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"Um Método Perigoso" conta a história da relação e ruptura de Gustav Jung com Sigmound

Freud, bem como o tratamento do quadro de disforia de Sabina Spielrein e sua ascensão
profissional. Jung utiliza da associação livre, método desenvolvido por Freud, para que Sabina
trouxesse seus pensamentos reprimidos à tona, e descobriu assim que ela tinha uma
perversão manifestada através de fetiches masoquistas associados, provavelmente, aos
abusos que sofria de seu pai, revelados posteriormente na terapia. Apesar de ser um grande
admirador do trabalho de Freud, Jung entra em discordância com ele sobre a origem do
sofrimento e o diagnóstico de Spielrein. Freud propõe que ela teria se fixado na fase anal e
desenvolvido uma personalidade anal retentiva, devido à obsessão com figuras de autoridade
e seus relatos de prazer ao controlar a retenção e excreção de suas fezes. Jung discorda do
diagnóstico, pois, de acordo com ele, além de ser idealista, sua paciente também era
desorganizada e generosa, qualidades opostas ao esperado de uma pessoa com esse tipo de
personalidade. De acordo com Jung, o aspecto masoquista de Spielrein não seria consequência
de uma fixação psicossexual, mas estaria mais enraizada em sua essência. Essa cena serve de
foreshadowing para as futuras desavenças teóricas e metódicas entre ambos, pois, enquanto
Freud acreditava que reconhecer e aceitar sua condição era a única forma de aliviar o
sofrimento psíquico, Jung defendia que a personalidade poderia ser aprimorada a partir do
autoconhecimento. Vale mencionar a participação teórica de Otto Gross, que tinha uma
filosofia de liberação sexual, pois, diferente de Freud, acreditava que a liberação dos impulsos
sexuais era a única forma de efetivamente aliviar o sofrimento psíquico, não bastando apenas
o reconhecimento de seus impulsos. Apesar de ter cedido à liberação de seus impulsos sexuais
ao se envolver amorosamente com Spielrein, Jung se opõe a ênfase que seus colegas, inclusive
Spielrein, dão a sexualidade. Por sua oposição, bem como pelo caráter mais especulativo das
teorias de Jung, após várias discussões, Freud rompe suas relações intelectuais com seu aluno.
Spielrein continua trabalhando com Freud, e desenvolve a teoria da pulsão de morte ao
perceber que a libido era uma força não apenas criativa, como destrutiva, simultaneamente.

O filme retrata com maestria as diferentes perspectivas dos teóricos, bem como a
complexidade de suas relações e a influência simultânea que tiveram um sobre o outro.

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