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Avaliação da Percepção das Utentes sobre a Qualidade dos Serviços de


Planeamento Familiar Prestados nas Unidades Sanitárias do Serviço Nacional de
Saúde - Moçambique

Technical Report · August 2019


DOI: 10.13140/RG.2.2.13425.22881

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5 authors, including:

Leonardo Chavane Martinho Dgedge


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Ministério da Saúde
MOÇAMBIQUE

Avaliação da Percepção das Utentes sobre a Qualidade


dos Serviços de Planeamento Familiar Prestados nas
Unidades Sanitárias do Serviço Nacional de Saúde

RELATÓRIO FINAL
Dezembro, 2012

Ministério da Saúde
Com apoio do UNFPA e ICRH - Moçambique
LISTA DE AUTORES

Leonardo Chavane, MD, MPH


Martinho Dgedge, MD, PhD
Pilar de la Corte Molina, MD, MPH
Matias Dos Anjos, Bsc, Estaticista
Beatrice Crahay, MD, MPH

2
SUMÁRIO EXECUTIVO

Com o objectivo de avaliar a percepção das utentes sobre a qualidade dos serviços de
planeamento familiar bem como o seu grau de satisfação sobre os mesmos, o Ministério da Saúde
realizou no último trimestre de 2011 um estudo que envolveu um total de 149 unidades sanitárias nas
onze províncias do país. A necessidade da realização deste estudo foi identificada na Estratégia de
Planeamento Familiar e Contracepção aprovada em 2010 pelo Ministério de Saúde.

Um total de 671 utentes participou deste estudo, arroladas aquando da sua saída da consulta de
planeamento familiar nas unidades sanitárias. Cerca de 60% das utentes encontravam-se na faixa etária
dos 15-30 anos e 24% não tinham frequentado nenhuma instituição de ensino. No que diz respeito a
ocupação, 67% referiram ser domésticas e 23% camponesas. Quanto a religião, 33% referiram professar
a religião católica e 18% a religião islâmica, sendo estas duas religiões as que foram mencionadas com
maior frequência pelas utentes entrevistadas.

A maioria das utentes entrevistadas referiu que demorava em média cerca de uma hora para
serem atendidas nas unidades sanitárias.

Quase a totalidade das mulheres (98%) referiu ter engravidado pelo menos 1 vez, em média,
cada mulher incluída no estudo teve 4 gravidezes anteriores e 22% relataram história de aborto
anterior.

O espaçamento entre as gravidezes foi a razão mais frequentemente invocada pelas mulheres
entrevistadas (76%) para o uso de algum método de planeamento familiar. A pílula (52%) e a
depoprovera (42%) foram os métodos preferencialmente mais apontados para a prevenção da gravidez.
Notou-se uma grande lacuna no uso dos métodos de longa duração como o Dispositivo Intra-Uterino
(DIU) sendo clara a necessidade de uma maior divulgação destes métodos entre as utentes dos serviços
de planeamento familiar bem como entre os profissionais de saúde. O uso dos preservativos masculinos
foi referido por apenas <1% das mulheres entrevistadas e o preservativo feminino não foi sequer
mencionado como método de planeamento familiar.

Cerca de 24% das mulheres entrevistadas referiram ter mudado de método de planeamento
familiar devido fundamentalmente à hemorragia que não cessava e à informação recebida de pessoas
próximas de que o método não era funcional. Cerca de 12% das mulheres entrevistadas mudaram de
método devido a falta deste na unidade sanitária e fizeram-no com mais frequência de depoprovera
para pílula e vice - versa.

Apesar da importância do acesso à informação para o aumento da demanda dos serviços de


saúde e para a mudança de comportamentos, apenas 22% das utentes entrevistadas tiveram acesso à
uma palestra sobre planeamento familiar enquanto aguardavam pela consulta. Contudo, esta avaliação
revela que os profissionais de saúde são a principal fonte de informação sobre a importância de fazer
planeamento familiar seguidos de amigos e da rádio.

3
Na interacção entre profissionais de saúde e utentes dos serviços de planeamento familiar,
cerca de 87% das mulheres entrevistadas referiram terem sido cumprimentadas pela provedora dos
serviços antes de iniciar a consulta, cerca de 64% questionadas sobre as suas preocupações, cerca de
59% terem sido explicadas pela provedora dos serviços se o método era ou não apropriado para elas,
35% referiram que a provedora dos serviços fez a promoção do preservativo feminino e 48% receberam
informação sobre ITS e HIV/SIDA. Apenas 45% das utentes afirmaram ter tido a oportunidade de fazer
perguntas para esclarecimento de aspectos que não compreendiam durante a consulta. Verificou-se
uma grande lacuna nas habilidades de comunicação interpessoal por parte dos profissionais afectos aos
serviços de planeamento familiar.

Durante o exame físico, apenas 23% das mulheres entrevistadas referiram que a provedora dos
serviços explicou sobre o procedimento que iria realizar, 14% afirmaram terem sido medidas a tensão
arterial e 15% feitas o exame vaginal.

Nem sempre os serviços foram oferecidos de forma integrada nas unidades sanitárias. O
aconselhamento e a testagem voluntária para HIV foram oferecidos a 36% das utentes entrevistadas das
consultas de planeamento familiar e o teste de sífilis à apenas 22%.

Cerca de 86% das utentes entrevistadas consideraram ter tido a sua privacidade respeitada
durante a consulta, no entanto, o facto de a porta ter permanecido aberta durante a consulta e a utente
ter permanecido descoberta durante todo o exame foram apontadas por cerca de 14% das utentes
como razões para considerarem que a sua privacidade não fora respeitada.

A humanização na interacção interpessoal, o tempo de espera para atendimento na consulta, o


nível de escolaridade e a ocupação da mulher entrevistada foram os factores que jogaram um papel
fundamental para a percepção da qualidade e satisfação pelos serviços prestados às utentes.

O nível de atenção das unidades sanitárias bem como o acesso a sessões de educação para
saúde antes das consultas de PF e a idade da utente entrevistada revelou não influenciar de forma
significativa no nível de satisfação destas.

No que refere a participação do homem nos serviços de planeamento familiar, uma grande
maioria de mulheres (72%) indicou preferir aceder aos serviços na companhia do marido ou do parceiro.

Em conclusão, o estudo revela um bom nível de satisfação das utentes com os serviços de
planeamento familiar prestados nas unidades sanitárias embora sejam apontados aspectos importantes
que mereçam atenção especial para sua correcção.

De forma geral, recomenda-se a continuação dos esforços tendentes a melhoria da qualidade e


humanização dos serviços de saúde reprodutiva. Recomenda-se um investimento orientado para a
melhoria das habilidades de comunicação interpessoal para as profissionais de saúde e a adopção de
padrões de atenção de qualidade a serem implementados em todos os serviços de planeamento
familiar.

4
ÍNDICE
Página
LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS ...................................................................................................... 8
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 9
1. CONTEXTO............................................................................................................................................... 11
1.1 Justificativa do estudo ...................................................................................................................... 12
1.2 Objectivos ......................................................................................................................................... 12
1.3 Métodos ............................................................................................................................................ 12
1.3.1 Amostra das Unidades Sanitárias .............................................................................................. 12
1.3.2 Amostra de participantes nas Unidades Sanitárias ................................................................... 13
1.4 Colheita de dados e trabalho de campo ........................................................................................... 13
2. CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO ENTREVISTADA ............................................................................... 15
2.1 Unidades Sanitárias visitadas ............................................................................................................ 15
2.2 Distribuição geográfica das utentes entrevistadas por tipo de Unidades Sanitárias ....................... 15
2.3 Características das utentes entrevistadas ........................................................................................ 16
2.3.1 Idade das utentes....................................................................................................................... 16
2.3.2 Estado civil ................................................................................................................................. 16
2.3.3 Nível de escolaridade ................................................................................................................. 18
2.3.4 Ocupação das utentes entrevistadas dos serviços de planeamento familiar............................ 19
2.3.5 Distribuição das utentes entrevistadas por tipo de religião ...................................................... 20
2.3.6 Meio de transporte usado pelas utentes dos serviços de PF para se deslocarem às consultas 21
3. HISTÓRIA OBSTÉTRICA ............................................................................................................................ 22
3.1 História de gravidez anterior ............................................................................................................ 22
3.2 História de gravidez anterior por faixa etária ................................................................................... 23
3.3 História de abortos anteriores .......................................................................................................... 23
4. SERVIÇOS DE PLANEAMENTO FAMILIAR................................................................................................. 24
4.1 Motivo da procura dos serviços de planeamento familiar no dia da entrevista .............................. 24
4.2 Razões para as utentes entrevistadas estarem a fazer o planeamento familiar .............................. 24
4.3 Actual método de planeamento familiar usado pelas utentes......................................................... 26
4.4 Tempo de uso e mudança de método de planeamento familiar ..................................................... 27
4.5 Local de início do planeamento familiar ........................................................................................... 29

5
4.6 Acesso à Informação, Educação e Comunicação durante o tempo de espera para a consulta de PF
................................................................................................................................................................ 30
4.7 Condições de acolhimento no local de espera e na consulta de PF ................................................ 31
4.8 Aconselhamento sobre outras intervenções durante as consultas de Planeamento Familiar ........ 37
4.9 Exame físico oferecido durante a consulta de PF ............................................................................. 39
4.10 Tempo de espera para as utentes serem atendidas na consulta de PF ......................................... 40
4.11 Percepção da utente pelo respeito a sua privacidade nas consultas de PF ................................... 40
4.12 Percepção da utente sobre o nível de limpeza da Unidade Sanitária ............................................ 42
4.13 Grau de satisfação das utentes pelos serviços de PF prestados nas US ......................................... 43
4.14 Envolvimento do homem nas consultas de PF ............................................................................... 46
DISCUSSÃO .................................................................................................................................................. 49
CONCLUSÕES .............................................................................................................................................. 54
RECOMENDAÇÕES ...................................................................................................................................... 54
LIMITAÇÕES DO ESTUDO ............................................................................................................................ 55
IBLIOGRAFIA E NETOGRAFIA ....................................................................................................................... 56
ANEXO I TABELAS ADICIONAIS .................................................................................................................... 58
ANEXO II LISTA DAS UNIDADES SANITÁRIAS VISITADAS ............................................................................. 62

6
LISTA DE QUADROS E GRÁFICOS

Quadro 1: Unidades Sanitárias incluídas na amostra do estudo por tipo e província …………………………………………………………..15
Quadro 2: Distribuição geográfica das utentes entrevistadas dos serviços de PF por tipo de US …………………………………………16
Quadro 3: Distribuição geográfica das utentes entrevistadas por idade, estado civil e religião…………………….………………………17
Quadro 4: Frequência de alguma instituição de ensino por província e estado civil ……….………………………………......................18
Gráfico 1: Nível de escolaridade das utentes de PF ………………………………………………………………………………………………………......19
Quadro 5: Nível de escolaridade das utentes por idade, ocupação, e tipo de US……………………………………….………………...........19
Gráfico 2: Ocupação das utentes das consultas de PF………………………….……………………………..…….............................................20
Quadro 6: Religião professada pelas utentes …………………………………………………………………………………………………………...……….20
Gráfico 3: Meio de transporte usado pelas utentes para buscar os serviços de PF no dia da entrevista……………….................21
Quadro 7: História de Gravidez…………………………………………………………………………………………………………………….….…..................22
Quadro 8: Média de gravidezes anteriores por faixa etária…………………………………………………………………....…………...................23
Quadro 9: História de abortos anteriores por estado civil………………..…………………………………….…………………………...................23
Gráfico 4: Razões para a procura dos serviços de PF no dia da entrevista ……………………………………………………….…..................24
Quadro 10: Razões para as utentes estarem a fazer o PF por faixa etária ………………………………..………………..…….....................25
Gráfico 5: Razões para as utentes estarem a fazer o PF por estado civil…………………………………………………………..........…………..25
Gráfico 6: Razões para as utentes estarem a fazer o PF por tipo de ocupação das utentes……………..……………..............………..26
Quadro 11: Actual método de PF usado pelas por utentes por nível de escolaridade……………………………………………….27
Quadro 12: Mudança de métodos de PF………………………..........……………………………………………………….......................................27
Gráfico 7: Grau de satisfação com a quantidade de carteiras de pílulas recebidas, por nível de atenção e província.............28
Quadro 13: Local de início das consultas de PF por nível de atenção e província………………………………………………………………….29
Quadro 14: Utilização de material de apoio para IEC por nível de atenção e província..........……………………………………….…….30
Gráfico 8: Fonte de informação sobre a consulta de PF............................................................................................................31
Gráfico 9: Condições de acolhimento enquanto a utente aguardava pelo atendimento por nível de atenção….....…....……….32
Quadro 15: Acolhimento e informação sobre os métodos de PF por nível de atenção e província ……………………………………..33
Quadro 16: Interacção entre a utente e o/a provedor/a dos serviços por nível de atenção e província..................................34
Gráfico 10: Informação e explicação sobre o funcionamento de métodos de PF por província ……………………………………………35
Gráfico 11: Informação e explicação sobre o funcionamento de métodos de PF por nível de atenção ………………..................36
Gráfico 12: Nível de explicação da provedora de serviços sobre o início da utilização do método PF por faixa etária………….36
Quadro 17: Explicação sobre o funcionamento ou toma/uso dos métodos de PF por nível de atenção………..……..................37
Gráfico 13: Oferta de outros serviços durante a consulta de PF, por nível de atenção ............................................................38
Quadro 18: Oferta de outros serviços durante a consulta de PF, por província .......................................................................38
Quadro 19:Tipo de exame físico oferecido às utentes nas consultas de PF por nível de atenção e província .........................39
Quadro 20: Tempo de espera para as utentes serem atendidas na consulta de PF por província............................................40
Quadro 21: Percepção da utente pelo respeito a sua privacidade na consulta de PF, por nível de atenção e província ………41
Quadro 22: Percepção das utentes sobre o nível de limpeza da US por nível de atenção e província...... ……………………..…….42
Quadro 23.1: Grau de Satisfação geral das utentes pelas consultas de PF...............................................................................44
Quadro 23.2: Grau de satisfação geral das utentes pelas consultas de PF...............................................................................45
Gráfico 13: Desejo das utentes em serem acompanhadas pelo parceiro à consulta de PF por nível de escolaridade …..........46
Gráfico 14: Desejo das utentes em serem acompanhadas pelo parceiro à consulta de PF por faixa etária .......................……47
Quadro 24: Modificações necessárias para acolhimento a casais nas consultas de PF por nível de atenção e por província .48

7
LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

ARO Alto Risco Obstétrico


CS Centro de Saúde
DIU Dispositivo Intra-Uterino
DPC Direcção de Planificação e Cooperação
ICRH Centro Internacional para Saúde Reprodutiva
IDS Inquérito Demográfico de Saúde
IEC Informação, Educação e Comunicação
INE Instituto Nacional de Estatística
PF Planeamento Familiar
MICS Inquérito de Indicadores Múltiplos
MISAU Ministério da Saúde
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
OMS Organização Mundial da Saúde
SIDA Síndrome de Imunodeficiência Humana Adquirida
SMI Saúde Materna e Infantil
SNS Serviço Nacional de Saúde
UNFPA United Nations Population Fund
US Unidade Sanitária

8
INTRODUÇÃO

O Planeamento Familiar (PF) constitui uma intervenção chave para melhorar o estado de saúde
da mulher e da criança e incluindo a saúde da família. A promoção do planeamento familiar em países
com altas taxas de natalidade tem o potencial de reduzir em cerca de 32% a mortalidade materna e em
10% a mortalidade infantil (Cleland 2006).

A implementação de programas de PF apoiados pelos governos data do ano 1952 na Índia.


Nesta época, a grande preocupação dos governos estava relacionada com o controlo da fertilidade de
modo a frenar o excessivo crescimento populacional em algumas regiões e países.

Em 1968, os Estados-membros da Organização das Nações Unidas reconheceram o PF como um


direito humano fundamental. Já nos anos 80 verificou-se a discrepância entre a percepção dos que
desenhavam os programas e os/as utentes dos serviços de PF e foi evidente a necessidade de se incluir a
percepção dos/as utentes no desenho destes serviços (Zeindenstein 1980).

A 4ª Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento organizada pelas Nações


Unidas em Cairo em 1994, adoptou o conceito de direitos reprodutivos e reconheceu a satisfação dos
direitos sexuais e reprodutivos como uma questão de Direitos Humanos (Glasier 2006). Esta mesma
conferência trouxe particular ênfase na importância dos serviços de PF ao incluir nas suas
recomendações a necessidade de se investir nesta área bem como a necessidade de mudança da
filosofia por detrás deste programa para torna-lo mais responsivo às necessidades e escolhas das
mulheres e casais e não meramente para uma questão de controlo populacional.

Com a aprovação da estratégia para a revitalização do PF na região africana em 2004 ocorrida na


54ª Sessão do Comité Regional Africano da OMS, foi reafirmado o papel vital do PF que na estratégia de
saúde reprodutiva de 1997, que frisava a necessidade de se assistir aos casais e indivíduos para
alcançarem os seus objectivos reprodutivos, e terem a oportunidade de exercerem o direito de ter filhos
por opção.

O PF constitui um direito reprodutivo para o qual o seu acesso depende dentre outros factores
da escolha e do desejo das mulheres, casais e ou famílias. O processo da escolha e da adesão a este
serviço está intimamente ligado ao acesso à informação (OMS 2010) e também à percepção da
qualidade destes serviços de saúde por parte dos/as utentes.

“Qualquer conceptualização de qualidade envolve duas dimensões, a objectiva e a subjectiva.


Objectivamente, os produtos ou serviços devem alcançar ou superar um determinado padrão
de segurança, funcionalidade, higiene e regra geral ser excelente… Estes aspectos geralmente
referidos como controlo de qualidade, depende fundamentalmente do julgamento dos
provedores de serviços. No entanto, nos últimos anos tem crescido o reconhecimento da parte
subjectiva da qualidade, que reconhece como vital a opinião dos utentes, particularmente o
seu grau de satisfação, sendo vital a compreensão desta dimensão” (Williams 2000).

9
Apesar destes esforços, a prevalência do uso de métodos modernos para a prevenção da
gravidez teve um crescimento muito lento, cerca de 1% anualmente nos últimos 30 anos nos países em
desenvolvimento (OMS 2005). Em Moçambique, a prevalência do uso de métodos modernos de PF tem
vindo a mostrar uma evolução bastante lenta. Dados provenientes dos Inquéritos Demográficos de
Saúde (IDS) ilustram que a prevalência do uso dos métodos de PF passou de 6% para 17% para todos os
métodos e de 5,1% para 11,7% para métodos modernos entre 1997 e 2003 enquanto os dados do IDS
2011 revelam uma taxa de prevalência contraceptiva de 11,3% para os métodos modernos. A
necessidade não satisfeita pelos métodos de planeamento familiar continua elevada e estimada em
22,3% (IDS 2011).

Dados administrativos do Ministério da Saúde (MISAU) apontam para um aumento de novas


utentes dos serviços de PF pelas mulheres em idade fértil de 13.9% em 2009 para 23% em 2010 e 2011
após vários anos de estagnação deste indicador (MISAU 2010, 2011). Contudo, o não avanço na taxa de
prevalência contraceptiva indica que apesar de o Sistema estar a melhorar a sua capacidade em atrair
novas utentes, verificam-se problemas na continuidade do uso dos métodos.

A satisfação dos/as utentes é um dos critérios usados para avaliar, monitorar e melhorar a
qualidade dos serviços prestados nas unidades sanitárias (US). Ela pode ser medida tomando em
consideração várias dimensões como: (i) disponibilidade, acesso e adequação dos serviços, (ii)
competências técnicas dos provedores dos serviços, (iii) comunicação interpessoal e (iv) espaço físico
onde os serviços são prestados. Vários estudos questionam se a percepção e opinião dos/as utentes
reflecte em alguma medida sobre as competências técnicas dos/as provedores/as dos serviços ou
apenas sobre as habilidades interpessoais. Alguns estudos sugerem que algumas características
demográficas e clínicas dos/as utentes podem estar mais fortemente associadas a satisfação que a
qualidade técnica dos serviços prestados (Nabbuye-Sekandi J et al 2011).

Com vista a avaliar a percepção das utentes sobre a qualidade dos serviços de PF prestados nas
US do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em Moçambique, o MISAU em colaboração com o Fundo das
Nações Unidas para a População (UNFPA) realizou no último trimestre de 2011 um estudo a nível
nacional baseado em entrevistas com as utentes destes serviços aquando da sua saída da US. A análise
dos dados também contou com o apoio do Centro Internacional de Saúde Reprodutiva (ICRH-
Moçambique).

10
1. CONTEXTO

De acordo com as projecções do Censo Geral da População de 2007, Moçambique possuía em


2011 uma população estimada em 23.049.621 habitantes com predomínio da população vivendo em
áreas rurais, (69%) (projecções do Censo 2007, INE). Cerca de 52% da população é composta por
mulheres e 24% por mulheres em idade reprodutiva (INE 2007). A densidade populacional é de cerca de
28 habitantes por km2 e uma maior concentração da população na região costeira do país.
Administrativamente, o país é dividido em 11 províncias incluindo a cidade de Maputo e é subdividido
em 128 distritos, 394 postos administrativos e 1,042 localidades (Ministério de Administração Estatal,
decreto lei 97).

A esperança de vida é de 50.9 anos e a taxa de crescimento anual da população entre 2001 e
2007 foi de 2.5%.O nível de fecundidade apenas experimentou declínio nos últimos 50 anos. A taxa
global de fecundidade diminuiu de um nível de 7,1 filhos por mulher em 1950 para 5,9 filhos em 2011
(IDS 2011).

O estado de saúde da população moçambicana é dominado por doenças infecto-contagiosas,


sendo a malária a primeira causa de morbi-mortalidade, responsável por cerca de 29% das mortes em
todas as faixas etárias, seguida de HIV/SIDA responsável por cerca de 27% e causas perinatais em cerca
de 7% (INE 2009).

Os indicadores de saúde da criança tem mostrado alguma melhoria nos últimos anos com
destaque para a redução significativa da mortalidade infantil e infanto-juvenil. Ao analisar as tendências
desde 1997 à 2011 verifica-se que (i) a taxa de mortalidade infantil mostrou uma redução de 143/1.000
nados vivos em 1997 para 101/1.000 em 2003 e para 64/1.000 em 2011 por seu turno a mortalidade
infanto-juvenil reduziu de 245.3/1000 em 1997, para 154/1.000 nados vivos em 2003 e para 95/1.000
em 2011 (IDS- 1997, 2003 e 2011).

Relativamente ao rácio da mortalidade materna, a tendência foi decrescente entre os anos 1997
estimada em 690 mortes em 100.000 nascimentos vivos (IDS 1997) para 408 óbitos em 100.000
nascimentos vivos em 2003 (IDS 2003). No entanto, as últimas estimativas resultantes do último Censo
Geral da População apontam para um rácio de cerca de 500 óbitos em cada 100.000 nascimentos vivos.
Outras estimativas provenientes da OMS/UNFPA (OMS 2010) e outra publicada em 2010 na revista
Lancet (Hogan, 2010) também apresentam estimativas acima de 500 óbitos em cada 100.000
nascimentos vivos. Independentemente do valor exacto das estimativas da mortalidade materna, as
diferentes fontes revelam pouco avanço na redução da mortalidade materna em Moçambique e
apontam para um rácio bastante alto e com grandes disparidades entre as províncias.

O Serviço Nacional de Saúde de Moçambique compreende uma rede sanitária composta por
1,386 US, sendo 3 hospitais centrais, 7 hospitais provinciais, 9 hospitais gerais, 1 hospital especializado,
32 hospitais rurais, 16 hospitais distritais, 141 Centros de Saúde (CS) rurais do tipo I, 783 do tipo II, 43 CS
urbano tipo A, 28 CS urbanos tipo B, 57 CS urbano tipo C, e 275 postos de saúde (MISAU 2011).

11
1.1 Justificativa do estudo

O MISAU aprovou em Agosto de 2010, a Estratégia de Planeamento Familiar e Contracepção


2011 – 2015 (2020) com o objectivo de aumentar a utilização dos serviços de planeamento familiar e
contracepção pela população moçambicana.

Como mecanismo de garantia de implementação de boas práticas e adopção de estratégias


baseadas em evidências, esta Estratégia recomenda a realização de pesquisas para informar o processo
de tomada de decisões no âmbito dos serviços de planeamento familiar por parte do MISAU e dos seus
parceiros.

Considerando a importância que tem a integração da percepção das utentes no desenho,


implementação e avaliação dos serviços de planeamento familiar, o MISAU, com o apoio do UNFPA,
realizou um estudo a nível nacional com os seguintes objectivos.

1.2 Objectivos

O objectivo geral do estudo é avaliar a percepção das utentes sobre a qualidade dos serviços de
planeamento familiar prestados nas unidades sanitárias do Serviço Nacional de Saúde em Moçambique.

Quatro objectivos específicos foram formulados:

i) Avaliar as características sócio demográficas das utentes dos serviços de planeamento familiar;
ii) Estudar as motivações para a procura e as barreiras para o acesso aos serviços de planeamento
familiar;
iii) Avaliar a percepção das utentes sobre a qualidade dos serviços de planeamento familiar
oferecidos; e
iv) Produzir recomendações para a melhoria da qualidade de serviços de planeamento familiar
prestados em Moçambique.

1.3 Métodos

Foi realizado um estudo transversal que consistiu na realização de entrevistas às utentes


aquando da sua saída da consulta de planeamento familiar por uma equipa de inquiridores previamente
treinada para o efeito.

1.3.1 Amostra das Unidades Sanitárias

Foram incluídas no universo da população das US, todas as unidades sanitárias que oferecem
consultas externas de PF rotineiramente, nomeadamente: hospitais rurais, CS do tipo I e II, postos de
saúde e na sequência foi seleccionada uma amostra representativa, estratificada por província e por tipo
de US. As US foram divididas em 4 grupos:

12
“Classe” 1 – Hospitais rurais
“Classe” 2 – CS do tipo I e CS urbano A
“Classe” 3 – CS rural do tipo II e CS urbano B
“Classe” 4 – Postos de saúde e CS urbano C

Nota: Foram excluídas desta amostra as US de referência (Hospitais Gerais, Provinciais e Centrais).

As US da “Classe” 1 foram seleccionadas com, o valor de p (sel) = 1.00; isto é, todos os hospitais
rurais foram seleccionados com 100% de probabilidade de selecção.

Para as restantes classes, a amostra seleccionada foi estratificada por província e “Classe”,
utilizando a seguinte fórmula:

n = tamanho da amostra;
N = tamanho do universo;
Z = valor Z, equivalente a 1.96 se usado um nível de confiança de 95%;
p = Proporção da característica pesquisada na população a investigar, neste caso assumiu-se um p= 0.8,
pois cerca de 80% das US oferecem a consulta de planeamento familiar; sendo que (q = 1 – p);
Ɛ= Margem de erro ou erro máximo de estimativa. Identifica a diferença máxima entre a proporção
amostral e a verdadeira proporção (6%);

Do total de 1.338 US elegíveis, resultou na selecção aproximada de 174 US para o estudo. Todas
as US de classe 2, 3 e 4 foram integradas de forma aleatória e sistematicamente seleccionadas dentro de
cada estrato provincial.

1.3.2 Amostra de participantes nas Unidades Sanitárias

Uma vez seleccionada a US, a equipa de inquiridores procedeu a selecção da amostra para a
entrevista, para a qual foram arroladas todas as mulheres que deixavam ou que estavam prestes a
deixar o serviço de PF nas US seleccionadas.

A estimativa diária de mulheres necessárias para a entrevista foi calculada em cada US. O
inquiridor colheu o nº de utentes que procuraram as consultas de PF nos últimos 7 dias úteis e dividiu

1.4 Colheita de dados e trabalho de campo

Após uma prévia formação no MISAU, foi enviada a cada província, uma equipa de inquiridores
constituídos por 3 enfermeiras de Saúde Materna e Infantil (SMI) e um médico.

13
Para o processo de colheita de dados foi disponibilizado um guião explicativo das diferentes
etapas e os médicos foram treinados para validarem os questionários. O médico desempenhava as
funções de supervisor de equipa de forma a garantir a qualidade de recolha dos dados no local.

No processo de formação dos inquiridores procedeu-se a testagem dos questionários numa US


da Cidade de Maputo e seguida pela adequação destes. Para garantir a imparcialidade nas entrevistas,
os inquiridores foram colocados em diferentes províncias do seu local habitual de trabalho.

Foram entrevistas mulheres que após a explicação dos objectivos do estudo e leitura do
consentimento informado concordaram em participar da pesquisa.

14
2. CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO ENTREVISTADA

2.1 Unidades Sanitárias visitadas

Do total de 174 unidades sanitárias seleccionadas para a amostra, foi possível incluir na análise
149 US, correspondendo a 85% da amostra calculada. As razões de exclusão de algumas US estão
relacionadas com a não prestação de serviços de planeamento familiar e/ou ausência de provedor de
serviços de PF na altura de realização do inquérito, e com problemas nas vias de acesso durante o
período da realização da avaliação.

Por nível de atenção, foram visitadas 129 US de nível primário (postos de saúde e CS de tipo I e
II) e 20 US do nível secundário (hospitais rurais). As US que compuseram a amostra do estudo por tipo e
província são apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1: Unidades Sanitárias incluídas na amostra do estudo por tipo e província


Centro de Centro de Posto de Hospital Total
Província Saúde I Saúde Rural
Saúde II
Niassa 2 9 3 1 15
Cabo Delgado 3 9 1 3 16
Nampula 4 10 4 4 22
Zambézia 0 15 1 1 17
Tete 1 10 0 2 13
Manica 2 8 0 0 10
Sofala 2 7 3 4 16
Inhambane 1 8 1 2 12
Gaza 3 5 5 2 15
Maputo Província 1 6 2 1 10
Maputo Cidade 1 2 0 0 3
Total 20 89 20 20 149

2.2 Distribuição geográfica das utentes entrevistadas por tipo de Unidades Sanitárias

No total foram entrevistadas 671 mulheres dos serviços de PF (Quadro 2), tendo na sua maioria
sido entrevistadas na província de Nampula com 108 (16%) e seguida de Zambézia com 87 (13%). No
que concerne ao tipo de US, o maior número de utentes, contabilizadas em 366 (54%) foram
entrevistadas aquando da sua saída dos serviços de PF nos CS do tipo II seguidos pelos hospitais rurais
com 121 (18%), CS de tipo I com 98 (15%) e postos de saúde com 86 (13%).

15
Quadro 2: Distribuição geográfica das utentes entrevistadas dos serviços de PF por tipo de US
Centro de Centro de Posto de Hospital Rural Total
Província Saúde I Saúde II Saúde n
Niassa 7 35 8 9 59
Cabo Delgado 10 41 4 21 76
Nampula 16 42 24 26 108
Zambézia 0 74 5 8 87
Tete 3 39 0 12 54
Manica 15 23 0 0 38
Sofala 11 13 9 17 50
Inhambane 6 28 2 16 52
Gaza 15 29 26 9 79
Maputo Província 8 26 8 3 45
Maputo Cidade 7 16 0 0 23
Total 98 366 86 121 671

2.3 Características das utentes entrevistadas

A descrição e a caracterização específica da população entrevistada são importantes na medida


em que permite a contextualização dos dados apresentados nos capítulos seguintes deste relatório. O
Quadro 3 apresenta a distribuição geográfica das mulheres entrevistadas, segundo a idade, nível de
escolaridade e estado civil.

2.3.1 Idade das utentes

Cerca de 42% das utentes entrevistadas encontravam-se na faixa etária dos 21-30 anos com um
pico de mulheres na faixa etária dos 21-25 anos. Contudo, mereceu destaque a constatação de uma
fracção de utentes entrevistadas dos serviços de PF que se encontravam na faixa etária de menores de
15 anos (cerca de 5%) e de uma grande proporção de mulheres que não conheciam a sua idade (cerca
de 16%).

2.3.2 Estado civil

Das utentes entrevistadas, a grande maioria referiu ser casada ou viver maritalmente (77%).

16
Quadro 3: Distribuição geográfica das utentes entrevistadas, por idade, estado civil e religião.
Província Total
Características Niassa Cabo Nampula Zambézia Tete Manica Sofala Inhambane Gaza Maputo P Maputo (%)
Delgado C

Idade (Percentagem)
≤15 anos 0 33 0 0 0 33 0 0 33 0 0 3 (0)
16 – 20 anos 10 18 16 11 10 4 9 5 11 4 1 91 (14)
21 -25 anos 7 8 22 11 8 8 6 3 11 13 3 155 (23)
26 – 30 anos 8 10 20 11 7 4 6 7 12 8 7 127 (19)
31 – 35 anos 2 19 15 6 9 2 6 13 18 4 5 94 (14)
36 – 40 anos 4 20 20 9 1 3 12 7 17 6 0 69 (10)
41 – 45 anos 0 5 19 14 0 5 14 24 5 5 10 21 (3)
≥6 anos 0 0 25 0 0 0 0 0 25 50 0 4 (0)
Sem informação 22 0 1 29 14 9 7 10 5 0 2 107 (16)

Estado civil (Percentagem)


Solteira 7 7 9 6 5 6 5 6 27 12 1 109 (16)
Casada 7 1 9 23 25 17 4 7 4 1 115 (17)
Vive maritalmente 10 12 22 13 10 1 6 9 8 6 5 399 (59)
Divorciada 14 38 10 14 10 0 5 5 0 0 5 21 (3)
Viúva 8 17 0 8 17 8 8 17 0 17 0 12 (2)
Sem informação 7 7 0 0 7 0 0 0 80 0 0 15 (2)

Religião (Percentagem)
Católica 12 19 17 23 5 3 5 5 4 2 3 220 (33)
Islâmica 17 26 43 3 2 3 2 3 3 0 0 120 (18)
Zione/Sião 3 1 7 4 4 7 3 18 30 15 7 71 (11)
Evangélica/Pentec 0 0 6 11 19 10 1 18 18 7 10 94 (14)
Anglicana
ostal 8 0 15 8 8 15 0 0 38 0 8 13 (2)
Sem Religião 0 0 12 9 30 18 15 6 6 3 0 33 (5)
Outra 4 1 0 15 8 4 28 5 13 21 1 100 (15)
Sem informação 25 5 15 0 0 5 0 0 50 0 0 20 (3)
Total 9 11 16 13 8 6 7 8 12 7 3 671

17
2.3.3 Nível de escolaridade

Um total de 501 mulheres, o que corresponde a 75% das entrevistadas, referiu ter frequentado
alguma vez uma escola (Quadro 3), sendo esta frequência mais alta na província de Maputo e na Cidade
de Maputo com 93% e 87% respectivamente e, mais baixa na província de Cabo Delgado com apenas
63%, seguida de Tete com 65%. Cerca de ¼ (24%) das mulheres entrevistadas referiu nunca ter
frequentado qualquer instituição de ensino na sua vida.

Das utentes que responderam ter alguma vez frequentado alguma escola, 65% referiu ter
completado o nível de ensino primário, 27% o nível secundário, 7%o nível de alfabetização e apenas
uma utente entrevistada na cidade de Maputo referiu o nível superior como a escolaridade mais alto
atingido.

Quadro 4: Frequência de alguma instituição de ensino, por província e estado civil


Alguma vez frequentou Nunca frequentou uma Sem informação Total
uma escola escola
Características
n % n % n % n

Província
Niassa 41 69.5 17 28.8 1 1.7 59
Cabo Delgado 48 63.2 28 36.8 0 0.0 76
Nampula 73 67.6 32 29.6 3 2.8 108
Zambézia 72 82.8 14 16.1 1 1.1 87
Tete 35 64.8 18 33.3 1 1.9 54
Manica 25 65.8 13 34.2 0 0.0 38
Sofala 40 80.0 10 20.0 0 0,0 50
Inhambane 38 73.1 14 26.9 0 0.0 52
Gaza 67 84.8 8 10.1 4 5.1 79
Maputo Província 42 93.3 3 6.7 0 0.0 45
Maputo Cidade 20 87.0 3 13.0 0 0.0 23

Estado civil
Solteira 88 80.7 21 19.3 0 0.0 109
Casada 91 79.1 23 20.0 1 0.9 115
Vive Maritalmente 294 73.7 101 25.3 4 1.0 399
Divorciada 13 61.9 8 38.1 0 0.0 21
Viúva 7 58.3 4 33.3 1 8.3 12
Sem informação 8 53.3 3 20.0 4 26.7 15
Total 501 74.7 160 23.8 10 1.5 671

18
Gráfico 1: Nível escolaridade das utentes dos serviços de PF

Quadro 5: Nível de escolaridade das utentes por idade, ocupação e tipo de US.
Sem Total
Características Nenhum Alfabetização Primário Secundário Superior
informação n

Idade (Percentagem)
16 – 20 anos 11.0 1.1 52.7 33.0 0.0 2.2 91
21 -25 anos 11.6 3.9 43.9 40.6 0.0 0.0 155
26 – 30 anos 18.9 4.7 56.7 18.1 0.8 0.8 127
31 – 35 anos 27.7 6.4 52.1 12.8 0.0 1.1 94
36 – 40 anos 30.4 5.8 53.6 8.7 0.0 1.4 69
41 – 45 anos 14.3 0.0 71.4 14.3 0.0 0.0 21
>=46 anos 25.0 50.0 25.0 0.0 0.0 0.0 4
Sem informação 53.3 8.4 31.8 0.0 0.0 6.5 107

Ocupação (Percentagem)
Doméstica 22.9 6.8 52.5 17.8 0.0 0.0 118
Estudante 2.6 3.9 25.0 68.4 0.0 0.0 76
Camponesa 30.7 5.4 53.5 8.3 0.0 2.1 387
Funcionária Pública 22.2 0.0 27.8 50.0 0.0 0.0 18
Conta Própria 12.9 3.2 48.4 35.5 0.0 0.0 31
Empregada 0.0 0.0 50.0 44.4 5.6 0.0 18
Outra 0.0 0.0 83.3 16.7 0.0 0.0 6
Sem informação 23.5 5.9 29.4 17.6 0.0 23.5 17

Nível de atenção (Percentagem)


Centro de Saúde I 21.4 2.0 48.0 26.5 0.0 2.0 98
Centro de Saúde II 28.1 4.9 46.7 18.3 0.3 1.6 366
Posto de Saúde 12.8 9.3 60.5 14.0 0.0 3.5 86
Hospital Rural 20.7 5.0 47.1 26.4 0.0 0.8 121
Total 23.8 5.1 48.7 20.4 0.1 1.8 671

19
2.3.4 Ocupação das utentes entrevistadas dos serviços de planeamento familiar

A maior parte (cerca de 58%) das utentes entrevistadas eram camponesas, seguidas de
domésticas (cerca de 18%) e de estudantes (cerca de 11%). O Gráfico 2 que se segue ilustra a
caracterização das entrevistadas por tipo de ocupação.

Gráfico 2: Ocupação das utentes das consultas de PF

2.3.5 Distribuição das utentes entrevistadas por tipo de religião

Cerca de 33% das mulheres entrevistadas


Quadro 6: Religião professada pelas utentes
referiram professar a religião católica seguidas das que
referiram professar a religião islâmica (cerca de 18%). A Religião n %
distribuição das utentes por tipo de religião é apresentada Católica 220 32.8
no Quadro 6. Islâmica 120 17.9
Zione/Sião 71 10.6
Evangélica/Pentecostal 94 14.0
Anglicana 13 1.9
Sem Religião 33 4.9
Outra 100 14.9
Sem informação 20 3.0
Total 671 100

20
2.3.6 Meio de transporte usado pelas utentes dos serviços de Planeamento Familiar para se
deslocarem às consultas

No dia da entrevista, cerca de 82% das utentes entrevistadas dos serviços de PF deslocaram-se a
pé para a US (Gráfico 3) e outros meios de transporte mais comummente usados foram o carro próprio
(8%) e a bicicleta (7%). A informação geral sobre os meios de transportes usados pelas utentes
entrevistadas para buscarem os serviços de PF nas US no dia da entrevista é apresentada no Gráfico 3 e
por província é apresentada no Quadro A.1 no anexo 1.

Gráfico 3 : Meio de transporte usado pelas utentes para buscar os serviços de PF na US no dia da entrevista

21
3. HISTÓRIA OBSTÉTRICA

3.1 História de gravidez anterior

Quase a totalidade (98%) das mulheres


Quadro 7: História da gravidez
entrevistadas referiu ter engravidado alguma vez.
Em média (média aparada a 5%) o último parto Já ficou grávida Total
destas mulheres ocorreu nos 20 meses anteriores Características
% n
a realização da entrevista. A história de gravidez
anterior das utentes entrevistadas é apresentada Idade
no Quadro 7. <=15 anos 100.0 3
16 – 20 anos 97.8 91
Em média as mulheres incluídas na 21 -25 anos 98.1 155
amostra tiveram cerca de 4 gravidezes anteriores. 26 – 30 anos 100.0 127
31 – 35 anos 98.9 94
36 – 40 anos 100.0 69
41 – 45 anos 95.2 21
>=46 anos 100.0 4
Sem informação 94.4 107
Nível de escolaridade
Nenhum 98.8 160
Alfabetização 100.0 34
Ensino Primário 98.2 327
Secundário 99.3 137
Ensino Superior 100.0 1
Sem informação 66.7 12
Estado civil
Solteira 96.3 109
Casada 99.1 115
Vive maritalmente 99.5 399
Divorciada 95.2 21
Viúva 100.0 12
Sem informação 66.7 15
Total 98.1 671

22
3.2 História de gravidez anterior por faixa etária

As mulheres na faixa etária dos 36-45 anos apresentaram em média uma história de mais de 7
gravidezes anteriores (Quadro 8). Outro aspecto de realce foi de uma média acima de duas gravidezes
anteriores verificada em utentes na faixa etária de menores de 20 anos.

Quadro 8: Média de gravidezes anteriores por faixa etária

Média Total
Idade n
<=15 anos 1.33 3
16 – 20 anos 2.09 89
21 -25 anos 2.79 151
26 – 30 anos 4.01 127
31 – 35 anos 5.40 93
36 – 40 anos 7.10 67
41 – 45 anos 7.70 20
>=46 anos 5.00 4
Sem informação 5.49 101
Total 4.31 655

3.3 História de abortos anteriores

Dentre as mulheres que referiram ter estado alguma vez grávidas, 22% relataram uma história
de abortos anteriores, e a proporção foi maior entre as mulheres casadas ou que viviam maritalmente.
Em média cada mulher referiu ter tido 1,3 abortos. A história de abortos anteriores de acordo com o
estado civil é apresentada no Quadro 9.

Quadro 9: História de abortos anteriores por estado civil


Já teve algum Nunca teve Sem
Total
Estado Civil aborto aborto informação
n
n % n % n %
Solteira 18 17.1 85 80.9 2 1.9 105
Casada 34 29.8 77 67.5 3 2.6 114
Vive Maritalmente 92 23.2 300 75.6 5 1.2 397
Divorciada 1 5.0 19 95.0 0 0.0 20
Viúva 3 25.0 9 75.0 0 0.0 12
Sem informação 0 0.0 10 100.0 0 0.0 10
Total 148 22.5 500 76.0 10 1.5 658

Nota: Em 13 casos não foi possível obter informação sobre abortos anteriores

23
4. SERVIÇOS DE PLANEAMENTO FAMILIAR

4.1 Motivo da procura dos serviços de planeamento familiar no dia da entrevista

Ao serem questionadas sobre as razões da procura da consulta de PF no dia em que foram


entrevistadas, 63% das mulheres referiram que buscavam a consulta de controlo, 32% iniciar o uso de
métodos de contracepção e 3% buscavam a contracepção pós-parto. A contracepção de emergência foi
referida por apenas uma utente. O Gráfico 4 ilustra as razões da procura dos serviços de PF no dia da
entrevista.

Gráfico 4: Razões para a procura dos serviços de PF no dia da entrevista

4.2 Razões para as utentes entrevistadas estarem a fazer o planeamento familiar

Quando questionadas sobre as razões pelas quais decidiram fazer o PF, 76% de mulheres
entrevistadas referiram como objectivo principal o espaçamento entre as gravidezes, cerca de 13% o
facto de não quererem ter mais filhos e 8% não deviam ter mais filhos (devido ao Alto Risco Obstétrico-
ARO) e apenas 1% queria adiar o início da maternidade. Estas razões foram independentes da faixa
etária, estado civil e ocupação.

Apenas 2% dos adolescentes e jovens na faixa etária dos 16-20 anos referiu a necessidade de
adiar o início da maternidade. (Quadro 10).

24
Quadro 10: Razões para as utentes estarem a fazer o PF por faixa etária
Porque não deve Porque quer fazer Porque não Porque quer adiar o
mais engravidar (é espaçamento entre quer ter início da maternidade Total
Idade ARO) as gravidezes mais filhos (%)
n
(%) (%) (%)

<=15 anos 0.0 100.0 0.0 0.0 1


16 – 20 anos 4.0 90.0 4.0 2.0 50
21 -25 anos 5.2 87.5 5.2 2.1 96
26 – 30 anos 9.1 80.7 9.1 1.1 88
31 – 35 anos 1.7 79.7 18.6 0.0 59
36 – 40 anos 19.2 63.5 17.3 0.0 52
41 – 45 anos 0.0 25.0 75.0 0.0 16
>=46 anos 100.0 0.0 0.0 0.0 3
Sem informação 11.3 69.8 18.9 0.0 53
Total 8.4 77.0 13.6 1.0 418

Gráfico 5: Razões para as utentes estarem a fazer o PF por estado civil

As trabalhadoras por conta própria (23%) e as funcionárias públicas (18%) foram as que mais
referiram não quererem ter mais filhos. As razões para as utentes entrevistadas estarem a fazer o PF por
tipo de ocupação são apresentadas no Gráfico 6.

25
Gráfico 6: Razões para as utentes entrevistadas estarem a fazer o PF por tipo de ocupação

4.3 Actual método de planeamento familiar usado pelas utentes

Cerca de 52% das mulheres entrevistadas referiu a pílula como sendo o método preferido para
prevenir a gravidez, seguida da depoprovera (42%) e amamentação (4%). Não se se verificou diferença
de opinião entre as mulheres de acordo com o seu estado civil e nível de escolaridade (Anexo A).

Apenas 3 mulheres referiram o Dispositivo Intra-Utero (DIU) e duas indicaram o preservativo


masculino como método preferido de contracepção e nenhuma referiu-se ao preservativo feminino nem
a laqueação das trompas.

Quando feita a análise por nível de escolaridade das utentes entrevistadas, verificou-se que a
amamentação como método de contracepção preferido foi mais referida entre as mulheres com nível
primário (cerca de 38%) seguida de mulheres sem nenhum nível de escolaridade (31%). A informação
sobre o actual método de PF usado pelas utentes por nível de escolaridade é apresentada no Quadro 11
e por estado civil no Quadro A.2 no anexo 1.

26
Quadro 11: Actual método de PF usado pelas utentes por nível de escolaridade

Nenhum Alfabetização Ensino Ensino Ensino Sem Total


Método de PF (%) (%) Primário Secundário Superior informação n
(%) (%) (%) (%)

Abstinência sexual 0.0 0.0 50.0 50.0 0.0 0.0 2


Amamentação 31.0 13.8 37.9 17.2 0.0 0.0 29
Pílula 22.3 4.6 51.7 19.7 0.3 1.4 350
Depoprovera 26.2 4.3 47.3 21.1 0.0 1.1 279
DIU 0.0 33.3 0.0 66.7 0.0 0.0 3
Preservativo masculino 0.0 0.0 50.0 50.0 0.0 0.0 2
Preservativo feminino 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0
Sem informação 0.0 16.7 16.7 0.0 0.0 66.7 6
Total 23.8 5.1 48.7 20.4 0.1 1.8 671

4.4 Tempo de uso e mudança de método de planeamento familiar

Dentre as utentes entrevistadas, o tempo médio de utilização do actual método contraceptivo


foi de 5 meses e 3 semanas. Cerca de 24% referiu que antes do actual método de PF já vinha usando
outro tipo.

Dentre as mulheres que trocaram de método, verificou-se que 65% das que referiram ter
mudado para pílula antes utilizavam a depoprovera e das que migraram para a depoprovera 58%
usavam a pílula. As informações sobre mudanças de métodos de PF são apresentadas no Quadro 12.

Quadro 12: Mudança de métodos de PF


Método PF antigo
Amamentação

Depoprovera
Preservativo

Preservativo
Abstinência

tradicionais
sexual (%)

masculino

Total
Métodos

feminino

Método PF actual
Pílula

DIU
(%)

(%)

(%)

(%)

(%)

(%)

(%)

Abstinência sexual 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0
Amamentação 14.3 0.0 14.3 14.3 0.0 42.9 14.3 0.0 7
Pílula 9.6 8.4 4.8 10.8 1.2 0.0 65.1 0.0 83
Depoprovera 1.8 12.3 5.3 10.5 12.3 57.9 0.0 0.0 57
DIU 0.0 0.0 100.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1
Preservativo
0.0 100.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1
masculino
Preservativo feminino 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0
Sem informação 0.0 50.0 0.0 0.0 0.0 50.0 0.0 0.0 2
Total 6.6 10.6 6.0 10.6 5.3 24.5 36.4 0.0 151

27
As principais razões referidas para a mudança do método de PF foram: (i) hemorragia referida
por 36% das mulheres entrevistadas que usavam a pílula e por 27% que usavam depoprovera; (ii)
informação recebida de amigas de que o método não era funcional, em 50% das utentes entrevistadas
que usavam métodos tradicionais, em 33% que faziam abstinência sexual e em 23% que usavam o
preservativo masculino; (iii) a falta do método de PF na US no dia da entrevista foi mencionada por 11%
de mulheres que buscavam a pílula e 27% das que buscavam depoprovera.

As mulheres entrevistadas que usavam a pílula como método contraceptivo receberam em


média 1.2 carteiras de pílulas na consulta de PF e 58% das que usavam este método consideraram que a
quantidade recebida era suficiente para as suas necessidades. Esta satisfação foi verificada
maioritariamente em utentes entrevistadas na província de Maputo (96%) seguida da Cidade de Maputo
(93%). Contudo, a percentagem de mulheres que consideraram insuficiente o número de carteiras
recebidas foi relevante (38%), principalmente na província de Gaza (78%).

As utentes entrevistadas nos hospitais rurais (cerca de 63%) referiram maior nível de satisfação
com a quantidade de carteiras de pílulas recebidas nas consultas de PF quando comparadas com as
entrevistadas noutros níveis de atenção. O grau de satisfação relativa a quantidade de carteiras pílulas
recebidas por nível de atenção e província é apresentado no Gráfico 7.

Gráfico 7: Grau de satisfação com a quantidade de carteiras de pílulas recebidas por nível de atenção e província

28
4.5 Local de início do planeamento familiar

A maior parte das mulheres entrevistadas (86%) referiu ter iniciado as consultas de PF na actual
US onde se encontravam e 6% das mulheres eram oriundas de uma outra US. Destas, apenas 31%
trouxeram uma guia de transferência da US de procedência, 80% das entrevistadas não conheciam as
razões da sua referência, 4% mencionaram não ter ficado satisfeitas com a atenção oferecida na US de
proveniência e 9% referiram que a US não dispunha de métodos anticonceptivos. As informações
relativas ao local de início das consultas de PF por nível de atenção e província são apresentadas no
Quadro 13.

Quadro 13: Local de início das consultas de PF por nível de atenção e província

Iniciou nesta US Foi transferida de Sem informação Total


Características (%) outra US (%) n
(%)
Tipo de US
Hospital Rural 84.3 7.4 8.3 121
Centro de Saúde I 94.9 3.1 2.0 98
Centro de Saúde II 85.0 6.0 9.0 366
Posto de Saúde 80.2 9.3 10.5 86
Total 85.7 6.3 8.0 671

Província
Niassa 83.1 8.5 8.5 59
Cabo Delgado 92.1 7.9 0.0 76
Nampula 86.1 0.9 13.0 108
Zambézia 93.1 5.7 1.1 87
Tete 92.6 7.4 0.0 54
Manica 89.5 0.0 1.5 38
Sofala 92.0 6.0 2.0 50
Inhambane 88.5 7.7 3.8 52
Gaza 64.6 3.8 31.6 79
Maputo Província 75.6 24.4 0.0 45
Maputo Cidade 91.3 0.0 8.7 23
Total 85.7 6.3 8.0 671

29
4.6 Acesso à Informação, Educação e Comunicação (IEC) durante o tempo de espera para a
consulta de Planeamento Familiar

Durante o tempo em que as utentes esperavam pela consulta de PF, apenas 22% referiram ter
tido acesso a uma palestra e destas, 66% referiram que a enfermeira utilizou cartazes ou outro material
de IEC como suporte da sua palestra.

Por nível de atenção, foram os hospitais rurais (com cerca de 84%) e postos de saúde (com cerca
de 79%) os locais com maior frequência de mulheres entrevistadas a referir que a enfermeira utilizou
material de IEC para complementar a sua sessão de educação param a saúde. Por província, destaca-se
Nampula onde a totalidade das entrevistadas (100%) referiram o uso de cartazes ou outro material de
IEC por parte das enfermeiras/profissionais de saúde durante as sessões de educação para a saúde. As
informações relativas a utilização de material de apoio para IEC por nível de atenção e província são
apresentadas no Quadro 14.

Quadro 14: Utilização de material de apoio para IEC por nível de atenção e província

Utilizou
Não utilizou Sem
cartazes ou Total
Características cartazes ou outro informação
outro material n
material (%) (%)
(%)

Tipo de US
Hospital Rural 84.4 12.5 3.1 32
Centro de Saúde I 50.0 50.0 0.0 8
Centro de Saúde II 57.5 42.5 0.0 87
Posto de Saúde 78.6 21.4 0.0 28
Total 66.5 32.9 0.6 155

Província
Niassa 95.7 4.3 0.0 23
Cabo Delgado 33.3 66.7 0.0 9
Nampula 100.0 0.0 0.0 21
Zambézia 40.9 59.1 0.0 22
Tete 20.0 80.0 0.0 5
Manica 12.5 87.5 0.0 8
Sofala 75.0 25.0 0.0 12
Inhambane 71.4 21.4 7.1 14
Gaza 70.6 29.4 0.0 34
Maputo Província 50.0 50.0 0.0 2
Maputo Cidade 40.0 60.0 0.0 5

Quanto a fonte de informação para a procura dos serviços de PF, o maior destaque foi dirigido
aos profissionais de saúde que foram mencionados por cerca de 69% das utentes entrevistadas como
sendo a principal fonte de informação seguida dos amigos/as com cerca de25% e da rádio com cerca

30
de15% (Gráfico 8). Os parentes mais próximos parecem não ser uma fonte de informação relevante
sobre a necessidade de se fazer o PF; como: namorados (<1%), sogras (1%), mães (4%) e maridos (13%)
que foram mencionados com menor frequência pelas utentes entrevistadas como fonte de informação
para a procura dos serviços de PF. Note-se que para esta questão existia a possibilidade de respostas
múltiplas por parte das utentes.

Gráfico 8: Fonte de informação sobre a consulta de PF

4.7 Condições de acolhimento no local de espera e na consulta de Planeamento Familiar

A maioria das mulheres entrevistadas referiu esperar num banco ou cadeira antes de ser
atendida na consulta de PF, e que lhe foi disponibilizada uma cadeira para se sentar antes do início da
consulta. Os postos de saúde ofereceram menos condições às mulheres para aguardarem sentadas. As
condições de acolhimento das utentes entrevistadas enquanto aguardavam pelo atendimento na US são
apresentadas no Gráfico 9.

31
Gráfico 9: Condições de acolhimento enquanto a utente aguardava pelo atendimento por nível de atenção

Na interacção entre as profissionais de saúde e as utentes, 87% das mulheres entrevistadas


referiram terem sido cumprimentadas pela provedora dos serviços e cerca de 64% questionadas sobre
as suas preocupações antes do início do exame físico. Cerca de 70% das mulheres entrevistadas
referiram terem sido explicadas pelo profissional de saúde sobre os métodos disponíveis na US bem
como sobre o seu funcionamento e os possíveis efeitos secundários, e cerca de 64% referiram terem
sido informadas sobre as vantagens de fazer o PF para a saúde delas e dos seus bebés. A mesma
proporção de mulheres (64%) referiu ter sido questionada pelos/as provedores/as de serviços sobre as
suas preocupações antes do início da consulta.

Analisando por tipo de US, verificou-se que os CS do tipo I (cerca de 89%) e do tipo II (80%)
quando comparadas com outras US foram os locais em que as utentes entrevistadas apresentaram
menores níveis de acolhimento e informação sobre os métodos de contracepção nos serviços de PF.
Contudo, os postos de saúde (cerca de 94%) foram os que melhor se destacaram nesta vertente.

Comparativamente as outras províncias, Sofala mostrou consistentemente altas taxas de


satisfação no que refere ao acolhimento na US. Contudo, a Cidade de Maputo foi o local onde as
mulheres relataram terem sido explicadas com menor frequência (cerca de 22%) sobre as vantagens do
uso dos contraceptivos comparativamente as outras províncias do país.

O nível de acolhimento e informação sobre os métodos de contracepção nos serviços de PF por


nível de atenção e província é apresentado no quadro 15.

32
Quadro 15: Acolhimento e informação sobre os métodos de contracepção por nível de atenção e província

O profissional
O profissional explicou quais
O profissional O profissional
O profissional perguntou são os
ofereceu uma explicou as
cumprimento sobre as métodos de
cadeira para a vantagens de
u a utente preocupações contracepção Total
Características utente se fazer o PF
antes de da utente disponíveis na n
sentar antes de (para a mulher
iniciar a antes de US, suas
iniciar a e o seu bebé)
consulta (%) começar a características
consulta (%) (%)
examina-la (%) e modo de
acção (%)

Tipo de US
Hospital Rural 92.6 90.9 66.9 86.0 72.7 121
Centro de Saúde I 88.8 81.6 63.3 70.4 56.1 98
Centro de Saúde 88.0 85.0 58.2 60.9 57.7 366
II
Posto de Saúde 94.2 96.5 81.4 86.0 83.7 86

Província

Niassa 84.7 83.1 42.4 64.4 44.1 59


Cabo Delgado 77.6 82.9 44.7 64.5 59.2 76
Nampula 93.5 91.7 69.4 78.7 69.4 108
Zambézia 79.3 89.7 63.2 58.6 60.9 87
Tete 88.9 81.5 46.3 51.9 38.9 54
Manica 94.7 63.2 57.9 50.0 63.2 38
Sofala 96.0 96.0 94.0 94.0 98.0 50
Inhambane 98.1 92.3 57.7 65.4 65.4 52
Gaza 93.7 92.4 83.5 88.6 82.3 79
Maputo Província 95.6 80.0 77.8 73.3 64.4 45
Maputo Cidade 100.0 95.7 52.2 69.6 21.7 23
Total 89.7 87.0 63.5 70.0 63.5 671

Apenas 45% das entrevistadas afirmaram ter tido a oportunidade de fazer perguntas para
esclarecimento de aspectos que não compreendiam durante a consulta e, destas 94% referiram ter
compreendido as respostas que tiveram da profissional de saúde. Contudo, mais da metade das
mulheres entrevistadas (59%) mencionou que após escolher o método que desejava usar foi-lhes
explicada se este era ou não adequado para o seu uso.

Nos CS do tipo I (cerca de 47%) e do tipo II (cerca de 58%) foram os locais onde as utentes
entrevistadas mencionaram ter tido menos explicação sobre a adequação do método escolhido, e
Manica, a província onde as utentes (cerca de 32%) referiram ter recebido menos tal explicação.

Cerca de 35% das mulheres entrevistadas que procuraram os serviços de PF nas US referiram ter
sido informadas pela profissional de saúde sobre a disponibilidade do preservativo feminino como

33
método contraceptivo e cerca de 23% afirmaram ter deixado a US sem que tenham sido informadas
sobre a data da próxima consulta.

As informações sobre a interacção entre as utentes dos serviços de PF e as provedoras dos


serviços por nível de atenção e província são apresentadas no Quadro 16.

Quadro 16: Interacção entre a utente e o/a provedor/a dos serviços de PF por nível de atenção e província

A Parteira /
Enfermeira
A Utente A Parteira
explicou se A Parteira
A utente teve compreendeu /Enfermeira
o método /Enfermeira
oportunidade de as respostas explicou sobre
que a disse quando
fazer perguntas às suas a Total
Características utente tinha que
ou de esclarecer perguntas e disponibilidade n
escolheu voltar para a
dúvidas que as explicações do
era ou não próxima
tinha (%) dadas às suas preservativo
apropriado consulta (%)
dúvidas (%) feminino (%)
para ela
(%)

Tipo de US
Hospital Rural 45.5 98.2 62.8 41.3 74.4 121
Centro de 45.9 93.3 46.9 32.7 68.4 98
Saúde
CentroI de 43.4 93.1 57.7 31.7 81.1 366
Saúde II
Posto de 51.2 95.5 72.1 40.7 75.6 86
Saúde
Província

Niassa 35.6 90.5 45.8 22.0 83.1 59


Cabo Delgado 38.2 96.6 55.3 36.8 89.5 76
Nampula 32.4 97.1 63.0 28.7 67.6 108
Zambézia 34.5 93.3 48.3 32.2 81.6 87
Tete 16.7 100.0 42.6 18.5 63.0 54
Manica 28.9 81.8 31.6 26.3 55.3 38
Sofala 78.0 97.4 94.0 46.0 92.0 50
Inhambane 61.5 93.8 61.5 40.4 90.4 52
Gaza 75.9 95.0 81.0 59.5 79.7 79
Maputo 55.6 100.0 53.3 33.3 80.0 45
Província
Maputo 52.2 75.0 60.9 30.4 47.8 23
Cidade
Total 45.2 94.4 58.9 34.7 77.3 671

Uma percentagem significativa de mulheres entrevistadas (70%) no âmbito deste estudo referiu
ter sido informada sobre a disponibilidade do método contraceptivo solicitado na US e um pouco mais
da metade (cerca de 59%) ter sido explicada sobre o funcionamento do método escolhido e sobre a
adequação para elas.

34
A província de Sofala foi o local onde uma grande maioria de utentes entrevistadas (94%)
afirmou ter sido informada sobre a disponibilidade do método de PF na US e sobre o seu funcionamento
e adequabilidade.

A informação sobre a disponibilidade dos métodos contraceptivos e explicação sobre o seu


funcionamento e adequação para as utentes dos serviços de PF por província e nível de atenção é
apresentada no Gráfico 10.

Gráfico 10: Informação sobre a disponibilidade dos métodos de PF e explicação sobre o seu funcionamento por província

35
Gráfico 11: Informação sobre a disponibilidade dos métodos de PF e explicação sobre o seu funcionamento por nível de
atenção

Cerca de 16% das utentes dos serviços de PF entrevistadas referiram que no início da utilização
do actual método, a profissional de saúde não explicou convenientemente sobre o funcionamento do
mesmo ou a forma do seu uso. A proporção de utentes entrevistadas (cerca de 44%) que mais referiu
esta falta de informação encontra-se na faixa etária de menores de 15 anos (Gráfico 11).

Gráfico 12: Nível de explicação da provedora dos serviços no início da utilização do método de PF, por faixa

(sem informação: 1.4%)

36
Os hospitais rurais foram os locais onde as utentes entrevistadas afirmaram ter recebido menos
explicação sobre o funcionamento ou a forma da toma/uso dos diferentes métodos de PF. A explicação
sobre o funcionamento ou toma/uso dos métodos de PF é apresentada no Quadro 17.

Quadro 17: Explicação sobre o funcionamento ou toma/uso dos métodos de PF, por nível de atenção

Dada Não dada S. informação Total


Tipo de US
n % n % n % n
Hospital Rural 94 78.3 22 18.3 4 3.3 120
Centro de Saúde I 79 80.6 19 19.4 0 0.0 98
Centro de Saúde II 308 84.2 50 13.7 8 2.2 366
Posto de Saúde 69 80.2 10 11.6 8 8.1 86
Total 550 82.1 101 15.1 20 2.8 671

4.8 Aconselhamento sobre outras intervenções durante as consultas de Planeamento Familiar

Durante as consultas de PF, apenas 48% de utentes entrevistadas referiram ter recebido
informações sobre as Infecções de Transmissão Sexual (ITS) e HIV/SIDA. O aconselhamento sobre a
testagem para o HIV e a sífilis também apresentou desafios, com apenas 36% e 22% de utentes
respectivamente referindo terem sido aconselhadas.

Os postos de saúde foram os locais onde as utentes entrevistadas (cerca de 59%) referiram ter
recebido mais frequentemente informações sobre as ITS/SIDA contrariamente aos CS do tipo II (cerca de
39%). O aconselhamento para a realização do teste de HIV foi feito maioritariamente a mulheres
entrevistadas (cerca de 46%) nos CS do tipo I e menos nos CS do tipo II (cerca de 31%). O teste de sífilis
foi oferecido maioritariamente a utentes entrevistadas no hospital rural (cerca de 29%) ao contrário das
utentes dos CS do tipo II (cerca de 17%). A informação referente a oferta de outros serviços às utentes
durante a consulta de PF por nível de atenção é apresentada no Gráfico 12.

37
Gráfico 13: Oferta de outros serviços durante a consulta de PF por nível de atenção

A província de Tete seguida de Niassa apresentou no global os menores níveis de informação e


aconselhamento sobre ITS/HIV e sífilis oferecida pelos profissionais de saúde, sendo a província de
Sofala a que apresentou a maior oferta quer do teste de HIV assim como do teste de sífilis nas consultas
de PF (Quadro 18).

Quadro 18: Oferta de outros serviços durante a consulta de PF por província

O profissional O profissional O profissional


conversou com a aconselhou a aconselhou a Total
Província
utente sobre fazer o teste de fazer o teste n
ITSs/SIDA (%) HIV (%) de Sífilis (%)

Niassa 20.3 10.2 10.2 59


Cabo Delgado 40.8 31.6 11.8 76
Nampula 58.3 41.7 34.3 108
Zambézia 23.0 18.4 18.4 87
Tete 18.5 9.3 1.9 54
Manica 47.4 42.1 23.7 38
Sofala 72.0 66.0 68.0 50
Inhambane 63.5 34.6 5.8 52
Gaza 77.2 62.0 29.1 79
Maputo 53.3 20.0 45
66.7
Província
Maputo Cidade 26.1 17.4 4.3 23
Total 47.7 35.8 22.1 671

38
4.9 Exame físico oferecido durante a consulta de Planeamento Familiar

Apenas cerca de 23% das mulheres entrevistadas referiram que a provedora dos serviços
explicou o procedimento que iria realizar durante o exame, 15% que a profissional de saúde examinou
as suas mamas durante a consulta, 14% que a sua tensão arterial foi medida; 14% que o profissional
palpou o seu abdómen, 15% que lhes foi feito o toque vaginal e 8% que lhes foi referido o exame vaginal
com recurso ao espéculo vaginal (Quadro 19).

Os CS do tipo I apresentaram consistentemente as menores frequências dos diferentes passos


do exame físico quando comparadas com os outros níveis de atenção.

A província de Sofala apresentou a maior abrangência de exames físicos oferecidos às utentes


aquando das consultas de PF, contrariamente a Cidade de Maputo que apresentou os indicadores mais
baixos nesta componente.

Quadro 19: Tipo de exame físico oferecido às utentes nas consultas de PF por nível de atenção e província

Introduziu um instrumento
Examinou as suas mamas?

Palpou a sua barriga? (%)

Fez toque vaginal? (%)


explicou-lhe o que ia
Antes de examina-la

Mediu a sua Tensão

tipo bico de pato


(espéculo)? (%)
Arterial? (%)
fazer?(%)

Total
(%)

Características n

Tipo de US
Hospital Rural 32.2 24.0 16.5 24.0 20.7 8.3 121
Centro de Saúde I 20.4 13.3 7.1 10.2 15.3 7.1 98
Centro de Saúde II 18.6 11.5 12.8 10.4 10.7 6.3 366
Posto de Saúde 34.9 18.6 19.8 22.1 23.3 15.1 86

Província
Niassa 13.6 10.2 5.1 10.2 6.8 5.1 59
Cabo Delgado 6.6 11.8 14.5 10.5 2.6 0. 76
Nampula 15.7 11.1 3.7 7.4 3.7 3.70 108
Zambézia 28.7 18.4 6.9 18.4 16.1 9.2 87
Tete 7.4 5.6 1.9 3.7 3.7 3.7 54
Manica 36.8 23.7 21.1 18.4 23.7 21.1 38
Sofala 76.0 20.0 34.0 26.0 68.0 8.0 50
Inhambane 9.6 7.7 19.2 11.5 3.8 3.8 52
Gaza 25.3 20.3 24.1 25.3 24.1 20.3 79
Maputo Província 33.3 28.9 24.4 20.0 17.8 11.1 45
Maputo Cidade 26.1 8.7 4.3 4.3 4.3 4.3 23
Total 23.4 14.9 13.6 14.3 14.8 7.9 671

39
4.10 Tempo de espera para as utentes serem atendidas na consulta de Planeamento Familiar

As utentes entrevistadas demoraram em média cerca de 1 hora (59,7 minutos) para serem
atendidas nas consultas. Quando feita análise por tipo de US, o tempo de espera não diferiu muito,
embora os postos de saúde tenham apresentado um tempo de espera relativamente menor. O tempo
de espera para as utentes entrevistadas serem atendidas nas consultas de PF é apresentado no quadro
20.
Na província de Cabo Delgado, as entrevistadas referiram ter esperado mais tempo para serem
atendidas (média de cerca de 1 hora e 30 minutos - 93,7 minutos) em relação a província de Sofala e
Cidade de Maputo onde as utentes mencionaram ter esperado menos tempo (média de 27 e 34 minutos
respectivamente).

Quadro 20: Tempo de espera para as utentes serem atendidas na consulta de PF,
por nível de atenção e província
Tempo médio de
Total
Características espera em
n
minutos
Tipo de US
Hospital Rural 60.8 117
Centro de Saúde I 54.1 95
Centro de Saúde II 62.5 357
Posto de Saúde 53.1 86

Província
Niassa 54.5 58
Cabo Delgado 93.7 74
Nampula 62.6 108
Zambézia 70.4 84
Tete 30.1 53
Manica 43.3 36
Sofala 27.1 50
Inhambane 50.9 50
Gaza 86.3 75
Maputo Província 45.4 45
Maputo Cidade 34.9 22
Total 59.7 655

4.11 Percepção da utente pelo respeito a sua privacidade nas consultas de Planeamento
Familiar

A maior parte das utentes entrevistadas (86%) considerou que a sua privacidade foi respeitada
durante a consulta, 11% referiram que não e 14% afirmaram ter estado na sala de consultas com mais
utentes a serem atendidas em simultâneo.

Os seguintes aspectos foram os que mais contribuíram para que as utentes considerassem que a
sua privacidade fora respeitada: (i) Estar sozinha com a enfermeira, referido por cerca de 81% de
mulheres entrevistadas e (ii) A porta ter permanecido fechada durante a consulta, referido por cerca de
57% (esta questão teve a possibilidade de respostas múltiplas).

40
As razões apontadas pelas utentes para considerarem que a sua privacidade não fora
respeitada: (i) Ter estado na mesma sala com mais uma utente (52%); (ii) Ter a porta do Consultório
aberta durante a consulta (56%); (iii) O profissional de saúde ter deixado a utente descoberta durante o
exame físico (10%) e (iv) Qualquer pessoa podia vê-la no local onde o profissional estava a examiná-la
(cerca de 25%).

De acordo com as entrevistadas os postos de saúde oferecem maior privacidade que os outros
tipos de US. As províncias Tete, Zambézia e Nampula foram nas que a maior proporção de mulheres
entrevistadas referiu que a sua privacidade não fora respeitada com 18%; 17% e 17% respectivamente.
A percepção da utente pelo respeito da sua privacidade nas consultas de PF por nível de atenção e
província é apresentada no Quadro 21 e por nível de escolaridade é apresentada no Quadro A.5 no
anexo 1.

Quadro 21: Percepção da utente pelo respeito a sua privacidade nas consultas de PF,
por nível de atenção e província

Sentiu Não Sentiu Não quis Sem Total


Características Privacidade Privacidade responder informação n
(%) (%) (%) (%)

Tipo de US
Hospital Rural 85.1 9.9 4.1 0.8 121
Centro de 89.8 9.2 1.0 0.0 98
Saúde I
Centro de 83.9 13.7 0.8 1.6 366
Saúde II
Posto de 90.7 7.0 2.3 0.0 86
Saúde
Província
Niassa 81.4 10.2 6.8 1.7 59
Cabo Delgado 88.2 11.8 0.0 0.0 76
Nampula 83.3 16.7 0.0 0.0 108
Zambézia 82.8 17.2 0.0 0.0 87
Tete 74.1 18.5 7.4 0.0 54
Manica 89.5 10.5 0.0 0.0 38
Sofala 94.0 6.0 0.0 0.0 50
Inhambane 84.6 9.6 5.8 0.0 52
Gaza 89.9 2.5 0.0 7.6 79
Maputo 93.3 6.7 0.0 0.0 45
Província
Maputo 91.3 8.7 0.0 0.0 23
Cidade
Total 85.8 11.5 1.6 1.0 671

41
Considerando o tipo de religião professada pelas mulheres entrevistadas, constatou-se que a
maior proporção de mulheres que professavam a religião católica referiu ter sentido que a sua
privacidade não foi respeitada. No que refere ao nível escolaridade, não foram verificadas diferenças
significativas quanto ao sentimento de ter sido ou não respeitada a privacidade das utentes (Quadro A.4
no Anexo 1).

4.12 Percepção da utente sobre o nível de limpeza da Unidade Sanitária

Cerca de 75% das mulheres entrevistadas consideraram que a US estava limpa no dia da
consulta, 18% que não estava e 4% não quiseram responder a esta questão.

As US mais periféricas e as províncias de Manica e Cabo Delgado foram os locais que


apresentaram maior nível de limpeza na óptica das utentes entrevistadas dos serviços de PF. Sendo que
cerca de 84% de mulheres entrevistadas no CS do tipo 1 seguida do Hospital Rural (81%), e a província
de Manica (92%) seguida de Cabo Delgado (88%) terem sustentado essa afirmação.

A percepção das utentes sobre o nível de limpeza da US, por nível de atenção e província é
apresentada no Quadro 22.

Quadro 22: Percepção das utentes sobre o nível de limpeza da US,


por nível de atenção e província

Não
Estava Não quis Sem Total
estava
Características limpo responder informação n
limpo
(%) (%) (%)
(%)

Tipo de US
Hospital Rural 81.0 10.7 6.6 1.7 121
Centro de Saúde I 83.7 9.2 5.1 2.0 98
Centro de Saúde II 72.1 23.0 2.7 2.2 366
Posto de Saúde 70.9 18.6 5.8 4.7 86

Província
Niassa 66.1 16.9 15.3 1.7 59
Cabo Delgado 88.2 9.2 2.6 0.0 76
Nampula 75.0 19.4 0.0 5.6 108
Zambézia 73.6 25.3 0.0 1.1 87
Tete 57.4 35.2 7.4 0.0 54
Manica 92.1 7.9 0.0 0.0 38
Sofala 80.0 10.0 10.0 0.0 50
Inhambane 75.0 15.4 7.7 1.9 52
Gaza 73.4 16.5 1.3 8.9 79
Maputo Província 84.4 11.1 4.4 0.0 45
Maputo Cidade 56.5 39.1 4.3 0.0 23
Total 75.3 18.2 4.2 2.4 671

42
4.13 Grau de satisfação das utentes pelos serviços de Planeamento Familiar prestados nas US

Para avaliação geral do nível de satisfação das utentes, foi considerada uma variável contínua
construída a partir da média de pontuação dos seguintes aspectos: (1) Sentiu que foi bem tratada pela
parteira/médico; (2) Para além da forma como foi tratada pela parteira/médico, está satisfeita com os
cuidados e serviços desta US; (3) Na sua opinião, de uma forma geral, para além da parteira/médico, o
pessoal de saúde tratou-a bem.

No que concerne ao nível de satisfação geral das utentes entrevistadas sobre a consulta de PF
encontrou-se uma pontuação média de satisfação de 2.7 (DP-0.67) e uma mediana de 3, sugerindo que
a maior parte das utentes entrevistadas optaram pelo “satisfeito” na escala utilizada.

Os índices de satisfação médios não diferiram entre as idades e o nível de atenção das US. No
entanto, o nível de escolaridade, a ocupação e o tempo de espera foram associados a satisfação geral
das utentes entrevistadas. A informação sobre o grau de satisfação geral das utentes dos serviços de PF
é apresentada no Quadro 23.1.

43
Quadro 23.1: Grau de satisfação geral das utentes pelas consultas de PF
(n) Percentagem Satisfação
Características (%)
Média Mediana p-value
671 100,0 2,7(0,67) 3,0
Geral

Idade 0,289
<17 22 3.3 3.0 (0.21) 3.0
18-24 189 28.2 2.7 (0.61) 3.0
25-29 138 20.6 2.6 (0.71) 3.0
30-49 215 32.0 2.7 (0.53) 3.0
Sem Informação 107 15.9 -

Nível de Escolaridade <0,001


Nenhum 160 1.8 2.6 (0.71) 3.0
Alfabetização 34 5.1 2.8 (0.47) 3.0
Ensino Primário 327 48.7 2.7 (0.57) 3.0
Secundário 137 20.4 2.7 (0.62) 0.0
Ensino Superior 1 0.1 0.0 (0.00) 3.0
Sem Informação 12 1.8 1.3 (1.37) 3.0

Ocupação <0.001
Doméstica 118 17.6 2.7 (0.59) 3.0
Estudante 76 11.3 2.7 (0.62) 3.0
Camponesa 387 57.7 2.7 (0.60) 3.0
Funcionária Pública 18 2.7 2.5 (0.62) 3.0
Funcionária Conta Própria 31 4.6 2.5 (0.81) 3.0
Empregada Sector Privado 18 2.7 2.5 (0.99) 3.0
Outro 6 0.9 2.3 (0.82) 2.5
Sem Informação 17 2.5 1.8 (1.20) 2.0

Nível de Atendimento 0.306


Centro de Saúde I 98 14.6 2.7 (0.62) 3.0
Centro de Saúde II 366 54.5 2.7 (0.67) 3.0
Posto de Saúde 86 12.8 2.7 (0.71) 3.0
Hospital Rural 121 18.0 2.7 (0.66) 3.0

Tempo de Espera <0.001


<2 h 506 75.4 2.7 (0.61) 3.0
2-4 h 101 15.1 2.7 (0.66) 3.0
>4 h 18 2.7 2.1 (0.87) 2.0
Sem Informação 46 6.9 2.5 (0.96) 3.0
(sem informação: 3.0%; note-se que só havia uma utente de nível superior da qual não se obteve informação)

44
Quando analisada a influência da relação interpessoal entre a provedora dos serviços e a utente
na satisfação da utente em relação aos serviços de PF, verificou-se que pelo facto de a profissional de
saúde ter cumprimentado a utente, tê-la oferecido uma cadeira, tê-la perguntado sobre as suas
preocupações, tê-la explicado sobre os métodos existentes na US, tê-la atendido de forma particular no
consultório contribuiu de forma positiva para a sua satisfação. Contudo, o facto de a utente ter assistido
a uma palestra não influenciou na sua satisfação (Quadro 23.2).

Quadro 23.2: Grau de satisfação geral das utentes pelas consultas de PF

Satisfeita
Características Sim (%) Não (%) p-value
O profissional cumprimentou-a
Sim 21.9 78.1 0.000
Não 31.3 68.7
O profissional ofereceu uma cadeira

Sim 21.6 78.4 0.001


Não 38.7 61.3
O profissional perguntou sobre as preocupações da utente

Sim 20.9 79.1 0.002


Não 26.9 73.1
O profissional explicou sobre os métodos contraceptivos disponíveis na US

Sim 20.9 79.1 0.001


Não 28.6 71.4
A utente teve oportunidade de fazer perguntas

Sim 21.1 78.9 0.001


Não 24.7 75.3
A utente assistiu uma palestra enquanto esperava pela consulta

Sim 20.0 80.0 0.192


Não 24.0 76.0
A utente estava sozinha na sala da consulta
Sim 20.7 79.3 0.000
Não 37.4 62.6
A utente sentiu que a sua privacidade foi respeitada

Sim 19.4 80.6 0.000


Não 40.3 59.7

As informações sobre a satisfação das utentes por nível de escolaridade podem ser encontradas
no Quadro A.7 no anexo 1 e as razões gerais para a insatisfação das utentes no Quadro A.6 no anexo 1.

45
4.14 Envolvimento do homem nas consultas de Planeamento Familiar

Cerca de 72% das utentes entrevistadas das consultas de PF referiram que gostariam de ser
acompanhadas às consultas pelos seus parceiros. As mulheres com nível de alfabetização (33%) seguidas
de mulheres sem nenhum nível de escolaridade (27%) foram as que mostraram menos interesse em
serem acompanhadas pelos parceiros às consultas. A informação sobre o desejo das utentes em serem
acompanhadas pelos seus parceiros à consulta de PF por nível de escolaridade é apresentada no Gráfico
13 e por faixa etária é apresentada no Quadro A.8 no anexo 1.

Gráfico 13: Desejo das utentes em serem acompanhadas pelo parceiro à consulta de PF por nível de escolaridade

(sem informação: 1.2%; note-se que só havia uma utente de nível superior que gostaria de ser acompanhada pelo parceiro)

Todas as adolescentes entrevistadas na faixa etária de menores de 15 anos (100%) e mulheres


na faixa etária dos 41-45 anos (76%) foram as que apresentaram maior desejo de serem acompanhadas
às consultas de PF pelos seus parceiros (Gráfico 14).

46
Gráfico 14: Desejo das utentes em serem acompanhadas pelo parceiro à consulta de PF por faixa etária

(sem informação:1.2%)

Cerca de 25% das entrevistadas referiram que a US não dispunha de condições para receber
casais nos serviços de PF. Estas utentes, quando questionadas sobre o tipo de modificações que
achavam pertinentes para receber os casais, cerca de 68% referiram que era necessário aumentar o
espaço do consultório, cerca de 30% que era preciso melhorar a privacidade, 25% que era necessário
melhorar a capacitação dos provedores/as dos serviços e cerca de 5% que deveriam ser colocados
provedores de serviços de PF do sexo masculino.

Comparativamente aos outros níveis de atenção, as mulheres entrevistadas nos CS do tipo II


foram as que com maior frequência referiram ser necessária a melhoria da privacidade (cerca de 39%), a
comodidade (cerca de 50%), a capacitação dos provedores (cerca de 31%) e a admissão de pessoal do
sexo masculino nos serviços de PF (cerca de 6%), e o aumento do espaço foi referido maioritariamente
pelas mulheres entrevistadas (cerca de 93%) nos postos de saúde.

Verificou-se uma dispersão das necessidades em termos de modificações por província, o


aumento de espaço foi referido com maior frequência pelas mulheres entrevistadas na província de
Zambézia (92%), a melhoria da privacidade em Inhambane (cerca de 73%), melhoria da comodidade em
Cabo Delgado (cerca de 83%), capacitação dos provedores em Nampula (cerca de 52%) e admissão do
pessoal do sexo masculino nas consultas de PF em Tete (cerca de 33%). As informações sobre o tipo de
modificações necessárias para a criação de condições de acolhimento a casais nas consultas de PF por
nível de atenção e província é apresentada no Quadro 24.

47
Quadro 24: Modificações necessárias para acolhimento a casais nas consultas de PF por nível de atenção e província

Colocar
Capacitação
Aumentar Melhorar a Melhorar a pessoal do
dos Total
Características o espaço privacidade comodidade sexo
provedores n
(%) (%) (%) masculino nas
(%)
CPF(%)

Tipo de US
Hospital Rural 68.6 22.9 11.4 22.9 5.7 35
Centro de Saúde I 47.4 10.5 31.6 5.3 0.0 19
Centro de Saúde II 67.7 39.4 49.5 31.3 6.1 99
Posto de Saúde 93.3 13.3 6.7 13.3 0.0 15

Província
Niassa 59.1 18.2 18.2 27.3 9.1 22
Cabo Delgado 75.0 33.3 83.3 16.7 0.0 12
Nampula 87.5 37.5 41.7 52.1 2.1 48
Zambézia 92.0 40.0 76.0 16.0 12.0 25
Tete 33.3 16.7 0.0 16.7 33.3 6
Manica 33.3 0.0 66.7 0.0 0.0 3
Sofala 0.0 18.2 0.0 0.0 0.0 11
Inhambane 63.6 72.7 18.2 0.0 0.0 11
Gaza 64.3 0.0 14.3 7.1 0.0 14
Maputo Província 88.9 0.0 0.0 11.1 0.0 9
Maputo Cidade 0.0 57.1 14.3 28.6 0.0 7
Total 67.9 30.4 35.7 25.0 4.8 168

Quando questionadas as utentes entrevistadas se recomendariam outras mulheres a fazer o PF,


91% respondeu positivamente, e 97% referiu que recomendá-las-ia a usarem os serviços da US onde
recebem os cuidados actualmente.

48
DISCUSSÃO

O presente estudo pretendeu responder a necessidade do MISAU de revitalizar os serviços de PF


de qualidade. Esta necessidade encontra-se bem expressa nos objectivos estabelecidos na Estratégia de
Planeamento Familiar e Contracepção 2010-2015 (MISAU 2010).

Estudos sobre as atitudes e experiências de mulheres de baixa renda em relação ao PF


evidenciaram que, as mulheres que referiram estar satisfeitas com os cuidados que receberam dos
profissionais de saúde tinham maior predisposição a usarem de forma consistente os métodos de PF. As
mulheres tendiam a ter maior satisfação quando os provedores dos serviços as tratavam de forma
cordial, apoiando-as e procurando responder as suas preocupações (Forest 1996).

Perfil das utentes


Neste estudo foram entrevistadas 671 mulheres com o seguinte perfil: eram maioritariamente
jovens pertencentes a faixa etária dos 15-30 anos (60%), casadas ou vivendo maritalmente (77%),
domésticas (67%), tinham alguma vez frequentado uma escola (75%), professavam a religião católica
(38%) e islâmica (18%), deslocavam-se a pé para a US (82%), tinham antecedentes obstétricos, isto é, já
tinham estado grávidas anteriormente (98%) e um número de gravidezes muito elevado, com uma
média de 4 gravidezes em mulheres na faixa etária dos 26-30 anos e uma média de abortos anteriores
de 1.3.

Motivação para a procura dos serviços de planeamento familiar


A principal razão para a procura da consulta de PF era para fazer seguimento do uso dos
métodos contraceptivos (63%) e o principal objectivo referido para o uso desses métodos prendeu-se
com a necessidade de fazer espaçamento entre as gravidezes (76%) mesmo em mulheres adolescentes
na faixa etária de <21 anos. Por outras palavras, contrariamente ao que poderia se esperar, adiar o início
da maternidade foi uma razão quase não referida para as causas da procura dos serviços de PF mesmo
no grupo de adolescentes e jovens. Naturalmente que este aspecto representa um desafio na
implementação do pacote de serviços de saúde orientado aos adolescentes e jovens.

Em consonância com os achados do IDS 2011, os métodos preferidos pelas participantes do


estudo foram os contraceptivos orais (52%) e os injectáveis (42%). Com relação ao primeiro método
importa notar que 3 em cada 5 participantes não estavam satisfeitas com a quantidade de carteiras que
recebiam em média nas consultas de PF. Actualmente, a política do MISAU nesta área recomenda a
entrega de 1 carteira na primeira consulta e 3 nas consultas subsequentes.

Em média, as utentes entrevistadas utilizam o método há já um período de 5 meses, e entre as


principais causas para a mudança de método foram os efeitos secundários, informação de amigas de
que o método não era funcional e a não disponibilidade do método no dia da consulta. O curto período
de utilização dos métodos anticonceptivos sugere a existência de elevada descontinuidade na utilização
dos mesmos se for tomado em conta que os dados administrativos do MISAU nos últimos anos
indicaram um crescimento do número de novas usuárias do PF (23% em 2010 e 23% em 2011) (MISAU
2012).

49
Avaliação da percepção das utentes sobre a sua satisfação com os serviços de planeamento
familiar

A forma como os serviços de PF estão estruturados, como estes são oferecidos aos utentes e o
impacto que têm a nível individual, fundamentalmente no que diz respeito aos conhecimentos, atitudes
e satisfação pelos serviços são determinantes para o sucesso e aceitação dos mesmos.

Nesta avaliação mediu-se a percepção das utentes sobre a sua satisfação com os serviços de PF
prestados no Serviço Nacional de Saúde e de forma indirecta alguns aspectos relacionados com a forma
de prestação destes serviços. Esta análise foi inspirada em parte nos estudos de Judith Bruce que
propõe 6 dimensões para avaliar a adequação, qualidade e satisfação dos utentes dos serviços de PF
nomeadamente: (i) a possibilidade de escolha dos métodos pela utente, (ii) o acesso a informação
providenciada aos utentes; (iii) a competência técnica dos provedores de serviços, (iv) as relações
interpessoais que são estabelecidas entre os provedores e os utentes, (v) a qualidade do seguimento na
utilização do método e finalmente, (vi) a necessidade de uma disponibilidade dos métodos
anticonceptivos nas US (Bruce 1990). Outros estudos avaliam a percepção dos utentes focalizando em
parâmetros como: (i) tempo de espera para o/a utente ser atendido/a, (ii) nível educacional das utentes,
(iii) condições de limpeza e espaço físico na área de esperada US e, (vi) acesso a US, além dos aspectos
ligados a habilidades interpessoais e exploração física (Nabbuye-Sekandietal 2011).

Escolha de métodos pelas utentes entrevistadas


A capacidade/possibilidade de escolha dos métodos de contracepção está intimamente ligada à
disponibilidade dos mesmos nas US e o tipo de informação/conhecimento que a utente detém. O facto
de cerca de 12% das utentes entrevistadas que mudaram o método contraceptivo ter sido por falta
deste na US demonstra que, por um lado, a logística de métodos anticonceptivos ainda deve merecer
uma atenção especial no funcionamento dos serviços de saúde de forma a permitir uma efectiva escolha
de métodos por parte das utentes de PF.

Um aspecto importante para garantir uma escolha informada dos métodos por parte das
utentes é ter informação sobre os métodos disponíveis na US, suas características e modo de acção bem
como a adequação do método escolhido pela utente. Os resultados deste estudo evidenciam desafios
importantes a este respeito. Cerca de dois terços das utentes referiram que a profissional de saúde
explicou sobre as vantagens de fazer o planeamento familiar e apenas 59% terem recebido informação
sobre o funcionamento e adequação do método escolhido. Encontrou-se uma proporção significativa
de mulheres (cerca de 16%) que referiram não ter tido acesso a informação sobre os efeitos que
poderiam advir do uso dos métodos anticonceptivos, colocando as mulheres em uma situação em que
não fazem uma escolha informada.

Destacou-se pouca demanda e uso do DIU apesar dos esforços feitos pelo Ministério de Saúde
quer na promoção do mesmo quer na capacitação dos profissionais de saúde para melhorar as
habilidades na técnica de inserção do mesmo. No presente estudo, <1% de mulheres entrevistadas
referiram que estariam aptas em utilizar o DIU como método para prevenção da gravidez. Esta

50
baixíssima preferência do DIU como método de contracepção em comparação com a taxa encontrada a
nível global de 23% em 2007 (Ali 2009) pode ser consequência de um conjunto de factores como, mitos
e crenças em torno deste método, mas também pode resultar da fraca disponibilidade nas US. O
inquérito sobre a disponibilidade de contraceptivos e medicamentos essenciais para o PF conduzido
pelo UNFPA e a Faculdade de Medicina (UEM) no mesmo período em que foi realizado este inquérito
encontrou uma disponibilidade do DIU nos seis meses anteriores a realização do inquérito em cerca de
61% (UNFPA Moz 2012).

O MISAU recomenda nas normas relativas ao PF, o uso da dupla protecção, caracterizada pelo
uso do preservativo como método adicional para qualquer tipo de método de PF escolhido pelas
utentes. No entanto, a baixa procura e utilização do preservativo feminino e do preservativo masculino
levanta desafios para a promoção destes métodos.

É importante referir que não foi questionada a preferência pelo uso de implante dado que este
método só foi introduzido no Sistema Nacional de Saúde ao longo do ano 2012.

Acesso a informação e comunicação na área de contracepção e planeamento familiar


Os profissionais de saúde, os amigos e os meios de comunicação social foram as principais
fontes de informação para as utentes decidirem procurar os serviços de PF. Este aspecto reflecte
claramente a grande importância de que se reveste o empoderamento dos profissionais de saúde com
habilidades de comunicação bem como o investimento nos meios de comunicação social.

O facto de apenas cerca de 50% das utentes entrevistadas menores de 15 anos ter referido
acesso a informação sobre os diferentes métodos possíveis, (faixa etária com menor acesso a essa
informação), merece atenção uma vez que o impacto de um fraco acesso à informação nesta faixa etária
pode resultar numa grande perda de oportunidades para as acções dirigidas a este grupo em especial.

Outro aspecto de realce no acesso a informação prende-se com o facto de que durante o tempo
de espera para as consultas nas unidades sanitárias, um reduzido número de utentes tem tido acesso à
uma palestra ou outra actividade de educação sanitária.

O nível de escolaridade das utentes é um aspecto importante a ser tomado em consideração no


desenho das acções a serem implementadas na área de informação e comunicação. O estudo
demonstrou a necessidade de uma comunicação interpessoal efectiva por parte dos profissionais de
saúde o que pode implicar em algumas situações a necessidade de utilização de materiais baseadas em
vivências e línguas locais como cerca de uma mulher sobre 4 são sem instrução.

Relação interpessoal estabelecida entre os provedores de serviços e utentes

Mesmo que os profissionais de saúde desempenham um papel fundamental para a promoção


dos serviços de PF embora se verifique uma queda quando se trata de interacção entre a profissional de
saúde e a utente. Estudos realizados em outras partes do globo constataram que o maior impedimento

51
para a aceitação de contraceptivos tinha mais a ver com o medo dos efeitos colaterais e menos com o
desejo de ter mais filhos (Joseph 1987, Abdulrazak 2008).

A provisão da informação do procedimento clínico a ser realizado num determinado paciente


tem um efeito positivo na percepção deste sobre a qualidade da atenção. Mesmo a demora no
atendimento, quando há uma informação sobre as razões da tal demora por parte dos provedores do
serviço, propícia a uma maior probabilidade de satisfação dos utentes com os serviços prestados nas US
(Ledo 1995). Na presente avaliação embora cerca de 87% das utentes entrevistadas referirem terem
sido cumprimentadas pela provedora de serviços de PF, verificou-se uma redução na frequência de
mulheres que afirmaram positivamente a outros aspectos que podem ser considerados importantes na
relação interpessoal como, (i) a possibilidade de apresentar as suas preocupações, que foi apenas
referido por cerca de 64% das participantes do estudo, (ii) a possibilidade de fazer perguntas e
esclarecer dúvidas apenas referido por 45% ou, (iii) informar sobre o tipo de procedimento que
provedora do serviço iria fazer durante o exame físico, referido por apenas 23%.

Exame físico
Embora se reconheça o carácter amplo do conceito de qualidade dos cuidados de saúde, a
informação obtida a partir de inquéritos administrados à utentes aquando da saída da US, não permite
avaliar aspectos como a competência técnica dos provedores de serviços e a qualidade do seguimento.
Contudo, os dados permitem saber, através da utente, não a qualidade da exploração mas sim se alguns
exames físicos foram feitos ou não. Neste sentido, os dados da presente avaliação revelam que o exame
ginecológico foi feito em menos de 15% das mulheres que estiveram na consulta no dia da entrevista.

Grau de satisfação das utentes das consultas de Planeamento Familiar


A interacção entre o provedor dos cuidados de saúde e a utente são fundamentais para a
satisfação desta. Nesta avaliação foram encontrados baixos níveis desta interacção, uma vez que as
utentes referiram nem sempre terem sido tratadas de forma cordial e nalgumas vezes não ter tido a
oportunidade de apresentar as suas preocupações.

No presente estudo a satisfação das utentes esteve directamente relacionada com o nível de
escolaridade das utentes, ocupação, tempo de espera, bem como a percepção da qualidade de
interacção interpessoal com destaque na forma como a utente foi recebida no consultório e como se
desenvolveu a sua interacção com o/a provedor/a dos serviços.

Um dos aspectos importante para a satisfação das utentes com os serviços prestados foi o
tempo de espera. Nesta avaliação o tempo de espera foi definido como sendo o tempo em que a utente
entrevistada chegou na sala de espera da consulta até ao momento em que foi recebida para o início da
consulta, medido com base na informação prestada pela utente. À semelhança do evidenciado por
outros estudos que mediam o grau de satisfação das utentes (Bergenmar 2006; Oladapo 2008 e
Bernhert 1999) ficou revelado que quanto maior foi o tempo de espera para a consulta menor foi a
satisfação das utentes.

52
Naturalmente que este aspecto traz consigo um desafio enorme para os serviços de saúde,
considerando que actualmente o MISAU se encontra num processo de promoção da utilização dos
métodos modernos de PF o que por si irá certamente resultar numa crescente demanda e consequente
pressão sobre os poucos recursos humanos disponíveis nas US. Eventualmente, a demanda pelos
serviços deverá ser acompanhada pela revisão da organização da prestação dos serviços na US
permitindo uma melhor distribuição das actividades ao longo do dia de trabalho e revisão das
equipas/profissionais de saúde que deverão prestar os serviços de PF, deveriam ser adoptados
mecanismos de inclusão no pacote das brigadas móveis, a componente de disponibilização dos
anticonceptivos e quiçá uma introdução mesmo que gradual da disponibilização comunitária dos
métodos anticonceptivos.

Outro aspecto fundamental e que é passível de ser influenciado pelos serviços de saúde é a
percepção de qualidade de atendimento por parte das utentes baseadas na forma como se estabelece a
sua interacção com os provedores dos cuidados de saúde. Ficou claro nesta avaliação que aqueles
gestos que por vezes podem ser considerados simples têm uma influência muito importante na
satisfação das utentes dos serviços de saúde. Esta constatação apoia a importância que presentemente
o MISAU investe à humanização dos cuidados de saúde. Actos como cumprimentar a utente, oferecer
uma cadeira, deixar a utente esclarecer as suas dúvidas, proteger a sua privacidade durante o tempo
que dura a consulta mostraram estar relacionadas com a satisfação da utente.

Envolvimento do homem nos Serviços de Planeamento Familiar


A necessidade do envolvimento do homem nos serviços de PF tem sido apontada como uma das
estratégias orientada para melhorar a adesão e o uso dos serviços de Saúde Materna e Infantil no geral
e do PF em particular. Neste estudo, 3 a 4 utentes entrevistadas referiu ser favorável a presença do seu
parceiro durante as consultas de PF. Esta abertura por parte das utentes em trazer os seus parceiros
para as consultas deve galvanizar os esforços do MISAU orientados para a promoção do envolvimento
do homem nos serviços de Saúde Sexual e Reprodutiva. A menção de que ainda existem aspectos que
devem merecer revisão na organização dos serviços de saúde para que estes possam ter condições de
receberem os casais deve ser considerada em qualquer processo de melhoria dos serviços de PF nas
unidades sanitárias.

53
CONCLUSÕES

O estudo demonstrou que vários factores institucionais e individuais influenciam a percepção da


qualidade dos serviços de Planeamento Familiar nas US.

O tempo de espera e as interacções direitas com os profissionais de saúde jogam um papel


fundamental na satisfação das utentes em relação ao serviço de Planeamento Familiar, entretanto, o
acesso a informação de maneira informal, como por exemplo, durante as sessões de educação para
saúde antes das consultas não têm influência na satisfação das mulheres. Outros factores institucionais
com efeito negativo sobre a satisfação das utentes entrevistadas são as questões relacionadas ao
acesso aos métodos de Planeamento Familiar preferenciais , e as longas distâncias a serem percorridas
pelas utentes para aceder aos serviços.

As mulheres com emprego formal são as utentes menos satisfeitas com a qualidade de serviços
de Planeamento Familiar. As razões desta insatisfação podem ser o tempo de espera, a falta de
métodos de Planeamento Familiar preferidos e o número baixo de cartazes de pílulas recibidos durante
as consultas

É importante notar que existem necessidades específicas em termos de informação e de


serviços a serem disponibilizados para as utentes adolescentes e jovens que procuram os serviços de
Planeamento Familiar para o espaçamento de gravidezes, e não para o adiamento da maternidade.

RECOMENDAÇÕES

É necessário continuar com:

- Investimento para a melhoria da disponibilidade contínua dos métodos incluídos no programa


nacional de Planeamento Familiar, com destaque para os métodos de longa duração.

- Revisão das normas das consultas de Planeamento Familiar com destaque para a necessidade
de se adoptar a entrega de no mínimo 3 a 6 ciclos de anticonceptivos orais com destaque para as
situações em que a mulher vive muito longe da unidade sanitária.

- Capacitação dos profissionais de saúde em habilidades de comunicação interpessoal nos


serviços de Planeamento Familiar e em oferta integrada de serviços de saúde reprodutiva.

- Intensificação da promoção dos métodos de planeamento familiar de longa duração.

- Necessidade de uma maior utilização dos agentes comunitários e dos meios de comunicação
de massas com destaque para a Rádio na promoção do planeamento familiar.

54
- Esforços na melhoria das infra-estruturas ligadas as consultas de Planeamento Familiar com
destaque para aspectos que garantam a privacidade no atendimento das utentes e no mesmo tempo
facilitam o exame físico das utentes.

- Necessidade de rever as condições de acolhimento dos casais incluindo a capacitação dos


profissionais de saúde para estas habilidades.

- Realização de mais pesquisas observacionais e a nível comunitário para testar, avaliar e


documentar aspectos positivos encontrados neste estudo.

LIMITAÇÕES DO ESTUDO

O maior desafio de ministrar entrevistas à utentes aquando da sua saída das unidades sanitárias
para avaliar a qualidade dos serviços prende-se com o risco de se incorrer ao “Viés de Cortesia”. Os/as
Utentes podem ser relutantes em expressar as suas opiniões negativas especialmente se as entrevistas
forem feitas no recinto ou próximo da Unidade Sanitária (Brown 1995).

55
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Relatório Preliminar. Maputo.

INE (2009) Multiple Indicators Cluster Survey, Preliminary Report. Maputo

INE 2010: Dados definitivos do Censo Populacional de 2007

Lledo R., Herver P., Garcia A., Guell J., Setoain J., Asenjo M. (1995) Information as fundamental attribute
among outpatients attending nuclear medicine services of University Hospital; Nuclear Medicine
Communications; 16: 76 – 83

Milan G &Trez G (2005) Pesquiza de satisfação: Um modelo para planos de Saúde. RAE electrónica 4 (2)

56
MISAU (2010a) Estratégia de Planeamento Familiar e Contracepção, 2011 – 2015 (2020)

MISAU (2010b) Relatório Anual do Ministério da Saúde, Maputo

MISAU (2011) Relatório Anual do Ministério da Saúde, Maputo

MISAU, INE (2009) Moçambique: Estudo Nacional sobre a Mortalidade Infantil, Maputo

MISAU (2012) Avaliação conjunta anual do desempenho do sector de saúde – 2011. ACA XI

Nabbuye-Sekandi J, Makumb F, Kasangaki A, Kizza I, Tugumisirize J et al (2011) Patient satisfaction with


services in outpatient clinics at Mulago Hospital, Uganda, International Journal for Quality in Health Care
Advance Acess, 2011, 1-8

Olodapo OT, Lyaniwura CA, Sule-Odu AO (2008) Quality of antenatal services at primary care level in
SouthWest Nigeria.Afr J Reprod Health; 12: 71 – 92

Potter J., Mojarro O., Nunez L (1987) The influence of health care on contraceptive acceptance in Rural
Mexico; Studies in Family Planning, 18(3), 144 - 156

Tawiah E (1997) Factors affecting contraceptive use in Ghana; J. Biosoc.Sci 29, 141 – 149

Williams T., Schutt-Ané J., Cuca Y. (2000) Measuring Family planning Services Quality Through Client
Satisfaction exit interviews. International Family Planning Perspectives 26(2): 63 – 71

WHO AFRO (2004) Repositioning family planning in Reproductive Health Services: Framework for
accelerated action, 2005 – 2014: (AFR/RC54/11)

WHO, UNICEF, UNFPA and the World Bank (2010): Trends In Maternal Mortality: 1990 to 2008, WHO

WHO (2005) The World health report 2005: make every mother and child count.

WHO (2010) Social determinants of Sexual and Reproductive Health

UNFPA Mos (2012) Segundo inquérito sobre a disponibilidade de anticonceptivos e medicamentos


vitais/essenciais parasaude maternal/Saude sexual e reprodutiva (Relatório preliminar)

Vasco C, La Quintana C, Jove G., Torre L., Bailey P (1999) Calidad de losservicios de anticoncepcion na
Alto Bolívia; Rev. Panam. SaludPublica: 5(6)

Zeindnstein G (1980). The user perspective: an evolutionary step in contraceptive services programs.
StudiesinFamilyPlanning; 11(1): 24 - 29

57
ANEXO I TABELAS ADICIONAIS

Quadro A.1: Meio de transporte usado pelas utentes das consultas de PF


Carro Carro à
Machimbombo Pessoal/ Chapa Táxi Motorizada Barco tracção Bicicleta A Pé
Província
dos TP (%) familiar (%) (%) (%) (%) animal (%) (%)
(%) (%)
Niassa 0.0 0,0 0.0 0,0 0,0 0,0 0,0 6,8 93,2
Cabo Delgado 0.0 1,3 0.0 1,3 0,0 0,0 0,0 11,8 85,5
Nampula 2,8 3,7 2,8 1,9 0,0 0,0 0,0 3,7 85,2
Zambézia 0.0 0,0 1,1 0,0 1,1 0,0 0,0 16,1 81,6
Tete 1,9 7,4 0,0 0,0 1,9 0,0 0,0 9,3 79,6
Manica 0.0 10,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 7,9 81,6
Sofala 0.0 0,0 6,0 0,0 0,0 2,0 0,0 8,0 84,0
Inhambane 3,8 28,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,8 63,5
Gaza 0.0 8,9 3,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 86,1
Maputo P 0.0 15,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 84,4
Maputo C 13,0 21,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 65,2
Total 1,3 7,0 1,5 0,4 0,3 0,1 0,0 6,7 82,4

Quadro A. 2: Método actual de PF por estado civil


Abstinência sexual

Amamentação (%)

Depoprovera (%)

Sem informação
masculino(%)
Preservativo
Pílula (%)

Total
DIU (%)
(%)

(%)
Estado civil n

Solteira 0.0 3.7 63.3 31.2 0.9 0.9 0.0 109


Casada 0.0 2.6 35.7 60.0 0.9 0.0 0.9 115
Vive maritalmente 5.0 4.5 56.6 37.8 0.3 0.3 0.0 399
Divorciada 0.0 14.3 33.3 52.4 0.0 0.0 0.0 21
Viúva 0.0 0.0 41.7 58.3 0.0 0.0 0.0 12
Sem informação 0.0 6.7 13.3 46.7 0.0 0.0 33.3 15
Total 0.3 4.3 52.2 41.6 0.4 0.3 0.9 671

58
Quadro A. 3: Método actual de PF por nível de escolaridade

Abstinência sexual

Sem informação
Amamentação

Depoprovera

Preservativo
masculino
Total

Pílula
Nível de

DIU
(%)

(%)

(%)

(%)

(%)

(%)

(%)
escolaridade
n

Nenhum 0.0 5.6 48.8 45.6 0.0 0.0 0.0 160


Alfabetização 0.0 11.8 47.1 35.3 2.9 0.0 2.9 34
Ensino primário 0.3 3.4 55.4 40.4 0.0 0.3 0.3 327
Ensino
0.7 3.6 50.4 43.1 1.5 0.7 0.0 137
secundário
Ensino superior 0.0 0.0 100 0 0.0 0.0 0.0 1
Sem informação 0.0 0.0 41.7 25.0 0.0 0.0 33.3 12
Total 0.3 4.3 52.2 41.6 0.4 0.3 0.9 671

Quadro A.4. Percepção do respeito pela sua privacidade durante a consulta por nível de escolaridade e religião

Não sentiu que a sua

Não quis responder


Sentiu que a sua

Sem informação
Total
privacidade foi

privacidade foi
Característica n
respeitada

respeitada

Religião
Católica 82.7 15.5 1.8 0.0 220
Islâmica 84.2 12.5 3.3 0.0 120
Zione/Sião 87.3 7.0 2.8 2.8 71
Evang./pentecostal 90.4 8.5 1.1 0.0 94
Anglicana 92.3 7.7 0.0 0.0 13
Sem religião 90.9 9.1 0.0 0.0 33
Outra 89.0 10.0 0.0 1.0 100
Sem informação 75.0 5.0 0.0 20.0 20
Total 85.8 11.5 1.6 1.0 671

Nível de escolaridade
Nenhum 84.4 13.1 2.5 0.0 160
Alfabetização 82.4 14.7 2.9 0.0 34
Ensino Primário 88.4 10.4 0.6 0.6 327
Secundário 86.1 10.2 2.9 0.7 137
Ensino Superior 100.0 0.0 0.0 0.0 1
Sem informação 41.7 25.0 0.0 33.3 12
Total 85.8 11.5 1.6 1.0 671

59
Quadro A. 5: Razões para considerar que a sua privacidade foi respeitada

Parteira/Médico quando
pessoas a entrar e a sair
com a Parteira/Médico
Porque estava sozinha

Porque a porta estava

Porque o local onde a

estava protegido (%)


com um lençol N(%=
a examinou cobriu-a

parteira a examinou
fechada e não havia
Total

Porque a
Nível de

(%)

(%)
escolaridade
n

Nenhum 77.8 58.5 5.9 8.9 160


Alfabetização 67.9 50.0 3.6 3.6 34
Ensino Primário 82.4 52.2 5.9 7.6 327
Secundário 84.7 66.9 3.4 17.8 137
Ensino Superior 0.0 0.0 0.0 0.0 1
Sem informação 100.0 60.0 0.0 0.0 12
Total 81.1 56.6 5.2 9.7 671
Nota: Possibilidade de respostas múltiplas

Quadro A.6: Razões gerais para insatisfação das utentes por ocupação
Porque o Hospital/CS não tem casa de

Porque a US não tem bancos para as

Porque não me deram preservativos


Porque esperou muito tempo na fila

Porque o Hospital/CS não tem água

Porque não havia o método que eu


Porque o Hospital/CS está sujo (%)

suficientes de contraceptivos (%)


Porque não me deram carteiras
consulta não tem cobertura (%)
utentes sentarem-se enquanto

Porque o local de espera para


esperam pela consulta (%)
banho/latrina (%)
para beber (%)

suficientes (%)
queria (%)
(%)

Ocupação

Doméstica 30.0 30.0 30.0 20.0 40.0 10.0 10.% 30.0 10.0
Estudante 57.1 14.3 14.3 14.3 14.3 14.3 28.6 14.3 28.6
Camponesa 17.4 30.4 4.3 4.3 26.1 4.3 13.0 8.7 8.7
Funcionária
40.0 40.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 20.0
pública
Conta própria 25.0 25.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 50.0
Funci. sector
33.3 66.7 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
privado
Outra 100.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Sem informação 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Total 29.6 29.6 9.3 7.4 20.4 5.6 11.1 11.1 14.8
Nota: Possibilidade de respostas múltiplas

60
Quadro A.7: Grau de satisfação das utentes por nível de escolaridade
Sentiu-se Não quis Sem Total
Insatisfeita
Nível de escolaridade Satisfeita
(%)
responder informação n
(%) (%) (%)

Alfabetização 97.0 0.0 0.0 3.0 33


Ensino Primário 94.8 1.5 0.6 3.0 328
Secundário 95.6 2.2 1.5 0.7 137
Ensino Superior 0.0 0.0 0.0 100.0 1
Nenhum 92.5 3.1 3.1 1.3 160
Sem informação 50.0 8.3 0.0 41.7 12
Total 93.6 2.1 1.3 3.0 671

Quadro A.8: Desejo da utente de ser acompanhada pelo parceiro às consultas de PF por faixa etária
Gostaria de Total
Não Não quis Sem
ser
Idade
acompanhada
gostaria responder informação n
(%) (%) (%)
(%)
<=15 100.0 0.0 0.0 0.0 3
16 – 20 73.6 25.3 1.1 0.0 91
21 -25 71.6 26.5 1.9 0.0 155
26 – 30 74.8 20.5 2.4 2.4 127
31 – 35 64.9 31.9 2.1 1.1 94
36 – 40 76.8 21.7 0.0 1.4 69
41 – 45 76.2 23.8 0.0 0.0 21
>=46 50.0 50.0 0.0 0.0 4
Sem informação 70.1 20.6 6.5 2.8 107
Total 72.0 24.4 2.4 1.2 671

61
ANEXO II LISTA DAS UNIDADES SANITÁRIAS VISITADAS
Província Nome da US Tipo de US
Niassa CUAMBA Hospital Rural
Niassa M'PACURA Centro de Saúde II
Niassa BANDEZE Posto de Saúde
Niassa MESSUMBA Centro de Saúde I
Niassa MASSENGER Posto de Saúde
Niassa MALICA Centro de Saúde II
Niassa MECUALO Centro de Saúde II
Niassa MITANDE Centro de Saúde II
Niassa MUANDEZE Centro de Saúde II
Niassa MECANHELAS Centro de Saúde I
Niassa NZIZI Centro de Saúde II
Niassa NIPEPE Centro de Saúde II
Niassa UNANGO-VELHO Centro de Saúde II
Niassa Centro de Saúde de Maúa Centro de Saúde II
Niassa Centro de Chissila Posto de Saúde
Cabo Delgado ANCUABE Centro de Saúde I
Cabo Delgado MEZA Centro de Saúde II
Cabo Delgado METATA Centro de Saúde II
Cabo Delgado NAKOTO Centro de Saúde I
Cabo Delgado NAKOTO Centro de Saúde II
Cabo Delgado PIQUEWE Centro de Saúde II
Cabo Delgado MIEZE Centro de Saúde II
Cabo Delgado MOCÍMBOA DA PRAIA Hospital Rural
Cabo Delgado MBAU Centro de Saúde II
Cabo Delgado QUELIMANE Posto de Saúde
Cabo Delgado MONTEPUEZ Hospital Rural
Cabo Delgado CHAPA Centro de Saúde II
Cabo Delgado MITEDA Centro de Saúde II
Cabo Delgado MUATIDE Centro de Saúde I
Cabo Delgado NKONGA Centro de Saúde II
Cabo Delgado MUEDA Hospital Rural
Nampula ANGOCHE Hospital Rural
Nampula NAMAPA Hospital Rural
Nampula ODINEPA Centro de Saúde II
Nampula MUCHELIA (SANGAGE) Centro de Saúde I
Nampula MURALELO Posto de Saúde
Nampula CHAPIRE Centro de Saúde II
Nampula MECUBURI Centro de Saúde I
Nampula GEBA Centro de Saúde II
Nampula QUIXAXE Centro de Saúde II
Nampula BRIGANHA Centro de Saúde II
Nampula METIL Posto de Saúde
Nampula MONAPO Hospital Rural
Nampula ITOCULO Centro de Saúde II
Nampula LUNGA Centro de Saúde II
Nampula NAMAHIA Centro de Saúde II
Nampula GER-GER(COVO) Centro de Saúde II
Nampula NAHADJE Centro de Saúde I

62
Nampula MUHALA Posto de Saúde
Nampula CARAMAJA Centro de Saúde II
Nampula NAMACHILO (MOMALA) Posto de Saúde
Nampula RIBAÚE Hospital Rural
Nampula URBANO Centro de Saúde I
Zambézia LUABO Centro de Saúde II
Zambézia ALTO MOLÓCUÈ Hospital Rural
Zambézia ECOLE Centro de Saúde II
Zambézia MUIANE Centro de Saúde II
Zambézia RUACE Centro de Saúde II
Zambézia U.P.10 Centro de Saúde II
Zambézia ERURUNE Centro de Saúde II
Zambézia MUCUBE Centro de Saúde II
Zambézia MAPIRA Centro de Saúde II
Zambézia MOLUMBO Centro de Saúde II
Zambézia MOCUBA Centro de Saúde II
Zambézia LUA-LUA Posto de Saúde
Zambézia CUMBAPO Centro de Saúde II
Zambézia SABE Centro de Saúde II
Zambézia MUTEPUA Centro de Saúde II
Zambézia MAQUIVAL RIO Centro de Saúde II
Zambézia PELE-PELE Centro de Saúde II
Tete ULÓNGUE Centro de Saúde II
Tete SONGO Hospital Rural
Tete CHINHANDA Centro de Saúde II
Tete MAZOÉ - PONTE Centro de Saúde II
Tete CHIFUNDE Centro de Saúde I
Tete VILA MUALADZI Centro de Saúde II
Tete CHITETE Centro de Saúde II
Tete CAPHIRIZANGE Centro de Saúde II
Tete MUTARARA Hospital Rural
Tete DÔA Centro de Saúde II
Tete VILA NOVA DA FRONTEIRA Centro de Saúde II
Tete MATUNDO Centro de Saúde II
Tete MUZE Centro de Saúde II
Manica 1º Maio Centro de Saúde I
Manica MATSINHO Centro de Saúde II
Manica TIMBETIMBE Centro de Saúde II
Manica JECUA Centro de Saúde II
Manica PUNGUÉ SUL Centro de Saúde II
Manica DOMBE Centro de Saúde II
Manica MAVÚZI Centro de Saúde II
Manica SABETA Centro de Saúde II
Manica GURU Centro de Saúde I
Manica CATANDICA Centro de Saúde II
Sofala CHAMBA Posto de Saúde
Sofala CHINGUSSURA Centro de Saúde I
Sofala MATADOURO Posto de Saúde
Sofala NHANGAU Centro de Saúde II
Sofala BÚZI Hospital Rural

63
Sofala GUARA-GUARA Centro de Saúde II
Sofala MURREMA Centro de Saúde II
Sofala INHAMINGA Centro de Saúde I
Sofala MUXUNGUE Hospital Rural
Sofala MUCHEVE Centro de Saúde II
Sofala DOMBA Posto de Saúde
Sofala TSIQUIRI Centro de Saúde II
Sofala MARROMEU Hospital Rural
Sofala NHAMATANDA Hospital Rural
Sofala METUCHIRA LOMACO Centro de Saúde II
Sofala URBANO Centro de Saúde II
Inhambane MAXAMALE Centro de Saúde II
Inhambane CRUZAMENTO Posto de Saúde
Inhambane INHARRIME Centro de Saúde I
Inhambane LIGOGO Centro de Saúde II
Inhambane CANGELA Centro de Saúde II
Inhambane NHACHENGUE Centro de Saúde II
Inhambane MAXIXE Hospital Rural
Inhambane MOCODOENE Centro de Saúde II
Inhambane INHASSUNE Centro de Saúde II
Inhambane VILANKULOS Hospital Rural
Inhambane MAPINHANE Centro de Saúde II
Inhambane Quilundo Centro de Saúde II
Gaza LICILO Posto de Saúde
Gaza CHIBUTO Centro de Saúde II
Gaza MAIVENE Posto de Saúde
Gaza ZINHANE Centro de Saúde I
Gaza CHOKWÉ Centro de Saúde I
Gaza MUIANGA Posto de Saúde
Gaza CHIMBEMBE Centro de Saúde II
Gaza MANJACAZE Hospital Rural
Gaza BETULA Centro de Saúde II
Gaza MANHIQUE Centro de Saúde II
Gaza CUBO Posto de Saúde
Gaza MASSINGIR Centro de Saúde I
Gaza PRAIA DO XAI-XAI Posto de Saúde
Gaza CHICUMBANE Hospital Rural
Gaza CHIPENHE Centro de Saúde II
Maputo Província BOANE Centro de Saúde I
Maputo Província MOINE Centro de Saúde II
Maputo Província XINAVANE Hospital Rural
Maputo Província MARAGRA Centro de Saúde II
Maputo Província RICATLA Centro de Saúde II
Maputo Província BEDENE Centro de Saúde II
Maputo Província UNIDADE "A" Posto de Saúde
Maputo Província PONTA DO OURO Centro de Saúde II
Maputo Província DIBINDUANE Centro de Saúde II
Maputo Província MAFUIANE Posto de Saúde
Maputo Cidade MAGOANINE Centro de Saúde II
Maputo Cidade MAXAQUENE Centro de Saúde I
Maputo Cidade MUCHINA Centro de Saúde II

64
65

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