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CENTRO DE TREINAMENTO HAYAH – MINISTÉRIO DE BATALHA ESPIRITUAL

CURSO DE LIBERTAÇÃO
PERFECCIONISMO: UM SOFRIMENTO EMOCIONAL
Ana Ribeiro

INTRODUÇÃO

Uma menina de nove anos, que vamos chamar de Sofia, é aluna exemplar, tira notas boas em
todas as provas e trabalhos. Seu comportamento perante professores é impecável. E em casa, o
que todos dizem é que ela é uma filha exemplar, organizada, obediente, caprichosa em seus
afazeres. Olhando para esse quadro, podemos chamar Sofia de “a criança perfeita”.
Porém, há uma faceta de seu comportamento que traz problemas nos relacionamentos com as
outras crianças. Ela gosta que tudo aconteça do seu jeito, desconsidera a opinião dos outros, tem
um comportamento autoritário e as crianças a chamam de “mandachuva”.
Os adultos sempre a elogiam e a veem com uma criança precoce, responsável, inteligente. Mas,
na verdade, o que acontece com ela é que ela sente a necessidade de controle e tem necessidade
de ser aceita. Ela caiu na armadilha do perfeccionismo, pois não admite a si mesma cometer
erros, por ter medo de não ser aceita.
Algumas pessoas passaram a fase escolar desapercebidas, porque não eram indisciplinadas, não
causavam problemas, e estavam sempre em dia com seus afazeres, permaneciam em silêncio,
aguardando as orientações dos professores. Portanto, não eram crianças “problemáticas”.
Entretanto, ao longo da vida, um comportamento foi sendo denunciado e potencializado: o
perfeccionismo, a inflexibilidade e intolerância ao erro ou fracasso.
Vivemos em uma sociedade altamente competitiva, onde tudo que fazemos requer que sejamos
os melhores, os que mais se destacam. E, aqueles que não conseguem o tão esperado sucesso, são
desqualificados, considerados “raça inferior”.
Tanto na infância quanto na fase adulta, podemos ver o perfeccionismo como algo prejudicial, e
que por vezes, está vinculado à autoestima baixa, ao desejo de ser aceito, à ambição desmedida,
sentimento de desvalia, ou ao orgulho.
Quando fomos regenerados em Cristo, fomos confrontados nas nossas limitações e incapacidades
para alcançar a perfeição por meio de métodos humanos. Esse perfeccionismo humanista tem de
ser desarraigado de nossa mente, pois em vez de nos levar a um caminho de santificação, ele nos
leva a doenças da alma, da mente e também do espírito, nos fazendo pecar.
A Bíblia, Palavra de Deus, nos ensina o que é perfeito aos olhos de Deus. Na perfeição do Senhor
está a nossa cura e a nossa libertação. Vamos nos render a ela!

CONCEITO
No fim do século 19, a teoria clássica do perfeccionismo foi criada por Alfred Adler, que a
desenvolveu nas décadas de 1910 e 1920. Ele já refletia sobre a necessidade de alguns de
compensar seus sentimentos de inferioridade tentando ser perfeitos.
Parecer perfeito não é sinal de saúde. Ter coragem de admitir-se imperfeito indica autoestima
saudável. Temos como exemplo o apóstolo Paulo:

“Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio.”
(Rm 7.15)

Paulo, um exemplo de cristão, reconheceu sua incapacidade de fazer tudo de forma perfeita.
Davi, mesmo cometendo vários erros, foi considerado um “homem segundo o coração de Deus”.
Ele não era perfeito, mas aceito por Deus.

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Deus ordenou a Abraão que fosse perfeito (Gn 17.1). Mas Abraão também cometeu erros, contudo
foi aceito por Deus.
Jesus disse para os discípulos serem perfeitos (Mt 5.48). Mesmo nas falhas de seus discípulos,
Jesus nãos os abandonou.
Diante dessas passagens bíblicas, precisamos então, descobrir o que é ser perfeito e o que é
perfeccionismo pecaminoso.
Crianças como Sofia, esforçam-se muito para ser especiais, porque na realidade têm medo de não
serem amadas se não agirem de forma perfeita, segundo seus próprios critérios. Muitos vêm para
a igreja, mas carregam dentro de si conceitos de aceitação e amor totalmente diferentes da
verdade do Senhor.
O perfeccionista dificilmente crê ser amado pelo que é, e sim pelo que faz. Portanto,
perfeccionismo tem a ver com motivação, e esta precisa ser santificada.
No sentido popular – atitude daqueles que se esforçam para deixar tudo perfeito (limpeza,
trabalho, arrumação de casa, ou qualquer atividade desenvolvida).
Trata-se do comportamento daqueles que querem manter um alto padrão de excelência em tudo
que fazem, na estética e beleza, enfim, comportamentos que dizem respeito à aparência,
inteligência e estilo de vida. Esses padrões são rígidos, e terminam por escravizar seus adeptos.

No sentido religioso

Tentativa de viver sem pecado; perfeição moral, a partir dos próprios esforços. Leva a um senso
de justiça própria. O perfeccionista religioso torna-se uma pessoa rígida, e termina vendo Deus
como um Deus rígido, sem misericórdia.
Perfeccionismo é a crença na perfeição absoluta. O cristão que cai nessa armadilha, passa a ter
um relacionamento com Deus baseado no medo de ser castigado ou rejeitado pelo Pai, caso cometa
erros. O amor de Deus passa a ser algo a ser merecido, conquistado. O perfeccionista não crê na
operação transformadora que a graça de Deus nos outorga, ele crê que Deus dá graça para
fazermos as coisas de forma perfeita, e assim sermos aceitos. Sua preocupação será em superar
os desafios que lhe aparecem, e dessa forma, jamais alcança a alegria, a plenitude da vida
abundante em Cristo.
O perfeccionista tem um padrão de exigência altíssimo consigo mesmo e termina cobrando o
mesmo nível de perfeição das pessoas.
A visão que tem de si mesmo é de superior, pois tem a sensação de ser “mais santo” do que a
maioria dos cristãos, pois faz tudo certinho...
Alguns pensam que o perfeccionismo leva a pessoa ao sucesso profissional ou ministerial, mas
isto é um grande engano. O perfeccionismo prejudica o sucesso, pois ele é uma busca pela
perfeição inalcançável, ilusória, que desgasta as energias, as emoções, a autoestima, a vontade
de viver.

PERFEIÇÃO OU PERFECCIONISMO

Ter capricho na limpeza da casa, ou ao fazer um trabalho acadêmico, ou ao vestir-se, não tem
problema algum. Na realidade são atitudes louváveis. Mas, sob o ponto de vista de uma vida
cristã saudável, santificada, precisamos analisar o que é verdadeiro daquilo que tem aparência
de bom, mas que na verdade é falso e pecaminoso.
O objetivo do ensinamento da Palavra de Deus é que cheguemos à perfeição:

“O qual nós anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a
sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo.” (Cl 1.28)

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Portanto, buscar a perfeição é algo bíblico. Essa perfeição bíblica pode ser alcançada em Cristo.
Sua morte e ressurreição nos reconcilia plenamente com Deus (2Co 5.19), e nos possibilita uma
nova vida.
Sem Jesus, não podemos nada (Jo 15.15), mas, Nele, somos perfeitos, alcançamos a plenitude (Cl
2.10).
É pela fé, e não pelo esforço próprio que vivemos na perfeição de Jesus (Ef 2.8).
Viver em perfeição é viver em obediência a Deus, crendo que o Senhor nos purifica quando caímos.
(Rm 1.5; 16.26; Gl 5.6). Nessa relação existe santificação.
A perfeição bíblica não é sinônimo de impecabilidade, de se fazer tudo corretamente as 24 horas
do dia. Perseguir essa ideia leva o indivíduo ao perfeccionismo. Significa reconhecer o pecado,
arrepender-se e pedir perdão a Deus, abandonando aquele pecado cometido.
Na relação de fé temos a certeza de que nada nos separa do amor de Deus, em Cristo (Rm 8.35-
39). A compra por esse amor, através de atitudes perfeccionistas leva o cristão a uma vida de
aprisionamento de alma, tristeza e dor.
Tudo que não provém da fé é pecado (Rm 14.23). O que fazemos tem de ser pela fé, não para
alcançar méritos.
O cumprimento da lei é o amor (Rm 13.10), e o amor é perfeito (1Co 13). Portanto, perfeição tem
a ver com amor, perfeccionismo tem a ver com pecado e morte. Morte nos relacionamentos, morte
emocional.
O perfeccionista dificilmente faz as coisas por amor, geralmente faz tudo por conseguir aceitação.
Tudo que é feito sem amor não tem valor perante Deus (1Co 13).
Os textos bíblicos que nos falam para sermos perfeitos só podem ser cumpridos quando
entregamos nossa vida a Jesus. Nele, podemos todas as coisas (Fp 4.13). O Espírito Santo em nós
nos capacita a vivermos entregues ao Senhor.
É correto buscarmos ser íntegros, perfeitos na obra do Senhor. Paulo aconselhou Timóteo a agir
assim (2Tm 2.15). Ele incentivou Timóteo a dar o melhor de si, mas sempre sob a perspectiva de
estar em comunhão com Cristo, e cheio com o Espírito Santo. O Espírito Santo nos capacita a
andar em retidão.

PATOLOGIA DO PERFECCIONISMO

Há um consenso entre psiquiatras e psicólogos em considerarem o perfeccionismo como um


sintoma de quadro de ansiedade, TOC e outros.
Os perfeccionistas são propensos a depressão, e são mais vulneráveis a tentativas de suicídio.
Há uma vertente entre os estudiosos que afirma haver um componente genético que pode
desencadear comportamento perfeccionista em algumas pessoas.
Fatores de personalidade, cultura, ambiente social, podem levar o indivíduo ao perfeccionismo.
Experiências traumáticas podem colaborar para o desenvolvimento de comportamento
perfeccionista também.

Sintomas

Estado constante de descontentamento.


Medo do fracasso. Isto faz com que o perfeccionista deixe de ser ousado, inovador ou criativo. Ele
não tem coragem de assumir riscos ou desafios, pois desafios envolvem possíveis erros, e o
perfeccionista não sabe lidar com erros.
Sentimento de frustração e decepção. Mesmo tendo sucesso, o perfeccionista não consegue
apreciá-lo, pois sempre pensa que poderia ter sido melhor...
Perda de energia preocupando-se com coisas que tentam evitar: críticas, fracasso.

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P. L. Hewitt e Gordon L. Flett1, elaboraram a “Escala Multidimensional de Perfeccionismo”, na


década de 90, e ali apontaram três dimensões de perfeccionismo:
Autoorientação – exigências nas próprias ações; pessoas muito exigentes consigo mesmas.
Orientação para o outro – cobranças de comportamento de seus familiares, amigos, colegas e
funcionários.
Prescrição social do perfeccionismo – cobranças das normas sociais, exigências da vida em
sociedade levadas ao extremo. Isto acontece em sociedades que, por exemplo, são valorizadas a
excelência, competitividade e produtividade.
Todas essas formas trazem sofrimento tanto para o perfeccionista quanto para aqueles de seu
convívio.
As exigências e cobranças perfeccionistas levam a pessoa a um estado constante de estresse,
medo, ansiedade e até depressão.
Transtornos alimentares também podem estar presentes na vida do perfeccionista. Padrões de
beleza inalcançáveis conduzem a comportamentos perfeccionistas, levando a quadros de
anorexia, bulimia ou vigorexia. Esses transtornos podem ser fatais, quando a exigência do
perfeccionista supera o desejo de viver.
Numa entrevista à Revista Época (online 11/01/2008 | Edição nº 504), o psicólogo Gordon Flett
relata as principais características do perfeccionista:
O principal desafio é aceitar que as coisas são imperfeitas.
Tentar seguir à risca alguns chavões motivacionais: “faça o melhor e nunca desista”; “acredite em
você”.
Não admitir nenhum erro.
Crença no sentimento de que só são aceitos os melhores.
Está relacionado a muitas disfunções: alimentares, ansiedade, depressão, estresse crônico. O
estresse causa vários problemas de saúde, como problemas cardíacos ou de baixa imunidade.
O perfeccionismo torna-se uma disfunção quando interfere na satisfação pessoal ou das pessoas
à volta, ou quando impede que a pessoa avance para alcançar seus objetivos. É um quadro
patológico quando alguém nunca consegue terminar seu projeto por achar que não está bom o
suficiente.
Pode estar ligado a casos de depressão infantil. Crianças de pais muito exigentes podem
desenvolver um quadro perfeccionista.
Pode levar ao suicídio.
O perfeccionista pode ser narcisista, sem autocrítica, não consegue perceber que o defeito está
nele e não nos outros. Outros são extremamente autocríticos, sabem que estão exigindo muito de
si, mas não conseguem agir de outra forma.
Possuem baixa autoestima, insegurança. Esforçam-se demais para evitar o fracasso.
Vergonha e medo de ser humilhado publicamente por causa de uma falha.
O perfeccionista não gosta de delegar tarefas. Geralmente vê defeito em tudo que fazem.

Tratamento médico

Geralmente os perfeccionistas são levados à psicoterapia, principalmente quando já estão num


quadro neurótico, para aprenderem a aceitar as impossibilidades e imperfeições da vida. O
objetivo é mostrar a eles o quanto vivem acorrentados em padrões muito exigentes. Trabalha-se
a questão da ansiedade, e ensina a pessoa a lidar com os erros. Para que o tratamento tenha
algum efeito positivo é necessário que a pessoa tenha consciência de que sua forma de agir causa
danos, que podem ser físicos, emocionais e de relacionamentos.
O principal desafio para o perfeccionista é aceitar que as coisas são imperfeitas, perder faz parte
da vida, e exigências inatingíveis geram frustração.

1
Disponível em: http://psycnet.apa.org/psycinfo/1992-03887-001. Acessado em: jan. 2017.

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Muitos entraram num padrão perfeccionista desde a infância, devido a exigências


comportamentais, que os levaram a distorções de identidade. Quando adultos, se veem inferiores,
incompetentes. Pessoas assim precisarão aprender a olhar com objetividade as exigências
criadas, e responder criticamente às situações que não dependem da vontade dela; terá de
aprender a reagir de forma saudável quando um erro for cometido. Ela precisará aprender a
relaxar, pois o perfeccionista está sempre tenso e ansioso.
Precisará aprender a ficar consciente de suas ações e pensamentos, sem julgamento, mas
perceber as oscilações de ânimo.
Um dos obstáculos para tratar o perfeccionista é que geralmente é uma pessoa independente, e
a dificuldade é fazê-lo enxergar que precisa de ajuda.
Boa parte dos perfeccionistas sofrem em silêncio. Os familiares ou amigos devem estar atentos;
o perfeccionista precisa de uma mensagem: “você não precisa ser perfeito”. Os elogios fazem muito
bem.
O perfeccionista geralmente prefere ler livros de autoajuda que procurar um terapeuta ou
conselheiro. Eles estão sempre buscando vorazmente informação. Porém, a mudança de
comportamento vem da motivação, do desejo de ser liberto.

Tratamento bíblico

Para libertação do perfeccionismo a estrada do arrependimento deve ser percorrida. Isto porque
o perfeccionista não busca em primeiro lugar o Senhor, e sim em viver realizando coisas sem
errar, sem defeito, para não receber críticas e para ser reconhecido por suas capacidades, ou para
superar os outros e esconder seus sentimentos de inferioridade.
O perfeccionista deve confessar seu pecado de orgulho. O Senhor não recebe adoração do
orgulhoso, Ele resiste aos soberbos. Ele pune os arrogantes, aqueles que querem as coisas só do
jeito deles (Pv 16.5). O perfeccionista não considera o Senhor, considera apenas aquilo que ele
julga certo.
Ele deve arrepender-se de temer a homens e não a Deus. Sua preocupação é ser aceito pelos
homens. Constantemente se compara com outras pessoas, principalmente com aquelas que ele
julga estarem acima dele. O que gera um coração ciumento e invejoso, sentimentos que devem
ser confessados e entregues ao Senhor.
Outro comportamento pecaminoso que o perfeccionista deve confessar em arrependimento, é o
hábito de julgar e criticar os outros. O perfeccionista estabelece seus próprios padrões, e exige
dos outros o cumprimento desses padrões. Quando vê alguém que conseguiu atingir o sucesso
esperado, ele critica em seu coração sobre como aquela pessoa conseguiu chegar lá, critica o
caráter e a motivação de seus irmãos. Ele acaba se tornando um maldizente no meio de seus
irmãos. Pedir perdão pela justiça própria.
Ele deve pedir perdão a Deus pelas comparações, e aceitar-se a si mesmo.
Cultivar o hábito de considerar as opiniões das pessoas, elogiá-las, e não criticá-las. Deve pedir
perdão por querer controlar tudo, e não entregar os seus cuidados a Deus.
Pedir perdão por querer realizar as coisas para ser exaltado perante as pessoas.
Entregar as preocupações e medos ao Senhor:
“Entregue suas preocupações ao Senhor, e ele o susterá; jamais permitirá que o justo venha a
cair.” (Sl 55.22)
“Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças,
apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os
seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus”. (Fp 4.6-7)

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VIVER COM EXCELÊNCIA

“Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês.” (Mt 5.48)

Na Bíblia não encontramos o termo “perfeccionismo”, mas encontramos passagens que tratam de
responsabilidades que temos para fazer a obra de Deus em integridade.
Precisamos compreender a diferença entre perfeccionismo e excelência. Perfeccionismo está
vinculado a comportamento pecaminoso, como vimos. Excelência está relacionada com virtude
cristã. A Bíblia diz para fazermos tudo como se estivéssemos fazendo para o Senhor.
“Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens.” (Cl
3.23)
Também diz para não sermos relaxados.
"Maldito o que faz com negligência o trabalho do Senhor!...” (Jr 48.10)
Deus conhece nossa estrutura, e sabe dos nossos limites. Ele não exige algo de nós que esteja
além de nossas forças. Em situações sobrenaturais, além da nossa capacidade humana, Ele
mesmo age através de nossa vida.
Viver com excelência é obedecer a essas instruções – fazer tudo de coração, com amor, da melhor
maneira que pudermos, que pudermos...
Significa ter uma vida de adoração a Deus. Todas as nossas atitudes são para glorificar o Seu
Nome.
Nossas atividades devem permear o princípio de “fazer como para o Senhor”.
Viver com excelência é reconhecer que todos os dons e talentos que possuímos vem de Deus, e
com eles podemos apresentar o Senhor ao mundo.
Excelência é fazer o melhor que posso, com os recursos disponíveis que tenho.
Vemos um trabalho de excelência em 1Rs 6, na construção do Templo. Todos os recursos, tanto
de material quanto de mão de obra, foram postos a serviço do Senhor, e fizeram um trabalho com
excelência.
Biblicamente falando, perfeição tem a ver com integridade e maturidade.
“E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes
faltar coisa alguma.” (Tg 1.4)

Essa integridade nos leva a discernirmos o bem e o mal:


“Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos
para discernir tanto o bem quanto o mal.” (Hb 5.14)

A exortação é para chegarmos à medida de plenitude de Cristo:


“até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à
maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo.”
(Ef 4.13)

Ser perfeito, dentro do contexto bíblico é buscar viver em santidade, procurando atingir a
maturidade, e sermos imitadores de Cristo. Portanto devemos ser perfeitos na comunhão com
Cristo.

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MINISTRAÇÃO

Levar a pessoa a entender que:


Jesus não estava exigindo um padrão de perfeccionismo para nós, Ele estava nos chamando para
vivermos uma vida de retidão.
O que precisamos procurar é a maturidade cristã.
Nós somos amados por quem somos – filhos de Deus – e não pelo que fazemos. Nossas atitudes
devem ser por amor, para alegrar o coração do Pai.
Devemos desejar que o brilho que refletimos é o brilho de Jesus. Independente de recebermos
elogios ou não, precisamos viver sabendo que somos amados, aceitos, e que o mais importante é
ser aprovado por Deus.
Jesus nos faz lembrar o grande mandamento – amar a Deus acima de todas as coisas, e o segundo
grande mandamento – amar o próximo como a ti mesmo. Ser perfeccionista é negar a obediência
a esses dois mandamentos. Significa querer ter o controle de tudo, e isto é o mesmo que dizer-se
um deus; e também leva a não amar o próximo, pois o perfeccionista dificilmente ama a si mesmo,
e ninguém pode dar aquilo que não tem... ele não consegue dar o amor que não possui nem para
si mesmo.
Precisamos aprender a viver uma vida de gratidão a Deus por tudo que somos e fazemos, pois Ele
é quem nos capacita.
O nosso olhar deve se voltar para aquilo que conseguimos fazer, e não ficarmos presos aos
sentimentos de fracasso por aquilo que não conseguimos realizar. Para Deus, todo dia é um novo
dia, cheio de possibilidades.
Você não deve ficar remoendo fracassos. Reconheça os erros, considere-os como lição para você
agir de forma melhor no futuro. Tenha misericórdia de você mesmo e dos outros.
“Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem
como o Senhor lhes perdoou. Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito.”
(Cl 3.13-14)

O que Deus espera de nós é fidelidade. E assim vamos aperfeiçoando a nossa fé.
“Portanto, que todos nos considerem como servos de Cristo e encarregados dos mistérios de Deus.
O que se requer destes encarregados é que sejam fiéis.”
(1Co 4.1-2)

Para não cairmos nas armadilhas do perfeccionismo, precisamos lembrar do sábio conselho:
“Não seja excessivamente justo nem demasiadamente sábio; por que destruir-se a si mesmo?”
(Ec 7.16)

Levar a pessoa perfeccionista a:


Pedir perdão pelo orgulho, pelos sentimentos de inferioridade e desvalia, pela falta de amor, pela
incredulidade do amor incondicional de Deus.
Pedir perdão pelo temor de homens e não de Deus.
Pedir perdão por sentimentos de inveja ou ciúmes.
Pedir perdão por julgamentos e críticas, por comparações com os outros.
Renunciar toda herança de comportamento perfeccionista recebida dos antepassados.
Renunciar, repreender e expulsar todo espírito maligno vinculado ao perfeccionismo.

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Referência bibliográfica
AGOSTINHO, Santo. Patrística. Ed. Paulus (edição digital).
BAKER, Mark W. Jesus, o maior psicólogo que já existiu. Rio de Janeiro: Ed. Sextante,
2010.
KUNZE, Bia. Perfeccionismo não é uma virtude. Disponível em:
http://www.produzindo.net/perfeccionismo-nao-e-uma-virtude/
WILLARD, Dallas. A Grande Omissão. São Paulo: Ed. Mundo Cristão, 2008 (versão
digital).
Revista Época online11/01/2008 | Edição nº 504
https://verdadenapratica.wordpress.com/2013/09/21/a-doutrina-do-perfeccionismo/
http://brasilescola.uol.com.br/psicologia/a-busca-pela-perfeicao.htm
http://www.webservos.com.br/gospel/estudos/estudos_show.asp?id=5935

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