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Entrevista com Brunilde

Mendes do Espírito
Ano IX Santo (2a parte)
EDIÇÃO 100
Junho/2019
“A educação..., é o mais poderoso fator do progresso.” – Léon Denis. « www.celd.org.br
R$ 6,00
R$ 9,90

Doenças
da alma segundo
Joanna de Ângelis
Quando viver dói...
Doenças causadas Meio Ambiente A Educação pela
pela influência (...) não há mais tempo a se esperar Liberdade
para que a conscientização sobre
espiritual os cuidados e a preservação do Nós Pais estamos
Sabemos que os desencarnados meio ambiente seja efetivamen- preparados?
podem influenciar na vida te aplicada com espontaneidade Como a maioria de nós, pais, não
dos encarnados com uma no nosso dia a dia. A boa notícia é buscamos o autoconhecimen-
intensidade considerável (...) que existem muitos exemplos de to e nem nos preparamos para
e que essa influência também pessoas, grupos, empresas que missão de educar, vamos muitas
pode nos causar distúrbios adotam, há anos, medidas neste das vezes agindo (...) por bases
físicos, até mesmo provocando sentido (...) educacionais que tivemos.
doenças (...)

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NESTA EDIÇÃO Revista CELD de Estudos Espíritas
Ano 9 | № 100 | Junho de 2019

Carta ao Leitor
4

Palavra da Direção
5
Especial
Meio Ambiente 6
Especial II
Polêmicas e diatribes: como lidar? 8
Selma Trigo
A Educação pela liberdade 10
Entrevista
Brunilde Mendes do Espírito Santo (2a parte) 14
Capa
Doenças da alma segundo Joanna de Ângelis 19
Medicina Espiritual
Doenças causadas pela influência espiritual 26

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CARTA AO LEITOR

Caros amigos

Em um momento de muitas dores íntimas, aflições, medos e ISSN: 1415-4269

Fundador
Altivo Carissimi Pamphiro
enclausuramentos, buscamos fazer uma pausa em nosso editorial, (1938-2006)

Presidente
Hélio Washington de M. Costa
para refletirmos um pouco acerca de tais conflitos. Divisão de Divulgação Doutrinária
Lawson Nascimento
Jailton Pinheiro
Saulo Monteiro
A revista deste mês traz, em seu conteúdo, uma ênfase sobre as
Administração
Silvio Almeida

doenças da alma. Conselho Editorial


Bárbara Cruz
Karolina Pereira
Mônica Soares
Também trazemos um convite para meditarmos se na condi- Thiago Barbosa

Jornalista Responsável
Mônica Soares
ção de pais estamos preparados para os voos dos filhos. Se esta- Capa, diagramação e arte
Marcelo Domingues

Imagem da capa
mos educando para a autonomia ou para a prisão afetiva? Pixabay

Revisão
Teresa Cunha
E por último, destaco o artigo de conscientização sobre os cui-
Setor Editorial
CELD

Distribuição e comercialização
dados com o meio ambiente que a partir desta edição, em ocasião Vitor Nogueira
Thatiane Pinheiro

Atendimento ao leitor
do dia do Meio Ambiente, traremos esporadicamente como um Endereço eletrônico:
marketing@leondenis.com.br
Telefones: 2452-7700 / 2452-7801

assunto de extrema relevância nos dias atuais. Aos articulistas


Endereço eletrônico:
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*A responsabilidade pelo conteúdo dos artigos é
Boa leitura ! exclusivamente dos articulistas.

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Rua Abílio dos Santos, 137, Bento Ribeiro,
Rio de Janeiro – RJ – CEP 21331-290
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4 Revista CELD de Estudos Espíritas

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PALAVRA DA DIREÇÃO

“Aquecer conhecimentos”

H á um ditado que diz: “O tempo passa, o tempo voa”... Em um abrir e fechar de olhos, já esta-
mos no meio do ano. O tempo passa muito rápido.
Passou rápido porque todos nós, aqui no CELD, estamos trabalhando muito para a divul-
gação da Doutrina Espírita.
Foram muitos Encontros, Seminários, Congressos, cafés literários, tudo isso com o objetivo princi-
pal de divulgar a Doutrina Espírita, que é tão importante em nossas vidas.
No mês de junho vamos ter a oportunidade de mais dois Encontros Espíritas em nossa amada Casa.
No dia 9 de junho o 10o Encontro Espírita das Casas Espíritas, com o tema: “A Liderança na Casa
Espírita”. Uma abordagem que nos merece atenção.
Mais ao fim do mês, no dia 23 de junho, o 26o Encontro Espírita sobre Mediunidade, com o tema:
“Manifestações Físicas”.
São dois Encontros muito importantes e que dão a oportunidade de estudarmos assuntos tão per-
tinentes, a nós, em uma Casa Espírita.
O inverno começa no dia 21 de junho, dois dias antes do Encontro sobre Mediunidade, não vamos
deixar que o frio impeça a nossa vinda ao CELD, para aquecer os nossos conhecimentos espíritas.
Muita paz a todos!

Hélio Washington
presidencia@celd.org.br

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ESPECIAL

Meio Ambiente

Rosângela Ferreira e Lina Marques uma oportunidade para exercitarmos a nossa


escalada evolutiva espiritual.

N o dia 5 de junho, quando se comemora o


Dia Mundial do Meio Ambiente, temos
a oportunidade de intensificar reflexões
a respeito do tema. O próprio amadurecimento
intelectual da humanidade — uma das asas, ao
Zelar pelo planeta que nos acolhe nesta
encarnação, assim como cuidar do corpo físi-
co, faz parte do processo de evolução, como
nos ensinam os espíritos por meio das obras da
Codificação. Desta forma, não há mais tempo
lado do aspecto moral para o progresso espiritu- a se esperar para que a conscientização sobre
al, como nos fala Léon Denis — não, à toa, tem os cuidados e a preservação do meio ambiente
feito com que questões sobre sustentabilidade seja efetivamente aplicada com espontaneidade
ganhem cada vez mais interesse em conversas, no nosso dia a dia. A boa notícia é que existem
mídias tradicionais e digitais, redes sociais, esco- muitos exemplos de pessoas, grupos, empresas
las, políticas públicas e grupos não governamen- que adotam, há anos, medidas neste sentido,
tais. Por outro lado, a humanidade não alcançou comprovando que o despertar já começou. São
ainda, em sua plenitude, comportamentos e ati- desde gestos aparentemente simples, como não
tudes em respeito à preservação ao planeta Ter- jogar lixo na rua, até inovações que visam rea-
ra. Planeta esse que nos foi entregue por Mise- proveitamento de insumos que a Natureza nos
ricórdia Divina do Pai, para termos, aqui, mais oferece sem macular o sistema. Então é colocar a

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mão na massa em prol da preservação do nosso mais resistentes do que aquelas feitas com
planeta. asfalto convencional.4 e 5 Sem contar o valor na
A partir da agora, vamos conhecer algumas cadeia econômica, uma vez que separado, lim-
iniciativas que buscam sensibilizar e ensinar a po e organizado por tipo, a reciclagem gera um
sociedade como é possível ‘contribuir’ para a nicho de mercado viável e lucrativo.
preservação do meio ambiente, desde não sujar Outro exemplo de sucesso e criativida-
ruas até a utilização de materiais orgânicos para de vem do oriente. Na Tailândia, o Rimping
a criação de asfalto. Ações inspiradoras para Supermarket, um supermercado localizado em
todos nós. No Recife, por exemplo, a Campanha Chiangmai, testa o uso da folha de bananeira
‘Metrô sem lixo: abrace essa ideia!’, teve início com alternativa em substituição ao plástico para
em 20161, em estações da capital pernambucana, embalar frutas e legumes. Trata-se, segundo
para despertar os passageiros sobre a importân- informam, de um material totalmente orgânico,
cia de não descartar lixo em lugares impróprios, resistente, pois as suas folhas são grossas, largas
como trilhos ou dependências das estações2, e flexíveis, com a facilidade de serem enroladas
evitando assim problemas que podem impac- e dobradas sem quebrar e suportam variações de
tar os próprios usuários. Desta forma, é fácil temperaturas. E mais: se decompõem natural-
vislumbrar que a informação, naturalmente, ela mente, ao contrário do plástico.6
foi replicada pelos que vivenciam a experiência Outro exemplo de sustentabilidade, também
porque receberam orientação (educação). usado no oriente, é o jornal Mairichi, do Japão,
O cuidado com o meio ambiente está tam- conhecido como o primeiro imprenso fértil. Isso
bém diretamente relacionado a questões como porque, a tinta das letras é produzida com mate-
evitar desperdícios, conscientização de finitu- rial vegetal e, por isso, atua como fertilizante.
de de insumos, reutilização de matéria-prima Após a leitura, basta picotar o papel e colocar os
etc. Reciclar agrega valor. O plástico por exem- pedaços em vasos de plantas.
plo, usado em larga escala no nosso cotidia- A Natureza está à nossa disposição para que
no, tornou-se alvo de muita preocupação para saibamos utilizá-la de forma coerente para evitar
ambientalistas, uma vez que se descartado no os impactos negativos ao nosso planeta. p
meio ambiente demora centenas de anos2 para
se decompor totalmente, poluindo o ecossis- Referência Bibliográficas
tema. Então, por que não reaproveitá-lo? Foi 1 https://noticias.ne10.uol.com.br/jc-transito/
pensando em evitar esses impactos negativos, noticia/2016/07/21/campanha-metro-sem-lixo-completa-um-
como poluir rios e oceanos, que agiu a empresa mes-com-43-toneladas-recolhidas-627396.php
2 https://m.tvjornal.ne10.uol.com.br/noticia/
MacRebur, criada pelos britânicos Toby, Nick
ultimas/2018/11/30/campanha-metro-sem-lixo-promove-
e Gordon, a usarem resíduos plásticos, em acoes-de-conscientizacao-no-recife-51152.php
3
substituição ao petróleo, para fazer um novo http://www.setorreciclagem.com.br/3rs/qual-o-tempo-
de-decomposicao-dos-materiais/
tipo de asfalto. O material ganhou os nomes 4 https://www.hypeness.com.br/2018/10/macrebur-empresa-
de MR6, MR8 e MR10 e os compostos, reti- que-constroi-estradas-com-plastico-retirado-dos-oceanos/
5
rados dos oceanos, são misturados a plantas https://www.hypeness.com.br/2018/10/macrebur-empresa-
que-constroi-estradas-com-plastico-retirado-dos-
junto com betume. Segundo estudos para esta 6 https://ciclovivo.com.br/inovacao/negocios/
inovação, a tecnologia garante estradas 60% supermercado-tailandia-plastico-folha-de-bananeira/

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ESPECIAL II

Polêmicas e diatribes:
como lidar?

Larissa Chaves respeitado codificador, o bom senso encarnado1,


e me perguntava sobre como procederia Allan

Q uando conheci a Doutrina Espírita, aos


14 anos, fiquei muito encantada com os
companheiros da casa espírita que fre-
quentava na época. Todas as pessoas me pare-
ciam muito simpáticas, bondosas, amigas. Era
Kardec em tal ou qual circunstância. Respon-
deria certas críticas a fim de defender os prin-
cípios doutrinários? Optaria pelo amor ou pela
razão? Muitas e muitas vezes pedi orientações
em pensamento ao mestre lionês, porque nem
como se já estivesse experimentando a convivên- sempre a opção correta nos parece tão óbvia. E
cia num mundo de regeneração. Ocorre que o como Jesus nos orientou “pedi e obtereis” (Mt.,
tempo foi passando e, aos poucos, fui perceben- 7:7 e 8), as respostas foram chegando durante os
do que, assim como eu, todos aqueles trabalha- estudos da Revista Espírita de Allan Kardec, de
dores espíritas ainda possuíam muitas arestas a forma clara e contundente.
lapidar na própria personalidade, muitas poten- Na Revista Espírita de novembro de 1858,
cialidades a desenvolver. Não havia ali nenhum com o título “Polêmica Espírita”, Kardec inicia
ser iluminado, como eu também longe estava (e nos seguintes termos:
estou) dessa iluminação. Havia sim muito esfor-
ço por contribuir, aprender, avançar, como tam- “Várias vezes já nos perguntaram por que não
bém desentendimentos tipicamente humanos, respondemos, em nosso jornal, aos ataques
como verificamos nos diferentes grupos sociais. de certas folhas, dirigidos contra o Espiritis-
Nas situações de conflito e desentendimentos mo em geral, contra seus partidários e, por
com as quais passei a travar contato ao longo des-
ses anos de caminhada, no movimento espírita; 1 Referência feita por Camille Flammarion durante seu
sempre me vinha à cabeça a imagem do nosso discurso de despedida no sepultamento de Allan Kardec.

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CELD

vezes, contra nós. Acreditamos que o silêncio, veremos com sincera alegria. O que queremos,
em certos casos, é a melhor resposta.” antes de tudo, é o triunfo da verdade, venha
de onde vier, pois não temos a pretensão de
Dirá ainda que, diante de qualquer polêmi- ver sozinho a luz; se disso deve resultar alguma
ca que pudesse degenerar em personalismo, sua glória, o campo a todos está aberto e estende-
norma seria o silêncio. Especialmente por desejar remos a mão a quantos nesta rude caminhada
empregar o próprio tempo, como o dos leitores da nos seguirem com lealdade, abnegação e sem
revista, em temas mais úteis. Alguns parágrafos segundas intenções particulares.”
depois, o codificador aponta uma distinção entre
dois tipos de polêmica: o primeiro tipo seriam Ah, de quantas discussões pueris e melindres
esses ataques gerais e o segundo, do qual jamais poderíamos nos precaver se bem conhecêsse-
recuaria, seriam os debates sérios dos princípios mos e aplicássemos as orientações desse nobre
espíritas. educador! Quanto mais silêncio faríamos e
Em outro artigo sobre o mesmo tema, dessa quão mais ponderadas seriam nossas palavras.
vez na Revista Espírita de março 1859, Allan Kar- Mais tempo e energia dedicaríamos aos servi-
dec posiciona-se em relação a certas críticas mor- ços verdadeiramente importantes a serviço do
dazes dirigidas ao Espiritismo, à Sociedade Pari- nosso próprio aperfeiçoamento, do próximo e
siense de Estudos Espíritas e a ele pessoalmente. da divulgação espírita. Nesse dia, nosso traba-
lho será pelo triunfo da verdade e veremos Allan
“Que outros tragam mais pedras que nós; que Kardec ao nosso lado, de mãos estendidas, com
outros trabalhem tanto e melhor que nós e os sincera alegria. p

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SELMA TRIGO

A Educação pela
Liberdade
Nós pais estamos preparados?

Selma Trigo que possa parecer, tem uma razão lógica de exis-
tir ou acontecer.

Q uando Dr. Hermann, um dos dirigentes


espirituais do CELD, disse que: “Para
educar é preciso educar-se!” isso quer
dizer que ninguém pode oferecer o que não sabe
fazer. E que primeiro as mudanças educacionais
Quando se fala em educação de filhos, está
aí inserida a missão de auxiliar o despertar das
qualidades superiores (as potências da alma),
colaborar com esse espírito, na condição de
filho, para que ele encontre campo propício para
iniciam em nós mesmos. seu crescimento e evolução.
Bem, pautada nessa afirmativa de Dr. Her- Como a maioria de nós, pais, não buscamos o
mann e fazendo um paralelo com os pais no pro- autoconhecimento e nem nos preparamos para
cesso educativo, surge a seguinte reflexão: “Nós missão de educar, vamos muitas das vezes agin-
pais estamos preparados para educar? O que nos do pelo instinto, grau relativo de conhecimento
falta? Por que falta?” e por bases educacionais que tivemos.
Alguns poderão pensar: “Todos nós somos Léon Denis no livro “O Problema do Ser e do
espíritos imperfeitos, independente da posição Destino”, Faz a seguinte colocação:” Aqueles que
que possamos ocupar, no contexto reencarnató- têm como incumbência a alta missão de esclare-
rio. Sim, com certeza somos imperfeitos. Mas o cer e guiar a alma humana ignora-lhe a natureza
que estamos fazendo para modificarmos o que e o verdadeiro destino”.
não é bom em nós? E se fomos direcionados para Imagina! Se esses pais não se conhecem. Não
a missão de sermos pais, com certeza tem uma identificaram suas questões íntimas e têm medo
razão de ser e não estamos tão despreparados de estar em contato com suas sombras, conse-
assim, senão, Deus não permitiria tal experiência. quentemente levarão seus processos educativos
Claro que se a questão está baseada em ajustes embasados nas suas crenças fragilizadas.
reencarnatórios entre espíritos, a complexidade Vejamos um exemplo bem simples: Uma
é bem maior, mas não impossível, pois nada é jovem mãe caminhava com sua filha no colo.
impossível para Deus. Tudo por mais complexo Essa criança tinha quatro anos. Essa mãe estava

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CELD

com um grupo de amigos passeando numa cida- as formas de várias existências. Muitos desses
de turística. Ao término do passeio, já na hora do registros, de complexidas significativas que nós
almoço, alguém perguntou a ela: Amiga, como na missão de educar precisamos ter olhos de ver
você aguentou carregar esse tempo todo sua filha para melhor contribuir.
no colo? Por que não a incentivou a andar um Somos educadores de espíritos. E não “donos”
pouquinho, senão ela vai criar uma dependên- desses espíritos. Aí a grande diferença.
cia muito grande com você. E a jovem mãe res- Precisamos ensinar nossos filhos a “voar” em
pondeu: Eu gosto dessa dependência de minha liberdade no campo da intelectualidade, mora-
filha comigo. Já estou imaginando ela indo para lidade, emoções e na espiritualidade. Uma edu-
a escola e eu ficar sem ela por um período. Ou cação Integral, onde o somatório desses valores
ela entrar na escola sem se importatr comigo. formam um ser livre em si mesmo.
Observa-se aí que a questão afetiva é da mãe. A tão conhecida autonomia, onde poderão
Algo não bem resolvido dentro dela. Que a filha viver por si mesmos confiantes em suas capaci-
é para ela um presentinho que ganhou e que não dades de realizações e superações. Por isso, nós
quer largar por carências no campo afetivo. Essa pais, precisamos estar atentos nas sutilezas de
criança tende a ser um adulto extremamente nossas ações, buscando ser honestos conosco
dependente, inseguro, sem decisões próprias e mesmos, na busca da renovação interior.
sem iniciativas para construir sua própria vida. Romper paradigmas educacionais de velhos
Por questões emocionais mal resolvidas conceitos que vivenciamos e buscar maior
de alguns pais, pode se criar dependência por leveza.
excesso de atenção cerceando as potencialida- Entre os nossos filhos estarem distantes pelas
des da criança como que cortando as asas da questões naturais que permeiam a vida de adul-
liberdade, não a permitindo aprender a voar. to ou estarem mais próximos por dependência
Ou pelo excesso de agressividade e até violência, emocional, espiritual ou material, melhor é que
produzindo o sentimento de medo. Sem falar sigam suas trajetórias como espíritos imortais
das várias questões psicológicas que surgirão na e nós, onde estivermos possamos conscientes
medida do tempo. e tranquilamente dizer para nós mesmos:” fiz
No livro Sentimento a Força do Espírito, de a minha parte da melhor forma possível, cum-
Alzira Bessa e Luciano Sivieri, eles dizem que o prindo a missão de educador, confiada por Deus
espírito experimenta muitas situações que lhe a mim. p
permitem diferenciar os momentos de prazer e
Referência Bibliográficas
alegria dos momentos de dor e desconforto. Essas
experiências somadas, agregam-se ao contexto Kardec, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo: CELD, 5.ed. Rio
de Janeiro, 2010.
energético perispiritual e se fixam na memória. Alves, Walter Oliveira, Educação do Espírito — Introdução à
Mais tarde esses conteúdos servirão de pontos Pedagogia Espírita. Araras, SP, 13ª edição, IDE, 2007.
essenciais para a formação da personalidade. Amui, Alzira Bessa França — Luciano Sivieri varanda,
Sentimento: a força do Espírito — Sacramento — MG: Editora
Precisamos assim, como educadores, com- Grupo Espírita Esperança e caridade,2004.
preender que nossos filhos são seres absolutos Franco, Divado, Em Busca da Iuminação Interior,1.ed./ Joanna
de Ângelis (psicografado por) Divaldo Pereira Franco,
e inteligentes. Que trazem nas suas estruras
comentários por Cláudio Sinoti e Iris Sinoti, salvador:LEAL,
perispirituais, registros de experiências de todas 2017.

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ENTREVISTA

Entrevista com
Brunilde Mendes do
Espírito Santo (2 parte) a

Os Editores então, eu estava passeando com meu genro, por-


que minha filha falou para eu ir com o Joaquim
REE – A materialização se deu por meio do ver o parque, já que era tão bonito e tinha tanta
Chico, ele que era o médium? flor. Eu fui com ele, quando chegou no meio do
Brunilde: Sim, ele era o médium. Duas vezes caminho comecei a sentir o perfume da Sheila,
eu a vi materializada, uma foi dessa vez e a outra aquele perfume de rosas. Aí como ele não sabia
eu estava com processo de coronárias e ela me nada de Espiritismo, eu disse assim: “Joaquim,
operou, eu estava passando mal, tinha muito escuta aqui uma coisa, você tá sentindo esse per-
enjoo e me operou duas vezes, materializada por fume?” Ele disse: “São as rosas rugosas”. — Essa
ele. E uma dessas vezes ela pegou dois lencinhos rosa muito especial se encontra na ilha de Sylt na
encheu do perfume dela e me deu, tenho os dois Alemanha, eles têm a plantação dessas rosas. Os
lencinhos até hoje. (Ainda tem perfume?) Não franceses quando querem fazer perfumes com
tem perfume, isso tem mais de cinquenta anos, esse tipo de aroma vão na Sylt e colhem essas
meu filho (risos). Foi muito interessante pelo rosas, tirando o óleo que a rosa produz. Conti-
seguinte, porque eu tenho uma filha que era nuando eu disse: “Ah, tá bom, então agora eu já
casada com um engenheiro alemão e ela viveu sei de onde é que a Sheila traz — da Alemanha
na Alemanha por 35 anos, todo ano ou de dois — o perfume dela”. Agora escuta o que é que
em dois anos eu a visitava, uma vez aconteceu aconteceu uma vez: o meu filho mais novo nas-
o seguinte: perto da casa dela tinha um parque ceu com catarata congênita, então me deu muito
muito bonito com uma história interessante trabalho, um dia fui no Chico e ele disse: “Minha
sobre a guerra, e esse parque ficou conservado; filha faz o seguinte: a Sheila vai purificar uma

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água, você vai dar essa água durante o mês” — REE – Dona Brunilde, em suas memórias tem
naquela época era o Arigó que fazia operações sempre essas visitas a Chico, a materializa-
— “e depois você dá uma chegada lá no Arigó”. O ção com Sheila, lá na Cabana de Antonio de
Guto tinha cinco anos, nessa época, aí ele disse Aquino, com Altivo e Yvonne Pereira. Mas
assim para um rapaz: “Vai ali no café e apanha parece que hoje em dia essas histórias estão tão
uma garrafa”. O rapaz trouxe uma garrafa de dois distantes, não é? Como se esses médiuns fizes-
litros, aí a Sheila veio e purificou a água. Quan- sem parte até de um outro mundo. O que está
do cheguei no Rio tinha que dar o mês inteiro acontecendo, não existem mais médiuns desse
aquela água para o meu filho, mas quando fui tipo de comprometimento com a Doutrina Es-
colocar a água percebi que tinha uma mancha pírita ou nós não sabemos onde eles estão ou
marrom amarelado, como se fosse mancha de essa fase não é preciso mais ou está terminando
óleo português, aquela mancha tipo amarelada, esse intercâmbio com o mundo espiritual? O
já para o marrom. Eu pensei assim: “Meu Deus que está faltando para que isso continue, essa
do céu, o rapaz trouxe a garrafa suja”. Aí você amizade, esse estreitamento de relacionamento
se pergunta, “será que essa mancha é de óleo?” do médium com os espíritos e com os espíritas?
Coloquei o dedo e depois a colher para mexer Brunilde: Entendo que em todo ciclo evolu-
e experimentei, era um perfume, era o mesmo tivo existe os seus períodos, e os espíritos que
perfume de rosa que a Sheila colocou quando o estavam encarnados, naquele momento, vieram
meu genro me contou a história. Aí eu disse: “Ah com o propósito de trazer alguma coisa diferen-
bom, então justamente naquele era a essência da te para Humanidade. Depois que acontece isso,
rosa que ela inseriu ali”. chega a hora do teste: quem é que aprendeu,

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quem é que conseguiu utilizar esse aprendiza- ria, por isso que Kardec foi muito enfático e dis-
do? Então, acredito que assim como Allan Kar- se: “Espíritas, amai-vos e instruí-vos”. Quer dizer,
dec veio, depois veio Denis, Gabriel Delanne e a gente tem que se amar e tem que se instruir,
outros vieram para dar continuidade à Doutrina, porque, às vezes, a pessoa até mesmo por amor à
porém, não com aquele vigor de Kardec, porque tarefa mediúnica faz bobagem, estão entenden-
esse vigor era inerente ao Espírito de Kardec. Por do? Eu assisti a um trabalho do Chico que nunca
isso, está ocorrendo esse tipo de situação. Nós mais esqueci e que me serviu para a vida toda.
recebemos essa graça de termos participado, por Nós estávamos almoçando na casa dele quando
exemplo, da mediunidade de Yvonne — eu par- começaram a bater no portão, aí a empregada foi
ticipei do trabalho com ela no Tupyara. Um dia lá ver quem era dizendo para o Chico que tinha
ao chegar na casa da Yvonne, ela me informou uma moça desesperada querendo falar com ele,
que o Dr. Bezerra de Menezes mandou que ela o Chico deixou lá o pratinho dele e foi atender à
fosse trabalhar no Tupyara, que era um Cen- moça; ficou lá uma meia-hora conversando com
tro de Umbanda, a fim de levar a Codificação ela, depois ele voltou e disse que era uma senho-
de Kardec até eles, e me perguntou se eu queria ra que perdeu o filho num desastre de motoci-
ajudar, fazendo palestras para aquelas médiuns, cleta, ele estava na estrada e perdeu a direção,
todas vestidas de branco, com saias e blusas lar- rolando na ribanceira. Chico, então, pediu que
gas como se usa na Umbanda. Tinha uma moci- ela mais tarde fosse na Casa da Prece para ver
nha de 20 anos, mais ou menos, que sentava no se viria alguma notícia da Espiritualidade. À
meio daquela roda, a fim de ler uma página de noite fomos para o grupo da prece, ao chegar-
André Luiz, ou do Evangelho, ou de Emmanuel. mos no grupo Chico recebeu várias mensagens,
Depois fazíamos a palestra para as médiuns. No veja que coisa incrível: recebemos uma mensa-
Tupyara esse grupo de agora não sabe nada dis- gem para um casal que ainda estava a caminho,
so, porque é um grupo mais novo, nem eu vou mas como eles não tinham chegado deixamos
chegar lá para contar. Naquela época, tínhamos para o final, mas a mensagem que esperáva-
o Chico, a Yvonne, o Divaldo, começando o mos do rapaz que desencarnou no desastre de
seu trabalho mediúnico, tanto que em 1961 ele motocicleta não chegou e no final da reunião a
sofreu muito com a perseguição que fizeram senhora foi embora. Todo mundo foi embora e
com ele, tinha também o Waldo Vieira, vieram comecei a me arrumar para voltar com o Chi-
esses quatro médiuns, Waldo, nessa época, tinha co para casa, comentando com ele que estava
a mesma mediunidade de Chico — ele psicogra- com tanta pena daquela senhora; ela estava tão
fava André Luiz. Esses quatro médiuns eram os ansiosa para ouvir alguma coisa do filho. Chico
pilares da Doutrina, e acho que eles vieram com então me disse que o rapaz estava ali, o espírito
a tarefa, um teste, de ser fiel à Codificação de dele estava ajoelhado diante dela, pedindo per-
Kardec, porque este é o teste de todo médium. dão por estar fazendo ela sofrer tanto, porque
Porque nós não podemos dentro da nossa tarefa não foi desastre, foi suicídio, mas ele não podia
mediúnica nos afastar jamais de Kardec, não é dizer isso a ela, que a verdade, às vezes, tem que
isso? Nós temos que estar muito atentos a tudo, ser dada apenas para quem pode compreen-
muito vigilantes para não fazermos coisas que der, ela não tinha condições de compreender e
não estão na Doutrina, na orientação doutriná- pediu para que ela frequentasse — essa senho-

16 Revista CELD de Estudos Espíritas

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CELD

ra era de Campo Grande, lá em Mato Grosso do dona a Doutrina, entende? Então, a gente tem que
Sul — um Centro Espírita em Mato Grosso do ir com aquela certeza. Por isso perguntei se ele
Sul, encaminhando-a para lá, pedindo que ela tinha alguma namorada: “Tinha sim, Rosema-
retornasse daqui a seis meses, porque quem sabe ry, tão boazinha dona Brunilde”, disse ela. E só
ele não daria alguma mensagem. Isso me serviu aí entreguei a carta, essa situação me serviu para
para o resto da vida e uma vez estava atendendo o resto da vida. Em outra situação, chegando na
e uma moça veio falar comigo: “Dona Brunilde, casa de duas irmãs, muito minhas amigas, uma
olha perdi meu filho, Jair, e não me conformo. A delas me indagou: “Pois é, dona Brunilde, eu pedi
senhora quer receber uma mensagem dele?” Eu para senhora vir aqui, porque eu estou com meu”.
disse: “Minha filha, como Chico diz, a chamada Começou a me contar as coisas que elas estavam
é de lá para cá, não posso prometer a você que fazendo etc. Disse que ela já conhecia a Doutrina
vou receber, porque quando houver a possibili- e quando as meninas falassem algo era só tomar
dade ele vai trazer a mensagem para você, mas um pouco d’água, mas não engolir, deixando a
não vou poder fazer. A gente vai orar por ele, água na boca, como dizia o Chico, não responde,
coloca o nomezinho dele lá na oração e vamos diz que está bem, peça que Deus te abençoe e te
socorrê-lo assim, mas ele deve estar bem”. Bom, esclareça, não responde nada para você manter a
passou seis meses em cima disso, toda vez que paz, perguntei se era isso que ela queria falar e já
ela me via perguntava se eu tinha recebido algo estava me despedindo, porque estava na hora de
sobre o filho, mas não tinha recebido nada. Um ir para o meu emprego, aí ela disse: “Ah não, dona
dia, estava no Núcleo Emmanuel, me preparando Brunilde, a senhora vai receber uma carta da
para psicografar, ouço um espírito dizer assim: mamãe, porque eu quero que minha mãe venha
“Eu estou aqui”. Eu perguntei: “Eu quem?” E ele dizer que a senhora tem razão”. Aí, olhei para
respondeu: “Jair, eu quero escrever uma cartinha sala e a mesa estava forrada com uma toalhinha
para minha mãe”. Escrevi, aí no fim da carta ele branca, lápis e papel, nesse momento, eu disse:
dizia que estava com muita saudade dela, mas “Ah, meu amor, receber uma carta da sua mãe?
que estava bem; foi uma mensagem bem conso- Se você achou eu que receberia alguma coisa
ladora. No final ele disse: “Diga a Rosemary que hoje na sua casa, tudo bem receber a carta da sua
eu agradeço a ela os momentos felizes que me mãe, mas não assim, não minha filha, não vou
proporcionou”. Quando ela chegou aqui eu disse receber” e fui para o meu trabalho. Dizia Yvonne:
assim: “É minha filha, vamos continuar orando “Eu fico tão triste quando as pessoas dizem ‘não,
por ele. Escuta uma coisa, ele não tinha nenhuma eu vou pedir ao espírito, vou pedir o espírito tal
namorada não, minha filha, que pudesse estar para fazer isso assim’”. Esse pessoal pensa que os
agora com você, consolando?” No que ela res- espíritos são nossos empregados, mas o espírito
pondeu: “Ah, tinha sim, dona Brunilde, a Rose- tem hora de trabalho, tem hora de estar na esco-
mary”. Ótimo, agora eu podia dar a carta, porque la estudando, como é que a gente vai chamá-los,
se eu dissesse a ela que estava dando uma carta eles podem estar até no plano espiritual superior
sem antes comprovar alguns detalhes, ela podia ou podem estar no umbral, como é que você vai
dizer que forjei essa carta, já que qualquer pessoa receber, entendeu? A gente tem que lembrar que
poderia escrever uma carta dessas para a mãe, a mediunidade é um teste permanente.
não é? E nisso a pessoa perde a fé, a pessoa aban- Continua. p

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18 Revista CELD de Estudos Espíritas

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CAPA

Doenças da alma
segundo Joanna
de Ângelis
Quando viver dói...

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Bianca Cirilo de encarnado; ser este regido pela consciência.
O indivíduo humano é um agrupamento de ener-

A o longo das diferentes encarnações, o


espírito aprende a ciência da autodesco-
berta em contato com diferentes cultu-
ras e civilizações, angariando valores que podem
aproximá-lo ou distanciá-lo das Leis Divinas,
gias em diferentes níveis de vibração.

Doença como afastamento das Leis


de Deus

conforme suas preferências; preferências estas A regência da consciência funciona como


que, com o hábito da repetição, viram hábitos, uma bússola infalível que nos leva na direção de
logo, tendências. Tendências são expressões de nossa individualidade divina, pois, na medida
nossas inúmeras predisposições, são reflexos de em que compreendemos a finalidade de nossa
inclinações fortes que definem o teor vibracio- existência e as leis que regem nossa caminhada
nal em que toda alma estagia. evolutiva, conseguiremos mudar nosso padrão
Predisposições são, muitas vezes, o retrato vibratório desfavorável ao nosso bem-estar e
de preferências inconvenientes ao nosso suces- direcionarmos, através do pensamento, nosso
so espiritual de vencer a nós mesmos, adiando empenho de subida e alcance de saúde integral,
a felicidade da consciência tranquila que tanto paulatinamente.
almejamos, no entanto, vivemos como órfãos de
um Deus vivo, prodigalizando nossa existência
como se não fôssemos merecedores deste reino
divino que habita em todos nós.
Para aprofundarmos nosso estudo em tor-
no destas tendências e disposições nocivas que
ainda nos adoecem a alma, traçaremos, nos sus-
tentaremos e nos conduziremos, principalmen-
te, pela lucidez e superioridade do raciocínio de
nossa querida Joanna de Ângelis que, com sua
sensibilidade para os assuntos que envolvem o
Espiritismo e a ciência psicológica, traça as bases
seguras para reforço de nosso autodescobrimen-
to e superação de dores abrigadas há milênios Nossa vibração, portanto, reflete o quanto
em nós, geradoras de graves doenças em nossas estamos agindo conforme as leis morais que nos
almas. regem, e nosso adoecimento denuncia o quanto,
Considerando o exposto acima, partimos da ainda, é difícil nos amar a tal ponto de buscar a
ideia-base do conceito de homem como um ser saúde plena, estabelecida pelas Leis Divinas; leis
trino, formado por espírito, matéria e perispírito. estas criadas para nossa real e definitiva felicida-
Joanna parte da ideia de espírito, segundo a ter- de. A desobediência aos ditames do amor-con-
ceira revelação, abordando, pois, o homem como vite, prescrito em todas as leis morais, produz
ser emocional cujo corpo e mente funcionam o sofrimento inevitável aliado à doença que o
em interação incessante, durante a experiência reflete, exigindo o reajuste necessário, produtor

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de paz e trégua frente à rebeldia que acompanha no espírito um dos piores sentimentos que ser-
a insanidade, toda vez que adoecemos, exata- virá de base nociva ao estímulo de tantas outras
mente por insistirmos em viver aquém do que o patologias. Com isso, compreendemos que nos-
amor divino nos oferece. sa estrutura essencial é delicada e sensível aos
Infelizmente, na maioria das vezes, o homem abalos que sofremos, conforme as experiências
ainda vive distanciado da conscientização de si reencarnatórias diversas. Essa sensibilidade
mesmo, de sua real identidade; muito menos pode, infelizmente, sob o efeito de traumas sig-
costuma parar para refletir sobre a sua vibração nificativos que atingem o sistema de valores do
e as implicações energéticas deste fator em sua espírito, adoecer transformando-se, tempora-
vida. Mergulhado numa atmosfera social de pre- riamente, em frieza, apatia e até violência. Isso
dominância das preocupações materiais e passa- significa que não fomos criados para viver sob a
geiras, como nos diz Joanna (1990) prioriza-se o guerra, o pavor e a desesperança; aspectos alta-
estado de homem-aparência em detrimento do mente corrosivos da alma, pois, atingem nossos
chamado homem-essência, afastado, portanto, centros de força perispiritual, gerando desequi-
do sentido real da vida que é o progresso espi- líbrios de difícil superação que poderão resvalar
ritual. A autora espiritual nos convida a pen- em doenças físicas.
sar que as doenças da alma estão relacionadas
a vários fatores de perturbação, muitos deles,
diretamente ligados às guerras e seus desdobra-
mentos, trazendo a incitação do medo, do cinis-
mo, do uso de drogas, da intolerância entre os
homens, da propagação do nada após a morte,
do materialismo, etc. Tudo isso produz uma psi-
cosfera de temor asfixiante, segundo ela, criando
um cenário de tamanha perplexidade frente a
tanto desamor que o surgimento de novas doen-
ças denuncia a indesejável desumanização do
homem pós-moderno. Deus nos criou como seres morais e emo-
Certamente, que a repetição de atos e com- cionais, isso quer dizer que nossas emoções
portamentos não condizentes com a propos- são a fonte principal para compreendermos as
ta de cooperação mútua, desenvolvimento da dores que nos assaltam e, uma vez não resolvi-
confiança social, apoio fraterno e tantas outras das, transformam-se em doenças da alma como
expectativas de colaboração e respeito entre os depressão, pânico, ansiedade, fobias sociais, vio-
homens, gradativa e continuamente, vai lesio- lência, agravados pelos problemas econômicos e
nando nossa aliança com o que nos faz bem, pelo abandono social.
abalando nossa fé, se não aprendermos a olhar,
de acordo com os desígnios do Criador. “As doenças, portanto, resultam do uso
A perda da fé é um sintoma grave de adoe- inadequado das energias, da inconsciên-
cimento da alma, porque desligando o homem cia do ser em relação à vida e à sua fina-
da paternidade que o define, instala-se, assim, lidade. À medida que evolui, descobre as

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possibilidades imensas que tem ao alcance imortais, e nosso corpo. A harmonia entre as for-
através da vontade bem direcionada.” ças físicas e as espirituais foi estudado por Joanna
de Ângelis em diferentes obras. Em sua obra inti-
Analisemos a relevância da citação acima! tulada Autodescobrimento, ela nos traz sua con-
A incompreensão do sentido de nossa vida, ou tribuição, analisando a interação espírito-maté-
seja, a dificuldade de direcionarmos nossa von- ria e seus efeitos no campo de compreensão das
tade para os recursos divinos que o Criador nos diversas doenças. Ela nos afirma que a repetição
disponibilizou nos faz perder a rota da existên- de altas descargas provocadas por emoções fortes
cia e focar naquilo que não nos favorece como como medo, cólera, agressividade, ciúme estão
espíritos. Adoecer, segundo o pensamento de diretamente relacionadas ao aumento da taxa de
Joanna, representa estar inconsciente frente ao açúcar no sangue, contração muscular, capacida-
que somos e o que estamos fazendo aqui, man- de de coagulação mais ou menos rápida, bombar-
tendo-nos como numa espécie de alienação de deando, assim, nosso corpo de tal maneira que
si mesmo. Além disso, ela está afirmando que surgem as doenças correlatas como hipertensão,
para não desenvolvermos enfermidades é preci- diabetes, artrite, etc., comprometendo a harmo-
so aprender a lidar com nossa carga energética, nia que deve haver entre estas duas esferas: física
nem inibindo nocivamente impulsos que são e mental. A não disciplina destes impulsos res-
fundamentais ao nosso crescimento, nem extra- ponde pelos tristes quadros depressivos e ansio-
vasando os mesmos de forma violenta ou desfa- sos, segundo ela.
vorável à nossa saúde integral. Esta contribuição é totalmente condizente
com as revelações trazidas em O Livro dos Espí-
Mente sã, corpo são! ritos, no item sobre a influência do organismo,
visto que a atividade do espírito, segundo a
revelação trazida, afeta diretamente o funciona-
mento dos órgãos. Os órgãos não dão origem às
nossas faculdades e aptidões, ao contrário, eles
sofrem a influência de nossa vida emocional e de
nossos sentimentos, que, uma vez em desalinho,
sobrecarregam nosso organismo.
No campo dos desequilíbrios mentais que
se nos apresentam como fator de adoecimento,
citamos as contribuições valiosas de Joanna, ao
relacionar a doença com os aspectos da obses-
são espiritual. Ela se utiliza do termo distonias
e afecções psíquicas, para referir-se aos transto-
nos físicos e mentais que passamos cuja origem
está na influência nociva de inteligências desen-
Outro aspecto fundamental para compreen- carnadas. Agravamentos no campo das relações
dermos a problemática de nosso adoecimento menos felizes de outrora trazem cenários dolo-
espiritual refere-se à interação entre nós, espíritos rosos que vão desde a neurose simples, como

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“ O espírito adoece quando
não consegue lidar com a neces-
sidade de enfrentar os proble-
mas resultantes dos efeitos de
suas próprias ações e desenvol-
ve, assim, vários comportamen-


tos perturbadores.

ela nos diz, até os quadros terríveis das diver- resultantes dos efeitos de suas próprias ações
sas anomalias, tais como: idiotia, esquizofrenia, e desenvolve, assim, vários comportamentos
microcefalia, etc. perturbadores. Na verdade, Joanna esclarece
que existem personalidades que possuem mais
“Cada enfermidade mental tem sua etiopa- dificuldade de lidar com a realidade dos fatos,
togenia específica sediada nas intrincadas com as questões mais exaustivas da existência e
tecelagens do perispírito do paciente, como com os desafios da interação social. Trata-se de
resultado do comportamento que se permi- um mecanismo de fuga, quando não aceitamos
tiu de maneira equivocada.” determinadas coisas como elas são, daí desen-
volvemos depressão, fobias ou qualquer outra
Os equívocos a que nos permitimos, con- problemática por não aceitar o mecanismo das
forme a citação acima. respondem, por sua vez, Leis Divinas. Preferimos, diante da contrarieda-
por sérios conflitos no campo da emoção, pela de, afastarmo-nos da vida, de maneira até mes-
dificuldade de sentir e lidar com os problemas mo inconsciente, transferindo responsabilidade,
que nos acometem, gerando e estendendo nos- nos revoltando e culpando o outro pelas nossas
sos desequilíbrios. Em sua obra Conflitos Emo- dores, segundo ela.
cionais, Joanna analisa, com maestria, a proble- Como efeito destes conflitos, surge, frequente-
mática das chamadas fugas psicológicas e como mente, a indiferença que, segundo Joanna, repre-
elas refletem fatores de adoecimento da alma. senta a dificuldade de aceitar o próprio insucesso.
O espírito adoece quando não consegue lidar Nossa inconsciência de si gera todo esse qua-
com a necessidade de enfrentar os problemas dro, onde vamos, desavisadamente, delegando

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ao mundo exterior e ao nosso próximo o com- Em sua obra Jesus e o Evangelho, Joanna nos
promisso de nos fazerem felizes, assim como a alerta sobre a superação do que ela chama de
culpa de nossos dissabores. O desdobramento sombra coletiva. O que seria isso? O terror ins-
disso é a lamentável falta de empatia e o indivi- tituído pelos desvarios e a ignorância medievais
dualismo como expressões muito comuns, nos funcionaram como meios de separar o mundo
dias atuais, e como fatores originadores de sérias e o Reino de Deus no sentido de demonizar o
doenças. mundo. Obviamente, os estímulos propostos
Diante de todo esse panorama, nossas dores pelo mundo devem ser analisados e o espíri-
têm cura? Alguns diriam que não, os mais céti- to deve discernir frente aos pelos que poderão
cos, os sem esperança ou os cansados de tanto comprometê-lo negativamente. A separação
sofrer que se encontram abalados em sua fé. a que Joanna se refere a um ato nocivo que fez
Vejamos, porém, o que nossa querida Joanna nos com o que o espírito visse o mundo apenas como
traz como recurso para que saiamos da doença um vale de sofrimento e lágrimas e o reino como
e alcancemos a paz com a nossa própria consci- algo quase inalcançável, apenas aos eleitos. Essa
ência e consequentemente com Deus e suas Leis. realidade, segundo ela, representaria a própria
morte do amor como solução única e infalível
Profilaxia: como evitar a dor de viver para todas as doenças e dores correspondentes,
e a busca da superação da doença instituindo uma espécie de masoquismo diante
deste mundo inevitavelmente cruel e desditoso.
Apesar de todo desconforto que a doença A morte do amor seria a morte do sentido
provoca, sustentada pelos conflitos existen- da vida em movimento. Joanna nos traz obras
ciais não resolvidos, prolongando a dor duran- valiosíssimas para aprendermos a desenvolver o
te a existência, sabemos, através da obra deste amor que Jesus já afirmara habitar em nós. Uma
Espírito em destaque, que toda doença funcio- delas seria o livro Amor, Imbatível Amor, onde
na como um meio de expurgar os excessos e, nossa orientadora espiritual nos diz que o amor
assim, resolver os descaminhos traçados entre é fluxo que aumenta na medida em que nós o
nós e nosso Pai Celestial. Joanna nos diz que as multiplicamos, ou seja, quanto mais amamos
doenças são como processos de purificação que mais o amor aumenta. Portanto, a força do amor
têm uma função clara de sublimação de nossas está na capacidade de doá-lo. Ela se refere a esse
energias, no sentido de, através delas, conseguir- sentimento maior como o ar que nos é indis-
mos superar nossas tendências mais grosseiras. pensável ao equilíbrio físico e mental, como se
Poderíamos dizer que adoecer é uma tentativa fosse o oxigênio que sem o qual morreríamos.
de aprender a se ajustar às Leis amorosas Divi- O amor é imperecível, não se enfraquece e, ain-
nas, buscando “fazer as pazes com Deus”. Trata- da, de acordo com Joanna, ele sempre vence a
-se, segundo ela, do que o Espiritismo nos diz adversidade e as vicissitudes da vida do espírito.
sobre a necessidade de renascimento para reno- Aprender a ver no amor a solução para todas
vação, mediante o autodescobrimento que nos as nossas doenças e seus correlatos representa
faz mais capazes de nos tornarmos senhores de desenvolver um estado permanente de felicida-
nós mesmos, logo, mais conscientes de nossas de, compreendendo as Leis Divinas e seus pro-
dificuldades e potencialidades. pósitos de ascensão de nossa alma. Joanna nos

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CELD

A bondade,
a caridade
são antídotos
imprescindíveis à
nossa cura.

diz que saúde é quando nos permitimos desen- incessante e transformação moral na direção da
volver a paz dentro de nós, mediante a escolha Luz Divina. Curar-se representa sair da ilusão
de cultivar o equilíbrio consciente. A busca do de valorizar demais a transitoriedade e reforçar
amor legitima nossa experiência espiritual, por- nossa real condição de filhos de Deus. p
que estamos, aqui, para muito nos amarmos e
Referências Bibliográficas
amar nosso próximo igualmente. Precisamos,
segundo ela, estimular as fibras do amor dentro FRANCO, D. P. Após a Tempestade. Pelo Espírito de Joanna de
Ângelis. Salvador: Leal, 1985.
de nós a ponto de senti-lo em nosso corpo, não FRANCO, D.P. O Homem Integral. Pelo Espírito de Joanna de
somente em nossa mente, pois, este movimento Ângelis. Salvador: Leal, 1990.
é o que nos trará a saúde e paz genuínas. A bon- FRANCO, D.P. Autodescobrimento. Pelo Espírito de Joanna de
Ângelis. Salvador: Leal, 1998.
dade, a caridade são antídotos imprescindíveis FRANCO, D.P. Leis Morais da Vida. Pelo Espírito de Joanna de
à nossa cura. Elas começam conosco diante do Ângelis. Salvador: Leal, 1999.
FRANCO, D.P. O Reino. Jesus e o Evangelho, à Luz da Psicologia
empenho ao autorespeito, no sentido de apren-
Profunda. Pelo Espírito de Joanna de Ângelis. Salvador: Leal,
dermos a nos fazer bem, a não mais agirmos 2000. pp.21-26.
contra nossa saúde e bem-estar. Aprendendo a FRANCO, D. P. Amor, Imbatível Amor. Pelo Espírito de Joanna
de Ângelis. Salvador: Leal, 2003.
desenvolver o merecimento em nós, pelo bem FRANCO, D. Conflitos Emocionais. Pelo Espírito de Joanna de
que desinteressadamente fizermos, de fato, nos Ângelis. Salvador: Leal, 2005.
sentiremos, assim, como merecedores do Bem FRANCO, D.P. O Amor como Solução. Pelo Espírito de Joanna de
Ângelis. Salvador: Leal, 2018.
Maior pelo qual fomos criados e para onde KARDEC, A. Influencia do Organismo. O Livro dos Espíritos.
devemos olhar, sempre, neste esforço de subida Rio de Janeiro: CELD, 2011. Perguntas 367-370.

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MEDICINA ESPIRITUAL

Doenças causadas pela


influência espiritual
18 – (...) Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos es-
pirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido.
Esses fluidos exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta, quanto, por sua
expansão e sua irradiação, o perispírito com eles se confunde. Atuando esses fluidos
sobre o perispírito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material com que se
acha em contato molecular. Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma
impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se são permanentes e enérgi-
cos, os eflúvios maus podem ocasionar desordens físicas; não é outra a causa de certas
enfermidades. Os meios onde superabundam os maus espíritos são, pois, impregnados
de maus fluidos que o encarnado absorve pelos poros perispiríticos, como absorve
pelos poros do corpo os miasmas pestilenciais(...)
Allan Kardec – A Gênese – Capítulo XIV – item 18, CELD.

Paulo Nagae observamos que essa influência também pode


nos causar distúrbios físicos, até mesmo provo-
cando doenças em diversos níveis de gravidade,
A Influência prejudicial dos espíritos dependendo do nível de ligação existente entre
é realmente possível? ambos. Essa possibilidade deu margem ao cultivo
de vários comportamentos místicos sobre pactos

S abemos que os desencarnados podem


influenciar na vida dos encarnados com
uma intensidade considerável, desde que
exista um ponto de afinidade entre as partes. Na
questão 459 de O Livro dos Espíritos, fica claro
com entidades desencarnadas, com o objetivo de
fazer mal aos seus desafetos e também gerou uma
preocupação, em relação ao mal que esses espíri-
tos poderiam nos causar. Por isso, mais uma vez,
observamos que há a necessidade de um estudo
que os desencarnados podem interferir nos nos- constante da Doutrina Espírita, para o entendi-
sos pensamentos. E pelo item 18, de A Gênese, mento dos mecanismos que envolvem a relação

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com os desencarnados. Desse modo, podemos da sintonia, ou seja, através da atração provoca-
dar a verdadeira dimensão a esse problema, pos- da pelos pensamentos iguais, nesse caso a atração
sibilitando que se tome as atitudes adequadas seria motivada pelos pensamentos que vibram
para enfrentarmos a situação. A Doutrina Espí- na mesma frequência, tal qual as ondas de rádio.
rita admite que essa interferência possa ocorrer, Mas há as afinidades, em que o motivo da atração
porém esclarece que a ação do plano espiritual, são ligações criadas por sentimentos antagônicos,
está restrita a ações que têm cabimento em rela- que podem ser até mesmo de ódio, que geram
ção à Lei de Deus, que não pode ser derrogada. uma dependência magnética que atraí os envolvi-
dos um para o outro. A Lei de Deus, na sua sabe-
525. Os Espíritos exercem uma influência nos doria, pode reunir os seres tanto pelo amor, forta-
acontecimentos da vida? lecendo ainda mais esses laços, quanto pelo ódio,
“Certamente, visto que te aconselham.” para que este um dia se transforme em amor. Ou
a) Exercem essa influência de outra forma que seja, toda sintonia é uma afinidade, pois é moti-
não seja através dos pensamentos que sugerem, vo de atração, mas nem toda afinidade representa
isto é, têm uma ação direta sobre o cumprimento uma sintonia. Independente da origem da atração
das coisas? entre os seres, para que ocorra uma influência é
“Sim, mas nunca agem fora das leis da necessário que exista pelo menos um ponto de
Natureza.” contato que possibilite a ligação entre ambos. É
Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Capítulo IX – claro que quanto maior a afinidade, maior e mais
pergunta 525 e 525ª, edição CELD. forte é a ligação. Por conta da diferença de origem
da ligação, há também uma diferença de caracte-
O entendimento que há um limite para essa rísticas na influência, por causa dos sentimentos
ação, evita que tenhamos posições extremas, e situações envolvidos nessas ligações.
como aqueles que não acreditam nessa ação, e
por isso, não tomam os cuidados necessários para A Influência dos espíritos é sempre
proteger-se contra ela, ou como os que acreditam consciente?
que o mal não tem limites e que não temos defesa
contra a ação dos espíritos que querem nos pre-
judicar. Como na grande maioria das situações as
posições extremas não são as mais adequadas, e
nesse caso não é diferente. Entender o mecanismo
envolvido nesse processo, fará com que possamos
ter as atitudes adequadas para nos protegermos
dessas situações, sem nos deixar levar pelo medo
excessivo, que só nos deixa mais vulneráveis. O
que possibilita todo tipo de influência é a afinida-
de entre o influenciador e o influenciado. A afi-
nidade é a atração que flui entre as partes envol-
vidas. Mesmo analisando pela ótica espírita, em Normalmente, quando ocorre uma influên-
geral pensamos que a afinidade só ocorre através cia espiritual que resulta num prejuízo à saúde

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CELD

do encarnado, é porque o desencarnado se sen- Gúbio no livro “Libertação” de André Luiz,


te prejudicado de algum modo pelo encarnado. psicografia de Francisco C. Xavier. Mas esse
O alvo desse prejuízo, pode ter sido ele mesmo não é o alvo do nosso artigo, o objetivo maior
ou alguém de suas relações. Em outras ocasiões é chamar a atenção para a influência espiri-
o motivo pode não ser pessoal e está ligado às tual que estamos expostos no nosso dia a dia,
ideias defendidas por ambos, ao comportamen- principalmente as que não estão ligadas dire-
to, etc., sempre contrariando os interesses do tamente ao nosso passado, mas, que têm como
desencarnado. De qualquer modo há sempre motivação o nosso comportamento atual, que,
uma motivação por trás do comportamento do por ser momentânea e ocasional, ela talvez não
desencarnado, seja ela relacionada a essa vida se caracterize como uma obsessão propriamen-
ou a vidas passadas. O espírito desencarnado te dita, mas um influência espiritual negativa.
pode até não ter ideia da gravidade do prejuízo Não estamos nos referindo aos encarnados que
que pode causar, mas esse tipo de influência é cometem grandes erros, e sim aos comporta-
consciente e tem por trás dela uma espécie de mentos que até achamos normal e que não
prestação de contas. Mas há casos em que o mal damos muita importância em evitá-los, sem
que causam à saúde do encarnado é inconscien- desconfiar que eles podem nos trazer prejuízos
te. A aproximação deles se dá até por gostar do à nossa saúde, pelo próprio comportamento em
influenciado, como, por exemplo, quando um si, porque pelos fluidos viciosos que emana-
parente desencarnado por uma determinada mos, já estamos prejudicando a nossa saúde e
doença, se aproxima porque tem carinho por que ainda pode ser potencializado pela influên-
nós e a afinidade existente pode fazer com que o cia de espíritos com sentimentos/pensamentos
estado doentio que ainda conserve, seja refleti- semelhantes. Quando Kardec, no capítulo XIV
do no nosso corpo, fazendo com que tenhamos de A Gênese, item 17, relaciona a qualidade dos
os mesmos sintomas que o desencarnado. Nesse fluidos à diversidade de sentimentos existentes
caso, só ocorre a melhora, quando o desencar- e ainda mostra que as suas propriedades boas
nado se afasta ou é afastado do encarnado. Os ou deletérias estão relacionadas com a qualida-
casos mais graves, ocorrem quando a influên- de dos nossos sentimentos, o principal cuidado
cia é consciente, porque surge o fator vontade que temos que tomar para evitar as consequên-
e também a carga do compromisso existente cias perniciosas, causadas pela influência nega-
entre as partes, que, de um modo geral, está tiva dos espíritos, é cultivar os bons sentimentos
presente nessas ligações. Tecnicamente, quanto e evitar que os sentimentos ruins permaneçam
maior forem esses fatores, maior a possibilida- por muito tempo conosco. Daí a importância
de que o desencarnado terá de causar prejuízo de cultivar o perdão, o bom humor, a paciência,
à saúde do encarnado. Como esses compromis- a pacificação, a calma e as d emais virtudes. Por
sos existem em diversos graus de intensidade e outro lado, evitar guardar mágoa, mau humor,
gravidade, o nível de prejuízo causado também irritação e os demais sentimentos que podem
vária muito. Essas influências estão enquadra- deixar a nossa Alma exposta às más influências
das na classificação espírita, podendo ir desde de um modo geral. Se conseguirmos manter o
uma obsessão simples, até a possessão, e estão coração livre desses sentimentos desequilibra-
narradas em diversas obras, como o caso de dos, estaremos trabalhando pela nossa saúde. p

Revista CELD de Estudos Espíritas 29

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