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JOSEPH RATZINGER

(BENTO XVI)

SER CRISTAO
NA ERA
NEOPAG
vOL. I

Discursos e Homilias (1986-1999)

Organização, apresentação
e notas de Rudy Albino de Assunção

ECCLESIAE
Ser cristão na era neopag - volume 1: Discursos e Homilias (1986-1999)

Cardeal Joseph Ratzinger (Bento XVI)


novembro de 2014 CEDET
1 edição
-

Textos originalmente publicados na revista 30 giorni nella Chiesa


e nel mondo - Copyright Libreria Editrice Vaticana.

Os direitos desta edição pertencem ao


CEDET Centro de Desenvolvimento Profissional e Tecnológico
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Telefone: 19-3249-0580
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Editor:
Diogo Chiuso

Editor-assistente:
Thomaz Perroni

Digitação:
Denise Dela Vedova Bressam e Rudy Albino de Assunção
Organização, apresentação e notas complementares:
Rudy Albino de Assunção

Capa &editoração:
J. Ontivero

Conselho Editorial:
Adelice Godoy
César Kyn d'Avila
Diogo Chiuso
Silvio Grimaldo de Camargo

ECCLESIAE - www.ecclesiae.com.br

Reservados todos os direitos desta obra.


Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio ou

rorma, seja ela eletrônica ou mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer ou


meio de reprodução, sem permissão expressa do editor.
SUMÁRI10

Apresentação
15 O poder dos cristãos
23 EoVerbo se fez obscuro
31 O Homunculus em pedaços
37 Seminário: não um hotel, mas uma casa
45 O desafio da homologação religiosa
55 A verdadeira e a falsa reforma
71 Começar do "nada"
81 Contra o poder dos intelectuais
87 Elogio da consciência
109 Evangelizar e simplificar
113 Teólogos de centro
121 O evangelho e o Catecismo

141 A angústia de uma ausência:


três meditações sobre o Sábado Santo

151 A vitória que torna o homem contente


157 Et incarnatus est de Spiritu Sancto ex Maria Virgine

171 A cada um a sua tarefa

175 Apresentação do livro


O poder ea graça. A atualidade de Santo Agostinhbo

183 Liturgias diferentes: uma riqueza para a única lgreja

191 Liturgia e poder

197 "Deus dá início a uma história"

201 Referências bibliográficas originais


APRESENTAÇÃO

O leitor que agora tem em mãos este livro de Joseph


Ratzinger, o nosso Papa Emérito Bento XVI, pode jamais
ter encontrado um número da revista 30 giorni nella
Chiesa e nel mondo (30 dias na Igreja e no mundo). Mas
todos os textos dele que constam neste livro apareceram
na edição brasileira da referida revista.
Em maio de 2012 ela chegou ao seu ocaso, faltando
um ano apenas para completar trinta anos do intenso
trabalho de acompanhar a vida da Igreja, especialmente
da Santa Sé. Criada na Itália em 1983, ligada ao mo-
vimento italiano Comunhäão e Libertação, fundado por
Mons. Luigi Giussani, começou a ser publicada no Brasil
apenas em 1986. Desde 1993 era dirigida pelo senador
Giulio Andreotti (falecido em 2013). E digno de nota
que a revista lutava contra - e talvez fosse uma de suas

principais características o que Hans Urs von Baltha-


sar chamava de complexo anti-romano, depois alastrado
qual epidemia.' Com isso n o quero dizer que ela era um
periódico de permanente celebração de toda e qualquer
iniciativa romana ou de ingênuo papismo, mas desejava
que se prestasse atenção, antes de tudo, ao que a Igreja
realmente dizia e fazia.

Ele assim conceitua o complexo anti-romano (Der Antirömische


Affekt): "O que chega de Roma éé considerado a priori defasado no campo da
investigação teológica e em discordância com os resultados da sociologia e da
psicologia. Duas atitutes são freqüentes: tratar as atas romanas com ironia,
passá-las pela peneira da crítica, apresentar extratos tão reduzidos quanto ten-
denciosos, ou envolvê-las em um silêncio sepulcral" (El complejo antirromano.
Integración del papado en la Iglesia universal, Madrid, Biblioteca de Autores
Cristianos, 1981, p. 26). A edição original é de 1974. Essa expressão aparecerá
insistentemente nos textos deste livro, especialmente nas entrevistas do fim da
década de 80 (terceiro volume). Depois Balthasar tratará de sua generalização
em: "Epidemia anti-romana", 30 dias na lgreja e no mundo, ano , n. 1, janei-
ro de 1988, p. 37-41.
CARDEAL RATZINGER (BENTO XVI)

Talvez o tratamento e 0 espaço concedidos ao Ca


fossem emblemáticos do tipo d
deal Joseph Ratzinger
iornalismo que real1zava. Enquanto em diversos setores

crescia a hostilid
(muitos deles eclesiais, intelizmente)
as ctiquetas depreciativas, a r
de e multiplicavam-se -
vista lhe dava a possibilidade de se fazer ouvir, conhecer
compreender. Assim, ao longo dos anos, a revista contri
buiu para cultivar em seus leitores algo equivalente ac
. . adiantamento de simpatia, sem o qual n o há nenhuma
compreensão", pedido por Bento XVI para aqueles que les-
sem seu livro Jesus de Nazaré. E eu sou testemunha disso.
Mas voltemos aos artigos que compõem este livro. Es
ses textos estavam atë agora dispersos e inacessíveis em
sua totalidade. As primeiras edições brasileiras de 30Dias
já se tornaram raras, inclusive. Mas não podíamos deixar
esse tesouro escondido no campo por mais tempo. Ainda
mais com um número de obras de Ratzinger tão mingua-
do à disposição no mercado editorial brasileiro, mesmo
depois de sua eleição ao sólio pontifício.
Assim, resolvemos fazer uma miscelânea' com os tex-
tos ratzingerianos que apareceram na edição em língua
portuguesa desde 1986 até 2004. Dada a quantidade de
material, optamos por dividi-lo em três volumes. O pri-
meiro, com discursos, homilias e outros textos, de 1986
a 1999. O segundo, com textos do mesmo gênero, mas

Bento xvI, Jesus de Nazaré: primeira parte. Do Batismo no Jordão à


Transfiguração, São Paulo, Planeta do Brasil, 2007, p. 19.

Nossa iniciativa tem paralelo


o seu
Espanha, livro homônimo
na o
ganizado por José Luís Restán: Ser Cristiano en la era neopagana, Encuenro
or

Madrid, 2005, Mas quem tiver a ediç o espanhola verá que o livro que coloca-
mos em suas mãos é distinto, pois este é mais amplo, mais completo: deixamos
de fora pouquíssimos textos; somente
aqueles que eram realmente muitos ra
mentários ou localizados, incrustados de tal maneira numa materia
não teriam inteligibilidade. seil
"Ha textos com dupla datação. Nestes casos, a revista publicou duas vezes
mesmo texto, o que explica que o livro contenha alguns que também toram
publicados de 2005 2006, dois primeiros
beneditino.
nos anos e os anos do
pontinea
SER CRISTÄO NA ERA NEOPAGÄ (VOL. )

de 2000 a 2004, mais dois debates ou distputationes, dos


anos 1993 e 2000. No terceiro, todas as entrevistas, de
1986 a 2003.
Neste primeiro volume está uma rica amostra da varie-
dade de temas pelos quais o teólogo Ratzinger transitou:
a exegese bíblica; a formação sacerdotal e o fundamento
biblico do sacerdócio, mas também a identidade e o papel
dos leigos; a função do teólogo e do magistério eclesial; o
ecumenismo; a questão da verdade e da consciência; a En-
carnação do Verbo; a atualidade de Santo Agostinho, etc.
Mas, sem dúvida, o tema dominante do livro (dos três
volumes), o seu pano de fundo, é a hermenêutica do Con-
cilio Vaticano 1. Temas como a fidelidade da reforma
litúrgica (ou melhor, dos reformadores litúrgicos) às in-
tenções dos Padres Conciliares, o Novus Ordo Missae
de Paulo VI, ainda muito vivos hoje, especialmente pelo
sulco aberto com o Motu Proprio Summorum Pontificum
e pelo diálogo com a Fraternidade São Pio X, estão pre-
sentes neste livro tripartido. Nada mais oportuno, dado
que estamos dentro das comemorações do cinquentená-
rio de abertura e de encerramento da grande assembleia,
vivida e interpretada pelo perito eleito papa, o último a
ter participado do Concílio.
A palavra reforma é constante, portanto. Assim sen-
do, é impressionante a atualidade dos textos. Ainda mais,
nesta época em que as estruturas da lgreja, seus "aspectos
visíveis", estão sob uma luz tão intensa e se fala tanto na
necessidade de reformas. Aqui Ratzinger trata delas. Fala
da verdadeira e da talsa retorma e não teme dizer que
existe uma inútil. Também ele critica o excesso de estru
turas, e fulmina-nos quando diz nesta obra: "Eu sou pela

5 Joseph Ratzinger tinha sonhado que a lgreja iria redescobrir o Vati-

cano II, que tantas vezes fora mal interpretado. Ao contrário da caricatura que
fazem dele, continuava a considerar-se um teólogo moderno, orientado para
o futuro, sempre disposto a integrar novos progressos, desde que merecessem
esse nome, no concerto de orquestra da lgreja (Peter Seewald, Bento xVi visto
de perto, São João do Estoril, Lucerna, 2007, p. 202).

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CARDEAL RATZINGER (BENTO XVI)

reforma interior, contra esse reformismo exterior tão di-

fundido", embora no contexto esteja falandoda liturgia.


Eis, portanto, uma excelente chave de compreensão de
seu pontificado nas linhas que se seguir o, de sua pru-
dência, mas também muitas de suas retormas sutis, feitas
mais de condutas do que de documentos, imperceptíveis
às lentes dos mass media, mas em curso na vida da Igreja
e que se fazem sentir e que ainda mostrarão toda a sua
a
torça e eticácia.
Talvez seja oportuno recordar que o pensamento de
Ratzinger ainda está por ser descoberto em todo o seu va-
lor, particularmente no Brasil. Enfim, pernmito-me tomar
de empréstimo um auto-elogio de Friedrich Nietzsche,
aplicando-o a Ratzinger:

"Os maiores acontecimentos e pensamentosS mas


os maiores pensamentos são os maiores acontecimen-
tos são os que mais tardiamente são compreendidos:
as gerações que lhe são contemporäneas não vivem tais
acontecimentos - sua vida passa por eles. Aqui acon-

tece algo como no reino das estrelas. A luz das estre-


las mais distantes é a que mais tardiamente chega aos
homens; e, antes de homem nega que ali
chegue, o
-

haja estrelas. 'De quantos séculos precisa um espirito


para ser compreendido?" - esta é também uma medi

da, com ela se cria também uma hierarquia e etiqueta,


como é preciso: para espírito e estrela".

Que esta à disposição dos leitores de


obra, colocada
lingua portuguesa pela editora Ecclesiae, seja um humilde
serviço à Verdade e uma homenagem àquele que se Iez

Um interlocutor recorrente até mesmo no pontificado de Bento XVI: De


caritas est 3; também na Lumen fidei 2 (cujo esboço fora preparado por Bento XV
como declarou o próprio Papa Francisco, signatário da carta encíclica, no n.

Friedrich Nietzsche, Para Além de Bem e de Mal Prelúdio de uma filosofia ao

porvir, $ 285. In: Obras incompletas, São Paulo, Nova Cultural, p. 336.

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SER CRISTÃO NA ERA NEOPAG (VOL. I)

seu cooperador." E com ela se apresse um pouquinho o


tempo em que a nossa geração seja mais contemporânea
ao pensamento de Bento XVI, pois nele vemos resplande-
cer não a si mesmo, mas a luz da fé da lgreja, ou seja, o
próprio Cristo. E que esta Luz brilhe todos os trinta dias
de cada mês, na lgreja e no mundo.

RUDY ALBINO DE ASSUNÇÃO

Cooperatores Veritatis ("Cooperador da Verdade"): este foi o lema epis-


copal escolhido por Joseph Ratzinger quando nomeado arcebispo de Munique
e Freising, em 1977, extraído da terceira carta de João (Cf. Joseph Ratzinger,
Lembranças da minha vida: autobiografia parcial (1927-1977), São Paulo,
Paulinas, 2006, p. 137).
Vale recordar o primeiro parágrafo da Lumen gentium: "A luz dos povos
é Cristo".

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