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o
1 DIA
E SUAS TECNOLOGIAS
Questões de 01 a 45
Questões de 01 a 05 (opção inglês)
Questão 01
Only You Can Prevent Dystopia: How to survive
the internet in 2020 (It’s not going to be easy)
Published: Jan 1, 2020
The new year is here, and online, the forecast calls for
several seasons of hell. Tech giants and the media have
scarcely figured out all that went wrong during the last
presidential election – viral misinformation, state-sponsored
propaganda, bots aplenty, all of us cleaved into our own
tribal reality bubbles – yet here we go again, headlong into
another experiment in digitally mediated democracy.
I’ll be honest with you: I’m terrified. I spend a lot of my time
Disponível em: www.glasbergen.com. Acesso em: 11 dez. 2018.
looking for edifying ways of interacting with technology.
In the last year, I’ve told you to meditate, to keep a digital Nesse cartum, a crítica é centralizada na postura da
journal, to chat with people on the phone and to never tweet. sociedade atual em considerar
Still, I enter the new decade with a feeling of overwhelming
A irrelevante o que não existe nos sites de busca.
dread. There’s a good chance the internet will help break
the world this year, and I’m not confident we have the tools B prioritária a necessidade de fazer o dever de casa.
to stop it. C condenável inventar desculpas para não entregar
Unless, that is, we are all really careful. As Smokey Bear relatórios.
might say of our smoldering online discourse: only you can D deplorável encontrar conteúdos falaciosos no Google
prevent dystopia! ou na Wikipedia.
MANJOO, F. Disponível em: www.nytimes.com. Acesso em: 4 jan. 2020.
E dificultosa a busca de informações na internet para
De acordo com o autor, um modo eficaz de sobreviver à realizar trabalhos escolares.
internet em 2020 e no futuro seria
A manter-nos extremamente cuidadosos para evitar uma
distopia.
B procurarmos por modos edificantes de interagir com a
tecnologia.
C meditar, fazer um diário digital, conversar com pessoas
e não enviar tweets.
D mergulhar em outro experimento de democracia
mediada digitalmente.
E aguardar que os gigantes da tecnologia descubram o
que causou desinformação nos EUA.
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Questão 03 Questão 05
U.S. Cultural Exchange with Russia Chimamanda Ngozi Adichie:
I Became Black in America
The amount of Russophobia in the American media has
been unprecedented in recent years. Growing up in Nigeria, I didn’t think about race because
While anti-Russian rhetoric is used for internal political I didn’t need to think about race. Nigeria is a country with
struggles in the United States from time to time, this many problems and many identity divisions, but those
propaganda campaign has reached absurd levels, spilling identity divisions are mainly religion and ethnicity.
over into areas that have little to do with politics. [...] So my identity growing up was Christian, Catholic, and
Our countries can develop stereotype-free perceptions of Igbo. And sometimes I felt Nigerian in sort of a healthy way,
each other only through frequent and authentic cultural especially when Nigeria was playing in the World Cup. Then
exchanges, and most important, by shaping the common I would think about my nationality as a Nigerian. But, when
values that are necessary for ensuring a safe and prosperous I came to the U.S., it just changed. I think that America, and
future for the entire world. obviously because of its history, it’s the one country where,
Disponível em: www.nytimes.com. Acesso em: 20 nov. 2019. in some ways, identity is forced on you, because you have
to check a box. You have to be something. And, I came
De acordo com o texto, o desenvolvimento de uma fobia here and very quickly realized to Americans I was just black.
contra os russos nos Estados Unidos pode ser combatido And for a little while, I resisted it, because it didn’t take me
por meio de very long when I came here to realize how many negative
A peças publicitárias que envolvam questões políticas. stereotypes were attached to blackness.
B trocas culturais autênticas e frequentes que combatam Disponível em: www.daily.jstor.org. Acesso em: 21 nov. 2019.
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Questão 01
A expressão echar un vistazo, encontrada na fala de Mafalda, pode ser traduzida como
A dormir.
B conferir.
C protestar.
D esquecer.
E despertar.
Questão 02
El remordimiento
He cometido el peor de los pecados
que un hombre puede cometer. No he sido
feliz. Que los glaciares del olvido
me arrastren y me pierdan, despiadados.
Mis padres me engendraron para el juego
arriesgado y hermoso de la vida,
para la tierra, el agua, el aire, el fuego.
Los defraudé. No fui feliz. Cumplida
no fue su joven voluntad. Mi mente
se aplicó a las simétricas porfías
del arte, que entreteje naderías.
Me legaron valor. No fui valiente.
No me abandona. Siempre está a mi lado
la sombra de haber sido un desdichado.
BORGES, J. L. La moneda de hierro. In: Obras completas II: 1975-1985. Buenos Aires, 1989.
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Questões de 06 a 45 Questão 07
TEXTO I
Questão 06 Foi na França que as igrejas românicas começaram a ser
decoradas com esculturas, embora a palavra “decorar”
“Eu sou de um país que se chama Pará” também nesse caso seja um tanto enganadora. Tudo o que
Belém – Quando a mediadora Renata Ferreira disse que pertencia à igreja tinha sua função definida e expressava
o meu conto, O homem que viu a osga comer seu filho, a uma ideia precisa, relacionada com os ensinamentos
tinha aterrorizado, assustei-me. Não tenho esse conto. Ela da Igreja. O pórtico do final do século XII da catedral de
riu e explicou. “O que vocês chamam de lagarto ou lagartixa Saint-Trophime, em Arles (Sul da França), é um dos mais
chamamos de osga”. Fui ver no Aurélio. Ela estava certa, o completos exemplos desse estilo. [...] No Antigo Testamento,
conto existe. Quando ouvi a fotógrafa Elza Lima contar uma lemos sobre a visão de Ezequiel (Ezequiel, I, 4-12) em que
história minha em que os olhos dos cavalos do carrossel de ele descreve o trono do Senhor sustentado por quatro cria-
meu avô eram petecas, reagi: “Como petecas? Eram bolas turas com cabeça de homem, leão, boi e águia.
de gude”. Elza: “Pois aqui, petecas são as bolas de gude”. GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 1999. p. 128-129.
D tem como objetivo informar um fato ocorrido por meio As esculturas da Catedral de Saint-Trophime são exemplos
da narração e da descrição. de uma característica geral da arquitetura românica,
E apresenta a sua perspectiva diante dos fatos narrados, predominante na Alta Idade Média, a qual utilizava a orna-
dando subjetividade ao texto. mentação com o propósito de
A embelezar as fachadas externas das igrejas e catedrais.
B transmitir aos fiéis os preceitos das escrituras sagradas.
C ludibriar a população sobre as intenções do cristianismo.
D mostrar o domínio do catolicismo sobre o protestantismo.
E atestar o poderio do clero por meio do luxo e da
opulência.
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Questão 08 Questão 10
[..] a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de Mocidade independente
comunicação e deve ser julgada exclusivamente como Pela primeira vez infringi a regra de ouro e voei pra cima sem
tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, medir as consequências. Por que recusamos ser proféticas?
para evitar os vexames mais gritantes, as outras são E que dialeto é esse para a pequena audiência de serão?
dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso de princí- Voei pra cima: é agora, coração, no carro em fogo pelos
pios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente ares, sem uma graça atravessando o estado de São Paulo,
certo. Por exemplo: dizer “escrever claro” não é certo, mas de madrugada, por você, e furiosa: é agora, nesta contramão.
é claro, certo? O importante é comunicar [...]. A Gramática CESAR, A. C. A teus pés. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas,
Como procedimento de construção do texto literário,
e aí de interesse restrito a necrólogos e professores de
é explorada a utilização de um advérbio de tempo, o qual
Latim, gente em geral pouco comunicativa [...]. É o esque-
leto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, A estabelece um diálogo com um interlocutor.
como a Gramática é a estrutura da língua, mas sozinha não B reforça opinião contrária à do senso comum.
diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em C indica a autonomia das jovens da atualidade.
Gramática pura. D expõe a singularidade de um momento presente.
VERISSIMO, L. F. O gigolô das palavras. Mais comédias para ler na escola.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. E condiz com os princípios e morais expressos
socialmente.
Luis Fernando Verissimo, em O gigolô das palavras, reflete
sobre regras da gramática normativa. Ao afirmar que Questão 11
‘“escrever claro” não é certo, mas é claro, certo?’, o autor
Os sistemas de visão artificial confundem uma tartaruga de
A questiona a necessidade de regras que regulem as
brinquedo com um rifle [...].
formas da língua.
Esses dispositivos foram treinados para enxergar padrões, e
B relativiza a utilização da norma-padrão nas diferentes bastam mudanças sutis de simetria para desnorteá-los, como
situações de comunicação. demonstra o estudo dos sinais de trânsito publicado [...].
C nega a importância da norma-padrão para situações de As pessoas também evoluíram ao longo de milênios para
comunicação e entendimento. enxergar padrões. “Somos feitos para identificar rostos, e os
D confirma a arbitrariedade das regras gramaticais nas vemos nas nuvens, nas manchas da parede, fazemos isso
situações de comunicação e entendimento. continuamente”, explica José Manuel Molina, do grupo de in-
teligência artificial [...] de Madri. Um humano conhece o con-
E reconhece a necessidade da utilização da norma-padrão texto dessa imagem, sabe que se parece com um rosto, mas
da língua para a garantia da comunicação. que na verdade é uma nuvem. Por outro lado, a experiência
de vida de um algoritmo de visão se limita à base de dados
Questão 09 com milhares de imagens com as quais é repetidamente
treinado. “Os algoritmos foram desenhados para resolver
Um trabalho desenvolvido entre o fim de 2011 e o primeiro
problemas muito concretos, mas não para compreender o
semestre de 2012 avaliou 142 pessoas, na faixa de
que está acontecendo ao seu redor [...], resume Molina”.
40 a 60 anos, e constatou que cerca de 75% do grupo RODRIGUEZ. Nuño. Estupidez artificial: o problema que ninguém anteviu.
observado na caminhada diária não conseguia se bene- Disponível em: www.brasil.elpais.com. Acesso em: 9 jun. 2019.
ficiar totalmente do exercício. A maior parte dos entrevis-
Sobre a eficiência da inteligência artificial utilizada em
tados pratica em intensidade abaixo da ideal e os outros o
carros autônomos, o autor
fazem com intensidade acima do recomendado, expondo o
corpo a lesões. “Dessa forma, apenas uma em cada quatro A defende que os algoritmos, assim como os humanos,
pessoas faz caminhada de maneira correta, dentro dos possuem alta capacidade de ação em situações muito
parâmetros de segurança e eficiência”. Anderson explica específicas do cotidiano.
que, ao caminhar, a pessoa deve se preocupar com a B corrobora sua eficácia, por meio da opinião de um
chamada “sobrecarga” ou a boa relação entre duração, especialista, que pontua ser essa inteligência a resolu-
frequência e intensidade do exercício [...]. ção de problemas reais da sociedade.
Jornal Estado de Minas. 6 nov. 2012 (adaptado).
C reconhece que a inteligência artificial não desenvolveu
Ao analisar a prática de caminhada de determinado grupo, uma capacidade interpretativa da realidade que possi-
a pesquisa aponta a necessidade de as pessoas bilite a ela uma interação emotiva com o meio social.
A praticarem caminhadas mais intensas. D problematiza a habilidade tecnológica dos algoritmos,
visto que seu aperfeiçoamento se restringiu a um trei-
B praticarem caminhadas com mais frequência.
namento mecânico desconectado de contextos factuais.
C adaptarem as caminhadas a parâmetros científicos.
E põe em dúvida as críticas dirigidas à inteligência
D reduzirem as caminhadas devido ao risco de lesões. artificial, argumentando que esse tipo de inteligência
E buscarem por especialistas para planejarem suas se desenvolveu do mesmo modo que os humanos:
caminhadas. reconhecendo padrões.
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Questão 12
O efeito de humor da tirinha é causado pelo uso da função conativa da linguagem, que tem como principal característica
uma mensagem centrada
A no próprio código.
B no canal de comunicação.
C em uma linguagem estilística.
D no relato de sentimentos e impressões pessoais.
E na busca de tentar convencer, persuadir, cativar o interlocutor.
Questão 13
Desafio dos 10 anos levanta debate sobre reconhecimento facial
17 de janeiro de 2019
[...] O jogo, apelidado de “desafio dos 10 anos” (ou #10yearchallenge, na hashtag do termo em inglês), viralizou desde
ontem (16) e tornou-se a principal “brincadeira” do momento [...]. O desafio ganhou toda forma de adaptação, desde
pessoas postando fotos comparando suas imagens nos últimos dez anos até um gancho para comparação de artistas,
políticos, locais e situações. [...]
Contudo, a popularidade do desafio provocou também debate por parte de especialistas em segurança da informação e
proteção de dados pessoais.
VALENTE, J. Desafio dos 10 anos levanta debate sobre reconhecimento facial. Disponível em: www.agenciabrasil.ebc.com.br. Acesso em: 19 jan. 2019.
O desafio dos 10 anos viralizou nas redes sociais. Especialistas em segurança da informação propuseram debates acerca
desse desafio para que as pessoas
A parem de publicar fotos de rosto nas redes sociais.
B escolham apenas uma rede social para publicar selfies.
C publiquem fotos somente dez anos após terem sido tiradas.
D saibam que não devem usar aplicativos de reconhecimento facial.
E fiquem mais conscientes sobre a forma como disponibilizam seus dados.
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Questão 14 Questão 15
TEXTO I O livro “O que é leitura”, de Maria Helena Martins, é de fun-
“Pinto isso porque eu queria ser uma máquina”, ele dizia. damental importância para a Língua Portuguesa, uma vez
Warhol adorava fazer declarações cínicas, que causassem que tal disciplina jamais poderá ser estudada se não por
escândalo: “Acho que seria sensacional se todo mundo meio da leitura e da escrita. A obra abrange a habilidade
fosse idêntico”, ou “Quero que todo mundo pense da que a nós é dada de compreender, conviver e modificar o
mesma maneira. Acho que todo mundo devia ser máquina.” mundo à medida que incorporamos experiências de leitura.
STRICKLAND, C. Arte comentada: da pré-história ao pós-moderno. A autora faz uma abordagem teórica a respeito da leitura
Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. p. 175. citando um trecho escrito por Paulo Freire: “A leitura do
TEXTO II mundo precede sempre a leitura da palavra, e a leitura
desta implica a continuidade da leitura daquela.” Através
da obra podemos perceber que a autora relaciona cons-
tantemente a leitura de mundo com a leitura intelectual,
citando inúmeros exemplos de leitura de mundo diversas,
narrando as sensações que a leitura do mundo nos causa
e a preferência particular por diferentes gêneros de leitura
intelectual.
OLIVEIRA, M. M. Plágio na constituição de autoria: análise da produção acadêmica
de resenhas e resumos publicados na internet. Dissertação (Mestrado em Letras) –
Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, p. 96. 2007.
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Questão 17 Questão 18
As vezes eu ligo o radio e danço com as crianças, simu- Segunda-feira
lamos uma luta de boxe. Hoje comprei marmelada para O que é mais triste que um trem?
eles. Assim que dei um pedaço a cada um percebi que eles
Que parte quando deve partir,
me dirigiam um olhar terno. E o meu João José disse:
Que tem somente uma voz,
— Que mamãe boa!
Que tem somente um caminho.
Quando as mulheres feras invade o meu barraco, os meus Nada é mais triste que um trem.
filhos lhes joga pedras. Elas diz:
— Que crianças mal iducadas! Ou talvez um burro de carga.
Eu digo: Está preso entre duas barras,
— Os meus filhos estão defendendo-me. Vocês são incultas, E nem pode olhar para o lado.
não pode compreender. Vou escrever um livro referente a Sua vida é só caminhar.
favela. Hei de citar tudo que aqui se passa. E tudo que
vocês me fazem. Eu quero escrever o livro, e vocês com E um homem? Não é triste um homem?
estas cenas desagradaveis me fornece os argumentos. Se vive há muito em solidão,
JESUS, C. M. Quarto de despejo. Edição popular, 1963. p. 17. Se acha que o tempo terminou.
O diário de Carolina Maria de Jesus, catadora de papel e Um homem também é coisa triste.
residente na favela do Canindé, em São Paulo, retrata o LEVI, P. Mil-sóis: poemas escolhidos. São Paulo: Todavia, 2019.
seu cotidiano, seus sonhos e sua relação com os demais Primo Levi (1919 – 1987) foi um químico e escritor judeu
moradores da favela. No diálogo acima, reproduzido por preso no campo de concentração Auschwitz II na Alemanha
Carolina em seu diário, a narradora nazista. Sua obra poética reflete a experiência incontornável
A registra o falar regional típico de migrantes que viviam de um ex-prisioneiro do Terceiro Reich. O eu poético recorre
em São Paulo. ao trem como recurso em sua poesia uma vez que a escolha
B marca uma aproximação entre as mulheres indicada desse recurso, com base na experiência dos prisioneiros na
por sua classe social. Alemanha nazista, representava
C estabelece uma relação afetiva, aproximando seu falar A o homem-máquina, reduzido a um trem ou a um burro
do falar das mulheres feras. de carga.
D imita o falar das “mulheres feras”, pois do contrário elas B o expansionismo do Estado alemão pela Europa
seriam incapazes de compreender. durante a Segunda Guerra Mundial.
E ironiza os desvios linguísticos cometidos pelas C um elemento da experiência prisioneira que é ao
mulheres, marcando um distanciamento entre ela e mesmo tempo concreto e simbólico.
as mulheres. D um meio de transporte, como o burro de carga, que
levava os prisioneiros aos campos de concentração.
E a coisificação do ser humano na experiência totalitária
alemã ao comparar o trem, o ser humano e o burro.
Questão 19
Língua Portuguesa, você é única. [...]
Você tem em si o dia e a noite, o sol e a lua. Você transita
tanto na poesia de Baudelaire, como na poesia de Leminski.
Amo tanto você certinha, como você rebelde. [...]
NASSIF, L. Declaração de amor à Língua Portuguesa.
Disponível em: jornalggn.com.br. Acesso em: 24 nov. 2019.
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Questão 20 Questão 22
Desde o início do ano 2000, quando explodiu a produção
cultural das periferias em todos os campos, que certo
estranhamento se dá. Quando se vê que, mesmo querendo
entrar no mundo do consumo, das marcas, das comodi-
dades do mundo capitalismo, parte dos artistas, produtores
culturais, ativistas da periferia que ascenderam socialmente,
não querem abrir mão da sua cultura e pertencimento, do seu
território. [...] Toda essa cultura da laje, de uma pobreza
potente, inventa mundos, modas, gírias, linguagem, inventa
a sua própria vida.
BENTES, I. O que pode um funk? Revista Cult.
Disponível em: https://revistacult.uol.com.br. Acesso em: 31 maio. 2019.
Questão 21
Disponível em: www.cbc.ca. Acesso em: 13 fev. 2020 (adaptado).
quanto “cêis” citam quebrada nos seus tcc’s e teses
“cêis” citam as cores das paredes natural tijolo baiano? Usando janelas de texto que geralmente aparecem em
“cêis” citam os seis filhos que dormem juntos? smartphones, como a de Termos e Condições, a ONG
“cêis” citam que geladinho é bom só porque custa 1,00? canadense Children of the Street Society criou uma campa-
nha da qual o cartaz acima faz parte e que tem como tema
“cêis” citam que quando vocês chegam pra fazer suas
“Cuidado com o que você concorda”. A campanha pretende
pesquisas
alertar
Seus vidros não abaixam?
Num citam, num escutam só falam, falácia! A os pais a respeito do uso que os filhos fazem das redes
É que “cêis” gostam do gourmet da quebradinha sociais e das imagens pessoais que eles compartilham
Um sarau, um sambinha, uma coxinha. nesses ambientes.
RIBEIRO, L. Menimelímetros. Negritude. B a sociedade como um todo a respeito de crimes como a
São Paulo: Editora Autonomia Literária, 2019. Coleção Slam.
exploração sexual de adolescentes e o uso de imagens
No Slam acima, os termos “cêis”, grafado entre aspas, comprometedoras como meio de extorsão.
assim como outros desvios da norma-padrão, possuem a
C adolescentes a respeito das responsabilidades envol-
função de
vidas no compartilhamento de imagens sexualmente
A evidenciar o tom de ameaça contido na voz lírica da explícitas de outras pessoas sem a sua autorização.
poesia.
D adolescentes a respeito do risco de compartilhar
B revelar uma relação de proximidade entre quem fala e em ambientes digitais imagens pessoais explícitas,
quem ouve. levando-o a refletir a respeito das consequências desse
C forjar a oralidade presente nesse tipo de poesia, tipo de atitude.
simulando um diálogo amistoso. E adolescentes a respeito dos cuidados que devem ser
D imitar o falar regional que aglutina os termos para tomados para que o compartilhamento de imagens
ganhar velocidade na fala. pessoais explícitas seja feito de forma segura, sem o
E marcar o distanciamento da classe social a que risco da exposição indevida dessas imagens.
pertence o eu lírico e o interlocutor.
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Questão 23 Questão 24
[...] Sem tradição de debate na esfera pública, boa parte Filosofia Olímpica de Vida
da população brasileira só começou a participar do debate Herdada dos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, a filosofia
público de ideias quando teve acesso à internet. O maior utiliza o esporte como instrumento para a promoção da
problema, talvez, seja que essa inserção não se deu paz, da união, e do respeito por regras e adversários.
através de um processo educacional, mas pela compra de As diferenças culturais, étnicas e religiosas são de grande
smartphones. importância nesta forma de pensar baseada na combi-
“Sem experiência de debate, a população começou a nação entre esporte, cultura e meio ambiente.
acessar a internet sem se preocupar com os limites da sua O objetivo é contribuir na construção de um mundo melhor,
atuação”, opina o jornalista e doutor em Ciências Políticas sem qualquer tipo de discriminação, e assegurar a prática
e professor da PUC-SP Leonardo Sakamoto [...]. esportiva como um direito de todos.
“O debate anônimo, sem fontes, desqualificado e que A educação, a integração cultural e a busca pela exce-
visa a desinformação na internet é um grande formador lência através do esporte são ideais a serem alcançados.
de opinião no Brasil. As pessoas não se preocupam com O Olimpismo tem como princípios a amizade, a compre-
a qualidade daquilo que consomem e do que repassam ensão mútua, a igualdade, a solidariedade e o fair play
desde que o conteúdo vá ao encontro daquilo que elas (jogo limpo). Mais que uma filosofia esportiva, o Olimpismo
acreditam”, analisa. Ele compara o conteúdo on-line a é uma filosofia de vida. A ideia é que a prática desses
um pedaço de carne. “No mercado, você olha o que está valores ultrapasse as fronteiras das arenas esportivas e
comprando, pergunta a procedência, sente o cheiro e toca. influencie a vida de todos.
Na internet, o conteúdo é consumido olhando apenas a Disponível em: www.cob.org.br.
embalagem.” [...]
PUGLIERO, F. Como o ódio viralizou no Brasil. Disponível em: O conceito de Olimpismo apresentado no texto pode ser
www.cartacapital.com. Acesso em: 24 fev. 2019. também observado nos Jogos Paralímpicos por meio
De acordo com o texto, o modo como as informações são A do alto investimento feito na organização dos jogos.
disseminadas na rede sinalizam para o fato de que B das adaptações propostas nas modalidades esportivas.
A a formação educacional do povo brasileiro está dividida C da dedicação dos atletas em busca de uma vida melhor.
em duas fases: a primeira foi a escolar e a segunda
D da premiação aos atletas com melhor desempenho
veio após o advento do smartphone.
físico.
B as tecnologias presentes em aparelhos como os
E do empenho dos atletas paralímpicos em busca de
smartphones devem estimular o senso crítico no
medalhas.
compartilhamento de conteúdos na internet.
C as pessoas são responsáveis por validarem as
informações propagadas na rede por meio de critérios
que atestem a veracidade dessas informações.
D a pluralidade de ideias será favorável ao debate público
quando as pessoas propagarem informações que forem
baseadas exclusivamente naquilo que elas defendem.
E o debate realizado na esfera virtual por meio de
smartphones propicia a divulgação de conteúdo
desqualificado que rebaixa a experiência da discussão
de ideias.
LC - 1o dia - Página 12
Questão 25
O uso da linguagem verbal nesse cartaz do Instituto Nacional do Câncer tem como principal finalidade
A comunicar aos colaboradores de empresas que 4 de fevereiro é o Dia Mundial do Câncer.
B divulgar aos trabalhadores meios de se protegerem dos raios solares durante o expediente.
C criticar, por meio de verbos no indicativo, chefes de equipe que promovem ambientes impróprios/inadequados para
os funcionários.
D orientar a equipe de trabalho que se expõe ao sol a denunciar o empregador por meio do Disque Saúde.
E alertar o empregador a preservar a saúde dos trabalhadores, auxiliando-os a se protegerem do câncer de pele.
LC - 1o dia - Página 13
TEXTO II
O bullying praticado via internet recebe o nome de
cyberbullying. As redes sociais [...] tornaram as ofensas
mais amplas, em função da velocidade das informações na
internet e da possibilidade do agressor se manter no anoni-
mato ou até mesmo utilizar nomes falsos.
No mundo virtual os cuidados com a exposição pessoal devem
ser muito grandes. A divulgação de telefones, e-mails e ende-
reços deve ser evitada, assim como a exposição de fotogra-
fias e vídeos pessoais. Quem se expõe demais na internet
corre mais risco de ser alvo de ofensas e piadas maldosas.
MINISTÉRIO PÚBLICO - SP. Bullying.
Disponível em: www.mpsp.mp.br. Acesso em: 11 jun. 2019.
LC - 1o dia - Página 14
Questão 29 Questão 31
A flor e a náusea O que se conhecia de “arte africana”, até então, era o que
[...] traziam os olhares modernistas com as máscaras da África
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da que viam no Museu de Etnografia do Trocadero, cheias
tarde daquilo que consideravam um “primitivismo” e que era,
e lentamente passo a mão nessa forma insegura. na verdade, o resultado de séculos e séculos da vibrante
tradição plástica africana da abstração. O continente
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
africano viu emergir civilizações ocultadas hoje pelo terror
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em da história que expressaram largamente o mistério da vida
pânico. através da expressão plástica e do estabelecimento de uma
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o tradição artística calcada na verdade utilitária e mágica do
ódio. cotidiano. Mas foi o olhar imperialista e os impulsos tirâ-
ANDRADE, C. D. de. A rosa do povo. 4. ed. Rio de Janeiro: Record, 1987.
nicos das potências ocidentais que quiseram relegar a arte
Os versos acima são parte de uma obra escrita nos anos africana ao quadro funcional, religioso e social.
críticos da Segunda Guerra Mundial, tempo em que surgia ARAUJO, E. In: BEVILACQUA, Juliana Ribeiro da Silva;
SILVA, Renato Araújo da. África em artes. São Paulo: Museu Afro Brasil, 2015. p. 5.
um inconformismo dos artistas diante do mundo. Nesse
contexto, o sujeito poético apresenta a flor como A respeito das produções artísticas africanas, o texto
A uma metáfora do fim da guerra e da violência, sendo o chama a atenção para
símbolo da renovação do mundo. A a expressão do estilo de vida rudimentar dos africanos,
B um símbolo da resistência do ser humano frente às sendo modesta em termos de sofisticação.
atrocidades do mundo, característica da poesia. B o fundamento em rituais místicos e crenças ancestrais,
C um símbolo da esperança que a poesia carrega em si, o que estreita essas obras à função religiosa.
capaz de intervir nos rumos da história humana. C a rigorosa orientação pelas tradições e signos dos
D uma metáfora da poesia como um símbolo de resis- povos nativos, o que torna difícil sua compreensão.
tência e mudança com relação ao sofrimento humano. D o apagamento da sua diversidade e pluralidade pela
E um símbolo da própria poesia que nasce como uma perspectiva ocidental, que as reduz a estereótipos.
forma de resistência e esperança no desabrochar de E a forte relação com a utilidade cotidiana dos objetos
um novo mundo com justiça social. produzidos, limitando sua criação a esse propósito.
Questão 30 Questão 32
Sabia que 33% dos diagnósticos de câncer no Brasil são XXXXXXX
de pele – e que, segundo o Instituto Nacional do Câncer, A louca agitação das vésperas de partida!
180 mil novos casos são registrados a cada ano? Por essas Com a algazarra das crianças atrapalhando tudo
e outras, todo o cuidado é pouco quando o verão chega e a E a gente esquecendo o que devia trazer,
gente passa mais tempo embaixo do sol. Trazendo coisas que deviam ficar...
MORO, H. Protetor solar: tudo que você precisa saber para cuidar da pele no verão.
Disponível em: www.revistaglamour.globo.com. Acesso em: 10 jun. 2019.
Mas é que as coisas também querem partir,
As coisas também querem chegar
Ao falar sobre a importância da proteção de pele durante A qualquer parte! – desde que não seja
a exposição ao sol, a autora utiliza em seu discurso uma Esse eterno mesmo lugar...
estratégia argumentativa que E em vão o Pai procura assumir o comando:
A comove, revelando casos de câncer de pele já confir- Mas acabou-se a autoridade...
mados no Brasil. Só existe no mundo esta grande novidade:
B seduz, destacando mais o valor de ser ter uma pele VIAJAR!
bonita do que saudável. QUINTANA, M. Preparativos de viagem. São Paulo: Globo, 2008. p. 23.
C alarma o leitor, ao citar dados que atestam e projetam Cada sistema de comunicação é composto por elementos
o avanço do câncer de pele no Brasil. que o caracterizam. No poema apresentado, é possível
D intimida as pessoas a usarem protetor solar com identificar que um dos aspectos que compõem o texto é
expressões de ordem, como “Use protetor”. A o caráter informativo.
E valoriza a mulher, estimulando-a a cuidar da pele como B o uso de figuras de linguagem.
uma forma de amor e carinho por si mesma.
C a ênfase no aspecto descritivo.
D o uso de uma linguagem objetiva.
E a impessoalidade dos fatos narrados.
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Questão 33 Questão 34
O astrônomo lendo um mapa de estrelas que não existem
mais; [...] o zoólogo lendo os rastros de animais na floresta;
o jogador lendo os gestos do parceiro antes de jogar a carta
vencedora; [...] os pais lendo no rosto do bebê sinais de
alegria, medo, admiração; [...] o pescador havaiano lendo
as correntes do oceano ao mergulhar a mão na água;
o agricultor lendo o tempo no céu – todos eles comparti-
lham com os leitores de livros a arte de decifrar e traduzir
signos. [...] Algumas dessas leituras são coloridas pelo
conhecimento de que a coisa lida foi criada para aquele
propósito específico por outros seres humanos – a notação
musical ou os sinais de trânsito, por exemplo – ou pelos
deuses, – o casco da tartaruga, o céu à noite. Outras per-
HOLCROFT, John. Ilustração. Disponível em: tencem ao acaso. E, contudo, em cada caso é o leitor que
www.johnholcroft.com. Acesso em: 1 jun. 2019.
confere a um objeto, lugar ou acontecimento uma certa
A crítica social faz parte das obras do ilustrador inglês John legibilidade possível. [...] Todos lemos a nós e ao mundo à
Holcroft desde o início de seu trabalho, em 1996. Na obra nossa volta para vislumbrar o que somos e onde estamos.
apresentada, ao abordar o uso das mídias sociais, o artista Lemos para compreender, ou para começar a compre-
reflete sobre ender. Não podemos deixar de ler. Ler, quase como respirar,
é nossa função essencial.
A a necessidade de curtidas como fortalecimento para a MANGUEL, A. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 19.
ego.
As ideias conduzidas no texto se organizam de modo a
B o sucesso virtual medido pelo número de curtidas
estabelecer relações que constroem seu sentido. Nessas
alcançadas.
relações,
C o reduzido número de curtidas necessário para encher
o ego. A a expressão “E, contudo” exprime uma ideia de
contraste.
D o excesso de conteúdo pouco relevante e a superficia-
lidade do ego. B a leitura de palavras no papel é apenas uma das formas
de leitura.
E a compulsão por curtir publicações como forma de
preencher o ego. C a ausência de conectivos prejudica a construção de
sentidos do texto.
D a expressão “Outras pertencem ao acaso” sinaliza uma
sequência de ideias.
E o conjunto de enumerações de pessoas lendo, sem
ligação entre si, torna o fragmento um texto desprovido
de coerência.
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Questão 35 Questão 37
Um estilo de vida ativo traz diversos benefícios à saúde. Médico e subdelegado vieram daí a pouco; fez-se o
Ações realizadas pelo indivíduo no seu dia a dia, como curativo, e tomaram-se as informações. O desconhecido
alimentação, práticas de atividades físicas regulares e declarou chamar-se Fortunato Gomes da Silveira, ser
convívio social contribuem para manter a funcionalidade do capitalista, solteiro, morador em Catumbi. A ferida foi reco-
corpo, o que permite desempenhar as atividades cotidianas
nhecida grave. Durante o curativo ajudado pelo estudante,
de forma independente. À medida que ocorre o envelhe-
Fortunato serviu de criado, segurando a bacia, a vela,
cimento do organismo, o desempenho físico é afetado.
Dentre as diversas funções prejudicadas pelo avançar da os panos, sem perturbar nada, olhando friamente para o
idade está o sistema muscular. Quando a massa muscular ferido, que gemia muito. No fim, entendeu-se particular-
é deteriorada, há dificuldades de realização de atividades mente com o médico, acompanhou-o até o patamar da
cotidianas, muitas vezes, tornando o idoso dependente de escada, e reiterou ao subdelegado a declaração de estar
auxílio de outras pessoas. Entretanto, já é comprovado pronto a auxiliar as pesquisas da polícia. Os dous saíram,
que o exercício físico proporciona benefícios psicológicos ele e o estudante ficaram no quarto.
e fisiológicos, sendo uma forma de reduzir e/ou prevenir Garcia estava atônito. Olhou para ele, viu-o sentar-se tran-
declínios funcionais associados ao envelhecimento. quilamente, estirar as pernas, meter as mãos nas algibeiras
MACIEL, M. G. Atividade física e funcionalidade do idoso. Motriz. v. 16 n. 4, 2010.
das calças, e fitar os olhos no ferido. Os olhos eram claros,
Ao abordar as mudanças que podem acontecer com o cor de chumbo, moviam-se devagar, e tinham a expressão
envelhecimento, o texto sugere que dura, seca e fria. Cara magra e pálida; uma tira estreita
A o envelhecimento impede a adesão do indivíduo a de barba, por baixo do queixo, e de uma têmpora a outra,
práticas de atividade física regulares. curta, ruiva e rara. Teria quarenta anos.
ASSIS, Machado de. A causa secreta. In______. Várias Histórias.
B a funcionalidade do corpo só é afetada com o avançar São Paulo: Inc Editores, 1946.
da idade quando não se tem um estilo de vida ativo.
A narração apresenta uma sequência de ações desenca-
C o exercício físico regular pode prevenir a perda da
deadas pelo ferimento de um desconhecido. No trecho
funcionalidade do corpo, contribuindo para a indepen-
“fez-se o curativo”, a palavra “se” desempenha a mesma
dência do idoso.
função em
D o exercício físico proporciona benefícios psicológicos
ao idoso, sendo uma forma de ajudá-lo a aceitar sua A “[...] moviam-se devagar [...].”
dependência para as atividades diárias. B “[...] e tomaram-se as informações.”
E a falta de incentivo da prática de exercício físico pelos C “[...] viu-o sentar-se tranquilamente [...].”
idosos afeta a funcionalidade do corpo, tornando o D “O desconhecido declarou chamar-se Fortunato [...].”
idoso dependente de auxílio de outras pessoas. E “No fim, entendeu-se particularmente com o médico [...].”
Questão 36
Trilha sonora ao fundo: piano no bordel, vozes barganhando
uma informação difícil. Agora silêncio; silêncio eletrônico,
produzido no sintetizador que antes construiu a ameaça das
asas batendo freneticamente.
Apuro técnico.
CESAR, A. C. A teus pés. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
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Questão 38 Questão 40
Museu usa linguagem de redes Poemas aos homens do nosso tempo.
sociais para atrair público X
O método despertou a curiosidade dos jovens pela arte
Amada vida:
A mistura de arte com a linguagem das mídias sociais
Que essa garra de ferro
aumentou em 78% a visitação ao Museu Nacional de Belas
Artes (MNBA). A exposição Hashtags da Arte selecionou Imensa
40 obras do acervo do museu e marcou cada uma delas Que apunhala a palavra
com adesivos com palavras-chave usadas em aplicativos Se afaste
misturadas às descrições das obras. O método despertou Da boca dos poetas.
a curiosidade dos jovens pela arte. [...] PÁSSARO-PALAVRA
Um exemplo é o quadro datado de 1817 que mostra LIVRE
Dom João VI posando com seu traje bordado a ouro, VOLÚPIA DE SER ASA
que ganhou as hashtags #lookdodia, #reidocamarote e NA MINHA BOCA.
#ostentação, entre outras.
GANDRA, A. Museu usa linguagem das redes sociais para atrair público. Disponível em: Que essa garra de ferro
www.agenciabrasil.ebc.com.br. Acesso em: 21 nov. 2019 (adaptado).
Imensa
A exposição Hashtags da Arte desperta o interesse do leitor Que me dilacera
por se apropriar de uma linguagem digital, que consiste
Desapareça
no uso de uma palavra-chave antecedida do sinal #.
Essa linguagem agrega às obras artísticas um caráter Do ensolarado roteiro
Do poeta.
A realista, por expor seus significados sem artifícios. PÁSSARO-PALAVRA
B intimista, por adotar expressões familiares e populares. LIVRE
C sensacionalista, por apelar às piadas típicas da internet. VOLÚPIA DE SER ASA
D instrucional, por traduzir ao público a complexidade NA MINHA BOCA.
delas.
Que essa garra de ferro
E modernizante, por articular o contemporâneo e o Calcinada
clássico.
Se desfaça
Questão 39 Diante da luz
Intensa da palavra.
PALAVRA-LIVRE
Volúpia de ser pássaro
Amada vertiginosa.
Asa.
HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
Disponível em: www.f.i.uol.com.br. Acesso em: 20 nov. 2019.
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Questão 41 Questão 42
Eugenio D’Ors, historiador da arte e ensaísta espanhol, Ah! Quantas recordações aquela escada me trazia... Era
desenvolveu um estudo no qual relacionava o poder das aí, nos seus últimos degraus [...] que eu, todos os dias,
instituições políticas e religiosas com a forma das cúpulas ao despedir-me de Laura, trocava com esta o silencioso
de seus templos e castelos. Na Idade Média, segundo ele, juramento de nosso olhar. Foi aí que eu pela primeira vez
esses edifícios eram encimados por torres que represen- lhe beijei [...].
tavam arquitetonicamente os senhores feudais – poderosos Estaquei, todo vergado lá para dentro, escutando.
e independentes. Já a monarquia francesa, estabelecendo Nada!
um poder central, fez construir majestosas cúpulas arre-
dondadas para seus castelos, com arcos que se “curvam” Entrei na sala de visitas [...]. Reconheci os primeiros
num ponto central, representando o nascente poder real. objetos em que tropecei; reconheci o velho piano em
A Igreja, em oposição a esse poder, edificou catedrais cujas que ela costumava tocar as suas peças favoritas; reco-
cúpulas procuravam alcançar o céu, única fonte de poder, nheci as estantes, pejadas de partituras, em que nossas
segundo sua doutrina. Assim, através da linguagem arqui- mãos muitas vezes se encontraram, procurando a mesma
tetônica, senhores feudais, Igreja e reis deixaram expressa música; e depois, avançando alguns passos de sonâm-
em seus monumentos sua disputa pelo poder material e bulo, dei com a poltrona [...].
cultural da humanidade. Esbarrei contra uma mesinha redonda, tateei-a, achei
COSTA, C. Questões de arte: a natureza do belo, da percepção sobre ela, entre outras coisas uma bilha d’água; bebi
e do prazer estético. São Paulo: Moderna, 1999. p. 12. sequiosamente. Em seguida procurei achar a porta,
A respeito do papel desempenhado pela arquitetura no que comunicava com o interior da casa; mas vacilei.
Tremiam-me as pernas e arqueja-me o peito.
percurso histórico da humanidade, o texto permite compre-
ender que [...]
Mas era preciso decidir-me a entrar. Quis chamar por
A tem sido utilizada ao longo da história como ferramenta
alguém; não consegui articular mais do que o murmúrio de
de alienação diante de aspectos sociais e políticos.
um segredo indistinguível. [...]
B sua preocupação central é o caráter monumental Glossário
dos edifícios, independentemente do cenário político Pejado: cheio
vigente. Bilha: vaso de barro.
AZEVEDO, A. Demônios. Os melhores contos fantásticos.
C considera não apenas o fator estrutural das edifica- Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
ções, como também o contexto político e social de
cada época. A função expressiva da linguagem, predominante no frag-
mento, valoriza os sentimentos daquele que fala. Essa
D está submetida aos padrões ditados pelas classes função se destaca no trecho:
dominantes, que prezam pela estética em detrimento
da estrutura. A “Tremiam-me as pernas e arqueja-me o peito.”
E prioriza as grandes edificações, tais como castelos e B “Estaquei, todo vergado lá para dentro, escutando.
catedrais, a fim de concentrar a população em espaços Nada!”
determinados. C “avançando alguns passos de sonâmbulo, dei com a
poltrona”.
D “não consegui articular mais do que o murmúrio de
um segredo indistinguível”.
E “Reconheci os primeiros objetos [...]; reconheci o velho
piano [...]; reconheci as estantes”.
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Questão 43 Questão 44
Carta aberta a um procurador da República O esporte pretende inventar uma moral que promova
Senhor procurador, a competição e ao mesmo tempo o respeito ao outro,
a autoafirmação na solidariedade universal. Jogar significaria
Escrevo-lhe esta carta porque soube que o Sr. entrou com
ser moral, competir significaria ser exemplar, deferente para
ação na Justiça requerendo a imediata retirada de circu-
com o outro em particular, tanto quanto enérgico ou apaixo-
lação, suspensão de tiragem, venda e distribuição do
nado. Imensa ideologia da época, que chega a configurar
dicionário Houaiss, porque no verbete “cigano” há acep-
uma visão ética, quase pedagógica, associando à exercitação
ções ao seu ver carregadas de preconceito ou xenofobia,
dos concursos a sua pacificação e a sua exemplaridade.
apesar da informação explícita no dicionário de que tais
CORBIN, A. ; COUTINE, J.; VIGARELLO, G. História do corpo: As mutações do olhar.
acepções são pejorativas. Para o Sr., o texto do verbete O século XX. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
afronta a Constituição Federal e pode ser considerado
Ao abordar o ideal projetado por Pierre de Coubertin, o qual
racismo. É para ajudá-lo nessa importante tarefa de cortar
propõe uma transformação no modo como as práticas
as afrontas linguísticas à Constituição da República que
corporais são utilizadas para incentivar determinadas formas
lhe escrevo esta carta aberta, na esperança de que ela lhe
de interação social, o texto reconhece no esporte e na com-
chegue às mãos.
petição potencial para o desenvolvimento de qualidades
Há, na língua portuguesa e consequentemente nos dicio-
nários, outros verbetes racistas e preconceituosos que A éticas.
afrontam nossa Carta Magna, como “judiar”, “judiaria”, B físicas.
“judiação”, uma verdadeira apologia ao antissemitismo. C morais.
[...] deve-se igualmente requerer que a Justiça mande D psicológicas.
suprimir do Houaiss e de tantos outros dicionários também E competitivas.
o verbo “denegrir”, que é um acinte aos afrodescendentes
por sua significação pejorativa. Questão 45
Como vê, Sr. Procurador, sua tarefa é extremamente
árdua. [...] Mas, se de todo for impossível acabar de vez
com os dicionários e livros científicos, cuja função é exa-
tamente a de informar e ensinar sem preconceitos, só lhe
resta uma solução, dada a dificuldade de cumprir a missão
de salvar a língua portuguesa e a cultura brasileira dos
preconceitos e afrontas à Lei Maior: desista dessa ação.
[...]
José Augusto Carvalho
Disponível em: www.congressoemfoco.uol.com.br. Acesso em: 20 nov. 2019 (adaptado).
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TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I
A necessidade de se deslocar diariamente para cumprir tarefas corriqueiras é muitas vezes um desafio para quem vive nas
cidades. Desafio que se impõe também aos gestores que precisam planejar um sistema integrado, sustentável e capaz de
atender à demanda da mobilidade dos habitantes.
A trabalhadora doméstica Maria Sales é uma dessas milhares de pessoas que conhecem bem os problemas no sistema de
mobilidade urbana. A reportagem da Agência Brasil acompanhou a rotina da trabalhadora. Atualmente, ela passa a maior
parte da semana morando na casa onde trabalha. Se precisasse sair de casa todos os dias para ir ao trabalho, teria que
percorrer diariamente cerca de 34 quilômetros para se deslocar da cidade de Santo Antônio do Descoberto (GO) até o
trabalho, em Águas Claras (DF).
Ao longo desse percurso, Maria enfrenta pelo menos uma vez por semana quase duas horas de deslocamento, com cerca
de um quilômetro de caminhada e mais dois trechos de ônibus. Ela explica que, assim como outros moradores da região,
precisa acordar por volta das 4h, pois o primeiro ônibus que pega passa somente uma vez por dia. “Quando a gente perde o
ônibus aqui tem que subir para a rodoviária, aí você imagina essa ladeirinha maravilhosa todos os dias”, diz, mostrando uma
subida de mais de um quilômetro. [...]
A baixa oferta de transporte público, o alto custo das passagens, a falta de infraestrutura – como sinalização e calçadas
inexistentes – e a insegurança são fatores que tornam o sistema de mobilidade urbana ineficiente. Isso tudo resulta em
problemas como maior tempo de deslocamento nos centros urbanos, excesso de veículos nas vias e consequentemente
maior número de mortes no trânsito e mais poluição.
Disponível em: www.ebc.com.br. Acesso em: 24 jan. 2020.
TEXTO II TEXTO III
No Brasil, a lei federal nº 12.587, de 2012, estabeleceu as se- Eficiência do uso do espaço em transporte segundo veículo
guintes diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana: Dados adaptados e atualizados do livro Operação
• integração com a política de desenvolvimento urbano e “La bicicleta y los triciclos”. Navarro at al 1985 ideal
Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 30 jan. 2020. Disponível em: www.mobilize.org.br. Acesso em: 26 jan. 2020.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija
um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Desafios da mobi-
lidade urbana sustentável no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
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camiseta de time de futebol, é fácil acusá-lo de ter ‘abando- O texto apresenta uma formulação do conceito de liber-
nado’ sua identidade cultural. Esquecemo-nos, porém, de dade associada à obediência das leis, que, para Espinosa,
que essa identidade cultural não é uma essência pura, que diz respeito ao(à)
deve ser supostamente ‘preservada’, e sim um modo de se
construir socialmente. A natureza humana.
MAIA, J. M. E.; PEREIRA, L. F. A. Pensando com a sociologia. B suprema felicidade.
Rio de Janeiro: FGV, 2009.
C uso correto da razão.
TEXTO II
D aperfeiçoamento da justiça.
Pesquisadores indígenas divulgam
suas descobertas nas aldeias E conhecimento intuitivo de Deus.
Quando os primeiros alunos indígenas ingressaram na
UFSCar em 2008, a universidade os colocou em blocos
separados do alojamento estudantil. Do ponto de vista
da gestão, essa era uma maneira de investir na inte-
gração. Os estudantes, entretanto, não aprovaram a ideia.
“Estavam indo para um espaço completamente diferente,
distante de suas famílias, e preferiam ficar juntos”.
Eles perceberam a necessidade de estarem juntos,
organizados, e criaram seu coletivo. Em 2013, construíram
o Centro de Culturas Indígenas (CCI) e ganharam uma
sala de convivência e discussão de pautas. Foi dentro do
CCI que conceberam o Encontro Nacional de Estudantes
Indígenas, que em sua primeira edição reuniu mais de
400 pessoas, especialmente estudantes e lideranças indí-
genas, de mais de 50 universidades.
OLIVEIRA, A. Pesquisadores indígenas divulgam suas descobertas nas aldeias.
Disponível em: paineira.usp.br. Acesso em: 24 set. 2019.
CH - 1o dia - Página 22
Questão 49 Questão 51
No caso da “anamorfose geográfica”, cada país é redese- A tradicional festa baiana tem uma característica de
nhado de forma que seu polígono sofra uma deformação hibridez religiosa intensa. O Senhor do Bonfim, Oxalá nos
proporcional a um tema de interesse. Com essa técnica, cultos afro-brasileiros, abre a possibilidade de visualizar
consegue-se visualizar o tema de uma forma mais direta. num mesmo espaço seguidores de religiões distintas,
Figura I Figura II dispostos pacificamente e em clima de festa. Este sincre-
tismo religioso, que marca a “personalidade” cultural do
povo baiano [...].
BONFIM, Luís Américo. Lavagem do Bonfim: tradições e representações da fé na Bahia.
In: Congresso Virtual de Antropologia, Simpósio em Antropologia Visual, Ciudad Virtual de
Antropología y Arqueología/Equipo NAYA, 2, 2000.
CH - 1o dia - Página 23
C variação frequente no regime de marés do litoral da O acontecimento de 1930 no Brasil é conhecido hoje como
Califórnia. uma revolução. Entretanto, de acordo com o texto, aos
D estabilização de um sistema de alta pressão que limita olhos de parte da população brasileira que o vivenciou,
as chuvas na região. ele significou inicialmente
E padrão elevado de consumo dos países asiáticos A a manutenção do poder das antigas oligarquias cafeeiras.
banhados pelo Pacífico. B a transferência de poder dentro das elites econômicas
brasileiras.
Questão 53 C a chegada ao poder de grupos populares tradicional-
mente excluídos.
TEXTO I
D uma oportunidade de reconstrução do governo e mora-
Entre fins de fevereiro de 1945, quando José Américo de
lização da política.
Almeida rompeu o cerco da censura, e 29 de outubro,
E o avanço das ideias liberais contra o conservadorismo
com a deposição de Vargas, a sociedade brasileira, em
pleno processo de democratização política e mobilizada das oligarquias rurais.
em dois campos antagônicos, assistiu e participou de um
Questão 55
movimento de massa, de proporções grandiosas, conhe-
cido como queremismo. Mobilização somente comparada, Erosão
em período anterior, à da Aliança Nacional Libertadora e, Processo pelo qual a camada superficial do solo ou partes
décadas depois, à das “diretas já”. do solo são retiradas pelo impacto de gotas de chuva,
FERREIRA, J. Queremismo, trabalhadores e cultura política. Varia historia, n. 28, 2002. ventos e ondas e são transportadas e depositadas em outro
lugar. Inicia-se como erosão laminar e pode até atingir o
TEXTO II
grau de voçoroca.
Disponível em: www.geografia.seed.pr.gov.br. Acesso em: 8 jun. 2019 (adaptado).
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Questão 56 Questão 58
Esclarecimento (Aufklärung) significa a saída do homem TEXTO I
de sua minoridade, pela qual ele próprio é responsável. [...] Estudo sugere o contrário: maioria crê que a população
A minoridade é a incapacidade de se servir de seu próprio do país acolhe bem os estrangeiros. Refugiados e imigração
entendimento sem a tutela de um outro. É a si próprio que são temas que dominam os talk shows alemães. [...] Apenas
se deve atribuir essa minoridade, uma vez que ela não em 2018, autoridades registraram 2 mil crimes contra abrigos
resulta da falta de entendimento, mas da falta de resolução [...] enquanto as marchas anti-imigração de extremistas de
e de coragem necessárias para utilizar seu entendimento direita aumentaram. Em 2015, as imagens da Alemanha que
sem a tutela de outro. Sapere aude! Tenha a coragem de te circulavam pelo mundo eram bem diferentes: pessoas rece-
servir de teu próprio entendimento, tal é, portanto, a divisa bendo refugiados com faixas de boas-vindas [...]
do Esclarecimento. HODALI, D. Cultura das boas-vindas continua em alta na Alemanha.
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é o Esclarecimento?. Disponível em: www.noticias.uol.com.br. Acesso em: 25 nov. 2019.
Brasília: Casa das Musas, 2008.
TEXTO II
O texto de Immanuel Kant, publicado em 1784, representa
uma postura filosófica relacionada ao(à) Merkel disse também que não há limite legal para o número
de requerentes de asilo que a Alemanha pode receber e que
A dissolução do Antigo Regime, suplantado por regimes
não impedirá ninguém de buscar asilo no país. O governo
de matriz liberal.
alemão também vem mantendo diálogo com outros países,
B política pangermanista, que assentaria as bases para a na tentativa de encontrar formas para ajudar permanente-
unificação alemã. mente os refugiados.
C Segunda Escolástica, que romperia com o pensamento Disponível em: www.metropoles.com. Acesso em: 9 dez. 2019.
teológico clássico.
No que tange à imigração, o contexto dado exprime um
D Anarquismo, que se desenvolvia no contexto da indus- papel de
trialização europeia.
A isolamento dos movimentos pró-refugiados.
E restauração do Absolutismo, então ameaçado pelas
massas não escolarizadas. B deliberação por parte da atual gestão alemã.
C abstenção social em relação à polarização política.
Questão 57 D hegemonia exercido pelos movimentos anti-imigração.
Pode haver sérias diferenças entre princípios de justiça E repressão institucional em relação aos imigrantes
concorrentes que sobrevivam ao exame crítico e tenham legais.
pretensão de imparcialidade. Esse problema é bastante
sério, por exemplo, para a pressuposição feita por Rawls
de que haverá uma escolha unânime de um conjunto único
de “dois princípios de justiça” e uma situação hipotética
de igualdade primordial (por ele chamada de “posição
original”), em que as pessoas não sabem quais são seus
interesses pelo próprio benefício. Isso pressupõe que existe
fundamentalmente apenas um tipo de argumento imparcial
que satisfaça as exigências da justiça e do qual os inte-
resses pelo próprio benefício tenham sido amparados.
SEN, A. A ideia de justiça. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
CH - 1o dia - Página 25
Questão 59 Questão 60
Pai Nosso da Umbanda De acordo com o Global Soil Forum, estima-se que,
Pai Nosso que estais nos céus, nas matas, nos mares e em nos últimos 50 anos, a quantidade de terra agricultável
todos os mundos habitados. per capita diminuiu cerca de 50% no mundo. Dados da
Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Santificado seja o teu nome, pelos teus filhos, pela natureza,
Agricultura (FAO) apontam que cerca de 33% das terras
pelas águas, pela luz, e pelo ar que respiramos.
têm alto ou médio grau de degradação.
Que o teu reino, reino do bem, reino do amor e da frater- Disponível em: www.revistagloborural.globo.com. Acesso em: 3 out. 2019.
nidade, nos una a todos e a tudo que criastes em torno da
sagrada cruz, aos pés do Divino Salvador e Redentor. Uma prática possível para a redução do problema
Que a tua vontade nos conduza sempre à vontade firme ambiental citado no texto seria
para sermos virtuosos e úteis aos nossos semelhantes. A o uso de técnicas de cultivo como a aração e o roçado,
Dai-nos hoje o pão do corpo, o fruto das matas e a água visando diminuir a retirada e o carregamento de sedi-
das fontes para o nosso sustento material e espiritual. mentos do solo.
Perdoa, se merecermos, as nossas faltas e dá o sublime B a priorização da pecuária extensiva em detrimento da
sentimento do perdão para os que nos ofendam. intensiva, em razão da compactação do solo gerada
Não nos deixeis sucumbir ante a luta, dissabores, ingrati- pelo pisoteio do gado.
dões, tentações dos maus espíritos e ilusões pecaminosas C o incentivo à produção agrícola orgânica por meio do
da matéria. processo de hidroponia, que possui como consequên-
Envia-nos Pai, um raio da tua divina complacência, luz cia a redução do uso direto do solo.
e misericórdia para os teus filhos pecadores que aqui D potencializar o uso de fertilizantes químicos, agrotóxi-
habitam, pelo bem da humanidade, nossa irmã. cos e sementes geneticamente modificadas, criando
Assim seja e assim será, pois essa é a Vossa vontade, artificialmente condições favoráveis ao uso.
Olorum, nosso Divino Pai Criador.
Autor Desconhecido. Reproduzido em: CAMARGO, A.
E o uso do terraceamento como forma de melhor aproveita-
Banhos, Defumações e Benzimentos, Ed. Livre Expressão, 2015. mento do solo e diminuição da erosão, dada a facilidade
de se plantar em conjunto com maquinário moderno.
O texto reproduzido faz parte dos procedimentos ritualísticos
da Umbanda. Sobre a religião umbandista e essa oração,
Questão 61
percebemos que
O cinema dos anos 50 tinha um importante papel na difusão
A impõe a visão africana e indígena à crença católica, ao
de ideias [...]. Neste momento crucial para o capitalismo
modificar as palavras da oração.
norte-americano, que precisava sustentar a sua prin-
B provoca uma distorção negativa da crença cristã ao cipal fonte de acumulação – o investimento em defesa –,
descontextualizar uma de suas orações. Hollywood, como já o fizera anteriormente, colaborou para
C trata-se de uma crença religiosa colonizada pela Europa, viabilizar este objetivo. E colaborou com aquilo que de
pois tem suas orações na base cristã. melhor tinha a oferecer: o divertimento. Com ele era pos-
sível desenvolver um mundo imaginário completo que tanto
D demonstra um aspecto religioso sincrético, o que
modela como é modelado pelos juízos de valores coletivos
evidencia a diversidade cultural presente no país.
do público. O divertimento vira propaganda indireta e a
E mostra a força do catolicismo no país, que está presente propaganda vira divertimento. Foi dessa forma que a indús-
em todas as crenças, incluindo a umbanda. tria se incorporou ao esforço das elites – das quais também
fazia parte – para criar o Novo Inimigo Total.
CANCELLI, V. Macarthismo, ficção científica e indústria de armas: os efeitos de uma
íntima relação. Tese (Doutorado em História Econômica) – Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, p. 93-94, 1994.
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Questão 62 Questão 64
A impressão de grandes tiragens da Bíblia em vernáculo, O aparato produtivo flexível e sua adaptação às flutuações
ocorrida pouco após a invenção da imprensa, foi decisiva de mercado (just-in-time). Essa regra permite ao toyotismo
para a ocorrência da Reforma Protestante. Heresias e atender sua produção à demanda de bens e serviços, com
divergências dentro da Igreja não eram novidade, mas isso os trabalhadores têm que se adaptar à produção.
possuíam alcance limitado até então. A imprensa foi Surge aqui a expressão “trabalhador polivalente”, que
encarada pelos dissidentes como um presente dos céus rompe de vez com o trabalhador altamente especializado
que ofereceu aos cristãos um novo rumo de fé. do sistema fordista (o executor de apenas uma única tarefa
LAIGNIER, P., FORTES, R. (Org.). Introdução à história da comunicação. no processo produtivo). Aqui o trabalhador tem que exe-
Rio de Janeiro: E-papers, 2009. p. 33-34.
cutar várias tarefas, pois se a produção for de um determi-
O advento da imprensa contribuiu para a Reforma nado bem “X” o trabalhador executará uma operação para
Protestante ao a produção desse bem, mas se a demanda for por outro
bem “Y” o trabalhador executará outro movimento.
A facilitar o combate a heresias e cisões religiosas. SANTOS, V. C. Da era fordista ao desemprego estrutural da força de trabalho:
B favorecer novas leituras e interpretações da Bíblia. mudanças na organização da produção e do trabalho e seus reflexos.
Colóquio Internacional Marx e Engels, v. 6, 2009.
C reduzir a importância da Bíblia perante novos livros.
Com base no texto, é possível identificar que o toyotismo é
D realizar a padronização da linguagem do texto bíblico.
A o fortalecimento de um processo produtivo pouco
E propiciar um novo consenso intelectual dentro da Igreja.
flexível.
B a manutenção canônica do paradigma de produção
Questão 63
fordista.
TEXTO I C o reforço da estratégia de inundar o mercado com
produtos.
D o combate à mecanização produtiva que dispensa o
trabalhador.
E a solução da tecnologia para contingências do panora-
ma econômico.
TEXTO II
Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres
humanos, independentemente de raça, sexo, nacionali-
dade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição.
Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade,
à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho
e à educação, entre muitos outros. Todos merecem esses
direitos, sem discriminação.
Disponível em: www.nacoesunidas.org. Acesso em: 13 fev. 2020.
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Questão 67
TEXTO I
Se analisarmos bem alguns aspectos econômicos do
0 500 2 000 5 000 10 000 20 000 50 000
governo JK, é possível entender o motivo pelo qual o
Disponível em: www.queimadas.dgi.inpe.br. Acesso em: 26 set. 2019. Estado não deve interferir na economia. O Plano de Metas
O bioma Amazônia apresenta alta incidência de focos que faria com que o Brasil crescesse 50 anos em apenas
de calor. Além dele, a intensa concentração desses 5 é um dos exemplos de como as boas intenções podem
focos pode ser identificada principalmente na área de levar a resultados desastrosos.
Disponível em: www.studentsforliberty.org. Acesso em: 12 fev. 2019.
abrangência da(o)
TEXTO II
A Mata Atlântica, tendo relação direta com a ação antró-
pica, como na expansão das monoculturas de grãos. Era um Brasil que levantava pela primeira vez a Copa do
Mundo e se descobria nos gols de Pelé e Garrincha, nas
B Cerrado, podendo estar relacionada com a conversão
melodias de Tom e Vinicius, no cinema novo e na arquitetura
da vegetação nativa em áreas de expansão da fronteira
de Niemeyer. De um matagal no Planalto, erguia-se Brasília.
agrícola. A indústria automobilística acelerava a industrialização, e o
C Pampa, devido à extração de madeira e ao avanço brasileiro recebia o maior salário mínimo da História.
das áreas de policultura contendo café, soja e A visão e o legado de JK. Revista Época.
Disponível em: www.glo.bo. Acesso em: 12 fev. 2019.
cana-de-açúcar.
D Caatinga, relacionando-se com o caráter inflamável da As perspectivas apresentadas pelos textos sobre o governo
vegetação nativa predominante e com a atuação da de Juscelino Kubitschek representam visões
atividade agropecuária. A contrárias, defendendo posições distintas sobre o
E Mata Atlântica, considerando a ampla utilização do universo cultural da gestão de Kubitschek.
fogo em práticas agropastoris visando ao desenvolvi- B semelhantes, já que entendem o governo JK como um
mento da agricultura e à renovação de pastagens. período de liberdades sociais e morais.
C divergentes, sobre a aprovação do governo JK, apesar
Questão 66 de contemplar aspectos distintos da gestão.
24/05 (quinta-feira, 4o dia) – Impactos à D convergentes, observando no governo de Juscelino um
população, intervenção militar na pauta e acordo exemplo pelo sucesso do Plano de Metas.
sem unanimidade
E próximas, por entenderem que, apesar de algumas
Greve mostra força e gera impacto em abastecimento falhas, o balanço geral da época JK foi positivo.
e transportes de pelo menos 15 Estados, mais o Distrito
Federal. Os efeitos a essa altura incluem redução de
frotas de ônibus, falta de combustíveis e disparada de
preços em postos de gasolina, cancelamento de aulas em
universidades, voos ameaçados por falta de combustível,
prateleiras vazias em supermercados e centros de abaste-
cimento e a interrupção da produção em fábricas.
Disponível em: https://www.bbc.com/. Acesso em: 8 fev. 2019.
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A transição do capitalismo abordada pelo texto se firma no A transição do Brasil para a condição de nação indepen-
momento em que se dente gerou uma revisão na política indigenista colonial
com o objetivo de definir os parâmetros que o Império
A consolida a superação dos obstáculos espaço- deveria adotar em relação aos índios. Personagem
temporais que viabilizam a construção de um sistema destacado nesse processo foi José Bonifácio de Andrada
de produção pautado em uma integração na realidade e Silva, que apresentou à Assembleia Constituinte de 1823
heterogênea global. uma detalhada proposta sobre o assunto. A dissolução da
B propicia a estruturação saudável das economias Assembleia Constituinte interrompeu o debate sobre os
periféricas para que realizem pelo processo de índios, e a Constituição outorgada em 1824 abriu margem
industrialização, vistos a propagação das tecnologias e para considerá-los cidadãos.
MOREIRA, V. M. L. De índio a guarda nacional: cidadania e direitos indígenas no Império
o senso de modernização indistintiva. (Vila de Itaguaí, 1822-1836). Topoi. Rio de Janeiro, v. 11, n. 21, dez. 2010. p. 127-142.
C fomenta profundas alterações das dinâmicas
As políticas indigenistas pós-independência foram
econômicas e produtivas, assim como na fragmentação
das culturais locais, passivas frente ao processo de A instituídas como pautas prioritárias nas tratativas
desenvolvimento capitalista. sobre cidadania.
D promove a dispersão do mercado de trabalho e do B capazes de valorizar as identidades brasileiras frente
consumidor, pilares do capitalismo, que, ao serem aos modelos europeus.
complementares, possuem autonomia e capacidade C estipuladas visando à implementação dos direitos
de autorregulação mesmo nas periferias. políticos indígenas na nação brasileira.
E estabelece a cisão entre Estado e instituições e o D construídas a partir de um processo de alijamento de
mercado financeiro após a experiência keynesianista, direitos políticos dos índios no Brasil.
pois essa relação coloca entraves à circulação de E implementadas de maneira horizontal pelas institui-
riquezas e exploração da mão de obra. ções democráticas do Estado Brasileiro.
Questão 69 Questão 71
A internet originou-se de um projeto militar dos Estados Quanto mais modernizada a atividade agrícola, mais amplas
Unidos, na década de 1960. são as suas relações, mais longínquo o seu alcance. Por
[...] A internet é o espaço onde há mais liberdade de isso pode falar-se em curto-circuito da cidade próxima, já
produção, veiculação de mensagens, notícias, cultura e que o esquema tradicional era interrompido. Que fazer,
tudo o que possa ser transmitido por esse sistema. É um desse modo, com o velho conceito de rede urbana (cidades
meio de comunicação em que se utilizam a palavra escrita maiores tendo as menores como tributárias) no seu
ou falada, as imagens, a música e outras tantas formas esquema piramidal e militar?
de comunicação, com muita rapidez e para todos na rede. SANTOS, M. Metamorfose do espaço habitado. 6. ed.
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2014. p. 60.
Existe, é verdade, um vocabulário restrito e mínimo para
se comunicar (conversar por escrito), o que empobrece O maior alcance das atividades agrícolas reflete a
muito a linguagem escrita, além de uma série de ícones
A transição entre o moderno urbano e o antiquado rural.
que indicam se a pessoa está alegre, triste, nervosa, o
que reduz a capacidade de expressar verbalmente esses B transição do sistema piramidal e a estagnação do campo.
sentimentos. C permanência do sistema piramidal e a modernização
TOMAZI, N. D. Sociologia para o ensino médio. São Paulo: Atual, 2007. p. 186.
do campo.
D estagnação agrícola e o estreitamento das relações na
rede urbana.
E expansão das relações na rede urbana e da moderni-
zação do campo.
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Questão 72 Questão 73
602 cientistas pedem que Europa condicione Liberalismo e democracia radical, ou pelo menos o desejo
importações do Brasil a cumprimento por direitos e representação, não podiam ser separados, na
de compromissos ambientais Alemanha ou Itália, no Império dos Habsburgos ou mesmo
Em linhas gerais, o documento faz três recomendações no Império Otomano e nas fronteiras do Império Russo,
para que os europeus continuem consumindo produtos das ambições por autonomia nacional, independência ou
brasileiros, todas baseadas em princípios de sustentabili- unificação.
dade. Pede que sejam respeitados os direitos humanos, HOBSBAWN, E. J. A era do capital: 1848-1875.
São Paulo: Editor Paz e Terra, 2015. p. 84.
que o rastreamento da origem dos produtos seja aperfei-
çoado e que seja implementado um processo participativo O texto aborda a onda de movimentos revolucionários
que ateste a preocupação ambiental da produção – com a que tomou a Europa em 1848, a chamada Primavera dos
inclusão de cientistas, formuladores de políticas públicas, Povos. Para o autor, o movimento democrático moderno
comunidades locais e povos indígenas.
A difundiu-se exclusivamente pelos países mencionados.
VEIGA, E. 602 cientistas pedem que Europa condicione
importações do Brasil a cumprimento de compromissos ambientais. BBC Brasil. B surgiu como um movimento multinacional e globalista.
Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 2 jun. 2019 (adaptado).
C pautou-se pela necessidade de ampliação dos impé-
Ao tratar da relação de poder entre o bloco econômico (UE) rios já constituídos da Europa.
e o Brasil, o condicionamento descrito no texto denota
D fundiu-se, em certos contextos, com a aspiração pela
A o autoritarismo por parte da União Europeia perante o autodeterminação dos povos.
Brasil. E desenvolveu-se como um movimento de massas em
B o histórico de não cumprimento de sanções ambientais oposição ao liberalismo político.
do Brasil.
C a permissividade da legislação ambiental brasileira
frente à europeia.
D a preocupação por parte apenas da União Europeia
com o meio ambiente.
E o embate entre as soberanias de ambos devido à
diferença entre as legislações.
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Questão 74
A qualidade da madeira, leve e sem falhas, fez com que a araucária fosse intensamente explorada, principalmente a partir
do início do século XX. Calcula-se que, entre 1930 e 1990, cerca de 100 milhões de pinheiros tenham sido derrubados.
Nas décadas de 1950 e 1960, a madeira de araucária figurou no topo da lista das exportações brasileiras. Atualmente a
Floresta de Araucárias está à beira da extinção. Restam menos de 3% de sua área original, incluindo as florestas explo-
radas e matas em regeneração. Menos de 1% da área original guarda as características da floresta primitiva, ou seja, são
áreas pouco ou nunca exploradas.
Disponível em: www.mma.gov.br. Acesso em: 8 jun. 2019 (adaptado).
O processo descrito no texto ocorre em uma área biogeográfica correspondente a qual fotografia?
A D
B E
RENE TIGRE/WIKIPEDIA/WIKIMEDIA COMMONS
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Questão 75 Questão 77
Na narrativa de viagem Travels in Brazil, publicada em 1816, O desenvolvimento científico que a Revolução Industrial
o inglês Henry Koster enfatizou que o tráfico era “um grande trouxe foi aumentando em escala exponencial, novas
desastre moral (...) do qual a Inglaterra havia se libertado”, fontes de energia e matérias-primas foram sendo usadas
e a contingência de “fazer com que outras nações também em uma proporção cada vez maior, para atender aos
o proibissem”, pois aquele comércio impedia a realização mercados consumidores em expansão [...]. Porém, toda
da uma sociedade ideal. [...] Rememorando o quanto a essa metamorfose econômica, social e tecnológica trouxe
escravidão prejudicara a Roma imperial – experiência que altos custos ambientais que foram sentidos com grande
a razão e o progresso não poderiam deixar repetir –, Koster intensidade no último quarto do século XX.
responsabiliza essa instituição pelo empobrecimento de MORAES, P. R. Geografia geral e do Brasil. 3. ed. São Paulo: Harbra, 2005. p. 318.
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Questão 79 Questão 81
O modo artesanal de fazer queijo de Minas, nas regiões do ºC
Serro, da Serra da Canastra e do Salitre, em Minas Gerais, 15
foi inscrito no Livro de Registro dos Saberes, em junho de Temperatura
2008. Esse bem imaterial constitui um conhecimento tradi- 10
cional e um traço marcante da identidade cultural dessas 5
regiões. [...] Como todo queijo artesanal feito no Brasil, as Rio
bases originais do modo de fazer queijo nas Gerais vêm da 0
tradição portuguesa da Serra da Estrela, na região central
25
de Portugal. E, como todo produto cultural, ao longo do
tempo transformou-se dinamicamente e buscou aderir-se Tomando por base o gráfico acima, nota-se uma relação
à realidade local, fundamentando estruturas, instrumentos, direta entre
técnicas e fazeres que lhes são próprios. A urbanização e inversão térmica.
Disponível em: www.portal.iphan.gov.br. Acesso em: 20 set. 2019.
B verticalização e aumento de temperatura.
O texto atribui o registro do saber em questão à sua C presença de casas e formação da ilha de calor.
A intensa capacidade de inovação técnica. D lançamento de poluentes e aquecimento global.
B grande contribuição para a economia do país. E afastamento do centro e contínua queda de temperatura.
C participação no universo cultural da mineiridade.
D fidelidade à tradição do antigo Império português. Questão 82
E adequação ao padrão nacional de queijos artesanais. Em outubro de 1917, os bolcheviques chegaram ao poder
na Rússia, em uma revolução sem precedentes na história.
Questão 80
O único modo para estabelecer um poder comum, que seja
apto a defender os homens de invasões dos estrangeiros
e das ofensas mútuas, e por isso para assegurá-los de
tal modo que, com a própria indústria e com os frutos das
próprias terras, passem a alimentar-se e viver em paz, é
o de conferir todo o próprio poder e a própria força a um
homem ou a uma assembleia de homens, que possam
reduzir as suas vontades, com a pluralidade de votos,
a uma vontade única.
HOBBES, T. Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico.
Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
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Questão 83 Questão 85
Euforia com aplicativos de serviços dá Estudar as memórias coletivas fortemente constituídas,
lugar à frustração de trabalhadores como a memória nacional, implica preliminarmente a aná-
A explosão de aplicativos de delivery é provavelmente o lise de sua função. A memória, essa operação coletiva dos
caso mais representativo das rupturas geradas no Brasil acontecimentos e das interpretações do passado que se
pelo avanço da gig economy – a economia dos bicos. quer salvaguardar, se integra, como vimos, em tentativas
Até poucos anos atrás, os serviços de entrega eram mais ou menos conscientes de definir e de reforçar senti-
pulverizados entre empresas de pequeno porte [...], hoje, mentos de pertencimento e fronteiras sociais entre coletivi-
a atividade está ao alcance de qualquer um que aceitar dades de tamanhos diferentes: partidos, sindicatos, igrejas,
termos e condições das plataformas digitais. [...] Em vez aldeias, regiões, clãs, famílias, nações etc. A referência
de catalisar trocas diretas de bens e serviços a partir da ao passado serve para manter a coesão dos grupos e das
internet, a primavera de apps “acabou se convertendo na instituições que compõem uma sociedade, para definir seu
oferta generalizada de trabalhos mal pagos e sem qualquer lugar respectivo, sua complementariedade, mas também
segurança previdenciária”, escreve Ricardo Abramovay, as oposições irredutíveis.
POLLAK, M. Memória, esquecimento, silêncio.
economista e professor da USP [...]. Revista Estudos Históricos, v. 2, n. 3, p. 9, 1989.
BARROS, C. J. Euforia com aplicativos de serviços dá lugar à frustração
de trabalhadores. Folha de S.Paulo, São Paulo, 3 mar. 2019. Disponível em: De acordo com o autor do trecho acima, a memória é
bit.ly/2QeMxX3. Acesso em: 11 nov. 2019.
responsável por
As transformações produtivas ocasionadas por um
A manter a unidade da sociedade.
processo de expansão de aplicativos de serviços geram
algumas dualidades, tais como a(o) B reformular a identidade de uma coletividade.
C resgatar a origem inquestionável de um povo.
A ampliação de oportunidades de trabalho e a precari-
zação de colaboradores do ramo. D construir narrativas verdadeiras de fatos anteriores.
B elevação de renda para o setor público e um lucro E relatar fielmente o passado de um determinado grupo.
ínfimo para funcionários de aplicativos.
C aumento de vínculo empregatício de serviço e a inexis- Questão 86
tência de leis trabalhistas específicas. As pinturas rupestres foram produzidas pelos primeiros
D redução do número de desempregados e a regulação habitantes do Brasil. E estes habitantes deixaram nas
estatal de contratações pelos aplicativos. pinturas, muito provavelmente segundo nosso entender,
E crescimento da flexibilidade de trabalho e a diminuição suas ações sociais. Nos registros era possível afixarem
do poder de compra para aqueles empregados. seus costumes e práticas cotidianas. Costumes que permi-
tiriam outros grupos ou futuras gerações de seus próprios
grupos utilizassem-se destas informações registradas.
Questão 84 Estas ações sociais que retratariam, então, a nosso ver,
A paisagem urbana aparece como um “instantâneo” registro parte do cotidiano da época como caça, danças, rituais,
de um momento determinado, datado no calendário. lutas territoriais, animais que viviam naquele momento.
Enquanto manifestação formal, tende a revelar uma JUSTAMAND, M. As pinturas rupestres do Brasil: educação para a vida até hoje.
Revista Espaço Acadêmico, n. 41, 2004 (adaptado).
dimensão necessária da produção espacial: aquela do
aparente, do imediatamente perceptível, representação, As pinturas rupestres eram uma forma de registrar
dimensão do real que cabe intuir.
A as ambições do futuro.
CARLOS, A. F. A cidade. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2015.
B os desenhos abstratos.
Na concepção apresentada de paisagem, esta seria uma
C as experiências da comunidade.
imagem
D as situações imaginárias de aspecto irreal.
A repentina do acúmulo de formas produzidas.
E as artes elaboradas para apreciação estética.
B dinâmica dos processos sociais em andamento.
C referente à completa modificação do espaço natural.
D dicotômica entre um espaço natural e um espaço
construído.
E sintética das alterações criadas a partir da intervenção
da natureza.
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Questão 87 Questão 89
As diversas regiões do país não contribuem igualmente E a última e talvez mais importante objeção que Aristóteles
com o comércio exterior. Nas importações, a predomi- opõe a Platão é a de que as ideias são transcendentes.
nância do estado de São Paulo seguido do Rio de Janeiro é O transcendentismo das ideias parece-lhe insustentável.
esmagadora. É pelo porto desses dois estados que entram Não vê Aristóteles a necessidade de cindir e dividir entre as
todos os bens de alto valor unitário requerido pelas popu- ideias e as coisas. E precisamente esta objeção é impor-
lações de alta renda e, mais ainda, pelas indústrias, ambas tante, porque a tarefa própria de Aristóteles na filosofia pode
concentradas no eixo Santos-São Paulo-Rio de Janeiro. definir-se de um só traço geral com essas palavras: um es-
No norte do país, destacam-se os polos de mineração, prin- forço titânico para trazer as ideias platônicas do lugar celeste
cipalmente a serra de Carajás (minério de ferro), no estado em que Platão as tinha colocado e fundi-las dentro da mesma
do Pará, e os portos pelos quais passam os minerais brutos realidade sensível e das coisas. Esse esforço para desfazer
ou processados (alumínio extraído da bauxita), e os polos a dualidade do mundo sensível e o mundo inteligível; para
introduzir no mundo sensível a inteligibilidade; para fundir a
produtores de soja das regiões produtoras do Mato Grosso.
THÉRY, H.; THÉRY, N. A. M. Disparidades de dinâmicas do território.
ideia intuída pela intuição intelectual com a coisa percebida
3. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2018. p. 27. pelos sentidos, em uma só unidade existencial e consisten-
cial; esse esforço caracteriza supremamente a filosofia de
O texto explicita que, no Brasil, existe um processo de
Aristóteles, a metafísica de Aristóteles.
territorialização da economia gerado pela(o) MORENTE, M. G. Fundamentos da filosofia: lições preliminares.
Tradução de Guillermo da Cruz Coronado Fonte. São Paulo: Mestre Jou, 1968.
A especialização produtiva.
B processo de regionalização. O texto se refere à crítica do filósofo Aristóteles ao dualismo,
sustentado na Teoria das Ideias de Platão. Com base no
C desenvolvimento regional desigual.
exposto, deduz-se que o fator determinante da crítica aristo-
D disparidade estática presente no espaço.
télica à teoria das ideias de Platão é de que
E exportação de produtos com baixo valor agregado.
A as ideias são de natureza diferente das coisas, trans-
cendem as coisas.
Questão 88 B são diferentes as dificuldades para conhecer as coisas
Sob o projeto de desenvolvimento ilimitado das forças produ- e as ideias, pois são realidades distintas.
tivas, para libertar o homem do seu estado de barbárie devido C a coisa e a ideia constituem uma única realidade,
à não realização plena das suas necessidades culturais, esta inacessível aos homens pela experiência.
sociedade, mais do que as outras, arrogou-se o direito de D há as ideias das coisas e da relação entre elas, pois há
tratar a natureza como um mecanismo a serviço de seus ideias de coisas que se relacionam no mundo.
valores e insaciáveis interesses. Esta problemática adquiriu E a existência de uma só realidade, a das ideias trans-
envergadura planetária depois da II Grande Guerra global, cendentes, contém toda a verdade sobre as coisas.
devido à constituição de um espaço produtivo mundial,
acentuando-se por volta dos anos 70, quando o argumento Questão 90
ambiental se tornou um fenômeno cultural, sendo discutido
politicamente e divulgado amplamente pela mídia. Os muros do mundo: 21 fronteiras históricas
ALMEIDA, J. P. Errante no campo da razão: o inédito na história: contribuição para Barreiras fronteiriças são construídas para evitar a
um estudo de história e ecologia. Londrina: Uduel, 1996. p. 20.
entrada de migrantes, traficantes ou inimigos.
A ampliação do debate acerca do meio ambiente apontada Depois da queda do Muro de Berlim, restavam apenas
no texto decorre do(da) 11 deles no mundo. Atualmente, a cifra subiu para 70.
Disponível em: www.brasil.elpais.com. Acesso em: 19 set. 2019.
A direito natural das sociedades de se desenvolverem e
superarem seu estado inicial de barbárie. Tendo em vista a nova ordem mundial e a análise do texto,
B demanda dos países vencedores da II Guerra Mundial a situação apresentada é
por maiores áreas de preservação ambiental. A previsível, já que os avanços nos transportes de qua-
C maior atenção dada ao tema após a II Guerra Mundial, lidade favorecem e incentivam a migração em massa.
em virtude da acentuação do processo de globalização. B economicamente viável, sendo considerada uma
solução eficiente e definitiva para os problemas da
D surgimento de uma mídia global após a II Guerra
circulação de pessoas.
Mundial, com acesso a informações mais abrangentes
que as anteriores, restritas às suas localidades. C unanimemente aceita, dado o grande aumento da vio-
lência urbana nos últimos anos, além do desemprego
E atuação dos países perdedores da II Guerra Mundial,
gerado nos países que aceitam muitos imigrantes.
que necessitavam agora de um crescimento susten-
D inesperada, já que eram previstos uma maior circulação
tável para retomar seu protagonismo frente à nova
de pessoas e esforços coletivos em busca da redução
realidade.
das desigualdades geradas na era do mundo bipolar.
E contraditória, levando em consideração o aumento pro-
gressivo da interconexão e interdependência do mundo
globalizado, principalmente no que tange à economia.
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