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EBOOK

PSICÓLOGO ONLINE

O GUIA
PARA DAR
TELECONSULTAS
Índice

Introdução 03

Teleconsulta: enquadramento geral 05

Resultados da supervisão clínica online 09

Consulta presencial vs Consulta online 13

Boas práticas em teleconsulta 17

Plataformas para usar em teleconsulta 20

A aposta dos psicólogos no meio digital 26

Referências Bibliográficas 27

Psicólogo Online - O Guia Para dar Teleconsultas


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Introdução

Este ebook tem como público-alvo a classe dos


psicólogos e pretende contribuir com mais informação
sobre a supervisão clínica à distância. Aqueles que
o lerem vão, pois, encontrar nestas páginas um guia
prático sobre as teleconsultas, que ultimamente, por
força da COVID-19, têm ganho maior preferência não
só por parte dos psicólogos, mas também por parte dos
clientes, que procuram formas mais seguras e facilitadas
de obter o acompanhamento que necessitam.

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Para a realização deste documento, o Instituto CRIAP
contou com a colaboração de quatro reconhecidas
psicólogas, com experiência comprovada neste método
de consulta psicológica online:

Dr.ª Lina Raimundo


Psicóloga clínica e coach do gabinete de psicologia MIND.

Dr.ª Luana Cunha Ferreira

Psicóloga clínica e terapeuta de casal e familiar.

Dr.ª Paula Castilho Freitas


Psicóloga clínica especialista em terapias cognitivo-comportamentais,
investigadora e docente em instituições de ensino superior.

Dr.ª Daniela Paninho


Psicóloga clínica e especializada em life coach.

O ebook está dividido em seis capítulos, que procuram


abordar os aspetos mais relevantes no que diz respeito
à prática das teleconsultas. Esperamos que seja uma
leitura enriquecedora!

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Teleconsulta: enquadramento geral

Em 2020, a procura pela supervisão clínica e acompanhamento psicológico


à distância aumentou exponencialmente, dadas as restrições de circulação
e o isolamento provocado pela pandemia COVID-19.

Aos psicólogos coube, pois, o desafio de se conseguirem adaptar a uma nova


realidade, consubstanciada na consulta por videochamada, de maneira a
poderem corresponder às necessidades da população – sabendo-se que,
neste cenário, a saúde mental individual e coletiva foi mais do que nunca
posta à prova.

A pergunta que se impõe inicialmente, até para fornecer o devido contexto


sobre o tema, é se este método surgiu efetivamente em consequência da
pandemia, ou se já era praticado anteriormente pelos psicólogos.

Ora, os dados existentes comprovam que em Portugal a teleconsulta já é


praticada há sensivelmente 10 anos, desde o início da década de 2010,
momento a partir do qual a tecnologia existente passou a permitir conexões
via internet com estabilidade de ligação suficientemente capaz. Se tivermos

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em conta que o Skype, que começou por ser o software mais popular
para videochamada, surgiu em 2003, observamos que esta tecnologia já
foi sendo desenvolvida anos antes, mas efetivamente só a partir de 2011,
ano em que o Skype passou a integrar a empresa Microsoft, é que os seus
recursos e ferramentas foram impulsionados, e a utilização do programa
mais disseminada. Ao mesmo tempo, a conectividade deixou de ser via
ADSL e passou a ser por cabo, e mais recentemente por fibra, o que veio
dar suporte a todo este contexto de interatividade digital.

Com efeito, desde então assistimos ao crescimento exponencial e à evolução


das tecnologias. Da mesma forma que elas mudaram radicalmente todas
as áreas da nossa vida, também estão a mudar a prática da psicologia,
abrindo novos caminhos à intervenção psicológica e possibilitando que ela
se concretize por outros meios de comunicação, diferentes da tradicional
presença ou modelo face a face.

Das entrevistas com as quatro psicólogas convidadas, verificamos que a


consulta à distância tem sido prática recorrente em contextos específicos:

Clientes que Clientes que Clientes que moram


residem nas ilhas são emigrantes distantes e não têm
transporte.

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A considerar há também os casos de quem está a beneficiar de
acompanhamento presencial e, por força das circunstâncias laborais
ou pessoais, se vê forçado a mudar de localização. Nesse caso, existem
duas opções: ou o paciente muda de psicólogo ou adota a teleconsulta.
No entender das entrevistadas, a segunda opção acaba por ser a mais
escolhida, uma vez que custa mais ao cliente interromper todo o trabalho
que já desenvolveu com o terapeuta inicial e mudar para um psicólogo
que não conhece o seu histórico, do que adaptar-se a um novo contexto
com o mesmo terapeuta.

Não obstante, é pertinente assinalar o aumento da procura pela teleconsulta


quando surgiu o confinamento imposto pela COVID-19.

“A partir do momento em que entrámos em isolamento, a procura foi muito


maior não só por parte dos clientes, mas também por parte dos psicólogos.
Tivemos de restringir a nossa atividade, até para nos protegermos a nós
próprios. Foi uma questão de responsabilidade cívica.”

- Lina Raimundo

A verdade é que, tal como muitas empresas aceleraram em vários anos o


seu processo de digitalização, adotando medidas rapidamente para manter
a sua operacionalidade, também os psicólogos portugueses aceleraram o
seu convívio com a terapia online.

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Nos próximos anos, é de esperar que esta prática se mantenha regular,
dados os resultados positivos que tem vindo a colher – mesmo com os
diferentes prós e contras que mais à frente neste ebook iremos explorar.

Fonte: público

A tendência será assim para profissionais que não divulgavam este


tipo de serviço e se focavam apenas na consulta presencial, passarem
a contemplar a teleconsulta no seu leque de serviços, e também para
passar a haver quem se especialize somente em terapia à distância.

“Em Portugal ainda não se fala da hipótese da especialização só no online.


Mas eu acredito que, entretanto, sim. E pela minha experiência, funciona. Não
com todo o público, mas funciona para um determinado nicho. Fora do país
já existem psicólogos a trabalhar 100% online.”

- Daniela Paninho

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Resultados da supervisão clínica online

Feita a contextualização do panorama geral sobre a teleconsulta e o seu


impacto no presente e no futuro mais próximo não só para os psicólogos,
mas naturalmente também para a população em geral, chega o momento
de se colocarem algumas perguntas elementares. A teleconsulta é eficaz?
Produz resultados terapêuticos? É tão eficaz quanto o modelo de consulta
presencial?

Uma das preocupações iniciais para duvidar da terapia online prende-


se com, ao contrário do modelo tradicional, os terapeutas não terem a
oportunidade de observar in loco o paciente – algo que geralmente é parte
integrante e fundamental para produzir uma avaliação e diagnóstico. O tom
de voz, a linguagem corporal e o comportamento fornecem informações
sobre o estado de cada paciente, e sem esses dados a intervenção poderia
pensar-se que ficaria comprometida.

A questão é então saber se é possível obter resultados abdicando desse


relacionamento físico entre terapeuta e cliente. Será que a comunicação
digital pode fornecer capacidades, ferramentas e poder de cura estando os
pacientes a olhar para um ecrã?

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Ora, embora existam estas preocupações, estudos científicos têm vindo
a mostrar que a teleconsulta – ou seja, a consulta de psicologia online –
pode ser bastante eficaz para o tratamento de muitos problemas de saúde
mental.

Efetivamente, há uma série de estudos feitos nos últimos anos em relação à


eficácia de algumas intervenções psicoterapêuticas na modalidade online,
não só em terapia de grupo mas também nos casos de um para um, ou
seja, em contexto individual. Apresentamos alguns deles:

Fonte: sciencedirect

Este estudo, publicado em 2014 no Journal of Affective Disorders, descobriu


que o tratamento online foi tão eficaz quanto o tratamento presencial para
casos de depressão.

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Fonte: sciencedirect

Uma outra investigação publicada em 2018 no Journal of Affective


Disorders concluiu que a terapia cognitivo-comportamental em regime
online era efetiva e perfeitamente válida. Segundo o estudo, a teleconsulta
foi tão eficaz quanto o tratamento presencial para a depressão major,
perturbações de pânico e ansiedade.

Importa ressalvar que a evidência científica é, à data de hoje, ainda escassa


em relação ao modelo de intervenção psicológica à distância, pelo que
embora os primeiros estudos apresentem sinais positivos, ainda não são
em número e abrangência suficiente para estabelecer taxativamente que
a consulta online é efetivamente eficaz em todas as patologias, e em todas
as pessoas.

Obviamente, há determinadas problemáticas ou determinadas pessoas para


as quais não indicamos este modelo de intervenção à distância. Em psicologia,
costumamos dizer que cada pessoa é um mundo diferente, e nós enquanto
profissionais temos que atender às circunstâncias dessa pessoa, à forma dela
ser, dela estar, à problemática, às necessidades dela, e também aos objetivos
da intervenção.

Lina Raimundo

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Mesmo assim, num contexto mais crítico, seja ele um confinamento forçado
ou até um imprevisto que impeça o paciente de se deslocar fisicamente
até ao consultório, a consulta online consegue manter um propósito e
contribuir para o bem-estar dos pacientes.

Entre essa pessoa não ter nenhum acompanhamento e não ter nenhum, é
sempre preferível ter. E há acompanhamentos que nós temos que o fazer
regularmente, semanalmente, e é muito importante que essa pessoa não
tenha uma quebra na intervenção psicológica. Aqui, temos de avaliação os
benefícios e os prejuízos para a pessoa.

- Lina Raimundo

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Consulta presencial vs Consulta online

Passamos agora a abordar as diferenças entre os dois ambientes de consulta,


com as devidas vantagens e desvantagens, de maneira a compreendermos
todas as circunstâncias envolvidas na transposição do contexto mais
tradicional para o digital.

A diferença mais óbvia é relativamente ao setting, pois a consulta não é


partilhada no mesmo espaço. Não obstante, a sensação de setting pode
conseguir-se na mesma, dependendo da experiência do terapeuta em
provocar isso em ambos os lados – não só no seu próprio espaço, onde
administra a consulta, mas garantindo igualmente que, do outro lado, os
clientes estão tão ou mais confortáveis do que se estivessem no consultório.

“O setting não é algo que acontece espontaneamente, devendo o psicólogo


preparar as condições que criem um ambiente favorável à terapia. É algo que
nós, profissionais, quando estamos no consultório já não pensamos nisso,
uma vez que o setting acaba por já estar montado, mas, quando estamos
numa consulta online, em cada caso devemos ser mais proativos e ter uma
estratégia para que funcione.”

- Luana Cunha Ferreira

A principal vantagem da consulta online diz provavelmente respeito


à acessibilidade, perante as dificuldades impostas pela distância e pela

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impossibilidade de deslocação dos doentes – e, aqui, podem realçar-se os
casos mais paradigmáticos de quem vive nas ilhas, no interior do país, fora
do país ou simplesmente numa região diferente.

A maior segurança, face ao contexto pandémico, é certamente outra grande


vantagem, permitindo que o acesso à terapia seja feito com a proteção e
cuidados que se impõem, o que aumenta a predisposição dos doentes
para a consulta.

A flexibilidade permitida pelo online favorece em grande medida o


agendamento de consultas por parte dos clientes, que mais facilmente
conseguem ajustar o seu horário para beneficiar de um acompanhamento
mais regular, de acordo evidentemente com as necessidades identificadas
pelo terapeuta.

A redução de custos é outro benefício não só para o terapeuta, que pode


dar consultas através de casa e não necessita de alugar um espaço e
de pagar despesas associadas, mas também para o cliente, pois não há
qualquer custo de deslocação implícito.

Alguns estudos já corroboram a evidência empírica reportada por vários


profissionais, de que a terapia online consegue ser mais focada e demora
menos tempo do que a presencial, podendo os profissionais marcar mais
consultas por dia e tratar com eficácia mais pacientes.

“Efetivamente não se perde tanto tempo. Consome-se menos tempo com o


início e a duração da terapia. Sobretudo no contexto atual, em que qualquer
situação presencial é sempre precedida de uma série de medidas de segurança
que acabam, depois, por resultar em perda de mais tempo. Mesmo em
relação a viagens, não há tempos de deslocação, não há carros a estacionar...
e naturalmente isso acaba por ser vantajoso. E depois, se o terapeuta souber
e for um bom veículo do modelo que pratica, nada impede que a consulta
online seja com qualidade e que cumpra todos os objetivos estipulados no
plano de tratamento.”

Paula Castilho Freitas


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Em suma, poderíamos listar as vantagens da consulta online da seguinte
forma:

• Acessibilidade maior;

• Permite ao psicólogo ampliar o seu mercado;

• Flexibilidade de horários;

• Menor perda de tempo;

• Redução de custos;

• Ausência de deslocações;

• Maior conforto e segurança.

No entanto, como nem tudo são vantagens no online, há logicamente


alguns constrangimentos associados.

“Quando os pacientes não têm câmara, ou não se ouvem bem, quando a


rede é má e a chamada vai abaixo, por exemplo, é muito difícil no contexto
terapêutico isso correr bem, pois são condições essenciais para a relação
terapêutica. A expressão não verbal, a atitude, a postura. São coisas que
não se medem com palavras, tem a ver com o sentir e com a ressonância, e
obviamente quando consigo ter uma imagem clara de como o cliente está,
inclusive com recursos a exercícios específicos, faz toda a diferença.”

- Paula Castilho Freitas


Com efeito, sem uma boa ligação à internet a teleconsulta torna-se
inexequível, comprometendo todo o processo terapêutico. A dependência
do sinal, muito embora existam cuidados e boas práticas para garantir uma
boa qualidade de internet, torna-se um fator de vulnerabilidade que, em
caso de quebras constantes de ligação, pode tornar-se um problema maior.

Por outro lado, enquanto que presencialmente, no consultório, é mais fácil


para o psicólogo ter o controlo sobre o setting instalado e o meio onde
se desenvolve a terapia, no online esse controlo é menor. Isto porque não
é possível controlar a 100% o que acontece do lado do cliente. E, se há

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clientes que envidam todos os esforços recomendados pelo terapeuta
para garantir o setting necessário ao bom desenvolvimento da consulta, a
verdade é que também há casos onde é necessário o psicólogo ser mais
insistente para que essas condições aconteçam.

“Há efetivamente alguns clientes em que a adesão ao setting não é imediata


e que não percebem a importância do meio envolvente. Por exemplo, clientes
que sentem necessidade de fazer outro tipo de tarefas enquanto estão em
consulta (ex: consultar o telemóvel). É uma situação que pode ser um pouco
difícil para o psicólogo endereçar, mas que deve ser abordada, porque se
estamos numa consulta é para estarmos presentes, cara a cara, numa relação
terapêutica intensa e não para estar a ter conversas ou atividades paralelas.”

Luana Cunha Ferreira

Resumindo, são estes os pontos em que a consulta online representa uma


desvantagem face à consulta presencial:

• Pode não funcionar com todos os pacientes, dependendo da


personalidade de cada um e também da perturbação que manifestam.

• Há aspetos da linguagem corporal que podem escapar ao psicólogo.

• Dependência da tecnologia para o sucesso das intervenções.

• Pacientes que não aderem convenientemente à terapia online


comprometem o sucesso do processo terapêutico.
• Dependendo dos casos, o estabelecimento de uma relação
terapêutica mais íntima entre psicólogo e paciente pode ser mais difícil.

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Boas práticas em teleconsulta

Após a diferenciação entre o contexto presencial e online, é


chegado o momento de passar à prática.

Após a diferenciação entre o contexto presencial e online, é


chegado o momento de passar à prática.

De maneira a garantir o sucesso da adaptação dos psicólogos


ao modelo de teleconsulta, e para facilitar a visualização das
boas práticas e erros a evitar, o Instituto CRIAP organizou
a informação necessária sob a forma de checklists práticas
que se dividem em três momentos: antes, durante e após a
teleconsulta.

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Checklist de boas práticas antes da consulta:

Ter um espaço adequado à realização da consulta


(silencioso, com luminosidade, com um assento confortável
e com um ambiente em redor que transpareça um aspeto
profissional para os clientes).

Ter um computador equipado com o software necessário


à videochamada.

Ter uma boa webcam e um bom microfone, para que o


cliente possa ver e ouvir bem o terapeuta.

Ter o computador ligado por cabo de rede à internet, e


não por wi-fi.

Explicar ao cliente a importância de estar, ele próprio, num


ambiente adequado, tranquilo e propício ao envolvimento
na terapia sem distrações.

Explicar ao cliente a importância de ter uma boa webcam


e microfone – na medida das suas possibilidades – e
recomendar-lhe inclusive algum equipamento.

Realizar uma sessão prévia de teste com o cliente, para


avaliar as condições existentes para a teleconsulta e
também para o cliente se habituar à plataforma.

Enviar por SMS, email ou WhatsApp o link para ele se


juntar à videochamada (caso seja necessário).

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Checklist de boas práticas durante a consulta:

Por força da distância física, investir mais no relacionamento


terapeuta-cliente, despendendo um cuidado extra
no arranque da sessão, em concreto no período de
aquecimento e “quebra-gelo” antes da sessão iniciar.

Manter especial atenção na linguagem corporal visível do


cliente.

Usar auriculares/headsets para não permitir que o


som seja audível em redor – gera maior segurança e
confidencialidade.

Garantir que o cliente está concentrado ao longo de toda


a sessão e que não está a desempenhar outras atividades
que o dispersem.

Colocar a sessão a gravar, caso seja necessário para o


processo terapêutico e exista o consentimento prévio do
cliente (obrigatório!).

Checklist de boas práticas após a consulta:

Questionar o cliente sobre como correu a consulta e ir


auscultando se ele está confortável com o modelo de
intervenção online.

Realizar o acompanhamento de follow-up ao paciente


por SMS, email ou WhatsApp, conforme a necessidade.

Rever os aspetos técnicos e terapêuticos da sessão que


possam ser melhorados nas sessões futuras.

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Plataformas para usar em teleconsulta

Se não há teleconsulta sem ligação há internet, o mesmo é válido para o


software. Ou seja, não há teleconsulta sem um programa, uma plataforma
de videochamada adequada para o efeito.

Na escolha da plataforma que vai utilizar, o psicólogo deve ter em atenção


alguns fatores:

• Simplicidade - a ferramenta deve ter uma interface o mais


simples de utilizar possível, uma vez que os clientes têm vários
níveis de conhecimento e habituação com o uso de tecnologias,
e uma ferramenta demasiado complexa pode fazê-los ficar
frustrados, desmotivados e, em último caso, fazê-los desistir da
terapia justificando que “não é para eles”.

• Funcionalidade – o programa deve permitir que os


participantes na videochamada possam ter uma webcam e
microfone ativos, para que seja possível manter uma interação visual
e auditiva. Não esquecer que quanto mais informação o terapeuta
tiver sobre o estado do cliente, mais eficaz será a intervenção. Outro
elemento a ter em consideração é a funcionalidade de gravação, a
qual também deverá estar contemplada, caso o terapeuta pretenda
recorrer a ela.

• Estabilidade – a plataforma deve ser estável na ligação que


mantém à internet. Há determinados softwares cuja programação
não é tão desenvolvida, o que provoca imprevistos como por
exemplo o programa fechar subitamente a meio da videochamada,
ou apresentar constantemente uma fraca qualidade de sinal. Se a
plataforma não for estável, não vai ser possível ver e ouvir o cliente
com qualidade a 100% ao longo de toda a sessão, significando isto

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que vai ver a imagem parada, desfocada (pixelizada) e com saltos
no tempo. Também o som será audível com cortes e não será
possível manter uma comunicação fluida. Por estes motivos, testar
e assegurar que se usa uma plataforma estável é fundamental.
Uma dica é procurar por plataformas já com uma presença forte
e há vários anos no mercado, o que em teoria significa que estão
mais desenvolvidas e funcionam melhor.

• Acessibilidade – por último, é igualmente um fator a


pensar a maneira como o cliente entrará na videochamada com o
terapeuta, podendo ser através da partilha de um endereço (link)
específico ou por chamada direta, consoante a plataforma.

Para auxiliar os profissionais na procura pelas melhores soluções neste


âmbito, o Instituto CRIAP realizou um pequeno estudo de mercado
através de uma análise com o Google Trends – aplicação que analisa o grau
de tendência de determinadas palavras ou expressões, conforme a sua
popularidade no momento.

Fonte: Google Trends

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Conforme é possível observar na imagem, esta análise tem por base a
comparação do grau de tendência entre 5 plataformas:

• Zoom

• Skype

• WhatsApp

• Microsoft Teams

• Google Trends

Sabemos que, devido à pandemia, a plataforma ZOOM banalizou-se e


tornou-se conhecida mundialmente, o que justifica a acentuação da linha
azul. Aliás, regra geral todas as plataformas acabaram por ter uma subida
de popularidade a partir de fevereiro de 2020.

A aplicação mais popular é mesmo o Whatsapp, a que corresponde a linha


amarela, embora seja uma aplicação essencialmente usada para chat e
chamada com amigos e familiares, no dia-a-dia.

Atentemos então na seguinte tabela, que reporta a quantificação do grau


de tendência para cada termo, sendo que quanto maior o número, maior
é a popularidade da plataforma.

Por inferência, é possível concluir que, sendo mais procurada, essa ferramenta
tem também maior utilização face às restantes – o que não implica
necessariamente que seja melhor! Convém sublinhar que o importante é
mesmo testar, pois cada caso pode ter particularidades diferentes, e o que
funciona bem para um psicólogo pode não funcionar tão bem para outro.

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GRAU DE TENDÊNCIA
PLATAFORMA
EM JANEIRO DE 2021
WhatsApp 81

ZOOM 33

Microsoft Teams 18

Skype 4

Google Meet 3

De modo geral, estas são as principais plataformas a nível mundial para a


realização de teleconsulta sob o modelo de videochamada, havendo umas
com maior ou menor utilização, dependendo dos casos.

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Vejamos o que têm a dizer as psicólogas entrevistadas a propósito das
ferramentas que têm vindo a utilizar, no decurso da sua atividade profissional.

“Eu normalmente utilizo o Skype para as consultas. Sinto que as pessoas ainda
estão mais familiarizadas com o Skype do que com o ZOOM, apesar do ZOOM
também funcionar na perfeição, e já o fiz através dessa plataforma. Também
conheço colegas que fazem pelo Whatsapp. Pessoalmente não sou muito
adepta do Whatsapp, porque sinto que não é uma aplicação tão profissional
em comparação com o ZOOM ou o Skype, visto que a usamos num contexto
mais vulgar, no nosso dia-a-dia. Mas é perfeitamente viável o Whatsapp, se o
cliente me disser que não consegue instalar o ZOOM ou o Skype... mas não é
uma prioridade.”

- Daniela Paninho

“Desde sempre usei o Skype. A partir do momento em que o ZOOM ficou mais
banalizado, tive acesso a uma conta profissional e efetivamente comecei a
usar muito mais o ZOOM. É mais fácil para mim e em termos de estabilidade
de rede parece-me sempre melhor, mas isto, lá está, é a minha experiência
empírica. O Skype estava a dar vários problemas, e alguns dos meus colegas
diziam o mesmo. Efetivamente, há alguns clientes com os quais tenho de fazer
a consulta pelo WhatsApp, que não adoro, porque em termos de segurança
parece-me menos seguro. E sobretudo porque estando no WhatsApp os
clientes estão no telemóvel, muitas vezes, e não no computador, e aí muitas
vezes a consulta interrompe-se porque alguém está a receber uma chamada.
O ecrã paralisa até a pessoa rejeitar a chamada, e mesmo quando recebe
mensagens...”

- Luana Cunha Ferreira

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“Trabalho sempre com base também naquilo que é mais confortável para
o cliente. Contudo, tenho vindo a trabalhar com estas plataformas de uma
forma mais regular: Skype, ZOOM, Whatsapp – há muitas pessoas que às
vezes estão em consultas dentro do carro; acabaram de sair do trabalho, por
exemplo, e estão dentro do carro, o que faz do WhatsApp bastante utilizado –
o Messenger e o Google Hangouts. Portanto, são estas as plataformas com as
quais trabalho mais. O que não quer dizer que não possam vir outros pedidos
e não possa trabalhar com outras plataformas.”

- Lina Raimundo

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A aposta dos psicólogos no meio digital

A aceleração dos processos digitais que abarcam hoje, também, as consultas


de psicologia e o trabalho do terapeuta permite levantar o véu ao tema da
presença online dos profissionais de psicologia.

Se tivermos em conta que o boca-a-boca tem sido um veículo privilegiado


de publicidade para os profissionais, que veem muitos clientes chegar ao
consultório por via da recomendação de amigos, colegas, familiares e até
mesmo de outros terapeutas, certo é que num cenário de isolamento e
confinamento é mais difícil haver condições para essa troca de impressões e
recomendações entre os indivíduos.

Neste sentido, cada vez mais os psicólogos têm vindo a sensibilizar-se para a
importância de ter uma presença ativa e forte no meio digital, seja por via de
um website onde podem apresentar os seus serviços, mas também por via
das redes sociais que, como é sabido, são um excelente canal de divulgação.

E a importância desta presença digital não se esgota num cenário crítico e


anormal, podendo depois continuar a ser uma fonte de atratividade e de
angariação de clientes, mesmo após todos os constrangimentos impostos
pela COVID-19.

“Eu uso estes meios mas, como já os uso há bastante tempo, acabei por não
alterar a minha presença digital por causa da pandemia. Mas sim, é uma ajuda
a nível comercial, embora efetivamente o boca-a-boca continue a funcionar.
Ainda são uma minoria as pessoas que nunca ouviram falar de mim, me
descobrem na internet e me decidem contactar. A maioria ainda é fruto do
boca-a-boca. Mas sim, penso que quanto maior for a informação disponível
sobre a nossa área online, e quanto mais diversificada for essa informação,
mais rica acaba por se tornar a nossa profissão.”

- Luana Cunha Ferreira

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Referências Bibliográficas

Por ordem de citação no E-Book

MOREIRA, Hugo; “Potenciadas pela pandemia, aumentaram as


consultas online de psicologia” - https://www.publico.pt/2020/11/19/
impar/noticia/potenciadas-pandemia-aumentaram-consultas-online-
psicologia-1939528

G.Andrews, A.Basu, P.Cuijpers, M.G.Craske P.McEvoy, C.L.English,


J.M.Newby; “Computer therapy for the anxiety and depression
disorders is effective, acceptable and practical health care: An updated
meta-analysis” - https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/
S0887618517304474?via%3Dihub

WAGNER, Birgit, HORN, Andrea B., MAERCKE, Andreas,


Hugo; “Internet-based versus face-to-face cognitive-behavioral
intervention for depression: A randomized controlled non-inferiority
trial” - https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/
S0165032713005120?via%3Dihub

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EBOOK

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