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RELATÓRIO FINAL
Dezembro, 2012
Ministério da Saúde
Com apoio do UNFPA e ICRH - Moçambique
LISTA DE AUTORES
2
SUMÁRIO EXECUTIVO
Com o objectivo de avaliar a percepção das utentes sobre a qualidade dos serviços de
planeamento familiar bem como o seu grau de satisfação sobre os mesmos, o Ministério da Saúde
realizou no último trimestre de 2011 um estudo que envolveu um total de 149 unidades sanitárias nas
onze províncias do país. A necessidade da realização deste estudo foi identificada na Estratégia de
Planeamento Familiar e Contracepção aprovada em 2010 pelo Ministério de Saúde.
Um total de 671 utentes participou deste estudo, arroladas aquando da sua saída da consulta de
planeamento familiar nas unidades sanitárias. Cerca de 60% das utentes encontravam-se na faixa etária
dos 15-30 anos e 24% não tinham frequentado nenhuma instituição de ensino. No que diz respeito a
ocupação, 67% referiram ser domésticas e 23% camponesas. Quanto a religião, 33% referiram professar
a religião católica e 18% a religião islâmica, sendo estas duas religiões as que foram mencionadas com
maior frequência pelas utentes entrevistadas.
A maioria das utentes entrevistadas referiu que demorava em média cerca de uma hora para
serem atendidas nas unidades sanitárias.
Quase a totalidade das mulheres (98%) referiu ter engravidado pelo menos 1 vez, em média,
cada mulher incluída no estudo teve 4 gravidezes anteriores e 22% relataram história de aborto
anterior.
O espaçamento entre as gravidezes foi a razão mais frequentemente invocada pelas mulheres
entrevistadas (76%) para o uso de algum método de planeamento familiar. A pílula (52%) e a
depoprovera (42%) foram os métodos preferencialmente mais apontados para a prevenção da gravidez.
Notou-se uma grande lacuna no uso dos métodos de longa duração como o Dispositivo Intra-Uterino
(DIU) sendo clara a necessidade de uma maior divulgação destes métodos entre as utentes dos serviços
de planeamento familiar bem como entre os profissionais de saúde. O uso dos preservativos masculinos
foi referido por apenas <1% das mulheres entrevistadas e o preservativo feminino não foi sequer
mencionado como método de planeamento familiar.
Cerca de 24% das mulheres entrevistadas referiram ter mudado de método de planeamento
familiar devido fundamentalmente à hemorragia que não cessava e à informação recebida de pessoas
próximas de que o método não era funcional. Cerca de 12% das mulheres entrevistadas mudaram de
método devido a falta deste na unidade sanitária e fizeram-no com mais frequência de depoprovera
para pílula e vice - versa.
3
Na interacção entre profissionais de saúde e utentes dos serviços de planeamento familiar,
cerca de 87% das mulheres entrevistadas referiram terem sido cumprimentadas pela provedora dos
serviços antes de iniciar a consulta, cerca de 64% questionadas sobre as suas preocupações, cerca de
59% terem sido explicadas pela provedora dos serviços se o método era ou não apropriado para elas,
35% referiram que a provedora dos serviços fez a promoção do preservativo feminino e 48% receberam
informação sobre ITS e HIV/SIDA. Apenas 45% das utentes afirmaram ter tido a oportunidade de fazer
perguntas para esclarecimento de aspectos que não compreendiam durante a consulta. Verificou-se
uma grande lacuna nas habilidades de comunicação interpessoal por parte dos profissionais afectos aos
serviços de planeamento familiar.
Durante o exame físico, apenas 23% das mulheres entrevistadas referiram que a provedora dos
serviços explicou sobre o procedimento que iria realizar, 14% afirmaram terem sido medidas a tensão
arterial e 15% feitas o exame vaginal.
Nem sempre os serviços foram oferecidos de forma integrada nas unidades sanitárias. O
aconselhamento e a testagem voluntária para HIV foram oferecidos a 36% das utentes entrevistadas das
consultas de planeamento familiar e o teste de sífilis à apenas 22%.
Cerca de 86% das utentes entrevistadas consideraram ter tido a sua privacidade respeitada
durante a consulta, no entanto, o facto de a porta ter permanecido aberta durante a consulta e a utente
ter permanecido descoberta durante todo o exame foram apontadas por cerca de 14% das utentes
como razões para considerarem que a sua privacidade não fora respeitada.
O nível de atenção das unidades sanitárias bem como o acesso a sessões de educação para
saúde antes das consultas de PF e a idade da utente entrevistada revelou não influenciar de forma
significativa no nível de satisfação destas.
No que refere a participação do homem nos serviços de planeamento familiar, uma grande
maioria de mulheres (72%) indicou preferir aceder aos serviços na companhia do marido ou do parceiro.
Em conclusão, o estudo revela um bom nível de satisfação das utentes com os serviços de
planeamento familiar prestados nas unidades sanitárias embora sejam apontados aspectos importantes
que mereçam atenção especial para sua correcção.
4
ÍNDICE
Página
LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS ...................................................................................................... 8
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 9
1. CONTEXTO............................................................................................................................................... 11
1.1 Justificativa do estudo ...................................................................................................................... 12
1.2 Objectivos ......................................................................................................................................... 12
1.3 Métodos ............................................................................................................................................ 12
1.3.1 Amostra das Unidades Sanitárias .............................................................................................. 12
1.3.2 Amostra de participantes nas Unidades Sanitárias ................................................................... 13
1.4 Colheita de dados e trabalho de campo ........................................................................................... 13
2. CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO ENTREVISTADA ............................................................................... 15
2.1 Unidades Sanitárias visitadas ............................................................................................................ 15
2.2 Distribuição geográfica das utentes entrevistadas por tipo de Unidades Sanitárias ....................... 15
2.3 Características das utentes entrevistadas ........................................................................................ 16
2.3.1 Idade das utentes....................................................................................................................... 16
2.3.2 Estado civil ................................................................................................................................. 16
2.3.3 Nível de escolaridade ................................................................................................................. 18
2.3.4 Ocupação das utentes entrevistadas dos serviços de planeamento familiar............................ 19
2.3.5 Distribuição das utentes entrevistadas por tipo de religião ...................................................... 20
2.3.6 Meio de transporte usado pelas utentes dos serviços de PF para se deslocarem às consultas 21
3. HISTÓRIA OBSTÉTRICA ............................................................................................................................ 22
3.1 História de gravidez anterior ............................................................................................................ 22
3.2 História de gravidez anterior por faixa etária ................................................................................... 23
3.3 História de abortos anteriores .......................................................................................................... 23
4. SERVIÇOS DE PLANEAMENTO FAMILIAR................................................................................................. 24
4.1 Motivo da procura dos serviços de planeamento familiar no dia da entrevista .............................. 24
4.2 Razões para as utentes entrevistadas estarem a fazer o planeamento familiar .............................. 24
4.3 Actual método de planeamento familiar usado pelas utentes......................................................... 26
4.4 Tempo de uso e mudança de método de planeamento familiar ..................................................... 27
4.5 Local de início do planeamento familiar ........................................................................................... 29
5
4.6 Acesso à Informação, Educação e Comunicação durante o tempo de espera para a consulta de PF
................................................................................................................................................................ 30
4.7 Condições de acolhimento no local de espera e na consulta de PF ................................................ 31
4.8 Aconselhamento sobre outras intervenções durante as consultas de Planeamento Familiar ........ 37
4.9 Exame físico oferecido durante a consulta de PF ............................................................................. 39
4.10 Tempo de espera para as utentes serem atendidas na consulta de PF ......................................... 40
4.11 Percepção da utente pelo respeito a sua privacidade nas consultas de PF ................................... 40
4.12 Percepção da utente sobre o nível de limpeza da Unidade Sanitária ............................................ 42
4.13 Grau de satisfação das utentes pelos serviços de PF prestados nas US ......................................... 43
4.14 Envolvimento do homem nas consultas de PF ............................................................................... 46
DISCUSSÃO .................................................................................................................................................. 49
CONCLUSÕES .............................................................................................................................................. 54
RECOMENDAÇÕES ...................................................................................................................................... 54
LIMITAÇÕES DO ESTUDO ............................................................................................................................ 55
IBLIOGRAFIA E NETOGRAFIA ....................................................................................................................... 56
ANEXO I TABELAS ADICIONAIS .................................................................................................................... 58
ANEXO II LISTA DAS UNIDADES SANITÁRIAS VISITADAS ............................................................................. 62
6
LISTA DE QUADROS E GRÁFICOS
Quadro 1: Unidades Sanitárias incluídas na amostra do estudo por tipo e província …………………………………………………………..15
Quadro 2: Distribuição geográfica das utentes entrevistadas dos serviços de PF por tipo de US …………………………………………16
Quadro 3: Distribuição geográfica das utentes entrevistadas por idade, estado civil e religião…………………….………………………17
Quadro 4: Frequência de alguma instituição de ensino por província e estado civil ……….………………………………......................18
Gráfico 1: Nível de escolaridade das utentes de PF ………………………………………………………………………………………………………......19
Quadro 5: Nível de escolaridade das utentes por idade, ocupação, e tipo de US……………………………………….………………...........19
Gráfico 2: Ocupação das utentes das consultas de PF………………………….……………………………..…….............................................20
Quadro 6: Religião professada pelas utentes …………………………………………………………………………………………………………...……….20
Gráfico 3: Meio de transporte usado pelas utentes para buscar os serviços de PF no dia da entrevista……………….................21
Quadro 7: História de Gravidez…………………………………………………………………………………………………………………….….…..................22
Quadro 8: Média de gravidezes anteriores por faixa etária…………………………………………………………………....…………...................23
Quadro 9: História de abortos anteriores por estado civil………………..…………………………………….…………………………...................23
Gráfico 4: Razões para a procura dos serviços de PF no dia da entrevista ……………………………………………………….…..................24
Quadro 10: Razões para as utentes estarem a fazer o PF por faixa etária ………………………………..………………..…….....................25
Gráfico 5: Razões para as utentes estarem a fazer o PF por estado civil…………………………………………………………..........…………..25
Gráfico 6: Razões para as utentes estarem a fazer o PF por tipo de ocupação das utentes……………..……………..............………..26
Quadro 11: Actual método de PF usado pelas por utentes por nível de escolaridade……………………………………………….27
Quadro 12: Mudança de métodos de PF………………………..........……………………………………………………….......................................27
Gráfico 7: Grau de satisfação com a quantidade de carteiras de pílulas recebidas, por nível de atenção e província.............28
Quadro 13: Local de início das consultas de PF por nível de atenção e província………………………………………………………………….29
Quadro 14: Utilização de material de apoio para IEC por nível de atenção e província..........……………………………………….…….30
Gráfico 8: Fonte de informação sobre a consulta de PF............................................................................................................31
Gráfico 9: Condições de acolhimento enquanto a utente aguardava pelo atendimento por nível de atenção….....…....……….32
Quadro 15: Acolhimento e informação sobre os métodos de PF por nível de atenção e província ……………………………………..33
Quadro 16: Interacção entre a utente e o/a provedor/a dos serviços por nível de atenção e província..................................34
Gráfico 10: Informação e explicação sobre o funcionamento de métodos de PF por província ……………………………………………35
Gráfico 11: Informação e explicação sobre o funcionamento de métodos de PF por nível de atenção ………………..................36
Gráfico 12: Nível de explicação da provedora de serviços sobre o início da utilização do método PF por faixa etária………….36
Quadro 17: Explicação sobre o funcionamento ou toma/uso dos métodos de PF por nível de atenção………..……..................37
Gráfico 13: Oferta de outros serviços durante a consulta de PF, por nível de atenção ............................................................38
Quadro 18: Oferta de outros serviços durante a consulta de PF, por província .......................................................................38
Quadro 19:Tipo de exame físico oferecido às utentes nas consultas de PF por nível de atenção e província .........................39
Quadro 20: Tempo de espera para as utentes serem atendidas na consulta de PF por província............................................40
Quadro 21: Percepção da utente pelo respeito a sua privacidade na consulta de PF, por nível de atenção e província ………41
Quadro 22: Percepção das utentes sobre o nível de limpeza da US por nível de atenção e província...... ……………………..…….42
Quadro 23.1: Grau de Satisfação geral das utentes pelas consultas de PF...............................................................................44
Quadro 23.2: Grau de satisfação geral das utentes pelas consultas de PF...............................................................................45
Gráfico 13: Desejo das utentes em serem acompanhadas pelo parceiro à consulta de PF por nível de escolaridade …..........46
Gráfico 14: Desejo das utentes em serem acompanhadas pelo parceiro à consulta de PF por faixa etária .......................……47
Quadro 24: Modificações necessárias para acolhimento a casais nas consultas de PF por nível de atenção e por província .48
7
LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS
8
INTRODUÇÃO
O Planeamento Familiar (PF) constitui uma intervenção chave para melhorar o estado de saúde
da mulher e da criança e incluindo a saúde da família. A promoção do planeamento familiar em países
com altas taxas de natalidade tem o potencial de reduzir em cerca de 32% a mortalidade materna e em
10% a mortalidade infantil (Cleland 2006).
O PF constitui um direito reprodutivo para o qual o seu acesso depende dentre outros factores
da escolha e do desejo das mulheres, casais e ou famílias. O processo da escolha e da adesão a este
serviço está intimamente ligado ao acesso à informação (OMS 2010) e também à percepção da
qualidade destes serviços de saúde por parte dos/as utentes.
9
Apesar destes esforços, a prevalência do uso de métodos modernos para a prevenção da
gravidez teve um crescimento muito lento, cerca de 1% anualmente nos últimos 30 anos nos países em
desenvolvimento (OMS 2005). Em Moçambique, a prevalência do uso de métodos modernos de PF tem
vindo a mostrar uma evolução bastante lenta. Dados provenientes dos Inquéritos Demográficos de
Saúde (IDS) ilustram que a prevalência do uso dos métodos de PF passou de 6% para 17% para todos os
métodos e de 5,1% para 11,7% para métodos modernos entre 1997 e 2003 enquanto os dados do IDS
2011 revelam uma taxa de prevalência contraceptiva de 11,3% para os métodos modernos. A
necessidade não satisfeita pelos métodos de planeamento familiar continua elevada e estimada em
22,3% (IDS 2011).
A satisfação dos/as utentes é um dos critérios usados para avaliar, monitorar e melhorar a
qualidade dos serviços prestados nas unidades sanitárias (US). Ela pode ser medida tomando em
consideração várias dimensões como: (i) disponibilidade, acesso e adequação dos serviços, (ii)
competências técnicas dos provedores dos serviços, (iii) comunicação interpessoal e (iv) espaço físico
onde os serviços são prestados. Vários estudos questionam se a percepção e opinião dos/as utentes
reflecte em alguma medida sobre as competências técnicas dos/as provedores/as dos serviços ou
apenas sobre as habilidades interpessoais. Alguns estudos sugerem que algumas características
demográficas e clínicas dos/as utentes podem estar mais fortemente associadas a satisfação que a
qualidade técnica dos serviços prestados (Nabbuye-Sekandi J et al 2011).
Com vista a avaliar a percepção das utentes sobre a qualidade dos serviços de PF prestados nas
US do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em Moçambique, o MISAU em colaboração com o Fundo das
Nações Unidas para a População (UNFPA) realizou no último trimestre de 2011 um estudo a nível
nacional baseado em entrevistas com as utentes destes serviços aquando da sua saída da US. A análise
dos dados também contou com o apoio do Centro Internacional de Saúde Reprodutiva (ICRH-
Moçambique).
10
1. CONTEXTO
A esperança de vida é de 50.9 anos e a taxa de crescimento anual da população entre 2001 e
2007 foi de 2.5%.O nível de fecundidade apenas experimentou declínio nos últimos 50 anos. A taxa
global de fecundidade diminuiu de um nível de 7,1 filhos por mulher em 1950 para 5,9 filhos em 2011
(IDS 2011).
Os indicadores de saúde da criança tem mostrado alguma melhoria nos últimos anos com
destaque para a redução significativa da mortalidade infantil e infanto-juvenil. Ao analisar as tendências
desde 1997 à 2011 verifica-se que (i) a taxa de mortalidade infantil mostrou uma redução de 143/1.000
nados vivos em 1997 para 101/1.000 em 2003 e para 64/1.000 em 2011 por seu turno a mortalidade
infanto-juvenil reduziu de 245.3/1000 em 1997, para 154/1.000 nados vivos em 2003 e para 95/1.000
em 2011 (IDS- 1997, 2003 e 2011).
Relativamente ao rácio da mortalidade materna, a tendência foi decrescente entre os anos 1997
estimada em 690 mortes em 100.000 nascimentos vivos (IDS 1997) para 408 óbitos em 100.000
nascimentos vivos em 2003 (IDS 2003). No entanto, as últimas estimativas resultantes do último Censo
Geral da População apontam para um rácio de cerca de 500 óbitos em cada 100.000 nascimentos vivos.
Outras estimativas provenientes da OMS/UNFPA (OMS 2010) e outra publicada em 2010 na revista
Lancet (Hogan, 2010) também apresentam estimativas acima de 500 óbitos em cada 100.000
nascimentos vivos. Independentemente do valor exacto das estimativas da mortalidade materna, as
diferentes fontes revelam pouco avanço na redução da mortalidade materna em Moçambique e
apontam para um rácio bastante alto e com grandes disparidades entre as províncias.
O Serviço Nacional de Saúde de Moçambique compreende uma rede sanitária composta por
1,386 US, sendo 3 hospitais centrais, 7 hospitais provinciais, 9 hospitais gerais, 1 hospital especializado,
32 hospitais rurais, 16 hospitais distritais, 141 Centros de Saúde (CS) rurais do tipo I, 783 do tipo II, 43 CS
urbano tipo A, 28 CS urbanos tipo B, 57 CS urbano tipo C, e 275 postos de saúde (MISAU 2011).
11
1.1 Justificativa do estudo
1.2 Objectivos
O objectivo geral do estudo é avaliar a percepção das utentes sobre a qualidade dos serviços de
planeamento familiar prestados nas unidades sanitárias do Serviço Nacional de Saúde em Moçambique.
i) Avaliar as características sócio demográficas das utentes dos serviços de planeamento familiar;
ii) Estudar as motivações para a procura e as barreiras para o acesso aos serviços de planeamento
familiar;
iii) Avaliar a percepção das utentes sobre a qualidade dos serviços de planeamento familiar
oferecidos; e
iv) Produzir recomendações para a melhoria da qualidade de serviços de planeamento familiar
prestados em Moçambique.
1.3 Métodos
Foram incluídas no universo da população das US, todas as unidades sanitárias que oferecem
consultas externas de PF rotineiramente, nomeadamente: hospitais rurais, CS do tipo I e II, postos de
saúde e na sequência foi seleccionada uma amostra representativa, estratificada por província e por tipo
de US. As US foram divididas em 4 grupos:
12
“Classe” 1 – Hospitais rurais
“Classe” 2 – CS do tipo I e CS urbano A
“Classe” 3 – CS rural do tipo II e CS urbano B
“Classe” 4 – Postos de saúde e CS urbano C
Nota: Foram excluídas desta amostra as US de referência (Hospitais Gerais, Provinciais e Centrais).
As US da “Classe” 1 foram seleccionadas com, o valor de p (sel) = 1.00; isto é, todos os hospitais
rurais foram seleccionados com 100% de probabilidade de selecção.
Para as restantes classes, a amostra seleccionada foi estratificada por província e “Classe”,
utilizando a seguinte fórmula:
n = tamanho da amostra;
N = tamanho do universo;
Z = valor Z, equivalente a 1.96 se usado um nível de confiança de 95%;
p = Proporção da característica pesquisada na população a investigar, neste caso assumiu-se um p= 0.8,
pois cerca de 80% das US oferecem a consulta de planeamento familiar; sendo que (q = 1 – p);
Ɛ= Margem de erro ou erro máximo de estimativa. Identifica a diferença máxima entre a proporção
amostral e a verdadeira proporção (6%);
Do total de 1.338 US elegíveis, resultou na selecção aproximada de 174 US para o estudo. Todas
as US de classe 2, 3 e 4 foram integradas de forma aleatória e sistematicamente seleccionadas dentro de
cada estrato provincial.
Uma vez seleccionada a US, a equipa de inquiridores procedeu a selecção da amostra para a
entrevista, para a qual foram arroladas todas as mulheres que deixavam ou que estavam prestes a
deixar o serviço de PF nas US seleccionadas.
A estimativa diária de mulheres necessárias para a entrevista foi calculada em cada US. O
inquiridor colheu o nº de utentes que procuraram as consultas de PF nos últimos 7 dias úteis e dividiu
Após uma prévia formação no MISAU, foi enviada a cada província, uma equipa de inquiridores
constituídos por 3 enfermeiras de Saúde Materna e Infantil (SMI) e um médico.
13
Para o processo de colheita de dados foi disponibilizado um guião explicativo das diferentes
etapas e os médicos foram treinados para validarem os questionários. O médico desempenhava as
funções de supervisor de equipa de forma a garantir a qualidade de recolha dos dados no local.
Foram entrevistas mulheres que após a explicação dos objectivos do estudo e leitura do
consentimento informado concordaram em participar da pesquisa.
14
2. CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO ENTREVISTADA
Do total de 174 unidades sanitárias seleccionadas para a amostra, foi possível incluir na análise
149 US, correspondendo a 85% da amostra calculada. As razões de exclusão de algumas US estão
relacionadas com a não prestação de serviços de planeamento familiar e/ou ausência de provedor de
serviços de PF na altura de realização do inquérito, e com problemas nas vias de acesso durante o
período da realização da avaliação.
Por nível de atenção, foram visitadas 129 US de nível primário (postos de saúde e CS de tipo I e
II) e 20 US do nível secundário (hospitais rurais). As US que compuseram a amostra do estudo por tipo e
província são apresentadas no Quadro 1.
2.2 Distribuição geográfica das utentes entrevistadas por tipo de Unidades Sanitárias
No total foram entrevistadas 671 mulheres dos serviços de PF (Quadro 2), tendo na sua maioria
sido entrevistadas na província de Nampula com 108 (16%) e seguida de Zambézia com 87 (13%). No
que concerne ao tipo de US, o maior número de utentes, contabilizadas em 366 (54%) foram
entrevistadas aquando da sua saída dos serviços de PF nos CS do tipo II seguidos pelos hospitais rurais
com 121 (18%), CS de tipo I com 98 (15%) e postos de saúde com 86 (13%).
15
Quadro 2: Distribuição geográfica das utentes entrevistadas dos serviços de PF por tipo de US
Centro de Centro de Posto de Hospital Rural Total
Província Saúde I Saúde II Saúde n
Niassa 7 35 8 9 59
Cabo Delgado 10 41 4 21 76
Nampula 16 42 24 26 108
Zambézia 0 74 5 8 87
Tete 3 39 0 12 54
Manica 15 23 0 0 38
Sofala 11 13 9 17 50
Inhambane 6 28 2 16 52
Gaza 15 29 26 9 79
Maputo Província 8 26 8 3 45
Maputo Cidade 7 16 0 0 23
Total 98 366 86 121 671
Cerca de 42% das utentes entrevistadas encontravam-se na faixa etária dos 21-30 anos com um
pico de mulheres na faixa etária dos 21-25 anos. Contudo, mereceu destaque a constatação de uma
fracção de utentes entrevistadas dos serviços de PF que se encontravam na faixa etária de menores de
15 anos (cerca de 5%) e de uma grande proporção de mulheres que não conheciam a sua idade (cerca
de 16%).
Das utentes entrevistadas, a grande maioria referiu ser casada ou viver maritalmente (77%).
16
Quadro 3: Distribuição geográfica das utentes entrevistadas, por idade, estado civil e religião.
Província Total
Características Niassa Cabo Nampula Zambézia Tete Manica Sofala Inhambane Gaza Maputo P Maputo (%)
Delgado C
Idade (Percentagem)
≤15 anos 0 33 0 0 0 33 0 0 33 0 0 3 (0)
16 – 20 anos 10 18 16 11 10 4 9 5 11 4 1 91 (14)
21 -25 anos 7 8 22 11 8 8 6 3 11 13 3 155 (23)
26 – 30 anos 8 10 20 11 7 4 6 7 12 8 7 127 (19)
31 – 35 anos 2 19 15 6 9 2 6 13 18 4 5 94 (14)
36 – 40 anos 4 20 20 9 1 3 12 7 17 6 0 69 (10)
41 – 45 anos 0 5 19 14 0 5 14 24 5 5 10 21 (3)
≥6 anos 0 0 25 0 0 0 0 0 25 50 0 4 (0)
Sem informação 22 0 1 29 14 9 7 10 5 0 2 107 (16)
Religião (Percentagem)
Católica 12 19 17 23 5 3 5 5 4 2 3 220 (33)
Islâmica 17 26 43 3 2 3 2 3 3 0 0 120 (18)
Zione/Sião 3 1 7 4 4 7 3 18 30 15 7 71 (11)
Evangélica/Pentec 0 0 6 11 19 10 1 18 18 7 10 94 (14)
Anglicana
ostal 8 0 15 8 8 15 0 0 38 0 8 13 (2)
Sem Religião 0 0 12 9 30 18 15 6 6 3 0 33 (5)
Outra 4 1 0 15 8 4 28 5 13 21 1 100 (15)
Sem informação 25 5 15 0 0 5 0 0 50 0 0 20 (3)
Total 9 11 16 13 8 6 7 8 12 7 3 671
17
2.3.3 Nível de escolaridade
Um total de 501 mulheres, o que corresponde a 75% das entrevistadas, referiu ter frequentado
alguma vez uma escola (Quadro 3), sendo esta frequência mais alta na província de Maputo e na Cidade
de Maputo com 93% e 87% respectivamente e, mais baixa na província de Cabo Delgado com apenas
63%, seguida de Tete com 65%. Cerca de ¼ (24%) das mulheres entrevistadas referiu nunca ter
frequentado qualquer instituição de ensino na sua vida.
Das utentes que responderam ter alguma vez frequentado alguma escola, 65% referiu ter
completado o nível de ensino primário, 27% o nível secundário, 7%o nível de alfabetização e apenas
uma utente entrevistada na cidade de Maputo referiu o nível superior como a escolaridade mais alto
atingido.
Província
Niassa 41 69.5 17 28.8 1 1.7 59
Cabo Delgado 48 63.2 28 36.8 0 0.0 76
Nampula 73 67.6 32 29.6 3 2.8 108
Zambézia 72 82.8 14 16.1 1 1.1 87
Tete 35 64.8 18 33.3 1 1.9 54
Manica 25 65.8 13 34.2 0 0.0 38
Sofala 40 80.0 10 20.0 0 0,0 50
Inhambane 38 73.1 14 26.9 0 0.0 52
Gaza 67 84.8 8 10.1 4 5.1 79
Maputo Província 42 93.3 3 6.7 0 0.0 45
Maputo Cidade 20 87.0 3 13.0 0 0.0 23
Estado civil
Solteira 88 80.7 21 19.3 0 0.0 109
Casada 91 79.1 23 20.0 1 0.9 115
Vive Maritalmente 294 73.7 101 25.3 4 1.0 399
Divorciada 13 61.9 8 38.1 0 0.0 21
Viúva 7 58.3 4 33.3 1 8.3 12
Sem informação 8 53.3 3 20.0 4 26.7 15
Total 501 74.7 160 23.8 10 1.5 671
18
Gráfico 1: Nível escolaridade das utentes dos serviços de PF
Quadro 5: Nível de escolaridade das utentes por idade, ocupação e tipo de US.
Sem Total
Características Nenhum Alfabetização Primário Secundário Superior
informação n
Idade (Percentagem)
16 – 20 anos 11.0 1.1 52.7 33.0 0.0 2.2 91
21 -25 anos 11.6 3.9 43.9 40.6 0.0 0.0 155
26 – 30 anos 18.9 4.7 56.7 18.1 0.8 0.8 127
31 – 35 anos 27.7 6.4 52.1 12.8 0.0 1.1 94
36 – 40 anos 30.4 5.8 53.6 8.7 0.0 1.4 69
41 – 45 anos 14.3 0.0 71.4 14.3 0.0 0.0 21
>=46 anos 25.0 50.0 25.0 0.0 0.0 0.0 4
Sem informação 53.3 8.4 31.8 0.0 0.0 6.5 107
Ocupação (Percentagem)
Doméstica 22.9 6.8 52.5 17.8 0.0 0.0 118
Estudante 2.6 3.9 25.0 68.4 0.0 0.0 76
Camponesa 30.7 5.4 53.5 8.3 0.0 2.1 387
Funcionária Pública 22.2 0.0 27.8 50.0 0.0 0.0 18
Conta Própria 12.9 3.2 48.4 35.5 0.0 0.0 31
Empregada 0.0 0.0 50.0 44.4 5.6 0.0 18
Outra 0.0 0.0 83.3 16.7 0.0 0.0 6
Sem informação 23.5 5.9 29.4 17.6 0.0 23.5 17
19
2.3.4 Ocupação das utentes entrevistadas dos serviços de planeamento familiar
A maior parte (cerca de 58%) das utentes entrevistadas eram camponesas, seguidas de
domésticas (cerca de 18%) e de estudantes (cerca de 11%). O Gráfico 2 que se segue ilustra a
caracterização das entrevistadas por tipo de ocupação.
20
2.3.6 Meio de transporte usado pelas utentes dos serviços de Planeamento Familiar para se
deslocarem às consultas
No dia da entrevista, cerca de 82% das utentes entrevistadas dos serviços de PF deslocaram-se a
pé para a US (Gráfico 3) e outros meios de transporte mais comummente usados foram o carro próprio
(8%) e a bicicleta (7%). A informação geral sobre os meios de transportes usados pelas utentes
entrevistadas para buscarem os serviços de PF nas US no dia da entrevista é apresentada no Gráfico 3 e
por província é apresentada no Quadro A.1 no anexo 1.
Gráfico 3 : Meio de transporte usado pelas utentes para buscar os serviços de PF na US no dia da entrevista
21
3. HISTÓRIA OBSTÉTRICA
22
3.2 História de gravidez anterior por faixa etária
As mulheres na faixa etária dos 36-45 anos apresentaram em média uma história de mais de 7
gravidezes anteriores (Quadro 8). Outro aspecto de realce foi de uma média acima de duas gravidezes
anteriores verificada em utentes na faixa etária de menores de 20 anos.
Média Total
Idade n
<=15 anos 1.33 3
16 – 20 anos 2.09 89
21 -25 anos 2.79 151
26 – 30 anos 4.01 127
31 – 35 anos 5.40 93
36 – 40 anos 7.10 67
41 – 45 anos 7.70 20
>=46 anos 5.00 4
Sem informação 5.49 101
Total 4.31 655
Dentre as mulheres que referiram ter estado alguma vez grávidas, 22% relataram uma história
de abortos anteriores, e a proporção foi maior entre as mulheres casadas ou que viviam maritalmente.
Em média cada mulher referiu ter tido 1,3 abortos. A história de abortos anteriores de acordo com o
estado civil é apresentada no Quadro 9.
Nota: Em 13 casos não foi possível obter informação sobre abortos anteriores
23
4. SERVIÇOS DE PLANEAMENTO FAMILIAR
Quando questionadas sobre as razões pelas quais decidiram fazer o PF, 76% de mulheres
entrevistadas referiram como objectivo principal o espaçamento entre as gravidezes, cerca de 13% o
facto de não quererem ter mais filhos e 8% não deviam ter mais filhos (devido ao Alto Risco Obstétrico-
ARO) e apenas 1% queria adiar o início da maternidade. Estas razões foram independentes da faixa
etária, estado civil e ocupação.
Apenas 2% dos adolescentes e jovens na faixa etária dos 16-20 anos referiu a necessidade de
adiar o início da maternidade. (Quadro 10).
24
Quadro 10: Razões para as utentes estarem a fazer o PF por faixa etária
Porque não deve Porque quer fazer Porque não Porque quer adiar o
mais engravidar (é espaçamento entre quer ter início da maternidade Total
Idade ARO) as gravidezes mais filhos (%)
n
(%) (%) (%)
As trabalhadoras por conta própria (23%) e as funcionárias públicas (18%) foram as que mais
referiram não quererem ter mais filhos. As razões para as utentes entrevistadas estarem a fazer o PF por
tipo de ocupação são apresentadas no Gráfico 6.
25
Gráfico 6: Razões para as utentes entrevistadas estarem a fazer o PF por tipo de ocupação
Cerca de 52% das mulheres entrevistadas referiu a pílula como sendo o método preferido para
prevenir a gravidez, seguida da depoprovera (42%) e amamentação (4%). Não se se verificou diferença
de opinião entre as mulheres de acordo com o seu estado civil e nível de escolaridade (Anexo A).
Quando feita a análise por nível de escolaridade das utentes entrevistadas, verificou-se que a
amamentação como método de contracepção preferido foi mais referida entre as mulheres com nível
primário (cerca de 38%) seguida de mulheres sem nenhum nível de escolaridade (31%). A informação
sobre o actual método de PF usado pelas utentes por nível de escolaridade é apresentada no Quadro 11
e por estado civil no Quadro A.2 no anexo 1.
26
Quadro 11: Actual método de PF usado pelas utentes por nível de escolaridade
Dentre as mulheres que trocaram de método, verificou-se que 65% das que referiram ter
mudado para pílula antes utilizavam a depoprovera e das que migraram para a depoprovera 58%
usavam a pílula. As informações sobre mudanças de métodos de PF são apresentadas no Quadro 12.
Depoprovera
Preservativo
Preservativo
Abstinência
tradicionais
sexual (%)
masculino
Total
Métodos
feminino
Método PF actual
Pílula
DIU
(%)
(%)
(%)
(%)
(%)
(%)
(%)
Abstinência sexual 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0
Amamentação 14.3 0.0 14.3 14.3 0.0 42.9 14.3 0.0 7
Pílula 9.6 8.4 4.8 10.8 1.2 0.0 65.1 0.0 83
Depoprovera 1.8 12.3 5.3 10.5 12.3 57.9 0.0 0.0 57
DIU 0.0 0.0 100.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1
Preservativo
0.0 100.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1
masculino
Preservativo feminino 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0
Sem informação 0.0 50.0 0.0 0.0 0.0 50.0 0.0 0.0 2
Total 6.6 10.6 6.0 10.6 5.3 24.5 36.4 0.0 151
27
As principais razões referidas para a mudança do método de PF foram: (i) hemorragia referida
por 36% das mulheres entrevistadas que usavam a pílula e por 27% que usavam depoprovera; (ii)
informação recebida de amigas de que o método não era funcional, em 50% das utentes entrevistadas
que usavam métodos tradicionais, em 33% que faziam abstinência sexual e em 23% que usavam o
preservativo masculino; (iii) a falta do método de PF na US no dia da entrevista foi mencionada por 11%
de mulheres que buscavam a pílula e 27% das que buscavam depoprovera.
As utentes entrevistadas nos hospitais rurais (cerca de 63%) referiram maior nível de satisfação
com a quantidade de carteiras de pílulas recebidas nas consultas de PF quando comparadas com as
entrevistadas noutros níveis de atenção. O grau de satisfação relativa a quantidade de carteiras pílulas
recebidas por nível de atenção e província é apresentado no Gráfico 7.
Gráfico 7: Grau de satisfação com a quantidade de carteiras de pílulas recebidas por nível de atenção e província
28
4.5 Local de início do planeamento familiar
A maior parte das mulheres entrevistadas (86%) referiu ter iniciado as consultas de PF na actual
US onde se encontravam e 6% das mulheres eram oriundas de uma outra US. Destas, apenas 31%
trouxeram uma guia de transferência da US de procedência, 80% das entrevistadas não conheciam as
razões da sua referência, 4% mencionaram não ter ficado satisfeitas com a atenção oferecida na US de
proveniência e 9% referiram que a US não dispunha de métodos anticonceptivos. As informações
relativas ao local de início das consultas de PF por nível de atenção e província são apresentadas no
Quadro 13.
Quadro 13: Local de início das consultas de PF por nível de atenção e província
Província
Niassa 83.1 8.5 8.5 59
Cabo Delgado 92.1 7.9 0.0 76
Nampula 86.1 0.9 13.0 108
Zambézia 93.1 5.7 1.1 87
Tete 92.6 7.4 0.0 54
Manica 89.5 0.0 1.5 38
Sofala 92.0 6.0 2.0 50
Inhambane 88.5 7.7 3.8 52
Gaza 64.6 3.8 31.6 79
Maputo Província 75.6 24.4 0.0 45
Maputo Cidade 91.3 0.0 8.7 23
Total 85.7 6.3 8.0 671
29
4.6 Acesso à Informação, Educação e Comunicação (IEC) durante o tempo de espera para a
consulta de Planeamento Familiar
Durante o tempo em que as utentes esperavam pela consulta de PF, apenas 22% referiram ter
tido acesso a uma palestra e destas, 66% referiram que a enfermeira utilizou cartazes ou outro material
de IEC como suporte da sua palestra.
Por nível de atenção, foram os hospitais rurais (com cerca de 84%) e postos de saúde (com cerca
de 79%) os locais com maior frequência de mulheres entrevistadas a referir que a enfermeira utilizou
material de IEC para complementar a sua sessão de educação param a saúde. Por província, destaca-se
Nampula onde a totalidade das entrevistadas (100%) referiram o uso de cartazes ou outro material de
IEC por parte das enfermeiras/profissionais de saúde durante as sessões de educação para a saúde. As
informações relativas a utilização de material de apoio para IEC por nível de atenção e província são
apresentadas no Quadro 14.
Quadro 14: Utilização de material de apoio para IEC por nível de atenção e província
Utilizou
Não utilizou Sem
cartazes ou Total
Características cartazes ou outro informação
outro material n
material (%) (%)
(%)
Tipo de US
Hospital Rural 84.4 12.5 3.1 32
Centro de Saúde I 50.0 50.0 0.0 8
Centro de Saúde II 57.5 42.5 0.0 87
Posto de Saúde 78.6 21.4 0.0 28
Total 66.5 32.9 0.6 155
Província
Niassa 95.7 4.3 0.0 23
Cabo Delgado 33.3 66.7 0.0 9
Nampula 100.0 0.0 0.0 21
Zambézia 40.9 59.1 0.0 22
Tete 20.0 80.0 0.0 5
Manica 12.5 87.5 0.0 8
Sofala 75.0 25.0 0.0 12
Inhambane 71.4 21.4 7.1 14
Gaza 70.6 29.4 0.0 34
Maputo Província 50.0 50.0 0.0 2
Maputo Cidade 40.0 60.0 0.0 5
Quanto a fonte de informação para a procura dos serviços de PF, o maior destaque foi dirigido
aos profissionais de saúde que foram mencionados por cerca de 69% das utentes entrevistadas como
sendo a principal fonte de informação seguida dos amigos/as com cerca de25% e da rádio com cerca
30
de15% (Gráfico 8). Os parentes mais próximos parecem não ser uma fonte de informação relevante
sobre a necessidade de se fazer o PF; como: namorados (<1%), sogras (1%), mães (4%) e maridos (13%)
que foram mencionados com menor frequência pelas utentes entrevistadas como fonte de informação
para a procura dos serviços de PF. Note-se que para esta questão existia a possibilidade de respostas
múltiplas por parte das utentes.
A maioria das mulheres entrevistadas referiu esperar num banco ou cadeira antes de ser
atendida na consulta de PF, e que lhe foi disponibilizada uma cadeira para se sentar antes do início da
consulta. Os postos de saúde ofereceram menos condições às mulheres para aguardarem sentadas. As
condições de acolhimento das utentes entrevistadas enquanto aguardavam pelo atendimento na US são
apresentadas no Gráfico 9.
31
Gráfico 9: Condições de acolhimento enquanto a utente aguardava pelo atendimento por nível de atenção
Analisando por tipo de US, verificou-se que os CS do tipo I (cerca de 89%) e do tipo II (80%)
quando comparadas com outras US foram os locais em que as utentes entrevistadas apresentaram
menores níveis de acolhimento e informação sobre os métodos de contracepção nos serviços de PF.
Contudo, os postos de saúde (cerca de 94%) foram os que melhor se destacaram nesta vertente.
32
Quadro 15: Acolhimento e informação sobre os métodos de contracepção por nível de atenção e província
O profissional
O profissional explicou quais
O profissional O profissional
O profissional perguntou são os
ofereceu uma explicou as
cumprimento sobre as métodos de
cadeira para a vantagens de
u a utente preocupações contracepção Total
Características utente se fazer o PF
antes de da utente disponíveis na n
sentar antes de (para a mulher
iniciar a antes de US, suas
iniciar a e o seu bebé)
consulta (%) começar a características
consulta (%) (%)
examina-la (%) e modo de
acção (%)
Tipo de US
Hospital Rural 92.6 90.9 66.9 86.0 72.7 121
Centro de Saúde I 88.8 81.6 63.3 70.4 56.1 98
Centro de Saúde 88.0 85.0 58.2 60.9 57.7 366
II
Posto de Saúde 94.2 96.5 81.4 86.0 83.7 86
Província
Apenas 45% das entrevistadas afirmaram ter tido a oportunidade de fazer perguntas para
esclarecimento de aspectos que não compreendiam durante a consulta e, destas 94% referiram ter
compreendido as respostas que tiveram da profissional de saúde. Contudo, mais da metade das
mulheres entrevistadas (59%) mencionou que após escolher o método que desejava usar foi-lhes
explicada se este era ou não adequado para o seu uso.
Nos CS do tipo I (cerca de 47%) e do tipo II (cerca de 58%) foram os locais onde as utentes
entrevistadas mencionaram ter tido menos explicação sobre a adequação do método escolhido, e
Manica, a província onde as utentes (cerca de 32%) referiram ter recebido menos tal explicação.
Cerca de 35% das mulheres entrevistadas que procuraram os serviços de PF nas US referiram ter
sido informadas pela profissional de saúde sobre a disponibilidade do preservativo feminino como
33
método contraceptivo e cerca de 23% afirmaram ter deixado a US sem que tenham sido informadas
sobre a data da próxima consulta.
Quadro 16: Interacção entre a utente e o/a provedor/a dos serviços de PF por nível de atenção e província
A Parteira /
Enfermeira
A Utente A Parteira
explicou se A Parteira
A utente teve compreendeu /Enfermeira
o método /Enfermeira
oportunidade de as respostas explicou sobre
que a disse quando
fazer perguntas às suas a Total
Características utente tinha que
ou de esclarecer perguntas e disponibilidade n
escolheu voltar para a
dúvidas que as explicações do
era ou não próxima
tinha (%) dadas às suas preservativo
apropriado consulta (%)
dúvidas (%) feminino (%)
para ela
(%)
Tipo de US
Hospital Rural 45.5 98.2 62.8 41.3 74.4 121
Centro de 45.9 93.3 46.9 32.7 68.4 98
Saúde
CentroI de 43.4 93.1 57.7 31.7 81.1 366
Saúde II
Posto de 51.2 95.5 72.1 40.7 75.6 86
Saúde
Província
Uma percentagem significativa de mulheres entrevistadas (70%) no âmbito deste estudo referiu
ter sido informada sobre a disponibilidade do método contraceptivo solicitado na US e um pouco mais
da metade (cerca de 59%) ter sido explicada sobre o funcionamento do método escolhido e sobre a
adequação para elas.
34
A província de Sofala foi o local onde uma grande maioria de utentes entrevistadas (94%)
afirmou ter sido informada sobre a disponibilidade do método de PF na US e sobre o seu funcionamento
e adequabilidade.
Gráfico 10: Informação sobre a disponibilidade dos métodos de PF e explicação sobre o seu funcionamento por província
35
Gráfico 11: Informação sobre a disponibilidade dos métodos de PF e explicação sobre o seu funcionamento por nível de
atenção
Cerca de 16% das utentes dos serviços de PF entrevistadas referiram que no início da utilização
do actual método, a profissional de saúde não explicou convenientemente sobre o funcionamento do
mesmo ou a forma do seu uso. A proporção de utentes entrevistadas (cerca de 44%) que mais referiu
esta falta de informação encontra-se na faixa etária de menores de 15 anos (Gráfico 11).
Gráfico 12: Nível de explicação da provedora dos serviços no início da utilização do método de PF, por faixa
36
Os hospitais rurais foram os locais onde as utentes entrevistadas afirmaram ter recebido menos
explicação sobre o funcionamento ou a forma da toma/uso dos diferentes métodos de PF. A explicação
sobre o funcionamento ou toma/uso dos métodos de PF é apresentada no Quadro 17.
Quadro 17: Explicação sobre o funcionamento ou toma/uso dos métodos de PF, por nível de atenção
Durante as consultas de PF, apenas 48% de utentes entrevistadas referiram ter recebido
informações sobre as Infecções de Transmissão Sexual (ITS) e HIV/SIDA. O aconselhamento sobre a
testagem para o HIV e a sífilis também apresentou desafios, com apenas 36% e 22% de utentes
respectivamente referindo terem sido aconselhadas.
Os postos de saúde foram os locais onde as utentes entrevistadas (cerca de 59%) referiram ter
recebido mais frequentemente informações sobre as ITS/SIDA contrariamente aos CS do tipo II (cerca de
39%). O aconselhamento para a realização do teste de HIV foi feito maioritariamente a mulheres
entrevistadas (cerca de 46%) nos CS do tipo I e menos nos CS do tipo II (cerca de 31%). O teste de sífilis
foi oferecido maioritariamente a utentes entrevistadas no hospital rural (cerca de 29%) ao contrário das
utentes dos CS do tipo II (cerca de 17%). A informação referente a oferta de outros serviços às utentes
durante a consulta de PF por nível de atenção é apresentada no Gráfico 12.
37
Gráfico 13: Oferta de outros serviços durante a consulta de PF por nível de atenção
38
4.9 Exame físico oferecido durante a consulta de Planeamento Familiar
Apenas cerca de 23% das mulheres entrevistadas referiram que a provedora dos serviços
explicou o procedimento que iria realizar durante o exame, 15% que a profissional de saúde examinou
as suas mamas durante a consulta, 14% que a sua tensão arterial foi medida; 14% que o profissional
palpou o seu abdómen, 15% que lhes foi feito o toque vaginal e 8% que lhes foi referido o exame vaginal
com recurso ao espéculo vaginal (Quadro 19).
Quadro 19: Tipo de exame físico oferecido às utentes nas consultas de PF por nível de atenção e província
Introduziu um instrumento
Examinou as suas mamas?
Total
(%)
Características n
Tipo de US
Hospital Rural 32.2 24.0 16.5 24.0 20.7 8.3 121
Centro de Saúde I 20.4 13.3 7.1 10.2 15.3 7.1 98
Centro de Saúde II 18.6 11.5 12.8 10.4 10.7 6.3 366
Posto de Saúde 34.9 18.6 19.8 22.1 23.3 15.1 86
Província
Niassa 13.6 10.2 5.1 10.2 6.8 5.1 59
Cabo Delgado 6.6 11.8 14.5 10.5 2.6 0. 76
Nampula 15.7 11.1 3.7 7.4 3.7 3.70 108
Zambézia 28.7 18.4 6.9 18.4 16.1 9.2 87
Tete 7.4 5.6 1.9 3.7 3.7 3.7 54
Manica 36.8 23.7 21.1 18.4 23.7 21.1 38
Sofala 76.0 20.0 34.0 26.0 68.0 8.0 50
Inhambane 9.6 7.7 19.2 11.5 3.8 3.8 52
Gaza 25.3 20.3 24.1 25.3 24.1 20.3 79
Maputo Província 33.3 28.9 24.4 20.0 17.8 11.1 45
Maputo Cidade 26.1 8.7 4.3 4.3 4.3 4.3 23
Total 23.4 14.9 13.6 14.3 14.8 7.9 671
39
4.10 Tempo de espera para as utentes serem atendidas na consulta de Planeamento Familiar
As utentes entrevistadas demoraram em média cerca de 1 hora (59,7 minutos) para serem
atendidas nas consultas. Quando feita análise por tipo de US, o tempo de espera não diferiu muito,
embora os postos de saúde tenham apresentado um tempo de espera relativamente menor. O tempo
de espera para as utentes entrevistadas serem atendidas nas consultas de PF é apresentado no quadro
20.
Na província de Cabo Delgado, as entrevistadas referiram ter esperado mais tempo para serem
atendidas (média de cerca de 1 hora e 30 minutos - 93,7 minutos) em relação a província de Sofala e
Cidade de Maputo onde as utentes mencionaram ter esperado menos tempo (média de 27 e 34 minutos
respectivamente).
Quadro 20: Tempo de espera para as utentes serem atendidas na consulta de PF,
por nível de atenção e província
Tempo médio de
Total
Características espera em
n
minutos
Tipo de US
Hospital Rural 60.8 117
Centro de Saúde I 54.1 95
Centro de Saúde II 62.5 357
Posto de Saúde 53.1 86
Província
Niassa 54.5 58
Cabo Delgado 93.7 74
Nampula 62.6 108
Zambézia 70.4 84
Tete 30.1 53
Manica 43.3 36
Sofala 27.1 50
Inhambane 50.9 50
Gaza 86.3 75
Maputo Província 45.4 45
Maputo Cidade 34.9 22
Total 59.7 655
4.11 Percepção da utente pelo respeito a sua privacidade nas consultas de Planeamento
Familiar
A maior parte das utentes entrevistadas (86%) considerou que a sua privacidade foi respeitada
durante a consulta, 11% referiram que não e 14% afirmaram ter estado na sala de consultas com mais
utentes a serem atendidas em simultâneo.
Os seguintes aspectos foram os que mais contribuíram para que as utentes considerassem que a
sua privacidade fora respeitada: (i) Estar sozinha com a enfermeira, referido por cerca de 81% de
mulheres entrevistadas e (ii) A porta ter permanecido fechada durante a consulta, referido por cerca de
57% (esta questão teve a possibilidade de respostas múltiplas).
40
As razões apontadas pelas utentes para considerarem que a sua privacidade não fora
respeitada: (i) Ter estado na mesma sala com mais uma utente (52%); (ii) Ter a porta do Consultório
aberta durante a consulta (56%); (iii) O profissional de saúde ter deixado a utente descoberta durante o
exame físico (10%) e (iv) Qualquer pessoa podia vê-la no local onde o profissional estava a examiná-la
(cerca de 25%).
De acordo com as entrevistadas os postos de saúde oferecem maior privacidade que os outros
tipos de US. As províncias Tete, Zambézia e Nampula foram nas que a maior proporção de mulheres
entrevistadas referiu que a sua privacidade não fora respeitada com 18%; 17% e 17% respectivamente.
A percepção da utente pelo respeito da sua privacidade nas consultas de PF por nível de atenção e
província é apresentada no Quadro 21 e por nível de escolaridade é apresentada no Quadro A.5 no
anexo 1.
Quadro 21: Percepção da utente pelo respeito a sua privacidade nas consultas de PF,
por nível de atenção e província
Tipo de US
Hospital Rural 85.1 9.9 4.1 0.8 121
Centro de 89.8 9.2 1.0 0.0 98
Saúde I
Centro de 83.9 13.7 0.8 1.6 366
Saúde II
Posto de 90.7 7.0 2.3 0.0 86
Saúde
Província
Niassa 81.4 10.2 6.8 1.7 59
Cabo Delgado 88.2 11.8 0.0 0.0 76
Nampula 83.3 16.7 0.0 0.0 108
Zambézia 82.8 17.2 0.0 0.0 87
Tete 74.1 18.5 7.4 0.0 54
Manica 89.5 10.5 0.0 0.0 38
Sofala 94.0 6.0 0.0 0.0 50
Inhambane 84.6 9.6 5.8 0.0 52
Gaza 89.9 2.5 0.0 7.6 79
Maputo 93.3 6.7 0.0 0.0 45
Província
Maputo 91.3 8.7 0.0 0.0 23
Cidade
Total 85.8 11.5 1.6 1.0 671
41
Considerando o tipo de religião professada pelas mulheres entrevistadas, constatou-se que a
maior proporção de mulheres que professavam a religião católica referiu ter sentido que a sua
privacidade não foi respeitada. No que refere ao nível escolaridade, não foram verificadas diferenças
significativas quanto ao sentimento de ter sido ou não respeitada a privacidade das utentes (Quadro A.4
no Anexo 1).
Cerca de 75% das mulheres entrevistadas consideraram que a US estava limpa no dia da
consulta, 18% que não estava e 4% não quiseram responder a esta questão.
A percepção das utentes sobre o nível de limpeza da US, por nível de atenção e província é
apresentada no Quadro 22.
Não
Estava Não quis Sem Total
estava
Características limpo responder informação n
limpo
(%) (%) (%)
(%)
Tipo de US
Hospital Rural 81.0 10.7 6.6 1.7 121
Centro de Saúde I 83.7 9.2 5.1 2.0 98
Centro de Saúde II 72.1 23.0 2.7 2.2 366
Posto de Saúde 70.9 18.6 5.8 4.7 86
Província
Niassa 66.1 16.9 15.3 1.7 59
Cabo Delgado 88.2 9.2 2.6 0.0 76
Nampula 75.0 19.4 0.0 5.6 108
Zambézia 73.6 25.3 0.0 1.1 87
Tete 57.4 35.2 7.4 0.0 54
Manica 92.1 7.9 0.0 0.0 38
Sofala 80.0 10.0 10.0 0.0 50
Inhambane 75.0 15.4 7.7 1.9 52
Gaza 73.4 16.5 1.3 8.9 79
Maputo Província 84.4 11.1 4.4 0.0 45
Maputo Cidade 56.5 39.1 4.3 0.0 23
Total 75.3 18.2 4.2 2.4 671
42
4.13 Grau de satisfação das utentes pelos serviços de Planeamento Familiar prestados nas US
Para avaliação geral do nível de satisfação das utentes, foi considerada uma variável contínua
construída a partir da média de pontuação dos seguintes aspectos: (1) Sentiu que foi bem tratada pela
parteira/médico; (2) Para além da forma como foi tratada pela parteira/médico, está satisfeita com os
cuidados e serviços desta US; (3) Na sua opinião, de uma forma geral, para além da parteira/médico, o
pessoal de saúde tratou-a bem.
No que concerne ao nível de satisfação geral das utentes entrevistadas sobre a consulta de PF
encontrou-se uma pontuação média de satisfação de 2.7 (DP-0.67) e uma mediana de 3, sugerindo que
a maior parte das utentes entrevistadas optaram pelo “satisfeito” na escala utilizada.
Os índices de satisfação médios não diferiram entre as idades e o nível de atenção das US. No
entanto, o nível de escolaridade, a ocupação e o tempo de espera foram associados a satisfação geral
das utentes entrevistadas. A informação sobre o grau de satisfação geral das utentes dos serviços de PF
é apresentada no Quadro 23.1.
43
Quadro 23.1: Grau de satisfação geral das utentes pelas consultas de PF
(n) Percentagem Satisfação
Características (%)
Média Mediana p-value
671 100,0 2,7(0,67) 3,0
Geral
Idade 0,289
<17 22 3.3 3.0 (0.21) 3.0
18-24 189 28.2 2.7 (0.61) 3.0
25-29 138 20.6 2.6 (0.71) 3.0
30-49 215 32.0 2.7 (0.53) 3.0
Sem Informação 107 15.9 -
Ocupação <0.001
Doméstica 118 17.6 2.7 (0.59) 3.0
Estudante 76 11.3 2.7 (0.62) 3.0
Camponesa 387 57.7 2.7 (0.60) 3.0
Funcionária Pública 18 2.7 2.5 (0.62) 3.0
Funcionária Conta Própria 31 4.6 2.5 (0.81) 3.0
Empregada Sector Privado 18 2.7 2.5 (0.99) 3.0
Outro 6 0.9 2.3 (0.82) 2.5
Sem Informação 17 2.5 1.8 (1.20) 2.0
44
Quando analisada a influência da relação interpessoal entre a provedora dos serviços e a utente
na satisfação da utente em relação aos serviços de PF, verificou-se que pelo facto de a profissional de
saúde ter cumprimentado a utente, tê-la oferecido uma cadeira, tê-la perguntado sobre as suas
preocupações, tê-la explicado sobre os métodos existentes na US, tê-la atendido de forma particular no
consultório contribuiu de forma positiva para a sua satisfação. Contudo, o facto de a utente ter assistido
a uma palestra não influenciou na sua satisfação (Quadro 23.2).
Satisfeita
Características Sim (%) Não (%) p-value
O profissional cumprimentou-a
Sim 21.9 78.1 0.000
Não 31.3 68.7
O profissional ofereceu uma cadeira
As informações sobre a satisfação das utentes por nível de escolaridade podem ser encontradas
no Quadro A.7 no anexo 1 e as razões gerais para a insatisfação das utentes no Quadro A.6 no anexo 1.
45
4.14 Envolvimento do homem nas consultas de Planeamento Familiar
Cerca de 72% das utentes entrevistadas das consultas de PF referiram que gostariam de ser
acompanhadas às consultas pelos seus parceiros. As mulheres com nível de alfabetização (33%) seguidas
de mulheres sem nenhum nível de escolaridade (27%) foram as que mostraram menos interesse em
serem acompanhadas pelos parceiros às consultas. A informação sobre o desejo das utentes em serem
acompanhadas pelos seus parceiros à consulta de PF por nível de escolaridade é apresentada no Gráfico
13 e por faixa etária é apresentada no Quadro A.8 no anexo 1.
Gráfico 13: Desejo das utentes em serem acompanhadas pelo parceiro à consulta de PF por nível de escolaridade
(sem informação: 1.2%; note-se que só havia uma utente de nível superior que gostaria de ser acompanhada pelo parceiro)
46
Gráfico 14: Desejo das utentes em serem acompanhadas pelo parceiro à consulta de PF por faixa etária
(sem informação:1.2%)
Cerca de 25% das entrevistadas referiram que a US não dispunha de condições para receber
casais nos serviços de PF. Estas utentes, quando questionadas sobre o tipo de modificações que
achavam pertinentes para receber os casais, cerca de 68% referiram que era necessário aumentar o
espaço do consultório, cerca de 30% que era preciso melhorar a privacidade, 25% que era necessário
melhorar a capacitação dos provedores/as dos serviços e cerca de 5% que deveriam ser colocados
provedores de serviços de PF do sexo masculino.
47
Quadro 24: Modificações necessárias para acolhimento a casais nas consultas de PF por nível de atenção e província
Colocar
Capacitação
Aumentar Melhorar a Melhorar a pessoal do
dos Total
Características o espaço privacidade comodidade sexo
provedores n
(%) (%) (%) masculino nas
(%)
CPF(%)
Tipo de US
Hospital Rural 68.6 22.9 11.4 22.9 5.7 35
Centro de Saúde I 47.4 10.5 31.6 5.3 0.0 19
Centro de Saúde II 67.7 39.4 49.5 31.3 6.1 99
Posto de Saúde 93.3 13.3 6.7 13.3 0.0 15
Província
Niassa 59.1 18.2 18.2 27.3 9.1 22
Cabo Delgado 75.0 33.3 83.3 16.7 0.0 12
Nampula 87.5 37.5 41.7 52.1 2.1 48
Zambézia 92.0 40.0 76.0 16.0 12.0 25
Tete 33.3 16.7 0.0 16.7 33.3 6
Manica 33.3 0.0 66.7 0.0 0.0 3
Sofala 0.0 18.2 0.0 0.0 0.0 11
Inhambane 63.6 72.7 18.2 0.0 0.0 11
Gaza 64.3 0.0 14.3 7.1 0.0 14
Maputo Província 88.9 0.0 0.0 11.1 0.0 9
Maputo Cidade 0.0 57.1 14.3 28.6 0.0 7
Total 67.9 30.4 35.7 25.0 4.8 168
48
DISCUSSÃO
49
Avaliação da percepção das utentes sobre a sua satisfação com os serviços de planeamento
familiar
A forma como os serviços de PF estão estruturados, como estes são oferecidos aos utentes e o
impacto que têm a nível individual, fundamentalmente no que diz respeito aos conhecimentos, atitudes
e satisfação pelos serviços são determinantes para o sucesso e aceitação dos mesmos.
Nesta avaliação mediu-se a percepção das utentes sobre a sua satisfação com os serviços de PF
prestados no Serviço Nacional de Saúde e de forma indirecta alguns aspectos relacionados com a forma
de prestação destes serviços. Esta análise foi inspirada em parte nos estudos de Judith Bruce que
propõe 6 dimensões para avaliar a adequação, qualidade e satisfação dos utentes dos serviços de PF
nomeadamente: (i) a possibilidade de escolha dos métodos pela utente, (ii) o acesso a informação
providenciada aos utentes; (iii) a competência técnica dos provedores de serviços, (iv) as relações
interpessoais que são estabelecidas entre os provedores e os utentes, (v) a qualidade do seguimento na
utilização do método e finalmente, (vi) a necessidade de uma disponibilidade dos métodos
anticonceptivos nas US (Bruce 1990). Outros estudos avaliam a percepção dos utentes focalizando em
parâmetros como: (i) tempo de espera para o/a utente ser atendido/a, (ii) nível educacional das utentes,
(iii) condições de limpeza e espaço físico na área de esperada US e, (vi) acesso a US, além dos aspectos
ligados a habilidades interpessoais e exploração física (Nabbuye-Sekandietal 2011).
Um aspecto importante para garantir uma escolha informada dos métodos por parte das
utentes é ter informação sobre os métodos disponíveis na US, suas características e modo de acção bem
como a adequação do método escolhido pela utente. Os resultados deste estudo evidenciam desafios
importantes a este respeito. Cerca de dois terços das utentes referiram que a profissional de saúde
explicou sobre as vantagens de fazer o planeamento familiar e apenas 59% terem recebido informação
sobre o funcionamento e adequação do método escolhido. Encontrou-se uma proporção significativa
de mulheres (cerca de 16%) que referiram não ter tido acesso a informação sobre os efeitos que
poderiam advir do uso dos métodos anticonceptivos, colocando as mulheres em uma situação em que
não fazem uma escolha informada.
Destacou-se pouca demanda e uso do DIU apesar dos esforços feitos pelo Ministério de Saúde
quer na promoção do mesmo quer na capacitação dos profissionais de saúde para melhorar as
habilidades na técnica de inserção do mesmo. No presente estudo, <1% de mulheres entrevistadas
referiram que estariam aptas em utilizar o DIU como método para prevenção da gravidez. Esta
50
baixíssima preferência do DIU como método de contracepção em comparação com a taxa encontrada a
nível global de 23% em 2007 (Ali 2009) pode ser consequência de um conjunto de factores como, mitos
e crenças em torno deste método, mas também pode resultar da fraca disponibilidade nas US. O
inquérito sobre a disponibilidade de contraceptivos e medicamentos essenciais para o PF conduzido
pelo UNFPA e a Faculdade de Medicina (UEM) no mesmo período em que foi realizado este inquérito
encontrou uma disponibilidade do DIU nos seis meses anteriores a realização do inquérito em cerca de
61% (UNFPA Moz 2012).
O MISAU recomenda nas normas relativas ao PF, o uso da dupla protecção, caracterizada pelo
uso do preservativo como método adicional para qualquer tipo de método de PF escolhido pelas
utentes. No entanto, a baixa procura e utilização do preservativo feminino e do preservativo masculino
levanta desafios para a promoção destes métodos.
É importante referir que não foi questionada a preferência pelo uso de implante dado que este
método só foi introduzido no Sistema Nacional de Saúde ao longo do ano 2012.
O facto de apenas cerca de 50% das utentes entrevistadas menores de 15 anos ter referido
acesso a informação sobre os diferentes métodos possíveis, (faixa etária com menor acesso a essa
informação), merece atenção uma vez que o impacto de um fraco acesso à informação nesta faixa etária
pode resultar numa grande perda de oportunidades para as acções dirigidas a este grupo em especial.
Outro aspecto de realce no acesso a informação prende-se com o facto de que durante o tempo
de espera para as consultas nas unidades sanitárias, um reduzido número de utentes tem tido acesso à
uma palestra ou outra actividade de educação sanitária.
51
para a aceitação de contraceptivos tinha mais a ver com o medo dos efeitos colaterais e menos com o
desejo de ter mais filhos (Joseph 1987, Abdulrazak 2008).
Exame físico
Embora se reconheça o carácter amplo do conceito de qualidade dos cuidados de saúde, a
informação obtida a partir de inquéritos administrados à utentes aquando da saída da US, não permite
avaliar aspectos como a competência técnica dos provedores de serviços e a qualidade do seguimento.
Contudo, os dados permitem saber, através da utente, não a qualidade da exploração mas sim se alguns
exames físicos foram feitos ou não. Neste sentido, os dados da presente avaliação revelam que o exame
ginecológico foi feito em menos de 15% das mulheres que estiveram na consulta no dia da entrevista.
No presente estudo a satisfação das utentes esteve directamente relacionada com o nível de
escolaridade das utentes, ocupação, tempo de espera, bem como a percepção da qualidade de
interacção interpessoal com destaque na forma como a utente foi recebida no consultório e como se
desenvolveu a sua interacção com o/a provedor/a dos serviços.
Um dos aspectos importante para a satisfação das utentes com os serviços prestados foi o
tempo de espera. Nesta avaliação o tempo de espera foi definido como sendo o tempo em que a utente
entrevistada chegou na sala de espera da consulta até ao momento em que foi recebida para o início da
consulta, medido com base na informação prestada pela utente. À semelhança do evidenciado por
outros estudos que mediam o grau de satisfação das utentes (Bergenmar 2006; Oladapo 2008 e
Bernhert 1999) ficou revelado que quanto maior foi o tempo de espera para a consulta menor foi a
satisfação das utentes.
52
Naturalmente que este aspecto traz consigo um desafio enorme para os serviços de saúde,
considerando que actualmente o MISAU se encontra num processo de promoção da utilização dos
métodos modernos de PF o que por si irá certamente resultar numa crescente demanda e consequente
pressão sobre os poucos recursos humanos disponíveis nas US. Eventualmente, a demanda pelos
serviços deverá ser acompanhada pela revisão da organização da prestação dos serviços na US
permitindo uma melhor distribuição das actividades ao longo do dia de trabalho e revisão das
equipas/profissionais de saúde que deverão prestar os serviços de PF, deveriam ser adoptados
mecanismos de inclusão no pacote das brigadas móveis, a componente de disponibilização dos
anticonceptivos e quiçá uma introdução mesmo que gradual da disponibilização comunitária dos
métodos anticonceptivos.
Outro aspecto fundamental e que é passível de ser influenciado pelos serviços de saúde é a
percepção de qualidade de atendimento por parte das utentes baseadas na forma como se estabelece a
sua interacção com os provedores dos cuidados de saúde. Ficou claro nesta avaliação que aqueles
gestos que por vezes podem ser considerados simples têm uma influência muito importante na
satisfação das utentes dos serviços de saúde. Esta constatação apoia a importância que presentemente
o MISAU investe à humanização dos cuidados de saúde. Actos como cumprimentar a utente, oferecer
uma cadeira, deixar a utente esclarecer as suas dúvidas, proteger a sua privacidade durante o tempo
que dura a consulta mostraram estar relacionadas com a satisfação da utente.
53
CONCLUSÕES
As mulheres com emprego formal são as utentes menos satisfeitas com a qualidade de serviços
de Planeamento Familiar. As razões desta insatisfação podem ser o tempo de espera, a falta de
métodos de Planeamento Familiar preferidos e o número baixo de cartazes de pílulas recibidos durante
as consultas
RECOMENDAÇÕES
- Revisão das normas das consultas de Planeamento Familiar com destaque para a necessidade
de se adoptar a entrega de no mínimo 3 a 6 ciclos de anticonceptivos orais com destaque para as
situações em que a mulher vive muito longe da unidade sanitária.
- Necessidade de uma maior utilização dos agentes comunitários e dos meios de comunicação
de massas com destaque para a Rádio na promoção do planeamento familiar.
54
- Esforços na melhoria das infra-estruturas ligadas as consultas de Planeamento Familiar com
destaque para aspectos que garantam a privacidade no atendimento das utentes e no mesmo tempo
facilitam o exame físico das utentes.
LIMITAÇÕES DO ESTUDO
O maior desafio de ministrar entrevistas à utentes aquando da sua saída das unidades sanitárias
para avaliar a qualidade dos serviços prende-se com o risco de se incorrer ao “Viés de Cortesia”. Os/as
Utentes podem ser relutantes em expressar as suas opiniões negativas especialmente se as entrevistas
forem feitas no recinto ou próximo da Unidade Sanitária (Brown 1995).
55
BIBLIOGRAFIA E NETOGRAFIA
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57
ANEXO I TABELAS ADICIONAIS
Amamentação (%)
Depoprovera (%)
Sem informação
masculino(%)
Preservativo
Pílula (%)
Total
DIU (%)
(%)
(%)
Estado civil n
58
Quadro A. 3: Método actual de PF por nível de escolaridade
Abstinência sexual
Sem informação
Amamentação
Depoprovera
Preservativo
masculino
Total
Pílula
Nível de
DIU
(%)
(%)
(%)
(%)
(%)
(%)
(%)
escolaridade
n
Quadro A.4. Percepção do respeito pela sua privacidade durante a consulta por nível de escolaridade e religião
Sem informação
Total
privacidade foi
privacidade foi
Característica n
respeitada
respeitada
Religião
Católica 82.7 15.5 1.8 0.0 220
Islâmica 84.2 12.5 3.3 0.0 120
Zione/Sião 87.3 7.0 2.8 2.8 71
Evang./pentecostal 90.4 8.5 1.1 0.0 94
Anglicana 92.3 7.7 0.0 0.0 13
Sem religião 90.9 9.1 0.0 0.0 33
Outra 89.0 10.0 0.0 1.0 100
Sem informação 75.0 5.0 0.0 20.0 20
Total 85.8 11.5 1.6 1.0 671
Nível de escolaridade
Nenhum 84.4 13.1 2.5 0.0 160
Alfabetização 82.4 14.7 2.9 0.0 34
Ensino Primário 88.4 10.4 0.6 0.6 327
Secundário 86.1 10.2 2.9 0.7 137
Ensino Superior 100.0 0.0 0.0 0.0 1
Sem informação 41.7 25.0 0.0 33.3 12
Total 85.8 11.5 1.6 1.0 671
59
Quadro A. 5: Razões para considerar que a sua privacidade foi respeitada
Parteira/Médico quando
pessoas a entrar e a sair
com a Parteira/Médico
Porque estava sozinha
parteira a examinou
fechada e não havia
Total
Porque a
Nível de
(%)
(%)
escolaridade
n
Quadro A.6: Razões gerais para insatisfação das utentes por ocupação
Porque o Hospital/CS não tem casa de
suficientes (%)
queria (%)
(%)
Ocupação
Doméstica 30.0 30.0 30.0 20.0 40.0 10.0 10.% 30.0 10.0
Estudante 57.1 14.3 14.3 14.3 14.3 14.3 28.6 14.3 28.6
Camponesa 17.4 30.4 4.3 4.3 26.1 4.3 13.0 8.7 8.7
Funcionária
40.0 40.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 20.0
pública
Conta própria 25.0 25.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 50.0
Funci. sector
33.3 66.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
privado
Outra 100.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Sem informação 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Total 29.6 29.6 9.3 7.4 20.4 5.6 11.1 11.1 14.8
Nota: Possibilidade de respostas múltiplas
60
Quadro A.7: Grau de satisfação das utentes por nível de escolaridade
Sentiu-se Não quis Sem Total
Insatisfeita
Nível de escolaridade Satisfeita
(%)
responder informação n
(%) (%) (%)
Quadro A.8: Desejo da utente de ser acompanhada pelo parceiro às consultas de PF por faixa etária
Gostaria de Total
Não Não quis Sem
ser
Idade
acompanhada
gostaria responder informação n
(%) (%) (%)
(%)
<=15 100.0 0.0 0.0 0.0 3
16 – 20 73.6 25.3 1.1 0.0 91
21 -25 71.6 26.5 1.9 0.0 155
26 – 30 74.8 20.5 2.4 2.4 127
31 – 35 64.9 31.9 2.1 1.1 94
36 – 40 76.8 21.7 0.0 1.4 69
41 – 45 76.2 23.8 0.0 0.0 21
>=46 50.0 50.0 0.0 0.0 4
Sem informação 70.1 20.6 6.5 2.8 107
Total 72.0 24.4 2.4 1.2 671
61
ANEXO II LISTA DAS UNIDADES SANITÁRIAS VISITADAS
Província Nome da US Tipo de US
Niassa CUAMBA Hospital Rural
Niassa M'PACURA Centro de Saúde II
Niassa BANDEZE Posto de Saúde
Niassa MESSUMBA Centro de Saúde I
Niassa MASSENGER Posto de Saúde
Niassa MALICA Centro de Saúde II
Niassa MECUALO Centro de Saúde II
Niassa MITANDE Centro de Saúde II
Niassa MUANDEZE Centro de Saúde II
Niassa MECANHELAS Centro de Saúde I
Niassa NZIZI Centro de Saúde II
Niassa NIPEPE Centro de Saúde II
Niassa UNANGO-VELHO Centro de Saúde II
Niassa Centro de Saúde de Maúa Centro de Saúde II
Niassa Centro de Chissila Posto de Saúde
Cabo Delgado ANCUABE Centro de Saúde I
Cabo Delgado MEZA Centro de Saúde II
Cabo Delgado METATA Centro de Saúde II
Cabo Delgado NAKOTO Centro de Saúde I
Cabo Delgado NAKOTO Centro de Saúde II
Cabo Delgado PIQUEWE Centro de Saúde II
Cabo Delgado MIEZE Centro de Saúde II
Cabo Delgado MOCÍMBOA DA PRAIA Hospital Rural
Cabo Delgado MBAU Centro de Saúde II
Cabo Delgado QUELIMANE Posto de Saúde
Cabo Delgado MONTEPUEZ Hospital Rural
Cabo Delgado CHAPA Centro de Saúde II
Cabo Delgado MITEDA Centro de Saúde II
Cabo Delgado MUATIDE Centro de Saúde I
Cabo Delgado NKONGA Centro de Saúde II
Cabo Delgado MUEDA Hospital Rural
Nampula ANGOCHE Hospital Rural
Nampula NAMAPA Hospital Rural
Nampula ODINEPA Centro de Saúde II
Nampula MUCHELIA (SANGAGE) Centro de Saúde I
Nampula MURALELO Posto de Saúde
Nampula CHAPIRE Centro de Saúde II
Nampula MECUBURI Centro de Saúde I
Nampula GEBA Centro de Saúde II
Nampula QUIXAXE Centro de Saúde II
Nampula BRIGANHA Centro de Saúde II
Nampula METIL Posto de Saúde
Nampula MONAPO Hospital Rural
Nampula ITOCULO Centro de Saúde II
Nampula LUNGA Centro de Saúde II
Nampula NAMAHIA Centro de Saúde II
Nampula GER-GER(COVO) Centro de Saúde II
Nampula NAHADJE Centro de Saúde I
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Nampula MUHALA Posto de Saúde
Nampula CARAMAJA Centro de Saúde II
Nampula NAMACHILO (MOMALA) Posto de Saúde
Nampula RIBAÚE Hospital Rural
Nampula URBANO Centro de Saúde I
Zambézia LUABO Centro de Saúde II
Zambézia ALTO MOLÓCUÈ Hospital Rural
Zambézia ECOLE Centro de Saúde II
Zambézia MUIANE Centro de Saúde II
Zambézia RUACE Centro de Saúde II
Zambézia U.P.10 Centro de Saúde II
Zambézia ERURUNE Centro de Saúde II
Zambézia MUCUBE Centro de Saúde II
Zambézia MAPIRA Centro de Saúde II
Zambézia MOLUMBO Centro de Saúde II
Zambézia MOCUBA Centro de Saúde II
Zambézia LUA-LUA Posto de Saúde
Zambézia CUMBAPO Centro de Saúde II
Zambézia SABE Centro de Saúde II
Zambézia MUTEPUA Centro de Saúde II
Zambézia MAQUIVAL RIO Centro de Saúde II
Zambézia PELE-PELE Centro de Saúde II
Tete ULÓNGUE Centro de Saúde II
Tete SONGO Hospital Rural
Tete CHINHANDA Centro de Saúde II
Tete MAZOÉ - PONTE Centro de Saúde II
Tete CHIFUNDE Centro de Saúde I
Tete VILA MUALADZI Centro de Saúde II
Tete CHITETE Centro de Saúde II
Tete CAPHIRIZANGE Centro de Saúde II
Tete MUTARARA Hospital Rural
Tete DÔA Centro de Saúde II
Tete VILA NOVA DA FRONTEIRA Centro de Saúde II
Tete MATUNDO Centro de Saúde II
Tete MUZE Centro de Saúde II
Manica 1º Maio Centro de Saúde I
Manica MATSINHO Centro de Saúde II
Manica TIMBETIMBE Centro de Saúde II
Manica JECUA Centro de Saúde II
Manica PUNGUÉ SUL Centro de Saúde II
Manica DOMBE Centro de Saúde II
Manica MAVÚZI Centro de Saúde II
Manica SABETA Centro de Saúde II
Manica GURU Centro de Saúde I
Manica CATANDICA Centro de Saúde II
Sofala CHAMBA Posto de Saúde
Sofala CHINGUSSURA Centro de Saúde I
Sofala MATADOURO Posto de Saúde
Sofala NHANGAU Centro de Saúde II
Sofala BÚZI Hospital Rural
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Sofala GUARA-GUARA Centro de Saúde II
Sofala MURREMA Centro de Saúde II
Sofala INHAMINGA Centro de Saúde I
Sofala MUXUNGUE Hospital Rural
Sofala MUCHEVE Centro de Saúde II
Sofala DOMBA Posto de Saúde
Sofala TSIQUIRI Centro de Saúde II
Sofala MARROMEU Hospital Rural
Sofala NHAMATANDA Hospital Rural
Sofala METUCHIRA LOMACO Centro de Saúde II
Sofala URBANO Centro de Saúde II
Inhambane MAXAMALE Centro de Saúde II
Inhambane CRUZAMENTO Posto de Saúde
Inhambane INHARRIME Centro de Saúde I
Inhambane LIGOGO Centro de Saúde II
Inhambane CANGELA Centro de Saúde II
Inhambane NHACHENGUE Centro de Saúde II
Inhambane MAXIXE Hospital Rural
Inhambane MOCODOENE Centro de Saúde II
Inhambane INHASSUNE Centro de Saúde II
Inhambane VILANKULOS Hospital Rural
Inhambane MAPINHANE Centro de Saúde II
Inhambane Quilundo Centro de Saúde II
Gaza LICILO Posto de Saúde
Gaza CHIBUTO Centro de Saúde II
Gaza MAIVENE Posto de Saúde
Gaza ZINHANE Centro de Saúde I
Gaza CHOKWÉ Centro de Saúde I
Gaza MUIANGA Posto de Saúde
Gaza CHIMBEMBE Centro de Saúde II
Gaza MANJACAZE Hospital Rural
Gaza BETULA Centro de Saúde II
Gaza MANHIQUE Centro de Saúde II
Gaza CUBO Posto de Saúde
Gaza MASSINGIR Centro de Saúde I
Gaza PRAIA DO XAI-XAI Posto de Saúde
Gaza CHICUMBANE Hospital Rural
Gaza CHIPENHE Centro de Saúde II
Maputo Província BOANE Centro de Saúde I
Maputo Província MOINE Centro de Saúde II
Maputo Província XINAVANE Hospital Rural
Maputo Província MARAGRA Centro de Saúde II
Maputo Província RICATLA Centro de Saúde II
Maputo Província BEDENE Centro de Saúde II
Maputo Província UNIDADE "A" Posto de Saúde
Maputo Província PONTA DO OURO Centro de Saúde II
Maputo Província DIBINDUANE Centro de Saúde II
Maputo Província MAFUIANE Posto de Saúde
Maputo Cidade MAGOANINE Centro de Saúde II
Maputo Cidade MAXAQUENE Centro de Saúde I
Maputo Cidade MUCHINA Centro de Saúde II
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