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TRABALHO AVALIATIVO DE SAÚDE MENTAL SOBRE O ARTIGO: “Limites

e desafios da rede de atenção psicossocial na perspectiva dos trabalhadores de


saúde mental.”

Após ler o artigo e assistir o vídeo responder as perguntas do Estudo Dirigido:

- Como os serviços de saúde mental se organizaram pós reforma psiquiátrica?


Após a Reforma Psiquiátrica, os profissionais começaram a trabalhar em um
modelo diferente do constituído até então, o Modelo Hospitalocêntrico. Atualmente,
cada vez mais, busca-se trabalhar as pessoas com transtornos mentais a partir de quatro
dimensões que ocorrem simultaneamente e inter-relacionadas, são elas: teórico
conceitual, técnico assistencial, jurídico-político e sociocultural. Dessa forma, posterior
a Reforma, os profissionais começaram a trabalhar a partir do Paradigma de Atenção
Psicossocial. Este, por sua vez, tem como objetivo a existência e sofrimento da pessoa,
sendo considerado um campo transdisciplinar com diversidades de intervenção, em que
há múltiplos profissionais e atores no cuidado.
Para auxiliar ainda mais nesse trabalho e para unir os serviços da Saúde Mental,
o Ministério da Saúde criou a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Essa Rede é um
conjunto de ações e serviços articulados com a finalidade de garantir a integralidade da
assistência à saúde, bem como a articulação dos pontos de atenção à saúde. É destinada
para as pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes o
uso de crack, álcool e outras drogas. A partir dela a idéia de níveis de complexidade é
superada e pensa-se em pontos de atenção. A RAPS é composta pelos seguintes
componentes: Atenção Básica em Saúde, Atenção Psicossocial Especializada, Atenção
de Urgência e Emergência, Atenção Residencial de Caráter Transitório, Atenção
Hospitalar, Estratégias de Desinstitucionalização e Reabilitação Psicossocial..

- O que significa trabalhar em rede na saúde mental?


O trabalho em Rede para a Saúde Mental significa compartilhar saberes e informações
pertinentes ao caso. É um conjunto de profissionais que trabalham em equipe,
partilhando experiências e com um objetivo de resolutividade em comum. Um exemplo
de trabalho em Rede na Saúde Mental é o acolhimento no CAPS, que pode ser realizado
por diversos profissionais, a fim de bem atender o paciente e direcioná-lo para um
tratamento mais adequado. Outro fator importante de salientar é que esse é um tipo de
trabalho com espaços de poder descentralizados.
Existem duas formas de manifestação da Rede, uma é a Rede Multiprofissional, aquela
que se faz com a própria equipe de trabalho, nesse módulo troca-se saberes, pensa-se
nos casos e discutem-se os serviços e suas demandas. A outra é a Rede Intersetorial, na
qual é preciso que diferentes setores e serviços relacionem-se entre si para pensar sobre
a resolução de determinada demanda. Com a Intersetorialidade é possível articular
políticas e programas de interesse de todos os setores envolvidos.

- Quais são as dificuldades e desafios para implantação da RAPS?


A RAPS tem dificuldade de implementação pois depende da força de diversos
indivíduos, desde a articulação dos setores públicos (em nível federal, estadual e
municipal), até dos profissionais da ponta de atendimento direto dos usuários e ainda,
dos próprios usuários. É necessário que todos se mobilizem para o planejamento e
implementação dessa Rede.
A visão que as pessoas têm sobre essa Rede é essencial e determina seu sucesso
ou seu fracasso. Isso porque, se os profissionais estiverem desconexos com as políticas
dessa Rede de trabalho, trabalhando de uma forma paradigmática e antiquada, podem
passar uma imagem equivocada da RAPS. O desafio para a implantação da RAPS e,
consequentemente do modelo psicossocial está em como os profissionais dos serviços
da rede compreendem e refletem criticamente o contexto no qual as mudanças sociais e
políticas estão acontecendo.
Além disso, apresenta-se outra dificuldade relacionada com os serviços da Rede
de Urgência e Emergência (RUE) e a RAPS. Quando a RAPS inclui alguns serviços
como o SAMU e a Unidade de Pronto Atendimento em seu desenho de rede para as
situações de urgência e emergência, por vezes, a RAPS força a adaptação desses
serviços ao atendimento de demandas antes não atendidas. Dessa forma, parece que
incluir esses serviços na RAPS propõe uma ruptura de saberes que pode provocar nos
profissionais sentimentos de incapacitação e confusão que, por outro lado, promove um
terreno fértil para germinar a mudança paradigmática.
Portanto, percebe-se que para que haja uma melhor implantação desse serviço é
necessário que se faça investimentos nos processos de trabalho, inclusive na capacitação
de profissionais. Também é preciso desenvolver a corresponsabilização pelos
atendimentos, possibilitando uma equipe de referência e apoio aos usuários do serviço.
Para que tudo isso aconteça, é importante que os envolvidos se conscientizem dessas
necessidades, para que possam melhorar a prática no sistema.

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