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CURSO DE PSICOLOGIA
Rio Branco-AC/2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINORTE
CURSO DE PSICOLOGIA
Síntese –
O Manual da Psicologia Hospitalar/ O Mapa da Doença (Pg: 115 á 129)
As estratégias básicas:
• Escutar
• Escutar
• Escutar
• Fazer falar
Na escuta é preciso que o paciente fale. Nota-se que é precisamente a fala que faz a
passagem da doença para o adoecimento. Se o paciente não fala existe apenas a realidade
biológica da doença, mas se ele fala surge a subjetividade e com ela o adoecimento.
Somente na fala que cumpre o famoso dito em psicologia hospitalar segundo qual "não
existe doenças existem doentes (Perestelo, 1989). Doença não falam, doentes sim.
Seguindo-se o manual, para fazer falar o psicólogo se vale de três técnicas; a entrevista à
associação livre e o silêncio.
Entrevista
O psicólogo faz perguntas objetivas ao paciente sobre o assunto que parece mais
acessível, no caso a doença; o motivo da internação; os remédios; onde mora; a profissão;
estado civil; política; futebol; e etc. Virtualmente qualquer coisa serve, o importante é
colocar em andamento a fala em ambas as técnicas,
associação livre, entrevista, e as perguntas buscam não só a obtenção de dados, mas
principalmente estabelecer o vínculo paciente e psicólogo e estimular a elaboração
psíquica por meio da fala.
Associação Livre
O psicólogo explica para o paciente que ele pode falar sobre o que vier a mente, e que não
existe uma pauta a ser seguida. A esse convite para uma fala livre deve corresponder por
parte do psicólogo uma escuta livre. Freud propôs que se escutasse sob atenção flutuante
que não se fizesse uma seleção dos elementos do discurso do paciente. Em psicologia
hospitalar significa que o psicólogo deve escutar livremente sem valorizar a priori temas
relacionados a doença. Deve-se escutar o que o paciente fala e não que o paciente fala
sobre a doença. É importante enfatizar esse ponto pois psicólogo poderia pensar que por
estar no hospital deveria direcionar a conversa para o tema do adoecimento. Isso é
equivocado, aliás fazê-lo seria repetir o discurso médico que procura limitar a fala do
dente aos seus sintomas.
Fazer silêncio
O silêncio é poderoso, ele é como um vácuo, puxa as palavras, pede para ser preenchido,
no caso da psicologia hospitalar deve ser preenchido, idealmente, pela fala do paciente.
Eventualmente pode ser preenchido pela fala do psicólogo, mas isso com uma estratégia
para restabelecer o discurso do paciente e não como fim de si mesmo. Costa Pereira
(1999) recomenda; "o psicólogo precisa encontrar sua função de silêncio, não
obrigatoriamente o silêncio da boca, capaz de reengendrar o trabalho de linguagem
existente em germe no próprio paciente". Disso concluímos que o importante não é a
ausência de palavras do psicólogo, e sim sua capacidade de permitir as palavras do
paciente, e isso é tudo o que pode ser feito em alguns momentos muito difíceis. Certas
horas não admitem palavras.
A psicologia hospitalar é uma área de cuidado que demanda uma compreensão profunda
das emoções humanas. Ao lidar com um paciente revoltado, é primordial para o psicólogo
ir além do que está visível, buscando compreender a verdadeira essência do indivíduo. Em
situações desafiadoras, como quando um paciente recusa um medicamento, é crucial
lembrar que há uma verdade por trás desse comportamento, uma experiência autêntica que
merece ser reconhecida.
A expressão da revolta traz consigo um paradoxo: por um lado, alivia a angústia e facilita
a elaboração emocional, mas por outro, pode levar a explosões de violência. Diante de tais
sinais, o psicólogo deve agir com prudência, evitando estímulos que possam exacerbar a
agressividade. É importante lembrar que a psicologia hospitalar busca a elaboração
emocional através da linguagem, não a promoção de comportamentos prejudiciais.
Oferecer uma escuta atenta ao drama subjetivo do paciente, como ressalta Moretto (2001),
é o caminho para transformar gritos em palavras. Isso proporciona ao paciente a
oportunidade de ser ouvido e compreendido, sem recorrer à violência. Em muitos casos,
pacientes revoltados enfrentam conflitos com a equipe médica e familiares. Ao mediar
essas situações, o psicólogo assume o papel de um observador imparcial, buscando
compreender as queixas do paciente em um contexto mais amplo, colaborando na busca
por soluções.
Esperança
Toda situação de adoecimento comporta uma possibilidade de esperança, sempre; e
quando efetivamente não houver, o paciente haverá de inventá-la, não cabendo o
psicólogo nenhuma intervenção retificadora em nome de uma presumível realidade. A
esperança dever ser mantida, não importa sob qual forma.
Bater Papo
O psicólogo hospitalar deve ter uma preocupação com sua linguagem, primeiro porque
trabalha com a palavra e não cabe simplesmente falar sem se preocupar se compreendido
pelo paciente, ou escutar sem ser capaz de supor todos os sentidos da mensagem que
recebe, e segundo, porque convive no hospital com pessoas que usam uma linguagem bem
diversa da sua, sejam pacientes ou colegas formados em outro campo técnico social
Transferência
O livro traz a ideia de Freud que afirma que o que o paciente viveu sob transferência ele
não esquecerá. Quando os profissionais tomam noção de que a maior parte das relações
que o paciente estabelece é transferencial, passam a ter noção da importância dessa
temática na psicologia hospitalar.
A transferência positiva é aquela em que a relação estabelecida entre o paciente e o
médico, ou com a equipe de enfermagem, ou até mesmo com o próprio psicólogo é
saudável. Essa transferência não é uma problemática, pelo contrário, favorece a aceitação
do paciente em relação a seu tratamento e pode promover um bem estar maior durante sua
permanência no hospital.
A transferência negativa é o oposto da transferência positiva, nela a relação estabelecida
com a equipe médica, ou com a família e até mesmo com o próprio psicólogo não é
saudável. O livro traz que segundo Lacan, existem duas estratégias para lidar com a
transferência: interpretação da transferência e interpretação sob transferência.
Na interpretação da transferência, o psicólogo diz claramente ao paciente que a relação
atual na qual ele está vivenciando é uma reprodução das suas relações na infância. E
então, o psicólogo faz um intervenção didática, explicando de forma clara e prudente o
que pode estar ocorrendo e fazer com que ele mesmo entenda o porquê dos seus
sentimentos negativos em relação aos profissionais. Essa estratégia funciona bem quando
o paciente possui uma capacidade de “insight”.
Na interpretação sob transferência, o psicólogo busca identificar o lugar em que o paciente
o colocou, deve reconhecer que os afetos negativos não são em relação a sua pessoa, mas
tem a ver com a um “outro imaginário” com quem o paciente estabelece uma relação.
O psicólogo não diz ao paciente que tal atitude ou fala é transferência, ele não fala mas
age sabendo que está sob transferência. O psicólogo analisará que tipo de reação será mais
adequada para que os objetivos terapêuticos sejam alcançados: seja ficar calado e ouvir o
paciente expressar seus sentimentos negativos sem reprimi-lo ou até mesmo confrontá-lo
para que haja uma reflexão por parte do paciente sobre seus sentimentos.
O objetivo da psicologia hospitalar é estabelecer com o paciente, o discurso do analista,
mas sabemos que na maioria das vezes será preciso assumir o papel de professor, detento
de algum saber para que seja um ponto de partida para o trabalho de atendimento
psicológico.
Ganho Secundário
Privilegios concedidos ao paciente, sejam eles materiais ou psicologicos, no qual o mesmo
encontre subsidios para o aproveitamento não saudavel da atenção destinada a ele. Onde
há beneficios com a doença, sendo a estrategia do psicologo hospitalar não reforçar o
comportamento e os ganhos obtidos, bem como orientar a familia e equipe neste sentido.