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Jung tinha várias características para ser o filho ideal, herdeiro e divulgador da obra
de Freud, que inclusive escreveu em 1909: “(…) na noite em que eu o adotei como
filho mais velho (…), como meu sucessor e príncipe coroado(…)” (Carta 139, Freud).
Enquanto Freud, aos 50 anos (quase vinte anos mais velho que Jung), já havia
construído os pilares de sua obra. Por outro lado, Jung, aos 31 anos, estava apenas
começando a sua grande carreira.
A finalidade do sonho
Conceito de arquétipo
Jung propôs que o trabalho analítico ocorresse frente a frente, que paciente e
terapeuta sentassem um diante do outro, incluindo com isso a presença das reações
emocionais do terapeuta. A ideia de o terapeuta ser uma página em branco é
deixada de lado e a presença objetiva do terapeuta, e de seu mundo subjetivo,
passam a ser considerados importantes para o paciente.
A ideia de que o terapeuta é a pessoa saudável e que tudo sabe, e que o paciente é
o doente e inconsciente, também é revista, pois, embora o papel do terapeuta seja
distinto daquele do paciente, ambos têm luz e sombra, o que permite o
estabelecimento de uma relação mais simétrica entre eles.
Outro ponto a ser destacado é o das ideias de Freud e de Jung que dizem respeito à
noção de símbolo. Como para Freud o centro de sua Psicologia era a sexualidade e
o Complexo de Édipo, ele via, por exemplo, nos símbolos oníricos, disfarces que
encobririam aspectos ligados à sexualidade e ao Complexo de Édipo. Para Jung, um
símbolo nunca possuía um único significado, e nem uma interpretação fixa. Ele
também não via as expressões oníricas como disfarce, acreditando que a psique se
expressa numa linguagem arcaica e simbólica. Ao invés de atribuir aos símbolos
significados fixos, Jung considera que eles são a melhor expressão para aquilo que
é pressentido e ainda não sabido.
A ideia do inconsciente
A ideia do inconsciente, para Freud, associa-se a algo que surge na vida pessoal e
que estaria composto de material esquecido, reprimido, negado, fixado, bem como
de conteúdos traumáticos. Jung, por sua vez, atribui ao inconsciente um caráter
também criativo, capaz de trazer à consciência conteúdos não apenas associados a
experiências individuais, mas coletivas, impessoais, universais. Também nesse
aspecto podemos considerar complementares as visões de Freud e de Jung.
A relação entre Freud e Jung foi marcada pela personalidade genial de cada um
deles e também pela dificuldade de lidarem com seus complexos. Freud, 19 anos
mais velho, e fixado, pessoal e teoricamente no Complexo de Édipo, colocava-se no
lugar do pai e exigia de Jung uma aceitação irrestrita a suas ideias, imputando
obsessivamente a ele uma atitude parricida a cada discordância. Jung, por outro
lado, tinha também um complexo paterno negativo. Seu pai recusara-se a refletir
sobre o dogma da Trindade, afirmando que um dogma não é para ser discutido nem
compreendido pela razão. Com isso, Jung ficava indignado, revoltado e com aversão
a um “pai” (Freud) que exigia obediência cega, sem abertura para a reflexão e para
a dimensão simbólica.
Só podemos lastimar este desfecho, pois esta separação, ocorrida em 1913, feriu
tão profundamente a Psicologia Moderna que somente agora, mais de 100 anos
depois, ela começa a se recuperar graças à Psicologia Simbólica Junguiana, de
Byington, que propõe conjugar a Psicanálise e a Psicologia Analítica. Esta proposta
de síntese entre as duas escolas contempla o desenvolvimento da formação do Ego
na infância e sua patologia (Freud) coordenado pelos arquétipos (Jung) e o
desenvolvimento da personalidade na segunda metade da vida, com a busca de
autorrealização (Jung), ambos inseridos no processo de individuação.
Desejos e emoções
Freud acreditava que muitos dos nossos sentimentos, desejos e emoções são
reprimidos ou mantidos fora da consciência. Por quê? Por que, sugeriu, eles eram
simplesmente ameaçadores. Freud acreditava que, por vezes, esses desejos ocultos
se davam a conhecer através de sonhos e lapsos de linguagem (os atos falhos ou
“lapsos freudianos“).
Freud também acreditava que ele poderia trazer esses sentimentos inconscientes à
consciência através do uso de uma técnica chamada de livre associação.
Ele pediu a pacientes para relaxarem e dizerem o que vinha à mente, sem qualquer
consideração sobre quão trivial, irrelevante ou embaraçoso poderia ser. Ao traçar
essas correntes de pensamento, Freud acreditava que ele poderia descobrir o
conteúdo da mente inconsciente, onde desejos reprimidos e memórias dolorosas de
infância estavam.
Inconsciente coletivo
Além do coletivo, Jung também traz às suas teses o inconsciente pessoal, uma área
onde estaria tudo que não se liga ao ego, ou seja, o que foi rejeitado pela parte
consciente. “O inconsciente pessoal é representado pelos sentimentos e ideias
reprimidas desenvolvidas durante a vida de um indivíduo”.