DISCIPLINA: LITERATURA COMPARADA DOCENTE: RUAN NUNES DISCENTE: MARIA CLARA TEIXEIRA
ATIVIDADE 2
Responda em um parágrafo: Seguindo os comentários de Tania Franco Carvalhal
(2006) e Fabiana Carelli (nos vídeos), qual foi a contribuição de René Wellek para os estudos comparatistas?
Atenção: busque ser sucinto/a em sua resposta e citar um trecho da obra
seguindo as normativas da ABNT.
R. Nesse texto, Wellek investe contra as fragilidades teóricas da disciplina e sua
incapacidade de estabelecer um objeto de estudo distinto e uma metodologia
específica, até aquela época. Sua crítica se dirige contra os pronunciamentos de F. Baldensperger, P. Van Tieghem, J.-M. Carré e M.-F. Guyard, autores que, segundo ele, Opõe-se à distinção entre literatura comparada e literatura geral, julgando-a insustentável e desnecessária. Tal limitação, para Wellek, faz com que a literatura comparada se reduza à análise de fragmentos, sem ter a possibilidade de integrá-los em uma síntese mais global e significativa. Por outro lado, essa limitação obriga o comparativista a enveredar apenas pelos clássicos estudos de fontes e influências, causas e efeitos, sem jamais chegar à análise da obra em sua totalidade ou de uma questão em sua generalidade. Além disso, continua Wellek, a investigação do "comércio exterior" entre duas literaturas conduz o estudioso a se ocupar apenas com dados extraliterários. Não é difícil perceber que na base das argumentações de Wellek estão o formalismo russo, que o formou, e a fenomenologia, a que aderiu depois. A formação de Wellek sofreu, ainda, o contato com o new criticism e amalgamou os princípios em que essas três correntes teórico-críticas preconizam a análise imanente do texto literário. São, sem dúvida, tais orientações que o levam a compreender as obras literárias não como somas de possíveis sugestões mas
como conjuntos em que a matéria-prima provinda de qualquer parte deixa
de ser matéria inerte e é assimilada numa nova estrutura (p. 246). quiser seguir-lhe a trilha, poderá ler, por exemplo, o seu estudo "Nome e natureza da literatura comparada" ou o discurso que, como presidente da Associação Americana de Literatura Comparada, profere em Cambridge, Mass., em abril de 1965, sob o título "A literatura comparada hoje"18 . Seus constantes alertas, não obstante as restrições que lhes possam ser feitas, constituem um sinal vermelho ao comparativismo tradicional e podem ser considerados como uma das contribuições mais significativas para que ele seja repensado e necessariamente, reformulado. Wellek, sem dúvida, atinge os pontos fracos das propostas clássicas: o exagerado determinismo causai das relações, a ênfase em fatores não-literários, a análise dos contatos sem atentar para os textos em si mesmos, o binarismo reducionista. No entanto, cabe dizer que muitas vezes suas observações, ao desnudarem o comparativismo tradicional, não lhe davam roupa nova para cobri-lo. O que substantivamente propõe é a introdução da reflexão crítica nos estudos comparados (nisso Etiemble dele se aproxima), mas não define a atuação comparativista, arriscando fazê-la perder sua especificidade. O caráter combativo das argumentações de Wellek parece levá-lo a arregimentar maior número de restrições do que de saídas aos impasses caracterizadores da "crise" da literatura comparada.