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Ingold – Fazer
Para se aprender alguma coisa – conhecer a partir do próprio interior de um ser – é preciso um
processo de autodescoberta
Para conhecer as coisas – temos adentrá-las e depois deixar que elas cresçam dentro de nós –
que se tornem parte do que somos
“é observando, ouvindo e sentindo – prestando atenção ao que o mundo quer nos dizer – que
aprendemos” p. 15
Não se trata de ser provido de fatos sobre o mundo mas de permitir que sejamos ensinados
por ele
“O mundo em si torna-se um lugar de estudo, uma universidade que inclui não apenas
professores formados e estudantes matriculados, encastelados em seus departamentos
acadêmicos, mas pessoas vindas de todos os lugares, juntamente com todas as outras
criaturas com as quais (ou com quem) partilhamos nossas vidas e as terras em que estamos, e
nas quais elas vivem. Nessa universidade, seja qual for a disciplina, aprendemos a partir
daqueles com os quais estudamos” p. 16
Uma antropologia que estuda com pessoas – que aprende a partir delas
“a antropologia estuda com e aprende a partir de; avança em um processo de vida e efetua
transformações dentro desse processo. A etnografia é um estudo de um aprendizado sobre, e
seus produtos duradouros são avaliações baseadas em coleta de dados, que servem a um
propósito documental” p. 18
Diz que não quer desmerecer a etnografia e que também se pode aprender e transformar-se
muito com ela – mas ela tem esse caráter documental
Coloca-se, assim, contra o conceito de que as coisas podem ser teorizadas isoladamente do
que está acontecendo no mundo ao nosso redor, e que os resultados dessa teorização
fornecem hipóteses que sejam aplicadas à tentativa de se tirar algum sentido disso p. 19
Baseia-se em Wright Mills de que não se pode distinguir entre a teoria e o método de uma
disciplina – ambos fazem parte da prática de um ofício
“não é propósito da antropologia descrever a especificidade das coisas como são: essa é uma
tarefa para a etnografia” p. 19
A antropologia tem como propósito “abrir espaço para uma pesquisa generosa, aberta,
comparativa, mas crítica, sobre as condições e os potenciais da vida humana. Seria unir-se com
as pessoas em suas especulações sobre o que a vida poderia ou deveria ser, com formas,
porém, fundamentadas em uma profunda compreensão do que a vida é, em determinadas
épocas e lugares” p. 20
O problema é que essa tarefa maior da antropologia é comprometida por sua submissão a um
modelo acadêmico de produção do conhecimento – em que lições que se aprendem por meio
da observação e da participação são reformuladas como material empírico para a posterior
interpretação
“As lições de vida tornam-se dados qualitativos, para serem analisados em termos de um
corpo teórico exógeno” p. 20
“A observação participante não é absolutamente uma técnica de coleta de dados. Muito pelo
contrário, ela está preservada em um engajamento ontológico que torna impensável a própria
ideia de coleta de dados” p. 20
A antropologia não para coletarmos mais dados sobre o mundo, mas para nos conectarmos
mais com ele