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IMERSÃO

MANEJO AO LUTO

PSICÓLOGA DRA. TICIANA PAIVA


CRP 06/97950
O QUE É LUTO?

Resposta frente a uma perda;

Não é somente morte física;

Processo de acomodar uma


mudança na vida (não uma
doença).

DSM: da ausência a patologia


(Transtorno do Luto Complexo e
Complicado)
LUTO X DEPRESSÃO
LUTO É O PREÇO DO AMOR

(PARKES)

Quando ocorrem eventos


imprevistos ou incongruentes, tais
como a morte de um ente amado,
a pessoa precisa redefinir o self e
reaprender formas de envolver-se
com um mundo sem a pessoa
falecida.
TIPOS DE LUTO

LUTO COMPLICADO LUTO NÃO-RECONHECIDO

LUTO ANTECIPATÓRIO LUTO COLETIVO

LUTO AMBÍGUO LUTO TRAUMÁTICO


GRACIE
Que experiências
de luto foram
marcantes para
mim?
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Strobe e Schut, 1999 R A r f
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FASES DO LUTO

(C. PARKES)

1. Período de torpor que se dá logo após o


momento da morte (negar a realidade da
perda);
2. Saudade: pessoa enlutada anseia pela volta
(nega o caráter permanente da perda), raiva*;
3. Desorganização e desespero, o indivíduo
enlutado acha difícil exercer suas funções no
ambiente.
4. Reorganização;
TAREFAS DO LUTO

(WORDEN, 2013)

É essencial que a pessoa enlutada resolva as


questões dessas tarefas para se adaptar à
perda.

Envolvimento ativo, porém respeitando seu


tempo, pois o luto é um processo fluido,
dinâmico e exigente.
TAREFAS DO LUTO

(WORDEN, 2013)

Aceitar a realidade da perda: leva tempo;


funeral; (falar morte e o nome da pessoa na
sessão).
Processar a dor do luto: não aceitação social da
dor do enlutado (negação por anos da perda.
Pode cronificar)
Ajustar-se a um mundo sem a pessoa:
ajustes externos / internos e espirituais.
Encontrar conexão duradoura (reconstruir laços)
EXTERNOS
INTERNOS

ESPIRITUAIS

AMBIENTE / ROTINA
/ PAPEIS

Senso de estima de si e
autoeficácia) -
Valores fundamentais
o que o fulano faria?
da vida
SENTIMENTOS COMUNS APÓS UMA PERDA:

Tristeza, raiva, culpa, ansiedade, solidão,


fadiga, desamparo, choque, saudade,
libertação, alívio, torpor.

SENSAÇÕES FÍSICAS COMUNS

Vazio no estômago.
Aperto no peito.
Aperto na garganta.
Hipersensibilidade a ruídos.
"Ansiedade"
Senso de despersonalização
NA COGNIÇÃO:

Descrença; confusão; preocupação;


Sensação de presença: Crianças Enlutadas*

NO COMPORTAMENTO:

Distúrbio do sono; do apetite; ausência de


pensamento; isolamento social; sonho com o
morto; evitação de lembrança;
hiperatividade/agitação; choro; visita a locais;
apego a objetos;
"As lágrimas tem valioso
potencial de cura"
O QUE PODEMOS FAZER?

A perda de uma pessoa amada é uma das


experiências mais intensamente dolorosas
que o ser humano pode sofrer. É penosa não
só para quem a experimenta, como também
para quem a observa, ainda que pelo simples
fato de sermos tão impotentes para ajudar.
Para a pessoa enlutada, apenas a volta da
pessoa perdida pode proporcionar o
verdadeiro conforto; se o que lhe oferecemos
fica aquém disso, é recebido quase como um
insulto.
BOWLBY (2004)
Manejo Clínico

"Ao oferecer ao seu paciente uma base segura, a


partir do qual ele pode explorar o mundo e expressar
seus pensamentos e sentimentos, o papel do
terapeuta é análogo o da mãe, que dá ao seu filho
uma base segura, a partir da qual ele pode explorar o
mundo."
BOWLBY (1989)
ATITUDES FUNDAMENTAIS NO

ATENDIMENTO

VÍNCULO • construir uma


relação de confiança e não
julgamento.
Rapport / aliança
ATITUDES FUNDAMENTAIS NO

ATENDIMENTO

RESPEITO:
Acolher o seu
processo (nunca
patologizar).
Pessoa em "carne
viva"
ATITUDES FUNDAMENTAIS NO

ATENDIMENTO

PSICOEDUCAR:
Explicar e trazer
informações seguras.
NA 1A. SESSÃO

O QUE AVALIAR:

Necessidades básicas (sono, alimentação);


Medicação; Crenças; Rede de apoio; Risco de
Suicídio
NO LUTO É IMPORTANTE OBSERVAR

HISTÓRIA DA PERDA;
HISTÓRIA PESSOAL / PERSONALIDADE DO
ENLUTADO;
CARACTERÍSTICAS DO FALECIDO;
REDE DE APOIO;
O SOFRIMENTO TEM QUAL FUNÇÃO?;
ENFRENTAMENTO.
VULNERABILIDADE PSICOLÓGICA:
RISCO DE SUICÍDIO EM PESSOAS ENLUTADAS:

Parkes & Weiss (1983):


1. Crianças menores em casa.
2. Classe social baixa.
3. Emprego - pouco, se algum.
4. Raiva
5. Ansiedade
6. Auto recriminação
7. Falta de relacionamentos atuais.
Segurança Calma Conexão Auto-eficácia Esperança

Hobfoll et. al., 2015

5 ELEMENTOS

básicos da intervenção a crise emocional


PRIMEIROS ATENDIMENTOS:

ACOLHIMENTO / CONFIANÇA

Espaço de expressão da dor;


Interesse pelo que é trazido;
Perguntar o nome da pessoa que morreu/data morte;
Priorizar o sofrimento e história trazida ;
Disponibilidade emocional.
OBSERVAR:

ELA(E) ESTÁ EM CRISE EMOCIONAL?

Intensidade de dor = estresse agudo


Comprometimento laboral, social, familiar
Incapaz de cuidador dos filho ou de tomar decisões simples;
Confusa, emocionalmente anestesiada ou sentindo que a situação
é irreal ou que está delirando;
Desorientação / alheamento.
MANEJO A CRISE

Acolher sentimentos e a vivência do luto;


EMPATIA: legitimar sentimentos;
Perceber necessidade básicas urgentes;
Não apressar nada;
Ser presença: reorganização interna /
ESCUTA SUPORTIVA
PRIMEIROS ATENDIMENTOS:

CLAREZA SOBRE O PROCESSO

o espaço da terapia;
o processo do luto (psicoeducar);
TRAZER ANALOGIAS
ACOMODAÇÃO DO LUTO

Apropriar-se do seu processo;


O luto não é o preço do amor (fazer planos
sem culpa);
Saudade "confortável";
Falar sobre a pessoa/morte sem ser tomada
por emoção.
RECURSOS TERAPÊUTICOS

Observe a singularidade das


pessoas (não há receita de bolo);
Proponha e estimule o que faz
sentido
RECURSOS TERAPÊUTICOS

- Escrita terapêutica;
- Rituais de despedida;
- Pertences/fotos/objetos;
-Plano de enfrentamento.
LUTO E AS CRIANÇAS

Observe o entendimento de morte;


Seja direto e cuidadoso (evitando detalhes
desnecessários);
Observe as reações comuns;
Use recursos lúdicos;
Fortalecer a rede de apoio
LUTO NAS FAIXAS ETÁRIAS

até 3 anos: não se compreende a morte em sua totalidade. A conversa pode ser
mais lúdica, mas sem criar falsas expectativas de que a pessoa retornará;
entre 3 e 5 anos: ainda não se pode compreender com clareza que a pessoa não
voltará, porém, as crianças já relacionam a morte a algo triste e ruim. Elas
também percebem bastante as alterações emocionais dos adultos;
entre 5 e 7 anos: os questionamentos são um pouco mais profundos e começa a
se desenvolver a noção de “para sempre”;
entre 7 e 10 anos: a compreensão já é mais clara, mas pode existir uma
dificuldade em identificar e expressar os sentimentos.
entre 10 e 12 anos: já têm maior clareza sobre a morte, portanto, a conversa pode
ser um pouco mais direta, apesar de ainda existir muito cuidado para não fazer
isso de forma traumática.
"Ao não falar, o adulto crê estar protegendo a criança,
como se essa proteção aliviasse a dor e mudasse
magicamente a realidade. O que ocorre é que a criança
se sente confusa e desamparada, sem ter com quem
conversar."
(M. Kovaks)
ESTUDOS DE CASO
HABILIDADES DO TERAPEUTA
SUPERVISÃO

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