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Intervenções online em saúde mental em tempos de COVID-19: revisão sistemática

A presente resenha visa apontar as principais contribuições do artigo intitulado


Intervenções on-line em saúde mental em tempos de COVID-19: revisão sistemática (2021),
de autoria de Álisson Secchi, Willian Roger Dullius, Livia Garcez, e Silvana Alba
Scortegagna. Não trataremos aqui de esgotar por completo as discussões presentes no referido
texto, mas sim tecer breves considerações acerca dos principais aspectos abordados pelos
autores. Os autores partem do cenário imposto pela pandemia de COVID-19, que foi
responsável por alterar as modalidades presenciais de intervenção voltadas à saúde da
população, motivando a busca de outros recursos de atendimento, a exemplo das sessões
online de psicoterapia. Na assistência à saúde mental, essas intervenções online acabaram se
tornando uma importante opção na busca por tratamento psicológico, embora seu uso e
implicações ainda seja pouco conhecido pelos estudiosos da área.
O trabalho empreendido pelos autores buscou reunir evidências empíricas a respeito
das intervenções online com relação a saúde mental em tempos de COVID-19. De acordo
com Secchi; et al. (2021), a revisão sistemática foi realizada em bases internacionais e
brasileiras, entre os meses de janeiro e dezembro/2020, resultando em 1444 materiais
publicados em inglês e português. Foram selecionados 95 artigos para a leitura na íntegra, dos
quais 28 artigos foram considerados para compor esta revisão. Os resultados mostraram que
adultos e profissionais de saúde foram os que mais buscaram atendimento em saúde mental,
por meio de ligação telefônica e de videochamada. As principais motivações para a busca de
assistência foram sentimentos de ansiedade, depressão, pânico, transtorno alimentar e TDAH.
O propósito do estudo depreendido foi coletar informações baseadas em evidências
sobre as intervenções em saúde mental, realizadas em formato online, durante a pandemia de
COVID-19. As principais conclusões que se pôde evidenciar nos estudos internacionais
apontam para o fato de que consultas e tratamentos envolvendo programas e a utilização de
aplicativos virtuais, videoconferências e chamadas telefônicas por exemplo, foram
amplamente adotados pelas pessoas, sejam estes adultos ou profissionais de saúde. Isso
demonstrou os benefícios significativos da telessaúde e da telepsicoterapia durante a situação
pandêmica.
Na perspectiva de Secchi; et al. (2021), esse cenário decorre do fato de que,
indiscutivelmente, a pandemia de COVID-19 elevou a demanda por serviços de saúde mental
em todo o mundo e trouxe consigo desafios adicionais para o acesso a atendimentos
presenciais. Hospitais, centros de saúde mental e clínicas enfrentam o dilema de como
continuar a oferecer assistência à distância para uma população sob considerável estresse.
Desde o início da pandemia, houve um aumento nas doenças mentais e uma notável expansão
na procura por recursos e serviços. Nesse contexto, a telessaúde mental pode ser uma solução
valiosa, embora seja essencial considerar cuidadosamente a adequação das intervenções de
acordo com as necessidades individuais de cada paciente. Conforme observado por Faija e
outros, as políticas de saúde atuais estão se adaptando para incluir a prestação de serviços à
distância, impulsionando a demanda por modelos de assistência flexíveis e eficazes, que
possam ser disponibilizados de forma acessível para um amplo público.
Assim, o estudo dos autores buscou reunir evidências empíricas sobre as intervenções
online em saúde mental em tempos de COVID-19. Os principais achados internacionais
apontam para atendimentos e intervenções com programas e uso de aplicativos virtuais,
videoconferências, ligações telefônicas, com adultos e profissionais de saúde, evidenciando os
benefícios da telessaúde e da telepsicoterapia no contexto pandêmico. Para Secchi; et al.
(2021), a pandemia de COVID-19 aumentou a necessidade de atendimento psicológico na
população global e criou novas barreiras para o acesso presencial aos serviços. Hospitais,
centros de saúde mental e outras clínicas enfrentam o desafio de fornecer cuidados remotos
continuados a uma população que está sob forte estresse.
Desde o início da pandemia, as doenças mentais aumentaram e a demanda por
recursos e serviços cresceu drasticamente. Nesse sentido, a telessaúde mental pode ser muito
positiva, mas requer uma consideração cuidadosa para adequação, dependendo das
necessidades do paciente. Como colocam Faija et al., a política de saúde contemporânea está
mudando para o atendimento à distância, e a necessidade crescente de fornecer serviços
eficazes e acessíveis, com alcance populacional máximo, estimulou a demanda por modelos
de serviços flexíveis e eficientes.
O uso de videoconferência mostrou-se um espaço de suporte terapêutico na redução
dos sintomas psicológicos como estresse, ansiedade, depressão e comportamento suicida, na
redução de angústias, medos e diminuição do número de internações, e na melhora da
qualidade de vida física e mental de cuidadores. O potencial de eficácia da Terapia Cognitivo
Comportamental (TCC) focada no trauma por meio da telepsicoterapia, com crianças e
adolescentes, foi destacado.
Em suma, o estudo de Secchi; et al. (2021) mostrou que a telessaúde foi rapidamente
implementada e as evidências demonstram que representa um modo eficaz de prestação de
serviços, sendo uma grande promessa para aumentar o acesso aos cuidados em saúde mental,
uma estratégia para manter a comunicação e o relacionamento terapêutico. Há uma grande
oportunidade para soluções inovadoras em saúde mental, aumentando o número de pessoas
que possam obter acesso ao cuidado de qualidade.
Ainda nesse sentido, como se pode constatar, os resultados desta pesquisa trouxeram
achados importantes, na medida em que elucidaram as intervenções online em saúde mental
realizadas na pandemia de Covid-19. Além disso, esta revisão sistemática de literatura
identificou que o atendimento online em saúde mental foi uma modalidade de rápida
implementação durante a COVID-19, sendo uma forma de assistência que pode se mostrar
segura e efetiva para a continuidade do tratamento, além de aumentar o acesso aos cuidados
em saúde mental. Contudo, a falta de dispositivos de internet e de domínio no uso das
tecnologias digitais podem influenciar diretamente no acesso a essa modalidade de
assistência. Adicionalmente, a limitação do período em que foi realizado a pesquisa é uma
variável importante, visto que muitos artigos avaliaram a modalidade de intervenção em
tempos de COVID-19.
Para concluir, o estudo aponta que os serviços de saúde mental prestados pela internet
demonstraram resultados favoráveis e eficazes na assistência a adultos com distúrbios
psicológicos. Esses resultados encorajadores levantam questões éticas profissionais,
particularmente em relação ao atendimento de pacientes em situação de alto risco. Além
disso, é importante levar em conta as limitações dos serviços online, como a acessibilidade à
internet e a familiaridade tanto do profissional de saúde quanto do paciente com a tecnologia.

Referências

SECCHI, Álisson et al. intervenções on-line em saúde mental em tempos de COVID-19:


Revisão sistemática. Revista Brasileira de Psicoterapia, v. 23, n. 1, 2021.

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