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" O homem que engoliu a lua”: do conto fantástico à literatura infantil

Article · January 2003

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Ana Margarida Ramos Rui Ramos


University of Aveiro University of Minho
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O homem que engoliu a lua: do Conto Fantástico à Literatura Infantil
Ana Margarida Ramos Rui Ramos
(Dept. de Línguas e Culturas – Universidade de Aveiro) (Instituto de Estudos da Criança – Universidade do Minho)
http://sweet.ua.pt/~anaramos http://rui-ramos.web.pt

Em 2003, a Ambar publicou, para crianças, O homem que engoliu a lua, de Mário de
Carvalho, editado anteriormente numa colectânea de contos para leitores adultos (Casos
do Beco das Sardinheiras, Vega, 1981). A única alteração relevante no material linguístico
foi a do título... mas que implicações teve a mudança de suporte físico e de destinatário?

Título: O tombo da lua  : O homem que engoliu a lua


Estratégia editorial: antologia de contos : livro de grande formato, ilustrado, «a partir dos
literários (para leitores adultos) Â 8 anos» (contracapa)
Temática: fantástico e/ou insólito. Sobre o : maravilhoso, respeitando os parâmetros da
pequeno quotidiano/ambiência de bairro, de Literatura Infantil; presença do herói e
cariz pícaro e paródico; protagonismo colectivo  organização narrativa seguindo o esquema
dividido por várias personagens típico pré-definido

Simbolismo da Lua: satélite da Terra, : elemento maravilhoso pertencente


objecto físico... I nonsense, insólito  à enciclopédia literária do leitor infantil
Registo de língua: proximidade do
registo escrito com a realização oral; marcas de
 :deelemento do cómico (cómico de linguagem) e
registo popular, representativo de um grupo proximidade com o registo das crianças
social (frases feitas, diminutivos, rimas...)
Elementos sonoros - rimas, trocadilhos: ele- : marcas de musicalidade e ritmo
mentos caracterizadores do grupo sócio-cultural  frequentes na Literatura para a infância
Personagens: relações sociais de vizinhança
(paródia de comportamentos e caricatura) Â : cómico de personagem
Narrativa encaixada do Zé Metade: marca da
vida ‘castiça’, popular, violenta, fadista, trágica  : cómico de situação e relato de aventuras
Assim, a estratégia editorial, teoricamente um elemento externo à definição do texto
literário, intervém no desenho do conceito e das fronteiras da Literatura Infantil. O conto
em questão adquire contornos substancialmente diferentes mediante as competências e
a enciclopédia dos leitores que com ele interagem: de conto fantástico, transforma-se em
conto maravilhoso; deixa de estar inserido numa colectânea, percorrida por uma linha de
coesão orientadora de uma leitura global, para se assumir como um conto autónomo;
ganha novas dimensões de sentido com a ilustração; abandona o carácter documental e
irónico/caricatural para adoptar as características comuns da Literatura Infantil... Não
porque o texto tenha mudado substancialmente, mas porque a edição é diferente.
Colóquio Internacional ‘A Criança, a Língua e o Texto Literário: da investigação às práticas’ – Instituto de Estudos da Criança – Universidade do Minho –
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