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Janina Gislon de Menezes

FREUD, Sigmund. Fundamentos da Clínica Psicanalítica. Belo Horizonte: Editora


Autêntica, 2017. Coleção Obras Incompletas de Freud. E-book. Pg. 108-119

OBSERVAÇÕES SOBRE O AMOR TRANSFERENCIAL (1915 [1914])

Neste texto Freud comenta sobre aos principiantes na psicanálise e dos temores das
interpretações iniciais, sobre o manejo da transferência e principalmente acerca do momento
em que um analisando confessar sua paixão pelo psicanalista.
Nesta perspectiva, o autor argumenta se o psicanalista descobrir que sua paciente se
apaixonou por ele sugere duas opções, a primeira seria validar esse amor e a segunda abdicar
do processo terapêutico, mas uma terceira opção é levantada por Freud e se refere ao “início
de relações amorosas ilegítimas e não destinadas à eternidade; mas esta se torna impossível
certamente devido à moral burguesa e à dignidade médica” (pg. 108).
Freud também argumenta acerca dos psicanalistas que preparam a paciente a respeito
dessa situação, no entanto, o autor não recomenda esse tipo de ação, justamente por construir
obstáculos à análise e subtrair a autenticidade do fenômeno, sugerindo tratar essa paixão da
paciente como um modo de resistência. Neste caso, é necessário informar a paciente que essa
paixão se trata de impulsos causados pelo efeito do tratamento psicanalítico. Recomenda-se
também não mentir, uma vez que o tratamento psicanalítico se fundamenta em uma
veracidade profunda e tratar tal paixão com indiferença.
Neste contexto, o autor também destaca que o psicanalista deve encarar essa
ocorrência como um efeito inevitável de uma situação médica. Desta forma, o psicanalista
necessita se abster em corresponder esse amor, caso contrário, conseguirá apenas satisfazer os
desejos da paciente, mas não obterá o resultado de cura.
É importante que o psicanalista, segundo Freud aprenda a aproveitar essa transferência
como componente do processo terapêutico - conservando-o sem o legitimar - como um
facilitador da análise e parte da investigação. Assim sendo, há de se concordar que “acatar as
demandas de amor por parte da paciente é tão fatal para a análise quanto à repressão delas. O
caminho do analista é outro, é aquele para o qual a vida real não fornece um modelo” (pg.
113).

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