Sejamos honestos – hoje em dia existem tantas tecnologias novas que a maioria de

nós não tem nem a pretensão de conseguir acompanhá-las. E isso pensando somente
naquelas com as quais os adultos precisam interagir. Agora, se você tem filhos, boa
sorte!

Do YouTube ao Tik Tok (app chinês para
criação de vídeos de até 15 segundos
com diversos efeitos) e ao Snapchat e
Instagram, os pais não estão apenas
tentando entender a tecnologia e os
aplicativos que usam diariamente, mas
também todo um novo mundo digital
frequentado por seus filhos.
Desde crianças capazes de deslizar o
dedo em um smartphone para dispensar
uma notificação recebida que as
atrapalha ao assistir a Peppa Pig, àquelas
de sete anos fazendo seus próprios
vídeos, ambas estão à frente das
gerações anteriores em termos de know-
how tecnológico inerente.

Portanto, não é surpresa que os pais ao
redor do mundo se preocupem com o
fato de não conseguirem acompanhar
seus filhos. Embora as últimas duas
gerações tenham sido descritas como
nativas digitais, é a geração Alpha – de
crianças nascidas depois de 2010 - quem
melhor reivindica o título.
E seus pais estão bem cientes disso - em
média, eles acreditam que, quando
chegarem aos oito anos de idade, seus
filhos já os terão superado na habilidade
de usar novas tecnologias - sejam
dispositivos eletrônicos ou redes sociais.
A MUDANÇA DE PODER

Agora o jogo está realmente virando. Se uma criança de oito anos tiver melhor
compreensão sobre tecnologia do que seus pais, então isso não significa que ela
também tem mais poder? A pesquisa certamente parece apoiar isso, com pais
revelando que não estão apenas considerando como as crianças usarão os dispositivos
que eles compram, mas até mesmo consultando a opinião delas antes de investir o
dinheiro na compra.

Dois terços dos pais (65%) disseram que
os hábitos e necessidades de seus filhos
influenciaram em sua última compra, um
número que é amplamente consistente
em todos os mercados europeus, mas
que aumentou para 81% nos EUA. E um
a cada quatro pais (27%) revelou que
pediu opinião de seus filhos antes de
comprar uma nova TV, laptop, tablet ou
celular, número que chegou a 38% entre
os pais britânicos.
Seria esta uma nova concepção para o
que é “normal”? Ou os pais procurarão
maneiras de aumentar suas próprias
habilidades e conhecimentos técnicos,
tanto para manter o ritmo de seus filhos,
quanto para garantir que os produtos
que compram realmente sejam
compatíveis e seguros para as crianças?
NÃO GRITE AINDA
Nosso primeiro estudo
explorou como voz e toque se
tornariam os sistemas de
entrada naturais em todos os
dispositivos. E enquanto o
toque está firmemente
estabelecido, nossa pesquisa
mais recente revela que a voz
tem um caminho a percorrer
antes de se tornar a opção de
controle preferida pela
Geração Alpha.
Em parte, isso se deve à falta
de penetração -
BRINCANDO DE PEGA-PEGA
Todos nós já passamos por
isso – aquele momento
embaraçoso quando você
pergunta a um parente mais
novo se você pode segui-lo no
Instagram. E sabemos qual é a
reação - eles ficam relutantes.
Isso é algo que os pais estão
fazendo cada vez mais –
ingressando em novas redes
sociais e aplicativos para
entender como seus filhos os
utilizam.
Mas, as plataformas que as
crianças estão utilizando não
são necessariamente os
aplicativos que você
esperaria.
apenas um em cada cinco Mesmo que dispositivos como
domicílios possui dispositivos o Amazon Echo e o Google
de voz. Mas, mesmo nos lares Home capturem a imaginação
onde os alto-falantes estão de viciados em tecnologia, vai
mais estabelecidos, os pais demorar um pouco para que
acreditam que são eles, e não se tornem uma interface
seus filhos, quem está mais principal para rivalizar com as
propenso a usá-los. telas nos lares das famílias.
Em vez disso, o foco para
Mais da metade dos pais crianças e pais permanece
afirmaram ser os mais nos aplicativos.
propensos a falar com um
dispositivo, embora 21% dos
pais britânicos tenham dito
que seriam seus filhos.
Mais de 27% dos pais DOWNLOAD DE APPS REALIZADOS PELOS
pesquisados fizeram o PAIS NOS ÚLTIMOS 12 MESES
download do Facebook nos
últimos 12 meses, pelo fato
de seus filhos terem o
aplicativo ou o terem
mencionado. Os pais queriam
ver como o aplicativo
funcionava (e sim, ficamos
surpresos ao ver que muitos
deles ainda não estavam
usando o Facebook em seus
smartphones).
Os demais apps baixados
foram:
• Instagram (22%)
• YouTube (22%)
• WhatsApp (20%)
Novamente, você diria que
esses são os apps que os
adultos baixariam para eles
mesmos. Mas onde estão os
pais que ingressam no Tik
Tok, Snapchat ou Tumblr?
Nós ouvimos de
influenciadores que as
crianças estão trocando as
principais redes sociais por
essas novas plataformas, mas
os pais não parecem estar
monitorando-as da mesma
maneira como estão olhando
para as redes sociais
tradicionais. Dificilmente se
passa um dia no qual histórias
terríveis sobre cyberbullying
não estejam na mídia. Então,
por que os pais não estão
migrando para essas
plataformas sociais para
monitorar e proteger seus
filhos, ou para se educarem e
se prepararem para quando
seus filhos inevitavelmente
entrarem nessas plataformas?
A QUEM AS CRIANÇAS ESTÃO OUVINDO?
Acabaram-se os dias em que
um anúncio de TV conseguia,
sozinho, esvaziar as
prateleiras do presente de
Natal mais desejado. São os
amigos que agora têm o
maior impacto nos desejos
das crianças quando se trata
de novos produtos, com mais
de 36% dos pais dizendo que
seus filhos são mais
influenciados pelas posses e
comportamentos de seus
amigos.
Mesmo que o domínio da TV
esteja em declínio, a que esses influenciadores
publicidade ainda não desistiu
completamente – 22% dos
pais
Talvez isso aconteça porque em uma rede social, em
as crianças não estão comparação com 49% do
compartilhando os aplicativos resto do mundo, e ainda
que realmente usam, e menos no Reino Unido (35%).
preferem dizer a seus pais Embora o Snapchat receba
que estão usando os apps que pouca atenção dos pais em
os adultos utilizam - como outros países, mães e pais
forma manter o controle americanos estão bem
sobre a versão digital deles conscientes de sua influência,
mesmos mostrada para a com 36% admitindo que
família. fizeram o download do app
no ano passado porque seus
Não é novidade que os pais
filhos estão nele ou
mais jovens têm maior
conversando sobre ele.
probabilidade de baixar um
aplicativo para ver como
O que isso sugere é que a
funciona, com 62% dos jovens
tendência de estar muito
entre 20 e 25 anos fazendo o
atento a tudo o que os filhos
download desses apps, em
fazem e envolver-se
comparação a 37% dos
pesadamente na educação
maiores de 51 anos.
das crianças, passa a se
aplicar à vida nas redes sociais
Mais surpreendente é a
também, nos EUA. Em quanto
divisão entre os EUA e o resto
tempo o resto do mundo
do mundo - mais de 60% dos
estará seguindo o exemplo?
pais americanos já seguiram
seus filhos
dizem que seus filhos são
mais influenciados por 36%
anúncios, e apostamos uma das crianças são
boa quantia que essa influenciadas pelos bens
influência vem dos vídeos de e comportamentos de
propaganda no YouTube. seus amigos
Por quê? Outros 14% dos pais 22%
dizem que seus filhos são das crianças são
mais persuadidos por influenciadas pela
influenciadores online como publicidade
vloggers - e se uma marca não
pode arcar com as quantias
cobradas
vloggers
pelas
no
crianças
YouTube,
36%
anunciar na plataforma em são persuadidas por
influenciadores online
estão é o próximo passo mais
óbvio.
INFLUENCIADORES MIRINS FAMOSOS PELO MUNDO

ToysandMe Hailey’s Magical Playhouse

9.2M Inscritos 1.4M Inscritos
______________________________ ______________________________

Tiana é de Nottingham, Reino Unido. Tem 11 A americana Hailey estrela vídeos filmados
anos e faz vídeos para o YouTube com seu pai pelo pai. Faz reviews de brinquedos que as
desde os sete. Ela testa brinquedos e depois marcas enviam para ela, e depois de filmar os
os doa para a caridade ou para seus fãs. doa para crianças carentes.
Possui um outro canal chamado Tiana, com
um link onde os fãs podem comprar seus
produtos

EthanGamerTV Ryan ToysReview

2M Inscritos 15M Inscritos
______________________________ ______________________________

Em seu canal- com valor estimado em 1
milhão de libras - Ethan joga e faz reviews de
games - principalmente Roblox e Minecraft.
Ele tem outro canal no qual faz “unboxing” de
compras online.
Ryan é do Texas, EUA, e faz review de
brinquedos online desde os quatro anos,
enquanto sua tia e seus pais o filmavam. O
número de visualizações se traduz em cerca
de US$ 1 milhão em receita com anúncios.

JacyandKacy McClure Twins Family

2.9M Inscritos 1M Inscritos
______________________________ ______________________________

Em 2014, uma dupla de irmãs e melhores
amigas da Flórida, EUA, começou a fazer
vídeos de artesanato DIY (faça você mesmo)
para crianças, e desde então acumulou mais
de 760 milhões de visualizações.
Em 2016, as gêmeas viralizaram quando seus
pais postaram um vídeo intitulado “Gêmeas
percebem que são iguais”.

Kitties Mama FamilyFunPack

2.3M Inscritos 8M Inscritos
______________________________ ______________________________

Grupo de amigos da Flórida, EUA, que Uma família de seis pessoas, na Califórnia,
acumulou mais de um bilhão de visualizações EUA, que aposta em "diversão com a família,
em 10 anos. todos os dias" e possui 10 bilhões de
visualizações no YouTube.

EvanTubeHD GamerGirl
5.6M Inscritos 2M Inscritos
______________________________ _____________________________

Este canal focado em experimentos incentiva Karina Calor, conhecida por GamerGirl, tem
crianças a usar sua curiosidade e perceber apenas 11 anos, mas já fez parcerias com
que o aprendizado pode ser divertido. alguns dos principais desenvolvedores de
games como Roblox e Minecraft.

Para conhecer mais crianças influenciadoras, acesse a lista da Forbes: https://www.forbes.com/top-

influencers/2017/kids/#7db00f952643
USO DA TECNOLOGIA
EM EXCESSO?
No primeiro estudo sobre
como a Geração Alpha utiliza
a tecnologia, fizemos
referência a um relatório
sobre o uso de mídia infantil
em 2016, da Ofcom -
reguladora de comunicações
do Reino Unido -, que
apontou que cerca de 40%
das crianças entre 5 e 15 anos
possuem um smartphone ou
tablet.
Nosso segundo estudo mostra
que um em cada quatro pais
acredita que seus filhos
valorizam esses telefones e
tablets mais do que qualquer
outro bem ou atividade,
desde brinquedos
tradicionais, feriados e até
mesmo momentos com seus
amigos e familiares. Uma
estatística alarmante e que
causa preocupação a esses
pais.
Mais de 70% acreditam que o
principal efeito negativo da
tecnologia para seus filhos é a
quantidade de tempo que
eles passam olhando para as
telas.
E eles ainda acreditam no
poder dos grandes espaços
abertos - 39% acham que a
tecnologia está limitando a
quantidade de ar fresco
que as crianças recebem,
enquanto outros 48% se
preocupam com o impacto
negativo sobre a quantidade
de exercícios que as crianças
estão fazendo. Marcas como
a Fitbit estão trabalhando
duro para contornar isso -
lançando rastreadores fitness
sob medida para crianças.
Mas eles precisam fazer
muito mais para convencer os
pais de que a tecnologia e os
exercícios podem ser
complementares, e não forças
opostas que lutam pela
atenção de seus filhos.
TECNOLOGIA DE HOJE COMO
PRECURSORA DO SUCESSO DE
AMANHÃ
O que esses pais também reconheceram foi
que os relacionamentos atuais de seus filhos
com todas as coisas tecnológicas de hoje os
ajudarão quando atingirem a maioridade.
Aproximadamente 75% dos pais acreditam
que a tecnologia que seus filhos usam agora
será um benefício em suas futuras carreiras.
Por quê? Os pais acreditam que a tecnologia
os está ajudando a desenvolver habilidades
sociais que formarão uma parte crucial do
sucesso no trabalho amanhã - desde o
raciocínio rápido (50%) e resolução de
problemas (46%) até a coordenação olho-mão
(43%).
Ironicamente, é por causa da tecnologia que
essas habilidades são tão importantes hoje
em dia. O aumento dos smartphones e tablets
significa que quase todo mundo tem um
computador de alta potência ao alcance das
mãos, a qualquer momento. Portanto, não
precisamos mais lembrar fatos, datas,
números ou lugares e podemos focar nosso
cérebro em atividades que nos exigem mais
intelectualmente. Mesmo agora, em muitas
escolas primárias e de ensino fundamental, há
menos ênfase na memorização de tabuadas
para entender a multiplicação e mais foco na
compreensão do problema em si.
Um relatório de julho de 2017 realizado pela
PwC estima que 38% dos empregos nos EUA
podem ser automatizados até o início da
década de 2030, com maior risco para os
setores de transporte, manufatura e varejo.
dos pais acreditam que
as tecnologias usadas
por seus filhos os
beneficiarão em suas
futuras carreiras
À medida que o emprego se torna alvo da
automação - de carros sem motoristas,
internet das coisas até robôs de inteligência
artificial - o cérebro humano não será
necessário para tarefas tradicionais, então as
habilidades mais leves, como resolução de
problemas e raciocínio rápido se tornarão
ainda mais importantes. E quanto àqueles que
aprimoraram essas habilidades desde a
infância? Bem, eles se tornam parte de uma
classe de superespecialistas com quem todos
querem trabalhar.
Pais de todo o mundo estão começando a
perceber que o uso da tecnologia que seus
filhos fazem hoje é um verdadeiro precursor
para que eles consigam bons empregos
amanhã. Embora o tempo em frente às telas
não deva atrapalhar na quantidade necessária
de exercícios e brincadeiras ao ar livre, elas
não podem mais ser vistas como uma maneira
barata de entreter as crianças, mas como uma
ferramenta necessária para ajudar a construir
um futuro melhor.
O QUE ISSO SIGNIFICA PARA AS
MARCAS?
Quer você concorde ou não, as crianças agora têm forte
influência sobre as compras para a casa. Por isso, as marcas
que vendem para as famílias ou para os adultos em geral,
precisam considerar as crianças ao comercializar seus
produtos. O que tem para elas? Como elas vão usá-lo? Por
que elas iriam querer esse produto? E quem as está
influenciando? Seu público pode ser adulto, mas são as
crianças que estão se tornando as principais decisoras.

Versões infantis de aplicativos ou dispositivos estão com

seus dias contados? Se as crianças de oito anos têm uma
compreensão melhor sobre tecnologia do que seus pais, por
quanto tempo ficarão satisfeitas usando um dispositivo ou
aplicativo “feito para crianças”? As marcas devem
questionar se precisam desenvolver várias versões de seus
produtos. Em vez disso, concentrarem-se na criação de
dispositivos universais que todos possam usar, mas que
tenham recursos de segurança escalonáveis. E, sob uma
perspectiva de comunicação, as crianças não querem
versões simplificadas para suas faixas etárias quando já
precisam ajudar seus pais a usar as versões completas.

Os pais se preocupam com o fato de seus filhos passarem

muito tempo em frente às telas, não praticarem exercícios e
não receberem ar fresco o suficiente. Mas eles sabem que a
tecnologia ajuda seus filhos a se tornarem melhores
solucionadores de problemas e pensadores mais rápidos.
As marcas que visam a vida familiar e doméstica podem
explorar essas preocupações e crenças ao desenvolver
campanhas que abordem esses temas específicos. Ao fazer
isso, construirão um diálogo mais significativo com os pais
sobre o que realmente importa para eles, o que, por sua
vez, ajudará a construir conexões emocionais e lealdade em
longo prazo.
METODOLOGIA DA PESQUISA

A pesquisa foi conduzida pela empresa OnePoll a pedido da Hotwire em

julho de 2018, com amostra de 8.000 pessoas com filhos, com idades entre
quatro e nove anos. Os países participantes da pesquisa foram: Reino
Unido, Estados Unidos, Austrália, França, Alemanha, Itália, Espanha e
Holanda.

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