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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINORTE

CURSO DE PSICOLOGIA

DAIANE DE SOUZA LOPEZ


GABRIELLY BARBOSA RIBEIRO
GERLIANE GERMANO CAVALCANTE DE SOUZA
JOSUÉ FERREIRA DA COSTA JUNIOR
LUCAS MUNIZ BARBOSA
MARIA ALCIONE C. MEDEIROS

Rio Branco-AC/2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINORTE
CURSO DE PSICOLOGIA

Síntese –
O Manual da Psicologia Hospitalar/ O Mapa da Doença (Pg: 115 á 129)

Trabalho proposto pela prof. Lucyana Melo,


da disciplina de Psicologia Hospitalar,
do Curso de Psicologia do Centro
Universitário UNINORTE, para fins de
avaliação na disciplina.
A TERAPÊUTICA
A terapêutica da Psicologia hospitalar é levar o paciente rumo a palavra, assim como
Freud disse, "o trabalho clínico consiste em ajudar as pessoas a encontrar a magia das
palavras". Com isso, vem a estratégia, estratégia é a arte de organizar os meios disponíveis
para alcançar os objetivos desejados, é um jeito de pensar que orienta o fazer terapêutico
que aponta a direção do tratamento mostrando para que lado encaminhar o atendimento
psicológico. O texto ressalta que as estratégias e as técnicas não podem ser atendidas
como ferramentas ou como instrumentos aplicados de fora sobre um objeto, elas brotam
no interior da relação entre o operador que é o psicólogo e o objeto, que é o paciente.
Deve ser entendidas como recomendações técnicas e não como receitas rígidas e devem
ser adequados a cada situação clínica.

As estratégias básicas:
• Escutar
• Escutar
• Escutar
• Fazer falar

Na escuta é preciso que o paciente fale. Nota-se que é precisamente a fala que faz a
passagem da doença para o adoecimento. Se o paciente não fala existe apenas a realidade
biológica da doença, mas se ele fala surge a subjetividade e com ela o adoecimento.
Somente na fala que cumpre o famoso dito em psicologia hospitalar segundo qual "não
existe doenças existem doentes (Perestelo, 1989). Doença não falam, doentes sim.
Seguindo-se o manual, para fazer falar o psicólogo se vale de três técnicas; a entrevista à
associação livre e o silêncio.
Entrevista
O psicólogo faz perguntas objetivas ao paciente sobre o assunto que parece mais
acessível, no caso a doença; o motivo da internação; os remédios; onde mora; a profissão;
estado civil; política; futebol; e etc. Virtualmente qualquer coisa serve, o importante é
colocar em andamento a fala em ambas as técnicas,
associação livre, entrevista, e as perguntas buscam não só a obtenção de dados, mas
principalmente estabelecer o vínculo paciente e psicólogo e estimular a elaboração
psíquica por meio da fala.

Associação Livre
O psicólogo explica para o paciente que ele pode falar sobre o que vier a mente, e que não
existe uma pauta a ser seguida. A esse convite para uma fala livre deve corresponder por
parte do psicólogo uma escuta livre. Freud propôs que se escutasse sob atenção flutuante
que não se fizesse uma seleção dos elementos do discurso do paciente. Em psicologia
hospitalar significa que o psicólogo deve escutar livremente sem valorizar a priori temas
relacionados a doença. Deve-se escutar o que o paciente fala e não que o paciente fala
sobre a doença. É importante enfatizar esse ponto pois psicólogo poderia pensar que por
estar no hospital deveria direcionar a conversa para o tema do adoecimento. Isso é
equivocado, aliás fazê-lo seria repetir o discurso médico que procura limitar a fala do
dente aos seus sintomas.

Fazer silêncio
O silêncio é poderoso, ele é como um vácuo, puxa as palavras, pede para ser preenchido,
no caso da psicologia hospitalar deve ser preenchido, idealmente, pela fala do paciente.
Eventualmente pode ser preenchido pela fala do psicólogo, mas isso com uma estratégia
para restabelecer o discurso do paciente e não como fim de si mesmo. Costa Pereira
(1999) recomenda; "o psicólogo precisa encontrar sua função de silêncio, não
obrigatoriamente o silêncio da boca, capaz de reengendrar o trabalho de linguagem
existente em germe no próprio paciente". Disso concluímos que o importante não é a
ausência de palavras do psicólogo, e sim sua capacidade de permitir as palavras do
paciente, e isso é tudo o que pode ser feito em alguns momentos muito difíceis. Certas
horas não admitem palavras.

No contexto da psicologia hospitalar, a estratégia terapêutica é de suma importância para


auxiliar os pacientes a encontrarem alívio para o seu sofrimento. Ela se baseia na premissa
de que a fala é uma ferramenta poderosa para lidar com angústias e preocupações.
Conforme afirmado por Freud, “o trabalho clínico consiste em ajudar as pessoas a
encontrar a magia das palavras. ” Isso significa que, por sua vez, ajuda a dissipar a
angústia que muitas vezes acompanha a doença.
A estratégia terapêutica na psicologia hospitalar é direcionada para guiar o paciente em
direção à expressão verbal de suas experiências e emoções. A ideia central é que a fala é
uma forma de transformar o sofrimento em algo palpável e passível de compreensão e
enfrentamento. Como afirmou Moretto, “a angústia é aquilo que ocorre quando não se têm
significantes que simbolizam o buraco Real, ou seja, acabar com a angústia é fazer com
que o angustiado fale, simbolize o seu buraco. ” Em outras palavras, falar sobre o que se
sente é um processo essencial para dar forma e significado às experiências emocionais.
Falar não é benefício apenas porque proporciona ao paciente uma oportunidade de
desabafar, mas também porque permite que as ideias antes não articuladas se tornem mais
compreensíveis. Como mencionou Sebastiani, “ideias que pairam mudas no ar são
tremendamente ameaçadoras porque não conhecem limites. Colocadas em palavras podem
ser examinadas como um objeto, no qual a equipe e o paciente podem enxergar seu
perigo, que assim fica bastante neutralizado. ” Portanto, a verbalização torna as emoções e
pensamentos mais gerenciáveis e menos intimidadores.
Vale destacar que a fala desempenha um papel fundamental na transição da doença para o
adoecimento. Enquanto a doença é essencialmente uma realidade biológica, o
adoecimento envolve a subjetividade do paciente. A célebre afirmação em psicologia
hospitalar de que “não existem doenças, existem doentes” enfatiza a importância da
subjetividade trazida pela fala. Doenças em si mesmas não têm voz, mas os pacientes têm.
Portanto, a fala é um componente crucial na compreensão integral do paciente como
alguém que vive uma experiência de adoecimento. Para encorajar a expressão verbal, o
psicólogo utilizar três técnicas principais: a entrevista, a associação livre e o silêncio. A
técnica de associação livre envolve permitir que o paciente fale sobre o que vier à mente,
sem restrições. O psicólogo deve encorajar o paciente a se expressar livremente seus
pensamentos e sentimentos, sem seguir um roteiro específico. É fundamental que o
psicólogo ouça atentamente, sem impor preconceitos ou direcionar a conversa para a
doença. A abordagem é ampla e flexível, criando um espaço seguro para a expressão do
paciente.
A entrevista é uma estratégia, onde o psicólogo realiza entrevista com o paciente, fazendo
perguntas objetivas sobre diversos assuntos, como doença, o motivo da internação,
informações pessoais, interesses e tópicos variados, como política e esportes. O objetivo é
iniciar uma conversa e estabelecer um vínculo paciente-psicólogo. As perguntas não são
apenas para obter dados, mas também para estimular a elaboração psíquica do paciente
por meio da fala. É importante que o encontro seja percebido pelo paciente como uma
conversa amigável, o que facilita o trabalho na psicologia hospitalar. O silêncio é
destacado como uma ferramenta poderosa na psicologia hospitalar. Ele é comparado a um
vácuo que convida o paciente a preenche-lo com palavras. Idealmente, esse silêncio deve
ser preenchido pela fala do paciente, mas ocasionalmente o psicólogo pode intervir para
restabelecer o discurso do paciente. O importante não é apenas a ausência de palavras do
psicólogo, mas sua capacidade de permitir e acolher as palavras do paciente. O silêncio
pode ser útil, especialmente em momentos difíceis, quando as palavras são inadequadas
para expressar o que o paciente está vivenciando. A mudança enfatiza que nenhum
profissional de saúde tem o poder de fazer o paciente mudar de posição de ele ainda não
estiver pronto para isso. O paciente está na posição que ele está na órbita da doença
porque é o melhor que ele pode fazer naquele momento. O psicólogo não é um
modificador de comportamentos desadaptativos, mas sim um facilitador do processo de
elaboração psíquica do paciente. A mudança é vista como um resultado possível, mas não
como o objetivo principal da psicologia hospitalar. O compromisso do psicólogo é com a
verdade do paciente e não com a mudança de comportamento a qualquer custo.

Psicologia Hospitalar: Intervenções Terapêuticas

A psicologia hospitalar é uma área de cuidado que demanda uma compreensão profunda
das emoções humanas. Ao lidar com um paciente revoltado, é primordial para o psicólogo
ir além do que está visível, buscando compreender a verdadeira essência do indivíduo. Em
situações desafiadoras, como quando um paciente recusa um medicamento, é crucial
lembrar que há uma verdade por trás desse comportamento, uma experiência autêntica que
merece ser reconhecida.
A expressão da revolta traz consigo um paradoxo: por um lado, alivia a angústia e facilita
a elaboração emocional, mas por outro, pode levar a explosões de violência. Diante de tais
sinais, o psicólogo deve agir com prudência, evitando estímulos que possam exacerbar a
agressividade. É importante lembrar que a psicologia hospitalar busca a elaboração
emocional através da linguagem, não a promoção de comportamentos prejudiciais.
Oferecer uma escuta atenta ao drama subjetivo do paciente, como ressalta Moretto (2001),
é o caminho para transformar gritos em palavras. Isso proporciona ao paciente a
oportunidade de ser ouvido e compreendido, sem recorrer à violência. Em muitos casos,
pacientes revoltados enfrentam conflitos com a equipe médica e familiares. Ao mediar
essas situações, o psicólogo assume o papel de um observador imparcial, buscando
compreender as queixas do paciente em um contexto mais amplo, colaborando na busca
por soluções.

Depressão Diante da Doença: Compreensão e Suporte

Na abordagem da depressão, é essencial lembrar que a tristeza e a desesperança são


reações esperadas diante da doença. Oferecer um suporte atencioso, sem críticas, é o
alicerce para ajudar o paciente a atravessar essa fase desafiadora.
Freud, em sua obra "Luto e Melancolia", nos ensina que na depressão, a energia psíquica
se volta para o interior, buscando a elaboração das perdas. Portanto, o paciente está imerso
em um processo psíquico significativo. O papel do psicólogo é fornecer suporte e auxiliar
o paciente nesse trabalho, através de uma escuta atenta que destaque os mínimos sinais
dessa elaboração. A consideração das medicações em uso é crucial, pois estas podem
influenciar a intensidade da depressão. O diálogo com a equipe médica se faz necessário
para garantir o melhor tratamento para o paciente.
Pacientes deprimidos, especialmente os que enfrentam a melancolia, estão em situação de
vulnerabilidade para o suicídio. Portanto, o psicólogo deve permanecer atento e, ao
identificar esse risco, tomar as medidas necessárias conforme as diretrizes apropriadas. A
abordagem de Kubler-Ross traz uma visão valiosa sobre a depressão em pacientes
terminais. Distinguir entre a depressão reativa e preparatória é essencial para oferecer o
suporte mais adequado. O psicólogo desempenha um papel interpretativo e prático,
adaptando-se às necessidades únicas de cada paciente.
Ao seguir estas orientações terapêuticas, os profissionais de Psicologia Hospitalar
contribuem significativamente para a adaptação e bem-estar emocional dos pacientes
diante da complexidade da doença e do processo de recuperação. Compreender a natureza
multifacetada da depressão e fornecer um suporte adequado são elementos essenciais na
jornada terapêutica do paciente.

A posição de enfrentamento se caracteriza pela alternância entre as posturas de luta e de


luto em relação a doença, então as intervenções do psicólogo hospitalar devem ser dar no
sentido de facilitar esse movimento entre a luta e o luto. O enfrentamento é a luta e luto
junto, e não um ou outro.
Algumas pessoas já são, por personalidade, muito mais afeitas a luta ou ao luto,
necessitarão da ajuda do psicólogo para desenvolver o outro polo.
Os tópicos mencionados no quadro a baixo podem servir de metas terapêuticas no
antedimento psicológico desses pacientes, apontando a direção que se devem conduzir o
tratamento.

Esperança
Toda situação de adoecimento comporta uma possibilidade de esperança, sempre; e
quando efetivamente não houver, o paciente haverá de inventá-la, não cabendo o
psicólogo nenhuma intervenção retificadora em nome de uma presumível realidade. A
esperança dever ser mantida, não importa sob qual forma.

Bater Papo

O objetivo mais valioso da psicologia hospitalar é o de tratar a pessoa, e não a doença, e


isso só se torna possível quando se conhece minimamente a vida da pessoa, seus
interesses, seus assuntos favoritos, seu trabalho, sua condição de vida etc. Esse tipo de
intervenção é muito agradável para o paciente e favorece a uma transferência positiva com
o psicólogo, vale reforça se para o psicólogo o atendimento é uma entrevista, para o
paciente é melhor que se pareça uma conversa.

A palavra pertence a quem escuta

O psicólogo hospitalar deve ter uma preocupação com sua linguagem, primeiro porque
trabalha com a palavra e não cabe simplesmente falar sem se preocupar se compreendido
pelo paciente, ou escutar sem ser capaz de supor todos os sentidos da mensagem que
recebe, e segundo, porque convive no hospital com pessoas que usam uma linguagem bem
diversa da sua, sejam pacientes ou colegas formados em outro campo técnico social
Transferência

O livro traz a ideia de Freud que afirma que o que o paciente viveu sob transferência ele
não esquecerá. Quando os profissionais tomam noção de que a maior parte das relações
que o paciente estabelece é transferencial, passam a ter noção da importância dessa
temática na psicologia hospitalar.
A transferência positiva é aquela em que a relação estabelecida entre o paciente e o
médico, ou com a equipe de enfermagem, ou até mesmo com o próprio psicólogo é
saudável. Essa transferência não é uma problemática, pelo contrário, favorece a aceitação
do paciente em relação a seu tratamento e pode promover um bem estar maior durante sua
permanência no hospital.
A transferência negativa é o oposto da transferência positiva, nela a relação estabelecida
com a equipe médica, ou com a família e até mesmo com o próprio psicólogo não é
saudável. O livro traz que segundo Lacan, existem duas estratégias para lidar com a
transferência: interpretação da transferência e interpretação sob transferência.
Na interpretação da transferência, o psicólogo diz claramente ao paciente que a relação
atual na qual ele está vivenciando é uma reprodução das suas relações na infância. E
então, o psicólogo faz um intervenção didática, explicando de forma clara e prudente o
que pode estar ocorrendo e fazer com que ele mesmo entenda o porquê dos seus
sentimentos negativos em relação aos profissionais. Essa estratégia funciona bem quando
o paciente possui uma capacidade de “insight”.
Na interpretação sob transferência, o psicólogo busca identificar o lugar em que o paciente
o colocou, deve reconhecer que os afetos negativos não são em relação a sua pessoa, mas
tem a ver com a um “outro imaginário” com quem o paciente estabelece uma relação.
O psicólogo não diz ao paciente que tal atitude ou fala é transferência, ele não fala mas
age sabendo que está sob transferência. O psicólogo analisará que tipo de reação será mais
adequada para que os objetivos terapêuticos sejam alcançados: seja ficar calado e ouvir o
paciente expressar seus sentimentos negativos sem reprimi-lo ou até mesmo confrontá-lo
para que haja uma reflexão por parte do paciente sobre seus sentimentos.
O objetivo da psicologia hospitalar é estabelecer com o paciente, o discurso do analista,
mas sabemos que na maioria das vezes será preciso assumir o papel de professor, detento
de algum saber para que seja um ponto de partida para o trabalho de atendimento
psicológico.

Do ponto de vista da teoria Lacaniana , dos quatro discursos abaixo, o objetivo da


psicologia hospitalar é estabelecer com o paciente o discurso do analista, mas sabemos
que na maioria das vezes será preciso aceitar estrategicamente o lugar de mestre, do
professor, ou do suposto saber como um ponto de partida.
Situação Vital Desencadeante
Acontecimento de dificil assimilação por parte do sujeito, que com isso pode agravar o
adoecimento, como por exemplo uma crise familiar e problemas situacionais, no qual cabe
ao psicologo hospitalar intervir criando condições para que a pessoa “lide” com o
ocorrido.

Ganho Secundário
Privilegios concedidos ao paciente, sejam eles materiais ou psicologicos, no qual o mesmo
encontre subsidios para o aproveitamento não saudavel da atenção destinada a ele. Onde
há beneficios com a doença, sendo a estrategia do psicologo hospitalar não reforçar o
comportamento e os ganhos obtidos, bem como orientar a familia e equipe neste sentido.

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