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Subjetivação digital e a ética na psicologia: desafios na

formação profissional para a atuação na clínica


adolescente
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Laila Isa Faustino de Araújo Fernandes

RESUMO
Em virtude do avanço tecnológico e relação da adolescência com as tecnologias e realidades virtuais,
o campo da Psicologia deve cada vez mais acompanhar essas mudanças não só na formação do
psicólogo como também pela adequação de suas práticas aos temas latentes. O objetivo desse
trabalho foi identificar quais as principais discussões éticas que surgem na clínica adolescente e levar
à reflexão se o profissional é formado para lidar com isso. Foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com profissionais que atendem exclusivamente adolescentes e algumas temáticas
como sexualidade, senso de pertencimento, conflitos familiares, padrões expostos pela internet,
surgiram majoritariamente. Ficou ainda mais evidente a necessidade de uma formação integral e
atualizada dos para lidar com a nova geração que se mostra cada vez mais presente nos consultórios
de psicologia.
Palavras-chave: subjetividade; tecnologia; adolescência; ética.

INTRODUÇÃO

Ao pensarmos sobre a temática da subjetividade na psicologia e a era tecnológica, a


internet acaba tornando-se 3 instrumentos diferentes: ferramenta de pesquisa/formação para o
psicólogo; como mediação entre o psicólogo e o adolescente; e como porta do mundo para o
adolescente
A partir dessas 3 possibilidades, surgem as questões: Estamos sendo formados para
atender adolescentes que estão no mundo da internet e criados nessa realidade? Quais os
desafios éticos enfrentados pelo psicólogo quando o adolescente traz a realidade virtual para a
terapia?
Por muito tempo, a ideia difundida era que a adolescência ia até os 19 anos. No
entanto, um estudo mostrou que essa fase pode se estender até os 24 anos (Siegel, 2016). É a
chamada adolescência tardia, um prolongamento que acontece devido a diferentes fatores,
como aumento da expectativa de vida. Durante esse período, os indivíduos experimentam
mudanças significativas em diversas áreas, incluindo aspectos físicos, cognitivos, emocionais
e sociais.

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Acadêmica de Psicologia, Universidade Evangélica de Goiás, proflailafernandes@gmail.com

CIPEEX – Congresso Internacional de Pesquisa, Ensino e Extensão


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Entender as complexidades do desenvolvimento durante a adolescência é crucial para
os profissionais de psicologia, pois permite uma abordagem mais eficaz e compassiva para
lidar com os desafios e as oportunidades associados a essa fase.

OBJETIVO

O objetivo deste estudo é determinar quais os aspectos éticos envolvidos na formação


do profissional de psicologia e que são necessários para quem deseja atender o público
adolescente em contexto clínico.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi entrevista semiestruturada através de um formulário


eletrônico enviado a psicólogos com atuação clínica exclusiva com adolescentes, de forma
online ou presencial. Cerca de 70% dos formulários enviados foram respondidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apesar de se tratar de uma entrevista semiestruturada, é possível identificar alguns


aspectos comuns à grande maioria das respostas dadas pelos profissionais, que nos fornecem
algumas afirmações que ilustram a realidade da clínica adolescente e quais as temáticas éticas
que surgem, como por exemplo: Não emitir juízo de valor; saber intervir em questões de
gênero e sexualidade sem impor as próprias convicções; vigilância sobre relações
estabelecidas com pacientes através de redes sociais(redes particulares separadas de páginas
profissionais); notificar sempre que o paciente confidencie participação na internet em fóruns,
páginas ou atos que envolvam violência de qualquer forma contra si ou contra terceiros;
denunciar casos de abuso, violência, negligência, uso de álcool e outras substâncias às quais o
paciente esteja sendo submetido; favorecer o senso de pertencimento do paciente
demonstrando a superficialidade do que se vê na internet; incentivar uma percepção real das
coisas e a diminuição da pressão exercida por redes sociais não só sobre padrões estéticos,
mas questões de saúde mental, etc.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fica evidente a importância da formação ética do profissional de psicologia, não só


para o exercício da profissão, mas também para lidar de maneira adequada com o público
adolescente, que busca o atendimento psicológico em uma das fases mais determinantes de

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sua vida. O compromisso com a boa prestação do serviço deve ser resultante não só da
formação básica, mas também de uma formação continuada que favoreça o aprofundamento
do aprendizado em questões latentes no exercício da clínica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Siegel, D. J. (2016). Cérebro adolescente: o grande potencial, a coragem e a criatividade da


mente dos 12 aos 24 anos. São Paulo: nVersos. (288p.)

https://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/2/20221121120124/
tic_kids_online_2021_livro_eletronico.pdf

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