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Brazilian Journal of Health Review 6676

ISSN: 2595-6825

Análise da Incidência e das Relações entre as Principais Doenças


Reumatológicas em Pacientes com Câncer de Mama: Uma Revisão
Integrativa

Analysis of the Incidence and Relationships between the Main


Rheumatological Diseases in Patients with Breast Cancer: An
Integrative Review

DOI:10.34119/bjhrv4n2-218
Recebimento dos originais: 29/02/2021
Aceitação para publicação: 29/03/2021

Camila Adrielle Santos Cunha


Graduanda em Medicina
Universidade de Rio Verde (UNIRV), Campus Rio Verde
Endereço: Rua U-04, quadra 11 lotes 02 a 09, setor Universitário-Rio Verde, Goiás(GO)
E-mail: camscunhaa@gmail.com

Ana Luiza Rabelo de Castro


Graduanda em Medicina
Universidade de Rio Verde (UNIRV), Campus Rio Verde
Endereço: Rua U-04, quadra 11 lotes 02 a 09, setor universitário-Rio Verde, Goiás(GO)
E-mail: analuizarab@gmail.com

Ermônio Ernani Estanislau Oliveira


Graduando em Medicina
Universidade de Rio Verde (UNIRV), Campus Rio Verde
Endereço: Rua 5, quadra 9 lote 1, setor Conjunto Morada do Sol - Rio Verde, Goiás
(GO)
E-mail: rmonioernani@gmail.com

Júlia Gonçalves dos Santos


Graduanda em Medicina
Universidade de Rio Verde (UNIRV), Campus Rio verde
Endereço: Rua Luzia Seabra, número 263, quadra Q lote 8, bairro Eldorado- Rio Verde,
Goiás (GO)
E-mail: juliagsantos12@gmail.com

Marília Davoli Abella Goulart


Médica, Oncologista Clínica, Pós-graduação/ especialização, Responsável Técnica pelo
setor de Oncologia do Hospital Unimed Rio Verde e Professora da Universidade de Rio
Verde
Endereço: Rua RG 21 S/N, Condomínio Villa Capri - Casa 2, Gameleira II -Rio Verde,
Goiás (GO)
E-mail: marilia.davoli@uol.com.br

RESUMO
Introdução: As doenças reumatológicas e o câncer de mama compartilham a patogênese
influenciada pela desregulação imunológica que desencadeiam uma inflamação crônica,

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sendo importante estabelecer uma relação entre ambas doenças devido à alta
morbimortalidade que possuem quando acometidas simultaneamente. Objetivo:
Estabelecer a incidência e as principais relações entre as doenças reumatológicas e o
câncer de mama. Método: Consiste em uma revisão integrativa da literatura, realizado a
partir de artigos publicados entre os anos de 2009 a 2020, por meio de uma busca
eletrônica nas bases de dados: LILACS, SciELO e PubMed. Resultados: Foram
selecionados 10 artigos de acordo com os critérios de elegibilidade. Em quatro artigos
selecionados para a pesquisa, as doenças autoimunes mais comuns encontradas nos
pacientes com câncer de mama foram: artrite reumatoide, síndrome de sjogren e lúpus
eritematoso sistêmico. Em dois estudos a síndrome de sjogren foi a doença autoimune
mais comum e em três estudos, a artrite reumatóide foi a patologia mais frequente.
Estudos revisados apontaram que pacientes do sexo feminino com câncer de mama
apresentam menor risco de apresentar lúpus eritematoso sistêmico, artrite rematóide e
síndrome de sjogren quando comparadas às do sexo feminino sem câncer de mama, além
de não haver uma relação específica entre o câncer de mama e o lúpus eritematoso
sistêmico. Conclusão: Pacientes com doenças autoimunes apresentam menor risco de
câncer de mama; sendo a artrite reumatoide, a síndrome de sjogren e o lúpus eritematoso
sistêmico, as doenças reumatológicas mais frequentes em mulheres com neoplasia de
mama.

Palavras-Chave: Doenças Reumáticas, Lúpus Eritematoso Sistêmico, Síndrome de


Sjogren, Artrite Reumatoide, Câncer de Mama.

ABSTRACT
Introduction: Rheumatological diseases and breast cancer are pathogenesis influenced by
immune dysregulation and provide chronic inflammation. It is important to establish a
relationship between both diseases because they have high morbidity and mortality when
simultaneously affected. Objective: To establish the incidence and the relationship
between rheumatological diseases and breast câncer. Method: It consists of an integrative
literature review, and the articles that were included were published between 2009 and
2020. We an electronic search in the databases: LILACS, SciELO and PubMed. Results:
According to the eligibility criteria, 10 articles were selected. In four articles selected for
the research, the most common autoimmune diseases found in patients with breast cancer
were: rheumatoid arthritis, sjogren's syndrome and systemic lupus erythematosus. In two
studies, sjogren's syndrome was the most common autoimmune disease and in three
studies, rheumatoid arthritis was the most common pathology. Revised studies pointed
out that female patients with breast cancer have a lower risk of presenting systemic lupus
erythematosus, rheumatoid arthritis and sjogren's syndrome when compared to female
patients without breast cancer, and had not a specific relationship between breast cancer.
and systemic lupus erythematosus. Conclusion: Patients with autoimmune diseases have
a lower risk of breast cancer; and rheumatoid arthritis, sjogren's syndrome and systemic
lupus erythematosus, are the most frequent rheumatological diseases in this patients.

Keywords: Rheumatic Diseases, Systemic Lupus Erythematosus, Sjogren's Syndrome,


Rheumatoid Arthritis, Breast Cancer.

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1 INTRODUÇÃO
A neoplasia de mama e as doenças autoimunes configuram duas importantes
patologias comumente encontradas em mulheres. O câncer de mama (CM) é a
malignidade mais frequente encontrada no sexo feminino e o segundo principal motivo
de morte em americanas 1,2. Em 2018 segundo a Agência Internacional para Pesquisa em
Câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de mama foi a neoplasia,
excluindo o câncer de pele não melanoma, com maior taxa de incidência por idade
padronizada no sexo feminino em 156 países, entre eles o Brasil, o Canadá e o Japão com
taxas padronizadas pela idade de 62.9, 83.8 e 57.6 novos casos a cada 100.000 mulheres
em todas as faixas etárias, respectivamente. Ainda segundo a agência nesse mesmo ano,
o câncer de mama foi a neoplasia, excluindo o câncer de pele não melanoma, que causou
o maior número de mortes em mulheres de todas as faixas etárias observadas em 107
países, entre eles o Brasil com um total de 18 442 vítimas 3. No Brasil, para o ano de 2040
foram estimados 47.498 novos casos, o que representa um incremento de 55,5% em
relação aos dados de 2018 4. Tornando-se evidente, portanto, o impacto do câncer de
mama no Brasil e no mundo.
Já as doenças autoimunes possuem incidência aproximada de 8%, sendo 78% em
pacientes do sexo feminino e representa causa significativa de morbidade, custos com
5,6
cuidados de saúde e incapacidade crônica . Elas incluem Artrite Reumatoide (AR),
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), Síndrome de Sjogren (SS), Dermatomiosite (DM) e
Poliomiosite (PM).
Segundo Sunar et al.7, os fatores de riscos conhecidos que predispõe o CM como,
síndromes tumorais, inclusive mutações BRCA1/BRCA2, história familiar, história de
hiperplasia atípica em biópsia, menarca precoce, correspondem apenas 45-55% dos casos.
Em relação as expressões dos receptores de estrogênio (RE), receptores de progesterona
(RP) e do fator de crescimento epidérmico humano tipo 2 (HER2), o CM têm
apresentações heterogêneas e cerca de 70% deles são positivos para o RE 8,1.
As doenças autoimunes e o câncer compartilham a patogênese influenciada pela
desregulação imunológica - citocinas e quimiocinas - que desencadeiam uma inflamação
crônica, resultando em lesão de órgãos e déficit na resposta às infecções 5. As doenças
autoimunes estão associadas ao processo de ativação dos linfócitos T e B autorreativos e
a liberação de quimicocinas e citocinas que podem aumentar o risco para o
desenvolvimento de neoplasias 9. Essas citocinas podem desempenhar um papel na
formação de tumores de maneira direta através das células tumorais promovendo ou

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inibindo seu crescimento ou de forma indireta, gerando processo inflamatório e afetando


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a angiogênese . Portanto, é importante estabelecer uma relação entre ambas doenças
devido à alta morbimortalidade que possuem, destacando–se no sexo feminino. Além
disso, conhecer a relação entre as doenças reumatológicas e a neoplasia mamária é
relevante, pois afeta diretamente a prevenção, o rastreio, o diagnóstico e o tratamento
precoce do câncer e manejo adequado das doenças autoimunes. Diante do exposto, o
objetivo deste estudo de revisão, foi investigar a incidência de doenças reumatológicas,
principalmente a Artrite Reumatoide (AR), o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e a
Síndrome de Sjogren (SS), em pacientes com câncer de mama, e estabelecer suas
principais relações, com base na literatura analisada.

2 METODOLOGIA
O método utilizado para o presente estudo consiste em uma revisão integrativa da
literatura. Para realizar a revisão foram seguidos os seguintes passos: definição do tema,
seleção da questão norteadora, definição dos critérios de elegibilidade (inclusão e
exclusão), definição das informações relevantes dos estudos, avaliação dos achados,
interpretação e síntese das informações encontradas.
O estudo foi guiado por perguntas norteadoras como: “Existe relação entre a
incidência de doenças reumatológicas e o câncer de mama? ”; “Quais as principais
associações entre ambas doenças? ”; e “Quais as principais doenças reumatológicas em
pacientes com câncer de mama? ”. Os artigos foram selecionados a partir de uma busca
eletrônica nas bases de dados LILACS/BVS Saúde, SciELO e PubMed/MEDLINE, por
meio dos descritores DeCS na língua portuguesa, sendo estes: “Doenças Reumáticas”,
“Lúpus Eritematoso Sistêmico”, “Síndrome de Sjogren”, e “Artrite Reumatoide” e seus
correspondentes na língua inglesa, correlacionados individualmente com “Breast
Cancer”, empregando-se para isso os conectores booleanos “AND” e “OR”.
Os critérios de inclusão definidos previamente para a presente revisão, foram:
artigos originais, publicações entre os anos de 2009 a 2020 e estudos de base
populacional, contendo dados da população estudada, as principais doenças, e/ou sinais e
sintomas de origem reumatológica, nos pacientes com câncer de mama. Além disso, a
análise para a inclusão dos artigos foi feita primeiramente com base nos títulos e
posteriormente com base nos resumos dos respectivos artigos. Os casos de dúvida quanto
aos critérios de elegibilidade, foram analisados por um segundo revisor especialista no
assunto. Foram critérios de exclusão, relatos de casos e os artigos que tinham como foco

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principal o tratamento de doenças reumatológicas relacionando com a incidência de


câncer de mama e artigos relacionando a incidência de doenças reumatológicas com o
câncer de mama associado à prótese de silicone, além de artigos que abordavam outros
tipos de câncer.
Os artigos selecionados, foram traduzidos para língua portuguesa quando
necessário. Portanto, foram selecionados 3 artigos na base de dados PUBMED e 7 artigos
na base de dados LILACS/ BVS Saúde, e nenhum artigo da SciELO atendeu aos critérios
de elegibilidade. Posteriormente foi realizada a leitura e análise a respeito da incidência
de doenças reumatológicas em pacientes com câncer de mama. E por fim, os estudos de
base populacional foram descritos em uma tabela comparativa, de acordo com autor/ano,
métodos, objetivos e observação dos principais achados das doenças e/ou sinais e
sintomas de origem reumatológica nos pacientes com câncer de mama.

3 RESULTADOS
A presente revisão foi composta por 10 artigos. Todos artigos selecionados foram
publicados integralmente em língua inglesa entre os anos de 2009 a 2020. No Quadro 1,
encontram-se as informações detalhadas sobre cada artigo. Cerca de 7 estudos abordam
o aspecto geral e impacto do risco de doenças autoimunes em pacientes com câncer de
mama e 3 estudos descrevem mais especificamente a relação entre a incidência de lúpus
eritematoso sistêmico (LES), em pacientes com câncer de mama. Além disso, quatro
artigos levaram em consideração o status do receptor de estrogênio (RE), para análise de
seus estudos 8,6,1,7.
Todos os estudos levaram em consideração o sexo feminino, o estágio e o
diagnóstico de doenças autoimunes e câncer de mama além de outros dados
demográficos. Em quatro artigos selecionados para a presente pesquisa, as três doenças
autoimunes mais comuns encontradas nos pacientes analisados com câncer de mama
foram: Artrite Reumatoide (AR), Síndrome de Sjogren (SS) e Lúpus eritematoso
11,5,1,7 5,11
sistêmico (LES) . Em dois estudos a SS foi a doença autoimune mais comum
nos pacientes analisados, porém em outros três a AR foi a patologia mais frequente 1,7,2.
Pacientes com LES possuem menor risco de desenvolver CM quando comparadas
com a população em geral. Porém, pacientes com LES podem ter um risco ainda que
reduzido de casos de CM RE negativo 8,1. Entretanto, Khaliq et al 12, sugere que o risco
de câncer de mama entre mulheres com LES não é menor que o risco de câncer de mama
na população em geral, e também é provável que isso ocorra em mulheres mais jovens. E

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por fim, Rezaieyazdi et al 13, sugere que não há associação direta entre o LES e o risco de
incidência de câncer de mama. Portanto, a relação específica entre LES e neoplasia de
mama é bastante variável, sugerindo fortemente que não há nenhuma relação ou que há
risco diminuído.
Chen H.H et al 11, observou que pacientes do sexo feminino com câncer de mama
apresentaram menor risco de LES, AR e SS quando comparadas às do sexo feminino sem
câncer de mama. E já Gadalla et al 1, forneceu evidências para um risco diminuído de CM
em mulheres mais velhas com AR especificamente. Ademais, Wadstrom et al 14, concluiu
que a redução do número de casos de CM em pacientes com AR já ocorre antes do
diagnóstico de AR.

Quadro 1. Descrição dos artigos analisados


Autor/ Ano Método Objetivos Principais achados
Gadalla et al., 2009. 1 Estudo de caso-controle Avaliar associação entre o AR foi inversamente
de base populacional diagnóstico de doenças associada ao risco de CM
utilizando o banco de reumáticas autoimunes positivo e negativo para RE
dados vinculado a sistêmicas (SARD) e o (OR* = 0,83, IC95%+ =
Vigilância, risco de CM em geral e 0,78-0,89 e OR = 0,90,
Epidemiologia e ao status de RE do tumor. IC95% =0,80-1,03); LES foi
Resultados Finais inversamente associado a
(SEER). tumores RE negativos (OR
= 0,50, IC95% = 0,27 -
0,95).

Tarhan et al., 2019. 2 Foram analisados Investigar o espectro de 41 pacientes (32,03%), com
retrospectivamente 128 sintomas e doenças CM, desenvolveu doença
pacientes com CM sem reumáticas em reumática inflamatória,
metástase óssea ou desenvolvimento em sendo a AR a patologia mais
diagnós- tico prévio de pacientes com CM sem frequente.
qualquer doença diagnóstico prévio de
reumática inflama-tória. qualquer doença
reumática inflamatória.
Chen, C.C et al., 2019. Estudo de coorte Avaliar a incidência de Pacientes com CM com
5
retrospectivo, que infecção em pacientes doença autoimune
comparou a incidência com CM, tendo ou não apresentaram uma maior
de infecção de 174 doença autoimune taxa de incidência de
pacientes com CM com importante. infecção (TIR&: 2,62) do
uma doença autoimune, que as pacientes sem doença
incluindo SS, AR e autoimune.
LES, além de 4429
pacientes sem doença
autoimune.
Criscitiello et al., 2016. Revisão de prontuários Analisar o impacto de Foram identificados 279
6
médicos de pacientes uma doença autoimune pacientes (1,62%) com CM
com diagnóstico de com concomitante precoce e doenças
doenças autoimunes em desfecho de pacientes autoimunes concomitantes.
uma população de com CM precoce. 67,8% dos pacientes
17.153 casos. apresentavam RE positivo /
HER2 negativo, 27 (9,7%)
pacientes apresentaram CM

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RE positivo / HER2
positivo, 14 (5%)
apresentaram HER2 positivo
/ RE e RP negativo e 26
(8,2%) tiveram um CM
triplo negativo.
Sunar et al., 2019. 7 Foram avaliadas Investigar a prevalência 68 pacientes (1,81%)
retrospectivamente de doenças reumáticas tiveram diagnóstico de
3.744 pacientes do sexo sistêmicas (SRDs) em SRD. Destes, 33 (48,6%)
feminino com CM pacientes com CM e apresentavam AR, 4 (5,8%)
seguidas na Faculdade identificar as apresentavam SS, 4 (5,8%)
de Medicina da características clínico- apresentavam LES. A
Universidade Hacettepe patológicas dessas positividade do RE / RP foi
e Departamento de pacientes. mais comum entre os
Oncologia Médica. pacientes com SRD.

Chan et al., 2018. 8 Estudo multicêntrico em Fornecer uma breve Dos 131 pacientes com LES
que se analisou 10 análise do status dos com CM, 63 destes
coortes. receptores dos cânceres possuíam informações sobre
de mama que se o status de RE, RP e/ou
desenvolveram em uma HER2. Dos 63 pacientes, 53
coorte de LES. tinham informações sobre o
status RE e/ou RP (destes 36
eram RE positivos) e 36
possuíam informações sobre
o status HER2 (destes, 26
tinham informações
completas sobre os três
receptores).
Chen, H.H et al., 2019. Estudo de coorte de base Avaliar os riscos de Entre as pacientes com CM
11
populacional. Utilizando doenças autoimunes do sexo feminino, a taxa de
os registros do Banco de principais (MAD), incidência de LES foi de 2,3
Dados de Pesquisa de incluindo LES, AR, SS e por 100.000 mulheres anos,
Seguro Nacional de DMtis / PM em mulheres a taxa de incidência de AR
Saúde de Taiwan. pacientes com CM. foi de 19,3 por 100.000
mulheres anos, a taxa de
incidência de SS foi de 20,5
por 100.000 mulheres anos e
a taxa de incidência de
DMtis / PM foi 2,3 por
100.000 mulheres anos.
Khaliq et al., 2015. 12 Comparou-se a Superar as limitações de Risco de CM em mulheres
incidência de CM, entre estudos anteriores com LES não é menor do
mulheres com e sem (número de casos, que em mulheres sem LES.
diagnóstico de LES em desenho de estudo, e O risco absoluto ajustado à
um estudo populacional apuração) através da idade para CM em mulheres
de beneficiários do estimativa de incidência com LES foi de 2,23
Medicare. Foi utilizado de CM e a taxa de risco (IC95% 1,94-2,55) e 2,14
uma amostra de 20% entre mulheres com e sem (IC95% 1,96-2,34) nos
para criar uma coorte de LES. controles por 100 mulheres.
3.670.138 mulheres.
Rezaieyazdi et al., Foi realizada uma Investigar uma associação Demonstra que não há
2018. 13 metanálise. Com um mais sutil entre o LES e o associação significativa
total de 18 estudos risco de CM, essa entre o LES e o risco de
elegíveis, incluindo metanálise foi realizada incidência de CM (SIRs§ =
110.720 pacientes com para derivar uma 1,012 (IC95%, 0,797-1,284).
LES. conclusão mais
abrangente.
Wadström et al., 2020. A partir de registros Examinar o risco de Em mulheres com AR teve o
14
nacionais suecos, foi incidência do CM em risco de CM reduzido (HR#

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analisado o risco de CM mulheres com AR, e o = 0,80, IC95% 0,68 a 0,93)


em mulheres com AR risco de AR em mulheres e em mulheres com histórico
usando coorte e foi com histórico de CM, de CM também teve o risco
examinado o risco de levando em conta o de AR reduzido (OR = 0,87,
AR em mulheres com tratamento anti-hormonal IC95% 0,79 a 0,95).
histórico de CM, usando para CM.
um caso controle.
Legenda: * Odds ratio; + Intervalo de confiança de 95%; & Taxa de incidência; § Taxa de incidência padronizada; #
Hazard ratio.

4 DISCUSSÃO
O câncer de mama é a neoplasia comumente diagnosticada no sexo feminino
mundialmente. Existem poucos dados precisos a respeito do CM e doenças autoimunes
relatados na literatura 5. Mas, o que se sabe é que de fato a simultaneidade entre doenças
autoimunes e CM precoce leva a pior taxa de sobrevida 6. As doenças autoimunes
sistêmicas (SARDs) também atingem principalmente mulheres, dentre elas destacam-se
a AR, o LES e a SS. A ativação de linfócitos B e T auto reativos associados a citocinas e
quimiocinas inflamatórias, tem significante relevância na patogênese das SARDs e das
neoplasias, pois levam ao processo inflamatório, angiogênese direta, proliferação,
apoptose e invasão de células que podem modificar o risco para câncer 1,7.
As doenças autoimunes mais comuns encontradas em pacientes com CM foram:
AR, LES e SS 11,5,1,7. Porém a patologia mais frequente foi a AR 1,7,2, seguida da SS 5,11.
Essa maior frequência de doenças reumáticas, sobretudo a AR pode ser justificada pelas
vias genéticas comuns compartilhadas entre a autoimunidade e a malignidade. Entretanto,
os fármacos utilizados no tratamento do CM também podem contribuir para essa
sobreposição entre as SARDs e a neoplasia de mama, pois os pacientes podem apresentar
neuropatia (devido ao processo de quimioterapia) e síndromes paraneoplásicas. Além
disso, o estágio do CM e a histopatologia podem afetar os sinais e/ou sintomas 2.
Por outro lado, apesar de frequentemente haver essa sobreposição entre a
11
autoimunidade e a malignidade Chen HH et al em seu estudo de coorte, avaliou os
riscos das principais SARDs (incluindo AR, LES e SS) em mulheres com CM. Um total
de 54.311 mulheres com câncer de mama e 217.244 mulheres sem câncer de mama foram
selecionadas neste estudo. Para o LES, as taxas de incidência foram de 2,3 (grupo de
câncer de mama) vs. 10,0 (grupo de controle) por 100.000 mulheres / ano; para taxas de
AR foram 19,3 (grupo de câncer de mama) vs. 42,7 (grupo de controle) por 100.000
mulheres / ano; e para as taxas de SS foram 20,5 (grupo de câncer de mama) vs. 38,2
(grupo controle) por 100.000 mulheres / ano. Após o ajuste para possíveis fatores de
confusão, as taxas de risco (intervalos de confiança de 95%) entre pacientes com câncer

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de mama e grupo controle foram de 0,04 (0,01 a 0,24) para o LES; 0,03 (0,02-0,04) para
AR; e 0,21 (0,09-0,48) para SS. Observando, portanto, que mulheres com câncer de mama
apresentaram menor risco de LES, AR e SS quando comparadas ao grupo sem CM.
Wadström et al 14 examinou o risco de CM em mulheres com AR e o risco de AR
em mulheres com CM. Foi relatado uma diminuição do risco de CM em pacientes com
AR (OR = 0,80, IC 95% 0,68 a 0,93) e uma redução semelhante no risco de AR em
mulheres com história de CM (OR = 0,87, IC 95% 0,79 a 0,95). No entanto, não foi
observado evidências suficientes e plausíveis que justifiquem essa redução no risco
descrito, não conseguindo ao final explicar a procedência dessa associação.
O LES por sua vez, é uma doença autoimune inflamatória, que pode cursar com
acometimento de vários órgãos e/ou sistemas, produzindo dessa forma manifestações
clínicas heterogêneas. Comparando-se com a população em geral, os pacientes com LES
apresentam risco aumentado para desenvolver determinadas neoplasias especialmente,
linfoma não-Hodgkin, câncer de pulmão, fígado, colo do útero e vagina. Entretanto, em
relação ao câncer de mama, existem controvérsias se de fato, existe um risco menor,
aumentado ou mesmo, senão há nenhuma relação entre o risco de câncer de mama e o
LES. Apesar de mais pesquisas apontarem para diminuição do risco de CM associado ao
LES, o fato de se tratar de duas doenças de alta morbimortalidade, torna importante a
avaliação da possiblidade de um reduzido aumento no risco, não devendo, portanto, ser
uma questão negligenciada 13.
Muitos estudos ao avaliarem o CM versus LES, tiveram como limitações o
pequeno número de casos, revisões clínicas retrospectivas ou coortes montadas a partir
de centros especializados, pois muitos pacientes podem ser atendidos em clínicas não
12
especializadas. Com base nisso, Kahliq et al , realizou uma grande coorte de base
populacional com 18.423 mulheres com LES a partir de dados do Medicare. O risco
absoluto ajustado à idade para câncer de mama em mulheres com LES foi de 2,23 (IC95%
1,94-2,55) e 2,14 (IC95% 1,96-2,34) nos controles por 100 mulheres. A taxa total de
incidência ajustada por idade e raça absoluta total foi de 1,04 (IC95% 0,90–1,21). Entre
as mulheres com LES de “Outros” (hispânicos, americanos nativos e / ou asiáticos), o
risco ajustado para a idade de câncer de mama foi de 2,44 por 100 mulheres (IC 95%
1,07–2,18) e a taxa de incidência ajustada para a idade foi de 1,52 (IC 95% 1,07-2,18).
Concluindo ao final, que o risco de câncer de mama em mulheres com LES não era menor
quando comparado a população em geral, alegando a possibilidade maior dessa
associação em mulheres mais jovens.

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Já uma metanálise realizada com 18 estudos totalizando, 110.720 pacientes


portadores de LES sugere que não há associação direta entre o LES e o risco de incidência
de câncer de mama (SRIS = 1,012 (IC 95%, 0,797-1,284). Os resultados produzidos nessa
pesquisa, sugerem que as características clínico-patológicas das pacientes com LES
podem não influenciar na suscetibilidade ao câncer de mama, em comparação com a
população em geral 13.
Sob outra perspectiva, o status dos receptores de estrogênio (RE) tem significativa
importância, devido sua relevância na aplicação clínica. Um estudo multicêntrico,
forneceu uma observação dos RE dos cânceres de mama que se desenvolveram em uma
coorte com LES. Aproximadamente 30% dos casos de CM são RE negativos e o CM
triplo negativo acomete cerca de 15% dos casos de CM. Baseado nessa premissa, foi
criada a hipótese de que a redução dos casos de CM no LES pode ser entendida devido
diminuição dos casos negativos de RE. Porém, nesse mesmo estudo não houve diferença
entre a positividade do RE em pacientes com câncer de mama e LES quando comparadas
a população geral. Ademais, observou-se uma proporção maior (27%) de CM triplo
negativo nos pacientes com LES 8. Já Gadalla et al 1, comparou casos positivos e
negativos de RE, para a AR o resultado foi inversamente associada ao risco de CM
positivo e negativo para ER (OR = 0,83, IC 95% = 0,78-0,89 e OR = 0,90, IC95% = 0,80–
1,03, respectivamente), enquanto o LES foi inversamente associado apenas a tumores RE
negativos (OR = 0,50, IC95% = 0,27–0,95).
Ao final, apesar de ser levantadas várias hipóteses da possível relação ou não entre
doenças reumáticas e neoplasia de mama, muitos estudos se tornam inconclusivos e
divergentes um dos outros, devido às limitações metodológicas e falta de estudos
adicionais necessários para esclarecer os mecanismos dessas doenças autoimunes em
pacientes com câncer de mama. Outro fator limitante, é a inexistência de um serviço
reumatológico que atue em conjunto com um serviço oncológico, o que gera dificuldades
para análise de dados importantes como informações sobre o status de RE, RP e / ou
HER2 da paciente, principalmente quando o tratamento da doença reumatológica não
ocorre no mesmo centro do tratamento de câncer. No entanto, após o desenvolvimento
da presente revisão verificou-se escassez de artigos abordando essa temática, em especial
estudos brasileiros e estudos de caráter epidemiológico. Visto que, trata-se de duas
doenças de suma importância principalmente no sexo feminino, ressalta-se notoriedade
de tal associação.

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5 CONCLUSÃO
A presente revisão, encontrou relação entre neoplasias e as doenças
reumatológicas autoimunes analisadas. Porém em relação ao câncer de mama que é o
objetivo de análise, os estudos parecem sugerir uma redução no risco de CM em pacientes
com doenças autoimunes. Apesar disso, as doenças reumatológicas mais frequentes em
mulheres com neoplasia de mama foi a artrite reumatoide, a síndrome de sjögren e o lúpus
eritematoso sistêmico. Os autores ressaltam ainda a escassez de estudos epidemiológicos
sobre tal associação e ainda não está claro o real risco de LES e o CM, apesar de mais
estudos apontarem para uma redução no risco de incidência. Em detrimento dos achados,
justifica-se maiores estudos sobre a temática abordada na presente revisão.

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