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Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória

Teologia de Umbanda Sagrada – EAD – Curso Virtual


Ministrado por Alexandre Cumino

Texto 226

Linha e Arquétipo dos Malandros


Por Rodrigo Queiroz
Ditado por Sr. José Pelintra

“Din din din, din din din, risca o ponto!


Malandro cruzado no meio do terreiro chegou, chegou Zé Pelintra que veio do lado
de lá, fumando e bebendo gritando vamos saravá!”

Saravá a todos do lado de cá! Saravá Umbanda, o Catimbó, as Macumbas e o


Candomblé! Salve aqueles que são de salve e aqueles que não o são!
De tanto que somos marginalizados por aqueles que deveriam era nos prestar
reverência ou mesmo o respeito por estarmos tão próximos para o que der e vier. Nós os
“malandros” do astral fomos confundidos com os marginais do além.
Para quem ainda não entendeu, os Zés da Umbanda são espíritos comuns a cada um de
vocês. Humanos por natureza, errantes, com defeitos e virtudes que na bondade do Criador
podemos interagir com nossos companheiros encarnados afim de na troca de experiências
agregar luz e evolução na história de cada um.
Zé Pelintras, Zé Navalha, Zé da Faca e tantos “zés” formam esta corrente ou linha de
trabalho que chamamos de Linha dos Malandros.
Justamente pela falta de informação fomos chegando na Umbanda de “fininho” na boa
malandragem pra não incomodar ninguém. Quando “batíamos na porta” de um terreiro que
nos desconhecia, se era da percepção do dirigente que devíamos manifestar na linha dos
exus, assim fazíamos se pensavam que éramos baianos, tudo bem, ali estávamos.
Entre acertos e erros, contradições e tradições fomos sendo aceitos, percebidos e
procurados. No entanto engana-se aquele que pensa que surgimos do nada ou para nada,
não, não. Já bem antes da Umbanda estávamos lá comandando o Catimbó, muitos ainda
estão, diria que esta é nossa origem, mas como afirmar a origem daquele que não é original,
pois é, somos o retrato da miscigenação racial e cultural que impera em todos os cantos
deste Brasil, terra de Deus!
Somos aclamados como Doutor, curador, conselheiro, defensor das mulheres e dos
pobres. Por outro lado também somos rechaçados e “exterminados” na consciência de
alguns que insistem em nos colocar no patamar dos “demônios” e espíritos viciados e alopra-
dos. Ora, este que nos maldiz é aquele mesmo que nada entendeu sobre Deus e seu amor na
Sua Criação! Deixe que falem, desde que fale.
O certo é que somos o retrato e a realidade da classe menos favorecida, somos a
periferia, os menos favorecidos, os esquecidos, aqueles que se não é o jogo de cintura da
criatividade humana, jamais persistiria vivendo, entende agora o que é nossa malandragem?
Também digo que vivemos na periferia de Deus, claro, ainda temos muito que fazer para ir
até o centro. E daí? Tá tudo certo camarada. Sabemos a que estamos é livres das ilusões que
tanto aplaca a mente de vocês encarnados. Olha, sabe de uma coisa? É bom demais o lado
de cá!
Dos Catimbós do Nordeste aos terreiros de Umbanda de todo Brasil! Isso é ascensão...
Por fim camarada, tenha em mente que estamos para ajudar a quem queira. Defen-
demos sim os mais pobres e sofredores, pois sabemos o que é a dor da fome e da perdição.
Secaremos sempre as lágrimas daqueles que sofrem e isso basta.
Dentro do meu chapéu levo meu mistério, na fumaça de meu charuto transporto minha
magia, na gargalha encanto meu povo, no meu terno branco reflito o que sou e na minha
gravata vermelha quebro o mal olhado na força de Ogum! Para aqueles que nos abrem alas,
obrigado!

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