu-lhe o nome - Luc. 1: 13.
Um anjo anunciou a Maria o nascimento de Jesus - Luc. 1:26-
37.
Um anjo anunciou a José esse mesmo nascimento - Mat. 1:20-
21.
E deu-lhe o nome - Mat. 1:21.
Anjos anunciaram aos pastores o nascimento de Jesus - Luc.
2:8-15.
E cantaram aleluias - Luc. 2: 13, 14.
Um anjo dirigiu-os na fuga para o Egito e no regresso - Mat. 1:
13-20.
Mistérios e Misticismos das Iniciações Anjos serviram a Jesus
depois da tentação - Mat. 4: 11, Mar. 1: 13.
Um anjo esteve com Jesus, na agonia do Getsêmane - Luc. 22:
43.
Um anjo removeu a pedra do sepulcro - Mat. 28:2. E anunciou
a ressurreição às mulheres - Mat. 28:5-7. E apresentou o
Salvador ressurreto a Maria Madalena - João 20:11-14.

JESUS DISSE MUITAS COISAS A RESPEITO DOS ANJOS

Falou em anjos que subiam e desciam sobre Ele - João 1:51.


Disse poder contar com 12 legiões de anjos para o livramento -
Mat. 26:53.
Os anjos estarão com Ele, quando voltar - Mat. 25:31; 16:27,
Marc. 8:38, Luc. 9:26.
Os anjos serão os ceifadores - Mat. 13:39.
Ajuntarão os eleitos - Mat. 24:31.
Separarão os ímpios dos justos - Mat. 13:41, 49.
Anjos conduziram o mendigo para o seio de Abraão - Luc. 16:
22.
Anjos se alegram com o arrependimento dos pecadores - Luc.
15:10.
As crianças têm anjos que as guardam - Mat. 18:10. Jesus
confessará os seus perante os anjos - Luc. 12:8. Os anjos não
têm sexo e não morrem - Luc. 20:35, 36, Mat. 22:30.
O diabo tem anjos - Mat. 25:41.

ANJOS NO LIVRO DOS ATOS


Um anjo abriu as portas da prisão aos apóstolos - Atos 5:19.
Um anjo encaminhou Felipe ao oficial etíope - Atos 8:26. Um
anjo soltou Pedro da prisão - Atos 12:7-9. E foi chamado "seu"
anjo - Atos 12:15. (Anjo da guarda de Pedro).
Um anjo feriu Herodes de morte - Atos 12:23.
Um anjo orientou Cornélio em mandar buscar Pedro – Atos
10: 3.
Um anjo esteve com Paulo, durante a tempestade - Atos 27
O ANTIGO TESTAMENTO ADMITIU A EXISTÊNCIA DOS
ANJOS

Um anjo socorreu Hagar - Gên. 16:7-12. Anjos anunciaram o


nascimento de Isaque - Gên. 18: 1-15. E a destruição de
Sodoma - Gên. 18: 16-33. Anjos destruíram Sodoma e
guardaram Ló - Gên. 19:1-29. Um anjo impediu a morte de
Isaque - Gên. 22: 11, 12. Anjos guardam Jacó - Gên 28:12, 31:
11. 48: 16. Um anjo comissionou Moisés a redimir Israel - Êx.
3:2. Um anjo guiou Israel no deserto - Êx. 14:19; 23:20-23; 32:
34. Um anjo dirigiu os esponsais de Isaque e Rebeca - Gên.
24:17. A Lei foi dada por anjos - Atos 7:38, 53, Gal. 3:19, Heb.
2:2. Um anjo repreendeu Balaão - Num. 22:31-35. Um
"príncipe do exército do Senhor" apareceu a Josué - Js. 5:13-
15.
Um anjo repreendeu os Israelitas por sua idolatria - Jz. 2:1-5.
Um anjo comissionou Gideão a livrar Israel - Jz. 6: 11-40. Um
anjo anunciou o nascimento de Sansão - Jz. 13. Um anjo feriu
o exército assírio - II Reis 19: 35, Is. 37:36. Um anjo acudiu
Elias - Reis 19: 5-8. Elizeu esteve cercado de anjos invisíveis -
II Reis 6:14-17. Um anjo livrou Daniel dos leões - Dn. 6:22.
Anjos acampam-se ao redor do povo de Deus - Sal. 34: 7:91:
11, 12.
Anjos ajudaram a escrever Zacarias - 1:9; 2: 3; 4: 5.

ANJOS NAS EPÍSTOLAS E NO APOCALIPSE

Há anjos eleitos - I Tim. 5: 21. Os anjos são inumeráveis - Heb.


12:22, Apoc. 5:11. Ministram a favor dos herdeiros da salvação
- Heb. 1:14. Virão com Jesus em chama de fogo - II Tes. 1:7.
Um anjo dirigiu a redação do Apocalipse - Apoc. 1:1. As
igrejas locais têm anjos que as guardam - Apoc. 1:20; 2:18, 12,
18; 3:1, 7, 14.
Os anjos não devem ser adorados-Apoc. 19:10; 22:8, 9, Col.
2:18.
Há diferentes ordens de anjos, com diferentes categorias e
dignidades. São organizados em "principados, poderes, tronos,
domínios - Rom. 8: 38, Ef. 1:21; 3:10, Col. 1:16; 2: 15, I Ped. 3:
22.
Os céus elevados são a pátria da beleza ideal e perfeita em que
todas as artes bebem a inspiração. Os Espíritos eminentes
possuem em grau superior o sentimento do belo. Este é a fonte
dos mais puros gozos, e todos sabem realizá-lo em seus
trabalhos, diante dos quais empalidecem as obras-primas da
Terra. Cada vez que uma nova manifestação do gênio se
produz sobre o mundo, cada vez que a arte se nos revela sob
uma forma aperfeiçoada, pode dizer-se que um Espírito
descido das altas esferas tomou corpo na Terra para iniciar os
homens nos esplendores da beleza eterna. Para a alma
superior, a arte, sob seus múltiplos aspectos, é uma prece, uma
homenagem prestada ao Princípio de todas as coisas.
O Espírito pelo poder de sua vontade, opera sobre os fluidos
do espaço, os combina, dispondo-os a seu gosto, dá-lhes as
cores e as formas que convêm ao seu fim. E por meio desses
fluidos que se executam obras que desafiam toda comparação e
toda análise. Construções aéreas, de cores brilhantes de
zombórios resplandecentes: sítios imensos onde se reúnem em
conselho os delegados do Universo; templos de vastas
proporções de onde se elevam acordes de uma harmonia
divina; quadros variados, luminosos: reproduções de vidas
humanas, vidas de fé e de sacrifício, apostolados dolorosos,
dramas do infinito. Como descrever magnificências que os
próprios Espíritos se declaram impotentes para exprimir no
vocabulário humano?
São nessas moradas fluídicas que se ostentam as pompas das
festas espirituais. Os Espíritos puros, ofuscantes de luz,
agrupam- se em famílias. Seu brilho e as cores variadas de seus
invólucros permitem medir a sua elevação, determinar-lhes os
atributos. Suaves e encantadores concertos, comparados aos
quais os da Terra não são mais que ruídos discordantes; por
cenários têm eles o espaço infinito, o espetáculo maravilhoso
dos mundos que rolam na imensidão, unindo suas notas a
vozes celestes, ao hino universal que sobe a Deus.
Todos esses Espíritos, associados em falanges inumeráveis,
conhecem-se e amam-se. Os laços de família, os afetos que os
uniam na vida material, quebrados pela morte, aí se
reconstituem para sempre. Destacam-se dos diversos pontos
do espaço e dos mundos superiores para comunicarem
mutuamente os resultados de suas missões, de seus trabalhos,
para se felicitarem pelos êxitos obtidos e coadjuvarem-se uns
aos outros nas empresas difíceis. Nenhum pensamento oculto,
nenhum sentimento de inveja tem ingresso nessas almas
delicadas. O amor, a confiança e a sinceridade presidem a essas
reuniões onde todos recolhem as instruções dos mensageiros
divinos, onde se aceitam as tarefas que contribuem para elevá-
los ainda mais. Uns seguem a observar o progresso e o
desenvolvimento dos globos; outros encarnam nos diversos
mundos para cumprir missões de devotamento, para instruir
os homens na moral e na Ciência; outros ainda, os Espíritos-
guias ou protestantes, ligam-se a alguma alma encarnada, a
sustentam no rude caminho da existência, conduzem-na do
nascimento à morte, durante muitas vidas sucessivas, vindo
acolhê-la no termo de cada uma delas, quando entra no
mundo invisível. Em todos os graus da hierarquia espiritual, as
almas têm um papel a executar na obra imensa do progresso e
concorrem para a realização das leis superiores.
Quanto mais o Espírito se purifica, mais intensa, mais ardente
nele se torna a necessidade de amar, de atrair para a sua luz e
para a sua felicidade, para a morada em que não se conhece a
dor, tudo o que sofre, tudo o que luta e se agita nas baixas
camadas da existência.
Quando um desses Espíritos adota um de seus irmãos atrasados
e torna-se seu protetor, seu guia, com que solicitude afetuosa
lhe sustenta os passos, com que alegria contempla os seus
progressos e com quanta dor vê as quedas que não pôde evitar!
Assim como a criança descida do berço ensaia seus primeiros
passos sob os olhares enternecidos da sua carinhosa mãe, assim
também, sob a égide invisível de seu pai espiritual, o Espírito é
assistido nos combates da vida terrestre.
Todos temos um desses Gênios tutelares que nos inspira nas
horas difíceis e dirige-nos pelo bom caminho. Daí a poética
tradição cristã do anjo da guarda. Não há concepção mais grata
e consoladora. Saber que temos um amigo fiel e sempre
disposto a socorrer-nos, de perto como de longe,
influenciando-nos a grandes distâncias ou conservando-se
junto de nós nas provações; saber que ele nos aconselha por
intuição e nos aquece com o seu amor, eis uma fonte
inapreciável de força moral. O pensamento de que
testemunhas benévolas e invisíveis vêem todos os nossos atos,
regozijando-se ou entristecendo-se, deve inspirar-nos mais
sabedoria e circunspecção. É por essa proteção oculta que se
fortificam os laços de solidariedade que ligam o mundo celeste
à Terra, o Espírito livre ao homem, Espírito prisioneiro da
carne. E por essa assistência contínua que se criam, de um a
outro lado, as simpatias profundas, as amizades duradouras e
desinteressadas. O amor que anima o Espírito elevado vai
pouco a pouco se estendendo a todos os seres sem cessar,
revertendo tudo para Deus, pai das almas, foco de todas as
potência efetivas.
Falamos da hierarquia.
Há, com efeito, uma entre os Espíritos, mas a sua base única é
a virtude e as qualidades conquistadas pelo trabalho e pelo
sofrimento. Sabemos que todos os Espíritos são iguais em
princípio e destinados ao mesmo fim, diferindo somente no
grau de adiantamento. Os graus da hierarquia espiritual
começam no seio da vida animal e estendem-se até alturas
inacessíveis às nossas concepções atuais. E uma graduação
inumerável de potências, de luzes, de virtude, aumentando
sempre da base ao vértice, caso haja aí vértice. É a espiral
gigantesca do progresso desenrolando-se até ao Infinito, e
cujas três grandes fases - vida material, vida espiritual e vida
celeste -, reagindo reciprocamente, formam um todo que
constitui o campo de evolução dos seres, a lendária escada de
Jacob. Sobre essa escada imensa todos os seres são ligados por
laços invisíveis, cada um sustentado e atraído por outro mais
elevado. As almas superiores, que se manifestam aos homens,
não parecem dotadas de todas as perfeições e, entretanto,
essas, pelas suas qualidades, apenas atestam a existência de
seres que lhes estão colocados tão acima quanto eles o estão de
nós. Os graus se sucedem e se perdem em profundezas cheias
de mistério.
A veste fluídica denuncia a superioridade do Espírito; é como
um invólucro formado pelos méritos e qualidades adquiridas
na sucessão de suas existências. Opaca e sombria na alma
inferior, seu alvor aumenta de acordo com os progressos
realizados. Torna-se a alma cada vez mais pura. Brilhante no
Espírito elevado, ofusca nas almas superiores. Todo Espírito é
um foco de luz, velado por longo tempo, comprimido,
invisível, mas que se descobre com o seu valor moral, cresce
lentamente, aumentando em penetração e intensidade. No
começo, é como o fogo escondido sob cinzas, que se revela por
fracas claridades, e, depois, ainda por uma chama tímida e
vacilante. Um dia, tornar-se-á a auréola que se ativa, estende e
rodeia, completamente, o Espírito que, então, resplandece
como um sol ou como esses astros errantes que percorrem os
abismos celestes, arrastando sua longa cauda de luz. Para obter
esse resplendor, é necessário o mérito, filho de trabalhos
longos, de obras fecundas, adquirido em um número de
existências que se nos afigura a eternidade.
Subindo mais para as culminâncias que o pensamento não
pode medir sem vertigem, não se chegaria a entrever por uma
intuição o que é Deus, alma do Universo, prodigioso centro de
luz? A visão direta de Deus, dizem, só pode ser sustentada
pelos grandes Espíritos. A luz divina exprime a glória, o poder,
a majestade do Eterno, e por si própria, é a visão da verdade.
Poucas almas, porém, podem contemplá-la sem véu,
precisando haver uma pureza absoluta para se lhe suportar o
deslumbramento esmagador.
A vida terrena suspende as propriedades irradiantes do
Espírito. Durante o seu curso, a luz da alma se acha oculta sob
a carne, como lâmpada acesa no fundo de um sepulcro.
Entretanto, em nós mesmos podemos verificar a sua
existência; as nossas boas ações, os nossos rasgos de
generosidade alimentam-na e avivam. Uma multidão inteira
pode sentir o calor comunicativo de uma alma entusiástica.
Em nossos momentos de expansão, de caridade e amor
sentimos como que uma chama ou um raio emanando do
nosso ser. E por essa luz íntima que se distinguem os oradores,
os heróis, os apóstolos. E ela que inflama os auditórios, arrasta
os povos e os faz realizarem grandes cometimentos. As forças
espirituais revelam-se então aos olhos de todos e mostram o
que se pode obter das potências psíquicas, postas em ação pela
paixão do bem e do justo. A força da alma é superior a todas as
forças materiais; é a própria luz: poderia levantar um mundo.
O reino dos devas é a força de perpetuação da vida da
natureza. Tem uma hierarquia própria. Os devas são a matriz
da natureza; eles mantêm os padrões arquetípicos de todas as
espécies da terra. Os devas supervisionam paisagens inteiras.
Os espíritos da natureza menores, tais como fadas, elfos,
gnomos, espíritos das árvores, ninfas e faunos, recebem os
croquis de várias formas vegetais e tornam-se os artesãos que
atendem aos mínimos detalhes de cada planta. Num certo
sentido, o que os anjos são para os seres humanos, esses
pequenos espíritos são para as plantas e os animais - fontes de
orientação e perfeição. O reino dos devas deseja partilhar a
natureza conosco de um modo harmonioso, trazendo-nos
alegria através das criações gloriosas de flores, árvores, campos
de trigo, florestas tropicais e assim por diante. O reino dos
devas ajuda a nos ensinar o respeito pela terra e pelas suas
correntes de energia.
Mônica Buonfiglio
Um anjo da guarda é designado para cada pessoa sobre a terra.
Cada ser humano, independentemente de crença, condição,
forma ou tamanho, tem o privilégio de um anjo da guarda. Seu
anjo da guarda está com você o tempo todo, vá você onde for e
faça o que quiser. Já foi dito que, quando olha para alguém,
Deus vê dois - a pessoa e o seu anjo da guarda. Quando os
fazendeiros franceses viajavam sozinhos por uma estrada e
encontravam com outro viajante solitário, cumprimentavam-
se dizendo: "Bom-dia para você e seu companheiro"
("companheiro" significando "anjo da guarda"). Seu anjo
guardião tem estado com você através dos tempos e estava por
perto quando você decidiu vir a este mundo como o ser
humano especial que você é hoje. Seu anjo da guarda se
lembra e mantém registro dos altos objetivos que você
estabeleceu para si mesmo, das altas inspirações que acumulou
no fundo da sua mente inconsciente.
Mônica Buonfiglio
O Novo Testamento foi escrito inicialmente em grego, e "anjo"
vem da palavra grega para mensageiro, angelos. O Antigo
Testamento foi inicialmente escrito em hebraico, e a palavra
hebraica para anjo é mamakh, que também significa
mensageiro. Tanto no Novo como no Antigo Testamento há
muitas histórias sobre anjos aparecendo para os humanos e
trazendo-lhes mensagens. Essas mensagens geralmente se
relacionam com eventos importantes, por exemplo,
anunciando o nascimento do Messias. Não ouvimos tanto
atualmente sobre anjos aparecendo, mas eles ainda estão
transmitindo mensagens para nós. Como nem sempre os
vemos e ouvimos fisicamente, temos de ser especialmente
criativos e perceptivos para receber nossas mensagens. Os
anjos têm modos inesperados de transmitir mensagens.
Os anjos nos inspiram através de percepção mística e de idéias
brilhantes súbitas ou mesmo bizarras. Algumas pessoas sentem
os anjos instalando pensamentos nobres e ideais na nossa
consciência. Todos os anjos são mensageiros de alguma
espécie, independentemente dos papéis específicos que
desempenham. Os anjos que são correios de Deus têm notícias
importantes a transmitir. Esses mensageiros ficarão ao seu lado
até que receba as suas notícias; portanto, lembre-se de relaxar,
entregue-se e deixe sua intuição guiá-lo.
Idem
Os guias espirituais entram e saem de nossas vidas de acordo
com a necessidade. Geralmente representam a essência de
uma cultura, raça ou religião específica, ou podem representar
uma carreira ou caminho de vida. Eles são mestres. Quando
um novo guia chega até você, você pode se surpreender com
uma urgência voraz de saber tudo o que há para saber sobre
uma cultura ou religião particular, que lhe era estranha
anteriormente. Você começa a comprar livros, artefatos,
incensos, música ou roupas que irão ensinar- lhe a essência
desse novo interesse e de seus oferecimentos espirituais. Em
breve chegam à sua vida pessoas que também estão estudando
a mesma essência em suas próprias buscas espirituais.
Aconteça esse processo súbita ou sutilmente, ele oferece uma
oportunidade de crescimento numa nova direção.
Através da meditação ou de outros meios você pode ser capaz
de ver seus guias. Basicamente, tudo o que precisa fazer é
perceber onde residem seus interesses e ouvir as mensagens do
seu interior. Quando descobre seu guia ou guias, você pode
acelerar o ritmo das lições que está aprendendo à medida que
explora as muitas possibilidades de crescimento e orientação.
Idem
Os anjos estão sempre prontos a assistir o processo do
nascimento, especialmente o de seres humanos. Os anjos
gostam de ser incluídos no milagre da criação desde o início.
Terry Lynn Taylor
Um anjo é uma forma pela qual uma essência ou força de
energia específica pode ser transmitida para um propósito
específico.
A Astrologia: Misticismo e Antigüidade

Os elementos do Zodíaco não figuraram unicamente nas doze


pedras de Heliópolis, chamadas "mistérios dos elementos"
(elementorum arcana); mas, segundo muitos autores
ortodoxos cristãos, também se achavam no templo de
Salomão, e ainda hoje se pode ver em diversas igrejas da Itália,
e até na de Notre Dame de Paris.
Max Toth
O Velho Testamento faz várias referências à astrologia e aos
adivinhadores que julgavam os eventos humanos, consultando
os astros. Esses referem-se aos filósofos da Caldéia, que eram
chamados Magos. Consultem-se essas referências: Isaías
XLVII, 13: "Levantem-se, pois agora os astrólogos... e salvem-
te do que há de vir sobre ti".
Daniel, I, 20: O rei achou Daniel mais douto do que todos os
astrólogos de seu reino. Daniel II, 27: Daniel perguntou ao rei
se os astrólogos não podiam revelar o segredo ao rei. Daniel IV
7: Os astrólogos não conseguiram explicar o sonho. Daniel V
11: O rei chama os astrólogos para explicar uma escrita.
Gênesis XLI, 8: Os mágicos são chamados para explicar um
sonho do Faraó.
No Novo Testamento, consultem-se: Atos XIX, 19: homens
que possuíam livros de artes mágicas, queimaram-nos diante
de Paulo.
No que diz respeito à Adivinhação em geral, essa arte mágica é
representada por três palavras hebraicas: Maquesem,
Kasiphim e Lachash. Em Números XXIII, 7, os Anciãos de
Moab e de Midiã têm recompensas por sua Adivinhação. Em
Deuteronômio XVIII, 9-10, os adivinhadores são condenados,
e os judeus devem considerá-los uma abominação. Em
Ezequiel XII, 24, o Senhor nega o uso da adivinhação ao povo
de Israel. Em Ezequiel XIII, 7, 23, os adivinhadores são
proscritos.
No Novo Testamento, encontramos uma observação em Atos
XVI, 16: Uma jovem tinha poderes de adivinhação e dava
muito lucro a seus senhores; Paulo expulsou dela o espírito de
adivinhação, e ela perdeu tais poderes.
Na Bíblia há muitas referências às estrelas, aos planetas e ao
zodíaco. Mazzaroth é uma palavra encontrada em Jó XXXVIII,
32 que agora se acredita referir-se aos signos do zodíaco.
Gênesis I, 14: "Sejam os luminares do firmamento (...) para
sinais". Deuteronômio XXXIII, 14: "Bendito seja o Senhor
pelas coisas preciosas manifestadas pela Lua". As Plêiades,
chamadas Kimah, e a constelação do Órion, Kesib, são
mencionadas em Jó IX, 9. Orion parece ter sido também um
nome aplicado a Nimrod, o poderoso monarca caçador.
Amós V 8 fala do Setestrelo e de Orion.
Alguns acreditam que o nome Arcuturo, chamado Ash e Aish,
seja de estrelas da Ursa Maior e não a estrela assim chamada
hoje. Em Jó XXXVIII, 32, há referência a Arcturo e a seus
filhos.
Júpiter, com Zeus, deus pagão, ou como planeta, é citado em
Atos Xiy 12. Em 2 Macabeus VI, 2, lemos que Antíoco enviou
aos judeus uma mensagem de que o Templo Sagrado deveria
ser dedicado a Júpiter Olimpo.
Em Juízes V 20, lemos: "As estrelas (...) pelejaram contra
Sísera"; o que parece implicar um ideal astrológico de
influência astral sobre os destinos dos homens.
Lúcifer, estrela da manhã, ou planeta que empalideceu ante o
Sol nascente e, em hebreu era chamado Hilal, era o
Eosophoros grego. Esse nome não era aplicado a Satanás até
que Jerônimo o fez. Milton adotou-o. A Lua era chamada Irak
e Levanah ou Labanah e era considerada regente da noite.
O Sol chamava-se Shemesh, Chamah e Cheres e era
considerado regente do dia.
A palavra hebraica para estrela em geral era Kukab; mas essa
palavra também se aplicava ao planeta Vênus, especialmente
pelos rabinos cabalistas da Idade Média.
Posso mencionar alguns astrólogos notáveis individualmente:
Cláudio Ptolomeu viveu em Alexandria, no Egito, o grande
centro de aprendizagem no primeiro século, d.C. Seus
trabalhos ilustravam um dos primeiros sistemas de
Astronomia, que nos foram legados e muitos estudos
astrológicos existentes trazem seu nome. Foi um estudante
notável que salvou do esquecimento os trabalhos de Hiparco,
que viveu 200 anos antes dele. Seu volume mais famoso é o
Almagesta e desse trabalho autores posteriores extraíram
amplamente os estudos chamados de Tetrabiblos e
Quadripartite, ou os Quatro Livros de Astrologia. Há uma
edição latina, impressa em Basiléia, em 1551 e que ainda se
encontra em algumas bibliotecas.
Dizem que o Venerável Bede estudou Astrologia; ele morreu
em 735.
Albumazar, famoso astrólogo árabe, viveu em 800 d.C.
Roger Bacon, que viveu de 1214 a 1292, foi muito dedicado à
Astrologia.
Em cerca de 1.300, um monge franciscano, chamado Guido
Bonatus, era um famoso astrólogo italiano; previu que seu
protetor, o Conde de Monte Serrat, teria sucesso numa dada
batalha, mas machucaria o joelho, e assim aconteceu. Ele
escreveu De Astronomia, tractatus X que foram impressos em
Basiléia em 1550.
Henry Cornélius Agrippa: foi um dos mais famosos dos antigos
filósofos ocultistas e seus trabalhos estão cheios de idéias
astrológicas. Nasceu em 1458, em Colônia; foi astrólogo de
Francisco I da França, mais ou menos em 1524. Perdeu o
cargo porque previu acontecimentos desfavoráveis. Seus três
volumes sobre a Filosofia Ocultista foram publicados
aproximadamente em 1530. Dizem que, em Paris e em
Londres, formou sociedades secretas de estudantes de
Astrologia e Alquimia, as quais, acredita-se, constituíram uma
das fontes da Maçonaria. Morreu em 1535. Um quarto e
último volume parece ser espúrio.
Florent de Villiers: foi famoso como astrólogo, na corte de
Luís XI da França, em 1645. Ele criou uma escola de
Astrologia e dizem que o rei Carlos VII, pai de Luís XI,
freqüentava essas aulas.
Lord Burleigh previu o nascimento da Rainha Elizabeth. Ela,
com outras princesas, consultaram o Dr. John Dee, o
astrólogo, que sem dúvida era, até certo ponto, um charlatão.
Viveu de 1527 a 1608.
Michael Scott, que viveu no século XIII, foi famoso por seus
conhecimentos astrológicos e era muito estimado pelo
Imperador Frederico II, cuja morte em Florença aconteceu
como ele tinha previsto; também previu como seria sua
própria morte: pela queda de uma pedra, e isto aconteceu
numa igreja, quando uma pedra caiu do teto.
Julius Firmicus Maternus: escreveu um tratado astrológico em
Veneza, em 1497. Valentine Naibol, de Pádua, previu, para si
mesmo, um perigo de ferimento por espada, e muitos anos
depois, foi morto por ladrões em sua casa - eles o traspassaram.
Escreveu De coelo et terra, libri 3, Veneza, 1573.
Nostradamus (Michel de Notre Dame) foi um dos mais famo-
sos astrólogos da França. Foi médico do Rei Henrique II e
tornou- se especialmente notável por volta de 1555. Suas
profecias astrológicas foram escritas em mil estrofes de quatro
versos. Catarina de Médicis tornou-se seu especial favorito.
Morreu em 1566, como médico do Rei Carlos IX. A melhor
edição de suas Profecias é a de Amsterdã, 1668.
Antiochus Tibertus: tornou-se famoso na magna Itália no
século XV e era astrólogo do Príncipe Malatesta de Rimini.
Elias Ashmole, de Oxford, o famoso antiquário, falou da Festa
Anual dos Astrólogos e mencionou o Rev. Butler, Sauders,
Secretário da Câmara Municipal de Londres, Thomas
Vaughan, Sir Edmund Dering e William Backhouse, como
notáveis astrólogos.
As obras astrológicas de William Lilly ainda são consultadas.
Ele nasceu em 1602. Era grande admirador do Ars Notoria de
Agrippa. Publicou um almanaque astrológico desde 1644 até
sua morte em 1681. Em 1651, lançou dois quadros
enigmáticos: um com a cena de mortes epidêmicas e outro
com um grande incêndio visto da Ponte de Londres. Esses
eventos aconteceram quinze anos mais tarde, em 1665 e 1666;
e ainda sofreu a suspeita de ter sido co-responsável pelo
Grande Incêndio de Londres. O Rei Carlos I também
consultou Lilly, quando aprisionado no Castelo de
Carisbrooke, em 1647 e foi aconselhado a viajar para o
Oriente como medida de segurança, não o fez e os resultados
foram desastrosos. No final do Christian Astrology de William
Lilly, edição de 1647, há um valioso catálogo de livros
astrológicos.
John Fadbury era um aluno de William Lilly. Ele se tornou
astrólogo famoso e publicou uma série de almanaques. Morreu
em 1691. Publicou sua Genethlialogia ou Doctrine of
Nativities, em 1658; Celestial Ambassador, em 1656; Nativity
of King Charles the First, em 1659 e Nature of Prodigies, em
1660.
Francis Barret foi o autor de The Magus, publicado em
Londres em 1801. E um compêndio da tradição ocultista de
seu tempo. A impressão das palavras hebraicas está eivada de
erros.
Em 1828 apareceu The Manual of Astrology, de Raphael, que
contém quadros proféticos coloridos. É um tratado astrológico
perfeito e amplo.
The Familiar Astrologer, em 1849 e The Astrologer of the
Nineteenth Century, em 1825, também foram publicados por
esse astrólogo anônimo.
Tem-se afirmado que Sir Isaac Newton começou seu estudo de
Astronomia por causa do interesse que os livros de astrologia
lhe despertaram. Nasceu em Lincolnshire, no dia 25 de
dezembro de 1642; com base nas leis formuladas por Kepler,
ele mostrou a natureza das forças que conduzem os planetas
em seus cursos.
Os trabalhos astronômicos de Tycho Brahe, que morreu em
1601, estavam amplamente impregnados de idéias
astrológicas. Ele realmente previu os eventos que aconteceram
a Caspar Peucer, genro de Melancthon. Numa famosa
alocução feita por ordem do rei, em 1574, discorreu sobre a
importância dessa arte. Ele fez o horóscopo do filho mais
velho do rei, o Príncipe Christian no dia de seu nascimento
em 1577. Seu sucessor, Kepler, que morreu em 1630, também
foi estudioso dos trabalhos dos antigos astrólogos.
Geronimo Cardan, nascido em Paris em 1501, deixou um
grande número de volumes que testemunham suas pesquisas
no campo das leis da Astrologia.
Uma referência muito simpática à Astrologia como precursora
da Astronomia será encontrada no Old and new Astronomy
de Richard A. Proctor, Londres, 1892. Ele diz: "Nenhuma das
raças da antigüidade se elevou a um certo grau de civilização
sem desenvolver uma crença nas influências dos corpos
celestes e sem criar sistemas para a interpretação e o domínio
dos planetas".
De acordo com Lalande, foi somente na época de São
Clemente de Alexandria, no século II, que a Astrologia natural
se distinguiu da judicial e que a Astronomia se diferenciou da
Astrologia.
A Astrologia, então, tem sido uma ciência desde tempos
primordiais. Homens eminentes de todas as eras a estudaram,
ou buscaram o conselho de astrólogos. Sua atração levou
muitos homens a um sério estudo da Astronomia, ciência mais
tangível, que se tornou muito importante. Que a Astronomia
suplantou a Astrologia é certo; e, contudo os ideais
astrológicos ainda são de grande interesse para numerosas
pessoas. A esperança de existir uma possível ciência para
conhecer o desconhecido está, sem dúvida, na raiz disso. O
Homem está sempre procurando conhecer o que lhe está
oculto, e o renovado interesse em todas as formas de ciência
secreta é um dos fenômenos de nossos tempos.
Homens e mulheres não mais são perseguidos por aprender as
coisas secretas, mas ainda estão sujeitos a reprovações
moderadas e a sofrer algum desprezo público se admitem
abertamente alguma esperança na possibilidade de alguma
forma de adivinhação - procedimento condenado pela fé
cristã.
Muitos estudantes deram pouca importância a essa objeção,
pois a História mostra que todas as formas até mesmo de
ciência reconhecida foram, durante certo tempo, condenadas
pela Igreja. Eles não esqueceram as perseguições de Galileu. É
ainda questão aberta a de saber se há ou não influência estelar
ou planetária sobre o homem, além da reconhecida ação do
Sol e da Lua. Todos os outros corpos celestes estão certamente
muito distantes e dificilmente terão ação considerável sobre a
nossa Terra e menos ainda sobre o indivíduo. A graduação da
influência está mais de acordo com as leis da natureza do que
com uma terminação abrupta, ou total ausência da influência.
Os resultados astrológicos, com sucessos ocasionais, indicam a
existência de uma base de verdade na ciência, mas erros
freqüentes, cometidos por seus professores mais famosos,
certamente mostram que as leis da Astrologia ainda estão
longe de ser perfeitas. Enquanto a ciência moderna não puder
mostrar ao astrólogo, mediante alguma explicação ultra-
astrológica, por que alguns de seus resultados foram corretos,
o astrólogo tem o direito de sustentar a crença em que os
métodos e princípios da adivinhação têm alguma base nos
processos da natureza.
Gertrude Spencer
Graças a suas detidas observações astronômicas, os sacerdotes
caldeus conheciam melhor que ninguém o significado dos
movimentos e a influência dos planetas, e podiam vaticinar os
acontecimentos futuros. Davam a maior importância à
doutrina dos cinco grandes orbes; que chamavam de
intérpretes (e nós denominamos planetas). E, embora
dissessem que ao Sol deviam a maior parte de suas predições
sobre os acontecimentos notáveis, adoravam mais
particularmente a Saturno. Vaticinaram muitos sucessos a
grande número de reis, entre os quais Alexandre, Antígono,
Seleuco e Nicanor, com tal exatidão que causou pasmo a todo
o mundo.
Crantor
Se as visões dos profetas de todas as épocas - inclusive os da
Bíblia - denotam essa estreita relação entre os astros e os
deuses, alguma razão deve haver para isso. Não é necessário
retroceder a períodos remotos de "superstição" e "fantasias
anti-científicas": porque na idade moderna encontramos
homens eminentes que compartilham essas crenças. Sabe-se
que o insigne astrônomo Kepler - e com ele muitas outras
figuras não menos ilustres - acreditava que os corpos celestes
exercem influência, favorável ou adversa, sobre o nosso
destino, e que são todos dotados, inclusive a nossa própria
Terra, de almas vivas e pensantes.
A esse respeito, vale citar a opinião de Le Couturier:
Estamos quase sempre inclinados a criticar, sem maior
atenção, tudo o que respeita à astrologia e suas idéias.
Entretanto, a nossa crítica, para ser justa e digna desse nome,
e sob pena de lhe faltar objeto, devia pelo menos tomar
conhecimento do que são realmente as idéias astrológicas. E
quando, entre os homens que assim criticamos vemos nomes
tais como os de Regiomontano, Tycho Brahe, Kepler, etc., há
fortes razões para procedermos com o máximo de cautela.
Kepler tornou-se astrônomo em conseqüência de sua profissão
de astrólogo. Para ganhar a vida, vendia figuras genetlíacas,
que indicavam a posição dos astros no momento de nascer um
indivíduo e serviam para compor os horóscopos. O eminente
astrônomo cria nos princípios da astrologia, sem aceitar,
contudo, todos os seus inconseqüentes resultados.
Não obstante, a ciência da astrologia é proclamada
pecaminosa, e como tal condenada pela Igreja, juntamente
com o ocultismo. É duvidoso, porém, que o "culto místico das
estrelas" possa ser objeto de escárnio tão facilmente como
muita gente supõe - ou pelo menos os cristãos. As legiões de
Anjos, Querubins e Arcanjos Planetários são idênticas às dos
deuses menores do paganismo. Quanto aos "deuses maiores",
se os astrólogos pagãos - conforme seus próprios adversários
reconhecem - consideravam Marte simplesmente como a
personificação da força da única Divindade suprema e
impessoal, Mercúrio a da onisciência, Júpiter a da onipotência,
e assim por diante, segue-se que a "superstição" dos pagãos em
verdade se tornou a "religião" popular dos países civilizados.
Porque, se para estes Jehovah é a síntese dos sete Elohim, o
centro eterno de todos aqueles atributos e forças, o Alei dos
Aleim e o Adonai dos Adonim; se Marte hoje se chama
Miguel, a "fortaleza de Deus"; Mercúrio, Gabriel, "a
onisciência e firmeza de Deus"; e Rafael, "o poder de abençoar
e curar do Senhor", então o que temos é apenas uma troca de
nomes, sem alteração dos caracteres essenciais.
H. P. Blavatsky
Desde a invenção dos hieróglifos, somente homens
esclarecidos e selecionados (excluindo-se os homens vulgares)
é que foram iniciados - no segredo dos templos - em todas as
ciências astrológicas, inclusive a de caráter mais abjeto, isto é,
aquela astrologia que depois se prostituiu nas praças públicas.
A influência dos astros é dual. Há a influência de ordem física
e fisiológica, a exotérica, e há a influência altamente espiritual,
moral e intelectual, conferida pelo conhecimento dos Deuses
planetários. Por não ter senão um conhecimento imperfeito da
Astrologia, chamou-a Bailly, no século XVIII, "a Mãe louca de
uma filha ajuizada", a Astronomia. Por outra parte, Arago, um
dos luminares do século XIX, admite a influência sidérea do
Sol, da Lua e dos planetas, e pergunta:
Onde encontraremos a influência lunar refutada por
argumentos que a ciência ouse perfilhar?
São Tomás de Aquino nos ofereceu uma corroboração
antecipada das palavras de Lebas, ao dizer que:
Os corpos celestes são a causa de tudo quanto sucede neste
mundo sublunar, pois influem indiretamente nas ações
humanas; mas todos os efeitos que produzem são inevitáveis.
Os ocultistas e os teósofos são os primeiros a reconhecer que
há astrologia branca e astrologia negra. Entretanto, deve a
astrologia ser estudada em ambos os aspectos por aqueles que
desejam conhecê-la a fundo: os resultados, bons ou maus, não
dependem dos princípios, que são os mesmos nos dois casos,
mas do próprio astrólogo. Assim, Pitágoras, que aprendeu o
sistema heliocêntrico nos livros de Hermes, dois mil anos
antes de Copérnico, nele baseou toda a Ciência da Teogonia
divina, da comunicação com os Reitores do mundo (os
Príncipes dos "Principados" de São Paulo), de sua evocação, da
origem de cada planeta e do próprio Universo, das fórmulas de
encantamento, e da consagração de cada uma das partes do
corpo humano ao seu correspondente signo zodiacal.
Nada disso pode ser tomado por coisa infantil ou absurda, e
muito menos "diabólica", e só assim o considerarão os profanos
e ignorantes em filosofia e ciências ocultas. Nenhum pensador
digno deste nome, que reconheça a existência de um laço
comum entre o homem e a Natureza, assim visível como
invisível, terá por "infantilidades ou absurdos" as velhas
relíquias da Sabedoria Arcaica.
W. E. Butler
As polêmicas suscitadas sobre os textos dos chamados "papiros
mágicos" da coleção Anastasi evidenciam a antigüidade do
Zodíaco. Conforme se lê nas Cartas a Letronne, os papiros
discorrem extensamente a respeito das quatro bases ou
"fundamentos do mundo, sendo impossível confundir-lhes a
identidade, como afirma Champollion, porque somos forçados
a reconhecer neles os "pilares do mundo" de que nos fala São
Paulo. São estes fundamentos invocados com os deuses de
todas as zonas celestiais, e inteiramente análogos, além disso,
aos Spiritualia nequtize in clestibus do mesmo apóstolo".
"Os principados e potestades [nascidos] nos céus" (Efésios, III,
10). O versículo "Porque, ainda que haja alguns que são
chamados deuses, no céu ou na terra (como há muitos deuses
e muitos senhores)" (I Cor. VIII, 5) mostra, pelo menos, que
Paulo admitia a pluralidade de "deuses", chamando-os
"domons" (espíritos, não diabos). Principados, Tronos,
Dominações, Reitores, etc., são nomes cristãos de Deuses da
antigüidade. E os Arcanjos e Anjos são os Devas e Dhyân-
Chohans das religiões antigas.
Essa invocação se fazia nos mesmos termos... da fórmula
depois reproduzida por Jâmblico, a quem não se pode negar o
mérito de haver transmitido à posteridade o antigo e primitivo
espírito dos astrólogos egípcios.
Letronne queria provar que os zodíacos egípcios datavam do
período romano; mas o descobrimento da múmia de Sensaos
veio demonstrar que "Todos os monumentos zodiacais do
Egito eram eminentes astronômicos. Os túmulos reais e os
ritos funerários constituem verdadeiras tábuas de constelações
e de suas influências em todas as horas de cada mês.
Assim, as tábuas genetliacais provam por si mesmas que têm
muito maior antigüidade que a atribuída à sua origem. Todos
os zodíacos dos sarcófagos de épocas posteriores são simples
reminiscências dos zodíacos pertencentes ao período
mitológico [arcaico].
A primitiva astrologia era tão superior à chamada astrologia
judiciária moderna quanto o são, como guias, os planetas e os
signos do zodíaco aos postes de iluminação. Berose mostra a
soberania sideral de Bel e de Milita (o Sol e a Lua), que,
juntamente com "os doze senhores ou deuses do Zodíaco", os
"trinta e seis deuses conselheiros" e as "vinte e quatro estrelas,
juízes deste mundo", suportam e guiam o Universo (nosso
sistema solar), e vigiam os mortais, a quem revelam seus
próprios decretos e o destino da humanidade. Com razão diz a
Igreja Latina que a astrologia judiciária, tal como hoje se
conhece, consiste na:
Predição materialista e panteísta, por meio do próprio planeta
objetivo, independente de seu Regente [o Milac dos judeus, o
ministro do Eterno incumbido de anunciar a vontade deste
aos mortais], A ascensão ou a conjunção do planeta no
momento em que nasce o indivíduo decidem a sua sorte,
assim como o tempo e o modo em que há de morrer.
Sabem todos os estudantes de ocultismo que os corpos celestes
estão intimamente relacionados, durante cada Manvantara,
com a humanidade deste ciclo particular; e alguns crêem que
os grandes personagens nascidos nesse período têm - como os
outros mortais, mas em grau muito maior - o seu destino
traçado em sua própria constelação ou estrela, qual biografia
antecipada escrita pelo espírito da mesma estrela. A mônada
humana em seus primeiros passos, por assim dizer, é esse
próprio espírito ou alma da estrela (ou planeta). Assim como o
Sol irradia a sua luz e os seus raios sobre todos os corpos do
espaço compreendidos nos limites do seu sistema, assim
também o Regente de cada astro, a Mônada-Raiz, faz brotar de
si mesma a mônada de cada alma "peregrina", nascida em sua
própria casa e em seu próprio grupo.
Os Regentes são esotericamente sete, e tanto podem ser
chamados Sephiroth como "Anjos da Presença", Rishis ou
Amshaspends. "O Uno não é um número" - está escrito em
todos os livros esotéricos.
Dos Kasdim e dos Gazzim (astrólogos), a nobre ciência
primitiva passou aos Khartumim Asaphim (teólogos) e aos
Hakamim (ou cientistas, os magos de categoria inferior), e
destes aos judeus durante o cativeiro. Os Livros de Moisés
caíram no esquecimento por alguns séculos; e, ao serem
redescobertos por Hilkiah, haviam pedido seu verdadeiro
significado para o povo de Israel. A primeva Astrologia Oculta
estava já em decadência quando Daniel, o último iniciado
judeu da velha escola, se tornou chefe dos magos e dos
astrólogos da Caldéia. Nesse tempo, o próprio Egito, cuja
sabedoria promanava da mesma fonte que a da Babilônia,
havia degenerado de sua grandeza antiga, e sua glória
principiava a eclipsar-se.
Não obstante, a Ciência arcaica havia deixado no mundo suas
marcas eternas; e os sete grandes Deuses primitivos reinaram
para sempre na astrologia e nos calendários de todas as nações
da terra. Os nomes dos dias da semana cristã são os nomes dos
deuses dos caldeus, que por sua vez os copiaram dos árias. Na
opinião de Sir W. Jones, a uniformidade destes nomes pré-
diluvianos em todos os povos, desde os indianos aos godos,
permaneceria inexplicável se não fosse conhecida a
recomendação dos oráculos caldeus, registrada por Porfírio e a
que se referiu Eusébio:
Devem estes nomes ser divulgados primeiro entre as colônias
egípcias e fenícias, e depois entre os gregos, com a expressa
recomendação de se invocar cada um dos deuses unicamente
no dia que tem o seu nome...
Assim diz Apolo nos oráculos: Devo ser invocado no dia do
Sol; Mercúrio, conforme as suas instruções; depois Cronos
[Saturno], e depois Vênus; não se deixando de chamar sete
vezes cada um destes deuses.
Observa-se aqui um pequeno erro. A Grécia não adquiriu seu
conhecimento astrológico do Egito ou da Caldéia, mas
diretamente de Orfeu, como nos diz Luciano. Foi Orfeu que
ensinou as ciências hindus a quase todos os grandes monarcas
da antigüidade; e foram estes, com o beneplácito dos deuses
planetários, que fizeram registrar os princípios da astrologia -
como o rei Ptolomeu, por exemplo. Conta Luciano:
O beócio Tirésias granjeou muita fama na arte de predizer o
futuro... Naquele tempo, não se encarava a adivinhação de
modo tão leviano como hoje, e nunca se empreendia obra
alguma sem consultar previamente os adivinhos, cujos
oráculos se baseavam todos na astrologia... Em Delfos a
virgem encarregada de anunciar o futuro era o símbolo da
Virgem Celeste... ou Nossa Senhora.
No sarcófago de um Faraó egípcio há uma representação da
mãe de Ra, Neith, a bezerra que deu à luz o Sol e cujo corpo
está ornado com estrelas e os discos do Sol e da Lua; o seu
nome é também mencionado como a "Virgem Celeste" ou
"Nossa Senhora da Abóbada Estrelada".
A astrologia judiciária em sua forma atual data da época de
Deodoro, segundo ele próprio o declara. Mas a astrologia
caldéia era conhecida e aceita por homens eminentes da
história, tais como César, Plínio e Cícero, que contava entre
seus melhores amigos os astrólogos Lucius Tarrutius e Nigidius
Figulus, cuja celebridade igualou à dos profetas. Marco
Antônio sempre viajava acompanhado de um astrólogo
recomendado por Cleópatra. Augusto, quando subiu ao trono,
teve o seu horóscopo elaborado por Teágenes. Por meio da
astrologia e da adivinhação, descobriu Tibério uma
conspiração para arrebatar-lhe o trono. Vitélio não se atreveu
a desterrar os caldeus porque estes lhe tinham vaticinado a
morte no mesmo dia em que fossem expulsos. Vespasiano
consultava diariamente os astrólogos, e Dominiciano não se
movia sem pedir o conselho dos adivinhos. Adriano foi um
astrólogo erudito. Todos os imperadores, inclusive Juliano
(cognominado o Apóstata precisamente porque não o quis ser)
acreditavam nos "deuses planetários" e os invocavam em suas
orações. Ademais, o imperador Adriano "predisse tudo o que
lhe ia acontecer durante um ano, desde as calendas de janeiro
até 31 de dezembro". Nos reinados dos mais ilustres
imperadores havia em Roma uma Escola de a Astrologia, onde
se ensinavam secretamente as influências ocultas do Sol, da
Lua e de Saturno.
Contudo, nem todos os homens de ciência a desprezam; e só
nos podemos felicitar ao ler no Musée des Sciences a sugestiva
e sincera observação de le Couturier, cientista de grande
nomeada. Não deixe de ser curioso, pensa ele, ver que,
enquanto por um lado são justificadas por Dalton as audaciosas
especulações de Demócrito, por outro lado
Os sonhos dos alquimistas também se encaminham para uma
certa reabilitação. As minuciosas investigações de seus
sucessores, os químicos, lhes infundem uma vida nova, e é
realmente admirável observar como as descobertas modernas
vêm contribuindo para absolver as teorias medievais da
acusação de absurdas, contra elas levantada. Se, por exemplo,
conforme demonstrou o Coronel Sabine, a direção de uma
peça de aço, suspensa a poucos centímetros do solo, pode ser
modificada pela posição da Lua, que dista 240.000 milhas do
nosso planeta, como será possível tachar de extravagante a
crença dos astrólogos antigos [e também dos modernos] na
influência dos astros sobre o destino humano?
Jules Boucher
ZODÍACO, gr.,zodiakos, "ciclo de animais". 1 - É uma faixa
celeste imaginária, que se estende de 8 a 9 graus em cada lado
da eclíptica e que com esta coincide de certo modo, pois
ambas são medidas a começar do Equinócio da Primavera (no
hemisfério norte), sob o signo de Áries, que astrologicamente
é o primeiro signo do Zodíaco, o 0 grau da eclíptica. Contém
as doze constelações ou "signos" de 30 graus cada um, que o
Sol aparentemente percorre durante o ano. Como nas
configurações das constelações os antigos viam semelhanças
com os animais, destes lhes tiraram as denominações. Todavia,
devido à lenta e contínua precessão dos equinócios, os signos
não ocupam sempre os mesmos lugares zodiacais, mas sofrem
uma deslocação retrógrada no sentido oriente-ocidente, na
proporção aproximada de 50 segundos por ano, o que soma
um grau cada 72 anos luni-solares, 30 graus cada 2.160 anos
luni-solares, e 360 graus em 25.920 anos luni-solares, findo o
qual o ponteiro zodiacal se reencontra no signo inicial (O 2),
isto é, as constelações retornam às suas casas originais, e
reinicia-se um novo ciclo de igual período. O efeito prático e
imediato da precessão equinocial é antecipar um pouco, cada
ano, o princípio das estações, e o remoto, é despertar e ativar,
cada ano sideral, em todo o globo terrestre, novas energias
naturais, tanto físicas como espirituais. Na antigüidade, os
astrólogos hindus, os magos persas e caldeus, e os sacerdotes
egípcios, foram famosos por seus conhecimentos da ciência
zodiacal, como a Bíblia o confirma em IIReis 23:5, e Mat. 2:1-
12, e o reconheceram Tycho Brahé e João Kepler, os pais da
astronomia moderna. "Os antigos pré-históricos encaravam o
zodíaco como a chave de todas as ciências humanas e naturais,
e não é de duvidar que algum dia se descubram abundantes
razões para retornar-se a esta alta posição (Revista Le Lotus,
maio de 1888, Paris). São as seguintes as denominações dos
signos, cada qual compreende 30 graus da faixa zodiacal e
correspondendo a uma virtude específica, segundo os
astrólogos: I - Aries (Cordeiro): aspiração; - Taurus (Touro):
integração; III - Gemini (Gêmeos): vivificação; IV - Câncer
(Caranguejo): expansão; V - Leo (Leão): intrepidez; VI - Virgo
(Virgem): adaptação; VII- Libra (Balança): equilíbrio; VIII
-Scorpio (Escorpião): criatividade; IX - Sagitarius (Arqueiro):
energia especulativa; X- Capricórnio (antílope):
discernimento; XI -Aquário (porta-água): lealdade, XII -
Pisces (Peixes): compreensão. No hemisfério norte, onde se
situam as nações que no passado (e ainda no presente)
celebravam as festas equinociais e solsticiais, o Sol entra no
signo de Áries no equinócio da primavera (21 de março) e em
Libra no equinócio de outono (23 de setembro); ao passo que o
ponto inicial de Câncer marca o solstício de verão (21 de
junho), e o de Capricórnio o do inverno (21 de dezembro).
Tais festividades, celebradas pelas religiões mais antigas do
mundo, são perpetuadas simbolicamente na Maçonaria. 2 -
Um dos antigos ramos da Maçonaria hermética, que se
dedicava ao estudo e influência dos astros na vida dos
indivíduos e compôs numerosos graus próprios, dos quais se
originou o Rito do Zodíaco Maçônico. (Cf. Equinócios; Fênix;
Festas; São João, Festas de; Sol; Solstícios.)
Joaquim Gervásio de Figueiredo
Igualmente, se se admite a Bíblia como autoridade em qual-
quer assunto - e ainda há muita gente que assim a considera,
seja em virtude de razões cristãs ou cabalísticas -, vemos então
que o Zodíaco se acha claramente mencionado no Segundo
Livro dos Reis, XXIII, 5. Antes que o "livro da lei" fosse
"descoberto" pelo sumo- sacerdote Hilkiah, eram já
conhecidos e adorados os signos do Zodíaco. Rendia-se a eles
o mesmo culto que ao Sol e à Lua, por isso que "os sacerdotes,
a quem os reis de Israel haviam ordenado queimar incenso... a
Baal, ao Sol, à Lua, aos planetas e a todo o exército do céu" -
isto é, aos "doze signos ou constelações", segundo explicação
em nota marginal constante da Bíblia inglesa -, cumpriram a
ordem durante séculos. Só em 624 antes de Cristo é que o rei
Josias pôs termo a essa idolatria.
O Antigo Testamento está repleto de alusões aos doze signos
zodiacais, e todo o seu esquema neles se baseia: heróis,
personagens e acontecimentos. Assim, o sonho de José, que
viu "onze Estrelas", inclinando-se ante a duodécima, que era a
sua "Estrela", refere-se ao Zodíaco. Os católicos romanos
viram ali uma profecia da vinda de Cristo, que estaria
representado por aquela duodécima Estrela, sendo os
Apóstolos as outras onze; a ausência do décimo segundo
Apóstolo seria uma indicação profética da traição de Judas.
Também os doze filhos de Jacob significam uma alusão ao
Zodíaco, como acertadamente observa Villapandus. Sir James
Malcom, em sua History of Pérsia, mostra que o Dabistan se
faz eco de todas essas tradições concernentes ao Zodíaco. A
invenção deste é por ele atribuída aos dias florescentes da
Idade de Ouro do Iran; e observa que, segundo uma das
tradições, os Gênios dos Planetas estão representados sob as
mesmas formas e aspectos que haviam tomado quando
apareceram à vários dos santos profetas, o que deu lugar à
instituição dos ritos baseadas no Zodíaco.
Pitágoras e, posteriormente, Filon, o Judeu, consideravam
sagrado o número 12.
Este número doze é perfeito. E o dos signos do Zodíaco, que o
sol visita cada doze meses; e foi para honrar este número que
Moisés dividiu a sua nação em doze tribos, instituiu os doze
pães da proposição e colocou doze pedras preciosas no peitoral
dos Pontífices.
Segundo Séneca, Berose profetizava os acontecimentos e os
cataclismos futuros por meio do Zodíaco; e observa-se que as
épocas por ele fixadas para a conflagração do Mundo - Pralaya
- e para um dilúvio correspondem às indicadas num velho
papiro egípcio. Semelhante catástrofe ocorre a cada renovação
do ciclo do Ano Sideral de 25.868 anos. Os nomes dos meses
acadianos eram derivados dos nomes dos signos do Zodíaco, e
os acadianos são muito anteriores aos caldeus. O Sr. Proctor
nos mostra, em seu Myths and Marvels of Astronomy, que os
astrônomos antigos possuíam 2.400 anos antes de Cristo, um
sistema de astronomia dos mais exatos; os hindus datam o
início de seu Kali Yuga de uma grande conjunção periódica
dos Planetas, que se verificou trinta e um séculos antes de
Cristo; mas apesar disso, pretende-se que os gregos
participantes da exposição de Alexandre o Magno foram os
instrutores dos hindus arianos em astronomia!
Certo é que a origem do Zodíaco, quer seja ária ou egípcia,
remonta a uma imensa antigüidade. Simplício, no século VI de
nossa era, escreveu que sempre ouvira dizer que os egípcios
haviam conservado observações e anais astronômicos durante
um período de 630.000 anos. Esta declaração parece assustar o
Sr. Gerald Massey, que a tal respeito observa:
Se interpretamos os anos desse número como significando
meses, que os egípcios, segundo diz Euxodo, chamavam de
anos, isto é, períodos de tempo, ainda assim teríamos uma
duração igual a dois ciclos de precessão [51.736].
Newton acreditava que a invenção do Zodíaco podia ser
recuada até a época da expedição dos Argonautas; e Dulaure
fixou a sua origem em 6.500 anos antes de Cristo,
precisamente 2.496 anos antes da criação do mundo, segundo
a cronologia Bíblica.
Creuzer pensava que era mui fácil demonstrar que a maior
parte das Teogonias estava intimamente relacionada com os
calendários religiosos e, em sua origem, com o Zodíaco; se não
com o Zodíaco que hoje conhecemos, pelo menos com algo
que lhe era muito semelhante. Estava ele certo de que o
Zodíaco e suas implicações místicas se acham no fundo de
todas as mitologias, sob uma ou outra forma, e que durante
séculos o Zodíaco existiu em sua antiga forma, antes de ser
apresentado com o aspecto astronômico definido que hoje
tem, por motivo de alguma singular coordenação de certos
acontecimentos.
H. P. Blavatsky
Em todo caso, há fatos que provam que certos cálculos astro-
nômicos eram tão corretos entre os caldeus da época de Júlio
César como o são hoje. Quando o calendário foi reformado
pelo Conquistador, descobriu-se que o ano civil se coadunava
tão pouco com as estações, que o verão adentrava pelos meses
de outono e os meses de outono por todo o inverno. Foi
Sosígenes, o astrônomo caldeu, quem restabeleceu a ordem na
confusão, recuando em noventa dias o dia 25 de março, e
assim fazendo este dia corresponder ao equinócio da
primavera; e foi Sosígenes ainda que fixou a duração dos meses
tal como ela existe ainda hoje.
Na América, o exército de Montezuma descobriu que o calen-
dário dos astecas concedia um número igual de dias e de
semanas a cada mês. A extrema correção de seus cálculos
astronômicos era tão grande, que nenhum erro foi neles
descoberto durante as verificações posteriores, ao passo que os
europeus que desembarcaram no México em 1519 estavam,
graças ao calendário juliano, aproximadamente dez dias
adiantados em relação ao tempo correto.
Roberto Rohden
Num dos mais antigos Nivids, Rishi Kutsa, um sábio hindu da
mais remota Antigüidade, explica a alegoria das primeiras leis
impostas aos corpos celestes. Por ter feito "o que não deveria
fazer", Anâhita (Anaitis ou Nana, a Vênus persa), que
representa a Terra na lenda, é condenada a girar em torno do
Sol. Os sattras, as sessões sacrificais, provam de modo
incontestável que, desde o século XVIII ou XX a. C., os hindus
fizeram consideráveis progressos na ciência astronômica. Os
sattras duravam um ano, e eram "uma imitação do curso anual
do Sol". Dividiam-se, diz Haug, "em duas partes distintas, cada
qual consistindo de seis meses de trinta dias cada uma; entre
as duas, ocorria o Vishuvam (equador ou dia central),
cortando os sattras em duas metades, etc.".
Idem
Nos Vedas, por exemplo, encontramos prova positiva de que já
em 2000 a. C. os sábios hindus e os eruditos devem ter tido
conhecimento da rotundidade de nosso globo e do sistema
heliocêntrico. Eis por que Pitágoras e Platão tão bem
conheceram esta verdade astronômica; pois Pitágoras obteve
seu conhecimento na índia, ou de homens que lá estiveram, e
Platão repetia fielmente os seus ensinamentos.
Idem
Jesus: O Essênio
D esde o começo, o Filho do Homem eslava no Mistério, o
Altíssimo mantinha-o junto de seu poder e o manifestava a
seus eleitos.
... Mas os reis ficarão assustados e prostrarão o rosto contra a
terra e o pavor se abaterá sobre eles, quando virem o filho da
mulher sentado sobre o trono de sua glória... Então o Eleito
chamará todas as forças do céu, todos os santos das alturas e o
poder de Deus. Então os querubins, os serafins, os ofanis, todos
os anjos da força, todos os anjos do Senhor, isto é, do Eleito e
da outra força, que servem sobre a terra e acima das águas,
elevarão suas vozes.
Livro de Enoch - cap. XVIII e LX1
Na primavera de 1947, em Qumrân, nas margens do Mar
Morto, pastores beduínos descobriram, em onze grutas
naturais ou escavadas no terreno argiloso, rolos de pele e
papiros manuscritos guardados em sacos de linho lacrados
com betume e colocados em jarros de argila cuidadosamente
fechados. Perto dessas grutas, foram descobertas ruínas de um
antigo mosteiro que, segundo estudos arqueológicos realizados
na região, havia sido ocupado por uma comunidade religiosa
desde o século II a. C. até o ano 68 da nossa era, quando os
romanos o tomaram de assalto. Esses religiosos levavam vida
ascética e se designavam como os eleitos, os santos, os filhos
da luz. Segundo tudo indica, pertenciam à seita dos essênios
ou, pelo menos, a um dos ramos do essenismo, formando uma
comunidade religiosa à margem do judaísmo corrente, isolada
do conjunto do povo de Israel e dos pagãos.
A influência desse grupo parece inegável sobre o Novo
Testamento, não apenas sobre João Batista ou sobre Jesus,
como sobre certas comunidades da segunda geração cristã: a
primeira atividade de Jesus, por exemplo, e o recrutamento
dos seus primeiros discípulos situam-se na região de Qumrân,
onde João Batista exercia o seu ministério; para a celebração
das festas religiosas, Jesus e seus discípulos seguiam o
calendário solar de Qumrân, o que explicaria a celebração da
Ceia na véspera da Páscoa; além do mais, é clara a influência
exercida pela terminologia essênia tanto sobre o vocabulário
usado por Jesus como sobre os escritos de João Evangelista.
Na opinião de historiadores e de estudiosos de várias correntes
religiosas, essas descobertas são as mais sensacionais jamais
feitas e resolvem um número considerável de problemas
históricos e religiosos que as pesquisas anteriores não
conseguiam resolver.
Os Manuscritos do Mar Morto são uma das inúmeras obras
resultantes do prodigioso interesse suscitado por essas
descobertas. Neles são examinadas as principais questões que
retiveram a atenção dos especialistas, principalmente as que
giram em torno da origem pré-cristã dos manuscritos e de suas
afinidades com o cristianismo primitivo.
G. Spencer
Entretanto, nas margens do Mar Morto, alguns homens
conservam no recesso a tradição dos profetas e o segredo da
pura doutrina. Os essênios, grupo de iniciados cujas colônias
se estendem até ao vale do Nilo, abertamente se entregam ao
exercício da medicina, porém o seu fim real é mais elevado:
consiste em ensinar, a um pequeno número de adeptos, as leis
superiores do Universo e da vida. Sua doutrina é quase
idêntica à de Pitágoras. Admitem a preexistência e as vidas
sucessivas da alma; prestam a Deus o culto do espírito.
Nos essênios, como entre os sacerdotes de Mênfis, a iniciação é
graduada e requer vários anos de preparo. Seus costumes são
irrepreensíveis; passam a vida no estudo e na contemplação,
longe das agitações políticas, longe dos enredos do sacerdócio
ávido e invejoso.
Foi evidentemente entre eles que Jesus passou os anos que
precederam o seu apostolado, anos sobre os quais os
Evangelhos guardam um silêncio absoluto. Tudo o indica: a
identidade dos seus intuitos com os dos essênios, o auxílio que
estes lhe prestaram em várias circunstâncias, a hospitalidade
gratuita que, a título de adepto, ele recebia, e a fusão final da
ordem com os primeiros cristãos, fusão de que saiu o
Cristianismo esotérico.
Jules Boucher
A palavra Christo em latim quer dizer "iniciado", daí o Jesus
ser "Cristo".
Idem
... Já o Evangelho como a abóbada das florestas sob um sol
brilhante, era iluminado pela ciência esotérica dos essênios,
outro ramo dos iniciados. A palavra do Cristo havia bebido
nessa fonte de água viva e inesgotável as suas imagens variadas
e os seus encantos poderosos.
R. A. Gilbert
Moisés foi iniciado no Egito, era profundamente versado nos
mistérios teológicos, físicos e metafísicos dos sacerdotes.
Aarão, seu irmão, e os outros chefes hebreus se tornaram
depositários dessas doutrinas. Esses chefes Levitas se dividiam
em várias classes, conforme os costumes dos padres egípcios.
Mais tarde, veio ao mundo o Filho de Deus. Foi educado na
escola de Alexandria. Cheio de um espírito inteiramente
Divino, dotado da mais admirável inteligência, conseguiu
alcançar todos os graus de Iniciação Egípcia (Essênia). Ao
voltar para Jerusalém, apresentou-se aos chefes da Sinagoga, e
apontou-lhes as numerosas alterações por que passava a Lei de
Moisés nas mãos dos Levitas, confundiu-os pelo poder de Seu
espírito e a extensão de seu conhecimento: porém os
sacerdotes judeus, cegos pelas suas paixões, persistiram em seu
erros.
H. P. Blavatsky
Hoje em dia é universalmente reconhecido que Jesus era
essênio, membro, portanto, de uma comunidade secreta, e
deve-se agradecer aos sábios que, após a recente descoberta
dos manuscritos do Mar Morto, souberam resistir a tantas
intrigas e pressões para revelar ao mundo este fato capital que,
seguramente, ia de encontro a dogmas religiosos rígidos
demais e declarados infalíveis, ameaçando igualmente os
fundamentos de todo um sistema estabelecido pelo homem,
mas que pretendia ser divino.
Gesnero
Os essênios, também conhecidos como "curandeiros", eram
uma Seita de judeus que Plínio diz ter vivido perto do Mar
Morto, por milhares de anos. Supuseram alguns que eles eram
ultra-fariseus, outros - o que pode ser uma teoria verdadeira -,
que eram os descendentes dos Benin nabim da Bíblia,
considerando-se "Kenitas" e "Nazaritas". Os essênios tinham
muitas idéias e práticas budistas; e é digno de nota que os
sacerdotes da Grande Mãe em Efeso, Diana-Bhavani de muitos
seios, eram designados da mesma maneira. Eusébio, e depois
dele De Quincey, declarou que eles eram semelhantes aos
primeiros cristãos, o que é mais do que provável. O título
"irmão", utilizado na Igreja primitiva, era essênio; eles for-
mavam uma fraternidade, ou um Koinobion, uma comunidade
como os primeiros convertidos.
D. G. Kieser
King pensa que é exagero, estando inclinado a acreditar que
esses essênios, que eram sem dúvida nenhuma monges
budistas, eram "apenas a contaminação da associação
conhecida como "Filhos dos Profetas".
Josefo descreveu, nos essênios, todas as características
principais que encontramos nos nazarenos. Para orar, eles
procuravam a solidão. "Quando tu orares, entra no teu
aposento... e ora a teu Pai que está em segredo" (Mateus, VI,
6). "Tudo que foi dito por eles (pelos essênios) é mais forte do
que um juramento. Eles se abstêm de prestar juramento... Que
vossa palavra seja sim, sim, não, não." (Mateus, V 34-7).
Os Nazarenos, bem como os essênios e os terapeutas,
acreditavam mais nas suas próprias interpretações do "sentido
oculto" das Escrituras mais antigas, do que nas leis mais
recentes de Moisés.
Os essênios "entram nas casas daqueles que eles nunca viram
anteriormente como se fossem seus amigos íntimos". Esse era
incontestavelmente o costume de Jesus e de seus discípulos.
Munk, em sua obra sobre a Palestina, afirma que havia 4.000
essênios vivendo no deserto; que eles possuíam os seus livros
místicos e que prediziam o futuro. Os nabateus, com muito
pouca diferença, na verdade, tinham as mesmas crenças dos
nazarenos e dos sabeus e todos eles veneravam João Batista
mais do que ao seu sucessor, Jesus. O próprio Jesus não
glorificou o profeta do Jordão? "Mas que saístes a ver? Um
profeta? Certamente vos digo, é ainda mais do que um
profeta... Na verdade vos digo que entre os nascidos de
mulheres não se levantou outro profeta maior que João
Batista" (Lucas, VII, 26-8).
Grey Nielsen
É fácil compreender por que essa seita dos essênios a qual,
seguramente, pertenceu Jesus, haveria de ser considerada
como um protótipo notável da Fraternidade dos Franco-
Maçons, pois características da Sublime Ordem Maçônica são
o cultivo do amor fraternal, da assistência a desamparados e da
verdade; isto é, caridade e benevolência com tolerância
universal; a realização de cerimônias, que incluem
soleníssimos votos de conservar secretos os modos de
reconhecimento; e um extenso uso ritualístico de termos de
construção e de coisas materiais como símbolo de verdades
morais e espirituais. A instrução mútua e agradável
relacionamento familiar entre os membros sempre têm sido
encorajados tendo em vista o amor fraterno e a felicidade; o
matrimônio, o convívio e todos os divertimentos salutares são
considerados adequados; e não há nenhuma interferência na
vida doméstica dos irmãos nem com os seus modos de
emprego, propriedade e posses.
E se nossos argumentos estiverem errados, se Jesus não era um
iniciado essênio, um Mestre-construtor, ou Mestre-Maçom,
como agora é chamado, como é que nas catedrais mais antigas
encontramos a sua efígie com as insígnias maçônicas? Na
Catedral de Santa Croce, em Florença, sobre a porta principal,
pode-se ver a figura de Cristo segurando um esquadro perfeito
em sua mão. E mais, como se vê nas palavras de Jesus, o Cristo
a seus discípulos, os seus ensinos também tinham uma parte
oculta (esotérica) e outra pública (exotérica): "Porque a vós,
(os iniciados) vos é dado conhecer os mistérios do reino dos
céus, mas a eles (os não iniciados) não lhes é isso dado... Por
isso lhes falo em parábolas, porque vendo, não vêem; e
ouvindo, não ouvem, nem entendem" (Mateus, XIII, 10-13).
Josefo nos conta que se alguém buscasse ser admitido na seita
essênica, sua vida e conduta eram severamente vasculhadas; se
fosse aprovado recebia uma vestimenta branca, um avental e
uma espada para as suas necessidades, era chamado de Noviço,
ordenavam-lhe que praticasse o mesmo modo de vida deles e
lhe confiscavam todos os bens que, desse modo, engrossavam
o fundo coletivo do grupo: após um ano, ele se tornava um
Aproximador (approacher), prosion eggion, era admitido mais
intimamente ao modo de viver do grupo, e participava de seus
banhos de purificação: após mais dois anos, sendo aprovado,
era admitido como um Homiletes às refeições comunitárias,
mas só depois de fazer um juramento solene no sentido de ser
absolutamente piedoso e justo, de nunca ferir ninguém, de
aborrecer o ímpio, denunciar os mentirosos, obedecer aos
anciãos, não ter segredos para com os companheiros e não
revelar ensinamentos religiosos privados aos estranhos à
comunidade mesmo com o risco da própria vida, preservar
seus escritos sagrados e manter em segredo os nomes dos
santos anjos de Deus. Havia então noviços, aproximadores e
membros integrais; estes últimos dividiam-se em quatro
classes segundo sua antigüidade como membros, sendo
proibido ao membro de uma classe tocar no de classe mais
elevada.
Ponto notável, e sobre o qual todas as autoridades concordam,
é o de que os essênios condenavam o uso de juramentos,
embora cada qual tivesse uma vez que fazer um juramento
solene para obter plena filiação e receber a instrução religiosa
simbólica proporcionada pelas doutrinas da Sociedade. Os
essênios consideravam a alma imortal, que se retirava do
corpo corrompido por ocasião da morte, entrando num estado
de liberdade. Alguns membros eram capazes de predizer o
futuro e de realizar outros prodígios como o de efetuar curas.
Josefo conta-nos que Herodes simpatizava com a seita dos
essênios porque um deles, chamado Menahem, o saudou como
futuro Rei dos Judeus enquanto ele ainda era um menino em
idade escolar: diz-se também que Judas, o Essênio, predisse o
assassínio de Antígono, filho de Hyracano I, na Torre de
Strato, por ordem de Aristobolo, por volta de 107 a.C.
H. P. Blavatsky
Alguns pormenores de renomados escritores sobre os essênios:
Filo conta que em seu tempo havia quatro mil desses "santos"
e que eles condenavam a escravidão, nunca faziam uso de
juramentos na vida privada, não ofereciam sacrifícios e
passavam o tempo todo ministrando interpretações, de caráter
alegórico, dos Livros de Moisés.
Plínio chamou os essênios de a maravilha do mundo, dizendo
que a Sociedade existia há milhares de anos; que eles viviam
em meio a palmeiras.
Hipólito assegurava que os membros mais elevados dos
essênios, buscavam poderes mágicos nas plantas e nas pedras,
com vistas à cura dos doentes e ao sucesso na profecia.
Suídas, lexicógrafo do século X, descreve os essênios como
contemplativos e teólogos místicos.
Alexander Lawrie, publicou History of Freemasonry With an
Account of the Grand Lodge of Scotland em 1804. Declara-se
nesses volumes que os essênios usavam sinais análogos aos dos
Franco-Maçons. Tais referências também foram escritas pelo
grande escritor do final do século XIX Albert Mackey.
Kenneth Mackenzie, em seu Royai Masonic Ciclopaedia,
1877, escreveu que os Franco-Maçons se assemelham aos
essênios no fato de possuírem Cerimônias de Iniciação com
obrigações solenes, e inculcarem uma norma particular de
vida; ademais, os essênios juravam manter secreta a sua
doutrina, não comunicá-la a ninguém fora de sua
comunidade; à exemplo de seus análogos, os irmãos
herméticos do Egito não deviam escrever sobre ela, salvo por
meio de alegoria e simbolismo.
Robert Freke Gould diz, em seu livro Concise History, de
1883, que os essênios se reconheciam uns aos outros por meio
de sinais.
W. Crookes
Segundo Filon, historiador da Alexandria que viveu na época
de Jesus, os essênios têm sobre si a glória inacessível de
haverem sido os Precursores e os Mestres de Jesus em sua
jornada final, na coroação gloriosa de sua obra redentora da
Humanidade. Mais ainda: os essênios deram orientação para a
vida espiritual da atualidade. Eles embalaram o berço do
Cristianismo nascente e encaminharam seus primeiros passos.
Somente quando o Cristianismo foi oficializado, a partir de
Constantino, foi deixada de lado a velha senda dos essênios.
Eles retornaram às suas grutas ou morreram em forcas e
fogueiras, como Savonarola, o frade dominicano com alma e
vida de essênio. E dessa maneira que a humanidade, Rainha
Cega, paga aos que lhe querem dar a Luz Divina, a saúde e a
redenção.
Os essênios são muito antigos, ainda que, no correr dos
tempos, nem sempre se chamassem essênios. Numa época mui
remota, chamaram-se Profetas Brancos; depois Antulianos;
mas tarde Dáckthylos; logo Kobdas e essênios.
Idem
A cabeça de João, o Batista, Essênio do sétimo grau, caiu na
obscuridade de uma masmorra, e sua morte foi inculpada, por
uns, à vingança de Herodiade, que havia abandonado seu
marido, que não era rei, para se unir ilicitamente a seu
cunhado, que era monarca reinante, e, por outros, ao
apaixonado amor da jovem Salomé, que ganhara, por meio de
uma dança, o direito de pedir ao rei o que quisesse... Assim,
por insinuação de sua mãe, Herodiade, ela pediu a cabeça de
João, o Batista. (Manuscritos do Mar Morto.)
Disse Jesus: "Se queres vir após mim, nega-te a ti mesmo,
carrega tua cruz e segue-me".
Negar a si mesmo! Dura e heróica frase que significa a
Renúncia a toda ambição egoísta e pessoa, qualquer que seja
sua natureza. Ela se dirige àquele que pretende lucrar com o
ideal, àquele que busca eleger-se em mestre dos demais,
àquele que quer erigir um pedestal para o seu nome, àquele
que, levado por interesses criados, sonha em recolher o fruto
material de seus esforços de missionário do ideal.
Desistir de todas as ambições é o que obriga a negar-se a si
mesmo. Nós cristãos de hoje escandalizamo-nos com o que
ocorreu aos essênios do tempo do Cristo, inclusive porque
desapareceram nas sombras e no silêncio os inúmeros escritos
históricos que analisavam a sua vida. E tão natural esse fato
que nos assombraria se tivesse ocorrido de outro modo, pois
cumpre levar em conta que os cristãos dirigentes daquelas
épocas não tiveram o valor de negar-se a si mesmos, mas, pelo
contrário, disseram, como os de hoje: "Eu quero! Eu mando!
Eu sou!", crendo que com isso agiam perfeitamente bem.
Domênico Berti
A maior parte dos trabalhos que eram feitos nos Santuários
dos Essênios consistia em aumentar o número de cópias de
toda escritura antiga para que pudessem ser conhecidas por
todos os filiados da Fraternidade Essênia. Também eram feitos
trabalhos manuais, como móveis e utensílios necessários; além
do cultivo do horto que lhes proporcionava grande parte de
sua alimentação. Nos Santuários dos Essênios, no altar central,
encontravam-se as Tábuas da Lei, cópia das de Moisés, e em
pequenas placas de pedra branca os nomes dos grandes
Profetas do passado e os nomes dos Mestres fundadores da
Fraternidade Essênia entre as montanhas; entre eles constava
os nomes de Elias, Eliseu, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Esdras,
Samuel e outros notáveis clarividentes visionários sublimes,
que haviam aberto caminhos do bem, de amor e de justiça
para as almas desorientadas nas trevas da inconsciência. Havia
também nos Santuários uma sala mortuária, como símbolo de
amor dos encarnados para os que haviam partido para o espaço
infinito.
Josefo
ESSÊNIOS (gr. essenoi, "os essênios", derivado, segundo uns,
do heb. asah, "curador", e segundo outros, de tsenu'im, "os
piedosos"). Ascetas e místicos de uma antiga e misteriosa seita
judaica, viviam em pequenas comunidades e estiveram
localizadas em Engadi, do lado ocidental do Mar Morto, e no
Lago Maoris, Egito, onde eram conhecidos como os
"terapeutas". As informações que deles temos as devemos a
Filon, o Judeu; ao historiador judeu Josefo, e a Plínio, o
Antigo, todos seus contemporâneos, e ultimamente ao Do-
cumento de Damasco, descoberto no começo do século XX
numa genizali, no Cairo, publicado por Salomon Schechter em
1910 e apresentado à Universidade de Cambridge com o título
de "Fragments of a Zadokite Work", bem como a uns rolos
descobertos em 1947 por alguns beduínos mercadores junto ao
Mar Morto, dos quais o principal é o "Manual de Disciplina"
(V Dead Sea Scrolls, de A. Powell Davies). Ambos documentos
remontam, pelo menos, ao 2 Q século pré-cristão. Essas fontes
divergem apenas em pequenos detalhes, e os apresentam como
vivendo vida simples, meditativa e contemplativa; frugais,
vegetarianos, castos, infensos a sacrifícios de animais e à
escravatura, e mantendo seus bens em comum. Em seus cultos
adotavam o Rito Mítrico, suas ordens angélicas e a sua
cerimônia do pão, vinho e sal, que depois foi incorporada ao
Cristianismo (Santa Eucaristia) e à Franco-Maçonaria (Rosa-
Cruz de Heredom). Foi uma seita sui generis, baseada em
princípios e mistérios que são diversamente interpretados
como budistas, cabalistas, pitagóricos, cristãos, maçônicos,
além de judaicos. Seus membros mais eruditos expunham as
Escrituras, mas especialmente por meio de "símbolos e
parábolas", e foi entre eles que privou Jesus o Cristo. Ao
mesmo tempo que estudavam o Torah e observavam os sába-
dos segundo os fariseus, a filiação à seita não dependia da raça
e sim da livre escolha do pretendente, o que denota não terem
tido ligação com as sinagogas dos fariseus, e portanto, mais se
filiaram à linha dos profetas do que à dos sacerdotes judaicos.
Ensinavam também as doutrinas da preexistência e do
renascimento. (Cf. Mistérios Essênios; Terapeutas.)
Joaquim Gervásio de Figueiredo
ESSÊNIOS - Seita judaica cuja origem remontaria aos
Macabeus, e que, na época de Jesus contava com um número
de cinco a seis mil membros espalhados em volta de
Jerusalém, e, segundo alguns historiadores, Jesus teria saído
desta seita. Vestiam uma veste branca, eram dados à
meditação, às abluções, e praticavam a Medicina (Terapeutas).
Desta seita judaica falam Flávio Josefo, Plínio o Antigo, em
suas obras, mas principalmente Filon de Alexandria, no seu
tratado "Vida contemplativa".
Viviam os essênios perto de Hebron, a pequena distância do
Mar Morto, e segundo disse Plínio "era um povo sem
nascimentos".
A filiação e o recrutamento não são bem conhecidos. Como
sinal distintivo, os confrades traziam uma veste branca, um
cinto e uma machadinha. Obrigavam-se por juramento, no dia
de sua admissão, a adorar a Deus, a observar a justiça para com
os homens, não fazer juízos temerários, odiar os injustos e
querer os bons. Filon afirma que se aceitavam moços, mas
Josefo assegura que eram recebidas mesmo crianças, a fim de
prepará-las à vida ascética, acrescentando que eram divididos
em quatro classes que ele não cita.
O seu regime econômico era a comunhão de bens, a
propriedade sem divisão e as trocas mútuas. Cada um
entregava à caixa comum o que lhe tinha sido dado e desta
forma provia-se às necessidades da alimentação e do vestuário.
Chefes eleitos providenciavam a todas as necessidades e os
sacerdotes preparavam o pão e as refeições.
Os moços respeitavam e assistiam os anciãos. Consideravam
uma honra oferecer a hospitalidade aos confrades em viagem e
em cada cidade um oficial velava às necessidades desses
viajantes.
O dia começava com a prece e todos iam ao trabalho. Antes da
refeição, faziam abluções e depois voltavam ao trabalho; o
repouso noturno era precedido de uma colação. Dedicavam-se
apenas à agricultura, o comércio era-lhes estranho e
reprovavam a fabricação de armas de guerra.
Esta disciplina, rigorosamente observada, desenvolvia as vir-
tudes privadas e as virtudes sociais entre a seita, de modo que
os antigos exprimiam a seu respeito os maiores elogios, por
constituírem estas práticas, naquela época, um verdadeiro
fenômeno.
Eram castos, sóbrios, silenciosos na hora da refeição, vestidos
pobremente, humilhando o corpo e o espírito, evitavam todo
excesso, toda impaciência, esforçando-se por sujeitar o corpo e
praticar a alma.
Não podiam ser escravos, todos eram livres. A sua palavra
valia por um juramento. Rejeitavam as unções com óleo, a sua
glória consistia unicamente no bem.
Tinham, porém, certas puerilidades, como, por exemplo, não
satisfazer as suas necessidades no dia de sábado ou cuspir
diante deles e à direita, e obrigavam-se a usar um avental, em
torno dos rins, durante o banho. Os essênios rejeitavam
completamente o matrimônio e também os sacrifícios
sangrentos de animais, pelo que foram excluídos do templo de
Jerusalém.
A doutrina essênia admitia a vida futura, e sobre a natureza
das almas tinham opiniões semelhantes às dos sábios da Índia
e da Grécia e dos ensinamentos do Evangelho, aproximando-
se mais da doutrina de Jesus Cristo que da interpretação
tradicional dos textos bíblicos.
Esta doutrina pregava a abstenção do juramento, o desprezo
das riquezas, a renúncia do mundo, a caridade e tendia para a
abolição da religião do Templo para substituir o culto pela
prece, o que era uma heresia monstruosa dentro do judaísmo.
Também preconizava a supressão dos sacrifícios sangrentos e
do sacerdócio, que substituía pelo repasto místico e por uma
hierarquia mais eqüitativa, fundada sobre a igualdade dos
homens perante Deus.
Muitas de suas crenças eram parecidas às pitagóricas,
possuindo esta Fraternidade misteriosa um ensinamento
secreto, que o neófito prometia não descobrir a ninguém.
No começo do século XX, foi descoberto no Cairo o
"Documento de Damasco". Foi publicado, em 1910, por
Salomon Schecheter e apresentado à Universidade de
Cambridge com o título de "Fragments of a Zadokite Work".
Em 1947 foram descobertos os famosos "Documentos do Mar
Morto", por alguns beduínos mercadores. Trata-se de alguns
rolos de pergaminho, dos quais o principal é o "Manual de
Disciplina". Esses documentos e os fragmentos remontam,
presumivelmente, há pelo menos dois séculos antes de Cristo,
e divergem apenas em pequenos detalhes.
Nicola Aslan
Mantra
Mantra é uma palavra sânscrita que enfeixa a mesma idéia do
"Nome Inefável". Alguns mantras, quando pronunciados de
acordo com a fórmula mágica ensinada no Atharva-Veda
(livro sagrado dos Hindus), produzem um efeito instantâneo e
maravilhoso. Em seu sentido geral, porém, um mantra é
simplesmente uma oração aos deuses e aos poderes do céu, tal
como é ensinado pelos livros bramânicos, e especialmente por
Manu, ou antes um encantamento mágico. Em seu sentido
esotérico, a "palavra" do mantra, ou fala mágica, os brâmanes a
chamam Vâch. Ela reside no mantra, que significa
literalmente as portas dos livros sagrados consideradas como
Sruti, ou revelação divina direta.
H. P. Blavatsky
O ritual do culto exotérico desta divindade foi, por isso,
baseado na magia. Os Mantras são todos extraídos de livros
especiais, mantidos em segredo pelos sacerdotes; e se diz que
cada um deles produz um efeito mágico: aquele que os recita
ou lê dá origem, só em cantá-los, a causas secretas que se
traduzem em efeitos imediatos.

Literatura Hindu
A Linguagem dos Elementos se compõe de SONS, não de
palavras; de sons, números e formas. Aquele que souber
combinar os três atrairá a resposta do Poder dirigente o Deus-
Regente do Elemento específico a que se recorre. Essa
"linguagem" é, portanto, a dos encantamentos ou dos mantras,
como se chama na índia, sendo o som o agente mágico mais
poderoso e eficaz, e a primeira das chaves que abrem as portas
de comunicação entre os Mortais e os Imortais.
Robert F. Gould
Mantra é uma palavra criada para um efeito esotérico, uma
palavra sagrada. Uma palavra que tem o dom de esvaziar a
mente e ao mesmo tempo, ocupá-la pelo "som" que emite.
Os pensamentos emitem "sons", isto também é cientificamente
pacífico. O poder do "som" conduz à unificação das mentes.
Osyoguis usam os "mantras" e obtêm toda sorte de vantagens.
Rizzardo da Camino
A meditação pode ser um estado de consciência muito rápido
de alcançar. Traz o seu resultado instantâneo, como a oração.
A meditação é despertada pelo "som" do mantra. O que
medita, porém, retira-se dentro de si mesmo e descobre que
seu coração já é o seu lugar sagrado habitado por Deus.
Permuta a imagem material de um Deus que anteriormente
adorava, por uma imagem mental, que agora adora em sua
mente. Substitui a "pedra" por seu próprio coração, a
"escritura" por seu próprio espírito e ao "sacerdote" por seu
próprio pensamento.
Rizzardo da Camino
Eis aqui a síntese de toda a filosofia e religião: De Deus tudo
vem... Para Deus tudo está... Para Deus tudo volta...
A antiquíssima filosofia hindu usa a palavra simbólica AUM
(pronunciada OUM) para significar esse eterno processo
trinitário do cosmos. No livro do Apocalipse, último da nossa
Bíblia, esse AUM aparece na forma de AMEM (também
freqüentemente usado por Jesus). Diz o Eterno: "Eu sou o
AMEM, o Veracíssimo", ou seja, a Verdade Total.
Roberto Rohden
Cada letra é uma potência, um poder e uma energia em si
mesma e pode-se distinguir sob várias formas:
1ª - A é um símbolo representativo, Criador eterno, que rege a
evolução interna da Criação.
2ª. - Cada letra tem um som, força que possui o poder em sua
vibração sutil, e está constantemente vibrando em seu tom
próprio.
3a - Esse som, ao vibrar através da energia que anima todos os
seres, modela as condições das formas para dar-lhes seus
arquétipos.
4a - A letra é a representação de uma divindade que tem
íntima relação com a consciência do homem.
5a - Vocalizar uma letra é chamar uma divindade por seu
nome e atrair a si sua força cósmica.
6a - Uma Palavra composta de várias letras transforma-se em
instrumento de geração do espírito porque se converte em
idéia.
7a - Cada povo adotou para suas letras uma forma especial que
representa a propriedade de sua deidade, segundo a sensação
com que impressionavam sua mente o atributo e as
características de tal deidade.
8a - De modo que, se o Hebreu pronuncia ou vocaliza a letra A
adaptando a forma de sua própria letra, alçando a mão direita
ao alto e estirando a esquerda para baixo, obtém os mesmos
benefícios que um latino ao pronunciar a mesma letra
adotando a forma latina.
9a - Se cada letra do Alfabeto é um poder, a combinação de
várias letras produz uma aglomeração de poderes para um fim
desejado.
10ª - O Mantram Sânscrito, conservado pelos iniciados
orientais, não é mais que poder do Verbo sintetizado em uma
palavra; também as palavras são certas formas cabalísticas
conservadas nas cerimônias da iniciação ocidental.
11ª - Toda palavra é uma ação e, se é ação, deve ser útil; há
uma velha lenda cristã que nos ensina que o diabo não pode
apossar- se dos pensamentos enquanto não se materializam em
palavras.
12ª - Nas escolas herméticas há muitas palavras que não têm
sentido para o profano e às vezes até os próprios filiados. Essas
palavras não foram criadas como quebra-cabeças, segundo
alguns supõem, senão que seus autores procuraram, antes de
tudo, o poder oculto e esotérico de cada uma de suas letras,
sem muito se preocuparem com o sentido que possam ter no
dicionário da língua. Também os inventores do símbolo nunca
tiveram intenção de que sua forma deva encerrar uma única
idéia determinada, senão que todo símbolo deve emanar a
fonte de todas as idéias.
13a - O aprendiz, ao estudar as letras do seu grau, deve meditar
nos pontos anteriores para compreender que a essência do
Verbo ou palavra está no princípio, que a luz intelectual é a
palavra, que a revelação é a palavra e que falar é criar; porém,
para criar devem-se escolher os elementos da criação e
empregá-los com mestria.
14a - Deus, dando razão ao homem, deu-lhe as letras para
formar a palavra e pronunciá-la.
15a - A letra A, cujo valor numérico é um, é o primeiro som
que articula o ser humano e primeira letra do Alfabeto como o
número um é a unidade mãe de todos os números. Ambas as
figuras exprimem a causa, a força, a atividade, o poder, a
estabilidade, a vontade criadora, a Inteligência, a afirmação, a
iniciativa criadora, a originalidade, a independência, o
Absoluto que contém tudo e do qual emanam todas as
possibilidades, o homem rei da criação que une o céu e a terra,
a supremacia, a atividade enervante, o desejo incansável de
chegar ao seu fim etc.
16a - Todos esses atributos e muitos mais pertencem à letra A.
Os iniciados, conscientes do poder da letra, separada ou unida
a outra para intensificar sua força, entoavam-na segundo
ritmo especial, para produzir uma vibração e cor apropriadas
que ajudavam a efetuar um resultado desejado em sua própria
mente e nas dos demais. Atendendo ao já dito que cada
homem tem uma nota particular; aquele que maneja a
pronúncia das letras segundo sua nota ou tom pessoal, obterá
poderes ingentes. Amados leitores! Aprendei a vocalizar as
letras e manifestar-se-á proveito em vossos três mundos:
Espiritual, Intelectual e Físico.
Jorge Adoum
O Mantra AUM contém a evocação da Tríade Védica, a
Trimürti Brahmâ, Vishnu e Siva, dizem os orientalistas; ela
contém a evocação de algo mais real e objetivo do que essa
abstração trina. E a trindade do próprio homem, em vias de se
tornar imortal por meio da união solene do seu EGO - o corpo
exterior, grosseiro, não sendo invólucro levado em
consideração nessa trindade humana.
Na Índia antiga, o mistério da Tríade, conhecido apenas dos
iniciados, não podia, sob pena de morte, ser levado ao vulgo.
Francis Barret
A sagrada sílaba primitiva, composta das três letras AUM, na
qual está contida a Trimürti (Trindade) Védica, deve ser
mantida em segredo, como outro triplo Veda.

Vedas

Os Mantras exercem um papel importante na transmutação - é


o VERBO CRIADOR - por isso diz o Evangelho Crístico: "No
princípio era o Verbo, e o Verbo era com Deus, e o Verbo era
Deus" (São João 1: 1).
A respiração é uma manifestação física do Prana (ou Energia
Cósmica). A respiração inclui o princípio masculino e
feminino. A inalação ou atração do alento para dentro é
polaridade masculina e feminina. A ação de respirar é em si
mesma uma prece ou um mantra inaudível, mesmo quando
feito involuntariamente.
Samael Aun Weor
Mais além do mundo da consciência encarta-se a causa
principal de toda a existência. Esta é a Palavra. E o Verbo que
cria mundos. Agora entendemos por que em todas as Bíblias
Religiosas: Cristã, Maometana, Budista, etc., em diferentes
palavras, porém com a mesma significação, dizem: "No
princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus (ou Tao, Alá,
Osíris, etc.) e o Verbo era Deus". (São João 1: 1).
Samael Aun Weor
Sob o ponto de vista prático, atinge-se mais facilmente o
silêncio interior pelo som vocal OM ou AUM. Escuta uma
grande lição sobre os mistérios de OM. Ela te é dada por um
mestre oriental nos mesmos termos por ele empregados e
talvez tu já tenhas tido acesso a sua elevada sabedoria:
Nosso dia de consagração começa com OM. Nós o encerramos
igualmente com a prolongada entonação da palavra mística
OM, seguida de uma meditação. OM é descrito como o início,
o meio e o fim, não apenas das Escrituras, mas de todas as
coisas da criação. Escrituras sagradas, como os Vedas,
começam por OM e terminam todas por OM. Não existe um
Mantra, um ritual ou um culto que não esteja, de uma maneira
ou de outra, ligado à Sílaba Sagrada OM. Ela é a vida e a alma
de todas as formas e de todos os nomes. Pode-se, portanto,
dizer: "Repetindo a Sílaba Sagrada OM, estamos repetindo
todas as Escrituras do mundo inteiro". Aliás, é o que afirmam
os Mandukya Upanishad: "OM é, em toda a verdade, o início,
o meio e o fim de tudo". Conhecendo-se OM desta forma,
atinge-se sem dúvida possível, a Unidade com Deus. "No
início era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era
Deus", diz também a Santa Bíblia. Como são estas palavras,
referindo-se ao Verbo, impressionantes e criadoras de alegria!
E OM, a Sílaba Sagrada, não é outra coisa senão o símbolo do
Verbo.
Pode-se dizer: "Por que não poderia ser Cristo ou Krishna,
Rama ou Zoroastro, Buda ou Maomé, X ou Y? Por que é
apenas a Sílaba Sagrada OM?" Eis a resposta: porque OM é o
som mais simples, o mais natural, aquele que envolve tudo, a
tal ponto que pode ser pronunciado pelo mudo e pelo surdo. E
a palavra empregada em todas as religiões, sob uma ou outra
forma, e é uma palavra expressa em todas as línguas. OM,
Amém, Ahmin: todas se referem ao mais Elevado Estado de
Consciência da verdade. Quando dizemos Rama, Krishna,
Buda, Cristo, Maomé ou Zoroastro, estes são nomes santos,
isto é, representam Deus sob suas diversas formas
personificadas. O aspecto Universal, Cósmico, de Deus, de
Deus que não tem forma, que não muda e que não tem causa,
é indicado apenas por OM.
Para pronunciar-se Om, nenhum esforço é necessário,
nenhum exercício se impõe. Freqüentemente ele se exprime
sozinho. Vemos a criança repeti-lo quando está feliz.
Qualquer pessoa doente e todos aqueles que sofrem, repetem-
no inconscientemente, como se lhes trouxesse algum alívio. A
repetição pode não ser exata, pode comportar ligeira variação,
mas guardará muita semelhança com OM.
No Canto Celestial da Bhagavad Gita, o Senhor Krishna diz:
"Aqueles que meditam sobre a Sílaba Mística OM, esquecendo
o resto, terão em pouco tempo a percepção de Deus". Diz
ainda: "Repetindo OM, a única Sílaba Eterna, e meditando em
Mim, aquele que o faz, abandonando seu corpo, atinge as
Bem-Aventuradas Alturas, de onde não há retorno".
OM não é uma simples palavra comum. É palavra mística,
palavra possante, dotada de força e de energia latente. É uma
palavra que dá vida e que desperta a alma. Repetindo OM,
constatamos que vem das profundezas do ser e escorre de
todas as células. É uma palavra que jamais poderá ser separada
da vida. O fato mais impressionante, quer se acredite, quer
não, é que a palavra mística OM se exprime e se manifesta
sempre através de nós, ou melhor, através de todas as criaturas
e de todos os sons da terra.
Na própria respiração, o Soham opera dia e noite. "SO"
durante a inspiração e "HAM" quando se explica. Em
SOHAM, as consoantes S e H (H com A, isto é, HA para
representar o som completo) indicam o mundo grosseiro
material e a vogal O juntamente com o som nasal M
representam o Espírito, ou Verdade. Nesta palavra, o som OM
está na expiração, proclamando inconscientemente e de
maneira incessante, a cada respiração: "Eu sou a Verdade, eu
sou a Divindade, eu sou o Sopro Universal, o UN primeiro e
único. Eu sou o tudo em tudo, a Presença imanente em cada
coração, bem como a criação inteira". Escuta, reconhece e
queda silencioso! OM! OM! OM!
A essência da mensagem indica que OM é o Símbolo da
Energia Divina, da Presença Interpenetrante. Como tal, não
pode estar confinado num indivíduo ou numa religião. Ele é a
herança de todos os filhos de Deus, da humanidade inteira.
Consciente ou inconscientemente, ele se exprime e se
manifesta em nossos pensamentos, em nossas palavras e em
nossos atos. A Paz infinita (O Equilíbrio Eterno) e o poder sem
limites nos serão dados quando pudermos reconhecer
coincidentemente toda a sua significação e o seu valor e nos
conciliarmos, nos harmonizarmos com a Palavra Sagrada em
cada instante de nossa vida, para o nosso bem e para o bem da
humanidade inteira.
Para concluir este assunto, mencionarei a história de Kalinga
Mardana, na qual Krishna matou a serpente de mil cabeças, tal
como é narrada por Swami Rama Tistha. Krishna pulou no
lago e subiu na cabeça da serpente, dançando e tocando a
Sílaba Sagrada com sua divina flauta. Ele não parou de tocá-la
antes de haver esmagado todas as cabeças da serpente. A
perigosa serpente nada mais é do que o mental, na realidade.
As suas mil cabeças são os desejos, as paixões e as tentações
sem-número, tais como a inveja, o rancor, o ciúme, a cólera, a
mágoa, a vaidade, a arrogância, o egoísmo e outros defeitos.
Este é o momento de agirmos como Krishna, de
mergulharmos no lado de nossos seres e de começarmos a
entoar a Palavra Mística OM, esmagando uma paixão após a
outra, dançando com nossos pés e tocando a flauta com o
ritmo da vida. Quanto mais as esmagamos, mais as paixões se
elevam; entretanto, pela prática persistente, sairemos
vencedores, como Krishna.
Esta não é uma história para ser lida frivolamente, e sim um
exercício prático destinado a superar o mal, com o auxílio do
bem e com as vibrações sagradas de OM. É também uma
fórmula inspiradora que nos leva a pensar que nossos corpos
são representados pelas flautas e que, se deles retirarmos todas
as paixões e idéias de "meu" e "teu", o Senhor virá cantar
através de nós seus Cantos Celestiais de Paz, de Harmonia e de
Bênção.
Numerosos são aqueles que se perguntam se esta palavra deve
ser grafada OM ou AUM. Na realidade, estas duas formas são
idênticas. OM é a fusão de três sons elementares: A, U e M,
sendo que A e U se misturam quando pronunciados juntos, de
acordo com a gramática sânscrita.
Repetindo A, U e M separadamente, veremos que estes três
sons cobrem toda a duração da emissão ou da produção
sonora. A começa na base da língua, no mais baixo limite da
origem do som; U começa no meio, na região próxima ao
palato, e M vem da extremidade, da ponta da língua.
Pronunciando a sílaba inteira, todos os órgãos vocais ficam
perfeitamente justapostos. OM é o som fundamental que deu
origem a todos os outros sons da linguagem. Portanto, OM é a
matriz de qualquer palavra.
Compreender a significação da palavra OM é a coisa mais
importante. As letras, isto é, os sons A, U e M, representam os
três estágios, ou aspectos, do mundo.
Com estes tríplices aspectos, observamos como A, U e M
cobrem toda a nossa vida, em todos os planos. Se conhecemos
a Palavra Mística OM, conheceremos também, da maneira
mais natural, o mistério de Deus, pois esta Palavra Mística nos
leva diretamente à presença do Deus Universal.
A letra A representa o estado de vigília, isto é, o mundo
grosseiro dos fenômenos; que a letra U representa o mundo do
sonho, da imaginação e da quimera, e que M representa o
estado profundo e inconsciente do sono, o mundo
desconhecido. Existe, porém, um quarto estado, além destes.
Como será este Estado de Superconsciência representado por
OM? Então, deve-se repetir a palavra OM, e o resultado da
repetição da Palavra Mística conduzirá ao Quarto Estado, que
é o da Consciência Cósmica. Portanto, repetindo OM,
passando por A, U, M, respectivamente estado de vigília,
estado de sonho e estado de sono, no final de cada repetição
sentimos em silêncio os maravilhosos efeitos e atingimos,
como resultado notável, o Quarto Estágio. O som resultante da
repetição de OM conduz ao mais elevado estado de Paz,
estado este que deve ser objeto de meditação e ser
compreendido no silêncio, por intuição.
A título puramente de esclarecimento, assinalamos que a
repetição de uma Sílaba, uma Palavra Sagrada ou um Mantra
denomina-se, em sânscrito, Japa.
Para os iniciantes, apenas a repetição pura e simples de OM,
OM, OM, já é útil... durante alguns minutos, duas vezes por
dia, especialmente no alvorecer e no crepúsculo, ou segundo
sua conveniência. Ele deve sentar-se sozinho, numa postura
cômoda, conservando a parte superior do corpo bem reta.
Pode escolher um cômodo da casa ou dirigir-se a um lugar de
beleza natural, numa colina, à beira de um rio ou, ainda, numa
praia. À medida que evolui, o místico deve compreender que
há duas maneiras de recitar a Palavra. Inicialmente, quando se
pronuncia o nome de Deus, OM, sente- se um estado de êxtase
e, em vez de pronunciá-lo em voz alta, é preferível fazê-lo
apenas com os lábios, silenciosamente. Em seguida com a
continuação, entra-se num tal estado de alegria, que não há
mais necessidade de mover os lábios. O mínimo movimento
torna-se muito difícil. Então, automaticamente, a repetição
com os lábios também desaparece. Em seguida vem o último
estado de repetição, com a respiração. Inala-se OM e exala-se
OM, a Luz das Luzes, em cada alento. Nem mesmo o
pensamento o repete mais. Tem- se apenas consciência de
OM, da Presença, que se repete em cada respiração. Então,
quando se possui OM em cada respiração, sem nenhum
pensamento ou onda no oceano da Existência, do
Conhecimento e da Alegria Absoluta, atingimos as abençoadas
alturas, onde não há mais inspiração nem exalação, mas
apenas a irradiação do Esplendor de Milhões de Sóis.
Naturalmente, para os iniciantes, é difícil sentir a Presença na
respiração, mas para aqueles mais avançados, para aqueles que
se entregaram a Deus, nada existe além de Deus. Mesmo em
seu sono eles sentem a Presença, o Soham, o OM para sempre
presente. Antes de iniciar a repetição de OM, é necessário
compreender a sua significação e identificar-se com sua essên-
cia. A essência é: "Tu és Isto". Deus ou OM, não é separado o
distanciado de ti. Tu és uma parte, uma parcela Disto que
existe em UN e tu és Isto. E isto é o que há de mais importante
na Luz das Luzes, esta Presença Interpenetrante que impregna
todo o Universo.
O segundo método é aquele indicado pela análise da Palavra
OM. Entoando-se OM, começa-se por A e o som é prolongado
ao máximo; em seguida, passa-se a U e, finalmente, a M. Os
sons A e U formam, na realidade, um único som contínuo de
O, como o bordão de um instrumento musical. O canto deve
ser tão longo quanto possível, mas não deve ser realizado com
esforço. O som M final deve prolongar-se no silêncio.
Cobrindo assim o estado de vigília, o estado de sonho e o
estado de sono, o som conduz finalmente ao Estado
Transcendental, graças ao silêncio produzido pela entonação
de A, U e M. Após o som M, deve-se permanecer o maior
tempo possível neste silêncio sem ondas, recomeçando em
seguida com A, U, M, que conduz ao silêncio sempre que
terminamos de pronunciá-los, seguindo-se, finalmente, uma
profunda meditação. Quando entoamos A, U, M elevamo-nos
acima do passado, do presente e do futuro, e, como resultado,
somos conduzidos ao estado de quarta dimensão, o da
Consciência Cósmica, o objetivo do nascimento humano. Com
a repetição da sílaba completa AUM, todos os órgãos vocais
são atingidos, e ela cobre toda a duração da emissão sonora.
Por isso, diz-se que repetindo OM, estamos recitando todas as
Escrituras do mundo.
Foram assim explicados, até o presente, dois métodos
importantes e úteis: o OM, para a meditação profunda,
utilizando- se a boca, os lábios e a respiração, e o AUM para o
canto em voz alta, prolongando-se os sons A e U, com o M
final estendendo-se tanto quanto possível. Existe um outro
método útil para se manter o fluxo incessante de consciência
divina em meio ao trabalho, diversão ou repouso. Todos
gostam de música, de uma ou de outra forma. Quando nos
sentimos felizes, começamos a cantar um trecho musical,
consciente ou inconscientemente. Em todas as línguas existem
numerosos cantos populares que atraem o espírito e inspiram
a própria alma. Podemos substituir algumas de suas palavras
por "OM, OM", ou acrescentá-lo ao som que quisermos,
podendo isto ser feito em qualquer canto. O importante,
quando se canta OM ritmicamente em qualquer tom, é
permitir que os sentidos, o mental, o intelecto e o EU se
fundam na Vibração Universal, na unidade da Vida Única e
Indivisível. E preciso sentir de maneira estática que nos
fundimos no Deus Único, na Paz Eterna, em Sua Luz e em Seu
Amor.
Todos os métodos de repetição de OM levam à meditação e ao
silêncio, tendo como ponto final o Estado de Consciência. Na
meditação elevada, porém, meditação significa concentração
do pensamento em OM, de maneira específica, por dentro e
por fora. Deve-se observar o Esplendor Luminoso que emana
de OM e fechar os olhos, e pensar que OM não está mais fora
de nós. Ele e nós somos uma única coisa. Nós somos a figura
OM, a manifestação de OM da cabeça aos pés. Ouve: existe o
crescente no alto da cabeça. Ai se encontra o Sol dos Sóis,
brilhando em todo o seu esplendor. Nós nos identificamos
assim com a Palavra Mística OM, meditamos sobre o grande
significado da Vida, da Luz e do Amor. E preciso cantar em
voz alta a palavra OM e, à medida que nela nos absorvemos,
devemos entoá-la apenas com os lábios e, finalmente, de
maneira inaudível, sentindo sua essência dentro de nós
mesmos. É preciso sentir, durante a inalação, que absorvemos
todos os raios de luz, expandindo-os e irradiando-os, perto e
longe, sobre o mundo inteiro, a cada respiração. Que
maravilhoso pensamento! Esta meditação deve ser praticada,
sobretudo ao alvorecer, diante do sol nascente, e ao
crepúsculo, diante do sol poente. Da mesma forma que os
raios se fundem no sol durante o crepúsculo, o mundo
também se funde em nós, enquanto nos absorvemos na
meditação profunda.
Para uma meditação ainda mais elevada, devemos meditar
sobre o alto da cabeça, onde se encontra a Luz Infinita, em si,
dentro de si e em torno de si. Lá não existe repetição ou canto
de OM, nem mesmo mentalmente. Não há inspiração nem
expiração. Na Luz das Luzes, no centro mais elevado, sentimos
inicialmente apenas uma pressão. Então nos fundimos ainda
mais, e até esta sensação desaparece. Sentimos apenas isto.
Esta é a última significação, o último valor da Palavra Mística
OM, o Infinito, o Eterno, o Incompreensível Esplendor de
Milhões de Sóis.
Raymond Bernard
A combinação fonética feita com sabedoria produz os
MANTRAS ou palavras-chaves, ou como se diz nos contos de
fadas: "Palavras mágicas" - têm sua razão, sua causa e seu
efeito. Os contos infantis, que tanto deleitam não pouca gente
madura, foram escritos não somente com o objetivo de
deleitar, senão também com o propósito premeditado de
esconder a sabedoria antiga dentro das páginas inofensivas
dum conto infantil. Já é tempo de nossos estudantes se darem
conta de que esse tipo de ensinamentos sempre tentaram fazer
desaparecer, seja intencionalmente ou por inocência de
milhares de inconscientes que, com sua formação intelectual
não esotérica, fizeram traduções não somente de um idioma
para outro senão também de idiomas antigos e desaparecidos
para idiomas modernos, passando por outros intermediários, e
por desconhecer a base filosófica e eminentemente esotérica,
ou seja, a raiz, o motivo fundamental, o que o escritor
inspirado quis expressar, livre de batalhar dos opostos, do
raciocínio tridimensional, dedicaram-se ditos tradutores à
parte exterior da palavra, à sua interpretação literal,
tridimensional, à letra morta, causando assim, muitas vezes
sem culpa, um grave prejuízo a civilizações posteriores. Essa é
a razão pela qual o esoterismo, prevendo tais anomalias,
utilizaram sabiamente o simbolismo, seja por meio de contos
infantis, como "As Mil e Uma Noites" ou por meio de obras
para adultos, como "A Ilíada", "A Odisséia", "A Divina
Comédia"; ou obras musicais como "O Parsifal" de Ricardo
Wagner. Antes da separação dos idiomas da Torre de Babel,
somente existia uma língua, uma linguagem de ouro, um
idioma universal. Esse idioma tem gramática perfeita,
Cósmica. As letras dessa linguagem de ouro estão escritas em
toda a Natureza. Quem estudou as ruínas nórdicas e os
caracteres chineses, hebreus e tibetanos, poderá intuir essa
Linguagem Cósmica e suas letras enigmáticas.
Por isso não devemos estranhar que damos valor real ou
esotérico aos mantras ou palavras-chaves. Um mantram é uma
sábia combinação de letras cujos sons determinam efeitos
espirituais e físicos. Quantas vezes o médico consegue a
melhora do doente somente com frases positivas.
Há crimes que escapam à justiça humana por falta de
enquadramento, pois não utiliza o punhal, nem o veneno ou
outro tipo de arma; por exemplo, o filho que mata sua mãe
lentamente, através de sua indiferença, suas frases mordazes
ou outros procedimentos. Também enfermos que recebem de
seus amigos ou parentes frases mais daninhas que a própria,
supostamente sem nenhuma má intenção, como por exemplo:
Pobrezinha. Verdadeiramente está muito mal. Está muito
magra. E difícil recuperar-se...
O estampido de um canhão quebra os vidros de uma janela.
Por outra parte, uma palavra suave apazigua a ira. Uma
palavra grosseira produz nojo, melancolia, tristeza, ódio...
Dizem que o silêncio é de ouro. E melhor dizer: E tão mau
falar quando se deve calar, como calar quando se deve falar.
Há silêncios delituosos; há palavras infames. Deve-se calcular
com nobreza os resultados das palavras antes de pronunciá-las,
pois muitas vezes ferem a outros de forma inconsciente. As
palavras arrítmicas engendram violência no mundo da mente
cósmica. Nunca se deve condenar a ninguém com a palavra,
porque não somos juízes. A maledicência, a calúnia enchem o
mundo de dor e amargura. Há os que pensam que os Mantras
são palavras sem valor algum e que sua energia perde-se no
espaço. Quem assim pensa ignora o valor interno das palavras,
desconhece a substância principal das mesmas. Em todo sinal
existe um valor interno e outro externo. E precisamente o
valor interno a substância principal da palavra. O elemento
interno das palavras tem que ser procurado no espaço
Superior, nas Dimensões Superiores à nossa. Assim
concluímos que não conhecemos todo o espaço. O único que
conhecemos é uma pequena parte que pode ser medida em
termos de latitude, longitude e altura. O elemento interno da
palavra processa-se geometricamente nas Dimensões
Superiores do Espaço. Com os mantras podemos realizar
efeitos assombrosos que repercutem nas Dimensões Superiores
e no plano físico.
Samael Aun Weor
Entre os sinos dos adoradores "gentios" e os sinos e romãs da
adoração judaica há uma diferença: os primeiros, além de
purificar a alma do homem com seus tons harmoniosos,
mantêm os demônios do mal à distância, "pois o som do
bronze puro quebra o encantamento", diz Tíbulo (Elegias, I,
VIII, 22); quanto aos outros, diz-se que o som dos sinos "será
ouvido (pelo Senhor) quando ele (o sacerdote) se dirigir à
presença do Senhor e quando ele chegar, ele não morrerá"
(Êxodo, XXVIII, 35; Eclesiástico, XLY 9). Assim, um som
servia para afugentar os espíritos do mal e o outro, o Espírito
de Jeová. As tradições escandinavas afirmam que os Trole
sempre foram mantidos afastados das casas pelos sinos das
igrejas. Uma tradição similar existe na Grã-Bretanha, em
relação às fadas.
Eliphas Lévi

Cruz

A cruz é um símbolo universal, pré-cristão e dos mais antigos. De


significado cosmogônico e fisiológico, esteve associado às ciências
iniciáticas e religiões antiquíssimas, como às do antigo Peru, Egito, Índia,
China, Japão, Coréia, Tibete, Babilônia, Assíria, Caldéia, Pérsia, Fenícia,
Armênia, Argélia, e entre os habitantes pré-históricos da Bretanha, França,
Germânia e América. Mormente do século XII em diante tem sido a cruz
identificada com o sofrimento, o martírio e o castigo, porém essa não foi
sua idéia primitiva, e sim, a de tornar sagrado e do amor divino, ou
altruísta, que alegremente se dá aos demais. Por isso desde os tempos
primitivos simbolizou a cruz o ato de Deus, o Absoluto, limitando-se para
condicionar- se à relatividade do templo e do espaço e engendrar um
universo para o nascimento, crescimento e aperfeiçoamento de Seus filhos.
Joaquim Gervásio de Figueiredo

CRUZ TAU

Leva este nome por representar a letra tau. Para os gauleses, o


tau representava o Martelo de Thor. Para os egípcios era o
sinal de um macete de duas cabeças, "aquele que faz cumprir".
A cruz se refere à Igreja cristã, embora muito antes de Cristo
já fosse conhecida e fizesse menção ao cruzamento do espírito
com a matéria.
J. Dellamonica
A Tau, ou a cruz egípcia, símbolos da vida eterna, era utilizada
nos mistérios báquicos e eleusianos. Símbolo de duplo poder
gerador, era colocada sobre o peito do iniciado, após o
cumprimento do seu "novo nascimento". Era um sinal místico
de que seu nascimento espiritual se regenerara e unira sua
alma astral com seu com espírito divino e de que ele estava
pronto para ascender a glória - as Eleusinia. A Tau era um
talismã mágico, ao mesmo tempo que um emblema religioso.
Foi adotado pelos cristãos através dos gnósticos e dos
cabalistas, que o usaram corretamente, como suas jóias
testemunham, e que tinham o Tau (ou cruz ansata) dos
egípcios e a cruz latina dos missionários budistas que a haviam
trazido da Índia (onde ela ainda pode ser encontrada) dois ou
três séculos a. C.. Os assírios, os egípcios, os americanos
antigos, os hindus e os romanos possuíam- na com várias, mas
muito pequenas modificações de forma. Até uma época muito
avançada na índia Média, foi considerada um encanto
poderoso contra a epilepsia e a possessão demoníaca; e o
"signo de Deus vivo", trazido na visão de São João pelo anjo
que vinha do leste "para marcar os servidores de nosso Deus
em suas testas", era o mesmo Tao místico - a cruz egípcia. O
verdadeiro significado da Tau nos é dado pelo São João cristão,
pelo Hermes Trimegisto egípcio e pelos brâmanes hindus. É
evidente que, para o apóstolo, São João, pelo menos ele
significava o "Nome Inefável", como ele denomina esse "sinal
de Deus vivo", o "nome do Pai escrito em suas frontes".
No seu sentido místico, a cruz egípcia deve a sua origem,
como emblema, à compreensão, pela filosofia primitiva, de um
dualismo andrógino de toda manifestação da natureza, que
procede do ideal abstrato de uma divindade igualmente
andrógina, ao passo que o emblema cristão é um simples efeito
do acaso. O crucifixo era um instrumento de tortura e comum
entre os romanos. Era chamado "Árvore da Infâmia". Só mais
tarde é que ele foi adotado como símbolo cristão; mas, durante
as duas primeiras décadas, os apóstolos olharam para ele com
horror. Não é certo que João tivesse em mente a cruz cristã
quando falava do sinal do Deus vivo, mas o Tau místico - o
Tetragrammaton, ou nome poderoso que nos talismãs
cabalísticos mais antigos era representado pelas quatro letras
hebraicas que compõem a Palavra Sagrada. O Tau, no seu
sentido místico, como também a cruz ansata, é a Árvore da
Vida.
H. P. Blavatsky
A linha vertical é o princípio masculino, a horizontal é o fe-
minino; a intersecção das duas linhas forma a CRUZ, o
símbolo mais antigo na história dos deuses. É a chave do Céu
nos dedos róseos de Neith, a virgem celestial, que abre o
portão, na aurora, para a saída do seu primogênito, o sol
radiante. E o Stauros dos gnósticos e a cruz filosófica dos
maçónicos de grau superior. Este símbolo ornamenta também
o Tau dos mais antigos pagodes umbeliformes do Tibete, da
China e da Índia, e também está na mão de Ísis em forma de
"cruz ansata".
C. W. Leadbeater
E verdadeiramente estranha a pretensão de que a cruz seja um
símbolo genuinamente cristão introduzido em nossa era,
quando se sabe que Ezequiel marca com o signa thao (como
está traduzido na Vulgata) as testas dos homens de Judá que
temiam ao Senhor (Ezequiel, IX, 4). Também no Apocalipse, o
"Alfa e o Omega" (espírito e matéria), o primeiro e o último,
estampa o nome de seu Pai nas testas dos eleitos (Apocalipse,
VIII, 2, 3; XIV)
Idem
Um dos significados da cruz é a fricção dos dois paus cruzados
para produzir fogo, significado fálico, emblema do fogo
Cósmico.
Estobeu
O número 4 é a + Cruz dos elementos sobre o qual o homem
está colocado. Devemos aqui notar que o símbolo da cruz não
significa a morte; ao contrário, é o símbolo da vida.
Jorge Adoum
Os quatro elementos (Fogo, Ar, Água, Terra) representam,
simbolicamente, os quatro braços da Cruz.
Idem
A cruz dentro do Círculo é a perfeição individual, realizada
pela obediência à Lei Interior e que deve expressar-se
exteriormente em pensamentos, palavras e obras.
Idem
A Cruz significa o duplo sentido sexual que se manifesta no
universo, isto é: a união do masculino com o feminino, fonte
de procriação do mundo material e da idéia.
Literatura Rosa-Cruz
Da combinação da vertical e da horizontal resulta um CRUZ,
símbolo da redenção; este mesmo símbolo é chamado na
matemática mais, na física positivo, e nas religiões esotéricas o
mesmo sinal significa infinito ou universal.
Humberto Rohden
O símbolo da Cruz ou do Tau egípcio T, é muito anterior à
época atribuída a Abraão, o pretenso antepassado dos
israelitas, pois, do contrário, Moisés não poderia tê-lo
aprendido dos sacerdotes. E que o Tao era tido como sagrado
pelos judeus, assim como por outras nações "pagãs"; prova-o
um fato admitido agora tanto pelos sacerdotes cristãos como
pelos arqueólogos infiéis. Moisés, em Êxodo, XII, 22, ordena a
seu povo que marque as ombreiras e os lintéis das casas com
sangue, para que o "Senhor Deus" não se engane e castigue
alguns do povo eleito, no lugar dos condenados egípcios. E
essa marca é um Tao. A mesma cruz manual egípcia, com a
metade de cujo talismã Hórus despertava os mortos, tal como
revê na ruína de uma escultura em Dendera.
Denon
A idéia de representar a Divindade oculta pela circunferência
de um círculo, e o Poder criador (macho e fêmea, ou Verbo
andrógino) pelo diâmetro que o cruza, é um dos símbolos mais
antigos. Sobre esse conceito foram construídas todas as
grandes Cosmogonias. Para os antigos arianos e para os
egípcios e caldeus, o símbolo era completo, porque encerrava
a idéia do Pensamento Divino, eterno e imutável em seu
sentido absoluto, totalmente separado da fase incipiente da
chamada "criação", e compreendia a evolução psicológica e até
espiritual, assim como sua obra mecânica ou construção
cosmogónica. Não é pois, na Bíblia que devemos ir buscar a
origem da cruz e do círculo, e sim no período que precedeu ao
Dilúvio.
J. S. Forsyth
A cruz mais sagrada do Egito, que os Deuses conduziam nas
mãos, assim como os Faraós e os mortos mumificados era o
ANKH.
Greg Nicelsen
O Tau e a cruz astronômica do Egito, e aparecem visivelmente
nas escavações das ruínas de Palenque. Em um dos baixos-
relevos do Palácio de Palenque, no lado oeste, se vê um Tau
esculpido como um hieróglifo, diretamente abaixo da figura
sentada. A figura em pé, que se inclina sobre a primeira, está
no ato de cobrir a cabeça desta com o véu da iniciação que
tem na mão esquerda, ao mesmo tempo que estende a direita
com o dedo indicador e o do meio apontando para o céu. A
atitude é exatamente a de um bispo cristão que dá a sua
bênção, ou aquela em que Jesus é muitas vezes representado
na Última Ceia.
Rig Veda
Na Iniciação, a colocação de um homem sobre a cruz era de
uso entre os hindus, mas era, para "relacionar" à idéia de um
novo nascimento do homem por meio da regeneração
espiritual, e não pela física. O candidato à Iniciação era atado
ao Tau, ou cruz astronômica, , com uma idéia muito mais
elevada e nobre que a da origem da simples vida terrestre.
Ragon
O Hierofante egípcio tinha um barrete quadrado, que devia
sempre usar durante a celebração. Esses barretes são ainda
hoje usados pelos sacerdotes armênios. O Tau perfeito -
formado pela linha perpendicular (raio masculino
descendente) e a linha horizontal (a Matéria, princípio
feminino) e o círculo do mundo eram atributos de Isis e só
depois da morte era a cruz egípcia colocada sobre o peito da
múmia.
C. W. King
Adepto Iniciado, que se saísse bem em todas as provas, era
atado, não cravado, simplesmente atado a um leito em forma
de Tau, T, no Egito; em forma de Suástica, sem ( fi ou +), na
índia; e depois mergulhado em profundo sono - O "Sono de
Siloan", como ainda hoje o chamam os Iniciados da Ásia
Menor, da Síria e até mesmo do Alto Egito. O Adepto era
mantido nesse estado durante três dias e três noites, período
em que o seu Ego Espiritual, dizia-se, "confabulava" com os
Deuses.
Idem
O valor da cruz como símbolo cristão supõe-se datar da época
em que Jesus Cristo foi crucificado. E, no entanto, na
iconografia "cristã" das Catacumbas não aparece figura alguma
de homem sobre a cruz, durante os seis ou sete primeiros
séculos. Existem todas as formas de cruz, exceto essa - que se
pretende ser o ponto de partida da nova religião. Não foi ela a
forma inicial do Crucifixo, mas antes a final. Nos seus
primeiros séculos da era cristã, não há na arte cristã o menor
indício de que esta religião tivesse por fundamento um
Redentor crucificado. A mais antiga forma conhecida de uma
cruz com uma figura humana é o crucifixo oferecido pelo Papa
Gregório, o Grande, à Rainha Teodolinda de Lombardia, e que
se acha agora na igreja de São João, em Monza; enquanto que
nas catacumbas de Roma não se vê nenhuma representação do
Crucificado anterior a San Giulio, que data do sétimo ou
oitavo século... Não há Cristo nem Crucificado; a Cruz é o
Cristo, assim como o Stauros (a Cruz) era um tipo e um nome
de Hórus, o Cristo gnóstico. A Cruz, e não o Crucificado, é o
símbolo primordial da igreja Cristã. A Cruz, e não o
Crucificado, é o objeto essencial de suas representações
artísticas e do culto em sua religião. O germe de todo o seu
crescimento e desenvolvimento pode ser encontrado na cruz.
E esta cruz é pré-cristã e é pagã e gentia, sob uma meia dúzia
de formas diferentes. O Culto principiou com a cruz, e o
Imperador Juliano tinha razão ao dizer que havia sustentado
uma "Guerra contra a X"; a cruz que, segundo ele entendia,
fora adotada pelos agnósticos e mitólatras com uma
significação impossível. Durante séculos ocupou o lugar de
Cristo, e foi invocada como um ser vivo. Foi, a princípio,
divinizada, e por último humanizada.
Gerald Massey
No Egito usava-se a cruz como um talismã protetor e um
símbolo de poder salvador. Tífon, ou Satã, aparece
efetivamente preso e encadeado à cruz. No Ritual, o adorador
de Osíris exclama: "O apophis foi derribado, suas cordas
prendem o Sul, o Norte, o Leste e o Oeste; suas cordas estão
sobre ele. Harrubad o amarrou". Eram as cordas dos quatro
quadrantes, ou a cruz. De Thor se diz que esmagou a cabeça da
serpente com o seu martelo... uma forma de Suástica ou cruz
de quatro pés... Nos primitivos sepulcros do Egito, o modelo
da Câmara tinha a forma de uma cruz. O pagode de Mathura...
lugar de nascimento de Krishna, foi construído em forma de
cruz.
The Natural Gênesis, I, 432
O sinal da cruz adotado pelos cristãos não lhes pertence
exclusivamente. É também cabalístico, e representa a oposição
e o equilíbrio quaternário dos elementos. Vemos no versículo
oculto do Paternoster... que havia originariamente duas
maneiras de fazê-lo, ou, pelo menos, duas fórmulas bem
diferentes para caracterizá-lo: uma reservada aos sacerdotes e
iniciados; a outra para os neófitos e profanos. Assim, por
exemplo, o iniciado, levando a mão direita à testa, dizia: a ti;
em seguida acrescentava: pertencem; e continuava, levando a
mão ao peito: o reino, depois, ao ombro esquerdo: a justiça; e
ao ombro direito" e a misericórdia. Então, juntando as mãos,
dizia mais: por todos os ciclos geradores. Tibi sunt Malchut et
Geburah et chesed per Aeonas, sinal da cruz magnífico e
absolutamente cabalístico, que as profanações do Gnosticismo
fizeram com que a Igreja militante e oficial perdesse
completamente.
Zeller

A CRUZ ROSA-CRUZ

Tem significado místico e alegórico. Representa o homem com


os braços estendidos, saudando o Sol no Leste (representando
a luz maior). A rosa desabrochada no centro representa a alma
do homem, o interior se desenvolvendo à medida que ele
recebe mais luz. A rosa também representa a unidade, a
natureza material e a espiritual unidas num propósito comum.

CRUZANSADA
Também conhecida como cruz em arco. E, na realidade, uma
cruz tau com um cabo ou arco preso na parte superior. Para os
egípcios era conhecido como ankh, que significa vida. Sempre
é vis ta nas mãos dos deuses e personalidades para demonstrar
que eles estavam vivos (em outro lugar).
A SUÁSTICA
A suástica ou cruz gamada ou Cruz Jaina dos Maçons sempre
foi venerada por muitos povos. Cinco mil anos antes da era
cristã, podia ser encontrada entre os tibetanos. Quando gira
para a direita, a suástica representa a força do homem sobre o
destino e, quando para a esquerda, a força do destino sobre o
homem.
Este símbolo foi desgastado na sua utilização pelo nazismo,
fato condenado pelos místicos por representar perigo à
influência sobre o destino.
E conhecida como gamada porque se parece com quatro gamas
(a terceira letra do alfabeto grego) unidas. Simboliza o
movimento do Sol pelo céu, o movimento da terra, água,
vento e fogo.
Raytnond Bernard

Os quatro braços da X, ou cruz decussada, e os da cruz


hermética, indicando os quatro pontos cardeais, eram bem
compreendidos pelas inteligências místicas dos Hindus,
Brâmanes e Budistas, séculos antes de que na Europa se
ouvisse falar nesse símbolo, que era e ainda é encontrado em
todo o mundo. Dobrando as extremidades da cruz, fizeram
dela a sua Suástica, que é hoje o Wan dos Budistas mongóis.
A sua significação é que o "ponto central" não está limitado a
um só indivíduo, por mais perfeito que seja; que o Princípio
(Deus) está na Humanidade, e que a Humanidade, como tudo
o mais, está NELE, à semelhança das gotas de água no oceano;
sendo que os quatro pontos se dirigem para os quatro pontos
cardeais, e se perdem, portanto, no infinito.
H. B. Blavatsky
A Suástica é colocada sempre - como o era a cruz de asa no
Egito - sobre o peito dos Místicos falecidos. No Tibete e na
Mongólia vemo-la sobre o coração das estátuas e imagens de
Budha. É também o selo posto sobre o coração dos Iniciados
vivos, e que alguns têm gravado para sempre a fogo na carne.
Isto porque devem guardar estas verdades, invioláveis e
intactas, em silêncio e segredo eternos, até o dia em que sejam
percebidas e lidas por seus sucessores escolhidos - novos
Iniciados. A Suástica foi, desde remotas épocas, uma forma
favorita da cruz, empregada com um significado oculto,
mostrando assim que o segredo não era o da cruz cristã. Uma
cruz Suástica das catacumbas é o signo da inscrição: Vitalis
Vitalia, ou Vida da Vida.
De Rossi
A chamada Suástica, tão difundida nos últimos anos por ter
sido adotada como símbolo do nazismo alemão, era a cruz em
movimento, a energia da vida, a eficácia da ação. Esse é
também o motivo pelo qual os rosacrucianos a adotaram desde
tempos imemoriais, porque para eles ela é isso: ação,
movimento, energia, força de espírito em maravilhosa
atividade e em poder.
Magus Incognito
A Suástica, ou cruz jaina, consiste numa cruz comum cujos
quatro braços iguais estão dobrados em ângulo reto. O
equivalente dessa figura é o chamado "molinete elétrico" que
pode ser visto em todos os tratados de Física: a cruz em si não
é mais que um agregado de quatro pés de esquadros ou
ângulos retos ou, em outras palavras, um conjunto de quatro
pés de outros tantos triângulos retângulos, se unirmos o centro
dela com as quatro extremidades dobradas, extremidades que,
curvadas e prolongadas convenientemente, podem chegar a
descrever uma circunferência: desse modo este símbolo passa
para o conhecido símbolo da cruz no círculo, de onde é
originário. Na realidade não há uma e sim duas suásticas
contrapostas e de sinais opostos (masculino-feminino),
conforme a maneira de estarem os braços dobrados no sentido
dextrorsum (segundo a marcha aparente das estrelas no céu e
dos ponteiros de um relógio) ou no sentido sinistrorsum
(marcha contrária à do sol e dos planetas ao longo do zodíaco).
O primeiro símbolo é de Magia Branca, solar do fogo ou
positiva e o segundo, de Magia Negra, lunar, negativa ou da
água; ambos se anulam mutuamente quando se superpõem na
figura de um quadrado perfeito. Para memorizar as duas
suásticas basta lembrar que a positiva é representada por um
homem cujo braço direito está dobrado para cima, cuja cabeça
está virada para a esquerda, cujo braço esquerdo está dobrado
para baixo e cuja perna esquerda está dobrada para a direita.
Na realidade, do mesmo modo que a cruz primitiva, a suástica
é o símbolo do homem espiritual crucificado na cruz do
próprio corpo porque, nos tempos primitivos desse símbolo,
cruz e crucificado eram uma só coisa e a cruz do nosso corpo é
o que realizamos aqui usando o corpo como o melhor dos
instrumentos de luta e triunfo.
Mario Raso de Luna
A Suástica foi profanada, como todos os outros símbolos, pela
própria Teologia eclesiástica, que fez dela o "signo do
demônio", como agora nos dizem os missionários índios. Que
pode Satã ter em comum com este símbolo tão altamente
metafísico? A suástica é o símbolo mais cientificamente
filosófico de todos, e ao mesmo tempo o mais compreensível; é
o resumo de toda a obra da Evolução, da Cosmogonia à
Antropogonia; do Parabrahman invisível e ignorado à própria
Monera da ciência materialista, que desconhece tanto a
Gênese desta como a da própria Divindade Absoluta.
A Suástica é vista à frente do simbolismo religioso de qualquer
nação antiga. E o "Martelo do Obreiro" no Livro dos Números
caldeu, o "Martelo do Templo" que arranca faíscas do pedernal
do Espaço, faíscas que se transformam em mundos; é o
"Martelo de Thor", arma mágica forjada pelos anões contra os
gigantes, ou seja, contra as Forças Titânicas Pré-cósmicas da
Natureza que se revelam e que, embora vivam na região da
Matéria, não se deixam dominar pelos Deuses, agentes da
Harmonia Universal, e têm de ser destruídas antes que a
Grande Obra se realize. Esse também é o motivo pelo qual o
Mundo está formado pelos restos do Imir assassinado.
Como a Suástica também é o "Martelo da Tempestades", a
respeito dela dizem que quando os Ases (Deuses Santos depois
de purificados pelo fogo, o fogo da paixão e os sofrimentos nas
encarnações respectivas) forem dignos de morar na Ida da paz
eterna, o Miolnir ou Martelo será inútil; isso deverá ocorrer
quando as cadeias de Hal ou Hela (a Deusa que é a rainha da
região da Morte) não mais os aprisionarem porque o reino do
Mal terá passado para sempre.
Tendo a suástica sido desfigurada a ponto de constituir um
símbolo puramente fisiológico por alguns orientalistas e
tomada apenas na sua conexão com o fogo terrestre, essa
interpretação é um insulto para todas as religiões, incluindo o
cristianismo, cujo mistério maior fica assim submerso no lodo.
O "átrito" do divino Paramartha indisentar sob um símbolo
assim degradado ao conceito brutal dos materialistas alemães,
que são os piores materialistas do mundo. Não há dúvida que
Abni, o Menino Divino, de acordo com o sânscrito, ou seja, o
Ignis latino, nasceu da união de Paramartha e Arani durante a
cerimônia do sacrifício. Mas é preciso não esquecer que
Tuashtri ou Vishvakarman, "o artista, o carpinteiro divino"
dos Vedas também é o Pai dos Deuses e do "Fogo Criador" e o
símbolo é tão sublime e antigo que se encontra em todas as
nações antigas, como foi achado por Schliemann nas ruínas de
Tróia nas suas duas formas: o que prova que os traçados
antigos eram puramente órios. O significado da cruz Suástica
ou Cruz Jaina são inúmeros. Na obra macrocósmica, o
"Martelo da Criação" com os quatro braços dobrados em
ângulo reto expressa o movimento evolutivo contínuo das
Forças invisíveis dos Cosmos. No Universo manifestado e na
nossa Terra, simboliza a rotação dos eixos do mundo e dos
planos equatoriais do mesmo nos Ciclos do Tempo, porque as
duas linhas que se cruzam na suástica significam o Espírito e a
Matéria e os quatro ganchos significam o movimento de
revolução cíclico. Aplicada ao homem ou microcosmos, a
suástica representa como que um elo entre o Céu e a Terra,
com a mão direita levantada para o alto no extremo de um
braço horizontal, com a inscrição hermética "solve" e a
esquerda apontando para o chão, com a inscrição recíproca
"coagula". Esse símbolo também tem sete chaves para o seu
significado secreto, pois é ao mesmo tempo um símbolo
alquímico, cosmolígico e antropológico dos sete grandes
mistérios do Cosmos.
Tendo este símbolo nascido dos conceitos místicos dos
primeiros árias e sido colocado por eles no vestíbulo da
eternidade, na cabeça da serpente Ananta, encontrou a morte
espiritual nas interpretações eruditas dos antropomorfistas da
Idade Média. Sendo o Alfa e Omega da Força Criadora
Universal parte do espírito puro e termina na Matéria
grosseira e é a do conceito do ciclo para toda a Ciência divina
humana; e quem chega a compreender todo o seu significado
está livre para sempre das angústias de Mahámaya, a Grande
Ilusão enganadora. Luz do Martelo Divino, a suástica aparece
agora diminuída no malho simbólico dos Veneráveis das Lojas
Maçônicas.
O ponto central da Suástica exprime que O Princípio ou Deus
está na Humanidade e a Humanidade está n'Ele, como as gotas
de água do Oceano enquanto os quatro
extremos dirigidos para os quatro pontos
cardeais se perdem no infinito.

Mario Raso cle Luna


CRUZ ASSÍRIA
Era utilizada pelos caldeus e assírios como símbolo do céu e do
deus Anu. Pode sugerir também a irradiação do espaço, da
extensão e a direção.

CRUZ CRISTÃ
Era utilizada como instrumento de punição pelos romanos
(lignum infelix, lenho infeliz). Era feita de um poste de
macieira e usada para executar criminosos.
Desde a crucificação de Cristo, tornou-se para os cristãos o
símbolo do erro e do sacrifício. Já nos primeiros séculos da era
cristã, tornou-se oficialmente o símbolo do cristianismo.
CRUZ DE SANTO ANDRÉ
A cruz de Santo André,
também conhecida como crux decussala, deriva do dez
romano (X) e, segundo se afirma, serviu para o martírio de
santo André.
A cruz grega, formada com a cruz de Santo André, também
se transformou num emblema da cruz de Cristo. O X lembra a
letra grega qui; o P é a letra grega rô e estas duas constituem as
primeiras letras da palavra XPTO, que significa Cristo.

CRUZ EQÜILÁTERA
Representa a união da matéria com o espírito e também a
unidade. Simboliza sempre dois elementos, de forma unida ou
casada. A base do Ocultismo é a Cruz Filosófica ou Eqüilátera,
que é formada pela horizontal e pela vertical, a altura e a
largura que a Divindade geometrizadora divide exatamente no
ponto de interseção constituindo o quaternário, tanto o
mágico como o científico, quando está inscrita no quadrado
perfeito. Dentro de tamanho espaço místico se encontra a
chave mestra que abre a porta de todas as ciências, tanto
físicas como espirituais, pois simboliza a nossa existência
humana na qual o círculo ou o quadrado perfeito da vida
circunscreve os quatro extremos da cruz: nascimento e morte,
vida passada e vida futura. A frase alquimista diz: "Meu filho,
afeiçoa-te às quatro letras do Tetragrama sagrado. Mesmo que
ainda não consigas distingui-las, as quatro letras do nome
inefável estão ali; e a este axioma incomunicável dão o nome
de arcano Mágico dos mestres".
CRUZ MALTENSE
A Cruz Maltense, cujos braços iguais se alargam em forma de
leque até suas extremidades, simboliza a irradiação crescente
de forças.
Max Toth

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