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JORNAL DO
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GR.'. OR/. BRAZILEIBO


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1870 A 1871
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(1- SEMESTRE)
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1U0 DE JàXEIUQ

Typ. fie J, M. A. A, cVAguiar.— Raa da Ajuda n. 108,

1871

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', . ,N PACISA3

Aclos doGr.-. Or.\ Braz.-. 25, 33, 40, 65, 81, 97, 113,1^9, 145,
101, 177, 103-, 209, 223, 223, 242, 257, 273, 280, 303, 321,
337,353, 360 385
ActosdoGr.-. Mestrado (1871) 243
doSupiv. Cons.-.
(1871) . . . 2.44
Acto religioso pela morte do joven Vicente Bueno de Camargo Aranha 231
Ainda a Estrella ................ 316
Ainda não é o boletim .'..'¦., 330
Alta novidade. 313
Anniversario (Io) da restauração do Gr.-. Or/.Braz.-. .. . . 274
Antigüidade da Maçonaria, 10, 38, 68, 162 e . .. . . . . .', 168
Ao leitor . 241
Aos nossos assignantes 288, 304, 320, 336, 332, 368, e. ... 384
Apostoleiraas ....'.... ¦....• . . . , , . . .. 17*
Avisos do Vigilante, 33, 49, 63, 81, 112, 113, 129, 159 e .;-.;.: 101
Carla de Pedro Luiz da Cunha 297
Caturrices do Lavradio -97
Cavaco ecclesiastico . 74
Cólera apostólica, 94 .::> 110
Comraunicação . \ . ....;,; .'.¦¦;. ... . s., . 173
Como se escreve no Lavradio . . . . ... . ..... 374
Const.-. do Gr.-. Or.\ Braz.- , . . . . 246
Const.'. Ger.\ do Bit/. E>c.\ Aot.\ e Ac.-.,306, 322, 338, 354e. 370
* Correspondência ... 239
do Vigilante, 270, 377 e . .' '¦*¦', . * . , -. ¦.- ¦ .- .. 379
Discursos ........,..:. .... . 213
Discurso do Gr.-. Mestr.-. Gr.-. Goram.'. . . . . . ." . 205
do Gr.*. Mestr.-. Gr.-. Conim.-, na abertura da aula primaria
#—. (7 de Setembro de 1871). . . . . . , ..... 279
cio Gr.-. Mestr.-. Gr.i. Coram.-, no acto de conferir-se duas
liberdades (7 de Setembro de 1.871) . .*. . . . . . 282
do ex-chefe do Gr.-. Or.-. Braz.'. na do Gr.\ Mestr.-. 2(0
posso
-— do Oi-adi"-. da Ofiic. Un.;. Esc*', na
posse do Gr.-. Mestr.-. 2! 4

-.-
II *

'"'. PAGINA*
¦*--do .Orad.'/ da Offic...**¦*
Brazil.-. na posse do Gr. •. Meslr.s . 21o.
-t do Orad.'. da Offic. Virt.v
Lib.\ e Fiem.-. (k\o\n) .. . . 216
.— do Orad.vda Offic. Triumph.*. do Brazil (idemj. . . . 219
do Orad.•. da Offic. •. Perf.•. Amiz.•.
(idom). . . . . . 220
do Sap.-. Ir.*. Samuel Hahneraann
nas exéquias do jovea Vi-
eente B. C. Aranha . . . , , 235
~ proferido por um Cav.-.Kad.-.
(7"de Setembro de 1871) , 286
proferido Ir.-. Yen. vda Offic.-. Triumph.-.
pelo do Brazil (7 de
Setembro de 1871;. ... .*. . ^ 293
^— proferido pelo Orad.-. cia mesma Offiç.-. (7 de Setembro de 1871,! 294
E então? ; . . . 350
Elevação aogiv. Í8.-. . :. ; . ., . .- . ... .--.'.' 25
Err*la • • •. • • • •.. • -. • • . >& . . , 33J
Escolas maçonicas, 13, 31, 56 e . . .. ;.,. ; . .V .;. ,59
Escravidão antiga e moderna, 150 e . . . .". . - . . .: . 184
Ispectaculo no Lavradio 393
Estrella do Oriente, 309 e. . . ..... . . . 3J6
Expediente 16, 32, 48, 64, 80, 90, 112, 123, 145, 160, 176,198,
224,226 240,256,272,304, 352, 368, e 384
Extincçào da escravidão. .'. . .- . . . . . ..... 290
..Façto importante. . ., . , ' . ...... .... ....... 98
Giv. Or.-. Braz.". . . . ...--..-....... 5-
Guerra (a), 71, 135 e . . ;.^. ; , ^7
Inquisição (a) e a Maçonaria 45, 57, 138, 164 e ..!... 189
Introducção . . . . .... . . . . . ..... 1
Jesuítas, 107, 122, 154, 171, 221, 266, 317, 361 e . . . . ... 397
Legalidade do Gr.-. Or.\ Braz.-., 21, 41, 61, 77, 92, 114, 147,
181 è ........... . ofva
Liberdade, 23,52, 85 e. . . . .- ...'.._ . ijg
Lavradio (0) e o Sr. Goodall . ...''. .... . . 357
-"-cm., festas ... ...... . . .... . 330
Maçonaria (a) no presente e no passado, 17, 55, 75, 89, c . .' 141
Manifesto do Gr.-. Or.-. Braz.-. (1834), 34, 50 e . . . . V 66
-do Gr.-. 0r.\ Braz.-. . . ... . .- . ;' .
(1855; .
'./.' 82
258
— doGr.-.-Or.-. Braz.-. . . , . . . / : *
(mi) .
Necrologico á memória do joven Vicente B. de Camargo Aranha ,. 237
'.''..- '.
Novidade . . ,. .^ .;.:...:::. \.:\.r....'::,. ,.-":. . . .- -
III
¦'.¦'¦¦

PAGINAS
".
O qne é o inundo. . . - . ._ ." ,: ." .; ....... &56
O que valem as publicações do Lavradio . . .'..-. .¦'•'. 300-
Ordem de Trab.-. das OOffic. •. .\ ._ . - . . .'. . . -V 30
Posse do Gr.-. Meslr. ¦. Gr. ¦. Comm.-. . . '. . 4 201
Pranch,-. da Offic •. Crnz. •. do Sul. •. ao chefe int. •. do Gr. ¦.
".
Qr.v. firaz.-. .."". . . , . . ..... . 211
da Offic.'. Eslr. •". da Amer. •. ao mesmo. . .
. ... 212
da Comm. •. encarregada das OOfíic. •.
por parte para o func-
ral do joven V. B. C. Aranha ao Gr. •. Secr. •. Ger. •. ,. 233
—- do Gr. •. Secr. *'. Geiv. d Comm. ¦. acima . ..... 2~34
Projectos do Lavradio, 102, 116, 143 -o . ... . . . 157
Protesto da loj. •.« Cosmopolita» . ... ... . . 301
Publicações a pedido. 30o-e - . . . . . ... , . . , . * 380
Questões de Maçonaria (S. Paulo) . . . . . . . . . 105
Regulamento.para a aula primaria . . . ... ...... 284
Relatório do chefe int. ¦. na posso -do Gr. • > Mestr. •. . . .194
Religião . .... . . . .'¦:, . . , ¦..¦'¦"..'.|'' .'. ."¦ g
Resolução do Gr..-. Cap. • .Ger. •. int. •'. (1870) .....' 28
RespostaâOffic. *.« America» (S. Paulo) '. . . . . . 132
Restauração de Offic.•. . . . . . . 4 . . . . . hq
Será verdade? . .... . . .... . . 348
Tratado de união (1842), 99, 124 e , , , . . . .. . . 130
-*¦ dè Confed. •:, 178, 226 e . . . .„.-... .... .250
Una a pedido . . . . . . . . . . . ... f 159
Um juízo sobre a Maçonaria (S. .Paulo). , . . '. . . 120
Uma curiosidade. .... \ . . . . . .... 365
Umaoffuría . . . . . . . . . . . . . .... 389
Vigilante (o) . 386"
Visitantes. . . . : ... -.' . . . ...... 29
A^t*yyii>
JORNAL
IX)

gr:, ofl brazileiro


.¦\. 1. I Rio de .liuieiro.—Domingo SO de Novembro. | 18?<»

Intr*oclu.oçâ.o.

Ha longo tempo, ha séculos, n maçonaria soflre constante e cruel


ou absolutos e
perseguição, que lhe movera os gosernos despoticos
o clero que segue as idéias e máximas dos Jesuilas.
Attribuindo aos maçons todos os movimentos revolucionários,
ocoimando-os de crimes imaginários, declarando-os inimigos dos
reis e da estabilidade social, indigitando-os como anarchistas
e perturbadores da paz do mundo; os monarchas absolutos, os
déspotas que opprimem os povos, alçarão o cutello do algoz,
abrirão os cárceres infectos, armarão os seus jamzaros, « pro-
clamarão como lei, o extermínio de todos os maçons.
Os cárceres regorgitárão de victimas, os massacres em massa
forão autorisados; o cutello e o baraço do algoz, fizerão cru-
entas hecatombes, em nome e para gloria dos reis.
Todo o homem que pensando livremente, ousou manifestar
suas opiniões pela palavra, ou pela penna; todo o que defen-
deu os direitos dos povos; todo o que pugnou pela liberdade
era favor das nações, foi victima do furor despotico dos que
comprimem a humanidade em seu guante de férreo poder, dos que
empregfto seus constantes esforços em conservar as nações abatidas,
humilhadas pela ignorância, no estado de abjecta servidão, em
direito de con-
proveito dds que se chãmão seus senhores, pelo
quista, e de náscimeiito.
E todas, ou grande parte dessas nobres vietimas, martyres de
um principio sublime e santo, de uma idéia generosa e numa-
nitaria, forão e ainda são condemuados como maçons; como
inimigos dos thronos, da realeza, e como laes votados ao ex-
terminio.
Em apoio destas medidas governamentaes, acha-se o clero, que
temos indicado. O clero que tem de cumprir a Monita que lhe
vem de Roma; que tem de executar as ordens que recebe do
soberano do Gésu. O clero que sustenta a infaUibüidado, (que só
existe em Deos); que sustenta o direito divino em que se basea
o poder absoluto. O clero, dizemos, tem proclamado a maço-
naria, como um foco de heresias; como uma corporação eivada
das doutrina* do erro e da mentira, negando a existência de
Deos, contraria a lei de ChriUo.
Do alto do púlpito, ou no sigillo do confessionário, o clero
tem apontado os maçons, como homens sem fé, sem lei, sem
consciência, sem Deos; cubertos de crimes e de vicio.s, e como
taes prejudiciaes á sociedade e a moralidade; inimigos, do thro-
no e do altar, que no complemento de seus planos, andão
sempre ligados.
Oufrora, os tormentos sem nome creados e autorisados pelo
clero em nome de um Deos de paz, de caridade e de bondade;
as hediondas masmorras inquisitoriaes; a fogueira erecta pela
inquisição, na praça publica em nome de Jesus Chriúo: era a
arma que emprega vão contra os maçons, que erão conduzidos
traiçoeiramente ao poder de seus algozes, até pela delação do-
mestiça, autorisada pelo íanatismo e ordenada pelo clero, sob
as penas da condemnação eterna.
Hoje, é ainda o púlpito e o confissionario, que são desaca-
tados pela predica e insinuações de mentiras grosseiras, mas
que ditas como a autoridade clerical, calão no animo dos igno-
rantes.
Hoje, ainda no púlpito e no confessionário, se aconselha o
extermínio dos maçons, e se procura fazer crer que elles são
contrários a religião de Christo, que procurão destruir.
Ainda hoje, como oufrora, se fulmina o anathema contra a
maçonaria, se procura sementar as desordens domesticas, afãs-
tando a esposa e os filhos, do esposo e do pai, por que este
é maçon.
Ainda hoje, os sectários do obscurantismo o da ignorância,
os agentes de um poder occulto que actua nas trevas, mas que
tem ramificações infindas em todas as classes sociaes; sob pre-
texto religioso, e aproveitando a fraqueza dos espíritos, a cre-
dutidade da ignorância, ousa até crear óbices á difusão da
insírucção popular, porque é absoluta mente contrario aos in-
teresses da momta secreta, á estabillidade do de direito ái-
vmo, que o povo tenha a instrucção de que poder carece, e que o
põe a coberto, ou pelo monos de prevenção, para com as dou-
tnnas proclamadas como úteis ao throno e ao altar.
Algum tempo, esta opposição e perseguição 'ella systhematica á
Maçonaria, parecia estar adormecida, e hoje tem reappare-
cido em toda a força, empregada por todos os meios de o
fanatismo e a sup.rstição podem dispor, no estado actualque da
sociedade.
Mas a razão de assim procederem, é obvia.
Como todas as instituições antigas a Maçonaria
de existência, transpondo criticas épocas dê que conta séculos
perseguições e de exter-
minio;que conta os seus membros por milhões e os* seus marlyres
por milhares; a Maçonaria, dizemos, teve a sua época de decadência
e bem notável, principalmente entre nós.
Os benefícios que o povo podia e devia usufruir da Maçonaria,
cessarão de fazer-se sentir; latente ou ostensivamente, não sé mani-
festou um só acto maçonico, pelo qual se demonstrasse os fins da ins-
tituição em favor do desenvolvimento da moralidade e instrucção
popular; nada provou que a instituição é de alta utilidade aos povos
livres, ao engrandecimento das nações.
 associação adulterou seus princípios constituitivos, esqueceu os
fins que lhe estão traçados e vio-se decahida de seu prestigio, de seu
poderio.
Em alguns pontos, presa das facções políticas, tomou o caracter
comesinho das lutas que a dividião e a que servia de ignóbil pre-
texto. r
Em outros logares, tornou-se uma associação mercantil e especu-
lativa, onde só actuavão os interesses individuaes, em
interesses geraes. prejuízo dos
Os monarchas, os poderosos, em muitos estados,
pozerão-se á sua
lrente; desnaturárão a mais sublime e útil das instituições, criando
espécie de caricatas cortes em -que figuravão camarilhaticos
e a seu bel prazer, guiarão a Maçonaria nos fins grupos
mas que não são os fins Maçonicos. que lhes convinhão'
Então a descrença lavrou nos espíritos sérios e cultivados; o ridi-
culo cobrio muitas vezes os actos dessas pseado-maçonarids; e se
alguns ainda procuravão filiar-se á associação, era somente com
a mira nos interesses particulares e individuaes; ou
para tomarem
parte em seus festins, que ás vezes degeneravào em orgias; ou pela
vaidade de terem na associação urna posição,
dade civil. que não terião na socie-
Neste estado, para que combater a Maçonaria ? Para
uma associação que tocava a decadência* e que que guerrear
gradativamente ca-
minhava para a sua extineção ?
As manobras jesuiticas dê accordo com os interesses
taes do poder absoluto, tinhão conseguido muito; governa men-
pouco mais lhe era
4

preciso, e esse pouco parecia ser a tarefa tios mesmos que se en-
carrega vão da direcçâo da Maçonaria.
Porem, ao momento que alguns Maçons, conscios do bem que a
Maçonaria faz aos povos e do quanto lhes cumpre no desempenho dos
seus deveres, como Maçons, e como cidadãos; no momento, dizemos,
em que esses homens tratarão da regeneração da Maçonaria, pelo
exacto desenvolvimento de seus princípios, para que assim se efíecti-
vasse ocumprimentodeseus fins; despertarão-se as iras do tlirono e
do altar, e reappareceu a adormecida perseguição á Maçonaria.
Não estamos na época das fogueiras inquisitoriaes, não se pôde
actualmente manobrar o cavallete, a polé, as cunhas, as tenazes;
o cutello, a corda, o mazollamenio, são hoje perigosos, senão impôs-
siveis; porem, ainda ha outras armas que não são menos poderosas e
temíveis.
Roma, deu o brado de alarma, e os dous soberanos cia cidade
eterna, no Vaticano e no Gesu, obrarão simultaneamente.
0 anathema.essa arma oufrora terrível, mas hoje de eííeito desço-
nhecido, mas que ainda assim inílue nos acanhados espíritos da
ignorância, foi lançada urbi et orbe, por aquelle mesmo que ha longos
annos pertencia á sociedade Maçonica, e da qual, como seu membro,
obteve reaes e valiosos serviços."
Mas este soberano, actuava sob a pressão do soberano do Gesu, de
onde surgia a Monita antigi, renovada com novos artigos, que era
forçoso adoptar pelo estado de civilisação do século.
Reapparecerão as predicas contra a Maçonaria, emquanto a intriga
manejada com arte e coberta com a mascara da hypocrisia, leva ao
seio da família a discórdia e a dissenção.
Restabeleceu-se a delacção secreta,fructo da espionagem domestica,
sanctificada por promessas a realisar em outra vida, a disposição
de quem pretende dispor de graças, só divinas.
Procura-se afastar o povo cta instrucção gratuita e espontânea, que
se lhe offerece, sob o falso pretexto de que tal instrucção é contraria
ao thrónò e ao altar.
Para se incutir o terror nas almas fracas, prohibe-se sepultar em
sagrado, os filhos da igreja de Christo, porque são Maçons.
Prohibem-se as exéquias de um bravo e denodado soldado, de um
valente cabo de guerra, coberto dos louros colhidos no serviço da
pátria, por ser membro da Maçonaria.
E o povo que não conhece a verdade, vacilla e muitas vezes adopta
a mentira, como phanal de luz, que o guiará a porto de sal-
vamento.
E os Maçons crue desconhecem a origem dos factos que vêem pra-
ticar pelos inimigos da Maçonaria, exitão no cumprimento dos seus
deveres.
E os espíritos esclarecidos, desanimados pelo estado actual da Ma-
çonaria, descrentes de uma regeneração, ou não querendo envol-
ver-se na luta que ameaça o cumprimento dos deveres de cada ma-
5 —
çon, evitão ou despresão esclarecer seus irmãos, Maçons ou não
Maçons, e de procurar em toda a sua
cipios e fins da instituição. plenitude a execução dos prin-
*
Já era tempo de que alguma cousa se fizesse,
para mudar esta si-
tuação, em que uma associação pacifica, utile moralisadora se vá per-
seguida e aviltada pela audácia dos seus inimigos, são também
os inimigos da liberdade e direitos do povo; que
pela incúria, deleixo
e despreso das bazes da instituição, facto muitos dos
associados. praticado por
E' esta necessidade palpitante, t-ve em vista o Gr.-. Or ¦ Bra-
zileiro, restaurando seus trabalhosque
em toda a Maconica.
Mas para que se possa mais facilmente pureza conseguir
"a
reaíisacào
desta idéia, toda de accordo com os efins da Maçonaria
cumpre demonstrar não só que a Maçonariaprincípios
tem decahido edegene-
rado, e que é necessário reerguel-a e restaural-a, como também
sendo a instituição mais antiga das que
que existem, é também a mais
ntil.
Que a sua moral, 6 a do Evangelho, e por conseqüência,
essencialmente religiosa, respeita a religião que sustenta, mas que
nao pactua com os abuzos que lhe enxertão que fins
mascarados pela hypocrisia e postos em acção para particulares
a superstição. pelo fanatismo ê
Que respeita asleis, que garantem a liberdade e direito do cidadão.
Que procura diflundir a instruccão pelo povo, e com elía a mora-
lidade e o amor ao trabalho.
Que exerce a caridade como a ordenou Christo, não só com
seus associados, como para com todos os que delia carecem. para
Assim, pois, a combater os abusos da Maçonaria; a oppor-se á
sanha e furor dos que para a guerrearem se/appellidão amigos do
llirono e do altar ¦ a demonstrar a utilidade dos fins da Maçonaria
ennunciados pelo Gr:\ Or.-. Brazileiro, único Legal e Legitimo
no Rito Esc.-, para o Brazil, é a tarefa a se propõe o vigilante
Procuraremos em nossas débeis forcas que intellectuaes, o completo
desempenho destes deveres a que nos nos interesses da
ordem, da verdade, e da humanidade. propomos,

O Or.-. Or.«. Braz,-.


O dia 7 de Setembro do corrente, dia glorioso nos annaes
da historia pátria, veio marcar uma nova érajá nos fastos da historia
Maconica.
Decorrião-se alguns annos que o Gr.-. Or.-. Braz.-. tinha inter-
- 6 —
rompido os seus trabalh.-. por forçado adormecimento; adorme-
cimento que não foi devido á talta de*OOffic.\, ou de membros do
mesmo Gr.-. Or.-., mas sim a um tratado, accordo secreto e nul-
Io, entre alguns MMac.-. do Or.-. e uma corporação que
Or.-. Braz.-. jamais foi reconhecida legal e regular, no Rit.-. pelo
Esc.;.
Os signatários desse acto, íigurando-se investidos de um poder
que não tinhão, violarão seus jur.-. e commetterão nm attentado
contra a sober.-. doOiv. e indepenc.-. do Rit.\
Não diremos que nisto andou trahição, por que não queremos
julgar das consciências desses IIr.\, mas o que indubitavelmente
houve, foi ignorância ou despreso das leis Maçon.-., foi deleixo e
depreciação da dignidade edireitos do Gr.*. Or.'. Braz.-.
E' verdade que a má direcção dada ao Or. -. Braz-.- por aquelles
que mais deyião zelar pela ordem de sua organisação e regularidade
de seu funccionamento, tinha introduzido a desordem nas filleiras
Maçon. -., o que tinha produzido a retirada de algumas OOffic.-. e
o adormec.-. de outras; porem, por todo o Brasil, havião innume-
rosllr.-. que, embora isolados, prestavão, como ainda prestão,
obediência ao Gr. -. Or.-.Braz.-.: havião mesmo LLog. -., que func-
cionavão independentes do centro commum; havião em algumas
províncias delegados, do Supr.-. Cons.-. e que funccionavão em seu
nome.
Ora, se ao Gr. •. Or.-. faltava uma boa direcção, por qnf» se achava
acephalo, cumpria que os membros restantes do Supr.-.
Cons.-., se dirigissem aos delegados existentes, convocassem uma
reunião geral de todo o Pov.-. Maçon.-., que a ella compareceria
pessoalmente ou por seus mandatários, e nessa reunião, expôs-
tos os motivos d'ella eo estado dos negócios do Gr.-. Or.-.,
pro-
proceder-se a elleiçâo de um novo Gr.-. Mest.-., á organisação
de um Supr.-. Cons.-. segundo a Conslit.-. determina, e final-
mente entrar em vias de reformas e de reorganisação complecta.
Esta é que era a marcha legal a seguir e que teria conserva-
do.a ordem dos trab.-^ e a estabilidade do Gr.-. Or.-.
E por que não se fez assim? Por que se inaugurarão os sig-
natarios do accordo secreto de 1864, em poder discricionário
disporem do Pov.-. M.-. como de um rebanho, sem consultarem para
a sua vontade, sem ouvirem a sua oppinião ? O que julgar de tudo
isso que praticarão com abuzo de poderes?
Se não houve trahição, ao menos houve despreso ou ignorância
das leis Maçon.-.
Os signaíarios não podião ignorar que a Conslit.-. do Rit.\
hibe que em um só Or.-., funccionem ao mesmo tempo e sob apro- di-
recção de um só chefe, os três Rit.\ em que actualmente se divide a
Maçon.-.
Ós signatários não podiam ignorar as determinações do Trat.-. de
Confed.-. celebrado em Paris em 1834; e o de Ún.\ celebrado nesta
cidade do Rio de Janeiro, em 1842, e que ambos esses Trat.-. respei-
tão e vigorào a Const.-. do Rit.\, promulgada em Berlim, em 1786.
Os signatários não podiâo ignorar que, por essa mesma
legislação, o Gr.-. Or.'. Brasileiro, jamais reconheceu o Or.'. do
Lavradio, no Rit.\ Esc.-.
E se ignoravão tudo isto, como erão, ou são, Insp.-. Gr.-,
da Ord.-.?
Claro fica que tal acto, absolutamente nullo, não podia ser consi-
derado pelo Pov.-. Maçon.-., antes ao contrario corria-lhe,
como lhe corre o dever de protestar contra tal acto, de o des-
presar e de restaurar os trab.-. do Gr.-. Oiv. Braz.-., inter-
rompidos indebitamente e por sorpresa, contra toda a especta-
tiva.
Assim, pois, quando não fosse o direito que assiste aos OOr.-.
Legaes do Bit.*. Esc.-., pela Constit.-. e pelo Trat.-. de Con-
fed.-., bastava o facto dado, para haver todo o direito e até o
dever de qualquer Insp.-. Ger.-., ou mesmo um qualquer gru-
po de MMac.-., restaurar o Gr.-. Or.-. Braz.-.; mas aos dele-
gados do mesmo Gr.-. Or.-., esse dever ainda é restricto.
Effectuou-se essa restauração e o Gr.-. Or.-. Brasileiro, o mesmo
a que em grande parle, (senão absolutamente, como ainda demons-
traremos) deve-se a Independência e autonomia Pátria, depois de
funecionar preparatoriamente em ediíicio particular, reabrio as por-
tas de seu Temp.;. no memorável dia 7 de setemhro. Mas o Gr.-.
Or.-. Braz.-., não vai ter a vida Maçon.-. que outros corpos têm
tido, sem utilidade para a Ord. •. nem para a sociedade Civil.
O Gr. -. Or.-. Braz,-., restaurando os seus Trab. ¦., restaura tam-
bem a pureza da instituição Maçon,-., pondo em vigor a Legisla-
ção do Rit.-, Esc. \ que rege o Or.-.
E' por esta Legisl.;. que o Gr. ¦. Or.-, Brasil. •. reconhece e faz vi-
gorara sua organisação•. confederada; que reconhece as OOffic.••
como corpos independ. e confed.-. que pelos deveres a que estão
ligadas, convergem com suas forças para o centro comraumde união,
de onde se irradião as verdades Maçon. •., de onde devem partir os
exemplos de abnegação, de moralidade, de caridade, e as doutrinas
que postas em pratica, conduzão a sociedade civil á regeneração,
pela instrucçâo e o trabalho, fontes do engrandecimento de um povo
livre.
Estas idéias realisaveis, apezar da guerra latente, que se faz ao
Gr. •. Or. •., tem trazido aos sens trab. •. velhos MMac. •. que
desanimados edescrentes, tinhão abandonado o Temp.;.; tem pro-
duzido espontâneas adhesões de elevadas intelligencias, que isoladas,
vião com lastima a decadência da Ord.-. noBrasil; tem condusido ao
núcleo Maçon.-. do Gr.-. Or.-. Braz.-., notáveis cidadãos, que até ao
presente apesar de dezejarem pertencer á Ord.-., tinhão receusado
tornar parte na associação que vião desprestegiada e muitas vezes
aviltada.
— 8 —

Breve, a posse do Gr.\ Mest.-. e de um Supr.-. Cons/., illustra-


do, dedicado, conhecedor e conscio de seus devores, será o comple-
mento da grande obra da restauração, e a garantia de um fucturo
solidificado pelo direito, pela justiça epela união,

Religião.

O espirito humano, não cessando de cogitar innovações, não ces-


sando de indagar as causas mais recônditas da existência do mundo,
tem-se transviado nas fôrmas de adorar o supremo arbítro do uni-
verso, tem adoptado religiões diversas, das quaes, algumas parecem
fundadas em bases extravagantes, e acompanhadas d« ceremonias
ainda mais extravagantes ; porém, apezar dessas transviações do
espirito humano, apezar das diversas crenças que o homem sus-
tenta e defende, por que lhes foram ensinadas desde o berço, ha
sempre uma idéa uniforme, que liga todos os homens, e quê todos
acatâo.
Esta grande idéa, esta base fundamental das crenças religiosas, é
a homenagem devida a Deos, que jamais foi arrancada do coração
humano, e que ostensivamente se pratica nas ceremonias do culto,
mas que por toda a parte acompanha o homem, que reconhece e
reverenceia o poder e bondade de Deos, em tudo que o cerca na
natureza.
Toda a organisação social, a formação dos diíferentes povos que
existem, ou existirão, tem sempre como base essencial de sua esta-
bilidade, como ligamento que une todos os membros de uma mesma
associação política—a Religião.
Nas primeiras idades do mundo, quando as nações existião no
embrião da tribu, quando o patriarcha era a um tempo sacerdote e
chefe, o altar foi o centro commum em volta do qual se reunia o
povo, para pedir ou agradecer, para se ligar por deveres mútuos,
para perdoar as offensas-
O altar é sempre a pedra angular de todo o edifício social; se elle
é destruído, estremece a sociedade até aos seus fundamentos, e este
abalo a conduz a dissolução.
A existência do homem, tem sempre andado ligada a um elemento,
que é primordial á sua natureza, e sem o qual não tem podido exis-
ür, quer individual, quer collectivamente.
Este elemento primordial tão essencial á natureza, e existência
humana, é a—Religião.
A Religião, que é a crença da existência de deos, é
no coração do homem. Embora as aberrações do espirito principio innato
humano
creassem o Polytheismo, com sua serie de°deoses impudicos, lasci-
•&..'

— 9 —
vos, incestuosos; embora a reflexão e a meditação, levem a confusão
ao espirito do homem, que pretende devassar os mysteriosos arcanos
da Divindade, o que o levou a confundir céo e terra, creador e crea-
tura, deos e mundo, fundando o Pantheismo; embora o homem sei-
vagem renda culto á arvore, ao animal, ao insecto, ou ao
próprio
ídolo que forjou; embora essas transviações do espirito humano,
absolutamente se afastão e distingnem do monotheismo, a idea,queo
espirito de toda a humanidade, dirige-se a um só
ciade deos ponto—a existen-
E' assim, que, sejão quaes forem as fôrmas e ceremonias do culto,
o homem revela a crença intima da existência de deos, a
sob tal ou tal invocação. quem adora
Apenas desenvolvida a razão humana, o homem recebe a impressão
harmônica das obras da creação, que influem sobre o seu espirito,
que vê sem poder comprehender, mas que lhe revela a existência dê
um ser supremo e superior.
Então a esta impressão, segue-se no homem o desejo de conhecer
o autor das maravilhas que o cercâo, e com quem
em relação, pelo coração, pela alma, necessidade essa procura pôr-se
torna imperiosa, e a que de continuo se dirige o que se lhe
nos actos mais insignificantes da vida. pensamento, ainda
Para estabelecer esta relação, o homem procura os meios
que lhe
parecem mais adequados,mais evidentes, mais reaes. Estes meios, são
em principio as palavras que do coração vêm aos lábios, invocando
a divindade,
Mas dentro em pouco, o homem j,í não se satisfaz com essa mani-
festação de seu acatamento pela divindade ; elle quer ainda aproxi-
mar-se mais do ente supremo, que se lhe figura na mente, conforme
a comprehensão humana.
E'então que o homem methodiza as homenagens presta ao
invisível Creador que adora ; essa methodisação traz asquefórmulas do
culto, a fundação dos templos, a creação de um sacerdócio
zelar do templo de que é guarda, para velar no cumprimento para dos
ceremoniaes do culto que está a seu cargo.
Eis ahi como o homem, insensivelmente, meditando sobre a própria
existência, na elevação de seu espirito, chega a determinar a exis-
tencia e immortalidade da alma, que produz a idéa de deos, a
tem formado, e para quem deve voltar, e dessas idéas e crençasque
jul-
gadas sob influencias diversas, forma-se a Religião, que pôr essa
mesma vazão, diverge segundo o estado de civilisação, os usos, o
clima e outras diversas causas, sem com tudo, por qualquer fôrma
que seja, alterar-se a crença da existência de deos.
O philosopho deista, satisfaz-se unicamente com o reconhecimento
das duas grandes verdades, que ennuncia com intima convicção
—deos e alma immortal.
Mas o philosopho christão, que igualmente as admitte, ainda
funda sobre outras bases, sua crença riligiosa, e ante o seu espirito
— 10 -
se desenvolve um extenso horizonte religioso, cheio de magnificen-
cias, realçadas pelos bellos, sublimes e philosophicos preceitos da
igualdade, da fraternidade, da carHade e da liberdade.
A religião, é essencial á existência da sociedade, e a maçonaria
reconhecenlo-o, exige de seus filiados a existência de uma*crença
religiosa, sem intervir nas consciências, sem impor uma fórmula
para adorar a Deos, dando toda a liberdade, e ordenando absoluta
tolerando, para as diversas crenças ou religiões.
No entíuto, a maçonaria reconhece, que á doutrina pura e sublime
do christianismo, são devidos os progressos de civilisação e reconhe-
cimento dos direitos do homem, as leis que igualam os homens, e
estreitão os laços fraternaes que os devem unir.
Mas reconhece também que os abusos, os interesses a
ambição de mando e de poder, o orgulho e vaidade departiculares,
um sacerdo-
cio que desconhece ou aberra de sua missão, são as causas de grandes
males eaté do indiferentismo religioso, que produz a immoralidade
e a corrupção que parte dos maus exemplos que muitos desses mes-
mos sacerdotes, dão ao povo.
A maçonaria, pois, comMte esses males, que são representados
pelo fanatismo e' pela superstição, que conserva o povo no erro e na
ignorância, para melhor ser dominado, servir de instrumento hu-
milde e passivo, aos que tomarão por divisa de suas phalanges orga-
nisadas em prejuízo dos povos, da liberdade, e do engrandecimeqto
das nações—altar e throno.

Antigüidade da Maçonaria.

Diversas são as opiniões existentes, sobre a antigüidade da Maço-


naria e os autores divergem sobre a maior ou menor remotabilidade
da sua origem.
Hoje, porem, é opinião corrente que, se o termo—Maçonaria—por
que $e designa a ordem dos Maçons, é de poucos séculos, as socie-
dades que lhe derão origem datão das remotas e primitivas épocas
que se perdem na noite dos tempos.
„ E' opinião corrente que, a ordem dos Maçons, ou associação de
homens philantropicos e caridosos, que se reúnem e trabal hão em
commum e secretamente nos interesses dos associados e da sociedade
civil, data das primeiras idades do mundo.
Para instrucção de nossos leitores, procuraremos elucidar esta
questão, quanto nos fôr possivel, pelos factos históricos, pelo racio-
cimo analylico da historia e das tradições lendaticas conhecidas.
— 11 _
Delaunay provou que os Maçons,
nas, usos e mysterios, são origináriospelas suas ceremonias, doutri-
do Egypto, que a muitos
poyos passou suas leis e fórmulas religiosas, seu ceremonial no
culto e nos mysterios.
Tschuly demonstra com provas scientificas, o dogma ou dou-
tnna philosophica, chamada Maçonaria, temquea sua origem nos
mysterios dos sacerdotes do Egypto'; mysterios em seu ceremo-
mal e formulas emblemáticas, passárãoa outros que, tomarão par-
te em outras religiões, forão seguidos por diversaspovos,
nações antigas ; e
na idade media, ainda forão pelos Cruzados, de novo introduzidos
na Europa; ceremonial e fórmulas, que a Maçonaria adoptou senão
em sua totalidade, em grande parte.
Como proviis desta asserção, observaremos a doutrina da ini-
ciação dos Magos, consistindo na sciencia e naquemoral, como os mys-
tencs de Isis, tinha por base o svstema das leis
natureza. Enlre os Magos e os Egypcios, as experiências phvsicas da
a admissão aos seus mysterios, erâo feitas para
pelos quatro elementos.
Moysés, que foi creado entre os sábios do Egypto, no seu ceremo-
mal religioso e emblemático, offerece muita analogia com as cere-
monias dos mysterios do Egypto, o que
Na iniciação egypcia, bem como entre prova que os conheceu.
os judeos, e mais tarde
entre os primitivos christâos, os iniciados, sob
juramento, obri-
gavao-se a guardar segredo sobre os mysterios que lhes erâo
revelados.
Tanto nos mysterios antigos como nos modernos, a Luz, a Ver-
dade, a Sabedoria, só existem em Deus, único regulador da
destruição e regeneração dos seres. geração,
Todas as religiões antigas tiverão uma allegoria da morte de um,
ou de vários de seus deoses, ou heróes. Igual facto se deu com as
allegonas da pedra bruta, que existio em todos os mysterios antigos,
é tjue era a sciencia allegoricamente demonstrada ; e os da
Azia e da África antiga, bem como os judeos, os christâos povos e os mu-
sulmanos, veneravão e venerão pedras allegoricas. E estas allego-
rias, bem como as dos egypcios, parecem referir-se á
destruição e regeneração. geração,
As religiões antigas, anteriores a Moysés e a Salomão, tinhão as
duas columnas emblemáticas do fogo e do vento. Estas. columnas
symbolicas, têm-se conservado nas religiões que succedêrão ou sub-
stituirão aquellas. E' assim,que vemos S. Paulo chamar a Jacques,
Cephas, e a João, as três columnas da noVa igreja, e conseguinte-
mente, estes emblemas que erão próprios dos primeiros christâos, de-
nvayão das allegorias egypcias, de onde as columuas allegoricas
passarão ás outras religiões.
A cruz, o cordeiro, a serpente, a rosa, o pelicano e a águia, forão
emblemas usados nas religiões antigas, representando allegorica-
mente a iminorlalidade, o sol, a harmonia, os combates, o segredo,
a caridade, a sabedoria. Os primitivos christâos usarão também de
12 ¦-
todas, ou de algumas destas allegorias,
que forão admittidas pelos
judeos, e que tiverão sua origem no Egyplo.
O tríplice triângulo é um emblema egypcio e de outras religiões
antigas, e de algumas ainda hoje existentes na índia, contendo° três
unidades iguaes, representando a trindade philosophica,
bohsa os três princípios de geração, destruição e regeneração. que sym-
'
A regua e a esquadria, são emblemas egypcios, aos
Magos, aos judeos, que forão usados na mythologia que passarão e romana
e que, também empregarão os primitivos christãos. E'grega a allegoria dá
rectidão, da equidade, do nivellamento dos três
destruidor e regenerador. princípios, gerador
O ramo mystieo da acácia, era um emblema commum aos
egypcios, aos phenicios, aos gregos, aos romanos, aos druidas aos
primitivos christãos; era a allegoria da fidelidade aos principio* da
trindade philosophica.
Todos estes symbolos, estes emblemas, estas allegorias,
tavão em esquecimento pelas alterações e vicissitudes sociaes, que já es-
forão
levadas do oriente para a Europa, cavalleiros cruzados que
pelos
durante as guerras da Palestina, delles tiverão conhecimento.'
As doutrinas philosophicas, anteriores e posteriores ao chris-
tianismo, usarão d'estes mesmos emblemas e symbolos allego-
ricos. .'5
A Maçonaria, adoptando estes symbolos e emblemas,
ligados ás suas doutrinas tradiccionaes, demonstra que estão
dessas doutrinas, e qual a origem
por conseguinte qual a sua antigüidade.
A Maçonaria, hoje conhecida por este nome, constituída em uma
associação que fôrma uma confederação universal, organisada me-
thodicamente, com leis especiaes que regem todos os associados
confederados, segue em grande parte as doutrinas e as ceremonias ou
emblemáticas e allegoricas, que de remotas épocas lhe vem tradic-
cionaes, épocas em que essas doutrinas erão
sábios, pelos philosophos, porém sem proclamadas pelos
que estes formassem o corno
orgânico e social, que hoje fôrma a Maçonaria.
Se no ceremonial Maçonico, todo emblemático e allegorico en-
contramos a rellação de identidade, estabelecida entre a actualídade
e a remotabilidade dos tempos, que vão até ao Egypto, na
moral encontramos igualmente a tradiccão dessas doutrinas parte
sophicas e liberrimas, que forão aperfeiçoadas philo-
pelo christianismo
e que a Moçonana adoptou e segue,
reza, quando exercida como determinão quando praticada em sua pu-
suas leis.*
Os philosophos da antigüidade, maior parte, bebêrão suas
doutrinas no Egypto, que tinha uma pela
hnmanitaria deri-
vada dos princípios de Zoroastro, ou philosophiamenos era
aante em suas demonstrações e fins. que pelo concor-
Moysés, como se vê da Bíblia, foi no Egypto recebeu a ins-
trucçao que o tornou o sábio legislador e chefe doque Hebreo
Salomão, o sábio por excellencia, teve idêntica povo instruccão e ro-
— 13 —
deou-se de outros sábios, que igualmente a
possuiãode idênticas
Os philosophos gregos seguião as doutrinas egypcias,
volviao segundo o modo por que entendião formando novas que desen-
escolas
em que as bases scientiíicas primordiae.s pouco divergem. Alguns
destes philosophos forão iniciados nos mysterios do Egypto e, como
Pithagoras, sujeitarão-se a todas as provas por que ali passávão os
iniciados.
As diversas escolas, ou seitas fundadas aquelles philosophos,
resentem-se da mesma origem, das mesmas por fontes de que erão deriva-
tivas e todas se dirigião ao mesmo fim. — A instruceão, leva o ho-
mem ao conhecimemto dos seus deveres para com' Dens,que
sociedade, para com a família e para comsigo mesmo; para com a
na quaes us seus direitos como membro da sociedade em que lhe ensi-
vive.
Aquelles sábios philosophos ensinavão em suas escolasquea
a fraternidade, e a igualdade entre os homens. paz|
Da Grécia, essas doutrinas passarão á Roma antiga,
desenvolver e sustentar por seus sábios; doutrinas que as vio
que lhe forma-
rão os grandes homens dos seus tempos heróicos.
Mas, a corrupção dos romanos, sob o domínio dos césares, fez es-
quecer e desapparecer essasdoutrinas,a que se oppunhão a devassidâo
luxuosa e os crimes que baixa vão da corte, eque tudo corrompendo,
conduzirão a decadência de Roma, e levarão o romano á indo-
lencia eá abjecção, que lhe trouxe a dominaçãopovodos bárbaros.
O chnstianismo encontrou os povos ignorantes e dominados
pelo
pelo poder tyrannico dos pro-consules romanos, delegados dos des-
potas da Roma pagan, da dominadora do universo de então.
As doutrinas santas do Mestre Divino, doutrinas regeneradoras,
forão abraçadas pelos opprimidos, mas descridas e combatidas
oppressores. pelos
Então nasceu uma nova épocha para os
trinas philosophicas do Christianismo, fazião povos, para quem as dou-
renascer a esperança e
firmar a fé de um porvir de liberdade, de igualdade, de caridade.
Foi essa a épocha dos martyres, da dedicação e do heroísmo
christão, em luta com os erros grosseiros de doutrinas falsas; em
luta com o poder que queria a sustentação das trevas, a destruição
da luz.
(Continua.)

Escolas üVTaçoxiieas.
I.
Um dos mais importantes deveres a cumprir pela Maçon.-. é a
propagação de instrucção pelo povo, de onde provem incontestável-
mente a regeneração popular.
— 14 —
Para este fim, o meio mais eflicaz é a fundação de escolas
nas e secundarias, onde gratuitamente se ensine aos dous sexos prima-
as
matérias necessárias ao desenvolvimento das intelligencias e ha-
bilite os educandos a sarem cidadãos úteis, artistas intelligentes que
e mdustriaes emprehendedores.
Nas escolas do sexo masculino, a instrucção
matica, deve ser acompanhada de uma educação primaria, até a gram-
moral e religiosa,
escoimada dos erros do fanatismo e da superstição, embrutecem
e degradão; a instrucção secundaria, deve consistir que na arithmetica,
geometria, historia pátria e geral, geographia, francez, inglez, e
allemão. D
Nas ascolas do sexo feminino, a instrucção deve ser
a mesma ; a instrucção secundaria limita-se ao primaria, francez, historia e
geographia.
Com o ensino estabelecido, haverá em resultado não só o desenvol-
vimento nas artes e officios, o augmenlo da industria no
artistas intelligentes e instruídos, como também o paiz por
povo, conhecedor
dos seus direitos e dos seus deveres, tornar-se-ha morigerado e labo-
rioso, ao mesmo tempo que sustentando as liberdades
pátrias, não se
prestará no exercício dos direitos que a lei lhe outhorga, a ser sim-
• plesmente a escada
por onde os ambiciosos sobem a cúpula do poder
de onde opprimem e esmágão o mesmo
povo que os elevou.
A mulher educada por este systema, saberá melhor sustentar e de-
tender a sua virtude, tornar-se-ha uma boa e inlelligente mâi
de família; e como a educação da infância é
geralmente formada
pelas mais, ellas poderão innocular no espirito dos filhos, os princi-
pios de uma sã moral, as idéas sublimes da religião de christo •
mas estas idéas, estes princípios moraes e religiosos, ellas os ensi-
narao despidos dos grosseiros erros a está sujeita a mulher igno-
rante e que se curva ás suggestões de que uma moral viciada e errônea
dirigida por um clero ignorante, fanático ou
Pela mulher é que geralmente o jesiiitico.
jesuitismo chega aos seus fins
porque no espirito fraco da mulher e já viciado por uma educação
que se recente dos mesmos erros, ensinua o jesuíta os seus princípios
que apparenta justos, mascarando-os sempre com uma religião fór-
mulada a seu modo, cheia de terrores, de eternas, em que pin-
tao inclemente e vingador um deos de penas
bom e justo, que elles insinuão implacável paz e de bondade; um deos
e flagellador.
Nao _é o clero illustrado e moralisado, despido de fanatismo
e su-
perstiçoes, que insinua taes princípios errôneos, não; esse cumpre
os deveres do sacerdócio, com a consciência da alta missão
está investido. Mas o jesuíta, ou o clero ignorante influenciado de que
jesuitismo, procede em contrario. ppelo
E' pela fraqueza do espirito feminil, em
supersticiosa, que o jesuíta domina na família, que actua uma educação
que prejudica êm
proveito seu, próprio ou da ordem. F J
E como evitar os males provenientes de um tal contagio,
como co-
-: i5 -
nhecer e escolher entre o bom e o máo sacerdote, se falta a precisa
mstrucção r
E' necessária a instrucção, e uma inslruccão esmerada, porque
se o pois
homem carece d'ella para a vida social, a mulher igualmente
d ella precisa para a vida domestica, como filha, como esposa e
como mãi. r
Dirão que o governo occorre a esta necessidade com a creacão das
aulas publicas de ambos os sexos.
Mas ás aulas publicas do governo, vão os filhos das classes mais
menos abastadas; aquelles que seus ou
pais tem meios para occorrerem
as despezas de um vestuário decente e do material
Mas os filhos das ultimas camadas sociaes? Aquelles, para o ensino
dispondo de escassos meios para as mais essenciaes necessidades que seus pais
vida nao podem mandal-os as escolas da
publicas, porque não tom com
que trajal-os com tal ou qual decência, que essas aulas exigem e
menos para lhes comprarem os materiaes do ersino, ficando
necessária mstrucção? Essas crianças não sem a
podem ser de grande utili-
dade a pátria, ao engrandecimento da nação? Entre ellas não
talentos, gênios, que ficarão ignorados haverá
por falta de desenvolvimento !
lois e a essas criança de ambos os sexos que muito principal-
mente aJlaçon.-. se dirige facilitando-lhes os meios de mstrucção
dando-lhes todo o necessário para o ensino,
com os trajos, e so exigindo acceio e assiduidade. pouco se lhe importando*
Não serão estas escolas de real e verdadeira utilidade ?
Poderão ser contestadas as vantagens
Mo será por meio d'ellas que o povopopulares que d'ellas provem?
se pode elevar á altura que
lhe compete na sociedade 4
Se uma educação apropriada estivesse dessiminada
veríamos vícios e crimes correrem á rédea solta; não vedamos pelo povo 'os não
regorgitarem de infelizes viclimas de uni erro lu-
panares
berao evitar, ou de que não poderão defender-se. que não sou-
O Gr. •. Or.;. Brazileii o, conscio deste dever Maconico, saberá cum-
pril-o, opportunamente creando as escolas primarias e secundarias
principal ponto por onde o povo conhecerá a utilidade da Maçonaria'
dado Por uma das LL°g-"- do Circ.-.; •'
fidelidade, de Campinas, na província de S. Paulo, foi a a Offic
r;Se?pl5Jndá
crear uma escola primaria n'este systema, e onde mais de primeira a
nos, quasi todos da classe indigente, recebem a cem alum-
precisa instruc-
çao, e a quem se fornece todo o necessário para o ensino
Tem havido, porém, algumas opiniões entre os MMac.-.
ao ensino diurno ou nocturno; mas esta divergência' de quanto
ou para melhor dizer, esta idéa de ensino nocturno, idéas
Offic.-. que não pertence ao Circ. do Gr.-. Or.-. Braiileiro, partio de umá
nao partilha essa opinião. ¦ o 4qual
# As razões para assim julgar, tem oGr.-. Or.-. Braz.-., e a opo-
siçao que se que faz as escolas Maçonicas, priHcipalmente pelo iesuitismo
serão matéria para outro artigo. ( Continua
— 16 —
Bxp©d i ente.

O Vigilante publica-se todos os domingos, exceptu o do Paschoa.


subscreve-se e acha-se á venda, nas seguintes casas:
Rua do General Gamara n. 130 (Pharmacia.)
Rua de S. José n. 33 A (Loja de livros.)
Praça da Constituição n. 30 (Pharmacia.)
Sacco do Al feres, n. 141 (Pharmacia.)

Preço da assignatura.

PAGAMENTO ADIANTADO,

CORTE E NIOTHEROY.

Por ãnno 10#000


Por seis mezes 6$000

províncias e exterior.

anuo
£°r semestre 12^000
Por ¦..., 7$000

Números avulsos 400


Para os senhores assignantes das Províncias, tomarão assi»-
naturas nos prospectos, antes da publicação do que Jornal, vi^órão os
mesmos preços que para os senhores assignantes da corte,.°
As pessoas, não assignantes, a quem fôr enviado o Vigilante, não
querendo recebel-o, tenhão a bondade de devolver o primeiro
numero, á rua do General Câmara n. 170. Não o fazendo, íica sub-
entendido que são assignantes.
Np fim do anno, daremos aos nossos leitores um frontespicio,
um indice e uma capa, o que completará o livro ás
pessoas quê
quizerem broxal-o, ou encadernal-o. Como este anno só temos a
dar sete números, daremos no fim do anno de 1871, essa capa
frontespicio e indice. '
A redacção do Vigilante, acceita artigos para serem
com tanto que sejão escriptos por qualquer Ir.-, do Circ. publicados,
e quê
estejão redigidos convenientemente e no do
o que sujeitar-se-hão ao juizo e censura daprogramma jornal, para
redacção.
Toda a correspondência com a redacção, pôde ser dirigidaá Rua
do General Câmara n. 170.

Typ. de J. A dos Santos Cahdoso & Irmão.— Rua de Gonsalves Dias, 60.

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