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Universidade Federal da Bahia

Instituto de Física
Departamento de Física Geral
FIS 122 – Física Geral e Experimental II-E/Laboratório
Turma – T-09 P-18
Data 02/09/05
Profº - Ariston

Velocidade das Ondas Sonoras no Ar

Introdução

As ondas sonoras são produzidas por deformações provocadas pela diferença de pressão
em um meio elástico qualquer (sólido, líquido ou gasoso), precisando deste meio para se
propagar. Desta forma, percebemos que o som é uma onda mecânica. Quando as variações de
pressão, mencionadas acima, chegam aos nossos ouvidos, os tímpanos são induzidos a vibrar e
nos causam a sensação fisiológica do som. Um ouvido normal consegue ouvir uma faixa de
freqüências que varia aproximadamente entre 20 e 20000 Hz, sendo que as ondas que
apresentam freqüências inferiores a 20 Hz são denominadas infra-sônicas ao passo que os sons
superiores a 20000 Hz são chamados de ultra-sônicas.
As ondas sonoras são longitudinais e, como todos os fenômenos ondulatórios, são
caracterizadas pela velocidade de propagação que depende do meio onde o fenômeno é
observado.

Objetivo

Este experimento tem por objetivo medir a velocidade de propagação do som no ar, através
da geração de ondas estacionárias em um tubo, estes dados serão analisados e discutidos por
meios gráficos e algébricos.

Material Utilizado

 Tubo de vidro contendo coluna de água.


 Dispositivo para fazer variar a coluna d’água (reservatório).
 Gerador de áudio.
 Alto falante utilizado como fonte de áudio.

Procedimento Experimental
Encheu-se o tudo de vidro com água até o limite mais alto, mantendo esta altura fixa.
Primeiramente selecionamos no gerador em uma freqüência f de 700 Hz, registrando seu valor
na tabela, em seguida variamos lentamente a altura do reservatório fazendo diminuir a altura da
água dentro do tubo de vidro e aumentando o comprimento L do tubo. Observamos a variação
da intensidade do som e registramos na tabela os valores de comprimento L onde o som atinge
intensidade máxima. Repetimos o procedimento para mais cinco freqüências (800, 900, 1000,
1100 e 1200 Hz) e também registramos os valores na tabela. Posteriormente calculamos o valor
do comprimento de onda com o auxilio da equação:
Ln + 1 - Ln = λ / 2

.
Tratamento dos Dados

 Calculando a velocidade do som (vs) pela média dos valores de vs obtidos usando-se f e
λ.
Calculando o comprimento de onda λ de acordo com a equação (L n + 1) - Ln = λ / 2, para
cada caso de freqüência, obtendo em seguida um comprimento de onda médio para cada
freqüência:
f = 700 Hz λm = 24,0 cm λm = 0,24 m
L2 – L1 = λ/2 L3 – L2 = λ/2
λ = (23,0 – 10,0) x 2 λ = (34,0 – 23,0) x 2
λ = 26 cm λ = 22 cm

f = 800 Hz λm = 43 cm λm = 0,43 m
L2 – L1 = λ/2 L5 – L4 = λ/2
λ = (30,5 – 9,0) x 2 λ = (52,0 – 30,5) x 2
λ = 43 cm λ = 43 cm

f = 900 Hz λm = 37,0 cm λm = 0,37 m


L2 – L1 = λ/2 L3 – L2 = λ/2
λ = (27,0 – 8,0) x 2 λ = (45,0 – 27,0) x 2
λ = 38 cm λ = 36 cm

f = 1000 Hz λm = 34,0 cm λm = 0,34 m


L2 – L1 = λ/2 L3 – L2 = λ/2 L4 - L3 = λ/2
λ = (24,0 – 7,0) x 2 λ = (41,0 – 24,0) x 2 λ = (58,0 – 41,0) x 2
λ = 34 cm λ = 34 cm λ = 34 cm

f = 1100 Hz λm = 31,3 cm λm = 0,31 m


L2 – L1 = λ/2 L3 – L2 = λ/2 L4 - L3 = λ/2
λ = (37,0 – 22,0) x 2 λ = (53,0 – 37,0) x 2 λ = (69,0 – 53,0) x 2
λ = 30 cm λ = 32 cm λ = 32 cm

f = 1200 Hz λm = 29,3 cm λm = 0,29 m


L2 – L1 = λ/2 L3 – L2 = λ/2 L4 - L3 = λ/2
λ = (34,0 – 19,0) x 2 λ = (49,0 – 34,0) x 2 λ = (63,0 – 49,0) x 2
λ = 30 cm λ = 30 cm λ = 28 cm

Tabela de dados do gráfico f x 1/λ


f (Hz) 700 800 900 1000 1100 1200
-1
1/λ (m ) 4,16 2,32 2,70 2,94 3,19 3,41

O gráfico f x 1/λ encontra-se em anexo neste relatório.

Calculando vs, onde vs = f x λ.

vs1 = 700 x 0,24 = 168,0 m/s


vs2 = 800 x 0,43 = 344,0 m/s
vs3 = 900 x 0,37 = 333,0 m/s
vs4 = 1000 x 0,34 = 340,0 m/s
vs5 = 1100 x 0,31 = 341,0 m/s
vs6 = 1200 x 0,29 = 348,0 m/s

vs = 312,33 ± 70,88 m/s

Calculando a discrepância relativa temos:

vs = 340,0 – 312,33 x 100 = 8,14 %


340,0

O cálculo da velocidade do som (vs) pela inclinação da reta obtida no gráfico f x 1/λ
encontra-se no gráfico e encontramos vs = 365,85 m/s

Calculando a discrepância relativa temos:

vs = 340,0 – 365,85 x 100 = 7,60 %


340,0

Calculando a velocidade do som (v s) pelo MMQ aplicado às grandezas f e1/λ temos uma
relação do tipo f = a 1/λ + b.

Tabela de dados ∑=
1/λ (m-1) 4,16 2,32 2,70 2,94 3,19 3,41 18,72
f (Hz) 700,0 800,0 900,0 1.000,0 1.100,0 1.200,0 5.700,00
f x 1/λ 2.912,00 1.856,00 2.430,00 2.940,00 3.509,00 4.092,00 17.739,00
(1/λ)2 17,31 5,38 7,29 8,64 10,18 11,63 60,43
Logo vs = ∑( f x 1/λ) / ∑ (1/λ)2
vs = 17.739,0 / 60,43

vs = 293,55 m/s

Calculando a discrepância relativa temos:

vs = 340,0 – 293,55 x 100 = 13,66 %


340,0

Conclusões

As diferentes intensidades de sons encontrados durante o experimento são devido as


diferentes freqüências de ressonância que estão relacionadas à variação do comprimento do
tubo (L) e a velocidade de propagação das ondas sonoras no ar (vs).
Era esperado que quanto menor o comprimento de onda (λ) maior a freqüência (f), pois
a relação entre essas duas grandezas é dada por v s = f x λ e a velocidade de propagação das
ondas sonoras no ar (vs) é constante, o que foi constatado no tratamento dos dados, exceto
para a freqüência = 700 Hz, devido aos erros cometidos durante o procedimento experimental.
Isto é facilmente percebido tanto graficamente quanto calculamos a velocidade de propagação
através da relação vs = f x λ.

Folha de Questões

1ª questão – Identifique o sistema vibrante no experimento que você realizou.

Apesar de o sinal sonoro ser gerado no alto falante o que nós ouvimos é a superposição
do sinal original com as ondas provenientes da vibração do sistema - tubo de vidro, água dentro
do tubo, ar no interior e exterior do tubo, carcaça do alto falante e os demais objetos presentes
na sala.

2ª questão – Como os conceitos de onda estacionária e ressonância se relacionam com o


fenômeno que acabou de observar?

A onda sonora é gerada na extremidade aberta do tubo e o percorre até atingir a


extremidade fechada (superfície da água) onde é refletida com a inversão de fase. Se o
comprimento da onda λ e o comprimento L do tubo (distância entre a extremidade aberta e a
fechada) obedecem à equação L = (2n + 1) λ / 4, tal que o n seja o número de ventres, então a
superposição da onda original e da refletida resultará em uma onda estacionária. Neste
momento ocorre a ressonância, que é percebido pelo aumento da intensidade do som.

3ª questão – Faça um esquema ilustrativo do que está acontecendo na coluna de ar, acima do
nível da água.
λ = 4L λ = 3/4 L λ = 5/4 L
1º harmônico 2º harmônico 3º harmônico

As figuras representam as ondas de deslocamento da massa de ar.

4ª questão – Na experiência sobre corda vibrante, tínhamos que dois nós nas extremidades do
meio eram as condições de contorno. E no sistema usado nesta experiência, quais são as
condições de contorno? Elas levam a mesma situação anterior?

As condições de contorno nesse sistema consistem em: na parte interna, onde há água,
as moléculas são restringidas a ficarem paradas, resultando em um ponto de deslocamento
nulo, ou seja, um no. Já na extremidade aberta do tubo, a condição de contorno é ter um nó de
pressão, ou seja, a pressão do ar deve ser manter constante e igual à pressão atmosférica. Sabe-
se que, nas ondas sonoras, as variações de pressão e deslocamento estão 90° fora de fase,
assim, para pressão máxima, tem-se deslocamento nulo e vice-versa. Logo se conclui que na
extremidade fechada, onde há um nó de deslocamento, tem-se um ventre de pressão, e na
extremidade aberta um nó de pressão com um ventre de deslocamento. Podemos concluir que
nesse experimento, assim como no da corda vibrante se tem ondas estacionárias e harmônicos.
É importante ressaltar que para tubos fechados em uma extremidade e aberto na outra,
temos que L = (2n + 1) λ / 4, o que demonstra a presença de somente harmônicos impares.

5ª questão – Com base nos dados obtidos acima, determine o valor da velocidade do som no ar,
explicando o raciocínio desenvolvido.

Este experimento nos permite calcular o comprimento da onda sonora emitida a uma
dada freqüência, utilizando uma relação já conhecida: v = f x λ, o que possibilita calcular a
velocidade de propagação da onda sonora no ar. Para que o resultado possua uma maior
precisão foi calculado de três formas diferentes e a média obtida como foi visto no tratamento
de dados. O valor final encontrado foi vs = 323,91 m/s
6ª questão – Qual a relação entre f e 1/λ?

A relação entre f e 1/λ calculada pelo MMQ é: f = a 1/λ + b. Onde:

∑ 1/λ (m-1) = 18,72

∑ f (Hz) = 5.700,0

∑ f x 1/λ = 17739,00

∑ (1/λ)2 = 60,43

a = -22,28 e b = 1019,53

Logo f = -22,28(1/λ) + 1.019,53

7ª questão – A partir do gráfico determine a velocidade do som no ar. Como você compara este
resultado com o obtido na questão 5.

Quando calculamos a velocidade do som (v s) pela inclinação da reta obtida no gráfico f x


1/λ encontramos vs = 365,85 m/s
Calculando a discrepância relativa temos:

vs = 323,91 – 365,85 x 100 = 12,95 %


323,91

Esta discrepância apresenta este valor devido aos erros cometidos durante a execução
do procedimento de medidas, no cálculo através do método gráfico desconsideramos um ponto
que estava muito discrepante e nos cálculos através do MMQ e pela relação v = f x λ este ponto
somado ao resultado final.

8ª questão – Qual a função dos furos em instrumentos de sopro, como a flauta?

Instrumentos de sopro são como tubos sonoros assim como no experimento, como as
ondas sonoras são ondas de pressão, a sua propagação é influenciada pelo valor da pressão em
cada ponto do meio onde ela se propaga. Assim sendo, os furos de um instrumento de sopro
têm a função de alterar o valor da pressão naquele ponto em que se encontra, alterando a forma
de onda que se propaga, gerando diferentes ondas estacionarias. Quando um furo esta fechado,
a variação de pressão naquele ponto é apreciável formando assim um antinodo de pressão,
quando aberto, a pressão é praticamente igual a pressão ambiente, com variações desprezíveis,
gerando assim um nodo de pressão.

9ª questão – Por que um órgão é considerado um instrumento de sopro? Por que ele possui
tubos de vários tamanhos?
O órgão é considerado um instrumento de sopro, pois se utiliza de tubos sonoros para
gerar os seus sons. Ao contrario da flauta nos tubos de órgãos não há furos com os quais se
possam variar a pressão. Por tanto é preciso que haja vários tubos com comprimentos e
diâmetros diferentes para que seja gerada uma grande variedade de sons (vários tipos de ondas
estacionárias).

Relatório de Laboratório
Física Geral e Experimental II

Salvador / 2005

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