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PRÓDROMOS CONCEITUAIS DA

TEORIA DA RESIDUALIDADE
Prof. Dr. Roberto Pontes
1. Sobre datas e a procedência de conceitos da TR
➔ Resíduo: Termo usado pela primeira vez em 1967(Prefácio);

“Os resíduos romântico--parnasianos encontráveis na obra de Pedro Lyra(...)”;

➔ Cristalização: Termos abordado indiretamente no ensaio “Vangarda


Brasileira:Introdução e Tese”, de 1970;

1. Sobre datas e a procedência de conceitos da TR
Endoculturação: (1970)
1. Sobre datas e a procedência de conceitos da TR

Raymond Williams:

Teoria cultura - Tópico 8 - “Dominante, residual e emergente” - Publicado em


1971 (Inglaterra) Edição Brasileira (1979)
MENTALIDADE: A cidade antiga, de Fustel de Coulanges.
(p. 30-31)

Mentalidade:

1- imaginação, cheia de lendas antigas que moldam o modo de pensar.

2- inserida da fala e escrita humana expressando opiniões e costumes.

3- longas durações .
Arquétipo e Inconsciente coletivo (JUNG; p. 53-54)
a. Definição
O inconsciente coletivo é uma parte da psique que pode distinguir-se de um
inconsciente pessoal pelo fato de que não deve sua existência à experiência pessoal, não
sendo portanto uma aquisição pessoal. Enquanto o inconsciente pessoal é constituído
essencialmente de conteúdos que já foram conscientes e no entanto desapareceram da
consciência por terem sido esquecidos ou reprimidos, os conteúdos do inconsciente
coletivo nunca estiveram na consciência e portanto não foram adquiridos
individualmente, mas devem sua existência apenas à hereditariedade. Enquanto o
inconsciente pessoal consiste em sua maior parte de complexos, o conteúdo do
inconsciente coletivo é constituído essencialmente de arquétipos*.
O inconsciente coletivo não se desenvolve individualmente, mas é herdado. Ele
consiste de formas preexistentes, arquétipos, que só secundariamente podem
tomar-se conscientes, conferindo uma forma definida aos conteúdos da consciência.
(JUNG; p. 53-54)
O conceito de arquétipo, que constitui um correlato indispensável da idéia
do inconsciente coletivo, indica a existência de determinadas formas na
psique, que estão presentes em todo tempo e em todo lugar. A pesquisa
mitológica denomina-as "motivos" ou "temas"; na psicologia dos primitivos
elas correspondem ao conceito das représentations collectives de
LEVY-BRÜHL e no campo das religiões comparadas foram definidas como
"categorias da imaginação" por HUBERT e MAUSS. ADOLF BASTIAN
designou-as bem antes como "pensamentos elementares"ou "primordiais". A
partir dessas referências torna-se claro que a minha representação do
arquétipo - literalmente uma forma preexistente- não é exclusivamente um
conceito meu, mas também é reconhecido em outros campos da ciência.
Hibridação Cultural
2- Ocorrências posteriores que consolidaram a
sistematização da TR
● 2º Congresso Abralic “Literatura e Memória Cultural (1990)

Base teórica sobre memória coletiva: Maurice Halbwacs, Michael Pollack, Sérgio
Micelli e Renato Ortiz.

● Ensaio “Uma desleitura de Os Lusíadas” (1997)


● Ensaio: “Mentalidade e residualidade na lírica camoniana” (1998)
2- Ocorrências posteriores que consolidaram a
sistematização da TR
● Poesia insubmissa afrobrasilusa (1999)
2- Ocorrências posteriores que consolidaram a
sistematização da TR
● O jogo de duplos na poesia de Sá-Carneiro (2012)

- 1.2 Fragmentação e Residualidade Estética Complexa

“(...) Nas quais o leitor pode ter uma ideia precisa da aplicação da
Teoria da Residualidade a uma obra literária sob um enfoque
estético”
3. Três importantes aplicações da Teoria em livros
residualistas
1. Do fragmento à Unidade: A lição de Gnose almadiana, Elizabeth Dias
Martins.
Análise residual necessária à compreensão de obras literárias.
“Resíduos indicativos de futuro”
2. Além da cruz e da espada: Acerca dos resíduos clássicos d’A Demanda do Santo
Graal, José William Craveiro Torres.
- Leitura Obrigatória:
- Residualidade e intertextualidade;
- Imaginário.
3. Dos mitos à picaresca: Uma caminhada residual pelo Auto da
Compadecida-Análise do Auto da Compadecida, de Ariana Suassuna, pela ótica da
Teoria da Residualidade, de Roberto Pontes. - Rubenita Alves Moreira
- Livro publicado na alemanha;
- Residualidade X periodização;
- Residualidade X intertextualidade;
- Residualidade X influência.
4. A lei da TR, a de Lavoisier, e um repasse pelos
conceitos operacionais
● Formulação axiomática: “Na cultura e na literatura nada há de original;
tudo é remanescência; logo, tudo é residual”;

● 1º Pressuposto - Originalidade: “Essa lei parte do pressuposto de ser a


originalidade uma falácia, pois é impossível um ponto de partida único
para as manifestações culturais”;
● 2º Pressuposto- Remanescência: “(...) quem recusa a originalidade tem
que reconhecer o caráter remanescente das criações humanas”
Resíduo
O resíduo, temos repetido por diversas vezes, refere-se a certas formações
mentais persistentes através de longas durações. É dotado de vigor
extremos e não se confunde com o arcaico nem com o fossilizado, como bem
notamos, em uníssono com Raymond Williams. É aquilo que remanesce de
uma época para uma outra e tem força de criar de novo toda uma cultura
ou obra literária; não é material morto e, sim, material que tem vida, porque
continua a ser valorizado e vai infundir vida numa obra nova (PONTES,2006,p.
363-372)
Cristalização
A cristalização é o polimento estético conferido às obras, o qual é permitido
pela sedimentação de resíduos culturais de outras épocas em obras vivas,
inclusive contemporâneas. A cristalização depende igualmente da memória
coletiva e resulta de um processo de modificações contínuas das condições
materiais e sociais (PONTES, 2006,p.363-372)
Mentalidade
A mentalidade é um conjunto difuso de imagens a que se referem todos os
membros de um mesmo grupo estando associada intrinsecamente ao
resíduo. Trata-se de uma faculdade natural do indivíduo que se espraia nas
noções de curta, média e longa duração, evidenciando a presença das
contribuições de Lévy-Bruhul, Henry Bergson e Fernand Braudel e dos
estudos contemporâneos da École des annales. (PONTES,2006, p. 363-372)
Hibridação cultural
A hibridação cultural possibilita ver que as culturas não são formações
sociais isoladas: elas se encontram, se fecundam, se multiplicam, proliferam;
apresenta sempre a ideia de algo resultante do cruzamento de culturas
diferentes. Pode ser estudada pelo seu aspecto literários, artístico ou
sociocultural (PONTES,2006,p.363-372)
Endoculturação
“(...)Quando nascemos não inventamos nada. O mundo não nasce conosco,
nós é que nascemos para o mundo”

“(...)Consiste em assimilarmos a cultura havida antes de nós, a fim de que


possamos sobreviver e sonhar. A endoculturação é, portanto o processo pelo
qual assumimos o que os outros produziram culturalmente, daí não
sermos originais na cultura nem na literatura e dependermos sempre do que
os outros foram e produziram”
Imaginário X Mentalidade
Imaginário: “conjunto de
imagens que a sociedade
faz de si mesma através
de produções culturais,
pelas quais podemos
distinguir as épocas entre
si.”
Referências
JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo / CG. Jung ;
tradução de Maria Luíza Appy, Dora Mariana R. Ferreira da Silva. Perrópolis,RJ:
Vozes, 2000.

PONTES, Roberto. Pródromos conceituais da Teoria da Residualidade.


2019.

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