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Como Uber e Lyft estão comprando leis trabalhistas - Carta Maior 29/10/2020 06:25

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Trabalho

Como Uber e Lyft estão comprando leis


trabalhistas
A Proposição 22 da Califórnia pode reduzir, por décadas, os padrões de trabalho, especialmente para
trabalhadores não brancos

Por Alexander Sammon 08/10/2020 17:05

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Créditos da foto: Empresas como Uber e Lyft estão lutando para continuar classi`cando erroneamente os funcionários como
empreiteiros independentes. (Smith Collection/Gado/Sipa USA via AP Images)

Como de costume em anos de eleição presidencial, a


empolgação da noite eleitoral na leal democrata Califórnia
A INFORMAÇÃO NÃO não virá das urnas, onde os democratas têm quase vitória
É MERCADORIA, garantida, mas da experiência exaustiva do estado com a
É U M B E M P Ú B L I C O.
democracia direta. E aninhada entre as 12 medidas
Venha se somar aos mais de 100.000 leitores cadastrados.
eleitorais deste ano sobretudo, desde impostos a direitos
de voto, justiça criminal, privacidade de dados e
Digite seu E-mail assistência médica, talvez esteja a decisão trabalhista mais
importante em décadas.
CADASTRE-SE

A Proposição 22 é simples. Ela cria uma isenção para


funcionários de serviços de condução de passageiros e
entrega baseados em aplicativos, permitindo que empresas como Uber, Lyft e DoorDash
continuem classificando incorretamente os funcionários como empreiteiros independentes.
Isso isenta essas startups de pagar um salário mínimo, abrindo uma brecha na lei AB-5 do ano
passado, que transformou, em empregados, muitos contratados independentes e freelancers e
conferiu a eles um punhado de direitos e proteções. Para esses trabalhadores, isso significaria
inelegibilidade para o seguro-desemprego estadual, proteções ao trabalhador extremamente
reduzidas, ausência de direito a horas extras, a licença médica, nenhuma proteção contra
discriminação no local de trabalho e nenhum direito de negociação coletiva. Em essência,
formalizaria e consagraria uma categoria inteiramente nova de empregos abaixo do padrão
para uma classe de trabalhadores composta em sua maioria por pessoas não brancas e
imigrantes. E faria isso permanentemente: a proposição afirma que qualquer emenda ao
regime exigiria uma maioria de votos, sem precedentes, de sete oitavos na legislatura estadual.

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No lugar das leis trabalhistas estaduais, a Proposição 22 “garante” certos benefícios, incluindo
“assistência” completamente indefinida com prêmios de assistência médica e cobertura por
invalidez para os feridos no trabalho. Para entender como esses benefícios são secundários,
vejamos apenas para a promessa de “ganhos mínimos”. Aos motoristas é garantido um salário
por hora de pelo menos 120% do mínimo local. Mas isso só entra em ação durante o tempo
gasto ao dirigir, enquanto o tempo de espera ou de chegar a uma corrida ou entrega, que pode
ser até 37 por cento do tempo gasto no trabalho, permanece sem remuneração. Quando você
considera o tempo que permanece sem pagamento, a “garantia” renderia um salário
submínimo para a maioria dos motoristas. Um estudo do Centro de Trabalho da Universidade
da Califórnia em Berkeley estima que o salário médio de acordo com a Proposição 22 pode
chegar a US$ 5,64 por hora, um corte drástico de salário em relação ao salário mínimo de US$
13 que seriam garantidos aos trabalhadores como empregados.

A Proposição 22 rapidamente se tornou uma das batalhas políticas mais contenciosas do


estado. É também a proposta eleitoral mais cara, não apenas na história da Califórnia, mas em
toda a história dos Estados Unidos. As empresa de condução de passageiros e de entrega -
Uber, Lyft, Postmates, Instacart, DoorDash - contribuíram com mais de US$ 184 milhões até
agora para garantir sua aprovação. "No on 22", a campanha para defender a legislação
trabalhista atual tem pouco mais de US$ 10 milhões.

Parte do motivo pelo qual isso se tornou uma prioridade tão cara para o Vale do Silício e seus
patrocinadores de capital de risco é o risco de sua aprovação. O modelo de negócios do Uber e
Lyft e seus compatriotas baseia-se na classificação errônea de sua força de trabalho como
empreiteiros privados e nas proteções trabalhistas baratas e abaixo do padrão que isso
acarreta. Por exemplo, a recusa em pagar para o fundo de seguro-desemprego do estado
economizou ao Uber e Lyft combinados US$ 413 milhões desde 2014. Mesmo com essa
vantagem, essas empresas ainda não obtêm lucro, mas obrigá-las a se conformar aos padrões
de trabalho tornaria sua busca por lucratividade potencialmente impossível. Portanto, a
sobrevivência como negócio para essas empresas está diretamente ligada à exploração de seus
trabalhadores.

Se a Proposição 22 for aprovada, ela alcançará muito além de algumas centenas de milhares de
motoristas na Califórnia que trabalham com entrega de comida e condução de passageiros.
Essa aprovação enviaria ondas de choque por todo o país, tornando-se a base, para uma
camada formalizada de mão de obra abaixo do padrão, que certamente seria exportada para
várias indústrias e milhões de trabalhadores, e também internacionalmente.

Também criaria um precedente preocupante para o uso de dinheiro do capital de risco na


política, já que haveria prova óbvia de sua capacidade de comprar seu caminho para se isentar
da regulamentação vigente por meio de urnas e anular a vontade de várias câmaras de um
legislativo eleito democraticamente. “Se ficar claro que você pode comprar qualquer lei com
US$ 180 milhões, então muito mais indústrias seguirão por esse caminho, transformando bons
empregos em empregos ruins, ensino em tempo integral para todos os professores substitutos,
enfermagem sindicalizada em empregos precários de enfermagem”, diz Veena Dubal,
professora associada de direito da Universidade da Califórnia, Hastings. “A forma como eles
redigiram é tal que se espalhará além da indústria de entrega, literalmente formalizando toda
a exploração que acontece na economia informal… é a maior ameaça desde os anos 1930 que os

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Estados Unidos sofrem para a rede de segurança social, salário mínimo e acesso a pagamento
seguro.”

Com todo esse dinheiro, a campanha "Yes on 22" está pulando todos os obstáculos,
contratando grandes firmas de relações públicas como MB Public A!airs, que fizeram sua
reputação trabalhando para as Grandes do Tabaco e perseguindo críticos, às vezes de forma
cruel. Enquanto isso, Uber e Lyft pagaram para colocar mensagens do "Yes on 22" nas
interfaces de seus próprios aplicativos. Uma tela que aparece quando os motoristas do Uber se
conectam, os obriga a se comprometer afirmativamente em votar “Sim na Proposição 22”
antes de serem alocados para viagens ou entregas.

A campanha produziu uma grande blitz publicitária multimídia, até mesmo tentando
remodelar a Proposição 22 como uma questão de justiça racial. É uma manobra cínica,
reformulando uma lei que eliminaria o piso salarial de uma força de trabalho
predominantemente minoritária e imigrante como uma prioridade de justiça racial. Usando a
linguagem de ativistas e reivindicando o endosso de grupos representantes das monirias
(mesmo que não os tenham), a campanha tentou convencer os eleitores de que a aprovação
seria um triunfo para as comunidades não brancas. Em certos casos, o campo "Yes on 22"
confiou em desinformação completa, sugerindo que tem o apoio de grupos do Black Lives
Matter, esses grupos simplesmente esclarecerem que este não é o caso. Atualmente, o site “Yes
on 22” indica que o capítulo de Sacramento da National Action Network do Rev. Al Sharpton
apoia a iniciativa, embora as declarações da liderança do grupo indiquem o contrário.

Mas a liderança de grupos institucionais de negros e latinos na Califórnia, incluindo o capítulo


estadual da NAN, o NAACP da Califórnia e a Fundação Si Se Puede, apoiaram formalmente o
"Yes on 22". O Lyft ofereceu transporte gratuito para membros da NAACP e NAN até abril, com
o último grupo tendo recebido dinheiro do Uber e Lyft no passado.

O apoio da presidente do NAACP da Califórnia, Alice Hu!man, ao “Yes on 22” foi


particularmente prolífico e "agrante. Hu!man apareceu em anúncios pedindo aos eleitores
que apoiassem a Proposição 22, e apareceu em um e-mail que o Uber enviou a seus clientes
intitulado “Por que as comunidades não brancas apoiam a Proposição 22”. Ela escreveu artigos
de opinião em jornais negros defendendo a proposição por motivos de justiça racial e aparece
repetidamente no manual do eleitor da Califórnia e em um pan"eto eleitoral chamado
“Minority News” que faz campanha a favor da medida. Deixando de lado o endosso
entusiástico e repetido dela e da NAACP da Califórnia à medida, o fato é que Hu!man recebeu
US$ 85.000 até agora pela campanha "Yes on 22" como consultora de relações públicas, parte
de um incrível montante de US$ 1,2 milhão das campanhas das medidas deste ano para sua
empresa, AC Public A!airs.

Ao contrário de Hu!man e seu próprio bolso, a Proposição 22 criaria um conjunto inferior de


proteções trabalhistas para uma classe de trabalhadores que é uma maioria da minoria. “Por
que queremos bicos para pessoas não brancas que pagam menos que recebem os brancos?”,
pergunta Dubal. “Códigos e classificações salariais diferenciadas para pessoas não brancas e
imigrantes são exatamente o que os democratas do sul defenderam durante o New Deal,
quando queriam manter os trabalhadores agrícolas reprimidos e argumentaram que eles não
deveriam ter acesso ao salário mínimo”.

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Onde, alguém pode se perguntar, está o trabalho organizado em tudo isso? Os irrisórios $ 10
milhões que o "No on 22" conseguiu arrecadar vieram em grande parte dos sindicatos. Mas a
mão de obra organizada foi extremamente atingida pela pandemia, com sua onda
concomitante de demissões, que simultaneamente impulsionou o compartilhamento de
viagens e, particularmente, as empresas de entrega, que viram o uso aumentar com a limitação
das pessoas de fazer compras e ir a restaurantes com conforto.

Os democratas nacionais, incluindo Joe Biden, Kamala Harris e Elizabeth Warren, se opuseram
à Proposição 22, mas não foram especialmente enfáticos sobre o assunto. Isso é um tanto
compreensível, uma vez que a votação na Califórnia tem um perfil inferior ao da eleição
presidencial. Mas os democratas da era Obama assumiram cargos de alto escalão em várias
empresas de aplicativos. Tony West, que serviu por cinco anos e meio no Departamento de
Justiça de Obama e já esteve em seu terceiro posto mais alto, é cunhado de Kamala Harris e é o
diretor jurídico do Uber. O ex-conselheiro sênior de Obama, Valerie Jarrett, está no conselho
da Lyft.

Isso é o restabelecimento de uma crise intrapartidária que ocorreu há pouco mais de um ano,
quando o AB-5, o projeto de lei que conferia status de empregado a trabalhadores de cargueiro
e outros contratados independentes, estava sendo considerado na legislatura estadual. Alguém
poderia pensar que sua aprovação teria resolvido a questão, mas as empresas de condução de
passageiros responderam primeiro ameaçando deixar o estado inteiramente em uma greve de
capital, uma medida que é ilegal na maioria dos países. Enquanto isso, essas empresas
prometeram dinheiro recorde para contornar a lei com uma medida eleitoral, o que significa
que agora tudo está em jogo na contagem dos votos em novembro.

De alguma forma, apesar do enorme desequilíbrio financeiro, as pesquisas ainda mostram que
a corrida está relativamente acirrada, embora "No on 22" esteja atrás. Mas se a Proposição 22
for aprovada, terá um impacto mais profundo sobre o trabalho do que a eleição de Joe Biden,
que fez da expansão da densidade sindical uma das prioridades de sua plataforma, ou mesmo
uma vitória democrata na Câmara, no Senado e na presidência. Pode até ter um impacto mais
profundo sobre o trabalho organizado do que uma nomeação de Amy Coney Barrett para a
Suprema Corte. Com a ida da leal democrata Califórnia, também irá o país.

*Publicado originalmente em ''The


The American Prospect (https://prospect.org/la-
bor/how-uber-and-lyft-are-buying-labor-laws/)
bor/how-uber-and-lyft-are-buying-labor-laws/)'' | Tradução de César Locatelli

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