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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

CIÊNCIAS SOCIAIS

Professor: Jean Segata


Aluna: Maria Clara dos Santos Dieguez

Autor/a Texto discutido Destaques Comentários

Joanna Overing O xamã como Versões de mundo: uma A partir dos dois textos
construtor de mundo: multiplicidade de conhecimentos, lidos nessa etapa da
Nelson Goodman na existe uma diversidade de versões. disciplina, fica mais
Amazônia Arte vis-a-vis a ciência: “Ainda claro quais são as
que o produto final da ciência, a atribuições de um
diferença daquele da arte, seja antropólogo, que seria
uma teoria denotativa, literal, verbal entender que existem
ou matemática, ciência e arte multiplicidades de
procedem, em grande parte, do versões de mundo,
mesmo modo em sua investigação primeiramente, não ver
e construção" o mundo como uma
Relativismo radical: unidade em que existe
não se trata de falta de rigor e sim um mundo verdadeiro e
"mas um reconhecimento de que outros sem validade.
padrões diferentes daqueles Como também, não
aplicados na ciência são tentar compreender por
apropriados para apreender o que completo essa versão
é expressa em versões de mundo de outros
perceptuais, pictóricas ou povos, pois eles têm
literárias". quadros referenciais
Quadros de referências: distintos dos nossos, ou
“Não se pode dizer o que algo é seja, nunca
sem um quadro de referência. Sob entenderemos através
um quadro de referência A, o dos quadros de
mundo tem pontos como referência que não
intersecções de pares de linhas. possuímos. Portanto, a
Sob um quadro de referência B, o tarefa é fazer o mundo
mundo tem linhas traçadas entre do outro ser inteligível
pares de pontos.” para o nosso mundo.

Eduardo O inimigo no conceito O antinarciso: Não se trata, enfim,


Viveiros de de propor uma interpretação do
Castro pensamento ameríndio, mas de
realizar uma experimentação com
ele, e portanto com o nosso. “Every
understanding of another culture is
an experiment with one’s own”
Duplo desenraizamento:
nem reflexos verídicos, nem
projeções ilusórias mas a
inteligibilidade entre as duas
culturas.
Antropologia como instrumento
filosófico: “anthropology is
philosophy with the people in”.
o problema do sentido: “Uma
antropologia que […] reduz o
sentido [meaning] à crença, ao
dogma e à certeza cai
forçosamente na armadilha de ter
de acreditar ou nos sentidos
nativos, ou em nossos próprios”
Tarefa do antropólogo: se há algo
que cabe de direito à antropologia,
não é a tarefa de explicar o mundo
de outrem, mas a de multiplicar
nosso mundo, “povoando-o de
todos esses exprimidos que não
existem fora de suas expressões”.
Pois não podemos pensar como os
índios; podemos, no máximo,
pensar com eles.

Lélia Gonzalez A categoria Amefricanidade: Uma forma Este é um texto que


político-cultural de conceitual e epistemológica de deve ser lido e
amefricanidade. decolonialidade do saber, de internalizado por todos
resistência africana e diaspórica no os negros do Brasil e do
Brasil. mundo, bem como por
Histórico-cultural do Brasil: todos os/as/es docentes
Brasil, sul da América, com raízes e as pessoas em geral,
ancestrais do saber, da cultura, da para que tenham
língua, filosofia, tradições dos acesso às informações
povos africanos da diáspora, com que são fundamentais
os processos diaspórico da para o entendimento do
escravidão. que é verdadeiramente
Racismo por Denegação: o Brasil e se possa
Brasileiros não entendem, num assumir uma postura
primeiro momento, a lógica antirracista dentro das
estrutural do racismo e se sociedades.
autoafirmam não racistas num país Lélia Gonzalez é uma
em que a base das relações importante personagem
sociais é em função das nuances no cenário da produção
de raça. A verdadeira identidade do epistemológica negra
Brasil e dos países amefricanos, brasileira, sendo uma
bem como de seus sujeites, está grande precursora
marcada pelos traços fenotípicos, militante do movimento
de linguagem e cultura pela negro brasileiro e de
afreekanização, longe da origem enorme relevância
branca, colonial e europeia que nos como mulher negra
é ensinada e colocada como intelectual. Lélia ainda
verdade. hoje influencia a
“Pretuguês”: Entendido como as produção acadêmica
marcas da africanização no decolonial e antirracista
Português que se fala no Brasil, e está eternamente
que é um Português brasileiro, um ligada a luta contra a
“Pretuguês. discriminação racial,
devido a sua militância
ostensiva junto ao
movimento negro e a
sua vasta produção
epistemológica de
conteúdo
contracolonial, que
denuncia os racismos, a
discriminação racial e
sexual e convida a
todos a assumirem uma
postura antirracista.

Kimberlé Documento para o Crítica ao universalismo: Diante do texto exposto


Crenshaw Encontro de Caracteriza a proteção dos direitos pode-se analisar a
Especialistas em humanos das mulheres via problemática de gênero
Aspectos da Declaração Universal dos Direitos nas relações de
Discriminação Racial Humanos, argumentando que ele trabalho, levando em
Relativos ao Gênero ‘’fundamentava-se firmemente nas conta que certos grupos
experiências dos homens’’, e que, de mulheres são mais
por isso, não dava conta das atingidos pelas
experiências específicas e das discriminações que
violências sofridas por mulheres, outros. Sendo assim, as
escamoteadas como abusos discriminações são
‘’periféricos’’. potencializadas pela
Interseccionalidade: presença de outros
Conceituação do problema que tipos de discriminação.
busca capturar as consequências Esse fenômeno é
estruturais e dinâmicas da denominado de
interação entre dois ou mais eixos discriminação múltipla
da subordinação. ou de
Questão Racial: Discriminação interseccionalidade de
que não se enquadra em um discriminações. No
modelo-padrão, sendo tratada Brasil, os casos de
como excessivamente diferente interseccionalidade de
das experiências formais do tipo discriminações
apartheid para que possa constituir mais comuns são de
o abuso de direitos humanos. gênero e raça.
Propostas de melhoria: Diante da persistência
Identificação das várias formas de das desigualdades em
subordinação que refletem os razão de gênero no
efeitos interativos das Brasil, faz-se
discriminações de raça e gênero. necessária a atuação
Protocolo provisório para melhoria de todos os atores
de identificação de situações em sociais, inclusive o
que tal discriminação interativa Estado e as
possa ter acontecido. organizações sindicais,
para a luta contra a
desigualdade, por meio
de outros
instrumentos além dos
mecanismos
tradicionais de sanção
negativa à
discriminação.

Anna Tsing MARGENS Cogumelos como Espécies A partir dos dois textos,
INDOMÁVEIS: Companheiras: O título sugere vemos uma abordagem
Cogumelos como que os cogumelos são vistos como que desafia noções
Espécies "espécies companheiras" que têm ocidentais de
Companheiras uma relação simbiótica com os separação entre
seres humanos e outros natureza e cultura,
organismos. Tsing explora essa oferecendo uma
relação e como os cogumelos se perspectiva
encaixam em ecossistemas e antropológica rica sobre
culturas humanas. as diversas maneiras
Ecologia Multiespécies: Tsing como as culturas
argumenta a favor de uma humanas concebem o
abordagem que considera as mundo natural e suas
relações entre múltiplas espécies relações com ele. Eles
em ecossistemas. Ela destaca oferecem uma
como os cogumelos desempenham perspectiva
papéis fundamentais nessas redes interdisciplinar e
ecológicas. ecológica sobre a
Capitalismo e Cogumelos: O relação entre seres
texto explora como os cogumelos humanos e não
são afetados pelas forças do humanos.
capitalismo global e como as
práticas de coleta e comércio de
cogumelos se encaixam nas
economias globais.
Antropologia da Paisagem: Tsing
utiliza uma perspectiva
antropológica para analisar como
os cogumelos moldam paisagens e
como as pessoas interagem com
essas paisagens em suas práticas
de coleta.
Resiliência e Vulnerabilidade: O
livro examina como os
ecossistemas e as espécies,
incluindo os cogumelos,
respondem a mudanças ambientais
e como algumas espécies
demonstram resiliência, enquanto
outras se tornam vulneráveis.
Conhecimento Tradicional: Tsing
aborda como as comunidades
locais desenvolvem conhecimento
tradicional sobre cogumelos e
como esse conhecimento é
transmitido e preservado.
Desenraizamento e Mobilidade:
O texto também discute a
mobilidade das pessoas que
coletam cogumelos, muitas vezes
se deslocando em busca de
oportunidades sazonais de
colheita. Essa mobilidade contrasta
com o desenraizamento causado
pelo capitalismo global.
Culturalização da Natureza: Tsing
investiga como diferentes culturas
atribuem significados e valores aos
cogumelos e como essas
representações culturais
influenciam as práticas de coleta e
consumo.

Philippe Descola Outras Culturas, Perspectivismo: Descola introduz


Outras Naturezas o conceito de perspectivismo, que
é a ideia de que diferentes culturas
têm perspectivas diferentes sobre a
natureza e os seres que a habitam.
Ele argumenta que as culturas
classificam e percebem a natureza
de maneiras diversas.
Naturalismo: O autor contrasta o
perspectivismo com o naturalismo,
que é a visão de mundo que
prevalece nas sociedades
ocidentais, caracterizada pela
separação entre natureza e cultura.
Descola questiona essa dicotomia
e argumenta que ela não é
universal.
Natureza-cultura: Descola desafia
a ideia de que a natureza e a
cultura são categorias opostas e
separadas. Ele argumenta que
diferentes culturas têm diferentes
maneiras de conectar a natureza e
a cultura, e essa conexão não é
universal.
Ecologia das Relações: O autor
também introduz o conceito de
ecologia das relações para
descrever como as diferentes
culturas constroem sistemas de
relações entre humanos e não
humanos. Ele examina como esses
sistemas afetam a maneira como
as pessoas interagem com o
ambiente natural.

Considerações finais, a disciplina me fez ter uma visão diferente da que eu tinha
anteriormente da antropologia no geral, não era muito próxima a ela, porém a partir
das leituras consegui me conectar melhor com ela, talvez por ela ter o vigor dos
debates mais atuais. Foi esse semestre e por conta dessa cadeira e da cadeira de
ciência, tecnologia e sociedade da professora Marília que eu pude finalmente
encontrar uma área que gosto mais nas ciências sociais e aquilo que para mim faz
mais sentido estudar. Além disso, a cadeira me introduz a leituras que me
possibilitam as ferramentas para estudar as áreas que me interesso na ciências
sociais, principalmente com relação a Anna Tsing e Bruno Latour, pois meu desejo é
seguir estudando sociologia da ciência e esses autores me deram mais bagagem.
De modo geral, gostaria de ter tido mais tempo para conseguir participar das
discussões presenciais, porém os debates que participei e os textos me ajudaram
muito em relação a essa questão de me direcionar melhor e também sentir que
detinha um conhecimento mais atual da área da antropologia.

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