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COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
André Luiz Moraes Ramos
Centro Universitário Salesiano de São Paulo – Lorena
Centro Universitário de Barra Mansa
A Terapia Cognitiva segue um modelo dire- dizer que estudante do curso de psicologia
tivo, isto é, as sessões são previamente es- e perguntar o nome do sujeito).
truturadas, de modo que o terapeuta segue Portanto, evite começar a sessão indo
um roteiro durante os atendimentos. Este diretamente ao assunto.
roteiro é composto dos seguintes elemen-
tos básicos: rapport, ponte com a sessão Atualização do estado do cliente:
anterior, revisão das tarefas de casa da Revisar o problema apresentado
sessão anterior, atualização, estabeleci- como motivo da consulta (queixa para a
mento de uma agenda para a sessão, abor- terapia). Está no prontuário do cliente,
dagem dos tópicos da agenda: verificação mas é importante o próprio terapeuta ouvir
de humor, educação do cliente sobre o mo- diretamente do cliente o que o trouxe à
delo cognitivo, educação do cliente sobre o terapia. Deve-se fazer uma atualização do
seu transtorno, uso de técnicas e estraté- seu estado (o que mudou: aumentou ou
gias cognitivo-comportamentais, enqua- diminuiu, e o que permaneceu da mesma
dramento, indicação de novas tarefas de forma em relação ao problema), desde a
casa, resumo da sessão e feedback. De triagem ou do psicodiagnóstico até a con-
acordo com as características de cada ses- sulta de hoje.
são, alguns elementos são omitidos. Se o É relevante investigar neste mo-
cliente for criança ou adolescente, deve-se mento as expectativas que o cliente tem em
iniciar com a entrevista com responsáveis, relação ao processo terapêutico, para saber
que será abordada mais adiante neste tex- se o que ele espera da terapia é possível de
to. ser alcançado. Lembre-o que a terapia é
focal e que serão tratados os motivos apre-
A PRIMEIRA SESSÃO: sentados para a consulta. Isto evita criar
Fazem parte da primeira sessão os expectativas irrealistas no cliente.
seguintes elementos: rapport, atualização
do estado do cliente, estabelecimento de Estabelecimento de uma agenda pa-
uma agenda para a sessão, abordagem dos ra a sessão:
tópicos da agenda: verificação de humor, Através da agenda, o terapeuta de-
educação do cliente sobre o modelo cogni- fine, juntamente com o cliente, um roteiro
tivo, enquadramento, indicação das tarefas para a sessão terapêutica, do tipo: Você já
de casa, resumo da sessão e feedback. me falou sobre o que lhe trouxe à terapia
(atualização do estado do cliente), agora
Rapport: eu preciso saber como você está se sentin-
Tem como objetivo quebrar o gelo do hoje (verificação do humor), Eu
no início da relação, pois visa a criação de preciso informar-lhe sobre como funciona
um clima favorável para o desenvolvimen- a terapia cognitiva (educação do clien-
to da entrevista, através de um tema amis- te sobre o modelo cognitivo: psicoe-
toso que interesse ao entrevistado. ducação) e detalhes sobre o atendimento
É através do rapport que serão cri- (enquadramento). Eu vou lhe passar
adas as condições para a construção do algumas tarefas para você fazer em casa
vínculo terapeuta e cliente. (tarefa de casa), e, no final, eu vou re-
O rapport deve compreender tam- lembrar o que falamos (resumo) e vou
bém o cumprimento inicial (Olá! Tudo querer saber o que você achou da terapia
bem?) e apresentação pessoal (seu nome e (feedback).
A estrutura das sessões em Terapia Cognitivo-Comportamental
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A estrutura das sessões em Terapia Cognitivo-Comportamental
PENSAMENTO EMOÇÃO
Eu sou incompetente, Nervosismo e tristeza.
SITUAÇÃO Isto é muito difícil para
Resposta errada mim,
na aula de esta- Não tenho capacidade COMPORTAMENTO
tística. para o estudo. Abaixar a cabeça e não acompa-
nhar mais a aula.
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A estrutura das sessões em Terapia Cognitivo-Comportamental
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A estrutura das sessões em Terapia Cognitivo-Comportamental
pedir que o cliente resuma, sozinho, a ses- realizar atendimento não eventual, o psicó-
são. logo deverá obter autorização de ao me-
nos um de seus responsáveis, observadas
Feedback: as determinações da legislação vigente.
É importante de ser realizado, pois É o responsável que vai fornecer as
transmite a idéia de que o terapeuta se informações relevantes para o caso e assi-
incomoda com o que o cliente pensa, sendo nar o termo de compromisso, que vai auto-
esta uma oportunidade para que ele se ex- rizar que a criança ou o adolescente receba
presse livremente. Para o terapeuta, é uma atendimento psicológico. É importante
chance de resolver quaisquer mal- destacar que, sem esta autorização, o psi-
entendidos. cólogo não pode dar início ao atendimento.
De modo geral, o feedback deve O contato com o responsável, ini-
revelar a opinião do cliente em relação aos cia-se pela queixa, procurando-se ter uma
aspectos positivos e negativos da sessão e o percepção da sintomatologia atual, que
seu grau de adesão ao processo (o quanto serve como referencial para identificar
ele se dedica, está empenhado e envolvido conflitos, quando surgiram, as possíveis
na terapia). causas percebidas, em que situações se
Neste sentido, algumas questões manifestam, como evoluíram. Isto tem por
podem orientar o feedback: O que você finalidade identificar quais as áreas de de-
vivenciou hoje aqui que é importante para senvolvimento que devem ser mais deti-
você se lembrar? Quanto você sentiu que damente exploradas.
poderia confiar no seu terapeuta? Houve Além das informações relativas à
qualquer coisa que incomodou você du- queixa, é necessário fazer com o responsá-
rante a terapia hoje? Quão propenso você vel a Anamnese ou História de Vida da
está a fazer as tarefas de casa? criança e do adolescente. Para esta Anam-
nese, há modelos extensos que podem ser-
vir como roteiro. Mas o conhecimento da
História de Vida é o objetivo mais impor-
ATENDIMENTO DE CRIANÇAS E tante neste momento e pode-se buscar in-
ADOLESCENTES: formações do cliente, explorando os se-
Entrevista inicial com o responsável: guintes tópicos: Contexto familiar (gene-
De acordo com a legislação brasilei- tograma: vide Figura 1); saúde (gestação,
ra, expressa no Estatuto da Criança e do nascimento, doenças, etc.), vida social e
Adolescente, que estabelece garantias para afetiva (amigos, atividades preferidas,
o atendimento de crianças e adolescentes, etc.); vida escolar (início, desempenho
o Código de Ética do Psicólogo determina, escolar, relacionamento com colegas e pro-
em seu No Art. 8º, alínea “c”, que: para fessores, etc.).
LEGENDAS
pedreiro diarista
masculino
Júlio Maria
(1972-2007) (1977-)
feminino
C 1995
falecido
Embora a maior densidade dos da- que pode ser obtida através de entrevistas
dos da entrevista com a mãe, é bastante ou nas sessões lúdicas, para alargar e apro-
elucidativo, também é importante ter a fundar o entendimento dinâmico.
versão da própria criança ou adolescente,
Rapport:
O rapport deve ser breve e continu- Estabelecimento de uma agenda pa-
ar o processo de vinculação iniciado na ra a sessão:
primeira sessão. Estabelecer um roteiro com o clien-
te para a sessão. Hoje nossa sessão será
Ponte com a sessão anterior: bastante variada. Vamos fazer a verifica-
No início da sessão, retomar com o ção do seu humor, como na semana pas-
cliente os principais pontos abordados na sada. Vamos conversar sobre o modelo
sessão anterior. Sobre o que falamos na cognitivo, sobre sua vida e o seu proble-
sessão anterior? O que foi importante para ma, uso de técnicas e estratégias cogniti-
você? O que você aprendeu sobre si mesmo vo-comportamentais, estabelecer as tare-
na sessão passada? fas de casa para a próxima semana e fina-
lizar com o resumo e o feedback desta ses-
são.
Revisão das tarefas de casa da sessão Inclusão de novos itens comple-
anterior: mentares da agenda, que serão abordados
Recorde com o cliente as tarefas de antes da educação do cliente sobre o mode-
casa passadas na sessão anterior, uma a lo cognitivo e sobre seu problema. Há al-
uma. Questione o cliente: Que tarefa de gum assunto que você gostaria de incluir
casa você fez? Houve alguma que você na agenda? Eu (o terapeuta) gostaria de
não fez? Por quê? Como se sentiu ao reali- que você me falasse um pouco sobre um
zar a tarefa? O que você pensou sobre a assunto importante (por exemplo: sua vida
tarefa? Como você acha que se saiu em escolar, namoro, atividades de lazer, famí-
relação às tarefas? O que você aprendeu lia, emprego, etc.).
com as tarefas de casa?
Caso identifique alguma dificuldade Verificação do humor:
em relação às tarefas da sessão anterior, o Fazer a avaliação do estado afetivo
terapeuta pode incluir este item na agenda do cliente, utilizando as escalas de 0 a 100
desta sessão. ou as escalas categóricas.
No caso de depressão, incluir nesta
sessão a avaliação através do inventário de
Atualização do estado do cliente: Beck, o BDI.
O objetivo é obter uma compreen-
são do sujeito que abranja o período entre Inclusão de itens complementares da
esta e a sessão anterior. Como foi a sua agenda:
semana? Houve algo que lhe incomodou Abordar com o cliente cada um dos
durante a semana? Como esteve o seu hu- temas incluídos na agenda pelo próprio
mor nos últimos dias comparando com terapeuta ou por solicitação do cliente.
outras semanas?
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A estrutura das sessões em Terapia Cognitivo-Comportamental
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A estrutura das sessões em Terapia Cognitivo-Comportamental
.
Situação: Comportamento:
Crença central:
Conversa entre Permanecer calada
Eu sou inadequada
colegas de clas- durante a conversa
se
PA 3: eu não sei
PA 1: Eu só
me expressar bem
falo besteira
verbalmente
PA 2: Eles acham
que sou tola
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A estrutura das sessões em Terapia Cognitivo-Comportamental
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REFERÊNCIAS:
ABREU, C. N. & ROSO, M. (Orgs.) Psicoterapias
Cognitiva e construtivista. Porto alegre: Artes Médi-
cas, 2003.
BECK, A. et. al. Terapia cognitiva da depressão.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
BECK, J. Terapia cognitiva: Teoria e prática. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1997.
BECK, A. et. al. Terapia cognitiva dos transtornos
da personalidade. Porto Alegre: Artes Médicas,
1993.
CONSELHO DE FEDERAL DE PSICOLOGIA – CFP.
Código de ética profissional do psicólogo. Brasília:
CFP, 2005.
CUNHA, J. A . e col. Psicodiagnóstico V . Porto
Alegre, Artes Médicas, 2000.
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A estrutura das sessões em Terapia Cognitivo-Comportamental
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