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PROBLEMATICA DA CONHECIMENTO HISTÓRICO:

CÓDIGO: 31102

DOCENTE: Adelaide Millán da Costa

A preencher pelo estudante

NOME: Leonel Dinis Dias Barbosa

N.º DE ESTUDANTE: 2100133

CURSO: Licenciatura em História

DATA DE ENTREGA: 02-11-2021

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

Face à proposta de trabalho ”A Historiografia perante as apropriações da memória


histórica”, apresentarei reflexões suscitadas pela leitura dos documentos propostos. Ao
longo da exposição será feita a análise da relação entre o discurso historiográfico e
jornalístico, ilustrando-o com o movimento nacionalista, o apelo às origens e à memória
histórica, onde existe a apropriação de símbolos da História nacional. Que à luz destes
movimentos são supostamente unificadores de uma nação. Apresentando também a
questão e conexão entre o 1passado e o presente na consciência histórica.

A História e o Jornalismo são fundamentais para a compreensão do passado e do


presente. Uma vez, que a História para reconstruir o passado usa narrativas escritas
objetivas, através do 2discurso historiográfico que é condicionado por vários fatores
políticos, religiosos, culturais e sociais. Daí a necessidade de se estar atento à evolução
do pensamento histórico. O jornalismo, sendo fatual, é marcado pela atualidade e
instantaneidade das suas narrativas, através do 3discurso jornalístico. Os jornalistas e os
historiadores selecionam os factos e depois transformam-nos em acontecimentos, que
pretendem ser claros e objetivos. Mas há que ter em consideração, que quem faz essa
seleção são especialistas que possuem formação, como também vivências, ideologias,
níveis sociais distintos e específicos. Nas suas narrativas, eles usam métodos diferentes,
quer na estrutura, quer nos conteúdos, na análise e observação, ao recolherem as suas
fontes. O historiador, através de métodos objetivos e seletivos, examina e constrói a
verdade histórica, através dos factos do passado que obtém, por meio de vestígios e
testemunhos, e só depois pode publicitar esses mesmos dados históricos. Já o jornalista
deve confiar nas suas fontes, confirmar informações e dados, ser isento nas opiniões e
credível. Nas suas fontes, o jornalista tem de perceber todos os detalhes importantes dos
acontecimentos, para que no ato de informar, os transmita com veracidade. Contudo, a
História e o Jornalismo têm um ponto em comum, ao usarem o passado, retratam as
sociedades das mais diversas maneiras, de um determinado tempo e espaço concreto.
Ou seja, o Homem é o objeto de estudo destas duas áreas do saber. A História
juntamente com o Jornalismo contribuem para preservar as memórias coletivas (para

1
Ver esta ideia em Jacques Le Goff, História e Memória. Tradução de Bernardo Leitão (5ª Ed. Campinas:
Editora da Unicamp 2003) pp.179.e ss.
2
Ver em Ana Teresa Peixinho, História e Jornalismo: A narrativa como ética. Documento PDF.
Acessível: https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/43465/1/27%20Ana%20Teresa%20Peixinho.pdf
3
Idem, Ibidem

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não serem esquecidas), permitindo conhecer e a perceber o presente, unindo as
sociedades, para que tenham uma visão mais crítica e atualizada do mundo.

Grande parte das sociedades considera o passado como o modelo do presente. Daí,
atualmente surgirem movimentos nacionalistas e revolucionários, tais como outros que
tiveram como palavra de ordem o regresso ao passado. O surgimento do nacionalismo,
deve-se ao facto, de o mundo atravessar crises económicas, políticas e sociais diversas,
que afetam todos os países, sociedades e nações. Assim, derivam novas iniciativas
idênticas, a outros movimentos nacionalistas do passado (ex.: nazismo, fascismo), e
partidos revolucionários, que vão buscar esses ideais, costumes e memórias passadas,
tentando aplicar essas ideologias no presente. No discurso do político André Ventura,
existe uma invocação ao passado histórico, condicionado por fatores políticos, culturais
e religiosos, havendo uma apropriação de ideologias da Idade Média e do Estado Novo.
Essa invocação é feita de forma a legitimar o presente, para que essas memórias não
caiam em esquecimento e não haja crise das mesmas. Quando aparece junto do Castelo
de Guimarães, ao túmulo de Dom Afonso Henriques e da estátua de Nuno Álvares
Pereira, usando símbolos, referências e valores dos monumentos históricos da memória
coletiva portuguesa, quer evocar sentimentos e valores nacionalistas, como sendo as
heranças do passado para a sociedade presente. As razões de advogar o passado, têm por
objetivo que a sociedade mantenha as memórias coletivas, permita perpetuar as
sociedades históricas e se obtenha um maior conhecimento através da História. Para as
memórias e lembranças coletivas não desparecerem e se manterem, é necessário que a
sociedade as evoque e as transmita. Assim, no dizer de Le Goff “devemos trabalhar de
forma que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens.”
(Le Goff, 2003).

O 4ensino da História tem uma papel importante na educação e para o futuro, pelos
valores e conteúdos que veicula. Sinaliza retrocessos e evita que fatos terríveis se
repitam. Ajuda a perspetivar problemas e crises atuais, relaciona factos com o impacto
social. Permite a descobrir e a compreender a diversidade e unicidade humana. Situar-se
no tempo, confrontando ideias, construir quer argumentos, quer uma visão mais
alargada do mundo. Abre horizontes, estimulando à busca do conhecimento, e a ter uma
posição consciente, reflexiva e crítica da sociedade.

4
Ver esta ideia em Maria Isabel João – Memória, História e Educação. Noroeste. Revista de História.
Braga: Universidade do Minho, 1 (2005) pp.95 e ss.

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Bibliografia

BLOCH, Marc- Introdução à História. Col. “Forum da História”, Mira- Sintra/Mem


Martins: Publicações Europa América, 1977 [Edição revista, aumentada e criticada
por Étienne Bloch, com prefácio de Jacques le Goff].

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1.Memória- História. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1984.

FERNANDES, José, & GOMES, Hélder. Como Ventura usou o imaginário nacionalista
do Estado Novo e imitou Donald Trump. Expresso [em linha]. Lisboa (22 Jan. 2021).
[Consult.26/10/2021] Disponível na Internet: <URL: Expresso | Como Ventura usou
o imaginário nacionalista do Estado Novo e imitou Donald Trump>

JOÃO, Maria Isabel - Memória, História e Educação.Noroeste. Revista de História.


Braga: Universidade do Minho, 1 (2005), pp.81-100.

LE GOFF, Jacques - História e Memória. Tradução de Bernardo Leitão. 5ª Ed.


Campinas: Editora da UNICAMP. 2003.

LE GOFF, Jacques - História e Memória. I Volume. Tradução Ruy Oliveira. Edições 70


Lda. 1977-1981.

LE GOFF, Jacques - História e Memória. II Volume. Tradução Ruy Oliveira. Edições


70 Lda. 1977-1981.

MIGUÉLEZ, Cavero Alicia, & MARTINS, Pedro. Os usos da Idade Média no discurso
político atual. Público. Lisboa (4 Fev. 2021). [Consult.26/10/2021]. Disponível na
Internet: <URL: Os usos da Idade Média no discurso político atual | Opinião |
PÚBLICO (publico.pt) >

MORADIELLOS, Enrique - El ofício de historiador. Madrid: Siglo XXI Editores,


1994.

PEIXINHO, Ana Teresa - História e Jornalismo: A narrativa como Ética.


[Consult.28/10/2021]. Disponível na Internet: <URL: 27 Ana Teresa Peixinho.pdf
(uc.pt) >

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