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P632c
Pharlan, Jacqueline
Cicloturismo e desenvolvimento regional : reflexões a partir de estudo de caso da trilha da Samaúma
(AP) / Jacqueline Pharlan. - 1. ed. - São Paulo : Scortecci, 2021.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5529-713-3
1. Viagens em bicicleta - Samaúma, Trilha da (AP). 2. Samaúma, Trilha da (AP) - Descrições e viagens.
3. Ilha de Santana, AP - Descrições e viagens. I. Título.
21-74502
CDD: 918.116
CDU: 910.4(811.6)
www.scortecci.com.br
Livraria Asabeça
www.asabeca.com.br
Este livro é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso II apresentada
ao curso de Engenharia de Produção, vinculado à Pró-Reitoria de Graduação
da Universidade do Estado do Amapá, sendo requisito para a obtenção do
título de Bacharel em Engenharia de Produção, sob a orientação do Prof. Esp.
Álisson Sousa da Silva.
Intitulado “A Viabilidade do Cicloturismo como Fomento para o
Desenvolvimento Regional na Trilha da Samaúma” este trabalho foi aprovado
e publicado na modalidade de resumo no evento 18ª Semana Nacional de
Ciência e Tecnologia do Amapá 2021.
“A consciência ambiental impulsionou o início do discurso do
desenvolvimento sustentável: uma série de debates internacionais
aprofundando-se na complexidade e interconexão das dinâmicas ambientais,
sociais e econômicas, e a importância de os padrões de vida atuais não
imporem em prejuízos para as gerações futuras.”
Paulo Savaget
Agradecimentos
A Deus que com sua infinita sabedoria me fez capaz de aprender e me
aperfeiçoar como ser humano e profissional constantemente.
Ao professor Francisco Tarcísio Alves Junior que me sugeriu o tema no
meu primeiro ano de faculdade.
Ao meu orientador Álisson Sousa da Silva que sempre contribuiu para o
desenvolvimento deste trabalho com esmero e atenção.
Ao meu pai que sempre valorizou o estudo e me incentivou.
A minha mãe que me preparou para vida semeando dignidade, moral e
bondade na formação do meu caráter.
Ao meu filho compreensivo, parceiro e que sempre me dá forças para
realizar meus sonhos.
A minha cachorrinha Rouse Quartz que nunca me deixa só.
Resumo
Esta pesquisa analisou o potencial do cicloturismo como fomento para o
desenvolvimento regional na trilha da Samaúma localizada na ilha de Santana –
Amapá. Para aprofundar acerca dos aspectos positivos do cicloturismo
apresentou-se à revisão literária sobre mobilidade e sustentabilidade pelo fato
de serem condições para potencializar o cicloturismo com responsabilidade.
Em seguida se fez um estudo bibliográfico partindo da concepção macro de
turismo, as variações relacionadas ao ecoturismo, reduzindo para turismo de
aventura até chegar ao cicloturismo com o objetivo de compreender os
benefícios que o segmento apresenta para os empreendimentos e como
viabilizá-los em consonância às tendências mundiais de conservação do meio
ambiente e sustentabilidade numa perspectiva harmônica entre o ambiente
natural, a prática esportiva, negócios e sociedade. O estudo teve natureza
básica, partiu da fundamentação teórica, a abordagem foi quali-quantitativa de
objetivo exploratório e foi realizado um estudo de caso através da aplicação de
um formulário eletrônico do google forms encaminhado individualmente
através de e-mail, whatsapp ou messenger apenas para ciclistas e
posteriormente se fez a análise dos dados coletados através de gráficos. Este
trabalho explicitou o potencial da Trilha da Samaúma para o desenvolvimento
regional da Ilha de Santana – AP através do cicloturismo possibilitando maior
qualidade de vida para população por meio de geração de emprego e renda
ecológica. Dos 65 ciclistas que participaram da pesquisa identificou-se que a
maior parte são pessoas com poder aquisitivo alto, profissionais com nível
superior, entre estes observou-se grande preocupação com segurança nos
trajetos para o cicloturismo, assim como a maior parte faz gastos consideráveis
antes e durante os pedais. Além disso, a maioria que frequenta a Ilha de
Santana aprecia a árvore Samaúma e gosta de tirar fotos com ela.
Considerando os dados e informações levantadas considera-se a região com
alto potencial para o cicloturismo, pois apresenta atrativos naturais e
viabilidade para negócios que geram emprego e renda para localidade, os quais
precisam de estrutura e planejamento para integrar o potencial de forma
responsável, integrando sustentabilidade e respeito ao patrimônio histórico,
cultural e da comunidade da Ilha.
1.1 Problemática
1.2 Justificativa
Atualmente se vê um elevado quantitativo de adeptos do cicloturismo
ganhando força não apenas em âmbito local ou estadual, mas um aumento
mundial. A atividade promove não apenas melhoria de qualidade de vida do
praticante, mas é uma alternativa de vida ecológica que promove uma
consciência ambiental e fomenta desenvolvimento regional, isto porque aquece
o mercado no âmbito gastronômico, cultural, comércio e uma série de
serviços.
Cientes que para o cicloturista chegar ao destino traçado terá que cruzar
não apenas o local de destino, mas todo percurso até a chegar à localidade
turística é que se observa uma relação intrínseca entre o ciclismo urbano e o
do campo, ou rural, por isso é difícil falar em cicloturismo sem envolver a
mobilidade urbana e seus desafios. Então, turismo e sistemas de transportes
estabelecem uma relação de dependência, fator que acarreta inúmeras
dificuldades considerando as condições de tráfego atual, voltado
principalmente para veículos motorizados.
Entretanto, a questão da acessibilidade precisa atingir toda sociedade, o que
torna imprescindível uma reestruturação das vias, de forma a abranger todos
os meios de locomoção e inclusive pedestres.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) no Plano Nacional do
Turismo (PNT) (2018-2022), acerca do turismo sustentável, se destaca a
importância de adoção de modelos menos poluentes com vistas à justiça social
que integre desenvolvimento e implementação de políticas e ferramentas de
promoção e monitoramento do turismo sustentável e inclusivo. O turismo
apresenta grande destaque em decorrência dos altos rendimentos que gera
para sociedade, conforme levantamento do PNT a seguir:
As medidas previstas neste plano estão em consonância com os indicadores que apontam para
a recuperação gradual da economia brasileira. Assim, até 2022, prevê-se alcançar resultados
como o aumento da chegada de estrangeiros de 6,6 milhões para 12 milhões e a ampliação da
receita cambial do turismo dos atuais US$ 6,6 bilhões para US$ 19 bilhões. O plano vislumbra
também a inserção de 39,7 milhões de brasileiros no mercado consumidor de viagens e a
geração de 2 milhões de novos empregos no turismo. (BRASIL, Plano Nacional de Turismo,
2018-2022, p. 15)
Mas segundo os estudos do Plano Nacional do Turismo a questão central é
aliar o potencial que o setor representa às necessidades mundiais a cerca de um
turismo responsável com o meio ambiente, a sociedade que o envolve, o
patrimônio cultural desta sociedade, o respeito às diversidades e de forma
sustentável.
E o cicloturismo e a bicicleta são meios sustentáveis, por isso são
alternativas valorizadas tanto na cidade quanto no campo. São inúmeros os
benefícios advindos do uso da bicicleta, por exemplo, aproximam o ser
humano do meio ambiente, minimiza os impactos ambientais causados pela
imensa poluição causada pelos veículos motorizados e corrobora para o
aumento da conscientização ambiental, assim como promoção do
desenvolvimento da prática esportiva, das regiões em que ocorrem, entre
outros aspectos.
A Legislação Urbanística do Município de Macapá (2004) em seu artigo 79,
§ 1º, II versa sobre a questão da sustentabilidade para as atividades econômicas
em locais públicos e alia concessões e permissões aos casos em que “o Poder
Executivo tenha de compatibilizar o uso dessas áreas com os planos
urbanísticos ou de desenvolvimento sustentável do Município, de acordo com
a legislação pertinente”.
Ou seja, há uma vertente municipal que inclui o desenvolvimento
sustentável a prática turística em consonância às tendências mundiais. A qual
considera os índices de rentabilidade decorrentes do turismo e o destaque que
o turismo de aventura, ecoturismo, cicloturismo e as inovações do setor que
alinham desenvolvimento, sustentabilidade e responsabilidade social com
vistas à geração de emprego e renda.
Um desenvolvimento amplo que traz ganhos que ultrapassam a
universalidade financeira da geração de capital.
Pois o cicloturismo, ao optar pela prática do esporte alia o bem-estar
pessoal e coletivo, o praticante ganha em saúde psicológica e física, a sociedade
em mobilidade, conservação do ambiente e geração de renda, aquecendo o
mercado de produtos e serviços não apenas da região no dia em que ocorrem
os eventos, mas também na localidade de residência dos participantes que se
organizam para participar destes eventos.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) a promoção da bicicleta
como meio de transporte é uma meta a ser atingida, pois diminui a emissão de
poluentes emitidos pelos carros e promove a saúde da população, reduzindo o
gasto com doentes a médio e longo prazo (DORA, 1999).
Entretanto, estruturas insuficientes de condições para a prática do esporte
e até mesmo locomoção através do ciclismo são barreiras que necessitam ser
aprimoradas. A consciência de que esta é uma possibilidade econômica de
desenvolvimento para o Estado e que traria benefícios em uma série de setores
tem limitado o crescimento e inclusive a manutenção de praticantes.
Investir no cicloturismo envolve investimentos em ciclofaixas, ciclovias,
iluminação e melhor sinalização principalmente para que os praticantes se
sintam mais seguros e ocorra ampliação no número de adeptos, tendo em
vistas que a Organização Mundial da Saúde já tem como prerrogativa a
necessidade de melhoria no setor.
Através de melhores condições direcionadas ao ciclismo, benefícios como
maior liberação no fluxo do trânsito, melhoria da saúde da população,
diminuição da poluição ambiental, maior consciência ecológica e fomento
econômico trariam maior desenvolvimento para a região.
Além do mais, o uso da bicicleta também é um aliado contra a poluição
sonora, quanto menor o uso de veículos automotores, maior o fluxo nas vias e
aumento do espaço dos estacionamentos, fatores que acrescentam aos
impactos positivos para que haja maiores investimentos no setor. O uso dos
veículos automotores são mais perigosos, assim a adoção não só do meio
como inovação do turismo, mas como alternativa de transporte urbano é uma
estratégia de promover maior segurança para todos, economia de gastos com
combustíveis aliada a menor incidência na emissão de poluentes.
Viajar de bicicleta permite que o contato com o ambiente seja maior,
principalmente porque o trajeto é mais lento e proporciona uma vista mais
detalhada. Então, as paradas para fotos são corriqueiras entre ciclistas que
gostam de aproveitar ao máximo os passeios registrando detalhes pelos locais
por onde passam, dessa forma podem conhecer melhor as localidades, as
pessoas, interagir, motivo pelo qual a prática tem se destacado por contribuir
para quadros de depressão e outros problemas de saúde, tendo em vista que o
motor tem se relacionado muito a stress e pressa na atualidade.
O uso da bicicleta também possibilita maior liberdade para o viajante ir
onde deseja e com calma, este economiza com combustível, revisão em carros
ou gastos com outros meios de transporte, ou seja, o cicloturista pode escolher
quando vai e a hora. Assim o que gastaria com os meios regulares de viagens
de carro, ônibus, avião ou outros meios e podem ser redirecionados para
alimentação e acessórios para a bicicleta, como os de segurança.
Todo este quadro aponta para os inúmeros benefícios do cicloturismo,
inclusive economia pública quanto a gastos com infraestrutura, devido aos
constantes reparos e reconstrução e construção de vias asfaltadas, em longo
prazo investimentos no setor apresenta ganhos em vários sentidos que atinge
ciclistas, população em geral, setor econômico, saúde e meio ambiente.
A explicação para esta relação pode estar na asserção de que a atividade física regular e/ou o
estilo de vida ativo resultam em comprovados benefícios para a saúde, sendo sua prática
recomendada pela Organização Mundial da Saúde, tanto para a prevenção de doenças, como
para a promoção da saúde. (CARVALHO, FREITAS, 2012, p. 1623)
1.3 Objetivos
1.3.1 Geral
Demonstra-se a viabilidade do cicloturismo como fator para o fomento do
desenvolvimento regional na Trilha da Samaúma localizada na Ilha de Santana
no Estado do Amapá.
1.3.2 Específicos
Por ser um veículo sustentável e de grande valia para saúde e bem estar,
que diminui a poluição, Vasconcellos (2013, p. 13) destaca que “na maioria dos
países desenvolvidos, o ciclista é tido como um condutor que pratica a
cidadania, usufruindo, por isso mesmo, do direito de usar as vias com
segurança e conforto”, o que não ocorre nos países em desenvolvimento, no
Brasil, por exemplo, observa-se um plano de tráfego voltado principalmente
para veículos, pedestres e ciclistas sofrem com a ausência de políticas públicas
que permitam a locomoção segura, sustentável e saudável de forma
democrática e compatível com a praticada pelos veículos automotivos.
Os aspectos promissores do uso sustentável da bicicleta crescem em todo
o mundo e surgem outros ramos sustentáveis do uso do veículo de transporte,
o ecoturismo, um turismo ao ar livre, de “consciência ambiental de
conservação do patrimônio natural e cultural” (COSTA, p. 15) que tem se
destacado como um ramo promissor para o desenvolvimento social
sustentável e que também fomenta crescimento financeiro para as regiões que
se adequam ao perfil empreendedor de acolhimento ao ciclista e outros
formatos do ecoturismo.
A Constituição Federal Brasileira de 1988 em seu escopo une crescimento
econômico, redução de problemas socioambientais e desenvolvimento
sustentável em apenas um dispositivo, especificamente no artigo 170,
conforme abaixo e reforçando-o no artigo 225, Cap VI: “VI – promover a
educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública
para a preservação do meio ambiente” (BRASIL, 1988).
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:
I – soberania nacional;
II – propriedade privada;
III – função social da propriedade;
IV – livre concorrência;
V – defesa do consumidor;
VI – defesa do meio ambiente;
VII – redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII – busca do pleno emprego;
IX – tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte.
(BRASIL, 1988)
E como se sabe esta não é uma tarefa fácil de tirar do papel e implantar
efetivamente, depende de trabalho contínuo, conscientização, planejamento e
foco em um desenvolvimento responsável que vise além do crescimento
econômico a qualidade de vida.
A mobilidade neste sentido tem um papel essencial e nesta se vislumbra
um aporte ao crescimento regional por meio do turismo, sempre na vertente
sustentável, integrando o homem a natureza e ao turismo se apresenta como
um elo marcante para este fim, como abordado a seguir.
2.3 Turismo
2.3.1 Ecoturismo
2.6.1 Samaúma
1
O formulário pode ser consultado através do link: https://forms.gle/zyYPVb9sTLuojv3J8.
4
Resultados e discussão
A primeira parte do formulário aplicado se detém a analisar o perfil do
cicloturista que participa de eventos no Estado do Amapá, para
posteriormente direcionar o estudo identificando entre os ciclistas aqueles que
participam de eventos de cicloturismo na Trilha da Samaúma, localizado na
Ilha de Santana – Ap.
Além disso, será observado como ocorre à participação destes ciclistas
quanto ao comportamento financeiro relacionado aos eventos na região, assim
como quanto à conservação do meio ambiente e respeito direcionado ao
patrimônio histórico, cultural da comunidade.
1. Sexo/Gênero
65 respostas
Sobre raça obteve-se que a maioria dos entrevistados, 53,8% são pardos, 35
pessoas e outros 18,5%, 12 ciclistas se declaram negros e em menor índice
27,7% declararam-se brancos, 18 pessoas. O resultado reflete a característica
de raça marcante região. Carvalho e Ramos (2013, p. 71) destacam que
“entender o perfil deste turista com características específicas é essencial para
divulgar melhor qualquer roteiro cicloturístico”.
3. Idade
65 respostas
Quando questionados acerca do estado civil nota-se que a maior parte dos
ciclistas são solteiros e divorciados no total 53,8% 35 pessoas, as
comprometidas totalizam 30 pessoas 46,2%, seriam os casados com 43,1%, 28
pessoas e em união estável 2 pessoas, com um índice de 3,1%. Uma
representatividade equilibrada em relação a casados e solteiros se
considerarmos os 3,8% a mais de solteiros como um índice baixo. O que
revela ser a prática do ciclismo viável tanto para pessoas casadas quanto para
as solteiras.
6. Escolaridade
65 respostas
No Brasil, não existem muitos registros oficiais sobre a história do cicloturismo. Somente em
1930 a bicicleta passou a se fazer presente nos espaços públicos de modo mais sistemático com
a consolidação das primeiras fábricas de bicicletas no Brasil. A partir de então, popularizou-se o
seu uso entre a classe trabalhadora em meados dos anos 1950. O ciclismo e o cicloturismo
despontam como atividades na primeira década do século XXI incentivadas pelos planos de
mobilidade urbana e pelos projetos de criação de ciclofaixas e ciclovias no contexto urbano.
(ROLDAN, 2000; FARIA, 2016 apud SOUSA; CARVALHO, 2021, p. 4)
A Trilha não foi nomeada Trilha da Samaúma por acaso, trata-se de uma
árvore esplendorosa, que não apenas embeleza, mas atrai a atenção, veja que
46,2%, 30 ciclistas que fazem cicloturismo na trilha param para tirar fotos na
árvore, outros 18,5%, 12 ciclistas marcaram que às vezes param lá para tirar
fotos, 21,5%, 14 ciclistas embora ainda não tiveram oportunidades indicaram
que se fizessem a trilha tirariam foto com a Samaúma, o índice menor, 13,8%,
9 ciclistas não apresentaram desejo fazer registros da árvore ou com ela.
26. A Trilha de Samaúma na Ilha de Santana – AP oferece sinalização adequada para prática do
ciclismo
65 respostas