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Artrologia

Pedro Magalhães

Artrologia
Os ossos encontram-se unidos entre si através de um conjunto de tecidos moles,
designando-se por articulação a zona de contacto entre dois ou mais ossos.
A classificação geral das diferentes articulações faz-se de acordo com o grau de
mobilidade que cada tipo de articulação permite.
Assim, são considerados três grupos de articulações:
¾ Imóveis (Sinartroses)
¾ Semimóveis
¾ Móveis (Sinoviais ou Diartroses)

Do ponto de vista anatómico, cada articulação é composta por peças ósseas, partes
moles interpostas entre estas e partes moles que as envolvem.

Articulações Imóveis
Na maioria das articulações imóveis, a união entre os ossos faz-se através de bordos e
não por superfícies ósseas.
Os seus componentes articulares típicos são:
• Membranas fibrosas (denominam-se de suturas ou sinfibroses);
• Membranas cartilaginosas (denominam-se de sincondroses).

Exemplos de Suturas (sinfibroses):


• Sutura fronto-parietal (entre os ossos frontal e os parietais);
• Sutura sagital (entre os dois ossos parietais);
• etc. (encontram-se essencialmente na abóbada craniana).

Exemplos de Sincondroses:
• Sincondrose esfeno-occipital (entre o esfenóide e o occipital);
• Sincondrose esfeno-petrosa (entre o esfenóide e o rochedo);
• etc. (são próprias dos ossos da base do crânio).

Articulações Semimóveis
(1) As superfícies ósseas encontram-se revestidas por uma camada fina de
cartilagem hialiana, sobre a qual pode encontrar-se uma camada de tecido
fibrocartilagíneo (ex. articulações sacro-ilíacas).
(2) Pode consistir na interposição de uma fibrocartilagem entre as cartilagens
hialianas de cada uma das estruturas ósseas, às quais se adere fortemente (ex.
sínfise púbica).

Este tipo de articulações é reforçado por ligamentos periféricos diferenciados, sendo os


movimentos articulares de reduzida amplitude.

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Articulações Móveis
Constitui o tipo de articulações que predomina no esqueleto humano.
Caracterizam-se pela existência de uma cavidade articular que separa as superfícies
articulares, a qual contém uma quantidade diminuta de líquido sinovial que funciona
como um lubrificante.
Dentro das articulações móveis, aquelas que estão sujeitas a cargas elevadas tendem a
apresentar uma cartilagem articular mais espessa.

Constituição geral das articulações móveis:


• Superfícies ósseas;
• Cartilagem articular;
• Cápsula articular;
• Ligamentos;
• Membrana sinovial;
• Líquido sinovial.

Algumas articulações móveis (diartroses) possuem ainda estruturas fibrocartilagíneas,


tais como:
(1) Meniscos → Têm como funções melhorar a concordância entre as superfícies
articulares e absorver parte das tensões exercidas sobre a articulação;
(2) Debruns → Funcionam como prolongamentos da superfície articular, nas
articulações onde as cavidades são de menores dimensões do que as superfícies
esféricas com as quais se articulam, aumentando-as em extensão e
profundidade.

As superfícies articulares encontram-se revestidas por cartilagem hialiana que, para além
de facilitar o movimento, funciona como um amortecedor de pressões.

Membrana Sinovial:
(1) Mantém o equilíbrio entre a secreção e a absorção de líquido sinovial;
(2) Constitui a principal fonte de nutrição da cartilagem articular;
(3) Actua como um lubrificante, diminuindo a fricção entre as superfícies articulares
opostas.

Cápsula Articular:
(1) Envolve a articulação protegendo-a de agentes exteriores;
(2) Mantém unidas as superfícies ósseas.

Ligamentos:
(1) Mantém unidas as superfícies ósseas;
(2) Contribui para a estabilidade da articulação.

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Bolsas Serosas:

(1) Não fazem parte integrante das articulações, mas encontram-se associadas a
algumas delas;
(2) Constituem num saco fibroso forrado interiormente por uma membrana do tipo
sinovial;
(3) Encontram-se em zonas justa-articulares, em áreas de proeminência óssea,
almofadando-as, ou em local de passagem de tendões, facilitando o seu deslizar
sobre o osso ou outras estruturas.

Ao nível das estruturas cápsulo-ligamentares existe a quase totalidade dos receptores


articulares, os quais são responsáveis pelo controle consciente e automático do
movimento, informando-nos constantemente acerca da posição estática e dinâmica da
articulação, assim como da frequência com que os movimentos articulares são
realizados.
Ao nível das articulações existem também receptores de dor, os quais são estimulados
em caso de lesão ou doença articular.

Classificação Morfológica das Articulações Móveis


As articulações móveis são classificadas de acordo com a diferente configuração das
superfícies ósseas, determinando o tipo de movimento que as mesmas podem realizar.

Tipos de Articulações Móveis:


1. Trocleartrose;
2. Trocóide;
3. Condilartrose;
4. Epifiartrose (em sela);
5. Enartrose;
6. Artrodia.

1. Trocleartrose
Neste tipo de articulações, uma das superfícies ósseas tem a forma de uma tróclea (ou
roldana) e a outra apresenta uma crista e duas faces.
A crista corresponde à garganta da tróclea e as faces laterais às vertentes.
(ex. Articulação tíbio-társica).

2. Trocóide
Uma das superfícies ósseas tem a forma de um cilindro que funciona como eixo de
rotação em torno do qual gira outra superfície óssea mais ou menos côncava.
(ex. Articulação entre o áxis e o atlas).

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3. Condilartrose
Apresentam superfícies ósseas de contorno circular ou oval, sendo uma côncava e a
outra convexa (côndilo).
(ex. Articulação umero-radial).

4. Epifiartrose (ou articulação em sela)


Caracteriza-se por uma das extremidades articulares apresentar uma superfície côncava
num determinado sentido e outra uma superfície convexa noutro sentido, inversamente
conformada.
(ex. Articulação esterno-clavicular).

5. Enartrose
As superfícies articulares são respectivamente côncava e convexa.
O contorno destas é esférico e, na maioria dos casos, a cavidade é aumentada por um
debrum.
(ex. Articulação escápulo-umeral).

6. Artrodia
As superfícies articulares são relativamente planas.
Permite a realização de movimentos de deslizamento e de balanceamento em todos os
sentidos.
(ex. Articulações entre os osso do carpo).
A morfologia das superfícies ósseas condiciona o tipo de movimentos das respectivas
articulações.

São, assim, consideradas duas categorias de movimentos:


1. De deslize → Quando as superfícies articulares se deslocam linearmente num
plano do espaço, segundo uma ou mais direcções (específico das articulações do
tipo artrodia).
2. Angulares → Quando os ossos se deslocam ao longo de um ou mais planos no
espaço, em torno de um ou mais eixos de rotação (acontece nos restantes tipos
de articulações móveis).

A descrição dos movimentos articulares é realizada com base em planos e eixos de


movimento, definidos no espaço tridimensional.
São considerados três planos nos quais são realizados os diferentes movimentos:
1. Sagital
2. Frontal
3. Horizontal

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1. Sagital
É o plano no qual se realizam os movimentos visíveis no perfil.
Ex.
- Flexão da coxa;
- Extensão da coxa;
- Flexão do ombro;
- Extensão do ombro;
- Flexão dorsal do pé;
- Flexão plantar do pé;
- Flexão do joelho;
- Extensão do joelho;
- Extensão da cabeça.

2. Frontal
É o plano no qual se realizam os movimentos visíveis de frente.
Ex.
- Adução da coxa;
- Abdução da coxa;
- Adução do braço;
- Abdução do braço;
- Inclinação lateral do tronco.

Para os dedos das mãos e dos pés, a linha mediana do corpo é substituída pelo eixo da
mão (terceiro dedo) ou do pé (segundo dedo).
Ex.
- A abdução do quinto dedo afasta-o do eixo da mão e não da linha mediana
do corpo.

3. Horizontal
É o plano no qual se realizam os movimentos visíveis de cima ou de baixo.
Ex.
- Rotação interna da coxa;
- Rotação externa da coxa;
- Rotação interna do ombro;
- Rotação externa do ombro;
- Pronação do antebraço;
- Supinação do antebraço;
- Rotações do tronco (para a direita e para a esquerda).

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Na realidade, os movimentos do corpo realizam-se quase sempre em planos mistos.

Os três planos descritos servem unicamente de referência para se descrever os


deslocamentos.

Um eixo pode ser definido como uma linha imaginária, perpendicular ao plano do
movimento, em redor da qual acontece o movimento.
Tipos de Planos de Eixo Articular Nomenclatura
Movimentos Movimento
Articulares
Sagital Frontal Flexão\Extensão
Angulares Frontal Sagital Adução\Abdução
Horizontal Vertical Rotação Interna\Externa
Deslize - - Protacção\Retracção
- - Elevação\Depressão
Movimentos Articulares

Protacção\Retracção → Movimentos de translação realizados no plano horizontal.


A protacção acontece no sentido anterior e a retracção no sentido posterior.
Elevação\Depressão → Movimentos de translação realizados no plano frontal.
A elevação acontece no sentido superior e a depressão no sentido inferior.

Classificação Funcional das Articulações Móveis


De acordo com o grau de mobilidade das articulações, estas podem ser classificadas em:
• Uniaxiais
• Biaxiais
• Triaxiais

Articulações Uniaxiais
Só são possíveis movimentos em torno de um único eixo.
(ex. Trocleartroses e trocóides).

Articulações Biaxiais
São permitidos movimentos em torno de dois eixos, sendo o movimento em torno de um
deles limitado.
(ex. Condilartroses e epifiartroses).

Articulações Triaxiais
São as de maior mobilidade, permitindo movimentos em torno de três eixos.
(ex. Exclusivas das articulações do tipo enartrose).
Neste sistema de classificação excluem-se as artrodias por apresentarem movimentos de
deslizamento e/ou de balanceamento nos quais não é possível considerar planos ou eixos
de movimentos.

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Estes movimentos são de reduzida amplitude e, em alguns casos, como na coluna


vertebral, no carpo ou no tarso, somente ganham expressão funcional quando
considerado o somatório da mobilidade das várias articulações em conjunto.

Superfícies Articulares
As superfícies articulares são lisas e encontram-se revestidas por cartilagem hialiana.
Nos ossos longos as superfícies articulares encontram-se ao nível das epífises, sendo a
sua localização variável nos ossos planos e curtos.

Cartilagem Articular
As superfícies ósseas articulares são revestidas por cartilagem articular do tipo hialiano.
Consiste numa superfície lisa, deslizante e esbranquiçada, que varia em transparência e
espessura de área para área numa mesma superfície, de articulação para articulação na
mesma espécie e de espécie para espécie.
As articulações de carga apresentam uma maior espessura da cartilagem, dado esta ser
proporcional à pressão suportada por unidade de superfície.
A cartilagem articular é formada por células, denominadas de condrócitos, e por uma
matriz cartilagínea que as envolve.
Esta matriz é composta predominantemente por fibras colagéneas e macromoléculas de
proteoglicanos.

Devido às propriedades da cartilagem articular, esta permite:


1. Proporcionar um material de revestimento que protege o osso da abrasão e de
outras agressões;
2. Transmitir e distribuir as elevadas forças compressivas e cargas de deformação ao
osso subcondral (função amortecedora);
3. Providenciar a congruência articular e a redução dos esforços resultantes do
contacto entre as superfícies ósseas opostas;
4. Proporcionar uma superfície lubrificante e lisa, facilitando o movimento entre as
superfícies articulares com um mínimo de fricção.

A estrutura da cartilagem articular é heterogénea, alterando-se da superfície para a


profundidade, permitindo distinguir quatro zonas ou camadas:
1. Superficial;
2. Transição;
3. Profunda;
4. Calcificada.

Estas camadas evidenciam algumas diferenças relativamente aos condrócitos, à


orientação das fibrilas de colagéneo, à concentração de água e ao conteúdo em
proteoglicanos.

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1. Superficial
Nesta zona, as fibras de colagéneo densamente compactas dispõem-se paralelamente à
superfície articular.
As quantidades de proteoglicanos são mínimas e os condrócitos são escassos.
A concentração de água é muito elevada, com cerca de 80% da totalidade da água da
cartilagem articular nesta zona.
Esta zona parece estar estruturada de forma a resistir a esforços de corte, que se
desenvolvem durante o movimento articular.

2. Transição
Nesta zona as fibras de colagéneo dispõem-se ao acaso, apresentando uma direcção
aproximadamente oblíqua em relação à superfície cartilagínea.
Os condrócitos têm uma maior actividade sintetizadora do que os da zona superficial.

3. Profunda
As fibras colagéneas formam uma rede de malhas apertadas cuja disposição é
perpendicular à superfície articular, fixando-as à “tidemark”.
Nesta zona a concentração de proteoglicanos atinge o seu valor mais elevado e, a água,
a sua menor concentração.

4. Calcificada
Tem uma enorme rigidez devido à presença, na matriz, do mineral hidroxiapatite.
Esta camada encontra-se apenas no indivíduo adulto.
A separação desta zona com a camada profunda é estabelecida pela “tidemark”.
Esta zona calcificada pode ser considerada como o limite entre o osso e a cartilagem não
calcificada, fixando-a firmemente ao osso.

Condrócitos
Correspondem de 1% a 10% do volume tecidual hidratado da cartilagem articular.
Estas células têm uma elevada actividade metabólica, sintetizando o colagéneo e as
macromoléculas de proteoglicanos.
Os condrócitos são estimulados a manter a reparação normal e a renovação destes
componentes através de forças de carga, de factores nutricionais e hormonais.
Assim, a estrutura molecular da cartilagem articular está sob o rigoroso controlo
metabólico dos condrócitos, que zelam pela sua formação, manutenção e renovação.

Colagéneo
É o tipo de macromoléculas mais abundante da cartilagem articular.
O colagéneo é composto por cadeias polipeptídicas, que se intercruzam em hélice,
formando fibras dispersas, tendo um aspecto final de uma rede.

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Água
É este conteúdo de fluido da matriz cartilagínea que permite a difusão de gases,
nutrientes e metabólitos entre os capilares, no exterior da cartilagem articular, e os
condrócitos que se encontram na matriz.
A circulação da água processa-se através dos micro e macroporos existentes na cápsula
articular, transportando nutrientes e gases às células condrócitas que se encontram mais
profundamente.

Proteoglicanos
São macromoléculas constituídas por glicosaminoglicanos ligados a uma proteína nuclear.
Os glicosaminoglicanos têm uma grande afinidade com o colagéneo, sendo esta
associação responsável pela resistência do tecido às pressões.
Os proteoglicanos são também responsáveis pela existência de pequenos poros
existentes na cartilagem articular.
Nos humanos adultos, a cartilagem articular é desprovida de vasos sanguíneos, linfáticos
e de nervos, sendo o líquido sinovial a sua principal fonte de nutrição.
A penetração eficaz do fluido sinovial no interior do tecido cartilagíneo é atribuída, não só
à permeabilidade da cartilagem, mas também ao sistema de bombagem assegurado pela
alternância entre a compressão e a descompressão da cartilagem articular, que só é
conseguida durante o movimento.

Sistema de esponja

Revela a importância do movimento articular para a manutenção de uma cartilagem


articular saudável.

Propriedades
A cartilagem articular apresenta uma elevada resiliência.

Consiste na capacidade de recuperar da deformação quando cessa a


aplicação da carga de compressão sobre a cartilagem.

Esta capacidade deve-se às propriedades físicas e químicas dos proteoglicanos.


Os glicosaminoglicanos individuais que compõem as macromoléculas de proteoglicanos
estabelecem cargas negativas, as quais vão atrair para o interior da cartilagem iões
positivos como o Na+ e o Ca2+.
A concentração de Na+ no interior da cartilagem vai ser superior à do líquido sinovial,
resultando numa pressão osmótica mais elevada.

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O aumento da pressão osmótica no interior da cartilagem articular, vai provocar um


edema motivado pela atracção de água para a cartilagem.
Este aumento da pressão hidrostática (2,5 a 5 atmosferas) vai induzir uma expansão da
rede de colagéneo, a qual é reconhecida pela sua inextensibilidade.
É do equilíbrio entre a pressão osmótica de edema dos proteoglicanos e a tensão das
fibras de colagéneo, que resultam as propriedades compressivas características deste
tecido cartilagíneo no amortecimento aos choques a que está sujeito.

Meios de União
1. Cápsula Articular
2. Ligamentos

Cápsula Articular
Consiste numa estrutura fibrosa, semelhante a uma manga, que envolve todas as
articulações móveis.
Faz a separação entre o meio intra-articular e o meio envolvente.
Internamente a cápsula articular adere-se à membrana sinovial e externamente
relaciona-se com tecidos moles, como músculos e tendões.
A cápsula articular fixa-se, normalmente, em redor da extremidade articular de cada
osso constituinte da articulação, mais propriamente no contorno das superfícies
articulares.
Pode, no entanto, fixar-se à distância destas.

Constituição Histológica
A cápsula articular é constituída por tecido conjuntivo denso não modelado.
Os fibroblastos são as células predominantes, sendo responsáveis pela síntese activa das
proteínas que formam as fibras de colagéneo e os proteoglicanos da substância
fundamental.
A substância fundamental da cápsula articular é amorfa, viscosa, homogénea e
transparente, sendo composta essencialmente por glicosaminoglicanos e por proteínas,
designando-se, a associação entre estas, de macromoléculas proteoglicânicas.
A cápsula articular é vascularizada e inervada.
A estrutura fibrilar depende da solicitação mecânica e das respectivas linhas de força.
As fibras que compõem a cápsula articular apresentam elasticidade à tracção
longitudinal, podendo ser distendidas com carácter reversível.
A sua disposição em rede é determinada pelas forças de tracção e compressão.
Estas fibras elásticas ramificam-se, dando origem a redes tridimensionais.

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As fibras elásticas são constituídas por fibrilas de elastina, que consiste numa proteína
elástica a qual confere a estas fibras a sua característica fundamental: a elasticidade.
A elasticidade das fibras diminui com a idade e com a falta de solicitação.

Funções
1. Protecção
2. Junção das superfícies ósseas
3. Estabilização da articulação
1. Protecção
Defende os elementos intra-articulares contra infecções, constituindo uma barreira entre
o meio circundante e o interior da articulação.

2. Junção das superfícies ósseas


Contribui para a manutenção das superfícies ósseas em contacto, assumindo as fibras
colagéneas um papel fundamental. Estas fibras conferem uma grande resistência a esta
estrutura, face às forças mecânicas (essencialmente à torção).

3. Estabilização da articulação
Esta função é, em grande parte, assegurada pelas fibras de colagéneo que constituem a
cápsula articular.

Ligamentos
De acordo com a sua proximidade em relação à articulação, distinguem-se duas
categorias de ligamentos:
i. Ligamentos articulares
ii. Ligamentos à distância

1. Ligamentos articulares
São ligamentos que ligam um osso ao outro nas articulações.
Existem os ligamentos capsulares, que constituem espessamentos da cápsula articular
(encontram-se em maioria) e ainda os ligamentos intra-articulares, que se situam no
interior da cavidade articular, unindo as duas superfícies articulares.

2. Ligamentos à distância
Ligamentos que unem dois ossos entre si, mas fora das articulações.
(Ex. Ligamentos interósseos; Ligamentos coraco-claviculares).

Constituição Histológica
Os ligamentos são constituídos por tecido conjuntivo denso modelado, diferindo da
cápsula articular em alguns aspectos.
Têm uma aparência brilhante, branca ou prateada.

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São compostos por muitos feixes espessos de fibras colagéneas, dispostos paralelamente
e estritamente interlaçados.
Entre estes feixes, encontram-se fibras elásticas e células.
As características físicas e histológicas dos ligamentos variam consoante as funções que
os mesmos desempenham.
Alguns tipos de ligamentos contêm mais fibras elásticas (elastina) do que outros.
Alguns ligamentos chegam a ter mais do dobro deste tipo de fibras do que colagéneo.
Os feixes de fibras de colagéneo permitem uma perfeita liberdade de movimentos mas,
ao mesmo tempo, são suficientemente fortes para resistir às tensões e forças mecânicas
aplicadas.
Os ligamentos que se encontram anexos à cápsula articular possuem diferentes tipos de
fibras:
• Circulares – Rodeiam a cápsula articular não se fixando nos ossos;
• Arciformes – Têm ambas as inserções no mesmo osso;
• Oblíquas – Apresentam uma torção em espiral;
• Longitudinais – Estendem-se de uma extremidade à outra, efectuando o percurso
mais curto.

Enquanto que as fibras do tipo circular e arciforme apenas reforçam transversalmente a


cápsula, os outros tipos correspondem a fibras de união que resistem às forças de
separação das superfícies articulares.

Nos locais de inserção, a estrutura dos ligamentos passa por uma zona de transição de
fibrocartilagem.

As fibras colagéneas associam-se com quantidades aumentadas de


substância amorfa intercelular e os fibroblastos tornam-se encapsulados,
assemelhando-se a condrócitos.

As suas ligações ao osso são tão fortes, que uma tensão anormal ou excessiva provoca
mais frequentemente o arrancamento, do que a sua ruptura.
O aporte sanguíneo dos ligamentos é reduzido e o conteúdo celular é pobre, tornando-se
lenta a recuperação quando sujeitos a lesão.

Propriedades Físicas
A resistência que os ligamentos apresentam, varia com o tipo de forças a que estão
sujeitos e com a sua composição histológica.
São mais resistentes à tracção do que à torção.
São flexíveis e maleáveis.

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São pouco extensíveis e pouco elásticos, à excepção dos ligamentos em que as fibras
elásticas são abundantes.
Pelo facto da sua elasticidade ser reduzida após estiramento, o período de recuperação é
prolongado.
Se forem excessivamente distendidos, podem não readquirir o seu comprimento normal.

Funções
Graças às suas características físicas, os ligamentos encontram-se adaptados a não
permitir movimentos para os quais a articulação não se encontra preparada.
Constitui um factor de limitação articular, ao não permitir que a amplitude do movimento
ultrapasse os limites fisiológicos.
Os ligamentos protegem a cápsula nos pontos onde é necessário uma maior contenção,
encontrando-se em maior número nas zonas onde as tensões são mais elevadas.
Assim, a amplitude dos movimentos é limitada em parte, pelos ligamentos, devido à sua
reduzida extensibilidade.
Se forem excessivamente estirados podem não readquirir o seu comprimento normal,
tornando-se frouxos e ineficazes para desempenhar o seu papel estabilizador.

Membrana Sinovial
Consiste numa membrana delgada, macia, flexível e móvel que reveste interiormente a
cápsula articular e todas as superfícies não cobertas por cartilagem hialiana (como as
porções ósseas não articulares e ligamentos intra-articulares ou tendões que passam
através da articulação).
Quando existe um menisco na articulação, a membrana sinovial termina à periferia das
superfícies meniscais.
Quanto às relações da membrana sinovial com o osso, variam consoante a inserção
capsular se fizer a uma certa distância do revestimento cartilagíneo, ou junto ao limite da
cartilagem articular.

Em cada membrana sinovial consideram-se duas extremidades e duas faces:


• As extremidades inserem-se no contorno cartilagíneo, existindo sempre entre a
cartilagem articular e a membrana sinovial uma pequena faixa separadora de
tecido fibrocartilagíneo, de dimensões e estrutura variável, estabelecendo a
ligação entre a membrana sinovial e a cartilagem.
• Relativamente às faces, uma é externa e faz corpo com a cápsula articular (e o
periósteo em alguns casos), e a outra é interna, encontrando-se banhada pelo
líquido sinovial.

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A membrana sinovial pode apresentar prolongamentos, com funções variáveis:


1. Prolongamentos intra-articulares → Possibilitam o estiramento da membrana
sinovial sem a danificar;
2. Prolongamentos extra-articulares → Podem envolver os tendões periarticulares,
de forma a facilitar o deslizamento destes.

Constituição Histológica
A membrana sinovial tem uma aparência lisa ou aveludada, cor de rosa ou amarela
consoante a abundância de gordura.
É constituída por tecido conjuntivo especializado, com uma camada abundantemente
vascularizada e adiposa.

Funções
São diversas as funções desempenhadas pela membrana sinovial:
1. Função fagocítica e de depuração;
2. Produção de líquido sinovial.

1. Função fagocítica
A membrana sinovial contém organelos citoplasmáticos específicos, os quais têm uma
elevada capacidade fagocítica, lutando contra infecções que possam ocorrer no líquido
sinovial.

2. Produção de líquido sinovial


A membrana sinovial tem a capacidade de produzir o líquido sinovial, assim como tem a
capacidade de reabsorver este mesmo fluído, estabelecendo desta forma o equilíbrio.
Tem, assim, a função de regulação do seu volume e da sua composição macromolecular
através da modificação de glicoproteínas ou das variações da permeabilidade vascular.
No processo de limpeza do líquido sinovial, a água ou as substâncias dissolvidas
atravessam rapidamente a membrana sinovial, por osmose ou difusão, entrando para a
corrente sanguínea, enquanto que as partículas de grandes dimensões passam para os
vasos linfáticos.
É reconhecida à membrana sinovial uma capacidade de regeneração notável que deriva
da sua rica vascularização e de ter um tecido conjuntivo onde se encontram células
capazes de se diferenciarem nas células sinoviais típicas.

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Líquido Sinovial
O líquido sinovial encontra-se em todas as articulações sinoviais.
As características do líquido sinovial, como a viscosidade, volume e cor variam com a
articulação e também com a sua espécie.
O líquido sinovial normal é claro, incolor ou amarelo pálido.
Quando contém um elevado número de proteínas torna-se opalescente.
Este líquido é mais viscoso do que a água, é mucoso e tem um pH ligeiramente alcalino
(cerca de 7,3 em repouso), podendo descer para valores neutros ou ligeiramente ácidos
durante o exercício.

Composição
Este líquido constitui um dialisado do plasma sanguíneo.
Existem, no entanto, diferenças relevantes entre o líquido sinovial normal e o plasma
como a maior viscosidade, o menor número de células e o menor número de proteínas.
O líquido sinovial é constituído ainda por:
• Lípidos
• Ácido úrico
• Cálcio
• Electrólitos
• Algumas células, cujo o número varia com as articulações:
o Monócitos
o Macrófagos
o Linfócitos
o Reduzida percentagem de leucócitos polimorfonucleares
o Células primitivas
o Células sinoviais

Relativamente às proteínas, a grande maioria provém do plasma, sendo apenas 2% de


origem sinovial.
O líquido sinovial contém ácido hialurónico, o qual determina em grande parte as
propriedades viscoelásticas e plásticas deste líquido.
O ácido hialurónico tem as propriedades físicas de uma membrana de natureza líquida,
espessa, regulando a permeabilidade e a difusão das soluções.
A viscosidade do líquido sinovial varia num mesmo indivíduo, tendo uma tendência para
diminuir com a idade.
A viscosidade do líquido sinovial também diminui à medida que aumenta a temperatura,
o que poderá ser um factor que poderá explicar a rigidez articular em tempo de frio.

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Quanto maior for a velocidade do movimento articular, maior a taxa de fricção na


película do líquido sinovial entre as superfícies em contacto e menor a viscosidade
efectiva do fluido neutralizar esse movimento.
Este mecanismo será uma mais valia ao facilitar uma elevada mobilidade.

Nos locais onde as superfícies cartilagíneas em movimento se aproximam, a taxa de


fricção é máxima e a viscosidade do fluído é mínima, permitindo um movimento articular
rápido.
Por outro lado, o líquido sinovial viscoso que se encontra lateralmente na superfície de
suporte, poderá estabilizar esse movimento.

Funções
São duas as funções principais desempenhadas pelo líquido sinovial:
1. Consiste na principal fonte de nutrição da cartilagem articular, permitindo
igualmente o aporte de nutrientes a outras cartilagens avasculares;
2. Actua como um fluído lubrificante, facilitando o deslizamento suave entre as
superfícies articulares.

O movimento articular consiste num estímulo para a produção de líquido sinovial pela
membrana sinovial.
As moléculas do ácido hialurónico podem ser consideradas como domínios esféricos com
cargas fixas, as quais se ligam a solutos e às moléculas de água.
Estas esferas oferecem resistência à deformação resultando numa função de suporte.
O líquido sinovial tem ainda uma acção coesiva entre as superfícies ósseas, contribuindo
para a manutenção da união das superfícies articulares em contacto, através de um
mecanismo de vácuo auxiliado pelas características da cavidade articular hermeticamente
fechada.
Perante um processo de inflamação articular, de origem infecciosa ou traumática, a
membrana sinovial produz grandes quantidades de líquido sinovial e a articulação
aumenta o seu volume.
Geram-se dores se a cápsula articular ou a membrana sinovial forem estiradas.
Estes mecanismos têm como objectivo limitar os movimentos da articulação,
contribuindo para a protecção da articulação.
A inflamação articular pode alterar a composição e o conteúdo do líquido sinovial,
modificando as características físicas do mesmo.

Meniscos e Debruns (ou bordaletes)


Os meniscos e os debruns encontram-se nas articulações em que não existe uma perfeita
concordância entre as superfícies ósseas.

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A principal função consiste em melhorar a adaptação entre as superfícies ósseas,


contribuindo para uma melhor estabilidade da articulação.
São estruturas de natureza fibrocartilagínea.

Meniscos
Os meniscos são estruturas com uma morfologia semelhante a um disco completo (1) ou
em meia lua (2).
1. O menisco separa entre si as duas superfícies articulares, convertendo a cavidade
articular em duas, permitindo aumentar a mobilidade da articulação ao possibilitar
movimentos diferentes em cada uma das sub-cavidades articulares.
2. O menisco permite que as duas superfícies ósseas entrem em contacto numa
pequena extensão. As articulações que apresentam meniscos são:

• Temporo-mandibular
• Esterno-clavicular
• Femuro-tibial
• Acrómio-clavicular (inconstante)

Nas articulações temporo-mandibular e esterno-clavicular, os meniscos têm uma forma


discoide, estando fixos à cápsula articular.
Na articulação femuro-tibial os meniscos têm uma forma em meia-lua, mais ou menos
fechada, inserindo-se na espinha da tíbia ao centro e na cápsula articular por fora.
Em corte frontal, os meniscos em meia-lua têm a forma de cunha, os quais se projectam
na cavidade articular, ficando interpostos entre as cavidades glenoideias da tíbia e os
côndilos femorais.
São assim mais espessos à periferia do que ao centro.
Os meniscos são formados por tecido fibrocartilagíneo, com predomínio de tecido fibroso
à periferia e cartilagíneo ao centro.
A localização destes dois tipos de tecido é determinada pelas funções dos meniscos e
pelas relações que estes estabelecem com as estruturas vizinhas.
A região periférica, que cumpre essencialmente o papel de preenchimento de espaço,
ligando-se à cápsula articular, é constituída com predominância de tecido fibroso.
A região central do menisco está mais vocacionada para o amortecimento de pressões,
sendo constituída essencialmente por tecido cartilagíneo.
O facto da constituição histológica não ser uniforme, faz com que o modo de nutrição do
menisco se faça de maneira diferente.
Enquanto que a região periférica, fibrocartilagínea, contém pequenos vasos sanguíneos,
a região central é avascular e a sua nutrição faz-se a partir do líquido sinovial.

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Artrologia
Pedro Magalhães

A capacidade de regeneração do menisco é variável, resultando não só da forma como é


nutrido, mas também da diferente capacidade de divisão e de diferenciação dos
fibroblastos e dos condrócitos.

Debruns (ou bordaletes)


São estruturas com uma morfologia semelhante a anéis, tendo uma secção prismática
triangular, inserindo-se a base no contorno das cavidades articulares e a face externa na
cápsula articular.
(ex. Articulações escápulo-umeral e coxo-femural).
A necessidade deste tipo de estruturas advém da reduzida dimensão da superfície
articular côncava, comparativamente às superfícies esféricas opostas.
Os debruns aumentam assim as superfícies articulares côncavas em extensão e
profundidade.
Permite uma adaptação mais perfeita entre as superfícies articulares, aumentando a
coesão da articulação e diminuindo os riscos de luxação.

Constituição Histológica
São estruturas de natureza fibrocartilagínea, vascularizadas, mas não inervadas.

Nervos Articulares
Existe um conjunto de receptores nervosos distribuídos pelas estruturas da articulação,
que fornecem informações sobre os movimentos e as posições da articulação, assim
como transmitem a percepção de dor quando a mesma é sujeita a lesão.
Os receptores articulares são de 4 tipos:
• Receptores de Paccini;
• Receptores de Ruffini;
• Terminações de Golgi;
• Terminações nervosas livres.

Estes receptores articulares podem ser distinguidos em dois grupos fundamentais:


1. Receptores proprioceptivos (receptores de Ruffini; receptores de Paccini; e
terminações de Golgi), os quais transmitem informações acerca da posição
e do movimento da articulação.
Localizam-se na cápsula articular e nos ligamentos articulares.
2. Receptores de dor (terminações nervosas livres).
Localizam-se na cápsula articular, nos ligamentos articulares e em algumas
zonas da membrana sinovial.

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Artrologia
Pedro Magalhães

Receptores de Ruffini
São em maior número.
Têm um baixo limiar de excitação.
Localizam-se na cápsula articular.
Transmitem informações sobre o grau, a direcção e a velocidade do movimento.
Qualquer que seja a posição da articulação, existe sempre um certo número destes
receptores activos, mesmo quando a articulação está imóvel.
As informações transmitidas pelos receptores de Ruffini, distinguem-se em duas
componentes:
1. Estática
2. Dinâmica

1. Estática
Considera-se uma “descarga de descanso” que é gerada pela pressão e pela tensão da
cápsula articular, com origem essencialmente no grau de contracção dos músculos que a
envolvem.

2. Dinâmica
Estes receptores são capazes de detectar variações angulares inferiores a um grau.
Os receptores de Ruffini dão assim informações sobre o ângulo articular e o sentido do
movimento articular.

Receptores de Paccini
Localizam-se na cápsula articular.
Estes receptores só estão activados no momento em que se regista uma mudança
repentina do movimento, e apenas por um breve período de tempo (≤ 1 segundo).
Transmitem informações sobre a aceleração e desaceleração do movimento.

Terminações de Golgi
Localizam-se predominantemente nos ligamentos.
Transmitem informações sobre a posição da articulação, sendo sensíveis à tracção
longitudinal.

Terminações Nervosas Livres


Distribuem-se pela cápsula articular, pela membrana sinovial e pelos ligamentos.
Constituem receptores de dor.
Transmitem informações em caso de deformação mecânica e por irritação química.
A deformação mecânica tem lugar quando se realizam movimentos anormais com
consequente distensão das estruturas articulares ou em caso de contusão directa sobre a
articulação.

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Artrologia
Pedro Magalhães

No seu conjunto, os receptores proprioceptivos da articulação constituem sensores


absolutos da direcção, sentido e velocidade do movimento, enviando informações em
qualquer ângulo da articulação.
A frequência máxima de descarga tem lugar quando a articulação se encontra em
posição extrema.
A distribuição dos receptores proprioceptivos não é uniforme.
Estes predominam nas faces da articulação sujeitas a um maior alongamento, durante os
movimentos articulares.
Por outro lado, existem articulações que são mais ricamente inervadas do que outras.
A articulação do joelho é um exemplo disso, quando comparada com a articulação
escápulo-umeral.

Estabilidade Articular
Os conceitos de estabilidade e mobilidade articular surgem com atribuições antagónicas
entre si.
A mobilidade, surge assim inversamente proporcional à estabilidade articular.
A articulação escápulo-umeral tem uma maior mobilidade do que a articulação coxo-
femural mas, por outro lado, as condições de estabilidade são bastante inferiores.

Definição
O termo estabilidade articular procura descrever a resistência oferecida por um conjunto
de elementos (articulares e periarticulares), no sentido de prevenir a ocorrência de
movimentos anormais na articulação e que, no limite, possam provocar a perda de
contacto entre as superfícies articulares.

Luxação → Perda de contacto total entre as superfícies articulares.


Subluxação → Perda parcial do contacto entre as superfícies articulares.

Factores de Estabilidade Articular


São considerados três factores que contribuem para a estabilidade articular:
1. Forma das superfícies articulares (estabilidade inerente);
2. Elementos de contenção passiva (meios de união cápsulo-ligamentares);
3. Elementos de contenção activa (tensão dos músculos que envolvem a
articulação).

Podem ainda ser considerados outros factores, como a pressão negativa intra-articular e
a tensão superficial exercida entre as superfícies articulares pelo líquido sinovial.

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Artrologia
Pedro Magalhães

Morfologia das Superfícies Articulares


A morfologia das superfícies articulares constitui o factor mais simples de estabilidade.
De todas as articulações sinoviais, somente a articulação coxo-femural parece apresentar
superfícies articulares suficientemente congruentes para que se possa falar de uma
autêntica estabilidade inerente.
Nas restantes articulações, a forma das superfícies articulares está mais relacionada com
as potencialidades da articulação em termos de mobilidade, do que propriamente com a
estabilidade articular.
A influência da morfologia das superfícies articulares na estabilidade é, no entanto,
compreensível se considerarmos que a maioria das articulações apresenta superfícies
articulares com formas curvas (côncavo-convexo).
O somatório deste tipo de morfologia (côncavo-convexo) com os meios de união (cápsula
e ligamentos), possibilita que as articulações tenham uma elevada capacidade de
estabilização, sendo máxima em determinadas posições da articulação.

Elementos de Contenção Passiva


• Superfícies Articulares;
• Cápsula Articular;
• Ligamentos.

Estes elementos passivos de contenção, não possibilitam a regulação e/ou alteração da


sua forma, comprimento ou tensão.
A cápsula articular constitui o meio mais simples de união articular.
A sua contribuição para a estabilidade articular é especialmente importante nas
articulações de maiores dimensões.
Algumas características morfológicas da cápsula articular, como as dimensões ou os
locais de inserção, estão relacionados com a qualidade e quantidade de movimentos
permitidos pela articulação, influenciando de forma indirecta a estabilidade articular.
Os ligamentos são conhecidos pela sua elevada resistência mecânica às forças de tensão,
proporcionada pelas propriedades mecânicas da molécula de colagéneo.
Alguns ligamentos encontram-se em tesão durante toda, ou a maior parte da amplitude
articular (ex. Ligamentos cruzados do joelho).
Os ligamentos, para além de serem importantes meios de união articular, contribuem
também para a definição das características do movimento, ao possibilitarem a definição
dos respectivos eixos articulares.
Por outro lado, existem outros ligamentos que só entram em tensão num dos extremos
desse mesmo movimento, estando desta forma vocacionados para a definição dos limites
da amplitude articular.

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Artrologia

O papel dos ligamentos na função de estabilidade articular pode ser entendido a dois
níveis:
1. Constituem importantes barreiras mecânicas que impedem os
deslocamentos laterais entre as superfícies articulares;
2. Contribuem para a colocação da articulação na posição de máxima
estabilidade, ao induzirem o movimento de aparafusamento articular,
desencadeado pela progressiva tensão que adquirem à medida que o
movimento articular chega ao seu limite.

Elementos de Contenção Activa

Envolvimento muscular da articulação.

A musculatura envolvente da articulação confere uma capacidade adaptativa à mesma,


possibilitando que esta dê resposta à grande variedade de condições de velocidade,
posição e carga a que está sujeita.
Assim, a musculatura envolvente, embora não seja um constituinte articular, interage
permanentemente com o funcionamento articular.
Os tendões apresentam uma constituição histológica similar aos ligamentos – tecido
conjuntivo denso – com a mesma capacidade de resistir à tracção.
Os tendões, ao estarem ligados aos músculos cujo nível de contracção pode ser regulado,
funcionam como uma espécie de ligamentos activos susceptíveis de a sua tensão ser
modificada a qualquer momento.
A possibilidade de alterar a tensão do complexo músculo-tendinoso permite ajustar
constantemente o seu comportamento elástico, constituindo o factor mais determinante
na capacidade de amortecimento de impactos articulares.
Existem algumas articulações em que o mecanismo de estabilização é especialmente
mantido pelas estruturas músculo-tendinosas, uma vez que o reforço em ligamentos é
escasso.

Ex. Articulação escápulo-umeral


A ausência de ligamentos na parte posterior da cápsula articular é compensada pelos
tendões dos músculos que passam por trás da articulação (Supra-espinhoso; Infra-
espinhoso; Pequeno redondo).
Outro exemplo constitui o tendão terminal do músculo quadricípete crural que, no seu
trajecto entre a rótula e a tuberosidade anterior da tíbia, funciona como ligamento
anterior da articulação do joelho.

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Artrologia

Visão Integral da Articulação


As articulações têm assim elementos de características passivas que, de forma a facilitar
o seu estudo, são referidas individualmente.
Estes elementos contribuem de forma a condicionar a mobilidade da articulação, mas
também contribuem para a sua estabilidade.
No entanto, uma articulação está integrada num sistema mais complexo, e do qual não
pode ser desligada:
1. Musculatura envolvente;
2. Factores de regulação nervosa.

1. Musculatura envolvente
Os músculos ou terminações mio-tendinosas que envolvem uma articulação, são as
estruturas capazes de produzir movimento para o qual a morfologia das superfícies
articulares está preparada.
Os músculos constituem o único meio de união de contenção activa, susceptível de
alterar a rigidez da articulação e, assim, modelar a sua estabilidade.

2. Factores de regulação nervosa


O nível de tensão de um músculo num determinado momento (tónus muscular) depende
de impulsos neurais fornecidos a partir da medula.
Assim, o aumento de descargas medulares para o grupo de músculos que envolvem a
articulação, produz um acréscimo do nível de tonicidade muscular que determina o
aumento da rigidez articular.
O SNC pode, desta forma, regular a todo o momento a rigidez articular e assim interferir
na estabilidade da articulação, ajustando-a em função das condições físicas a que está
sujeita.
A grande velocidade a que as informações chegam ao SNC, principalmente as sensações
sobre o estado das articulações, músculos e tendões, e a forma como elas
imediatamente se traduzem em alterações reflexas da tonicidade muscular, são
exemplos da grande capacidade adaptativa deste sistema.
Assim, o binómio mobilidade/estabilidade articular é a todo o momento influenciado por
informações sensitivas respeitantes à posição das articulações, à aceleração dos
segmentos, ao comprimento e tensão dos músculos, ou às sensações cutâneas
detectadas pelos receptores da pele.
Cada articulação é simultaneamente influenciada e influenciadora das outras articulações
do mesmo e de outros segmentos articulares.

Músculos Multiarticulares → Assumem um papel fundamental na transferência de


energia cinética entre diferentes segmentos.

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Artrologia

Características Particulares
As articulações das crianças apresentam características próprias, nomeadamente uma
cápsula mais elástica e ligamentos muito extensíveis.
Esta elasticidade característica dos jovens deve-se à elastina, que tende a desaparecer
no idoso, tornando os tecidos mais rígidos.
Com a idade, as articulações tornam-se menos estáveis e móveis, sinais do
envelhecimento, que se encontram associados às situações de desgaste e destruição.
A perda de funcionalidade da articulação encontra-se relacionada com determinadas
alterações histológicas, nomeadamente:
• Degradação das fibras de colagéneo;
• Fibrose da membrana sinovial;
• Degradação da superfície articular;
• Decréscimo da viscosidade do líquido sinovial;
• Modificações de ordem diversa da cartilagem articular.

As alterações da articulação que estão associadas à idade incidem fundamentalmente


sobre a cartilagem articular.
Ao longo do tempo, a cartilagem articular adquire uma coloração amarelada e a
superfície revela um aumento da fibrilhação e erosão, mais evidente nas áreas mais
espessas da cartilagem articular.

Osteoartrose
• Doença articular mais comum;
• Surge em idade avançada, com especial incidência sobre as áreas que recebem a
maior parte do stress mecânico;
• Os traumatismos repetidos ocasionam a formação de cicatrizes na cartilagem,
preenchidas por tecido fibroso mais rígido e menos eficiente em situação de
stress.
• Destas alterações pode resultar um espessamento da cápsula articular e um
encurtamento dos ligamentos, com a consequente diminuição da amplitude do
movimento.

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Artrologia

Artrologia do Ombro
Consiste no sistema que possibilita a união entre a omoplata e o úmero.

Classificação
Enartrose

Superfícies Articulares
→ Cabeça do úmero
→ Cavidade glenoideia da omoplata

Debrum Glenoideu
Tem uma forma triangular, apresentando três faces:
→ Face Basal – adere fortemente ao rebordo da cavidade glenoideia em baixo,
sendo menor a adesão em cima.
→ Face Exterior (ou Capsular) – dá inserção à cápsula articular.
→ Face Interior (ou Articular) – olha para o interior da cavidade articular, sendo
lisa e livre.

Meios de União
As duas superfícies ósseas são mantidas em contacto por intermédio de:
c Cápsula Articular
d Ligamento Coraco-Umeral
e Ligamentos Gleno-Umerais

c Cápsula Articular
Tem a forma de um cone.
A grande base fixa-se no colo anatómico do úmero, na metade superior, e no colo
cirúrgico, na metade inferior.
A pequena base do cone fixa-se sobre a face exterior do debrum glenoideu.

d Ligamento Coraco-Umeral
É um ligamento espesso que se insere, na sua extremidade medial, no bordo
externo da apófise coracoideia.
Dirige-se depois transversalmente para fora, inserindo-se por dois feixes (feixes
troquiteriano e troquiniano) de cada lado da extremidade superior da goteira bicipital
(troquíter e troquino).
O tendão da longa porção do bicípite braquial sai da articulação por um orifício
compreendido entre os feixes troquiteriano e troquiniano do ligamento coraco-umeral.
O ligamento lança-se na goteira bicipital, que se transforma em canal osteo-
fibroso por intermédio do ligamento umeral transverso.

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Artrologia

e Ligamentos Gleno-Umerais
São três fitas fibrosas que se localizam na face anterior da cápsula articular.
n → Ligamento Gleno-Umeral Superior
Insere-se, na sua extremidade medial, na porção superior do debrum glenoideu e
no colo da omoplata.
Na sua extremidade lateral, insere-se entre a cabeça do úmero e o troquino,
juntamente com o feixe troquiniano do ligamento coraco-umeral.
o → Ligamento Gleno-Umeral Médio
Insere-se, na sua extremidade medial, no debrum glenoideu, ao mesmo nível do
ligamento gleno-umeral superior.
Na sua extremidade lateral, insere-se na porção inferior do troquino.
p → Ligamento Gleno-Umeral Inferior
Insere-se, na sua extremidade medial, na porção anterior do debrum glenoideu.
Na sua extremidade lateral, insere-se na porção anterior e inferior do colo
cirúrgico do úmero.
Entre os ligamentos gleno-umerais superior e médio, existe um buraco de forma
triangular, denominado de foramen oval de Weitbrecht onde, a este nível, desaparece
completamente o reforço da cápsula articular.
Entre os ligamentos gleno-umerais médio e inferior existe outro espaço que
constitui o verdadeiro ponto fraco da articulação escápulo-umeral, o orifício
subcoracoideu. É por este ponto que passa a cabeça do úmero nas luxações ântero-
internas do ombro.

Membrana Sinovial
A membrana sinovial da articulação escápulo-umeral reveste a superfície interior
da cápsula articular.
Ao alcançar as inserções capsulares reflecte-se para se estender até à cartilagem
articular.
Na articulação escápulo-umeral existem várias bolsas serosas, que constituem
prolongamentos na membrana sinovial.
Um dos prolongamentos acompanha o tendão da longa porção do bicípite, na
goteira bicipital, constituindo a bolsa bicipital.

Mecanismo Articular
Os movimentos de flexão do braço, são limitados pela tensão do ligamento
coraco-umeral e pela porção posterior da cápsula articular.

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Artrologia

Os movimentos de extensão do braço, são limitados pelo ligamento coraco-umeral


e pela porção anterior da cápsula articular (nomeadamente pelos ligamentos gleno-
umerais).

Artrologia do Cotovelo e do Antebraço


A articulação do cotovelo pode subdividir-se em três articulações:
→ Articulação do úmero com o cúbito;
→ Articulação do úmero com o rádio;
→ Articulação rádio-cubital superior.

Classificação
Bitrocleo-côndilo-trocartrose.

Ligamento Anular
O ligamento anular estende-se duma extremidade à outra da pequena cavidade
sigmoideia do cúbito.
Este ligamento permite que a circunferência da cabeça do rádio permaneça em
constante contacto com a pequena cavidade sigmoideia do cúbito.

Meios de União
As superfícies articulares do cotovelo são mantidas unidas, graças à existência de
uma cápsula articular e de cinco ligamentos de reforço.

Cápsula Articular
A inserção umeral faz-se segundo uma linha que contorna adiante as fossetas
coronoideia e supracondiliana, atrás a fossa olecraniana, por fora o epicôndilo e por
dentro a epitróclea.
A inserção antebraquial faz-se ao nível do rádio e do cúbito.
No cúbito faz-se no rebordo interno da grande cavidade sigmoideia, no rebordo
externo desta mesma cavidade excepto na porção média, onde se insere por baixo da
pequena cavidade sigmoideia, na parte superior do olecrânio e na face anterior da
apófise coronoideia.
No rádio a cápsula articular insere-se ao nível do colo do rádio.

Ligamento Anterior
Este ligamento insere-se, superiormente, entre a epitróclea e o epicôndilo e,
inferiormente, na apófise coronoideia e ao nível do ligamento anular.
Normalmente salientam-se dois feixes:
→ Feixe oblíquo interno (insere-se na epitróclea);

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Artrologia

→ Feixe oblíquo externo (insere-se no epicôndilo).

Ligamento Posterior
Este ligamento é constituído por vários feixes:
→ Feixes úmero-olecranianos oblíquos (vão dos bordos laterais da fossa
olecraniana ao vértice do olecrânio);
→ Feixes úmero-umerais (estão dispostos transversalmente, inserindo-se nos
bordos laterais da fossa olecraniana);
→ Feixes úmero-olecranianos verticais (estão dispostos verticalmente, inserindo-
se na porção superior da fossa olecraniana e no vértice do olecrânio).

Ligamento Lateral Interno


O ligamento lateral interno é o mais desenvolvido e espesso de todos os
ligamentos da articulação do cotovelo.
É constituído por quatro feixes:
→ Feixe Anterior – Insere-se na epitróclea e na apófise coronoideia;
→ Feixe Médio – Insere-se também na epitróclea e na apófise coronoideia;
→ Feixe Posterior (ou Ligamento de Bardinet) – Tem a forma de um leque.
Insere-se na epitróclea e na face interna do olecrânio;
→ Feixes Arciformes (ou Ligamento de Cooper) – Inserem-se no olecrânio e na
base da apófise coronoideia.

Ligamento Lateral Externo


Este ligamento tem a forma de um leque, e estende-se entre o epicôndilo e o
bordo externo da grande cavidade sigmoideia.

É constituído por três feixes:


→ Feixe Anterior – Insere-se no epicôndilo, contribuindo depois para a formação
do ligamento anular, terminando as suas fibras mais internas adiante da pequena
cavidade sigmoideia do cúbito.
→ Feixe Médio – É o mais importante.
Tem origem no epicôndilo e insere-se atrás da pequena cavidade sigmoideia do
cúbito.
→ Feixe Posterior – Tem origem no epicôndilo e insere-se no bordo externo do
olecrânio.

Ligamento Quadrado de Denucé


Constitui uma lâmina quadrilátera, que se estende desde o bordo inferior da
pequena cavidade sigmoideia até ao colo do rádio.

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Artrologia

Membrana Sinovial
Ao nível da articulação do cotovelo, esta membrana reveste a superfície interior
da cápsula articular.
Ao chegar às linhas de inserção capsular, reflecte-se até alcançar o limite das
cartilagens articulares, formando vários fundos de saco.

Mecanismo Articular
A flexão do cotovelo é limitada pela tensão dos feixes posteriores dos ligamentos
laterais interno e externo.
A extensão do cotovelo é limitada pela tensão do ligamento anterior e pelos feixes
anteriores dos ligamentos laterais interno e externo.
Os movimentos de lateralidade são muito limitados e passivos.
Os movimentos de pronação e de supinação são limitados pela tensão do
ligamento quadrado de Denucé, sendo a supinação limitada ainda pela tensão do
ligamento rádio-cubital anterior e a pronação pela tensão do ligamento rádio-cubital
posterior.

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Artrologia

Artrologia do Joelho e da Perna


A artrologia do joelho e da perna é constituída pela articulação do joelho e pelas
articulações tíbio-peroniais superior e inferior, além da membrana interóssea.

Artrologia do Joelho
A articulação do joelho é constituída pelo fémur, a tíbia e a rótula.
É uma articulação que pode ser dividida em duas articulações secundárias:
c Uma constituída pelo fémur e pela rótula (articulação fémuro-rotuliana) –
trocleartrose;
d Outra constituída pelo fémur e pela tíbia (articulação fémuro-tibial) –
bicondilartrose.

Classificação
Trócleo-bicôndilo-meniscartrose.

Meniscos (ou fibrocartilagens semilunares)


A concavidade pouco marcada das cavidades glenoideias e a convexidade muito
acentuada dos côndilos femorais condiciona a existência, entre as superfícies articulares,
de duas estruturas fibrocartilaginosas.
A espessura dos meniscos é maior na periferia do que no centro.
O menisco externo tem a forma de um “C” quase completo, estando apenas
interrompido ao nível da espinha da tíbia.
O menisco interno tem a forma de um “C” aberto.
Os meniscos apresentam uma face superior côncava, uma face inferior plana, um
bordo circunferencial externo muito espesso, um bordo circunferencial interno que olha
para o centro da cavidade glenoideia, e duas extremidades ou cornos, um anterior e
outro posterior.
Por vezes, os cornos anteriores dos dois meniscos estão unidos por um fita
fibrosa, denominada de ligamento transverso intermeniscal.

Meios de União
As superfícies articulares do joelho são mantidas em posição graças à existência
de uma cápsula articular reforçada por quatro ligamentos: anterior, posterior e dois
laterais; assim como pelos ligamentos cruzados, anterior e posterior.

Cápsula Articular
Tem a forma de uma manga.
A cápsula articular adere-se fortemente ao fémur, à tíbia e aos bordos externos
dos meniscos.

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Artrologia

Ligamento Anterior
Este ligamento é constituído pelo ligamento ou tendão rotuliano, inserindo-se,
superiormente, no vértice da rótula e, inferiormente, na tuberosidade anterior da tíbia,
dirigindo-se obliquamente para baixo e um pouco para fora.
A face posterior do tendão rotuliano relaciona-se, inferiormente, com a bolsa
serosa pré-tibial e, superiormente, com a massa adiposa anterior do joelho.
O ligamento rotuliano é reforçado por diversas formações aponevróticas:
→ Asas interna e externa da rótula;
→ Ligamentos menisco-rotulianos interno e externo;
→ Aponevrose dos músculos vasto interno e vasto esterno;
→ Aponevrose femoral;
→ Aponevrose de inserção do músculo tensor da fascia lata.

Ligamento Lateral Interno


Este ligamento insere-se, superiormente, na tuberosidade do côndilo interno do
fémur e, inferiormente, na porção mais elevada da face interna e no bordo interno da
tíbia.

Ligamento Lateral Externo


Este ligamento insere-se, superiormente, na tuberosidade do côndilo externo do
fémur e, inferiormente, na porção ântero-externa da cabeça do perónio.

Ligamento Popliteu (ou ligamento posterior)


Neste ligamento distinguem-se duas formações fibrosas diferentes:
Ligamento Popliteu Oblíquo – Estende-se desde o côndilo externo do fémur até ao
ponto em que se continua com o tendão do músculo semimembranoso.
Ligamento Popliteu Arqueado – É constituído por dois feixes que se destacam, um
da tíbia e o outro do perónio, acabando depois por se reunir em cima, para formar uma
arcada de concavidade inferior onde se situa o músculo popliteu.

Ligamentos Cruzados
Estes ligamentos situam-se na chanfradura intercondiliana.
São dois ligamentos muito resistentes que, de acordo com as suas inserções
tibiais, se distinguem em anterior e posterior.
Ligamento Cruzado Anterior – Insere-se, inferiormente, na porção ântero-interna
da espinha da tíbia e na superfície triangular pré-espinhal. O ligamento dirige-se então
para cima, para trás e para fora, terminando na porção posterior da face interna do
côndilo externo.

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Artrologia

Ligamento Cruzado Posterior – Insere-se, inferiormente, atrás da espinha da tíbia.


Dirige-se depois obliquamente para cima, para diante e para dentro, terminando na
porção anterior da face externa do côndilo interno.

Membrana Sinovial
A membrana sinovial da articulação do joelho é muito extensa.
É a membrana sinovial mais complexa de todas as articulações móveis.
A membrana sinovial do joelho forma vários fundos de saco:
→ Fundo de saco subquadricipital;
→ Porção suprameniscal;
→ Porção inframeniscal;
→ Prolongamento popliteu;
→ Prolongamento do gémeo interno.
Existem ainda numerosas franjas sinoviais, que preenchem os espaços situados entre as
superfícies articulares no decurso dos vários movimentos da articulação.

Mecanismo Articular
A articulação do joelho permite a realização de movimentos de flexão, extensão e
de rotação.
No movimento de flexão a tíbia executa, simultaneamente, um movimento de
rotação para dentro e na extensão um movimento de rotação para fora.
O movimento de flexão é limitado pelo ligamento rotuliano.
O movimento de extensão é limitado pelo ligamento posterior e pelos ligamentos
laterais interno e externo.
O movimento de rotação é limitado pela acção dos ligamentos laterais e cruzados.

Articulação Tíbio-Társica (Tíbio-perónio-calcaneana ou do Tornozelo)


É a articulação que permite os movimentos entre a perna e o pé.

Classificação
Trocleartrose

Meios de União
→ Cápsula Articular;
→ Ligamento Lateral Externo;
→ Ligamento Lateral Interno.
Cápsula Articular
Insere-se, superiormente, no contorno das superfícies articulares da tíbia e do
perónio e, inferiormente, no contorno das superfícies articulares do astrágalo.

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Artrologia

Ligamento Lateral Externo


É constituído por três feixes independentes:
c Feixe Anterior (ou perónio-astragaliano anterior) – Insere-se no maléolo
externo e na porção ântero-externa do astrágalo.
d Feixe Médio (ou perónio-calcaneano) – Insere-se no vértice do maléolo externo
e na face externa do calcâneo.
e Feixe Posterior (ou perónio-astragaliano posterior) – Insere-se no maléolo
externo e na face posterior do astrágalo.

Ligamento Lateral Interno


É constituído por duas camadas, uma superficial e outra profunda:
c A camada superficial constitui o ligamento deltoideu (forma de um delta).
Este ligamento insere-se, superiormente, no vértice do maléolo interno. As suas
fibras espalham-se em leque, terminando nos seguintes locais:
→ Fibras Anteriores do Ligamento Deltoideu – No colo do astrágalo e no
escafóide;
→ Fibras Médias do Ligamento Deltoideu – Na pequena apófise do
calcâneo;
→ Fibras Posteriores do Ligamento Deltoideu – Na face interna do
astrágalo.
d A camada profunda encontra-se coberta pela camada superficial, inserindo-se,
superiormente, no vértice do maléolo interno e, inferiormente, na face interna do
astrágalo.

Membrana Sinovial
Reveste a superfície interior da cápsula articular e, ao chegar às inserções
superior e inferior desta, reflecte-se para terminar ao nível da cartilagem articular.
A membrana sinovial forma dois fundos de saco, um anterior e outro posterior.

Mecanismo Articular
A articulação tíbio-társica executa apenas movimentos de flexão e de extensão,
que são realizados em torno de um eixo ligeiramente oblíquo para dentro e para diante.
A flexão é limitada pela tensão dos feixes posteriores dos ligamentos laterais
interno e externo e a extensão é limitada pela tensão dos feixes anteriores dos mesmos
ligamentos.

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