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LW TO§ SUPLEMENTO LITERÁRIO DE "A MANHA"
lmblie("to semanalmente, sob a orientação de K»m 7
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28/9/941
Mucio Leão (Da Academia Brasileira de Letras)

MACHADO
SUMARIO:
CE ASSIS PÁGINA 97:
Marliado de Assi*.
Machado de Assis e a clvili-
PAGINA 114:
Sombra e lu* na gloria de
Machado dc Assis, de Ribeiro
Há trinta e três anos, no dade. cie Tristáo da Cunha. Couto (da Academia Brasileira).
Itetralo de Marliado de Assis, O governo da República e
dia iF) deste mês, falecia, Mac liado de Assis.
por Sotero Cosme.
lia sua casa da rua Cosme PAGINA 98: PAGINA 115:
A dt. Machado de O menino do morro, de Huiq-
Velho, um homem estra- Assis, de propósitoJorge de Lima. berto de Campos.
-- Correspondência de escrito-
lilio, singular, misterioso e Assis Dois sonetos de Machado de
¦ Sjmhozíi e Círculo vicios». res. Carui de Machado de Assis
perturbador — o homem Opiniões sobre Machado de a João Ribeiro.
O operário Machado de
que usava o nome de Ma- PAGINA 99: Assis ...
Opiniões sobre Machado de
VI.im* visita, de Euclides
citado de Assis. Cunha. Assis.
Num belo e nobre dis- Um escritor sem raiscs, PAGINA lili;
Jos^ Lins dn Rego. Machado de Assis na apre-
curso, pronunciado cm nos l.r íicnie I.ntin, de Anatoie claçáo ao Manuel Bandeira. JfMCfMDO DE ASSIS
France. -- Machado de Assis na apre-
me da Academia de Letras, ciação cie Amadeu Amaral.
PAGINA 100: Na ocasião da morte de Ma-
Ruy Barbosa disse dele es* A Paixão de Jesus, de Macha-
chado dc Assis, de Consto-ncio
do do Assis.
ta palavra gloriosa: que Duas caricatura» de Machado Alvfs.
ele
Souza
"prosava
como Luiz de
e cantava como
d.j Assis.
nililiografia original de Ma-
(•liado dc Assis.
PAGINA 117:
A paixão de Jesus (continua-
ção da página 100).
MACHADO DE ASSIS íristio da Cunha
PÁGINA 118:
Luiz de Camões." Assís.
Opiniões sobre Machado de

PAGINA 101:
O desfecho, de Machado de
Assis (com ilustração tie Santa
Rosa i.
E A CIVILIDADE
Machado de Assis estudado A amizade de Joaquim Na-
jwr Wilhclm Giese (tradução de buco e Machado de Assis, de Ora- Machado de Assis, - cofno nha. logo sofreu da iniqul-
Autores e Livros dedi- .João Riheiro). ça Aranha. dade fatídica que distribue
A gloriosa companheira Machado de Assis e Carlos de é freqüente entre os mais
ca o seu número de hoje Laet. de Antônio J. Chediak. altos espíritos, tinha algu- os nascimentos, e dai veto
PAGINA 102:
a Machado de Assis. Em O chefe da Literatura Na-
PAGINA 11?: ma cousa de paradoxal, de a conhecer - inV 7'i<*j
') Machado de Assis moralista
nossas páginas encontra- cional, (\>; Luiz Murai,.. — Um apólogo. desconcertante, um apa- maior, a consagrada íhver-
Versos a Corlna. d*? Machado A Carolina, soneto de Ma rente contraste vivo entre a são social dos valores. Se
rão os leitores algumas das de Assis. Chado de Assis.
Machaoo de Assis na apre< pessoa e o artista. Neste aquela tem seu remédio vir-
produções mais belas do PAGINA 103:
A morte de Machado de Assht, ciarão de Amadeu Amaral tcon- sua existência tual na energia dos espiri-
particular
poeta, do contista, do ro- de Carlos de Laet. tintmcão da página 116). traz alguns aspectos exem- tos como o seu, que no mar
PAGINA 104: PÁGINA 120: humano sobem com força
mancista, do crítico e do Um capítulo de romance — Machado de Assis e Carlos de plares.
cronista. de Machado de Assis. Laet (continuação da página 118) Um deles é consolador tanto mais intensa quanto
A morte de Machado* de As- Machado de Assis, romancis- sobem de mais fundo, esta
Algumas são inéditas sís 'Continuação da página an- ta. Capitú — Olhos de ressaca lembrar, nestes dias presu-
terior''. PAGINA 121: mivelmente destinados a aguardará ainda muitos sé-
em livro, páginas que an- O grande pessimista, de Mu- culos o concerto do tempo.
PAGINA 105: cio Leão ver adotar os códigos de in-
damos escavando em ve- A iconografia de Machado Mundo interior, de Machado
de Assis, de Peregrino Júnior. civilidade, de fanatismo, de Como tantos outros, pou-
lhas coleções de jornais e Vma dedicatória de Castilho. tie Assis (com ilustração de San- violência. Quem o conheceu de medir o caminho desan-
ta Rosai.
PAGINA 108:
revistas cariocas. Conhecimento de Machado de PAGINA 122:
Algumas cartas de Machado
pessoalmente não terá es- dado desde quando o gran-
Assis, de Mario de Alencar. piir-rO1'-, n oi'51 se í*iverossímil de Frederico fazia assentar
Grande parte do suple- Saudades, de Julia Lopes de de Assis — Carta a Carolina —
I»uas cartas a Joaquim Nabuco. doçura social dum autor Voltaire entre os príncipes,
mento de hoje é dedicada à Almeida. Carta de Joaquim Nabuco i aia.ai'£0 entre todos. observando-lhes que estava
X* região das neves perpé- Machado
critica de Machado de As- de Assis. ali um dos seus pares, até
tuas. de Bnrbosa Lima Sobrinho. PAGINA 123: Analista cruel, que soube
sis. Nenhum escritor A PAGINA 107: Machado de Assis num dis-
buscar impiedosamente c quando um político padro-
nosso pais tem sido tão es- Machado de Assis, critico, curso de Alcindo Guanabara, nizado cuidava honesta-
Estátua de Machado expor implacavelmente um
de José Veríssimo. mente honrar um artista
tudado, e por ângulos tão .Artur Barreiros, de Machado Assis. nihilismo central nas cousas
de Assis. Menina e Moça, de Jtfachado humanas, soube também genial tendo-o como seu se-
diferentes, como esse. Nes- de Assis cretário.
PAGINA 108: PAGINA 124: cultivar cuidadosamente na
tas páginas reunimos o que Eça dc Queiroz e Machado de ..— Vidros quebrados — Um con- vida aquelas formas ama-
Assis, to de Machado rie Assis, não reco- Mas viu também as cou-
nos pareceu mais caracter veis e requintadas de bon- sas
Opiniões sobre Machado de lhido às Obras Completas. grandes. Pela enfermi-
ristico, entre quantos estu- Assis. Machado de Assis, de Montei- dade, que são a indulgência, dade e
Busto de Machado de Assis ro Lobato. pelo pensamento
dos ele suscitou à sua gera- a discreção, a cortezia.
na Academia Brasileira. .. — Un Vieux Pays, de Machado penetrou no mundo subter-
PAGINA 109: de Assis. râneo.
ção e à geração imediata' O gênio da nossa rafa, de PAGINA 125: A medida que a sua Ima-
mente posterior à sua. Da- João Ribeiro. Opiniões sobre Machado de gem se afasta no passado, Depois de tantos irmãos
Um capítulo dr romance. Assis. vai-se afirmando a um tem- da grande e dolorosa Ir-
mos também um grande (continuação da página 104). PAGINA 126:
Dnis retratos de Machado de O " Adeus" da Academia, de po graciosa e triste. Se quis mandade, atravessou as
lugar à geração atual - Assis, aos 20 e aos 40 anos de Rui Barbosa.
*dos Assento de Batismo, de Ma
cantar a moça Venus e a sombras palustres e frias,
netos e bisnetos do ro- iéade moça Flora, — e é certo que encontrou o desespero sem
PAGINA 110: chado de Assis.
mancista. Machado de Assis cronista: Um inédito de Machado de o fez bem, como fez bem voz, a solidão sem piedade,
Ofáloro dos burro*. Assis — Onze de Junho. tudo quanto empreendeu, a revolta sem ilusão.
— A morte piedosa, de Olavo Machado dc Assis e seus
Bilac amigos. Uma carta a Lúcio de — apezar destas páginas
Mendonça.
E como a tantos outros,
Cremos ter oferecido as- PAGINA 111: amáveis, e da sua civilidade a lição indiferente da vida
A ironoerrafla de Machado de PÁGINA 127:
A çlorificação de Machado de minuciosa, sempre atenta ensinou-lhe a sorrir. Sorriu
sim ao leitor brasileiro, um Assis (continuação da páeina
Assis, de Sousa Bandeira. aos usos burgueses e buro-
panorama geral da vida, da 103).
Uma creatura. de Machado Machado dc Assis, critico porque era necessário pro-
cráticos, foi essencialmente
obra e da individualidade de Assis. (Continuação da página 107*.
Opiniões sobre Machado de
piciar cá homens para que o
Sobre 9 pessimismo de Ma- dos espectadores peniten- deixassem subir. Sorriu
de Machado de Assis — chado de Assis, ü*e Viana Moog. -„tí-,.T. Assis. ciários que, a exemplo do talvez também da vaidade
A grafatacia '!•' Machado de PAG™A 128: Dante, tiveram de através- essencial desta ascenção, e
homenagem que deveria- Assis, de -Tower d'Erenz líelíquías de Machado de
mos ter-lhe prestado há PAGINA 112: Assis. sar o Inferno. O seu sorriso do esforço despendido Sor-
As remtniscências de um dos A mesa dc trabalho.
não é imitado, mas apren- riu mais
dois anos, por ocasião da maiores amiços de Machado de
A casa da rua Cosme Velho. por ver tanta a
Assis < lembranças de Bernardo de n. 4K.O (artigo 18).de Machado de dido. dor humana que reclama
passagem do centenário do Oliveira). enterro
O preço da serenidade sempre o mais fugaz sedati-
seu nascimento, e que en- Machado de Assis e Anatoie Assis.
O Carvalho de Tasso — Na>
France. pagou-o ele por vários mo- vo. E por fim sorriu sim-
tão não lhe prestamos por Um» fotosrafia de Machado I"™ a Graça Aranha dos, na moeda banal e na plesmente por compreen-
- c"rlos de Laet
esta razão essencial: por- de Atsls com os seus amigos. - l'm !""•?'» Assis. moeda preciosa, na socieda- der que a urbanidade é um
PAGINA 113* a —Machado de
Migalhas inéditas, de Tristáo Vm. taria df Nabuci a Ma de e no pensamento. dos aspectos da humani-
que ainda não existíamos
de Ataitle (da Academia BrasIM- chado de Assis (continuação da Vindo de origem meaqul- dade.
naquele momento... ra), página 122)
'¦ ¦¦¦'»¦'-¦¦ I--I'- ¦¦¦'¦-'¦ ' -•¦¦-¦I -¦¦¦- SS ¦ -' .W...'-»!IJ...J S^S.-TST.-s-r-IT! ,,.,..,„,,.,,,.,,,,,,..,..,,,,.-,,,„.. W.':ira<IIil^W.^mm'mt^"-

PAr.INA D8 — SI Pl.KMKNTO I lltSltADIO »'A MANDA Damluw, a-s.mt

A PtíOPOSITO DE Jorge Je Do/5 sonefoí c/e /Wac/rac/o c/e /Uj/í Opiniões sobre
MACHADO DE ASSIS **» Machado de Assis
O que Nnbuco escreveu a José Veríssimo por ocasião da
SPINOZA De JOSE' DE ALENCAR
«Na carta em que lhe apresenta
morte rie Machado dc .Assis contem (entremeiado ao carinho
qoe sempre caracterizou a corres|Hin<lência entre os dois escri- Gosto de ver-te, grave e »3olHário, Castro Alves)
sSob o fumo de esquálida candeia, tembrei-wií iio senhor, em
(ores) uma espécie de reprimenda: "Seu artigo no "Jornal do nenhum concorrem os me$~
Comércio" está belíssimo mas esta frase cáusou-me arrqiio: Nsass mãos a ferramenta de operário, mos titulos. Para apresentar
imitsito, foi de falo um grego da melhor época. Rogo-lhe que tire E na casbeça a coruscante idéia. ao público fluminense o poe~
isso, quando reduzir os artigos a páginas permanentes". ta baiano, i necessário nuo sd
E enquanto o pensamento delineia ler toro de cidade na (mprcn-
Nabuco considerava Machado um cidadão branco, de fácil so da Corte, come haver nas-
identificação caiuásica, branco em vida, branquissimo depois de Uma filosofia, o pão diário cido -neste belo vale do Guana-
morto, indigno da ofensa involuntária do grande critico. Tinha A tua mão a labutar grangeia, bara que vinâa espera o sen
sido amigo intimo dc Machado: o seu pobre companheiro enver- E achas na independência o teu salário. cantor.
Sen melhor titulo, porém, è
gonliava se de suas origens raciais, preferindo a penumbra em outrn. o senhor foi o único rie
que vivia a qualquer esclarecimento que patenteasse à curiosida- .Soem cá fora agitações e lutas, nossos modernos escritores, que
dt» pública a pretendida vergonhosa pigmentaçãq. For isso, Ma- Sibile o bato assperrimo do inverno, se dedicou sinceramente à cul.
chndo sempre evitou toda tentativa de devassa" que os seus Tu trabalhas, tu spensas, e executas, tura dessa difícil ciência nue se
pon chama critica- Uma porção de
eos amigos pudessem fazer à história dc sua familia. A humil-
dade ile sua filiação de cerlo traria o mais surpreendente realce, Sóbrio, tranqüilo, desvelado e terno, talento que recebeu da nat-ure-
zit. em ven de aproveltã-lo em
se ele o confessasse, à glória que o escritor já linha em vida. A lei comum, e morres e transmutas crlaclies próprias teve a afine-
Recalcou o pitoresco destas origens coloridas com o sangue
que
0 suado labor no prêmio eterno. aacâo de aplicá-lo a formar o
nunca desejou expor como omato ao seu renome. "Machado de oosto e desenvolver a Htcratu.
Assis não tem história de família", escrevera uma vez Graça ra twiírfa-
Oo senhor, pois. do primeiro
Aranha. Ocultou por isso a biografia de uma infância
poderia ter concedido as melhores páginas de nossa literatura
referentes a um assunto que sob a pena de Mareei Prousi enche
que lhe
CIRCULO VICIOSO critico brasileiro, confio a firi-
lhante vocac/to Weriria. ove se
revelou com tanlo viaor.
efetivamente os seus dezesseis volumes. O homem extra tempo- Sela o Vlrailio ilo forem Dam-
ral do escritor francês não passa do menino da "madeleine Bailando nn ar, gemia inquieto vagalntne; te. conduea-o velo tnvlos ca-
"Quem me dera minhos por onde se vai ò rfe-
trempé*' no chá de lilia. mimado pela nwmèrc, que eu fosse aquela loura estrela, cfvcâo. á Indiferença e tinnt-
pela Françoisc t
pela avó. Que arde no eterno azul. como uma eterna velai" mente, A alórta, qm j^o r>s frtfn
Mas a estrela, filando a lua, com cinme; eireulait mirlmos da divina co-
Kstes seres querido? — avós, país, jjessoas de sua casa,
mediu do talento.
Mai-had» niatmi-as, afogou-as no esquecimento, Inverteu a fa-
çnnha ile Herodes: foi um inocente, uin tímido, «ma tríaiwja (e
"Pudesse eu copiar o transparente lume, *
Que, da grega coluna à gótica janela, sOc OLIVEIRA LIMA:
sempre o foi até ;'t morte) (]tie procurou destruir os adubos ca-
Contemplou, snspirosa, a fronte amada e bela!"
pazes -h complicar a sim ntniicíi realeza. Jamais escreveria um Era o tempo da "Revista Fra-
Mas a lua, filando o sol, com azedwnc:
romance mulato, com a experiência própria de suas origens, de slleira". mãe da Academia Bs-a-
sua psique, um depoimento romanceado à maneira dc René Ma- süeira e dirigida por José Veris-
"Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela slmo com critério e capacidade.
ran. Iodos os seus contemporâneos o consideravam uni rema- À tarde nos encont.rávamos* na
Claridade imortal, que roda a luz resume!''
Desconte da pura Hélade: "Eu pelo menos só vi nele o livraria Laemmer4. onde tam-
grego. Mas o sol, inclinando a rútila capela;
Não Seria chamado o Machado de mulato e penso que nada lhe bem vinha ler Rodrigo Otávio,
doem mais fio que essa síntese'', escrevia Kainico. secretário .da Presidência r-s-rn-
"Pesa-me esla brilhante auréola de nume...
Muitos pensavam que Machado pretendesse incarnar o ca Aranha, autor ainda vir<™"n
gre- Enfara-nie esta azul e desmedida uinbcla... mas conhecido eomo dl^cínnlo
fo no Parnasianismo de sua poesia: a maioria de seus críticos Por que não nasci eu um simples vagalume? talentoso cie ToMas Ra-relo,
c considerava também um inglês. Não sei que conceito tinham de Pedro Tavares e outros. Maeha-
om inglês, mas quase todos achavam que Machado possuía le- do constituía, naturalmente o
sentro da reunião com seu h-
gitinias afinidades dc caráter com esle povo tão bombardeado
'nos (.[.ms <Ie hoje. (relro aaguetar oue <1ava mais
(traça às sua» observações sem.
One antinomias, que formação teria Maria Leopoldina do Rio e de Londres, as damas da Baia e PTe delicadamente maliciosas,
| de Constanlinopla
exoressas como as suas i*á"!r-\«
, mãe de Machado ? Ele nunca talou deste ser querido, como de- um incêndio em Olinda, uma tempestade em Chicago, as cebolas escritas com nm hiimorf,wn tie
vera íalar mais abertamente a qualquer de seus íntimos. Nem do Egito, os juizes de Berlim, a paz dc Varsóvia, os Mistérios
Oiillate em aue havl». num ho-
de sua irmã nem cio pai. Aristncratizou-sse a seu mo<lo, não conto de Paris, o Carnaval de Vencya.. .'* A vida era esta amtrnidarie leio e<J frase que !tie era t.«.
Uic inglês ou eanio um grego, mas eomo mn puro intelectual Je desluihiana em qne um incêndio em Olinda t as cebolas do £"i- eulis' e em mie »« n-fl-i'- o --n
seu tempo, um homem amargo e desencantado <la cultura da (o ocupavam íi .«oheiário hoje reservado ao arrasünienro dc eroírito sfjve«so ao àw^i.*''***®,
»|*sK*a, <le certa literatura que lhe chegava às mãos ainda enfei- Varsóvia e à invasão de Paris. Não se conheciam traços da ironia ri» Swift isi
greves, nem flnldesr de rsjrosn de GaTet* *.'s«s
tada de gongorismo ç de a/lorrins. O homem ficou com o soi- revoluções sociais, nem reivindicações. Nâo liavia nenhum he coisas maiores eomo nas me-
J-iso fati}»ado, o olhar mareado atrás do pince-uez, enjnado, vei- roismo nem se conhecia nenhum militante sindicalistu miwicm nores essa ironia era ve'»»(*a,
dnde.iramente enjoado de seu século. F.ssc enfado, esse retrai- se preocupava com os problemas práticos de seu "metier" de poraue o seu oeísimism" *tíi,
•mento seu romo ttvJa a uni, ne«yn«i. rti^r.*-
proveio menos''da cultura voluntariamente adquirida ou trahalho, dc sua corporação, da reorganização ria cidade. Metn-
stn!*tf-rif*fiainenfe trans^mitida pelos seus ascendente?; do que desta ficavam-se tersos versos alexandrinos, cuidava-se de rimas tn Ri-me multo um <iie er». mie
e de nm (rramátlen mottoap.----»*-
indiferença, deste ai hei amei ito i>ectiliar ao homem de cultura chaves de ouro, procnravii-sar esconder o sentinicntalistrio rcitu- ^0 tlflrOH n«ra inf-^-nqr n *"sí>^-
colhida nos livros. Na verdade, tal cultura produz o homem nescente da escola literária santrrior. Efa preferível «w mulato so -rrnno de nue havia tt»-o>«»>.
irónícft, indefinido, "une telle culture nous enferme dans tiotte <i«c romântico. na Ffi.br.ci Allprcu. rins rp^in*
personrililé, elle aboutit à un isolement complct. II y a une amer Machado evadin-se «an toda a sua energia deste vergonho- Jel»as. ertiv s nr»llrla e o- «re-
vistas- "Oh! rti»>»H) e»»!.,.-.^,!
tume profonde. une tristesse que rien ne peut dissimuler dans so subietivismo. Podou
gestos e abjetivos. hanhi !-aisagens t Machado. eo-t> o jsçe-ci pr t,-*m
cette vie d'esthèle solitatre', escrevia o ano passado Ilenri Da- confidencias, tornou-se critico compondo sonetos ou romance?- r*fo. rme ivH-a »p»í\ n»,*»"^ *"or
vensorj em seus " Fondements d'unc culture chrétienne". Ptl Wp-it". "Iflti leão eó *-"i\
Adotou- uma atitude literária para norma c fim existencial.
Portanto, nada de característica mente mulato, grego ou in* 1n>nor^Ti*"Ía rinT**! **>« f-ti* r-c-'-»-
Kvadiu-se, pois, concient emente, do plano da sensibilidade
rftn oor an-iMas bin'?''^" ^ "*"r-
glês neste cxquisito Machado. Apenas um homem sem confli para o da inteligência ânri-gregaria. Poder-se-ia dizer eme mn V0M o nmfí^írfíy nn r\*n **- -; ¦ -
tos. A mesma moléstia que em Dostoiewsky aguçava a ânsia de artista, ao enveredar
por cie caminho, nunca é agitado pelas drt r*fTio^^fu. n^rf^n.Tip^o oí
i-insl-cismo, o interesse pelo destino humano, em Machado fa- grandes ventanias ^•hoc ** *""«n n *»»*»m ¦»- r^"*- '¦¦-
que fortificam o gênio, apenas é tomado de
íia-o parar no pórtico das pequenas vidas, dos casos domésticos, "petits frissons à fleur de
peau, plus iuteltectuels queniotiís".
dos dramas insignificantes e de rala psicologia. O ambiente não Era natural
que o grande Machado se entregasse de corpo «
*
lhe foi propicio. O Brasil de Pedro II decorria isento de Unnui- alma aos cavacos da Garnier. com os companheiros, sentados De MAGALHÃES DB AZE-
era RsSBDO:
tos: a libertação dos escravos e a república próxima não se agi frente à rtia, tratando de negócios de estilo e imaginsição
que
taram de nenhuma onda convulsiva. Pululava em redor do es- valem todas as canseiras deste mundo". Ser bom ( ainda um das
«ritor uma vida morna e burocrática. Nem sei se este homem Não há dúvida: o ambiente morno, a calmaria meios mais seauros de ser M^,
podre, o
medroso, se vivesse no ambiente de Dostoiewsky agüentaria desinteresse e Machado de Assis t »o6-e-
pelo coletivo t pelo universal que foram as escró- mente, essencialmente
uma deportação ou afrontaria o perigo com a impetuosidade do f„|as do seu tempo, não fosse bom.
¦russo, broa vez confessou permitiram (jue maior a obra deste Quando rim artís(« está »«'-
-leia
que, ao ver primeira vez José de "homem excepcional", a mais alia expressão d<> nosso gênio ti- soatmente abaiio do sev «"'>-
Alencar ficou cncolh do como o menino Heine vendo passai terário. a mais eminente figura da nossa literatura, no dizer de prfc eni/enha. o público ntttla
Aapoleao. hn um homem esquivo e misantrnpo a sen jeito, $«-, niais eminente crítico — o senhor tem a rer cam i*s>o. vorqve oh
•incapaz de freqüentar José Veríssimo. Troou-
porões revolucionários em que se cons- z*u pela primeira vez, cm sua plenitude, o romance de conflitos Tidos dele nao devem preiwli-
car o brilho de sua obra. Mn' a
pirasse conlra o regime, detestava a companhia dos pocessos interiores, on melhor, de hesitações interiores; e. por via das superioridade morai em eWsf-
como dos futeis, amando os cavacos incolores meramente litera causas assinaladas, sem ascese e sem brio com d snverityridaâe ii**-
profundidade, porem com
nos da Livrara Garnier. uma extensão surpreendente ao lado dc romântico* e natnraiis- tectuat forma um tão be'n c^x-
'Pouco
me dei com Macedo, (escrevia ele), com José de tas. E' mesmo do autor de "Fondements dum culture chie- innto. oue provnrin mau '«o1-
Alencar foi diferente; sentados os dois,.em frente à rua, quantas lienne"' uma revisão daquela espécie de interiorização sem ascese: ta. mesmo estético, quem n
»ezes tratamos daqueles negócios de arte e poesia, de estilo olkane com ináí^e^ca. K' tw,i
o intelectual não deve viver apenas corno um homem de sen exauisita harmonia oue tn- do
imaginação, que valem todas as canseiras deste mundo". tempo. I*V
preciso lutar com ns séculos antes e depois, para presidente da Academia P'i'i-
Ao ambiente de Machado não chegavam os clamores do» adquirir duração e se livrar das servidões leira o orgulho rf-7* *•*¦•¦.•? nw-
grandes e pequenas
salários retidos nem a lahuta dos trabalhadores impressionava os comuns a todas as gos. eiit*e os quais me honro úé
gerações. E* necessário ter força pira poder ser contado.
homens dc letras. A tragédia dns dias rie hoje não era conhecida realizar em si, cm torno dc si, iima atmosfera eni
-wto^ estetas daquele tempo nem fornecia aos que se vej» #
diários as terri- profundidade cn» todos os qusidrantes, e islo não é possivel sem De ALCIDES SMAYA
veis "manchetlcs" que transmitem ao homem contemporâneo uma nina cena tensão de alma, uma determinação, nem tímida, nem Raro e comolexo espirito <-¦»*
dialtólic-i ubiqüidade de fogo e de sangue. O testemunho do irônica, mas íeroz. ju> amarfíor do seu pefis1****""*»
"Kepifo, "Jc » ssschooenhau«r soutM Itear »
próprio escritor regista o marasmo: que me trariam Agora, cal* o convite: vous iovite à »i»re sou» uu ¦serena indulgéneia :lmiiha dv-
m diários? As mesmas noi!.>.« lo-ais c eaUimijeiras, os turto» clinut srode"..
,.„;„.„ ""¦"::»««' li v

D<imHni>, ii-MMl «DftBMKWTO UTBKARIO D'A MANHA -PAGINA t*


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ULTIMA VISITA - Uma crônica de Eudideê da Cunha


sobre a morte de Machado de Assis
se reuniam Coelho Neto, Ora- Nesse momento, precisamen- disse uma palavra.
— Ajnf
Na noile em que faleceu Ma- cionante em que se ia, a pouco de •a Aranha, Mario de Alencar,
dr Assis, quem penetras- e pouco, extinguindo o extra- te „„ enunciar-se este juizo de- lhou-se. Tomou a mão do Mes-
(titulo Raimundo Cor- salentado, w--. num belo gesto ée
escritor. losé Veríssimo, ouviram-se umas ti- Ire: beijou-a
se na vivenda do poela, em La- ordinário Ulltl.ll IV UUlIWf. nu.v"i«™«-| -. .

de 'éa, Rodrigo Octavio, contenta- m;das pancadas na porta prin- carinho filial. Aconcitegou-a
tan/eras, não acreditaria que Realmente, na fase aguda—--«—
rios divergentes- De um ™°do cipal da entrada. Ábriram-na. depois por momentos rt/1
JJ«....*M«).. - fl j. ..**. nmnAn .-_ s 3 - l - -*- J. «*. m.AS..,.r»**fnt. ao peilo.
bOI tis

estivesse lão próximo o desen- sua moléstia, Machado de As- não se compreendia que Levantou-se e sem diser paia-
sis, se por acaso traia com um geral apareceu um desconhecido: um
lace de sua enfermidade. '""" Vda- <t«e tanto viveu as ou- adolesce„te delito 18 anos, no vra, saiu
Na sala de jantar, para onde gemido contração mais l»>.«.i.iirfi.
Mes- viva o sofrimento, apressava-se trás vidas, asshnilanda-se
/I..Í.I.I.I tf.saMSr.-C.». através
f»imit£*t
máximo.

Perguntaram-lhe o
II i
A poria,l.
Josi Veríssimo m-
dizia o quarto do querido de análises sutilíssimasr para nô~ nome, declarara ser desnecessá- guntou-lhe o nome. Dtsse-lh».
tre, wt« grupo de senhoras — a pedir desculpas aos que o as-
apure las '™"/*'f7«™'- e ampliar, afor- fio dizê.i0: Hi„g„em ali t co- Mas ele deve ficar anônimo.
ontem meninas, que ele carre- sistiam, na ânsia e no atmro »"»™«rf»"¦' *» "»'"" '*'''""*' r?'°.sas- „hecia, não conhecia por sua Qualquer que seja o destino
nos braços carinhosos, hoje genlilíssimo de quem corrige
ytira „.,„ 1««. «•*» ™<a de lal de»\ vez ninguém; não conhecia desta criança, ela nunca mais
nobilissimàs mães de familia, um descuido ou involuntário «° mei° ie tamanlus /".««
— comentavam-lhe os lances destise Timbrava em sua pri- **"**" próprío dm0 ia CMp a nSo ser subirá tanlo na vida. Naquele
indiferença, no círculo limita- •;.„„,„„ dos ()OT.0J momento o seu coração bali-u
encantadores da vida e reliam- meira e última dissimulação: a pe/a que
lhe antigos f'" 'lissimulação da própria agonia, encantavam. Por isto, ao ler sozinho pela alma de uma na.
com o re- Um escritor da estatura de Ma- nos jornais da tarde que o es- cionalidade. Naquele meto se-
guardados nos álbuns aprieho- ara não nos maguar ehado de Assis si devera ex- critor 'se achava em estado gra- gundo — no meio-seguntio em
sós. As voící i/cro da sua dor. A sua infini-
as mátjttas apenas rebrilhavqm ta delicadeza de pensar,,, „„ sen- tinguir-se
de „.,.- ., dentro devissimo, umajran- tivera o pensamento de que ele estreitou o peilo mon-
de lágri- lir e de agir no trato vul- ie ' nobilitadora comoção na- visiti.l0. Relutara contra esla bundo ie Machado de Assis,
uos olhos marejados que
«onal. idéia, não tendo quem o apre- aquele menino foi o maior ho-
nuts e a placidez era comflela gar dos homens se exteriorizava
no recinto onde a saudade glô- numa timidez embaraçadora e Era pelo menos desanimador sentasse: mas não lograra ven- mem de sua lerra.
— a cidade inlei- cè-la. Que o. desculpassem por Ele saiu, e houve nastiltt um
rificava nina existência antes dá recatado relraimenlo, transfigu- tanto descaso
não lhe era dado ver pouco invadida de desalento,
morte. .No salão de ..visitas rava-se na fortaleza tranqüila e ra sem a vibração de um abalo, tanto. Se
viam-se alguns discípulos dedi- soberana. E genlilissimamente derivando imperturbavelmenle o enfermo, dessem-lhe. ao me- uma transfiguração,
certas de seu es- Nos fastigws de certos esla-
cados, também aparentemente bom durante a vida, ele se tor- na normalidade de sua existên- nos notícias morais, concretzain-se is
tranqüilos, na iminência de uma nova gentilmente heróico na cia complexa, quando faltavam lado. àos
morte poucos momentos para que se E o anônimo juvenil, vindo rezes as maiores idealizações.
catástrofe,...... nossos olhos passou a nw
.Era o contágio da própria Mas aquela placidez augusta cerrassem quarenta anos de li- da noite, foi conduzido ao quar- Pelos
incoiii e emo- despertava na sala principal, on- teratura gloriosa. do doente. Chegou. Nào pressão visita! da Posteridade...
serenidade paravel 'to

LE GENIE LATIN - i
José Lins Atí.ttole
Um escritor sem raízes do Rego rãtiae

fête de l"'Intiíleclualiti
En cette j,„í^íj,,v brcsilicnne" que fal le
Macnaao aede «assis
Assis ucars* sem-
ficará aem- sivel au
sivci espesso, «-
»*j«««.*í* »,«3jjvu«wt
ao volume, Machado de Assls-tlnha ura
Ássls tinha ura
Machado "gordo e. bonito" das -campainhas da L. Ires grande honneur de presider
*»/!>»••» savant
natre m-mh/ co, mmbtitrlotc le
pat, ,ole, te
pre á maígem de nossa copio- melhor, ao paror
sa literatura Nã,õ serviria de que fala o sr. Gilberto Frei- p. Ao primeiro toque ja estava docteur Rtchel, dont tout Ie monde connait la drottnre et la ge-
nunca de modelo, se se guises- re. Para Machado de Assis a pronto.a entregar tudo que não n;.rosit(- m nous dire les simpatlties qui unissenl le Brestl a lá
se tirar'uin retrato de" seu pò- Beleza não dependia de mais referissem os Mores e Aulet- Prmce. M d(. oliveira Lima, ministre dn Brésil à Bruxelles,
•vo. e mesmo ,da .elite de sua quilos de gordura-. Não ha em por isso a stta secura, os seus ' de inmittmte VAcadèmie brcsilicnne, nous enlretiendra, avec ml
¦enmba,r\„ie
sua obra este horrível gosto de -a-tmclos de linguagem, e aque- memore ae
eente No entanto há muito do ui- son
u^-mini*., dc ."*•«>">- compattiole,
«"J'* illustre Machado
1 •-•¦ — -' M°">>"°
Brasil em'sua obra, da boa so-. açougueiro para quem a baian- ie jeito, que é seu, de dar às art Vltm des
art bten }Viò apptaudi,
UK5 fois
ciedacle dos tempos do seguia ça io único senso de.avalla- frases uma impressão de qu.; ic de Assis, que le Brésil salue comme une des gloires les p.us pius
daquela vida sem ção- Pelo contrário, em nossas estiveram tomando forma nas hautes. '.-..,..
do império 'daquela
estréuitos 'vida .mansa e letras será o único a procurar 'Platão forminhas dos ... mes'res.
. . Vovr moi, Mcssieurs, je né crois pas qite ce sott trop cie*-
deliciosa de familia dos a "Beauté séche" de se não tivesse o gênio de
dre le seus de cette fête litlcraire qued'y votr la célébralion du
educados salões da Corte. Mas para as suas volúpias inteno- fundo
^"netra"
tão penetrar \T*l£
na
.... j.—... j„ o„-
humana o grave diretor da Se ginie iaii„ dans fes deuxs mondes. _
tudo isto é visto.por um inglês res. - - par htl ,qu &
cheio do senio da observação, As vezes fico a pensa, o cretana do Ministério da Via- ^„ çcnie ,„,,„,
Le ,;l„le patt-on le célebrer
latin, ,.., , asse:? Cesl
oue ficasse no Brasil pelo gostg quanto de sacrifício custara a ção não passaria alem de qual- Romme iut délibérc le sort de Vttnivers et conçttc la forme ttans
de observar. .- - Machado de Assisio íWaUso quer Antônio Feliciano de Cas- !es peuples sont encore conlenus. Notre setence est
-Fora o grave e triste escritor ^SftSt^^ .erVem pa- foldée sur la science greeque que Rome nous a transtnise
dás -Memórias Póstumas um ^Í1"e"™à»- dt
inteligência pura os ra mostrar que-apesar de muita Vhumanité doit au geme latin la tmssance ei la renatssance
homem de imaginação,'mas ae ^'Jiyfos criam em certos lu- gramática pode um homem [a civilisetion. Son sommeil de dix siècles-M.fitt la mor! dumoiulc.
imaginação no sentido arisro- ^es um Ugelr0 rançò de ci- ainda vir a ser. um-grande, esr Je relisais i,;er dans un livre de Ilenri Cochin, un
cratico desta Pal*"»\a"".'!f': nismo, e' as suas figuras se critor. .,-.., . „ ¦ rkit -;,ranqe dn vieil annaliste pontificai Slefmto Infessura, qus
"To
Zl.^£^^ S^Sén^rieTto do^ãre^reo^foro^ tltuTZslolr-á mon touULdginJ pas une meilleur,
em "que é tido. Assim se-
rilio ^^ Agripino. Grieco fantasmas põe nos Estados Unidos: nous rassemble to.
um Mustration du sentiment qui
rá Machado de Assis um ho- l£^üos de trav0 e Qe m?iiCia, escritor sem ráizes onde nas- Cétait le 18 avril 1845. Le bruit court dans Rome que des
me« * D« fatio e™ eer*as P?888^ B se em Machado nao M- . le long de la voie Ap-
for um escritor ™
n^n^umTsctitÕÍ
sendo como dé
Machado de Assis parece nao Ç?u. por cima de sua cabeça
dou
lombards,... ...la terre* »,„_, „» „„,, ^-.
en creusant
yiVa íorça' imaginativa; num aqueirása de corvo qúe encheu P*f«ne, on troiive un sarcophage rotnain porlant gra,
^^^mance? E* quando ò "Julia çesmots
•' co-
pais onde se procura_ descôhnr
eIisal5ta agudo se disfarça nas desombras tâo pesadas os dias vês dans le marbre blanc: pile de Claudms . Le couvér*
imaginação na opulêncla ¦" ver-'- , páginas,
r ° capí-.
quesãoos ... Põe, foi que, em sua ... insta-
de _...... ..... ([e souleve, on vil une vierge de quinze à seize ans, dot
bai de José de Aientai-

&Y^<C^ri™
^'S^aUTa esirever- tomassem dores pela gramatl- *£ * ^' ensecret; mais le peuple' rotnain'ne perdi, jamais le souvét^ • "
tJSL l LlúSl ae fmaltóe> cà" '¦''"¦' |™» naturev2a desorlen. it,h beauté af)/,?MÍ qui avail passe ttevant ses yeux.
s xgp^^do:de:«â, a ^^,S»^S.^e^ .h. '- *•?•. «* "
Uin nn Brasil ,„,,„„„_ ta nÃuito conceito firmado so- Vàilá Feternelle miracle du gênie latin. IIs'éveille eirmudaín
""i l
rz^X^ÍT?--"
deixou, a imagmajao -tovadir- cunaou.a de. um boa. porção de àfudou -em ^viaa interior-, 9- gente latin, je dis les peuples latins, je ne dis pas les races lati-
lhe todosos caotos de sua«.so- JinpUrez;as que.. fizeram. un>: vento «de lâmina, afiada que-*- nes, farce quer fidée de race ríèst dè' plus Souvent qú uiie.vision
bria instalação f-sPiri7,fln!3j' bemsein tamahnò -áò íhut Vi- a doença ..,....- de VorgueU et de 1'erreirr; et parce^que la avilisálion hellénique
*aí">l!i»a'1n,,P co' idroma
5? veuUtoTofe-: ,dé ^itaü;,» «,r A dDença flnde 9 !"eu T"1*" efrrmame, comme ta Jerusalém noirvelle', a vu veni de ttiutes
S;.BVy%'»^ ~ IS fSi^Ê uSc^arnoS elledesenfanls.u-ellen^ poln, portes dansján
t~» i luttivers.
que Barbey,com q.seu-glorioso tantas absUnènclas.que curan-; para-amortecer'a nossa exci-- setn. Et c'e-st sá' glotredt gagner
¦
orgulho de. Leppardo_ i-"y^-;-•'
° deiros impunham à cabeceira tagão tropiCaI: dos -sentidos". Le génie latin ráyonnc surle''monde.
Ko caso de Machado wr* f*u "-'•—
ronstan d0 Jeu .leito. - «a"« Em
- ««««v...— se -—
não —
Machado .«-». amorte- retces "dc
-de tfnébrcs
ttnéhres¦ voildraient
rotídraicití lè rcplongcr
retionàer dàns
dt. la tombe: il crée
fino freio de aço um am
lino constan-
M violaç5es d« Eça ceram os Síntidos.na penosa tous ,„ :ours *;,„ de ilberié, plus de science et plus de beauté.
te'?stad?Jf.Jf. i^jtS.m sangue nas laces
faces, en- Deus.
de!.™ní
de '.......
médrinteUsenü"'dos'.excessos, tornara Sangue
m^o,Kgee^precriv£ procura
píòcura .„_.__ et prepare une justice plus juste et des lois meilleures.
travaJ^ denote comunHé-
ate um pouco anaar cum u» ^.%^.£EZ^££2S£
r «j« ^tins des'deux mondei, soyons fiers
guto Ror.vezes, - p^. ^^ de dúvida e aesa. ritage. Mais saclrons le parlager avec Vumvers enlier; sachons
acinzentado pa^ a^sua^sen int(?)(lcaça0 classlca fora tento. O seu ceticismo não foi, qKe ia beauté anlique, Véternelle Hílêne, plus auguste, pias
os porem, daqueles de atitudes, ^ f dmlêvement en entévemenl, a pimr deslinèe de se don-
ÜüiSr»=mírp nourritúre" ali- aguda. Mas os gallclsmos
,'^^^^f^^S^ZVZZ »" á des ravisseurs étrangers, e, d'enfan,er dans toutes les
£ato^rremXácid?é dis, irecismos ^
solvente em temper«e^
d« i
^e^arafpu^m" de r^urXdTs™ Machado Os.sous tous les climats, de nouveaux Euphorton^ tousoisr,'
que a lógica das idéias se Wettoz
gSS
^ ^ ^^ ^^ um samm rf ^ héa^_
*°* »~
SrSdosí?0 T^$™mZ6™*^^™°* *»*' «m.'..o- ver, com um acentuado.»^
frutoa £!&7?ff3S?£í
da ™ nao_ se >Hr;
Dai, a sua secura de
flstas J- J- 5fí*Srlo Berte MrtotoTuíif livrd ri- grafia de sua vida espârlt.ial, de romance onde
ti^-^^V d.^^d. c^o^B*^^^ «cre, Um.os p^tofe*,.^ ;„..
de^^o-S<íoatr^^S^^

¦ .... ,-j.,^,. "¦'"¦ Tlil"A-


'¦' —¦!
. ¦ ¦ ¦.
".' ' — \
^^>^w§K0^^m^,f!y'"'f^wp!vlm
FAGINA 11» — SUPLEMENTO LITEBABIO D*A MANHA Domínio, a-l.iMI

A PAIXÃO DE JESUS ****** Duas caricaturas de Machado de Assis


A pagina de Machado de Assis tos da terra. Nela está a pro
gue se vai ler nunca foi recolhida
messa do beneficio aos que pa
em livro. Foi publicada no "Jor-uecem, a consolação aos que
nal do Comércio" em l.° de Abrilchoram, a justiça aos que deia
de 1940. como editorial, sem assi- •»««. " rn ':"*" >
uveii-m tome e sede. Jerusaie.ii
natura do autor, portanto. Foi re- 4^s*-k VO _jf_>#»Ê_____3___!V .íjJ '

*£_JÊ$<\ *_* ' «*


produzida pelo mesmo jornal, comdestina-se a vê-lo morrer. Foi
o revelação Üe sua autoria, em 21
logo a entrada, quauao gente do
ate junho de 1932. povo correu a receber Jesus,
Èis o artigo de Machado de Assis:
juncaiioo o cháo de palmas e
ramos e aclamando o nome da
Quem relê neste dia os evan- quele que lhe vinha trazer i
gelistas, por mais que os traga uoa nova, foi desde logo que os
no coração ou de memória, acua escrioas e fariseus cuidaram ae
uma comoção nova na tragédia me aar perseguição e morte,
È.fd _J_\
do Calvário. A tragédia c velha; não o fazendo sem demora, pu*
os lances que a compõem passa- medo do povo que recebia a
ram, desde a prisão de Jesus au Jesus com hosanas de amor e
& condenação judaica e a san- de alegria.
(ão romana; as horas daquele Jesus reatou então õs seus
dia acabaram com a noite de atos e parábolas, mostrando o
sexta-feira, mas a comoção fica que era e o que trazia no cora-
sempre nova; por mais que oa Çâo. Os fariseus viram que ele
séculos se tenham acumulado expelia do templo os que lá ven -
sobre tais livros A causa, inde- diam e compravam, e ouviram
pendente da fé que acende o que pregava no templo ou to.\»
coração dos homens, bem se uele a doutrina com que vinha
pode dizer de duas ordens. extirpar os pecados da terra.
Não é preciso falar de uma. A Alguma vez as imprecações que Machado de Assis, quando publicou as Crisalidas
história daqueles que, pelos lhe saiam da boca. eram contra
tempos adiante, vieram contes- eles próprios: "Ai de vós, escn-
sando a Jesus, padecendo e bas e fariseus hipócritas, porque
morrendo por Ele, e o grands es- devorais as casas das viuvas,
pirito soprado do Evangelho ao fazendo longas orações..." —
inundo antigo, a força da doutrl- "Ai de vós, escribas e fariseus,
na, a fortaleza da crença, a ex- porque alimpais o que está por
tensão dos sacrifícios, a obra dos fora do copo e do prato, e por
místicos, tudo se acumula natu- dentro estais cheios de rapinas
ralmente diante dos olhos, como e de imundiçies..." — "Ai de
efeito daquelas páginas priml- vós, escribas e fariseus hipocri-
tivas- Não menos surge à vista tas, porque rodeais o mar e a
o furor dos que combateram,. terra por fazerdes um proselito.
pelos séculos fora, as máximas e depois de o terdes feito, o la-
cristas ouvidas, escritas e guar- zeis em dobro mais dignos do In-
drdas, alguma vez esquecidas, feruo do que vós". Era assim
outras desentendidas, mas aca- que bradava contra os que j<i
bando sempre por animar as dali tinham saído alguma vez,
gerações fiéis. Tudo isso, porem, a outras partes, afim de o enga-
que será a história ulterior, é nar e enlear e ouviram eie
neste dia dominado pela sim- os penetrava e respondia que com o
pk-s narração evangélica. que era acertado e cabido. As
A narração basta. Já là vai a imprecações. seguiram assim
entrada de Jesus em Jerusalém, muitas e ásperas, mas de envol-
escolhida para o drama da pai- ta com elas a alma boa e pura Machado de Assis traduzindo o Barbeiro de Sevilha
xâo. A carreira estava acabada. de Jesus voltava àquela doce e
Os ensinamentos do jovem pro- familiar metáfora contra a cl- profeta de Nazaré. Não havia A comoção nova rie achamos ali que ele confessou aquela pro-
esperar de homens que a ta! na narração evangélica abran- funda aflição. Tinha já predito
feta corriam as cidades e as a! • dade de Jerusalém: "Jerusaleu,,
delas, e todos se podiam dizer que matas os profetas e apedre- ponto abusavam do templo e ge o espaço contado da cela à a proximidade da morte. A aver-
da lei, e, em nome de ambos, morte de Jesus Judeus futuros, siro dos escribas e fariseus, indo
eompendiados naquele serena} jas os que te são enviados, alivelavam a máscara da pieda- ainda de hoje, ao passo que ne- a crescer com o poder moral do
da montanha, que, por palavras quantas vezes eu ajuntar de para atrair os que buscavam
simples e chãs exprimia uma teus filhos, do quis gam a culpa da sua raça. con- Nazareno, punha em ação o de-
modo uma as doutrinas antigas de Israel. fessam não poder ler sem má- sejo de o levar ao julgamento
doutrina moral nova, a humii- galinha recolhe debaixo que das asas Sabendo que Unha de morrei e ao suplício, e cumprir assim
dade e a resignação, o perdão os seus pintos, e tu não o gua essa página sombria. Em
qui- às mãos deles, não lhes quis verdade, a melancolia do drama o prenuncio do jovem Mestre.
das injúrias, o amor dos inimi- seste! '* certamente negar o .».rdãD que é grande, não menor que a do Tudo foi realizado: a noite náo
gos, a prece pelo que calunia e A diferença que vai desta fala viessem a merecer, mas conde- acabou sem que. pela traição de
persegue, a esmola ás escondi- grave e dura àquele sermão da próprio Cristo, quando declara
nar neles a obra da u.iquidaoc ter a alma mortalmente triste. Iscariotes, Jesus fosse levado a
das, a oração secreta. Nessa montanha, em que Jesus in- e da perdição. Todo o mai re- Era já depois da ceia, naquele casa de Anás e Caifás, e, pela
predica da montanha a lei e os cluiu a primeira e ingênua ora- cente de Israel estava nus quo horto de Gethsemani, a sós com negação de Pedro, se vi.sse abati-
são confessados, mas a ção da futura igreja, claramcn se davam falsamente por de- Pedro e mais dois, enquanto os donado dos seus amigos. Ele
eforma é proclamada aos ven- te mostra o desespero do jovem
Íirofetas fensores do Bem antigo. outros discípulos dormiam, foi (Continua na página 117)
üanor uo instituto Histórico — Ex-catedra, Manuscrito
ie um póstuma) — Contendo: Prosa: V'— CRÔNICAS
Bibliografia original KIO — J.OÍÒ.
raesias
sacristão, Noite de Almirante, A
Completas. En- Senhora do Galvâo, As Acade-
Identidade, jogo de bicho, Via-
gem à roda de mim mesmo, Só!,

Mario
A Semana (coligida. por
de Alencar) — 465 pá-
cenai.uü çrUauua., tule nus. mias de Sião. — 287 — O Escrivão Coimbra, As Rosas, — L- Garnier —, 1910.
de H^rbado de Assis time, i„Ut»a», Ocidentais, — com L. Garnier _ 1884. páginas
uma aoveriençia e notas de M
Eça de Queiroz, Páginas da
ginas

t — TEATRO — Várias Histórias — Com


ae A. — 384 paginas. H. üar- explicação de M. de A. — En-
Academia; Versos: O Alma. a VI — CRITICA. •
tuer — Kio — iaül, poema herói-cômico em 8 can-
Queda que as mulheres teem cerrando: A Cartomtmte, Entre tos: Refus, A Guiomar, No ai. . — Crítica — Collgida por Ma-
para os to'os _ TradiT-ão de Santos, Vns braços, Vm homem bum de D. Branca P. da Cunha, rio de Alencar — 236 páginas
III — CONTOS célebre, A desejada daí gentes, A No álbum da rainha D. Amélia, — L. Garnier — 1910
Machado de Assis — 48 pági-
nas — Tinografia de Paula Bri- causa secreta, Trio èm lá me-
Conios fluminenses — 376 nor, Adão A derradeira injúria; Notas —
to — 1861. e Eva, O Enfermeiro. L. Garnier — Rio — 1910.
páginas, üncer.anoo: Miss Do- O diplomático, Mariana, Conto
Desencantos — Fantasia
dramática por M. de A. 80 ná-
lar, _mz Soares, A mulher de de escola, Vm apólogo, D. Pau-
preto, O segreao de Augusta, Ia, Vitia;, O Conego, ou,a me-
IV — ROMANCES Opiniões sobre
ginas _ Paula Brito. Editor — Confusões ae uma viuva mo- tafisica do esfflo — 310 pági- Ressurreição — Com ad-
Rio — 1861.
Tea*ro — de M. de A. — ça, Linha reta e linha curva. nas — Lambaert e Cia — Rio
Frei Simão — L. Garnier — - 1896.
vertência de Machado de As- Machado de Assis
Vo'ume I _' Com u-ta carta a sis — 243 páginas — Livraria
1870. Páginas recolhidas, — Com Garnier — 1872. Dc Alfredo Pujpl:
Quintino Bocaiúva de M- de A. HUtórias da meia noife — prefácio de M.-de
e uma cprta a M. de A. de A. — Con- A Mão e a Luva — Com Alma recolhida e solitária,
Com advertência è retrato, cie tendo: O caso da Vara. o DU advertência de M. de A. — 196
«5ufft'mo Bocaiúva. 94 páttirns M. de A. — 239 páginas. En- cionário, Vm Quadro, Eterno!. nutrida /das-suas- tristezas imi-
— Tip. do "Diário do Rio de cerrando: .4 parasita azul. As Missa do Galx-Idéias de Cana. páginas — Editores Gomes de más, envolta nas sombras ria
Janeiro" — Rio — 1863 Oliveira e Cia. — Tip. do "í-ásis
Os deuses 6*. Cisam — Co. bodas ãe Luiz Duarte, Ernesto riojLágrimas de Xerxes, Papéis Globo - 1874. dúvida. Machado'(le é .
de Tal, Aunra sem dia, o Relq- Velhos <contos>; A estatua de < --Helena — 831 páginas —
média nor M. de A. ¦- 6<l oã- gui de ouro. Ponto de vista — José c~5 Alencar, Henrinueta Re- poeta da vida interior, çbu"t-
giras- TW. do "ImDerial Insti- Tip. do Globo — Rio>_ 1876 rado no sen sonho, estranho d
L. Garnier — 1373. nnn, O Ve'ho Senwlo (estudos»; fá-fó Garcia — 326 oáginas.
tato Artistiro" — Rio — í?66. Papéis avulsos — Com agitação que o rodeia.
Tn. sóTit. miro amor .. . pre- Tu, só iu, puro amor (come- G. J. Vianna e Cia. Tip. do * * * ,
lâcio de M. de A. — Encér* dia); Er.t'e 1892 e 1894 (crôni- Cruzeiro — 1878.
Comédia. 81 páginas — Rio — rantio: O Alienista, Teoria de cas> — 572 — L. Gar- Memórias Póstumas de A riqueza . c a variedade dc
1881. Medalhão, A Chinela Turca, Na nier — Rio. páginas Braz Cubas — 382 páginas — Mia vcrsifcaçíio, o seu intimo
Arca, D. Benedita, O segredo Re'iquias de Casa Velha — tip. Nacional — 1881 — <Á de invenção rítmica, a sonnn-
n — POESIA do Bonzo, o Anel de Pollcrates, Com advertência de M. de A.
O Empréstimo, A Sereníssima — Ence-rando: A CaroHna (so- quarta edição trás um prólogo dade de suas rimas. e. por ou-
1° — Crisálitlas — din um de M. de A.).
República, O Espelho, Vma VU retoi; Pai contra mãe. Maria Quincas Borba _ 440 pá- tro lado, a elevação do stmi-
prefácio do dr. Caetano Fil- sita de Alcebiades, Verba Tes Cora. Marcha fúnebre, vm ca- mento e da idéia, fazem de Ma-
giieirás- Um post-faclo e rolas tamentária _ 308 páginas — pilão de vo'untãrios, Sule-se ginaa — B; L. Garnier — Rio
- 1891. chado de Assis um grande pue-
de M. de A. — 178 pairas. Lambaert e Cia — 1882 aordo!, —Dom Casmurro — 408 pá-
Livraria B. L. Garnier — Rio — Histórias sem data — Com PVades eUmns férias. Evo7ução,
Orestes, Angola do srinas — Livraria Garnier" —
ta e um mestre incomparavcl,
1Í64. advertência de M. de A. En- Cabriolet (contos): Cujo modelo será em nossas- le-
Falenas — Encerrando. Páginas 1899.
cerrando: A Igreja do Diabo, o Criticas e Comemorativas; Duas Esaü t Jacob — Com ad- iras uma eterna lição de belc-
Varia, Lira chinesa, Vma ode de Lapso, tiltimo capitulo. Canil- comédias: Não consultes medi- vertência de M. de A. — 368 /a estética, de harmonia, le
Anacreònte,' Pálida EMra e ga de Esponsals, Vma Senhora, co; lição de Botânica — 388 páginas — Livraria Garnier —
Notas, de M. de A. — 218 pa Singular Ocorrência, Fulano, páginas — L. Garnier — 1908. graça, de suavidade, de sjngeie-
1904. za c de elegância. Nele pude-
ginãs. B. L. Garnier — Rio. Capítulo dos Chapéus, Galeria Wosaj Relíquias — (Cole- Memorial de Aires — Com
Americanas — com adver- Póstuma, Conto Alexandrino, cão póstuma) — 216 páginas — ram inspirar-se os parnasianos
advertência de M. de A. - 281
tência de M. de A. — 221 oági- Primas de Sapucaia, Anedota Edlto-a Guanabara — Rio páginas — Livraria Garnier — ai'ando ao aprimorado dá for-
nas. B. L. Garnier, Livreiro pecuniária, A 'segunda vida, Outras Relíquias (Coleção Rio — 1908. ma a sensibilidade e a emoção.

^...-..^-. r-^J...™.=1.a,..Jf0.LJp. _¦ .... 'ii-aiàM* ?


DMtaff, M-t-IM. ¦UH.IMINTO UTUAMO D'Ã MANHA - MOINA HI

Mdchddo de Assis estudado porWiíhelm Giese


Km março de 1927, a resista trar no primeiro plano o ele- lena" <1876),laiá Oarcla" (1878) dor. o cão também se chamava intimo, são Inimigos e seguem
"Ibérica", consagrada às inlor- mento psicológico. As — "Oci- e contudo aqui se diluem e~de- "Quincas". rumos políticos antagônicos,
moções da cultura espanhola dentais" (incluídas nas "Poe- saparecem através ao pesslmls- Rubião, enriquecido, partiu Ambos lutam pelo amor de um»
Boríttouesa, publlcaua, assinada sias completas", 1D01) revela a mo e da Ironia própria de Ma- da cidade mineira de Barbace- mesma mulher,
pelo ilustre critico Wilhelm profundeza de sentimento co- chado, Incompatíveis com o na e estabeleceu-se com estadãoo o conflito resolve-3e, todavia,
Giese um affudo e iníeressanti*- mo raras vezes se poderia notar espirito característico do ro- e luxo e logo fez o possível e pela morte daquela que ambos
' Impossível para conquistar as disputavam. No livro ""eres-
tinto estudo sobre Machado de no Brasil, e, em pequena parte, màntlco.
ilssii .João Ribeiro traduziu discretamente, deixa transpare- Afinal, rompe ele com o ro- graças e o coração da mulher sam sobremaneira os tipos a»
"modernismo", mantlsmo logo no primeiro dos de um amigo, aquela doce So- sociedade, da vida da corte •
esse trabalho, e o publicou, di. cer o Influxo do
vldindo-o em vários números, Isso quanto ao poeta, porem, cinco grandes romances "Me- que phla que, cheia de felicidade da política, mais do que a rlva-
em sua eoluna do "Dia sim, dia multo mais significativo é o ainda havia de escrever. conjugai, não quis vê-lo senão lidade nos amores dos dois ge-
nâo" Eis o estudo de W. Giese prosador Machado de Assis. Co- mórias de Braz Cubas" "Revista (1881 e como amigo que era da casa e meos.
na tradução do írande ensaísta mo tal estreou em 1888 com as antes em 1860 na Bra- a quem se devia um sentimento Espelha-se ai a era da tran-
brasileiro "Histórias da mela noite", onde sllelra") é obra finalmente pen- familiar. sicão politica do império para
]ã se distingue pela elegância sada e meditada, original, es- Mas Rubião, não tendo sldu a república. Há nessa, paginai
MACHADO DB ASBIS da linguagem, pelo fino espírl- pécle de soberbo hino i Ilusão ouvidos os seus rogos e sentin- uma leve sátira à piedade e á
to, naturalidade e agudeza psi- e à loucura humana. do-se ridículo em sua paixão, devoção.
Entre os escritores brasileiros cológica, assim principalmente E' uma sátira lncomparavel. transtornou-se-lhe o Juizo e in- No "Braz Cubas" como no
com maior vemos na "Parasita azul", a Braz Cubas reconta-nos sua vi- ternou-se numa casa de sau- Quincas Borba" é peculiar,
que encarnam purê- o
ra o sentimento nacional ocupa história de um doce amor dos da e as suas Ilusões todas des- de. ¦*- A mania das grandezas, como aqui, o endereço ao leitor
"" - —*—«¦-"»» —'•» "¦ "a —.»«
amiga -i"'™
minha '«¦»»-
leito-
lugar sobrancelro Joaquim Ma- verdes anos que uma menina de o túmulo, lugar onde elas" turvando-lhe o entendimento, amigo, ra" talvez freqüente de mais do
ria Machado de Assis (1839. conserva por largos anos; o ra- cessaram de existir: o nasci- mais agravou o pobre homem,
IgOD paz companheiro dela, ausente mento, a família, os amores Ju- Escapou-se, afinal, para Bar- que convlnha ao bom gosto;
Nasceu ele na cidade do Rio em Paris, afinal pode esque- venis, suas vanglorias, seus pe-
de Janeiro, que em toda sua cê-la e, só no regresso á pátria, camlnosos amores com Virgilla A GLORIOSA COMPANHEIRA
Tida Jamais deixou, e ai cresceu reatou Já com amor de homem que ele desejava esposar e a
em condições de pobreza. Teve o romance começado e que aca- qual, movida por .outras com-
por si mesmo de formar a sua bou em feliz união de ambos, ções, acabou por unir-se pelo
educação com a mais vasta lei- Aqui se evidencia o tema pri- casamento a outro homem pu-
tura, tudo por esforço próprio, mordial dos romances de Ma- ' silãnime e insignificante
pois que o ensino da escola pú- chado: o homem e a mulher, nos por amor que pelo cálculo
me-
áál_&Í:!-:lS!Íi
blica que freqüentou em verdes São, de
anos era, sobremaneira, rudl- ,da sociedade do velho Rio com
fato, seus romances os político.
Os amores extra-conjugals . V**MHr\ - -sPfIBH
mentar a sua política, seu mundanismo, (ainda que amplamente realiza-
Crescido apenas, vlü-se obrl- sua religiosidade, suas superstl- dos são descritos de cautelosa e
rado a cuidar do seu próprio Ções. as camadas populares, e distinta maneira), não satisfa-
sustento, havendo logo cedo ajudam destarte a compreen- zem aos seus desejos. Quando
morrido os seus pais der os problemas políticos e so- Já quase velho rememora as
Parece que a principio fora eiais do tempo, em que nos faz questões de amor de outro tem- I t -T *'|f||§
sacristão e depois achou em- ver a corte do fim do Império e po e, com elas os planos pol.tl-
prego numa pequena livraria e da libertação dos escravos. cos da mocidade, ele então diz
tipografia. Desse tempo datam """" Ai, realmente, se nos anto- entre si que, fosse embora tu-
seus primeiros tentames poé- antes da grande remode- do melhor se as condições va-
ticos em poesias, entre melan- laeão levada a cabo pelo pre- tlassem, afinal tudo é sempre
eólicas e sentimentais, ao gosto feito Pereira
dos românticos daquele temoo rua do Ouvidor, cheia de lojas, calculo.
Passos, a estreita falsidade, comédia, decepção e
Então delineia-se um traço de
"-f Wk fe:!*
e que, desde aquela época, 1856. o Catete, Andaraí, Botafogo,
vieram à l"z em vários periodi- Flamengo, Laranjeiras, Santa conciliação por como entre as coisas-
homem de
cos e em 1862 no "Diário do Rio Teresa, e nos mais longínquos Braz Cubas,
•de Janeiro". arredores, nos verdes declives alto espirito, reconhece que não
Serra da Estrela, a graciosa nos devemos revoltar contra a
Obteve então um lugar su- da fresca Petropolis com suas humanidade e o mundo; a vida
balterno na redação desse evilas e jardins, e a Nova Fribur- é boa em si mesma, apenas não
"Diário", No ano seguinte. 1863,
volumezlnho sob o go dos veranistas. Quando o devemos tomá-la a sério. Ai
publicou um "Teatro j^l0 nâo t 0 cenar'i0, o que só confina Machado de Assis com I
titulo — de Machado ,lca entendido o inglês Thackeray, que, como
de Assis — que continha duasrar0s0 aconte))e, trata apenas de passa- ele também, aclarou as vaidades |
peças em um ato,"Protocolo o "Caminho *,ros :;: ¦:ií.:Í$fi&tÍ -&XXXX ^t^ÊÊl^^^^^líí^^^^^^0^ %-íí$¦$§§§
eplsódios jjo seu primei- do alto mundo, e que conhe-
da Porta e o a r0 roman(!e "Ressurreição" mos- ceu o autor britânico não há fí
que muito mais tarde reuniu tra_ae « Machado de Assis um dúvida, sendo um dos raros es- |SS^SlÉlSsI^rlIlH^^r^^l^S^s^^^i^llÉl
também em atos únicos 05 mestre do romance psicológico, crltores brasileiros familiariza- I
"Deuses de Casaca", em formo- '"
so. alexandrinos, "Tu, só tu, com aquela alta arte de contar dos com a literatura inglesa,
A Thackeray devemos ajun l
.
amor" e "Não consultes dos franceses desde o tempo de
puro Mme Lafayette em que culmi-.tar particularmente Fielding,
médico"). Era o seu primitivo naram muito depois Stendhal e Snollet, Sterne e Shelley.
"Teatro" a experiência Carolina Machado de Assis, esposa do escritor. Seu amor e *M
Não resta dúvida que ao ln- dedicação ao marido ficaram tradicionais- Na ocasião de su*
de suas forças no gênero do dra- J^óürget
juvenil
^0 romance "Ressurreição" fluxo das letras inglesas, se de-
Carolina inspirou ao tnconsolavel viuvo um soneto que
ma que por então tinha o seu anaUMun_M com muita penetra- ve também atribuir aquele ca morte,
primeiro florescimento no Bra- ção e agudeza as condições da rater de benévolo e excêntrico t uma das obras primas da nossa lingua e ia poesia humana.
sil. um iovem médico, o dr. humorismo notamos no
Renutação de poeta grangea- alma de "Braz Cubas"aúee no "Quincas
e da igualmente Jovem bacena sempre acompanhado também são agora comuns e
-T^-:?'^"!» Felix Borba", em menor em e a. jaieceu "nunca ven- freqüentes os excessos e dl,»res-
v.uvT«"
que deviam marcar o começo do abrasados de amor perturbado,
mko ^ "Dom Casmurro" e nograu. "Esau e do cSo ¦
cido. soes filosóficas e estéticas sem-
seu poder criador, continuado todavia,
até o fim da vida. As "Crisáli- pelas Indecisões de Jacob". todos de feição anti-ro- N&ò &„ dignos de somenos pre excelentes em Machado de
caráter de Felix e pela dúvida mãntica.- Naturalmente havia lnterMse os personagens secun Assis.
das" são vinte e duas compôs!- <l»e o atormenta quanto ao de estar de acordo com o tem- dir,M desse drama Depois em 1905 apareceu
,.«.= .„..¦....« .«t™ i<n» *JÍV . imi
»mor de JSylvia. ' O abismo que peramento pessoal de Machado ..,,,„„ casmurro" (1889), o uma nova que coleção de contos i
e-"mJ.s? «JL??™ com
delas ressaltam 1™ parti- ""
bre parecia de Assis terceiro dos grandes romances — "Várias Histórias" — segue-
cular e notável brilho os versos .. *"™mt%_£ int.r.n,Don.Tei uma carta Não deixa de Impressionar de de toleima e loucura humana, se em 1908 o seu último roman-
de "Asoiracão". datados de 1862. '» apreclar no seu me- ce "Memorial de Ayres".
e os "Versos a Corlna". • <"=
.^«y. »>-"•'"» de «¦"• anônima após a£ conciliação alguma forma o fato de Braz dejXa.n05"humour"
1864. bastou
^ur, para afundá-lo em ce- Cubas enderecar-se por vez à lhor o de Machado Desaperece aqui o "humour"
SrüK!?1* no Brasil, «elLUoPe assim, tudo » desfez gentil leitora" e ao vezo. do de Assis, na resistência contra dos primeiros livros, e em lu-
que então se ?faziam lKUe"-4e^ ..1.„_j. maeu,ld»
„._,,,-jio dolorosa autor em rjolidamente encher o pessimismo que a compreen- gar do pessimismo que não mais
Jor uma medida dlscrecão. em d.e'xta"d0 um ou outro capitulo com pon- são da ordem social ensinara a existe, toma-lhe o lugar arden-
contrário ãs desordens da exal- clcalrlz- tos de reticência. ver a reação contra ela impôs- te cordialidade que em vão se
tada Irrupção sentimental dos Em contraposição a Sylvia a Os contos segui- sivel nos indivíduos. buscaria nas páginas de outro-
românticos e so mesmo remno mulher feita, em quem amor e que então se "Papeis
distintas pela inaudita pureza vida é tudo, uma só eolsa£ re. ram ao romance, foram E' o "humour" que achamos '*•
nuncla á posse da felicidade, avulsos" '1884). (1882) e "Histórias sem semelhante ao de Dlckens. Nos apontamentos do velho
de forma. data" enveredam
oi.™., e. rima
,i™. eram »™r.rt«. olnta-nos
.r.m tratados agora Machado de' por D casmurro é um homem diplomata Ayres, "Saú que de resto
Ritmo habmdade a aqUele novo caminho, deixan- aml>\es; t de rara beleza é figura em e Jacob",
Ass|s com
eom particular esmero; e o ver. menina Rachei, doce criatura do atras e longe o romantis- idilio dos seus amores Juvenis travamosJá conhecimento
^^
com a
so alexandrino, quase Inusitado, felicidade de outrem, mo de "Braz anos passados. com a iormosa capitú. Mas, idilio familiar de dois velhos.
que, pela
então aparece composto com renuncia ao amor que lhe ca- Em Cubas aprende- certamente, conhece Capitú Segundo o crítico brasileiro Jo-
grande maestria. A sentlmen- bla na esneranca de mais tarde mos a conhecer um seu compa- arte da slmulaç&o e engana-o sé Veríssimo, Machado.de As-
talidade doentia e consuntiva alhures a felicidade. nheiro de escola, chamado (como engana o leitor' com o sls nesse livro não fez mais qus
de um Alvares de Azevedo e biwar
Quincas Borba, filósofo alheia- enredo de seus cálculos. Casa- Idealizar a felicidade da sua vi-
seus imitadores, . „. a poesia do!o- Uu uu mundo, que concebe .
rosa do desespero e da morte o ceticismo nas c?lsas,,aó «»"• constrói o seu sistema de rege dos Já desde longo tempo, só da doméstica.
era sopitada por outra mais ta- neste sentido está aqui Macha- neraçâo humana> 0 "Bortumo' tarde nota D. Casmurro "olhos que a Somos testemunhas do amor
teli»ente e cheia de consolação, do de Assis ainda sob o influxo _ _,.. .,„„,., A„ ^^„ . ^ .< esposa olha com aqueles er.tre uma jovem viuva e um
e que, doente de corpo e de ai- ressaca" o cadáver de raoaz sob a proteção dos dois
Se as "Crlsálidas" em seu do romantismo de que não con- ma. se afunda e sucumbe sem de para
„m veiho amigo, vitima de aci- velhos: o par sem grandes lu-
teor acusam fortemente a pes- seguira libertar-se inteiramen- que pudesse tirar um proveito dente, com os mesmos olhos tas nem obstáculos consegue
soa do poeta, os temas das te nesse tempo que é o da ul- qualnuer dos grandes haveres apaixonados
"Faienas" ao contrário são mais tima fase dos românticos brasi- que outrora o se- realizar a união que deseja, tu-
que lhe herdaram. duzlram. E logo chegou ã con- do isso é a exoressão do estado
gerais e na forma e no estilo lelros. Quando Machado se romance de "Quincas Bor- vlccão de que havia sido enga- de-alma do velho artista.
lo»'am nerfelfão maior. afasta da corrente romântica ba"No (1891), é, de fato, a nado ela e o amigo, e que A narrativa é fací. « <•»—'-<...
Musset. Lamartine, A. Chê' então abre ......
caminho por si mes
_ que por
Bier. A de castil-ho. Garrett mo enquanto outros dos sseus continuaçãotrata-se normal do "Braz o filho que lhe nascera não era sem fatigantes endereços M
os brasileiros BasUlo da Gama contemoorâneos, Taunay Cubas", _,.._. de um caso seu. leitor é muito pouco de politica
i™,.,,™ *„ Excelente Machado até o fim do pais.
e Gon-alves Dia, foram os mo- Franklin Tavora, se_ln_c»nam ao mórbido da^m^loucura^do verificação; „o leltor leitor dote pslcolÃgicos e 0 f,n0
..„!„ „,.„ „.»!„„„..,„, „ m.i, "natiiraiimin" õúê nunca sedu- demente amigo. Ai travamos nessa triste^^^ Os dotes
^
f.'í,™!™? ?,«7s. £2!' 7lu o nS escritor conhecimento com outro per- convence-se da culoa da espo- sentimento estético fazem des-
£L.^e!S5h, il5*NS" a cor^tefas tendências ro- sonagem, o Rubião, a quem o sa infiel e ambos afinal se se- se pesquisador da alma huma-
Í52Í5S ^.JMStag, A mí\vK alnda^airtortemen- dementado filósofo lega toda a param."Esaú na, que é Machado de Assis, um
cS£».' n.»f. S TJrlr t te se^^acentuam na?Wstoí™aue fortuna sob a condição única Em 1904 ararece e Ja- romancista e também um crítl-
oue ."Critica". 1913). a oue", o
^2ríStaJSE «™,«nte lon- *%£otom\naT«Con™Ívi- de recolher e agasalhar o fora seu Cob". a história de gêmeo, co
SI L «iSÍS&ifK «nHmen ™A minenses» (ÍTO) nó romance cão fiel e tratá-lo como se exteriormente multo parecidos Brasil deve inúmeras contribui-
«He- pessoa humana, como o toste- um com o outro, entretanto, no cõe, de valor.
to to S^^tl mão' e «K» (UM).

¦•.¦..„¦
SÊtmiâx'.: - ¦'-• -.,:: ..,..,'V,ÍÜ,JÍ ,....,..¦...;,:,;.;,.,-, .r.^^.:L^^^.^,.V:^hvi,.rr::-rV.:J^r__-:'rJ-^.'..rV.- ¦¦¦¦, r-:...: ¦¦_¦¦¦¦¦ ..r..;r^^-...S.^.r- ¦ . .- ..-¦<.¦ .:.,*iii.
-fflTW '!."*;«'"'»*—.¦.».".».'..'-.' e;*.v*.*'*" ..¦. ...-,¦. ...;. !¦•¦'¦ r-VT» «*e ¦¦¦:*! .*:!.ee»»*i.*«»''»**!:*i.'<.

FAOINA Ut — SUPLEMENTO UTWUUO D'A MANHA p.iM», »-t.mi #%

"CHEFE DA LITERATURA NACIONAL" Luiz m


urat
Faz hoje anos o ilustre chefe quando muito, alcança algumas Há muito que a literatura bro os elementos escassas que Como Emílio Zola ele teve
<a literatura nacional. polegadas. desse oficial de secretaria dà flutuam na atmosfera abalada sempre esta divisa: força ae
Eu consagro hoje ao emltien- Agricultura permaneceu fora pelas correntes políticas c par- vontade e trabalho.
Refiro-me ao sr. Mau.uuo de te escritor essa secção. dos Arquivos e dos negócios po- tidárias. E qual será o homem de ta-
Assis e não a um outro, a esse Diferentes vezes a critica li- blicos, como o escol de tudo •t preciso ser grande devera» lento que, com essas duas ar-
sempre estou disposto a pres- llputiana e impertinente tem quanto se tem escrito, desde mas, não sala vitorioso de
tar todas as homenagens de- para conseguir tanto)
invadido o trio luminoso das que este pais é pais, desde que Nenhuma estrela opulenta quantas lutas travar contra a
Ilidas a um chefe de tal oi lem. suas obras para penetrar nus o,sol americano achou a pri- lhe sorriu no berço, nenhum* frenética gritaria da garotada
Esta secção, que aparece sem salões luxuosos que as niuos meira cabeça no Brasil para só mão protetora pegou Ja vi pretenciosa. abroquelada por
vaidades onde as opiniões do hábeis do artista rendilhou aquecer e dourar. para erguê-lo acima dos ou traz da vezanla da sua pena e
seu autor seerão apresentadas com o maior esmero e co.n a Nenhum escritor brasileiro tros. do estardalhaço famigerado das
sem falsas hipocrisias e onde maior elegância. tem sido mais fértil, mais cor,- suas ambições que, quando mui-
reto, mais elegante, mais lio- Machado de Assis caminhou to pula de uma coluna de jor-
aqueles que merecerem terão o Felizmente, porem, uenaguar- dentro das suas idéias e da sna
acolhimento mais leal e nnis oiem de letras. nal para ir cair de pernas para
da de honra que ele coiotcu á O seu escrinio não tem dl- força de vontade, como um sa ¦ o ar no perfumoso e acelado
sincero veste-se hoje de gaias entrada dos seus salões, som o cerdote dentro da sua fé.
para cumprimentar o sr. -Via- mensões. capitólio do Canal do Mangue.
coice das suas armas de -íutírra., Aprouve-lhe conquistar todos
ehado de Assis, o ponto culml- obstaram sempre que os solipe- Ora imaginem se houvesse os redutos da Arte sem qiie £ ali, sob a fresca penumbra
nante das letras pátrias, e um des obliterassem as suas aiíaias amor pelas artes neste pais, que ninguém o auxiliasse. das árvores que margeiam aque-
dos mais elegantes, primuru^cs e se sentassem nas suas cadei- a politica bloqueou e invadiu, e le apraslvel retiro, que se não
c corretos escritores da lii.güa que seria esse Machado de As- E conquistou-os, e hoje apa- de coroar os críticos patonços
ras de medalhão. rece no apogeu da sua carreira,
portuguesa. sls, tão rico em observações, tao dó autor de Brai Obas.
Fecunda tem sido a vida de pródigo em livros, tão abun- venerado por todos, acolhido
Espirito altamente eoiuide- Machado de Assis. com admiração pelos seus con- Hoje, que o ilustre mes re
dante em idéias! adiciona mais um ano à sua
rado, quer aqui, quer sni Por- Desde a poesia a raais primor frades, e o que é mais, beneme-
tugal, soube, durante ioui a rosa, até o canto, com os;-nas Como os grandes escritores, renciado por.quantos começam, gloriosa carreira, permita que,
sua vida preparar-se de r.icdo pelo romance, atravessaram a ele soube vencer todas as dlfi- porque esses restauram as suas lhe eu vã tambem. levar a vas-
a resistir aos inimigos, ioò iu- sua imaginação, como a luz culdadcs, superar emergências, forças e reanlmam as suas salagem da minha estima, do
nejosos, aos atrabiliários, que branca e etérea de um cometa quase Insuperáveis, domar as Idéias na hospitaleira calentu- meu afeto e da minha alta con-^
entenderam medir a sua t-»"-A- inopinado a trêmula e adulada necessidades, acolher na tem* ra dos seus livras e do seu* sideraçâo.
tura motal pelas deles, t ue. superfície de um céu de verão. peratura elevada do seu cére- exemplo. (Novidades — íl-6-887)

Cantemos .esta lei e vivamos, Corina, A vida que fatiguet;


VERSOS A CORINA De uma fusão do ser. ae uma efusão- do amor, ¦ Por quem verti tanto pranto.
Por quem nos longos espinhos , ¦
Minhas mãos, meus pis sangrei!
MACHADO DE ASSIS
Tacendo il nome ü questa gentüissima.,» Mas se minhaltna, acaso, é menos pura
Mon pauvre cotar, reprenas ton sublime eoarage Do que era pura nos dias.
Et me chantes ta joie et ton déchirement. — Porque náo soube em primeiros-
tantas agonias
Abençoar a minha desventura;
A. Houssay*
Car la beautê tue Se a blasfêmia os meus lábios poluirá,
Quando, depois do tempo e do cansaço;
Qui Va vue. A minha alma, talvez, não i tão pt» ¦» Beijei a terra no mortal abraço
Eüe enivre et tue. Como era puta nos primeiros dias; E espedacei desanimado a lira;
Eu sei: tive choradas agonias
Â. Brisseux. De que conservo alguma nodoa escura Podes, visão formosa e peregrina,
No amor profundo, na existência ealma*.
Tu nasceste de um beijo e de um olhar, o beijo Desse passado resgatar minhalma
Numa hora de amor, de ternura t desejo, Talve* Apenas a manhã da vida t levantar-me aos olhos teus, — Corinal
Vmu a terra e o céu. O olfiar foi do Senhor. Abri meus olhos virgens e minha alma*
Olhar de vida, olhar de graça, olhar de amor*, Nunca mais respirei a paz e a calma,
Depois, depois vestindo a forma peregrina, E me perm na porfiosa lida. BB
Àos meus olhos mortais, surgiste-me, Corinai
Hâo sei que fogo Interno me Impelia Se tu pudesses viver um dia na minhalma
De um jubüo divino os cantos entoara A' conquista da luz, do amor, do goso,
A natureza mãe, e tudo palpitava, Não sei que movimento imperioso /elii criatura, tu saberias a «ue d sofrer! •
A flor aberta e fresca, a pedra (tronca e ruão. De nm desusado ardor minha alma rnchl*.
De uma vida melhor e nova juventude. Mickícwwz — Sonetos da Criméia.
Minhalma adivinhou a origem do teu ser; Corri de campo em campo e plaga em mofa,
Quis cantçr e sentir; quis amar e viver; {Tanta ansiedade o coração encerrai) Quando voarem minhas esperanças,
A' luz que de ti vinhar ardente, viva, pura. A ver o lirio que brotasse a terra, Como um bando de pombas fugitiva,:
Palpitou, reviveu a pobre criatura; dt ver a escuma que cuspisse — a vaga, M destas iiusdes doces e vivas
Do amor grande, elevado, abriram-se-the « fontes; Só me restarem pálidas lembranças;
Fulgiram novos sois, rasgaram-se horizontes;. .
Surgiu, abrindo em flor, uma nova região,; Mas, no areia! da praia, na (torto «(preste. * abandonar-me à minha mãe Quimera,
tra o. dia marcado ã minha redenção. Tudo aos meus oihos ávidos fugia... Que me aleitou aos seios abundantes;
Sra assim que eu'sonhava a mulher. Era assim; Desci ao chão do mie que te abria. E vierem as nuvens flamejantes
Corpo de fascinar, alma de cherubim; Subi ao cume da montanha alpestre. Encher o céu da minha primavera;
Era,assim: fronte altiva e gesto soberano, j
Vm porte de rainha a um tempo meigo e ufano; Haia! Volvi o olhar ao céu. Perdi-me E raiar para mim um triste dia.
Em olhos senhoris uma luz tão serena. Em meus sonhos de moço e de poeta; Em que, por completar minha triste».
E grave como Juno, e bela como Helena! E contemplei, nesla ambição inquieta. Nem possa ver-te, musa da beleza,
tra assim, a mui/ter que extasia t domina, . Da muda noite a pd?Ma sublime. Wem possa ouvir-te. musa da harmonia!
A mulher que reúne a terra e céu: Corinat
Tomei nas mãos a citara saudosa, Quando assim seja, por teus olhos fura.
Neste fundo sentir, nesta fascinação. E soltei entre lágrimas utn canto.». Voto minhaltna d escura soledade.
Que pede do poeta o amante coração? A terra brava recebeu meu pranto Sem procurar melhor felicidade,
viver como nasceste, 6 beleza, 6 primor. E o eco repetiu-me a voz chorosa. E sem ambicionar prazer mais puro.
De uma fusão do ser, de uma efusão do amor.
Foi em vão. Como um languido suspiro, Como o viajor que, ia fala, miragem
Tiver, — fundir a existência A voz se me calou, e do moto monte Volta desenganado ao tar tranqüilo,
Em um osculo de amor, Olhei ainda as linhas do horixntt, t procura, naquele Ultimo asilo,
Faser de ambas — uma essência» Como se olhasse o último retiro. Nem evocar memórias da viagem;
Apagar outras lembranças,
Perder outras ilusões, Nuvem negra e veloz corria solta Envolvido Cm mtm mesmo, Olhos cerrados
E ter por sonho melhor O anjo da tempestade anunciando'. A tudo mais, — a minha fantasia
O sonho das esperanças Vi ao longe as alcyones cantando As asai colherá com que algum dia'
De que a única ventura ¦ Quis alcançar ds cimos elevados. ' ¦" v
Doidas correndo à flor da água revolta.
Não reside em outra vida, V
Não vem de outra criaturai E's tu a maior gloria de minha alma;
Confundir olhos nos olhos. Desiludido, ^exhausto, ermo, perdido. Se o meu amor profundo não te alcança.
Unir o seio a outro seio, ¦• * ¦ Busquei a triste estância do abandono» . De que me servird outra esperança?
Derramar as mesmas túgrtmas £ esperei, .aauarúando o último sono, . Uue gloria tirarei «r alheia palma?
E tremer do mesmo enteio. - -" Volver á terra, de qife fui nascido.,..
' Vivero um
Ter mesmo coração,
Que valem glorias vis? A gloria, a melhor gloria,
do outro viver... — -O' Cybele fecunda, é no remanso E' esta que nos orna a poesia da historia;
Tal era a minha ambição. Do teu seio — gue vive a criatura; E' a gloria do céu,- ê a gloria do amor.-
Chamem-te outros morada triste e escura, E' Tasso eternizando a princeza Leonor;
Donde viria a ventura Chamo-te gloria, chamo-te deseantot" E' Lidia ornando a lira ao venusino Horacia;-
Desta vida? Em que jardim E' a doce Beatriz; flor e honra do Lado. • ¦ '
Colheria esta fUr furar . Assim' falei. E murmurando aos ventos Seguindo etém da vida as viagens do Dante;
Cm que solitária fonte Uma blasfêmia atroz — estreito abraço f to cantor Oo Gama o hino triste t amante
Meta anua iria beber? Homem t terra uniu, e em longo eipaço Levando d eternidade o amor de Catarina:
tm <pse inctndiáo horizonte Aos ecos repeti'meus vdos lamento». E' o amor que une Ovtdio à formosa Corina;
O de Cintia a Propercio, o de Lesbia a Catutox
Màs, tu passaste... Houve um grito O da divinc Delia ao divino Tibulo.
Podiam meus oihos ver Dentro de mim. Aos meus olhos Esta a gloria que tica, eleva, honra e consola;
tâo meiga, Uo rim estrela. Visão de amor infinito, Outra vão há melhor.
Abrir-se e resplandecer? Visão de perpetuo goso Se 'altar esta esmola,
ão em ti: — em tt que et bela. Perpassava e me atraia. Corina, ao teu poeta, e se a doce ilusão,
Em ti que a paixão respiras, Como um sonho voluptuoso Deixar-lhe um dia o céu tâo anui. tio tranqüilo.
tm ts cujo oütmr se embeba De sequiosa fantasia. Nenhuma gloria mais há de nunca atrai-lo.
Na ilusão de que deliras, Ergui-me logo do chão. Era longe do mundo e dos seus vãos prazeres.
i tm tt. que um osculo ie Hebe E poisei meus olhos fundos, Viver na solidão a vida de oufros seres.
Teve a singular virtude, Cm teus olhos soberanos. Vegetar como o arbusto, e murchar, ermo a flor,
De encher, te animar teus dias. Ardentes, vivos, profundos, Como um corpo sem alma ou atma sem amor.
De vida e de fuventuee... Como os olhos da belesa
Que das escumas nasce*... ÂU /ase oue estas ilusões tão nua*
Cras <ú o ideal sonhada Nunca st tomem falidas lembranças;
wl dita flor è Mas peregrino, Que em toda parte buseuaf. t uem Mem as minhas esperanms
nl 41* « brita, arfassio em ton
tara* è flor: CMw um banda 4* pombas fwgUtoul
iippT',¦'•

Domínio, _-•-««. SlirUHCNTO MTOltAMO D-A MANHA — PAGINA IM

A morte aíe Mdchdéo aíe Assis - cdos de Laet


cálida temperatura em que a lo extinto chefe literário. E'
üesejarla não escrever sobn. lher, em que mais do que em teatro algumas das suas ten-
o caro morto. Outros já o teem nenhuma cabia o doce epiteto tatlvas dramáticas, e todas água se faz vapor; mas, poi que. isso. e com razão, lhe pa-
"consorte". deixavam a impressão de um perfeita que seja a graduação, recla uma luta, e ele absolu-
leito; outros ainda o farão me- de tamente não se propunha lu-
lhor. Em sua glória, aliás, e de- Dplorido ainda não há mui- talento mesurado, rítmico, Isto só aproxlmativas se revelam
é, em que, por principal mérito as indicaçSes do Instrumento. tar. Seu campo de ação ele o
finitiva colocação no pahteon to o víamos ai pela rua, ou na delimitara na expressão dos
literário, nada pode influir o Livraria Garnier; mas slngu- de forma, houvesse o sentlmen- Nos extremos, então; muito t
to de comedido e decoroso, no possivel errar a observação ter- afetos brandos ou na critica
meu juizo nestas páginas efc- larmente se enganava quem o
amanhã supunha vivo. Nem sempre se sentido em que o tomava a e3- mométrica. Quando, porem, impessoal dos costumes — cri-
meras da imprensa, "Agonia" e tétlca dos clássicos. para as temperaturas médias, tlca em que jamais se dem»-
já dispersa, e que com razão agoniza no leito. dos aposentos ou dos corpos slava, não direi até a ferroada,
teem sido comparadas aos an- luta, luta com a morte, que Porque ele o era, um clássico
tigos oráculos de Dodnna, lan- afinal sempre entoa o canto da verdadeiro, no tocante à forma, humanos, a coluna está prepa- porem, mesmo até a picada da
no minucioso estudo da lingua, rada de modo que só funciona alfinete. As personagens mais
eados em folhas de carvalho, vitória. O pobre Machado ago- nos
e no escrupuloso cuidado com entre próximos limites, não 4 ridículas e censuráveis,
com pretensões a dirigirem os nizava de pé, e ocultando na com contos e escritos de Machado,
povos, e logo tomadas pelo ven- sua impossibilidade de moder- que se apartava de quanto se difícil apanhar justeza
diferenças mínimas, em décl- nunca tanto o são que deixem
to " por ele arrastadas ao Um- no estóico os tremendos com- lhe afigurasse dissonância.
de ser socialmente aceitáveis.
bo do olvido. Mas ninguém faz bates que lá por dentro se tra- Espirito assim conformado, mos de grau . O termômetro "pu-
claro está que não se podia alar estético do nosso Machado era Se fora a "charge" uma
como quer. Insensivelmente se vavam. blicação a pedido", nenhum
me volve o espirito para a cá- Quando quem escreve estas em grandes surtos aos extre- um desses aparelhe» de precl-
mos em que «por vezes o rlgot são, impróprios para os tem- dos criticados acharia motivo
mara ardente onde, no seu es- linhas começou a entender de
o literatura. Já o nome de Ma- da critica apanha os gênios peraturas violentas das pai- para um processo de injúria.
quite enflorado. se embarca xões, mas admíravelmente ca- Temperamentos asim timl-
velho amigo, caminho da éter- chado de Assis era apontado desvairados de um Shakespea-
como de exímio cultor das le- re no drama, de Hugo no ten- librado para indicar e traduzir, dos e moderados não é raro qu*
nldade. descaiam na fraqueza ou pusl-
Eu não ignorava que Ma- trás. Sua obra poética, primei- tame lírico, ou de Hoffmann com máxima execução, toda a
"ne lanimidade; mas tal não suce-
chado de Assis estava enfer- ro ensaiada em Jornais e revis- no conto. O famoso quld gama das modalidades físicas
mimis" achou no glorioso ex- entre dados limites, que aliás dia com o nosso querido mor-
mo; e so me admirava a :es.s- tas, ia tomando vulto e for- to. Sua "eurythmia" (peço 11-
têhcia daquele débil organlsmu, mava volumes. Suas crônicas, tinto Impecável observante. Sa- sâo os comuns na vida social.
re- be-se que os termômetros co- A religião e a política — eis cença de voltar ao termo tão
quando bem a cheio no coração seus contos, suas novelas bem feito para dizer a minha
o sabia ferido, desde que de sú- petldamente acusavam o lavor muns podem marcar desde os as duas causas por que mais se
a irreparável de um artista da palavra. De grandes frios, mais gélidos ain- apaixonam os homens; e nun- idéia), a sua eurythmia estéti-
blto o colheu Continua na página seguinte
desgraça — a perda da mu- vez em quando apareciam no da que o próprio gelo, até a ca ninguém as viu discutir pe-

Mas gue te não seauza o cântico das águas, O esplendor ia beleza i riio criador;
Não procures, Corina, o caminho do mar. Derrama a tudo a luz, derrama a tudo o amor.
Ne uoii-fu pa*,,
A. M
Mas vi. Se a que te cerca * anta festa ie maa,
Tu mie és beta e leia, tu gue tens por diadema Eu. tão longe de ti, sinto a dor mal sofrida
it dupla irradiação ia beleza e io amor, Povero «nlo core.' íceo una setmraáone ii pi»
neia mia mitgurata vital Da saudade que punge * do amor que iacera,
£ sabe» reunir, eomo o melhor poema, E palpita, e soluça, e sangra, e desespera.
Um desejo da terra e um toque do Senhor, Sglvio Pellico Sinto em torno de mim a muda natureza
Respirando, como eu, a saudade, a tristeza;
Tú, criação ieiiz de um dia ae pureza, A saudade do bem e a tristeza do mal;
Em gue a terra nào teve um so pecado, irmã Guarda estes versos gue escrevi chorando
Das visões gue sonnou no culto da beleza Como um alivio à minha soledade,
A musa de Petrarca e o pincel «le Rambrant; Como um dever do meu amor; e quando
Houver em ti um eco de saudade. Tristeza sem irmi, saudade sem Igual.
Beija estes versos que escrevi chorando. _ deste ermo que eu oou, alma desueníurada.
Tú que, como a ilusão, entre nevoas deslisa* Murmurar iunto a ti a estrofe imaculada
Aos versos do poeta um desvelado olhar. Do amor que não perdeu com a última esperança,
Gorina. ouve a canção aas amorosa* brisa», Vwco em meio Uas paixões vulgares.
Fui a teus pês queimar minhalma ansiosa*» Nem o intenso fervor, nem a intensa esperança.
Do poeta e da luz, das selvas e io amor.
Cumo se queima o óleo ant* os altares;
AS BRISAS Tive a paixão xnaomita e fogosa, Sabes se te eu amei. sabes se te amo ainda,
Umca em meio aas paixões vulgares. Do meu somitrio ceu alva estrela benvindat
Deu-nos a harpa eólia a excelsa melodia Como divaga a abelha inquieta e sequiosa
uue a folhagem desperta e torna alegre a flor, Cheio de amor, vasto de esperança.
Dei para ti os meus primeiros passos Do cálice do lírio ao cálice da rosa,
Mas gue vate esta voz, o musa da harmonia, Divaguei de alma em alma em busca deste amor;
Ao pe da tua voz, filha da harpa do amor? Minha ilusão tez/me, talvez, criança;
E eu pretendi dormir aos teus abraços» Cota ie mel iivino, era «Jiolna a /!<V
Cheio de amor, vasto de esperança. Que o devia conter. Eras tu.
Diz-nos tu como tiouveste as notas do teu cantot
Que alma de Serafim volteia aos lábios tens? Refugiado à sombra üo mistério
No deliria
Donde houveste o segredo e o poderoso encanto De te amar — olvidei as lutas e o roarítrio;
Pude cantar meu hino doloroso»
Que abre a ouvidos mortais a harmonia dos céus? £ o mundo ouviu o som aoce ou funéreo Eras tu. Eu sõ quis, numa ventura calma.
Sentir e ver o amor através de uma alma
Sem conhecer ;• coração ansioso De outras belezas vãs não valeu o esplendor,
Refugiado a sombra do mistério. A beleza eras tu: — tinhas a alma e o amor.
Eu sou a luz fecunda, alma da natureza; Mas eu gue posso contra a sorte esqutvat
Sou o vtvo alimento a viva criação. Vejo que em teus olhares de princesa Pelicano do amor, dilacerei meu peito,
Deus lançou-me no espaço. A minha realeza Transiuz uma alma ardente e compasstoa E com meu próprio sangue os filhos meus atesto;
Vai até aonde vai meu vivido dardo. Capaz de reanimar minha incerteza; Meus filhos: o iesefo, a quimera, a esperança;
Mas eu que posso contra a sorte esquiva? Por eles reparti minha alma. Na provança
Mas se derramo vida a Cibele fecunda, Ela não fragueou, antes surgiu mais forte;
Que sou eu ante a luz dos teus olhosT Melhor, Como um réu indefeso e abandonado. E' gue eu pus neste amor, neste último transporta
A tua é mais do céu, mais doce, mais profunda, Fatalidade, curvo-me ao teu gesto. Tudo o que viviftca « minha juventude;
Sê a vida vem de mim. tu dás a vida e o amor. E se a perseguição me tem cansado, O culto da verdade s o culto da virtude,
Embora, escutarei o teu aresto A venia do passado e a ambição do futuro
Como um réu indefeso e abandonado, O gue há de grande e belo. o que há de nobre e puro*
AS ÁGUAS Embora /u/as aos meus olhos tristes,
Minhalma irá saudosa, enamoraao. Deste profundo amor, doce e amada Corina,
Do nume da beleza o berço celebrado Acercar-se de ti li onde existes; Acorda-te a lembrança um éco de aflição?
Foi o mar. Venus oela entre espumas nasceu, Ouvirás minha lira apaixonada, Minha alma pena e chora a dor que a desatinai
Veio a idade de ferro, e o nume venerado Embora fujas, aos meus olhos tristes. Sente tua alma acaso a mesma comoção?
Do venerado altar baqueou; — pereceu.
¦Mas a beleza és tu. Como Venus tnartnha, Talvez um dia meu amor se extinga, Em vão! Contrário a amor è nulo o esforço huma\
Como fogo de Vesta mal cuidaao E' nulo o vasta espaço. * nulo o vasto oceano/
Tens a inefável graça e o inefável ardor.
Se paras, és um nume; andas, uma rainha, <}ue sem ter zelo da Veslai não vinga;
Na ausência e no silêncio condenaao. Vou, seauioso espirito.
E se quebras um olhar, és tudo isso e és amort
Talvez um dia meu amor se extingm, Cobrando novo alento,
Na asa veloz do vento
Chamam-te as águas, vem! tú irás sobre a vaga - Então nâo busques reavivar a chama. Correr de mar em mar,*
A vaga, a tua mie, gue te *bre os seus nus, Evoca apenas a lembrança casta Posso, fugindo ao cárcere,
Buscar adorações de uma plaga a outra plaga, üo fundo amor daquele que nio ama; Que à terra me tem preso.
E «im rejiões d» netioa is regues ia lus/ Esta consolação apenas basta; Em novo ardor aceso.
Então não busques reamver a chama. Voar, voar, voar!
AS 3BLVAS
Guarda estes versos gue escrevi choranao Então, se à hora languida
Como um alivio à minha soledade, Da tarde gue décima.
Vm silêncio de morte entrou «o seto à* selva*, do meu amor; e guando
íi nao pisa Diana este sagrado chio; ' Como umem dever
ti um éco de saudada,
Do arbusto da colina
Houver Beijando a folha e a flâ.,
Nem ji vem repousar no leito testas reinas Beija este* versos gue escrevi chorando. A brisa melancólica
Aguardando saudoso o autor e Endimião. Levar-te entre perfume*
VI Uns tímidos queixume*
Da grande caçadora a um solicito acena Ecos de mágua e dor;
Já não vem, nào açode o grupo jovial; O amor ttm «uas, mas eu também pod.
Nem o éco repete a flauta do Siteno, dá-las.
Após o grande ruüo a mudes lepulcraL Homero Então; se o arroto tímido
Que arrasta-se e murmura
Mas Diana aparece. A floresta palpita. Em vão! Contrário a amor é nulo o esforço humano: A' sombra da espessura
Uma seiva melhor circula mais veto*: E' nulo o vasto espaço, é nulo o vasto oceano. Dos verdes satgueirats,
£' «lida gue renasce, e* vida que se agita. Solta, do chão, abrindo as asas luminosas, Maniar-te entre os murmúrio*
A' Ias io teu olhar, ao som ia mm «05/ Minhalma se ergue e voa às regiões venturosas, Que solta nos seus giros,
Onde ao teu branio olhar, a formosa Corina. Uns como que suspiros
Reveste a natureza a purpura divina/ De amor, uns ternos ais;
p poerra Então, se no silêncio
Là. como guando volta a primavera em flor, Da noite adormecida,
Também eu, sonhador, jue »l correr meu* tia, Tudo sorri de luz, tudo sorri de amor; Senttres — mai dormida —
Na solene mudes da grande solidão, Ao influxo celeste e doce da beleza, Etn sonho ou em visão
E soltei, enterrando as minhas utopias. Pulsa, canta, irradia e vive a natureza; Vm beijo em tuas palpebras,
O último suspiro e a Ultima oraçio; Mais languida e mais bela a tarde pensattva Um nome aos teus ouvidos,
Desce io monte ao vale; e a tiiraçõo lascioa E ao som de uns ais partido'
Também eu junto a voz A voz da naturem, Pulsar teu coração;
e triunfal, Vai despertar a noiíe a melodia esíranfta
E sollando o «nea hino ardente Que falam entre si os oüios da montanha;
Beifarei ajoelhado as planías da beleza Da mágua gue consome
lue, — Iieall A flor tem mais per/ume ll notte mais poesia; O meu amor venceu;
E banharei minhalma em tua O mar tem novos sons e mais viva ardentta,
A onda enamorada arfa e beija aí areias. Nâo tremas: — é teu nome,
Ouvtste a natureza? AS súplicas e as magna* Nono sangue circula, ó terra, em tuas veja*! Sio fuias — gue sou eul —
Tua alma de mulher deve de palpitar;

——— ¦ ¦

¦ - - ¦¦-¦¦'""-'¦te
,,.,, ,, , II

PAGINA IH - SUPLEMENTO LITERÁRIO l)*A MANHA Domingo, H-9.19U

UM CAPITULO DE ROMANCE
tfvm velho número da *Repú- — Que dificuldade? em bandos, andavam apanha- seus títulos bucólicos ou mito- Não obstante, encontram-
blica", de 1896, encontramos um
trabalho de"VmMachado de Assis, in- Espiei pela fresta da porta. dos sobre a nuca por um velho lógicos, a Campestre, a Sylphi- se ambições dessas.
titulado agregado (capitulo Minha mãe despegou o corpo pente de tartaruga. Às vezes, de, a Vcstal, e outras muitas Mas, José Dias, disse mi-
êe um livro inédito)", da cadeira, e aguardou a res- trazia touca. Lidava assim, com
Fizemos questão de reproduzir chamavam a gente moça às dan- nha mãe, tenho visto os peque-
essa página .pela curiosidade evi- posta. As outras pessoas que os sapatos de cordovão, rasos e sas que eram todas peregrinas, nos brincarem, não acho nada
Gente que ela constitue. Primeiro, estavam na saleta eram meu surdos, abaixo e acima, de um algumas recentes. A alta classe que faça desconfiar. Basta *
por se tratar de um capitulo dê tio, o coronel Cosme, irmão de lado para outro, vendo e guí-
um romance dado previamente ao tinha o Cassino Fluminense. idade, ele tem quinze anos, ela
publico. Será isso uma coisa extre- minha mãe, e uma prima, dona ando o serviço dos fâmulos. Ia Tal era o amor ao baile que os mal passa dos treze. Sâo dois
mamente rara, sabido como Ma»
chado de Assis evitava referir-se Justina, que ali vivia de favor. à missa, aos domingos, e a ai- médicos organizaram uma as- criançolas. Não se esqueça que
mesmo aos seus antigos mais in- A casa era na rua do Rezende, guma visita rara e de obriga- sociação particular deles, a que são companheiros de infância.
timos. acerca dos seus livros em um grande prédio de sete jane- ção. Guardava os vestidos de chamaram Cassino dos Medi- Quando a familia Fialho veio
preparo. Ias, vasto saguão, extensa chá- outro tempo, e as jóias que mm-
O segundo motivo porque tive- cos. Hoje, sc dansam, dansam para essa casa ao pé, live oca-
mos empenho em transcrever esse cara ao fundo. Era mui bem ca mais pôs, desde que enviu- avulsos. A ópera Italiana ti- síão de lhe fazer um favor, e
capítulo consiste em que com ele
fornecemos ao leitor a primeira [tintada e algumas salas a fres- vou. A vida, como a casa, era nha desde muito os seus anais; assim começaram as relações
versão dos capítulos III, co — alguns tetos lavrados. assim monótona e soturna. Pe-
mDom Casmurro'*, o que IVpermitirá
e V do no decênio anterior, mais de entre os pequenos. Pois eu hei
Meu pai, fazendeiro e deputado, Ias festas de junho consentiam- unia cantora entontecera a nos- de crer que se namorem? Você
um curioso estudo sobre o método
Ãe composição do romancista bra- já havia trocado a residência me um oratório. Nas noites de sa população maviosa e entusi- que diz, mano?
tileiro. de Cantagalo pela do Rio de festa nacional ou religiosa, nas asta; agora desfilava unia série Tio Cosmc respondeu com
Janeiro, quando veiu a falecer. três de São Sebastião, manda- de artistas mais ou menos cé- um — Ora! que, traduzido cm
UM AGREGADO Minha mãe, depois de viuva, só va pendurar luminárias. Tudo
duas' vezes tornou à fazenda, o mais constrastava com a vida
lebres, a Stoltz, o Tamberlick, vulgar, queria dizer: "São ima-
( (Capítulo de um livro o Mirate, a Charton, a La- ginações do José Dias. Ele an-
' preferia ficar naquela casa, on- externa. Grua. O próprio teatro dra- da sempre com a cabeça no ar.
inédito) de as lembranças do marido A vida externa era festiva, mático mesclava nos seus espe- Os pequenos divertem-se, cu
\,'aquele ano dc 1855, por eram menores" e eram recentes, intensa e variada. Tinham aca- táculos o canto e a dansa, árias divirto-me; onde está o ga-
uma tarde de dezembro, indo — perto da igreja onde ele to- bado as revoluções e duos, um passo a três, um mão?"
políticas.
en a entrar na saleta onde a ra enterrado, e cuidando de Crescia o luxo, abundava o di- Sim, acho que Josc Dias
passo a quatro, não raro um
minha família costumava pas- educar o seu único filho. nheiro, nasciam melhoramen- bailado inteiro. Já havia corri- está enganado, concluiu minha
sar a sesta, ouvi o meu nome e Tinha quarenta e dois anos tos. Tudo bailes c leatros. Um das de cavalos, um clube ape- mãe.
parei. minha mãe. Teimava em es- cronista de 1853 (se vos não nas, que chamava a flor da ci- Pode ser minha senhora;
Senhora d. Maria da conder os saldos da juventude, fiais em mim) dizia haver tre- dade. As corridas começavam mas não falei senão depois de
Glória, v. excia. persiste em por mais que a natureza qui- zentos e sessenta e cinco bai- às dez horas da manhã e finda- muito examinar. V. excia. c o
meter o nosso Bentinho no se- sesse presservá-la da ação do les por ano. Outro de 1854 es- vam à uma da tarde. Ia-se a digno sr. coronel estão dc boa,
minaria ? perguntou o nosso tempo. Vivia metida em um creve que do princípio ao fim elas por elas mesmas. A Euro- fé. Conheço o pai da pequena;
agregado José Dias. eterno vestido escuro, sem ador- do ano toda a gente ia ao es-
Dc certo. Por qne? pa mandava para cá as suas é um velhaco. A filha não é
nos, chalé dobrado cm triângu- petáculo. Salões particulares à modas, as suas artes e o seus menos velhaca, apesar de des-
Pode haver uma dificul- lo e atrouxado ao pescoço por porfia. Alem deles muitas so- clowns. Traquitanas e velhas miolada. Enfim, cumpro um
dade. um velho caniafeu. Os cabelos. ciedades coreográficas, com os seges cediam o passo ao coupé, dever amargo, um dever ama-
e os cavalos do Cabo entravam rissimo.

A MORTE DE MACHADO DE ASSIS


Continuação da página anterior senões e propiciando tenta ti- em que náo percebi nexo. En-
como triunfadores. Modinhas
e serenatas brasileiras iam de tivos^.
par com árias italianas.
festas eclesiásticas eram nume- çao
As
José Dias amava os supcrla-
Era uni modo de dar íei-
monumental ás idéias; não
ca prolongava-se no terreno vas — Machado foi o cabeça carei-o surpreso e achei-lhe as havendo, serviam a esticar
rosas e esplêndidas; na igreja as frases. o conheci agrega-
moral. Incapaz de censurar unanimemente aceito pela in- demudada a fisionomia. Sa- e na rua, a devoção geral c sin- do à nossa Jáfazenda dc Cantaga-
com veemência um abuso, ele disciplinada grei dos homens ljendo que de tempos em tem-
tambem o era de baixar a li- de letras. Ninguém lhe tinha pos o salteavam cera, as romarias e patuscadas lo, onde aparecera uni dia, ven-
incômodos
soiija, Em suas relações ofl- que exprobar um ataque ou nervosos, despedi-me do outro infinitas. dendo-sc por médico homeopa-
ciais sabia guardas conveniên- perdoar uma inveetiva. cavalheiro, dei o braço ao ami- Que dificuldade? repetia ta; levava uma botica
cias, mas não vergara a elas. Quem isto escreve, entrou go enfermo, fi-lo tomar um portátil e
Impoluto, impoluivel no tocan- para a Academia sem saber co* cordeal na mais próxima far minha mãe. um manual de medicina. Curou
te a interesses pecuniários, tão mo. Ouviu dizer que foi sua macia e só o deixei no bonde Não pude ver o gesto do Jo- uma escrava c o feitor, mas mio
absurdo lhe fora um conchavo, inclusão no douto grêmio obra das Laranjeiras, quando o vi de sé Dias; mas naturalmente pas- aceitou a proposta que meu pai
uma culposa complacência, de um confrade com quem ou- todo restabelecido, a proibir-
quanto um solecismo ou uma tiora sou a mão pela cara desbarba- lhe fez dc ficar ali com ordena-
¦vulgaridade estilística. Sabe- talvez havia mantido peleja, c me que o acompanhasse até a
demasiado viva, o sr. casa. da e cerrou uni pouco os olhos; do; agradeceu dizendo que era
se que o arminho tem à lama Lúcio de Mendonça. Se o boa- Tão insignificante fineza, era o sen gesto sempre que ti- justo ir levar a saúde à casa de
horror instintivo, asserto que to é verdadeiro, só pode re- que ninguém passaria ao pri- nha de dizer alguma coisa sapé do pobre.
se exagera contando-se que, se dundar em prol do imparcial meiro transeunte, pareceu Mas quem lhe impedi: de
acaso se mancha, logo morre confrade, que talvez errou, mas grande coisa àquela natureza grave.
Negócio delicado, repli- ir?
lie nojo. Daí aqueles altivos supondo fazer a justiça a uma retraída, mas amoravel. Pro perguntou meu pai.
brazões dos Rohan, da Breta- adversário. Humilde lidador da curou-me de propósito para me cou; entretanto... '( Voltarei daqui a dois
nha, onde figura o arminho imprensa, o escrevedor destas agradecer e, na longa con- Entretanto. .. meses.
com a legenda — "Potius morl Unhas ali tão deslocado se acha versação que então travamos, Entretanto, o perigo é Voltou antes de duas senia-
quam foedari". Antes morrer como, por exemplo, um soldado descubriu-se o coração ulcera
que manchar-me. Soberbo le- raso, todo empoeirado das suas do pela recente morte de "suu grande, e eu, como amigo desta nas. aceitou casa c comida, sem
ma de fidalgos; e que sem des- marchas e do seu trabalho de Carolina". Após uma crise de casa, é natural que a defenda. outro estipêndio, salvo o que
lise da verdade tambem se pu- sapa, entre donaiiosos gene- lágrimas, ele me deixou •— Sim, mas que há? lhe dessem por festas. Náo obs-
dera insculpir sobre a lápide rais, que em sábias manobras fundamente entristecido: pro- tris- Minha senhora, vou direi- tante, marcou-se-lhe uni peque-
deste honrado homem do po- ideiam batalhas incruei.tas. te por vè-lo assim mal ferido,
vo, tão fidalgo, ele tambem na Mas dos motivos por que acre- triste pela convicção de to ao assunto. Não me parece no ordenado. Quando meu pai
Imaculavel probidade. dito estar ali condecorado, so- para tal golpe não havia balsa- qut bonito que o nosso querido Ben- loi eleito deputado, Josc Dias
Modesto nas suas origens, bressai o ter como pares alguns mo possivel. tinbo ande metido nos cantos veio eom ele e a familia e leve
porque começou a trabalhar brasileiros de incontestado me- Ao tempo em que, por vezes, com a filha do Tartaruga; e o seu quarto na nossa casa da
como simples operário tipógra- rito. Era Machado o primeiro nos encontrávamos em festas, esta é a dificuldade, porque, sc rua do Rezende. Um dia. rei-
lo, ele cresceu até às alturas desses. tinha Machado uma frase fel- eles, -— com perdão da palavra, nando febres em Cantagalo, dis-
em que o vimos como, não por Impossivel seria que em vi- ta, para designar a sua discre- — se eles pegam de namoro, sc-lhe meu pai que fosse acudir
«m desses abalos sísmicos com da quase septuagenária, atra- ta desaparição, sem rumor nem
que freqüentes vezes emergem vés da administração e das le- despedidas: "Vou raspar-me á v. excia. terá muito que lutar à escravatura. José Dias dei-
celebridades, como no Oceano trás, ele não houvesse, muito francesa". Talvez por isto mo para separá-los, pode crc-lo, e xou-se estar calado, soltou uni
Pacifico se Improvisam ilhas; sem o querer, gerado antipa- parece que às pompas do não sei se o conseguirá. grande suspiro e confessou que
c antes a compararíamos, tias, não direi inimizades, e oficialismo ele preferia que
lama literária do extinto ami- provocado indébitas agressões, mais depressa o levassem para Nâo acho nada disso, res- não era médico. Usurpara esse
título para ajudar a
go, àquelas outras formações Lá pelos intermúndios buro- Junto de um túmulo querido... pondeu .minha mãe. Metidos da da nova escola, e propagan- não o fez
madreporicas, que, lentas cráticos não sei o que tenha Mas não censuro, antes aplau nos cantos?
lentas, se vão erguendo do occorrldo- Aqui nos literários, do o ato do governo com essas sem estudar muito; mas a con-
abismo, pelo trabalho acumu- época houve em que Machado honras excepcionais a um ho- E' um modo de falar. Em ciência não lhe
permitia aceitar
todo de muitos anos. O que fo- foi objeto de rijos e perfidiosos mem que nada foi na política segredinhos sempre juntos. Ele. mais curas. "Perdoe-me v,
ra recife, alteia-se finalmente assaltos... Mas nunca respon- e que não deixa filhos nem pa- quase não sai dc lá. A excia.
exornado de plantas, que um deu. A brincar com ele, uma rentes poderosos. peque- (concluiu) perdoe-ine a
na é uma desmiolada; o pai mentira com que o engano, e
dia serão árvores, destacando- vez, eu lhe disse que ainda o "Vale". Tem — dl-
«e em flores e frutos de ben- havia de obrigar a ter comigo ziam os romanos saúde aos mortos
faz que não vê... Pudera! expulse-me desta casa tâo no-
Ção. uma polêmica. bem-amados, fórmula absurda Quer naturamente subir; casa bre, tão honesta, onde tâo indi-
Quando se fez a Academia Não faça tal, respondeu-me só aplicável rica, casa respeitável, onde é gnamente iludi a confiança..."
de Letras, realizada em meio a gaguejar ligeiramente, que os porque "Xaire". Regosija-te aos— excla-vivos.
que ele achará genro igual, nem Nao foi expulso, nem perdeu as
da república essa criação aiis- partidos não seriam iguais: is- mavam os
toerática, ante a qual tinha re- to para você seria uma festa, maior. No gregos,
e sem razão que de longe se aproxime? graças da família. Alem «l.«s
cristianismo, qu»; Compreendo o seu gesto, mi- maneiras obsequiosas, tinha uma
cuado a democracia zombeteira uma missa cantada na sua ca- não é só a mais a
do império, se um por um se pela, e, para mim, uma'aflição, mais bela das sínteses porem,pura,
filosófi-
nha senhora, nâo se pode ad- infinidade de préstimos, reca-
tomassem os votos para a es- Nunca verdadeiramente pri- cas, quando nos despedimos doj mitir que ri idéia dc semelhante dos, fazer contas, redigir e*ci>-
colha do chefe, creio que nin- vei com Machado de Assis, mortos é com o nosso "adeus". enlace entre na cabeça de ho- piar cartas, aparar penas, par-
Buem discreparia na escolha mas de uma vez se me desven- DEle é uma prece, uma su- mem tão reles, tão Ínfimo... reiro ao solo e ao ganião, ledor
de Machado. Simpático aos dou o homem íntimo c pelo seu prema recomendação do viajor Provoca, realmente, uma es- de histórias e de jornais,
mais velhos, porque com eles Indo meigamente afetivo, ao grande Espirito de amor e
tinha vivido, ou de pouco os Estava eu a conversar com ai- misericórdia. Adeus, Irmão e trondosa gargalhada. contador dc anedotas, autor
precedera; bem-querido dos guem na rua Gonçalves Dias, amigo. José Dias riu-se neste ponto, e deciírador de charadas e Io-
novos, para quem sempre usa- quando de nós se acercou o ("Jornal do Brasil" — 1 de talvez um tanto forçado; logo gogrifos. A afeição que mos-
W de benevolência, escusando Machado e dirigiu-me palavras outubro de 1908). depois concluiu: /Continua na página 109)

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Domine». H-S-1941 SUPLEMENTO L1TKBABIQ D'A MANHA — PAGINA 1W


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A iconografia de Machado de Assis - Júnior


Peregrino
ís0 x^wie»».^.. ,, ^-.«i-^-^ ,

"Post»fácio" .Us "Crisálidas",


Revendo a minha coleção de iconografia coincide tambem
fotografias de Machado de com a maior deficiência da sua uma inaicaçâo importante sobre
Assis :embrei-me de uma ve- biogralia: a integral ausência o seu estado"qdo espírito, quando
lha irase de Carlyle: um bom de documentação sobre a in- afirma que tempo não correu
retrato vale mais, como do- lância e adolescência. Como em vão para os que desde o ber-
cumento psicológico, do que muito bem observou Graça Ara- çq foram condenados ao duelo
uma biografia. Sabe-se — e não nha, Machado de Assis"O náo tem infausto entre a aspiração e a
há novidade em afirmá-lo — história de família. que se realidade",
que a nossa morfologia corpo- sabe das suas origens é impre- Alguns retratos e "charges"
rai e a nossa máscara fisionõ- ciso; é a vaga e vulgar filiação, dessa época nos dão contudo
mica não são absolutamente com Inteira ignorância da qua- uma impressão mais simpática
imutáveis. Ao contrário,
fixas e -------- dessa lidade psicológica desses pais, e amena. Não há como a ale-
sob a Influência de fatores in hierarquia, de onde dl- gria de publicar um livro de
ternos (hereditários e glan- mana a sensibilidade do singu- poemas para iluminar e pacifl-
dulares) e fatores exter- lar escritor". E assim como não car a fisionomia de um jovem
nos, (climáticos, allmentares, existe a respeito da sua origem poeta em lua de mel com as
afetivos econômicos e so- humilde, e da sua infância po- letras e a celebridade...
ciais,, a nossa constituição va bre e triste, nenhum dado exa- Prefaciando-lhe o primeiro
ria no tempo e no espaço. Nós to, nenhuma referência obje- livro de poesias, aliás, Caeta-
não somos hoje o que fomos Uva, nenhuma informação mi- no Fllgueiras nõ-lo descreve Si*
ontem, e amanhã certamente nuciosa e documentada, tam- com vivacidade, dando-nos de ¦Hn|
seremos diferentes do que so- bem não há, que se saiba, ne- Machado de Assis um retrato
mos hoje. lím mesmo indivíduo nhuma fotografia do seu lar psicológico que coincide em par-
difere dele próprio em cada pobre, dos seus pais modestos te com "Era as suas fotografias da «Mau,
época do ciclo bio'óglco, em e anônimos, do menino doente, época: vivo, era travesso,
cada estação do ano, em cada franzino e feio do Morro do Ll- era trabalhador. Aprazia-me
das 24 horas do dia. vramento. Nem retratos nem ler-lhe no olhar movei e arden-
período
"Se levarmos a análise mais notícias dessa fase inicial, que te a febre da imaginação, na
lon->e, concluiremos que um da- é a fase do baleiro magro e ágil constância das produções
rife*-. ,
do Indivíduo, num dado mo- do Morro do Livramento, do avidez de saber e. combinando
mento, difere dele mesmo em sacristão humlMe da igreja da no meu espirito estas observa-o
outro qualquer "momentosmomento". Daí, Lampadosa, do tipógrafo da ções com a naturalidade,
o conceito dos con- Imnrensa Nacional, — daquele colorido e a luz de conhecimen-
sobretudo a período distante e obscuro, co- literários que ele derrama-
dicionas". E'daí "Braz Cubas", em tos
teoria do "tempo individual", mo se diz no "caçar va em todos os ensaios poé-
¦•:'*
definida por Castilo. Os exem- que o menino vivia a ni- ticos, que nos lia...". DE%lR(iILtO
tir -f--i .-.*/.. :**%¦ . <r ¦
pios de Napoleão e Goethe — nhos de pássaros ou perseguir Em 1865, diga-se de passa-
que morfológica e fisionômica- lagartixas nos morros doouLivra- gem. Machado de Assis, segun-
mente mudaram pelo menos mento e da Conceição, sim- do Graça Aranha, já era aque-
"geómetra sutil, que encer-
três vezes, de acordo com o nlesmente a arruar atoa". Fo- Ie verbo, que I Dedicatória de A. t. de Castilho a Mactiaaode ieVirgtlút Assis, num exemplar tUt
ritmo bio'ógico e social da vi- ram desses temeos tristes e dis- rava o Universo no tradução d'As Georgicas,
da — são bem conhecidos t»ntes do Mnrro do Livramen- ss, libertara da exaltação ra-|
"ainda nú de habilitações", ciai e sabia dissimular nas II-
(Theilheiber Kretschmer) Es- to. com
tudando "Wagner cn caricatu- as imagens melancólicas que nhas tranqüilas e desdenhosas ceitezas e os atritos da luta. cessiva do mento. Veste-se
res" John Grsnd — Carteret adormeceram nas suas retinas o frêmito da natureza e revelar Mas já no que tirou aos 35 gosto e discreção: colarinho ai-
.... maguadas e que ele. mais tar- a loucura dos homens". Tinha anos (1874), há certa tendência to. de ponta virada; gravata
fez por assim dizer a historia dc seus romances> evocou apenas vinte e cinco anos; a „ara uma composição mais do- preta, de laço largo; elegância
de todo drama espiritual do a0'la(Jo de outros da ve«ha cl- sua «- ¦"---¦- era
ação literária «->—•.
eficiente c0 e menos vulgar da ^- fisiono-
.=-,— e- sobriedade
--..-.-...... em.,.„„ tudo. Um r,™ civi-
„.„..
criador do "Parsifal" na sua rlade: o morro da Conceição, a no teatro, no romance e na mja: talvez influência do pen- lizado. Um europeu. A foto-
luta contra a reação e a rotina. Gamboa, a Praia Formosa, o crítica. Havia publicado nove- ce-nez, que aparece na sua grafia que dele fez nessa época
através das deformações cari- Catumbi 0 camoo de Santana, Ias. feito representar coméd'as. iconografia pela primeira vez, Insley Pacheco, é um documen-
caturais da sua imagem. 6>e- a rua dQ Costa a saúde... brilhava no "Diário do Rio" ao e que ine atenua até certo pon- to importante do seu estado de
guindo-lhe as pegadas, Gonza- E se não temos retratos do '-do de Quintino Bocaiúva, to a grossura do nariz e a du- espirito: nela palpita um sen-
ga-Duque tambem fixou a his- n-«n'no senão nos seus livros, Em o noeta rias "CrisálMas". reza do olhar. timento indlsfarçavel de con-
toria do espírito de Wagner ao os temos tambem senão A'gutras caricaturas e "por- n0 desenho a "crayon" feito fiança, de tranqüilidade, de pie-
analisar as três imagens mais não mesmos livros, daauele tr-nt-ehariües" da época — a da e reproduzido nitude. O escritor é dono de si.
tínicas das fases marcantes da nesses por Augusto Opp,
"rariaz de cerca de 18 anos "PacotMba" (1865): Machado na revista "Pena e Lápis" O homem é dono do seu mun-
sua evolução social e artística: com "Barbei- E- a mesma fisionomia do
princípios de barba, alto e de ^15 traduzindo o "Semana (10-VI-1880), ele nos surge de do.
a máscara romântica e resigna- «-tnorensido", oue vimoi se"uin- r0 de Sev'lha"; a da feições mais finas e discretas, "Machado de Assis e o ramo
da d-! 1850; a fisionomia dura do da da Oambfta e en- uustrada" (1864): Alegoria do e seu olhar parece adquirir afi- do carvalho^de Tass£", d; Ber-
e atormentada de 1855 e a se- transi praia ni rua do Livramen- aparecimento das "Crisálidas"; nal um pouco de doçura e bon- nardelli (1805):
"Nem descuido,
reííã e feliz exDressão vitoriosa to..." bem como um retrato de corpo dade... nem artifício: arte".
de 1835. A fotografia é "tra- sem De 1884 já temos um retrato No último retrato do casal —•
dúvida o melhor meio de Desse obscuro período, por- inteiro, sentado, de calças bran- dele é completamente ou- Machado aos 65, Carolina aos
como in- cas e longo casaco a ima- que
duzir em presença o passado", tanto o que nos resta, preto,
dele é a mesma, tro: barba cerrada, bigode
barba 58 — (1904) vemo-lo contente
recompondo a vida e o espírl fnrmácão
'"""-' são as vagas refe-
..i__=— _ gem que temos
--,_ .. --..-¦ „„_„,. ,k™j,„,. t sereno ao lado da mulher. B'
¦
. .... rpni-ias dos seus próprios ro- Feio, prognata, cabelos crespos. abundante, cabelo de ondula-
historia J^as Q"^
das pessoas
to cas cuja
, _, cuja„. , . mòm.M Nem dados
™a™™„';„™ biográficos, o olhar, entretanto, é menos
dadoswbiográficos, .— coes, largas,
„ fisionomia ^ tran um velhinho , , estão tranqüilo e feliz.
desejamos estudar. „ Nao .foi . por «Am documentos icnnoeráficos.
iconográficos.
.u ow ,t„ro e frio.
<Uiro frio . quila, o'har sereno, confiante Os cabelos completameu-
outro motivo que Proust viveu nem aotuinouiua _w^ Mas a pele, estira-
de Klajha- Num outro retrato de 1SÒ3, profundo. E" um branco, e os te brancos.
tantos anos sob a obcessão do j O prime roret'*£ tãiiio-io tanioein ae caueie.ra resíduos da cor e da raça da e lisa, é clara, o nariz afi-
retrato de Mlle. Jeanne Pou- do de Assis <^.'^erdd'?"; que
çontaterra» crespa, b.goüe raio, uem mula- doença, do seu drama, enfim", lado, o olhar doce e calmo. O
ouit. chegando mesmo "Je a dizer dos 22 anos um pouco, numa tão tão atenuados e escondidos, ar quase risonho. As feições
a Robert de Flers: - su's 6 o retrato do rapaz de Jor to. iviais tarde "Arquivo contem- que se torna quase impossível discretas, finas, espirituais. Tu-
MMè d'al*er jusqu'au vol si nal*,* do repórter parlamenter .itograiia ao vista. do denota serenidade. E' a ve-
do Senado, poianeo" U0-l-l<Si3) numa descobri-los à primeira
Mme. Pouquet ne veut pas me que'faz a crôn'ca E' a fase da plenitude. Está lhicc. E é a glória. Da data um
=erunV*oíogía,i/"de^ «^jft&^JS^ 21^=,^ mu.»,..^ - posse ,.3sse _de de todos os^seus
jçjjA os seus dons. pouco posterior"Memorial temos
^,,^,0^(1906,, de Ai- (1906).
fiMe". Considero fundamental, hMttante^ publicando no
-- sáu
-j- facies"- - fisionomia'de Em'plena maturidade, aos 45 do autor do
---
sob o ponto de vista r.sico!ó- mida ee anos, Machado <de Assis já pu- res" uma fotografia muito
çsicoio- d a„ ™
es Ytradução mestiço, respos w
Bico. o estudo iconográfico dos W^mjdtb^ "Quedai ^^ „„ as ^e raio, „*„',iMn,
lábios amssJ. ar0_._m- blicara 14 livros os — e é o autor significativa: Machado de Assis,
¦rrancM escritores, para a re« .c- numa
--¦¦-- comédia: tolos". que grossos, progiia- "Memórias
"Mernori,
prartrJes escriture.,, tlsm0 nitido, oinar ouro e tris- B'0™so glorioso aas das nóstu- de braço dado com Nabuco, ao
dasPambiçõ^W- te. Estamos ain^_em_plena mas^de^Bra^^uba^ (1881). lado do Prefeito Passos e de
^5tl0e!l„naUoadUea ^«"bS ^Sção ";—•r"i«T"U.nmii«w Instalado comodamente na ce- todo o mundo oficial, numa tes-
wmhos
sonhos de fõi„~ri»~d i„ta-
luta na
na¦ imrjrerisa
^prensa e
co!--ao de fotografias tem. mui- cla««. Ios Primeiros e talvez «^ ^se José Maria IvUchado ta diplomat'ca: 0 almoço do
U vez, um valor essencial, co- Jrtona e de triunfo ^™s g f , ^,0 da general Urlbe5 y,Urioes.
mo material plástico, para a \?^°]J" TSnte E* «^»
*'. mais^rios «™» o?ra dommar o derecão estima, do anreço e da consi- «Te que, apesar da sua modês-
rest- «ração da aventura huma- "ades sérias e ««Ij1?™^, ^'^' ™^,S Sfar dos Dre- unânimes, ele se liber- «a e ceticismo, não despresava
um mulato^feio, oficiais, está sa-
na do espírito que estudamos, do aiMente pára *» frteamente de tudo aqui'o as honrarias
para acompanhá-lo nos dtfc- oms.« IuS?ifl-
»lh«Ju™/..n™lr„T^ Srânti Bra S™ situação sócia? e ™e orocurava
«sua
sempre ocultar: tisfeito no meio daquela elite
rent-s roteiros da sua expe- Z. Si^iSJ »*i™ da oris-em obscura, da sua civil da Primeira República ET
riêncía. para segul-*o em ima- SHÍLM^^^ doença, = = 'SSttÜ^'\2!°!Sl
•camfnhos ^.ZZWZTe^Tn- =^1*=-«? f>o seu drama, enfim", àS qual Machado de Assis nao
ele por Hvã resolutamente einda o destino. deuses de casaca"! ,'Falenas*
?S qu dos "Contos Fluminenses". "Ressur- Era um triunfador em todos os '«t Jamais hostil, nem sequer
v»nturl nêrcorreu nos gra?es 3™ *« a™"-edo reeen- reiÇão", "Histórias da meia noi- sentidos — e até nesse, do indiferente... Academia O fundador e
mímento? inoúíetos da criação ""»<" sen?ive-s as vlsõís to-n, te". E obtivera afinal do Minis- triunfo contra a raça, a natu- presidente da Brasi-
Pa™ S «tudo e a anáís» dá tes rle uma meninice ele *os- tér^acartes o emprego d^.» reia -^ e -,,£££-£
a humildade. leira de Letras, mau grado a
ot".dUhumaneadeumgran- humilde que irmã fotografia ,<p i«qs lm „,.,„ m\-in sua Índole naturalmente incll-
de homem, o documento leo- f^ de jjrtfc. ^«^'. Sra DemaíscoL observa mostra ainda mai, civilizado nada à timidez e ã introversão,
"até aos trinta mais aturado e harmonioso. não suoestimava o brilho erte-
X?J?m™rtân?iàSÉ
moscai importância. E em ne- « nos flZ™ é de 1855. H^via Mario Matos,
nel „..1,11„i,^„ rior das homenagens oficiais
moio tr5s „vro,. „ma __„„_. '£ até 1869 a existênca de P"_hA'carrl__ «Histór-aspapeis nem sentfa mal ou constran-
nhum outro caso o documen! ^blicjdo ^"!* ^™ « ^S"^-; I1WI, sem data' se
to iconográfico poderia ser mais f»ntasiadramat'^ nm) g „„„,„,.*, Bmbll gido no cüma do poder.
Vl^"?^ oHcò^ Mas^acrelcentTTseS ntW>. Era o Machado de Assis Os últimos "D.retratos do ro-
MaZrd„Und°e
de Machado dç Assis Mredtto
A^r Acredito > ¦ ¦™f*'^^ Era a fl- mancista do Casmurro" —
2nComi4„i,i(.a rie o,.in«no biógrafo, percebia-SJ que uma da Livrerla Garnler. eles de 1906 — são fran-
bjustante definida lhe =« das nossas letras, todos camente a imasem melancólica
SrSd^v^çãSíuual Bo:?,.Treose„pr!m;.rovol,,- amSção o
j. Machado
de ....k.^ de j. Assis
..,,. med'ante
miH'^,. mt mè de verso? — "Cr«->.l«rlos guiava o labor
* versoi V e o conforto nue
do crepúsculo. E' a vellvce di-
„ exame e a comparação de fora aco"-i''o com simnatla Embora tenha conhecido Ca- rasiruni. r*fetem-se-lhe niti- ?-™ e discreta que se aquece
todas as suas imagens.de d.fe- ^ cÍuIcTf'TSS. n, rkí roíi™ em 1867 e tenha casado damente na serenidade da fl- "
^^±«,0™™^* SX^JÜS. 30 ~a -^J^ntee^ « «J^T. e da
rente, énocas. E' verdade oue "^Z^t^o -lor do recito S* admin,
llZe^â ZfSda r^el^cem^- Jüb^" r>'" ^'«tíema... ção gerais da sua terra e da

é muito nítida, muita vez é des- m-rcado. abios tnmieVv», blgod, se vai grad»a'™e"^n»'1H"d0«
nej» eé '«^o
beío rnrtJdo baixo
bato ee'vai
vai co perVerSo.
cÕ- escritor desdenhoso e Irônico,
botada e imprecisa, e é eviden- ralo. -nbelos cresnos. Mas a ex- as feições se yao atenuando, o que se com-
nariz e mais fino os lábios me- bn^ prazia
temente Incompleta e pobre, "ressão do olhar é menos de de-
e
^^^TVfig^ em ««fragmentar o uni-
Isso. de resto, é um traço co- s„flo e dureza, do mie de curlo- nos grossos, o prognatismo se moral, para analisá-lo e
táu da
esconde e disfarça por "bigode. ^ raws ecresoro como outro
^^8^b™^1'™» verso 1q
mi-m da sua própria biografia: s«dede. de me'ancoUa e talvez ^o
« e "f™* ™. s'onomia friamente., E> uma „.
pobre, incompleta, em grande i»m nouco - ouem sabe - de barba rala e do »^<to .f£™ae™ triste e cansada, pos-
desd»m. ne oróorlo de resto as ondas da cabeteira sao mais brem " »Wos e o n«e«o. fe
íarte desbotada, imprecisa, sereDa e„ nobre na
que serena na pare-
Sbscura e incaracteristica. Aliás, nos dá. não sem um crto travo amplas Os seus retratos dessa
de amargura, nessa época, no época denunciam ainda as In- sos. disfarçando a, projeção
^"*™*™* m3e3f£. ex {Continua na página 1111.
a mais grave lacuna da sua
n< ¦_;.»¦¦ .,,pl,,iu..i,i ,.i,i.. ¦ :i...;.. !im,,,i,.i. i .1.1,.... .,,.. ..,;..,...,.m.i..,...i.j..v,.,. .,
aWSy:.^^WSMr-l»pi»W»H.W»wv^J^ H..TO.M... w; ;..

rAOlKA IM — SUPLEMENTO 11TRRA1UO D'A MANHA Domingo, M-9.1M1

Conhecimento de Machado de Assis Mario de Alencar


Agora que freqüento o cerni- mo um culto grego conversaria. O Círculo Vicioso, por exemplo, va-o, medindo o tom, refletin- ram que ele era só ele mesmo,
tério entendo a saudade que Mostrei-lhe uma vez, num vede como ele atribue aos astros do na palavra como receioso de Machado de Assis. Puderam
conduzia Machado de Assis to- diálogo de Platão, um trecho da o descontentamento dos ho- testemunha à sua conversação achar-lhe filiação para os
das as semanas ao túmulo da palavra de Sócrates assim des- mens? e na "Mosca Azul", como a sós. Porque até na poesia ele ideais, para os gostos, para a
sua querida morta. Ali vou eu tacado e livre da teia dialética, teceu e desteceu o símbolo da não fez senão conversar, con- feitura dos livros. Mas o seu
eomo ele ia, levo como ele leva- era a imagem da palavra dele, efêmera ilusão das coisas hu- sigo,' mesmo, com algum raro estilo inconfundível, aquele jei.
va, flores que são o presente a mesma graça, a mesma fei- manas. Com a sua definida fi- amigo do peito, com a nature- ío a um tempo familiar e dis-
dos vivos aos mortos: e ali çãc dubitativa, o argumento im- sionomia literária e a limitação za, com a Musa do seu coração tinto da frase, e o engenho de
achei como ele de certo achou, previsto, a curiosidade alerta, que ele punha aos assuntos, é e com os deuses da sua saúda- compor com palavras triviais
a i7npressão de parada de todas até lendo-lh'o em voz alta che- possivel que lhe faltassem ao de. E acabou bem naturalmen- com efeito imprevisto e engra-
os coisas, a abstração momen- gava eu a sentir o mesmo bo- espirito e à obra, alguns dos va- te, sem faltar à norma discreta çado, a limpidez daquela trama
tãnea da mesma morte, um va- leio da dicção expressiva e par. Hosos; mas o certo é que não da sua nobre iiida. Poeía, no»e- de som e de luz, de finura e de
po sentimento de descanso e de ticular de Machado de Assis. fazem falta nela. E ficou uma lista, cronista e critico, Macha. força, de emoção e de ironia?
infinito. Às vezes vou também Ele ouviu-me sorrindo e surpre. obra perfeita; e inimitável e do de Assis nâo assumiu as ati- C o que ndo se aprende; foi
eo túmulo dele, e deito-lhe uma so, e creio que contente. Gra- inexcedtvel, particularmente a tudes de predestinado; não o que ele nâo aprendeu de nin-
flor no vaso deserto. O túmulo ças à feição do seu gênio e à composição dos seus contos, que pensou em fazer literatura; guem. Veio-lhe nativo e de tor-
i baixo; um tampo de mârmo- timidez que a completava, ele era a que mais se ajustava seio compondo os seus livros, moção misteriosa, como a do
re inclinado e dois nomes do não foi escritor convencido e àquela maneira singular de con- contente deles pelo bem que lhe cristal facetado na elaboração
casal. E' preciso chegar para tendencioso; ficou imune de versação a meio tom, para au- davam, mas, ao cabo, surpreen- admirável da terra. Os anos
distingui-lo entre os outros, na vaidade, esquivou-se ao cortejo ditório inteligente, que dispen- dido da glória que lhe deram, que vão passando sobre a sua
maior parte erguidos e orna- da opinião; os seus livros tive- sava aparato descritivo. A nar- Como percorrera a vida conver- morte nâo diminuem a saúda-
dos. O de Machado de Assis é ram o cunho singelo e de uma ração saia desaparelhada, dl- sando curiosamente de tudo, ãe do escritor e do homem'- e a
Simples e discreto, Não foi as- criação natural, sem esforço. reita ou torcida, como para gen- não lhe pedia o espirito prete- saudade faz a comunhão dos
sim que ele passou a vida, sim. Esforço houve, que não há arte te fina, capaz de entendê-la nas rência de sistemas, nem exclusi- seus discípulos, amigos e admi-
pies e discreto? perfeita, sem o esforço censtan- sublinhas e reticências e'impre. vismos efêmeros; e assim, quan- radores. Mas é preciso corpori-
Quem não lhe conhecesse a te; mas tão constante era a vistos do comentário. Os ro- do pretenderam enquadrá-lo em ficá-lo, para que também a sin-
pessoa, ainda que já lhe hou- obra com o engenho dele que a mances também que sâo uma classificação literária, verifica- tam os que o não conheceram.
vesse lido algumas das obras mesma arte nâo deixou vesti- série conjugada de contos.
acabadas e eternas, passaria gio de preparação. A impressão
por ele nas ruas. acotovelaria é sempre de estar a gente a ou- de critica, e as mesmas cartas
com ele num salão, sem se dar vi-lo conversar, entre amigos. intimas, tudo é uma conversa-
E as crônicas, e os trabalhos
SAUDADES JULIA LOPES
DE ALMEIDA
da presença ou da companhia O tema, ou apresentado sem ção exquesita, natural de mora- O romancista brasi- nebuloso e para as altas copas
do escritor glorioso. Era um rebuço, ou disfarçado sob pro- lista filho deMontaiijneemima- leiro primeiro de quem ouvi ler traba- das mangueiras queridas. A
homem que parecia ser como o testos sinuosos, eram assuntos do das Musas, de que aprendeu lhos, quando eu ainda apenas noite avizinhava-se, com jtma
vulgar dos liomens; jamais de palestra, qne iam todos ter a graça da palavra divina. O soletrava, foi Machado de As. grande tristeza. Aquela hora
pensou cm trazer na cabeça ou ao comentário humano. Con- teatro de Machado de Assis e a sis. O primeiro escritor que deveriam estar chegando ao ce.
nas maneiras o distintivo do servador genial o do7n de obser- transposição da sua palestra a pessoalmente conheci em mi- mitério. Eu nâo tinha tido co-
eficio ou da sua preeminência vador sobrepujava nele o pra- três ou quatro figuras de ma- nha vida, e a queiti apertei a ragem de ir até lá, mas
humana. Nascido obscuro, ao zer de contemplação, o yosto de netras e palavras urbanas e )t- a mão com o alvoroço de uma acompanhar o morto em queria pen-
contrário do que é comum à análise, a imaginação da pai- nas, em cujos papéis ele pró- admiração de criança imagino- samento, aquele bom homem
conciência ão contraste entre o sagem; a natureza aparecia-lhe prio e as pessoas de salão não sa, foi Machado de Assis; a que eu nunca vtra senão com '
valor do próprio e a condição em tudo subordinada à conside- ficassem contrafeitas; os tra- primeira vez que dansei em um um sorriso de simpatia e um
social. Machado de Assis pro- ração do homem, e para a for- ços, quando cômicos, eram pa- salão de cerimônia, foi com Ma- modo afavel e em cujas
dnziu tfanquilamente e sem mosura dela não chegavam os ra fazer sorrir, e si havia a con- chado de Assis. Eu era unia me- nas li tanta coisa encantadora pági-
aparato, como uma planta olhos absorvidos no interesse ãição melancólica era só para nina espigada e alegre, cujos e inolvidavel.
da vida
produz o seu fruto, sem anún- de todas as idades, social. E para esse tema simpatia; nem lágrimas, vestidos mal tocavam o chão,
cio, sem surpreza, sem admira- ainda ele fazer Eu revia mentalmente certas
sobre as figuras ele andava pelos seus quarenta passagens dos seus livros, — era
ção de si mesmo. Eram as le- soube achar faces novas, ou gargalhadas; uma veste de espiritualidade e anos, excedendo em dansar. por um modo de rezar pelo poeta -—
iras o alimento, a alegria, e o soube renová-la com a sua vi- em tudo o ambiente de beleza gentileza, para com a dona da quando, no fundo do meu espi-
conforto do esvirito dele. Cul- são particular. O sentimento pessoal. íntimo, casa. Ao levantar-me da ca- rito esboçara-se um quadro que
tiva-se criando as suas obras No fundo, a obra de Macha- forte, Machado de Assis tam- ãeira dar-lhe o braço, eu logo se esvaeceu. Ficou entre-
com amor e trabalho, e pagava- do de Assis é moralista, sem bem o possuía, como náo podia tremia.paraQue iria eu dizer ao tanto alguma coisa dessa visão
se com o que elas lhe davam, propósito moralizador; quase ia deixar de ser em criatura tão poeta de tão lindos versos? interior e rápida. Era isto:
em si mesmas, para o esqueci- a dizer, moralista às avessas; admiravelmente formada eque E, se alem de não atinar com Sob um céu azul de primave-
mento das penas do corpo e da hesito no qualificativo, mas é revelou na poesia, com um acen. o que dissesse, ainda errasse na ra, que diluía em claridade: do.
amargura moral do homem, o que podia dizer o jeito da ope- to profundo e sincero- Mas ain- dansa? Não errei, e ao influxo ces o ouro forte do sol, apare-
suspicaz e descrente. ração do seu espírito, em que a da ali contido, diferente dos ar- da sua simpatia,, da maneira cia um pequenino trecho de ce-
Não fatia profissão de escri- conclusão moralista, em vez de roubos ãe expressão veemente, porque se fez simples para ser mitério; nesse pequeno canto
tor; repugnava-lhe unir às suas preceito, era uma surpresa de que são da natureza do lirismo. compreendido por mim. achei de terra havia uma árvore ve-
queridas arnigas a preocupação arte, um brinco de formosura. Se alguma vez o canto irrom- que dizer e rimo-nos muito. lha, de ramagens finas e duas
mercantil de que as maculasse. Fora do sentido humano nada peu em grito e soluço como nos Eu tinha voltado cansada dos colunas truncadas de um túmu.
Elas é que se foram denuncian- lhe interessava muito a aten- "Versos a Corina", surpreendia' funerais e sentara-me à varan- Io. fortemente enlaçados
do, naturalmente, levadas de ção, Arte abstrata e aérea seria se o poeta e logo interrompido da do meu quarto, recordando erva. símbolo da constância pela no
boca em boca ãe leitor enten- para ele uma criação vaga e oca. o ímpeto excessivo, continua- essas coisas a olhar para o céu amor. Desse velho túmiOo. de
dido, e transpuseram o oceano,,
e voltaram aureoladas de faina.
Ainda assim lentamente pelo
decurso dos anos. A discrição
do escritor reproduzia.se na
feição das obras e no procedi-
Na região das neves perpétuas- Bdrbosd Lim<3 Sobrinho
(DA ACADEMIA BRASILEIRA)
mento delas. Que obra haveria
aí, de autor conhecido que se vez Amenos vida literária será toda a viria de Machado de Assis, tal- Intimo de Machado de Assis e recomendado às suas confl-
conformasse, depois de feita pe!a preocupação de glória e de triunfos do que dências pela reserva e delicadeza de alma, Joaquim Nabuco
com vagar, a ir saindo obus- pelo desejo de esquecer, no trabalho, as queixas da sensibilida- não sabia, já depois da pela República, o o amigo pensava a res-
curamente, num cantinho ãe enleiam de. Mas os livros são perigosos; eles consolam, mas absorvem e peito de Pedro II e por isso deixava que de representá-lo nas missas
modas, de circulação toda uma existência. São como aqueles frágeis cordéis realizadas na Europa, ocasião da morte do Imperador.
jornal de por
escassa? Foi assim que saiu com que o povo de Lilliput prendeu ao solo o corpanzil de Gu!- O 15 de Novembro também não interessou a Machado de
"Quincas Borba", n'A Estação liver. Formam uma outra vida, de certo mais tranqüila, mas sem Assis. A epopéia dos jagunços, que havia de arrancar de Eu-
de livraria do Lombaerts. "Brás E o a claridade do sol e sem o canto dos pássaros. Vida melancólica clides da Cunha uma sinfonia wagneriana, não consegue, noa
autor era já o autor do de eternas neblinas, em que os vultos passam à distância como registos da "A Semana", mais que algumas observações irôni-
Cubas". Durou a publicação do sombras diáfanas... cas, amesquinhadoras da tragédia sertaneja. Machado de Assis
romance, suponho que quase Aqui o velho Braz Cubas não poderia ter aqueles gestos de descobre semelhanças entre os fanáticos de Antônio Conselhei-
dois anos, tão curtos eram os Gulliver, e de Iate não os tive. Ficou por toda a existência ro e os piratas dos poetas românticos!
trechos do impresso; quando amarrado ao solo frio dessa Lilliput dos livros. Poder-se-ia di- Nada melhor para documentar essa distância das realida-
apareceu em livro, era novida- zer dele o que ele mesmo escreveu de José de Alencar: des que todo o livro de suas crônicas. Os sucessos sensacionais
de para todos, menos a meia "Desenganado rios liomens e das coisas, Alencar volveu de e bulhentos o desgostam e assustam; prefere perder-se em mi-
dúzia de assinantes periódicos. iodo ás suas
Com dez ou cinco leitores já se lhe fizeram esquecer queridas letras. As letras são boas amigas; não núcias que avultam na sua vida mental, embora "Eu sem qualquer
inteiramente as amargurss, é certo; senti- interesse para o púb'ico. Ele próprio "Umao semana
declara: gosto de
contentaria o romance anterior ihe mais de uma vez a alma enojada e abatida. Mas a arte, catar o mínimo e o escondido". — escreve ele
segundo dizia no prefácio. A é a liberdade, era a torça medicatriz do seu espírito. En- noutro instante — uma semina com essa que ontem acabou,
confissão era sincera e caracte- que
a imaginação inventava, compunha, repolia novas obras, farta de sucessos, de aventuras, de palavras, uma semana em
Tizava a fisionomia literária do quanto contemplação mental ia vencendo as tristezas do coração e o que até o câmbio começa a esticar o pescoço, pode ser boa para
escritor. Aquele engenho fino, amisantropo amava os homens". quem gostar de bulha e de acontecimentos. Para mim. que amo
recatado, medido, não era feito o sossego e a paz, é a pior de todas as visitas".
para o convívio com o público livros,A meio de sucessos agitados e violentos, ele foge para os Essa distancia das realidades pode ir mesmo até o mau
nem para o espetáculo de pia- e essa prisão eterna lhe dará ainda a impressão de que é
teia só se sentia o gesto num a própria liberdade: gosto de aproximar fatos c ocorrências que se repelem. Depois
"As letras precisam dc anistia. A diferença é que, para de palavras comovidas e justas sobre a morte do Conselheiro
salão, e ainda ai, fora do cir-
culo geral, a um canto em com- obtê-la, dispensam votação. E ato próprio; um homem pega em Tomaz Coelho e de d. Eponina, viuva de Francisco Otaviano,
em comentários chocarreiros sobre a destruição de ár-
panhia pouca e escolhida que si, mete-se no cantinho do gabinete, entre os seus livrps, e eli- perde-se vores no Cosme Velho. Termina uma crônica sobre o suicídio
permitisse a conversa a meio mina o resto".
tom. Tinha então realce a viva Durante o curso de sua vida Machado de Assis não obede- de Raul- Pompéia com uma série (le sarcasmos a respeito dc
Cidade da sua palavra e o espi- ceu a outro preceito. Toda a vez que o mundo lá fora é tumul- uma loteria baiana.
rito sutil, perspicaz, saltitante, Luoso e violento, ele pega em sl mesmo e mete-se no cantinho Aqui se nos depara uma contradição; esse homem indife-
e ao mesmo tempo grave, sério, do gabinete de trabalho, entre os livros de sua afeição. Em todo rente ao momento e à atualidade, c "observador um terrível analista, que
largo, achava em todos os as- o vigor da juventude, pode ter os olhos fechados para a guerra poderia reivindicar a profissão de das almas",
suntos a ocasião de pensamen- do Paraguai; a abolição, que desvairou toda a gente, encontra como Stcndhal, a cuja família se declarou pertencer. Quando se
to exquesito ou profundo, me- a sua alma resguardada dos furacões, com que ela atravessou afasta dos sentimentos coletivos e cias grandes ações é para so
lancólico ou engtacado, ás ve- o país, de norte a su). E cheio de verdade podia escrever o Con- trancar no exame dos pormenores e das sutilezas que destacam
"Nunca fui, nem o cargo
zes pungente, ás vezes familiar selheiro Aires: — me consentia ser. es personalidades. O que o atrai e fascina é o incomparavel
e malicioso, mas sempre educa- propagandista da abolição; mas confesso que senti grande pra- espetáculo das intimidades. Prefere distinguir as nuanças quase
convinha â zer quando soube da votação final do Senado e da sanção da imperceptíveis, desdenhando os contrastes de cores em que todos
io e discreto, como "gentleman"
correção de um Regente". Mas no dia seguinte — 14 de maio de 1888 — o Con- sc deteem. E' a minúcia e a sutileza do desenho que o prendo
desconfiado que acha a harmo- selheiro vai à casa de D. Carmo e a encontra radiante, com a c não o efeito da cenografia.
nia instintiva de um artista ate- notícia da chegada próxima da filha adotiva. E o cético obser- Esse gosto lhe vem da experiência. Ele sabe que não existe
"não há alegria pública que valha uma boa ale- nenhuma relação entre o que aparece e o que ex'ste realmente
niense. Machado de Assis fez va então que
os seus livros, conversando, co- gria particular". dos sentimentos. Há expansivos que mostram afeições exalta-
Domínio, »-»-IMI
SUrUMINTO LtTISRAKIO P'A MANHA ¦

Machado de Assis, crítico - José V(erissimo


ARTUR BARREIROS
Meu caro Valentim Maaa-
lltãcs. — Não sei que lhe diga
Com tocante piedade dc amigo e discípulo continua o diligência posto na recolta e publicação dos, com afie, três vo- que possa adiantar ao que sa-
sr Mario de Alencar a recolher as obras avulsas de Machado de lumes póstumos da obra dispersa de Machado de Assis. be do nosso Artur Barreiros.
Assis Tem inteira razão de dizer que as suas páginas agora E-, porem, imperdoável o desleixo com que a livraria edito- Conhecemo-lo: tanlo basta para
••Crítica" "são uma mostra cabal de ra a uai publicando, como se não se tratasse do maior escritor Era um
antntadas sob o titulo de nacional, cuja escrita me- dizer que o amamos.
aue ele era um critico exímio e seria, querendo-o, um dos me- brasileiro, de um verdadeiro clássico Entretanto, este livro dos melhores da sua geração
lhores que já escreveram na língua portuguesa." rece, "Critica"por isso mesmo, escrupuloso respeito. "pasteis"
vem inçado de incorreções e tipográficos, que inteligente, estudioso, severo
Pena é que esta coleção das páginas criticas de Machado
de Assis não seja tão completa quanto quiséramos e cumpria, sobre o afeiarem escritor e afrontarem o leitor, nao raro deturpam o tonsigo, entusiasta das coisas
c sobretudo que o dever propriamente do livreiro editor haja pensamento do ou lhe atribuem barbarismos, de que belas, dourando essas qualida-
sido feito com tanto relaxamento. Dessas páginas faltam nesta era incapaz. outros, Sem haver feito um "achem mxudo trabalho de revisão, exemplar e
recolta alem de outras que por ventura existam e que desço- notei, entre os seguintes: "tradições por acham tm. des com um caráter
"Eduardo "brincava" por"se" "buscava" 121), por traduções raro: e se não deu tudo o que
nheco o artigo sobre"Relíquias Prado", ji recolhido pelo pró- 124), "si" "não" "nos-, •
autor nas suas
prio "Henriqueta de Casa Velha" e o fino estudo por "a" 145),"a" por
"crea"
importo
«creio 1132), por im. podia dur, joi porque cuidados
Renan". primeiro saldo na "Revista Brasileira" porta" UOS),"cadeia"por (111). ca- t
de
"Páginas (137), "do" por "de"por««). Os nomes de de outra ordem llie tomaram
e depois nas Recolhidas". deira" por nos úllimos tempos.
Sente-se também a falta de algumas indicações bibliogra- pessoas e obras vêem em grande parte errados. A mim fazem- espírito re-
"Fr. J. V." (3), de "Alencar Mancar (93). O ir. Creio que, em lendo a vida
oue os amadores destas espécies teem por necessárias, e me frade.
ficas 'seriam
aue em todo o caso estimaveis num estudo completo do que precede os nomes, quiçá"Dr.". por ironia do tipografo francês, e pousada, aumentaria os jrulos
desenvolvimento espiritual de Machado de Assis. Ao passo que quase sempre mudado em A comédia o' Cismo do cias. do sen talento, lão apropriado
se informa da data e lugar'de publicação de certo número de sico Ferreira e transformada em o -Cizo In}) .O Uruguai aos estudos longos e solitário!
em "Araguai" 197) os '«"•"«" *•« -*>"*
artigos, calam-se informações a respeito de outros. Aquelas de Basilio daem Gama "Pimbiros", os "Tamows de Magalhães em Pa- e ao trabalho polido e refletido.
mesmas são dadas sem individuação precisa. O magnífico es- çalves Dias
tudo de "Machado de Assis sobre o Primo Basilio de Eco de maios" (sic). "Biüauí" tudo na mesma pagina 97, e mais U1S) Gavarni A fortuna, porem, nunca tt-
Óueiroz" tão interessante indicador da estética do nosso gran. cm Gaoerne, em Brillant 1132). ve olhos benignos pa-
de escritor não traz nenhuma indicação de quando e onde apa- B- lastimável que uma casa de reputação e responsabilidade ra ograndes nosso amigo; e a naturesa,
é taliiez das da Miraria Garnier não empregue mais cuidado nas suas edições
teceu Não a traz igualmente outro escrito seu, «ue não o \ez in-
melhores oáoinas críticos da "Revista nossa literatura, "A Nova Gera- maxime tratando-se de um escritor como Machado de Assis, que o \ez probo,
ção" publicado na segunda"Primo Brasileira, tomo II, Rio. cuja memória, por nós todos reverenciada, ela tem razoes par- sensível. Dai algumas sincopes
W9". Os artigos sobre o Basilio". nos quais discute o ticulares de respeitar. _._•„„ do ânimo, e umas inlermilèn-
"Cruzeiro", jornal desta Sustenta teimosamente sr. Toguei que a critica, quevam cias de misantropia, a que vu-
mesmo critério naturalista, sairam no
carA'al cujo colaborador era, em abril de H7Í, sob o pseudo- ou não, é sempre tmpressior.iJa, e até que nío pode ser outra
coisa. Concedendo oue assim seja, não é menos certo oue o im- ram arrancá-lo ultimamente a
nimo aliás confcecidissimo, de Eleasor. se apenas a dwagação de algum esposa que tomou e os dois /*¦
Ndo interessam estes reparos o mérito essencial do tra- pressionismo critico, salvo for
a cultura, o gosto, a emotividade este- fhinhos que lhe sobrevieram.
balho de coletor do sr. Mario de Alencar- Devemos-lhe emboras inepto, o condicionará literária do critico. E em mma ijnpres- Essa mesma fortuna parece ler
- agradecimentos os amadores das boas letras nacionais ' pela tica ou a sensibilidade
sionista a critica de Machado de Assis, servem-na, porem, pe- jjuslado as coisas ie moi» qa*
estilo grego, li em sílabas en- letras do seu nome, em parte regrinos dons de psicólogo — e a critica, como da historia li ele, tão.austero e recolhido, dá-
trecortadas e já denegridas o apagadas e a treva, que sobe terária assegura Brandes, é na sua intima significação psicoio,
nome do mestre por quem an- lentamente, tenha revestido as uio _ e uma rara sensibilidade literária. Versadissimo no me- xasse a vida em pleno carnaval.
damos de luto. Sentada ã bei- duas colunas, partidas com seus lhor das literaturas, e de mais a maf» espirito de singular finu- Não era preciso tanlo para
ra do mármore, uma mulher abraços eternos, ainda os seus ra e penetração, e por isso mesmo desabusado das modas inte- mostrar o contraste e a conja-
de trinta anos, lia um livro de abraços eternos, ainda os seus lectuais e hostil a todo pedantismo. Machado de Assis não con-
versos. Era um livo de'e: Na. livros serão lidos com o maior tideroii a critica se nâo sob o aspecto da impressãohomem feita no são das coisas humanas.
da m"-')' Nada mais. recolhimento, por espíritos íe- seu espirito pela obra literária. Proeminentemente de
Não posso lembrar-me dele,
Sèt que a Disdo escultural do Meados gue procurem aproxi- letras e artista literário, era sobre tudo do ponto de vista da.es- sem recordar também outro Ar-
mar-se dele através da uertipi- téfico literário que encarava os fenômenos literários. Não é que
quadro me foi sugerida pelo mui- ele nào os visse e menos porque fosse incapaz de vê-los sob lur, o Artur de Oliveira, ambos
fino espirito a'eniense do nos- nosa distância de muitos e
so escritor e pelas aualidades tos anos passados... outros aspectos ou desconhecesse as condições sociais ou meso- tão meus amigos. A mesma
afetivas do seu coração, repre- A essa hora estariam fazendo lógicas gue os determinam e atuam, ou não as soubesse descobrir moléstia os levou, aos trinta
sentando o estilo dó túmulo e o primeiro discurso i beira da e explicar. A ]ei-
da sua prosa inconfundível, e cava do finado escritor. Não sei Capacíssimo desta crítica mostra-se ele no arguto e juáu anos, casados de pouco.
os braços flexiosos, <nals infle- se a pedra sob que ele dorme, cioso ensaio sobre o "Instinto da nacionalidade" da nossa lite- rão do espírito era diferente
"Critica",
Xireis da treva o seu amor tem ou tem arquitetura, e ima- nem ratura que abre este livro bem como no seu atilado neles, mas uma coisa os afio-
tterno. i"So embaraçaria à minha estudo de "Antônio José e Moliire", titulo com que saiu primei- una, alem da minha saudade,
não Assim como. na dou- rameníe na "Revista Brasileira, 1, 1S79".
De toda essa cena, que glnação. que lambem o Artur de OU-
foi confeclonada vela reflexão, trina dos antigos, em a alma dos Sem alarde, sem arrogância de inventçr de coisa alguma,
e se me apresentara no espirito mortos peneirava tudo, re- simplesmente, elegantemente, Machado de Assis, sem faltar d veira nõo deu tudo o que podta,
subitamente, como uma vista vestindo as coisas inertes com justiça antes fazendo-a rigorosa e boa, aos fundadores da nossa e podia muilo.
cinematográfica em uma cama. a expressão do seu sentimento, literatura nacional, apontava comliterários segurança os pontos fracos
o que neles lhe pare- Ao escrever-lhe as primeiras
ra escura, emanava-se a sinnl- assim, desse túmulo imagina- ou duvidosos de certos conceitos
flcacão consoladora de aue da- rio, me pareceu emanar-se cia errado, aventando opiniões que então, em isn, eram de todo linhas desla caria, chovia tf
nem depois, estabeleceu mais pre- piosamenle, e o ar estava cai-
qní a muitos anos, tantos aue doce ironia do velho av'or bra. novas. Ninguém, nem antes na nossa regado e sombrio. Agora, pf
os mármores de seu túmulo sileiro. Que o terra lhe seja cisa e mais simplesmente a questão dodo indigenismo indianismo e da sua rem, uma nesga azul io cia,
tainda nessa hora náo fecho- leve. como leve foi a sua pena literatura nem disse coisas mais justas
(Continua na página 127)
dosi. id estejam carcomidos; as dn aludido mal. uão sei se duradoura ou não,
de D. Casmurro As pessoas ingênuas que Parece dber-nos que nada está
das a oue falta qualquer profundidade e segurança; há retrai- lambem a pátria
ab=m reveía? a força imensa da. emoções que os aparecem nele acabam vítimas de toda a gente como Rubiao. mudado para ele, que ê eterno.
tíos que* não nos mostrar, talvez, que a lou- Um homem ie mais ou ie me-
apnsionaram Quando se chega a essa certeza, o interesse do que a loucura aprisiona, paravirtudes confiantes,
nsir-ó neo te afasta sem esforço das exteriorizações para sur- cura e o termo natural dasaquela mesma de Human.tas: - o nos imporia o
mesmo que a ]<h
- os que se Quanto à filosofia, é
preendl? f intimidadaestimanrto os sentimentos é o homem. Se o universo existe para o homem, o lha que vamos arrancar à ár-
SI% osaras se caam - muito menos pelas suas apa- universo
Sí?'« a. mi?niSà «m profundidade conhecimento do homem nos dará o conhecimento do universo. vore para juncar o chão dai
"" homem se reduz afinal ao estudo e à nossas festas. Que nos imporia
0Mex^nqe di outms „PàS Sâsta para o domínio dessa verda- E o conhecimento do
de e só a encontrarásaqueieique "oTnto a folha? --•
^Vn^lile n^- ""TacíSlo de'Assis despresa os Instintos, forças enérgicas
JSifa advertência, que nã»
c da psicologia, o que ha (te mais chega a abater a mocidade, liu-
ele se desS Mas confessemos que o que ele nos dá de si mes- do isso se lhe afigura o a. b.
coL o que nos apresenta dos ^^^^K.^1%^?ãS^^e- ge de melancolia os que já nãa
^5veeKoa'.^°ateente lêem atrás
outros' .
,A . „.. J,oral,..a _vontade e oeledestino
«e- pende das criaturas. ".Dê-me a sua atitude são rapazes. Estes
Stendhal. nas suas confissões, e sempre apauconaao e ia^o, exclama diante de Eça de Queiroz, desanimado com de si uma longa fileira ie mor-
mente, variável, incerto e ate mesmo contraditório e de fan- lnsMnt05 e e as tendências superficiais que orientam a heroina los. Cada um dos recentes lem-
Rousseau fez á própria custa um livro de imaginação Basilio". 'ora-lhes os outros. Alguns des-
%SZ Não tem paisagens, nem descrições na sua obra; não tem ses mortos encheram a viia com
aSSJSSFdas"as KTíaveffTumTSl "in anima vile". mesmo ambientes. Nâo encontramos também personagens nos ações ou escritos, e fizeram
e nnmJ««» de quem demonstra - os funcionários públicos e as vmvas que se ecoar o nome alem dos limites
RecaTcál saTcstoree supU*oTÍÜe™aziam desíairar o autor de seus enredos:nos seus livros sao antes situações do que pessoas.
•tS ei íe
Rc-ukfet
Le Rouge Não tem
Noir" . n<»o
ies noir rem mesmo a comoção de Nabuco, E multiplicam "De-me huma- da cidade. Artur Barreiros (t
d Queiroz lhe poderia ter respondido: —
diante da. sombras que vão passando nesse, livros não ê dos menores motivos de
?e™irptíap« nfdade-*1" risteza) gastou o aço em labu-
a análise psicológicaatingiu, emMacha tações estranhas ao seu gosta
di,er^he°m%a^ "*» ^^compensação,
entre este e a necesr
r^he^rte °o~&*to*?a?££SÍ
bro , aeve,m°S *™0"™="£"e
b£-V,Uemos "iasremoções imprés- dl YeniTAde. Mais sintético doque os observadores comuns, particular sidade não hesitou nunca, e
íionar pelos ac.°>1'«™e,nt°sr^P!'a5e™^° E'e viveu sem- contenta-se com os pormenores destacados, a essenota das ati-
se encontra a su- tudes e dos caracteres. A sua glória será a do retratistasenti- das acanhou em parte as faculdades
nalavras níveas contradições da alma. fixador das franjasexistência, das idéias dos um expressivo sentimento
E^?.23£b? ™P™'? '' "¦"'"¦
prema sabedoria e a*SupremaCel?gênda'Dessafauira os impulsos por
rara- mentos, das paixões. O ser e nao ser da de modéstia e desconfiança. Â
ondulação da vontade
lC£?S SSeram na CulSTcomo raramente se dei- "postos as hesitações, a permanente extrema desconfiança não é me-
nos perniciosa que a extrema
,à0 c,ara e r/n^Tu^^^^ presunção.
"As dúvidas sâo
jír^F^SSf^Swruma traidoras", escreveu Shakcspea-

rS=5SSS!S!t«^
descrente e amarga. As »«?«*
de" S ttr»vad«o<de S SiiJSK
melhores personagens parece que flutuam entre o ser
re; e pode-se dizer que muita
vez o foram com o nosso ami-
tos e o entusiasmo dos sentidos na ^™onCs°tante renovação da vida. os seus findam
constante "n"vJ*v»"J"
vencidos pela existência, que não perdoa go. O tempo dar-lhc-ia a com-
nao esquece acassado, nem as *™*<£V» ^ Braz Cubas, namorado
A inteligência«memória da politica. não a consegue pleta vitória; mas o mesmo
tem aquela das pancadas , que lanava ao eu ¦u^».
^ ^ aaanU lhe retorna, é depois de casada com outro; lempo o levou, depois ie longa
Quincas Borba. .nrna-se assim o "vieux pays" a própria idéia do emplastro é uma idéia póstuma. D. Casmur- e cruel enfermidade. Não leva*
A alma de r°to e ir o, eae
friof m» ^ ao termo da vida com a impressão de vitórias, mas de rã a nossa saudade nem a esli-
ro chega
de seu poema. Cedo o encontraremos triste, aeserw
^c„hand°n^n^'°lnatr^eaMd™
^ desfazem todaSj como M pegadas deixadas na
velho pais. ^:» ia a0 a.cance aas ondas infatigavels. E se um de seus heróis ma que lhe ievemos.
.„ j j-_ »„» nranrn • » nnlt» a cisma- _ Quincas Borba — se revela afirmativo e decidido, criador de
I.mnmta í aefes e ae Se oiasiemia»
bUsfêmiM» filcâfiaslompleta., Um havei» de pensar que^é louco, e que somente MACHADO PE ASSIS.
Um paU de oiaçoes ,„,. lss0 se tenha Ubertado das Indecisões. Como o velho
o beneficio da loucura. (Semana it 21-2-1885/
fase velho pais vê niuscer Braz Cubas e Quinca» Borba. sSraanio, ele no» vinha provar
anypiffipaiiiffKiwiiiijirori^iriir;!» , .li .|i,i..,n.i ...i.ii.h..^ .. ... n.. irar^-r-
'-'
D.mlnto, tf-s.iMt JBa\
I-AGINA IM — SUPLEMENTO LlimAHlO U'A MANHA

De RONALU Uti CARVALHO:

EÇA DE QUEIROZ E MACHADO DE ASSIS Em Machado de Assis, não ha


transbordamentos de imagina-
«ão. Sua rlcjueia é toda interior,
é muito mais intensa .que ex-
tensa Seu colorido é sóbrio e
pieciso. mas o desenho das suas
- Ytt.* ¦„<*£: **-~ y
y^: iigu.as e de uma plasticidade
luminosa- Essa técnica linear,
*_/.... i .... . ..... :». ','•,', essa profunda ciôncla do dese-
'.->¦
nho das personagens tristes ou
i :..# '.-. •• ¦'¦-*-.
íisonhas, nob'es ou triviais da
-¦• -» "¦¦ ¦ vida, é justamente, a sua vir-
¦í%. .....). if. • -^ - ",>*>4•"''•¦•• tude por excelência. Sem pos-
suir aquela vareta mágica com
que Balzac fazia gritar, gemer,
titular, ou simplesmente, rir e
...... <." clamar o seu descomunal p<a?er
i
¦
toda a fabulosa comparsorla da
y>. ,. - . M * - »/Ts, ¦• - .^ ' " .* «A Coméd'a Humana o nosso ro-
¦ '¦>..- ,-...,.,y—i . j, ^ s. I y.í.A Í,S. .... •«*" <*" -'"'..'•• mancista manejava com Intml-
tavel pericia os carvões, as san-
guineas, os ácidos e os buris com
. " •¦•/¦- 'f/í »rt*".,» . >.. que delineava ou gravava os
seus retratos agudos e as suas
..„/•*. ?"¦.*. }.i....S. ... . „£ ,*. águas-fortes Irônicas. Não seria
um escultor de fraudes mas«as,
mas que sensibilissimo imagl-
nirlo. que atilado entalhador de

I baixos-relevos exnulsitos nos


depara a sua obra! O que lhe
Interessava não era o homem
lançado nos meandro, caori-
chosos da multidão, rrps a pró-
'<*¦*&*+& prla multidão, repontando. na
í: //' J «rf*^*- -^Jt. *„^ , síntese complicada de cada ai-
ma. na soma esquiva de cada
homem, tomado isoladamente.
Ao contrário de Balzac. sulo oo-
der de assimilação ia encontrar
em tudo. na dor ou na alegria, na
A» ]í<!CtjtJ miséria ou no esplendor. moM-
NEW CASTLE-ON-TYNE (Ingloterra), 29 de Junho vos para longos inquéritos e di-
jí 2y;V--.- &.•>#*. i« ~ *&^ vagacões Intermináveis. Mseha-
de 1870. do tinha, e não as escondia, as
- - •* ***.-*.*# suas nreferênclas. Seus tinos
IO.»
Exmo. Senhor e prezado colega. não são de todo vulgares. Os
"Atua- o desencanta-
mais rudes, eomo "Ouincas
Uma correspondência do Rio de Janeiro porá a do mendigo de Bor-
lidade" (jornal do Porto), revela ser o sr. Machado de ba". teem a sua filosofia. "AmIMe.
sabia olhar o Armamento
SI*,. o,.sg;.y.y :-«*y... ...íyii'.... yiia;;; Assis, nome tão estimado entre nós, o autor do belo artigo arroeânci1» nem baixeza", como
"Primo Basilio" e o Realismo "Cru- re diss»*se ao plácido céu: "Ml-
; y,: yily y.; •-'.¦. IIé'"^-^'!!!!'..^» -.yv sobre o publicado no nal. não me has de cair em ei-
'íi ¦' zeiro", de 16 de Abril, assinado com o pseudônimo d'"Eleu-
: ..ii.*?y í|iB < y\. y |ç.-. y yj3?f y;. ' .& i*' y. lor". Segundo esso correspondência há oinda sobre o ro-
ma".
De LÚCIA MIGUEL PE-
::-.'':^:¦ "¦
;v':yy;0;->,::-^V:-'í:;::-:^>:;::;i;^i:;::o:;:;4i:;:- ¦ M£&&.:''-¦-•'
¦
;§y-*<-**-*$-X?&:*,y--*.: M-é?>. «$*>$i-"., ¦/ ¦•.: .¦ ->#'í ^í:i.^':*LS'L**^-V :-?:-0:-y REIRA:
monce móis dois folhetins de V. S. nos ns. 28 e 30 d'Abril. A sua vida, toda processada
y^^^^MW^^^^^tí^.,:^^^^^'''-^^^ Creio que outros escritores brasileiros me fizeram a honra sob o signo do espirito modes-
de criticar o
"Primo Basilio": — mos eu apenas conheço o ta, digna, desinteressada, rom-
pteta a sua obra, faz dele, alem
folhetim de V. S., do dia 16, que foi transcrito em mais de um valor Intelectual, um pre-
d'um jornal português. O meu editor, Sr. Chordron, encar- cl'<so valor moral.
:J:<Sm>:: 14.|S;í|p:.., %of §y¦-»%&£ • O homem e o ei-rltor teem
¦:^y:5||e..^^^^^iij^:v regou-se de coligir essas apreciações, de que eu tenho uma igualmente direito à nossa ad-
§yjffy miração, à nossa gratidão, a
curiosidade quasi ansiosa. Enquanto as não conheço, não essa amizade póstuma, que é a
posso naturalmente folar delas — mas não quis estar mais suioema recompenM do artista.
'y.;.yyy'; ,:yillpois, -i tempo sem agradecer a V. S. o seu excelente artigo Vruase trinta anos são pnssa-
,- dos da sua morte, e, para honra
' '¦' <?.:;.>< .>..,. . do dia 16. Apesar de me ser em geral adverso, quase reveso, roçça, cresce rada i& '> '«te-
yi:;;y.,....^is^H^yi resse comovido e respeitoso por
e de ser inspirado por uma hostilidade quase partidária | essa figura esquiva e tímida,
Escola Realista — esse artigo, todavia, pela sua elevação e que devemos tratar com o cari-
nho e a veneração com que no
pelo talento com que está feito, honra o meu livro, quase Oriente tratam as caravanas a
¦fí y;'!''" ^¦¦^'^-¦¦i..''MSL^'^''t:i-:-. 1 lhe aumenta a autoridade. Quando conhecer os outros ar- palmeira às veses solitária io
¦:.y. ,4<< ..'...y^yy^y^ j oásis.
tigos de V. S. poderei permitir-me discutir as suas opiniões A medida que vai recuando o
Zrí,'-. ;.:../í.„ :4sl^y,.Vví|||;;; ««s^^Êy:. ..j sobre este — não em minha defeso pessoal (eu nado va- passado, sentimos melhor o que
;....:. íví^,,- ,y,.:^ .^ó--.^.;^^ Iho), não em defesa dos graves defeitos dos meus roman- representa para o Brasil esse
mestiço, que tanto elevou a sua
ces, mãs em defesa do Escola que eles representam e que raça e o seu povo, a pureza des-
Ir eu considero como um elevado fotor do progresso moral na sa personalidade que paira so-
bre a literatura brasileira como
sociedade moderna. um símbolo da nobreza do pen-
samento e do poder do espírito
*v/**" <?' 5í';'-. "••• ...yv-.v -'í'..,./;„./ Quero também por esta carta rogar a V. S. queira em
55':iíS:-::::: W «íi-íííí:?S•:•:ií:Vi;-:-ÍSW:^í:S::iS¦ iííí5:|?5
a- meu nome oferecer o meu reconhecimento aos seus colegos
/;.,....... , ./.„,... «. ,„,.•;,„ .. /•;;.,
de literatura e de jornal, pela honrosa aceitação que lhes
mereceu o "Primo Basilio". Um tol acolhimento dá parte
duma literatura tão original e tão progressivo como a do
''"*r' #*^?'**''"
Brasil é para mim uma honra inestimável — e paro o Rea-
x-w. .«,. ^ j> -,*-v .Áo-"- —.-*' lismo no fim de tudo, umo confirmação esplêndida de in-
fluência e de vitolidade.
' "***.**&f'¦-••:' ... -J -, ¦
-"¦ ,*--*'*¦/¦', <;• ^ ./+*.*......y Esperando ter em breve a oportunidade de conversar
• y. ;.~ .. ?....-........... *.,«.,„/— tom V. S. — através do oceono sobre estas elevadas quês-
r „m> toes de Arte, rogo-lhe queira aceitar a expressão do meu
4'*-*"«^. /C. /, i': ,. ...... „..A.. „„_.
grande respeito pelo seu belo talento. '
/••-•-x:../,,,../, :-.^„
'„.-?;.
;;í ifÉEr
~/*»» Addum au Consulot de Portugal. .
.._ t.~ .. A- ¦ /•¦

..et.,, .... ../t„ EÇA DE QUEIROZ

y.y.. a; //-• ,.y„,;' . • ; .

¦ -.' y . J., ¦•¦ '


*'•*" Opiniões sobre Mdchddo c/e Assis
De ASTROGILDO PEREIRA: o mais brasileiro de todos. Eu
Já se tem dito e repetido bas- acrescentaria, sem querer faser
tante — e com razão evidente jogo de palavras, que uma qua-
— oue Machado ie Assis ê lidade resulta precisamente ia
mais universal dos nossos es- outra: que ele é tanto mais na-
critores: estou que falta acen- cional quanto mala universal e
tuar com igual insistência que tanto mais universal guanlo o (nuto de Machado ie Assis, na
ele é também o mais nacional, mais nacional. .academia Brasileira de Letras
¦ . ¦ ,,;..„»,.w,n,s ^t. r» ¦rmaff^ffip
^^*"ijWTPW.-*', .- ^»!?5fpppp!St«!iw^^ ¦ :- í«« .- -K 4 i j* *K
f'\r l'-tv\-!i,;L i>'r,^''KM;',.IÍ'I*
SUPLEMENTO UTERARIO D'A MANHA — PAOINA lt*
Domínio, 2I-Í-1M1

0 GEMO DA NOSSA RAÇA


Pela primeira vez, ente? nós, Foi o mais completo, e, sobre- República, que (oram do seu e táriõ de gênio, e um romancista mem culto, grane e orador, sran.
João Ribeiro
um grande nome como o de tudo, o mais perfeito dos nos- do nosso tempo. despejado, (derramado eomu o de escritor, ao mlravel pstJO-
espirito propor-
.Machado de Assis oleréce o te- sos artistas. O entusiasmo era para ele diria Machado de Assisi que go, era bem
Ê difícil extrai-lo dos nossos mais repugnante que o crime, apresenta as estampas da vo- cionado ã ta.e.a de glonj..a-
ma de todo.um Curso literário.
As lições admiráveis de Al- antecedentes naturais. Filho Ele podia assinar esta sen- lúpia, nas suas cruezas inúteis, ção a Machado de Aes?, ao
fredo Pujol, tão í-morosa e dili- dos trópicos, aborrecia o ex- tença de Becque: ' mas suficientes para ajuntar maior de todos os nosses inte-
estudadas na obra cesso e a ¦opulència da paisa- "Honra aos homens de Ijem! uma feira de basbaques e vicio- lectuals.
gentemente Alfredo Pujol estrda-o; sod
variada e vasta, da, nosso gran- gem. O seu cenário-simplista pois que estes ao menos não sao sos.
de prosador, fazem-nos reviver era como o dos desertos pola- tão canalhas como os outros" Machado de Assis, «porem, dis- todcs os asjectes nae nas i.oesia, no
toda aquela vida consagrada a res. Esta, a sua feição e o seu fel- pge de química formidável, es- cont°, no 'omance ceoni-
uma vocação literária absoluta Detestava o gongorlsmo, os tio. Cético até a medula dos ptritualiza a sensualidade, aan- cas literárias. Os contos da se-
são como lianas ossos, sabia compor-se admira- gumla fase: avulsos —
e incoercivel. arabescos que do-lhe um volume infinito .Nao ^Papeis
Pobre, sem recursos, sem ta- doutra floresta que' fecham o-mente como um gênio, qué ele h^ na literatura da nossa Un Historias sem data — VãViis
mílla e sem amigos-ou proteto- ambiente. o era, em todas rs ^!«-, histórias t Páglieas e os seus ro-
Tua páginas mais profunda-
res.-Machado de Assis, quase Queria ver os homens, estes São intimamente dele as du- .nente imorais e perigosas que mances a partir ias Merai.ias
so. e sem'acotovelar.a multl- sim; mas sem os reflexos de ras frases que ,v-o...u ¦ v-P as de alguns contos de Macha- póstumas de Braz Cuba-;, rfepre-
• dãbi abriu o seu caminho de empréstimo, na claridade lunar tudo de Pujol: ;;
'paciência do de Assis. Os braços de D. Sc- sentam a culmtnân?h tio $yúq.
; glórias'até alcançar o primeiro mais favorável ao exame. E to- Suporta-se cbm a- verina ou a Missa do Galo, tal- Foram todas essas obiaj|pii-
¦¦¦•-.vài
¦posto...'1 '* "'' ' dos os homens apareciam a eólica do próximo.:' vez não tenham ' èquiíalentes mls ,™IU™^âne''5 de í5eus
¦ Nã0 "era -o triunfo que o las- Machado de Assis, desfalcados E como ele erá homem'S|í só ein literatura, alguma, pC.os cabelos brancos.
L" dos exageros da opinião co- deixar a alma subir até ctôííten- sorvedouros que cavam de sub- E, pois que é difícil jdizer
ciífáva.
¦-¦" \o Vencedor, as"batatas, mum. tes, sem deixá-la sair eteííodo, entendidos" quando terminou a sua jiíveii-
diz ele mélancolieàmettte' na Nós outros, temos da socie- eu creio que bem podia .#rrl- »¦ g^^ n'ai)nuiez nas era a tude, sirva aquela nota cioüoló-
Borba, dade uma visão violenta, delci- "Suporta-se com alegtla..." v íoStava a alguns
filosofia de Quirfcas glr: frase el„ de repe- gica de advertência,,
A verdade,' porem." é qúè os tuosa e, por assim dizer, reto- Eu disse que ele sabia7«jom- Ur • E n|n„Uçm a compreendeu lovens quarentões de holí;, táo
dèspójòs colhidos foram multo rica e aumentada. Machado.de por-se e tinha a arte das çon- aplicou melhor '-•. impetuosos e incontlneneç em
sua
melhoíés, mau grado o seu ceti- Assis despia todos esses tropos veniências e das meias Jiala- ¥ caça ao elegio. |
cisftodaS.vitórias, e achava no fundo a mentira vras. ;_ • VeríSTimo e Mario de Alejncar
VA èsplen- de toaas as veemências. "A estima que passa de éha- são essas as impressões tambem mu to c ntneuir. en
sua é luminosa e que
ditla como a eierrjidaáe, O homem devia ser multo péu na cabeça não diz nada"que& me deixa o livro magistral de para fixar o valor do grande
Na mistura dás nossas raças, menos. alma; mas a indiferença Alfredo Pujol que dentro em mestre. A eles me associo, sigo-
' pois que'ele era um mestiço, Para ele, o homem era mau, corteja deixa-lhe uma deleitosa breve será um dos meus cou- fa, e desde muito, nessa adml-
parece que marca um grau sptil pérfido, mentiroso e canalha, impressão." frades na Academia pela una- ração, sem restrições, pelo gé-
c tão raro que semelha uni pro- exceto os que não são de todo Como é profundamente lsno- nimldade dos nossos votos. Ho- nio da nossa raça.
dvto exótico. Algumas gotas, tais. ral!
talvez, dc sangue helênlco, coa- Devíamos aceitar um cana-
das através de milênios, vie- Ihismo razoável como expressão Convivi alguns anos com Ma
ram casualmente depositar-se autêntica da humanidade. chado de Aseeis. fui um dos
nele, como num vaso de elei- Ou, talvez, não estamos bem seus amigos nõ sentido em que
ção. ¦ no nosso tempo. consentia que qualquer o fosse:
Ele podia dher como aquele: sem dedicações, sem outra In-
O mundo, anda todo at,ra?ado Umidade maior que a dos co-
deis séculos. men tarios.
UM GAPíTÜLO DE • Há uma reforaia gregonana
a fazer.
creio que para ele os amigos
não passavam de necessidades
Machado de Assis, mostra-o de diálogo. É alguma coisa me-
ROMANCL á verdade desse Curso literário, lhor que falar áozihho.
é certamente o maior dos npsv É verdade, e Alfredo Paiol
{Continuação da página ,104) sos contemporâneos; nenhuma fez resralter esse aspecto, .que
alma tão profunda como a sua. Machado de Âsss nãò quer.a
tròii' por rJcasi.HO''ifa liiortc de e tão sutil; nenhuma mais apu- glorificaçõcs, d:testava ps elo-
. meu .pai. ainda, niais 7o .prendeu rada e receptiva das coisas que. gios e sobretudo o incenso a
ao coração de minha mãe. «|u«. nos cercam. Ele é o raio intér- queima-roupa. Os homens dizia. íèr-
não consentiu cm despe«!i-lo. piete dessa sociedade instável, ramades, como ele o
Í,L,1„ X. lhe
\hl (o,
fní pedir
netlir asis suas »Penas esboçada e ja fugitiva, eram-lhe insuportáveis,
quando ele £ lnc2ssante foraaçao d0 seu Q seu egoismo nâo era urna
ordens. Erá j"á conio pessoa. quase impossível e absurdo ápropriação, ra.a queria para
tamilia. Cuidava ile mini com ^iiiibtlõ. si e nada tirava do seu amblen-
extremos de mãe c atenções tle Esta arte de furta-cor, deon- te pró"imo. Em compensação
s»crvo. dulações inquietas, devia seresr nada queria perder da sua in-
Seja o guc for, voa mele- sencialments americana. Numa teirlça personalidade. Era como
lo no seminário, quanto antes. só hora vivemos séculos e re- um vidro, desses que acharam
vagarosas, no fundo das pirâmides, frágil,
Bem, uma vez que v. sumimos civilizações
O próprio Machado é um exem- ma^, capaz de atravessar sé-
excia. não perdeu a idéia de o; pio genial da teinepratura alta culos eginetos. sem oxidaçáo,
niclèr rio seminário, tudo esta e cristaüzadora do nosso niun- Intacto, tem rada conceder e
salvo. Há fie ser uni'sacerdote ão. Foi de todas as escolas, de nada aproveita". Fraco e In-
modelo- tem muito boa indnle todos os grupos, de todos os taco como o vidro
e a educação,.Í^\ nao X pode
norte ser m«. me ma matizes, ¦ romântico, realista. Eu. como os outros da sua
com Gaírett ou companhai 5 mpre sentl uma
lhor. Vai-se perdendo a raç.« Ca5tl,[h0i in,lês com Dickens admlrrcão Ilimitada por esse
doi hons padres: eu conheci al- ou Sterne francês com Mari- homem extraordinário que, na
emis c ainda conheço. V. excia. mée e com 0 alemão parisiense frase de Guilherme Fevrero.
r,âo teve um caso notahilíssimei Henrique Heine. que o conheceu, parecia un.
., sua
na „„ própria bmília mon.«
„rimria Jamnia, mouse Como Verdi que teve quatro grogo, tantas eram as suas lu- Üs^fc.-^-, •- 7*. ..*-». vkwÊHKÊÊkmm^JsWswHÊsWa^smÊ
^ ^ mi(neiras de sua Arte_ glda5 trmar,ha a esquiva vi.a-
nhor Camilo? Ouvi dizer i|ue ele tambem as teve na eterna cidade das ruas inconstância» Machado de Assis aos 20 anos de idade
era srrande teólogo. Não mocidade do seu gênio. de alma. mmmv - :' '1
bispo Contudo, há uma coerência Era a imagem de Heml us
queçamos que um presi-
diu a Constituinte, e que o pei- profunda r.a sua varia psicolo- Heine.
através De I'e'ne disse uma vez
«ire Feijó foi regente «lo impe- gia, sempre a mesma,
tão singulares metamo^ose*. Lutíwi^: Boorne que era como
rin. e\ igreja braslcira tem al- de O o
que o dist ngue em tudo um ra'i">ho oue havia cae a. *¦
tos (lestíjioí*. isso, apesar da sua dclicacieeu galerias f.u':t:r'.'âneas inume ,'S-
Você. o («uc ciuer é um cap"- aparente e dá sua elegância^ veis; cco?-aeo num ponto,
tio CVwmè...Ancle. v.i g3ntileza pencoal. é o profundo pirrava 1 or outro. Era imp s-
Ic. «Ifee o 'gatiino
i,,7...... o..„ «wr.*
Uii.-ceir escárnso pela sociedade. Todas íivel aprn^a-lo.
¦Jiísèe ;Dias caminhou pan as suas guerras são as de um _ So se a critica fosse um
-.liraii cunctalor ' Contemfoelza com Rato, diz a Toerne. Mas o sr.
r,prt!<7r«m) a««. íiias oeik-is maldade H-ine é muito mais rato do eus tó |H ÉÊÊÊÊ^^^-r ¦
«-:«!< e;^(ígòtiiadas. prcsüli^s, r«j- A sua insensibilidade peia']:b'era s-r pato a mais acele-
«ianetie. e gretvata «l;« inoda. Foi dor hunipna,,é7ab£0luta; o seu r da crítea.
do» 5Jltimi«s7-(|ue tisnrani; |«rc?i egoi&mo é sem limites 'de aõücgrNão sei que imagem se possi
O interesse de Machado com' mais adeqúáua
llier*na Pio «Ic lanciro. c lalve,.
Assis pelrs naturezas, iracas justeza a Mscbado de-Assis
nestií*«'n|lo ¦ Trazia ás calr,a> espontâneas e imbeles, e intei
ciirtífs peiía qitc llie ficassem hfni lamente falte). Nunca o.teve. E sa inconstância e;raoií)f-a
csticucínej.e <V gravata <lc setSm No sentido da caridade ele e dc movimentos dava à sua arte
uma int2iisid"-"e assombrosa! wÈÊÊÈÈÈÊÊÍ
preto. cr«ni um aro de aço p'«i um anti-cristir.o. Iornemos um só e emplo: o
dentro. imohilizava-Hic o ]>v*- O que ele quase aconselha ou
nos oe como e'e era voluçtuo^a-
cuco. Juntai a íssn um passn ou pelo menos admira pobres
nos infelizes, é a penidia ou ininte «mo a' seín o parecer A
vagaroso, não dt> vagar arras- as pequení\3 canalhices da des- íua art:> de no li-ear as imi-
la,!,, «Krs. preffiiioisis. nas «la- forra. .tas, íi' ixrva entrever at^is-os
«liick- outro vapar solene, cal- A pequnnez dalma é o carac- oe co'icuri cia nuãto
"siloeisne" todos os seus ¦ .olurdos qre toas as descie
pulado, deduzido, uni terístico de quase
omnlcto, a premissa antes r!;i heróis. Ç^rs reali^trs t1o seu tempo.
Tinlia Mediado a aversão da A sua íenna dei cadeza ri
cmiícnuência. a consequênein dc todas as ações mal, o s;u ro-erlmento aorro
e tereis politica, ven-
antes da conclusão, grandiosfs; não se .interessou pinar os n-aii terriveis inn»i-
pessoa do nosso agregado Uni gamais por nenhuma das nos- nos da luxurartea. excede
dever amarissimo! sas giand.s causas, íoi dura e tamente a grosseira¦ «il
risitíamente indiferente a nos- bruol dos naturalista» da «te-
MACHADO DE ASSIS sas grand"s r-^ita^ões cofno as ra':"
-{República, dc 15-11-18%). da gue.rra. da abolição e da Eça dc Queiroz. « um pa„H;- Machado de Assis aos 40 anos ie liais
~-"" *''•"" ¦'¦ ¦jv.T^n-rr^rn
"""-'¦ ¦'•
' ¦¦*.
-'".¦*-*
".¦."¦ '. " I .','.'...'.l... ü.,1..!'.., '..¦!.,, 00-0,0,' ..¦/.....' v V" "*>';

PAGINA n — SUPLEMENTO LITERÁRIO D*A MANHA DOMINGO, Í.S-9-1941

MACHADO DE ASSIS, CRONISTA


DIALOGO DE BURROS
a morte piedosa -ow# Alguns dos tipos das suas nove- Riso de eterno moco amigo
âC
Acabara o suplício e acabara
homem — escreveu alguém, Ias são modelos de egoísmo, de Ma5 ae ou,r° ¦"¦¦¦w-
Não tendo assistido à inauguração dos bondei elétricos, no fecho de um severo soneto, maldade fria, de dureza de ai- ¦ *. * . ¦
„,„„,.
riso de um deus enfermo*
deixei dc falar mies. Nem sequer entrei em algum, mais tarde, em que se descreve a última ma; „_„ „,„„,,„,
parece, porem, „,»
que ao Que se o aborrece
„„ Como
'
para receber as impressões da nova tração e contá-las. Daí o hora de Prometeu, Esse libertado acentuar esses defeitos, O no- Da divindade e que apetece
meu silêncio da outra semana. Ante-ontem, porem, indo pela pela Morte piedosa. ai- velista está dizendo nas entre- Tambcm um termo..."
guem também acabou há pou- linhas da narração: "Coitados!
praia da Lapa em um bonde comum, encontrei um dos elétricos, cios dias, e acabou o seu supli- São o que tinham de ser; não Só um adjetivo dos que ha
que descia. Era o primeiro que estes meus olhos viam andar. cio- são o que desejariam ser, se nesses versos, 'amargo' não poderia ser
lhes fosse permitido o desejo conservado: O riso
Para não mentir, direi que o que me impressionou, antes da Todo homem de pensamento de melhorar" com que o Mestre morreu foi
eletricidade, foi o do coclieiro. Os ¦ olhos do homem é filho e herdeiro do sofrimen- de repouso e alegria. A
gesto pas
to de Prometeu. Porem, raros Pudesse ele, e fecharia aos suave,morte epilogou dignamente
savam por cima dajjente que ia no meu bonde, com um grande terão sabido sofrer tanto e tão olhos e à alma de todos os seus sua a sua vida. Foi tranqüila como
ar de superioridade. Posto não fosse feio, não eram as pren- nobremente como Machado de semelhantes o arcano triste um crepúsculo de inverno....
das físicas que llie davam aquele aspecto. Sentia-se nele a con- Assis, autor desse soneto tão dos segredos da vida, que Há um soneto seu "No Alto",
vicçao de que inventara, não só o bonde elétrico, mas a própria severo. seus olhos e a sua alma haviam que sintetiza, numa bela ficção,
eletricidade. Não é meu oficio censurar essas meias glórias, ou Ninguém como ele estudou, sondado. a tragédia do passo tremendo
glórias de empréstimo, como llie queiram chamar espíritos va- sondou, analisou, compreçn- Em- sua opinião, perd.gr as que separa a virilidade da ve-
díos. Ab glórias de empréstimo, se não valem tanto como as de deu essa . . ¦¦ ilusões era a pior das desgra- lhice:
ças. ..- -
pela propriedade; merecem sempre algumas .mostras de smipa- "...criatura antiga e formidável, Poi ele mesma quem contou,
'•O
poeta chegara ao alto da mon*
tia. Para que arrancar um homem a-essa agradável sensação? Que a si mesma devora os membros em versos imortais a história E quando la descer a vertente
¦¦-:,,- ..(tanha.
eritranhaa do
Que tenho para lhe dar em troca? 'sofreguidão dale asfome
Conl* a insa. daquela triste poléia que eií- loési«.
..-**.. -1-ciavel'V. centrou um dia uma mosca Viu.uma coisa estranha, ¦
Em seguida, admirei a marcha serena do .bo.nd.e,..deslizando 'azul. " * '¦ * Uma figura mâ;
*
como os garços dos poetas, ao sopro, da brisa invisível e* amiga j— a Vida fria, impassível,
¦ Eptílo volvendo o^ olha/ ao sutil, aa
Mass conto íamos em sentido contrário, não tardou que nos ¦imperturbável, .- que é. a fonte Que zumbia e voava. voava¦" • "*¦'
[celeste.
¦ Tzulmbia
perdêssemos dc vista;'dobrando ele'para o largo'da Láfía c rua de todo o bem- e de todo.a mal. Kefulgindo clarão -do sol
Ào gracioso Anel. qué*-de baixo* o
-.•.: [acompanha.
do Passeio e entrando euna ruif do Catete. Nem por isso Desse estudo e dessa' análise, *urü E dá lua melhor do que refulgirfa Num tom.medroso e agreste
homem sairia díámaitte do Grâo-Mogor*
perdi de memória. A gente do íneif bonde-la saindo aqui e ali. outro qualquerinútil Pergunta e o que.será.
oulra gente entrava adiante e eu pensava no Ixttlde elétrico desesperado trabalho.
e para qual-
Machado de Essa mosca era a Vida, a Como se perde no ar" um som festivo
Assim fomos seguindo; até que, perto do fim da linha, e já noi- quei Assis saiu dele desenganado, flor das graças, o padrão da '
" fe doce,
te, éramos três pessoas, o condutor, o coclieiro e eu. Os dois mas sereno. E fez do seu de- eterna meninice, a glória, o Ou bem como se fosse
Um pensamento vão.
Cochilavam, eu pensava. sengano uma série de obras amor. O poléia cativou-a; mas, Arlcl se desfez sem lhe dar mala
De repente ouvi vozes estranhas; pareceu-me que eram os primas, em que o ceticismo, pe- em vez de conservá-la intacta. Para descei i encosta[resposta '
la graça de que se veste, chega O* outro estendeu-lhe --m mão. vt
burros que conversavam, inclinci-níe (ia no banco da frente), a Ser consolador como uma "Dissecou-a •¦'tal ponto, e com tal 'ar- ¦ -,.
eram eles,mesmos. Como"çu conheço um pouco-a lingij?'dos- criança. **" ""' O "outro*, quem? Calibam. a
pou,. baç., „<*n,a. vil.'"'
Houyjiunnis, pelo que dela cpnta o famoso Gulliver, não me foi A tristeza endurece, Irrita, sucumbiu: e com uto. esvaiu-M-Uie revolta, o desespero, a maltia-
difícil apanhar o¦<l;á1ogo. Bem sei que cavalo nâo é burro! mas encoleriza o comum dos ho- lawej» de... Mais feliz, porem, de que
Ytóo íantástici, ., «ui,..- . ^w poeta, Machado de Ass»
teeõhhecí qtie a lingua era'a mesma. O burro fala menos, de mens. O analista das "Memó- ¦:•..-¦¦ não teve o "outro" como sócio
certo; é talvez o trapista daquela grande."''"... divisão animal, mas rias* Póstumas de Bra? Cubas", O poeta que tinha imitado o e companheiro na Higubre des-
que foi sempre um triste; um
laia; fiquei inclinado e escutei: oprimido de aflições"nisso,
"nãõ"fòt poléia, estimaria que nenhum .cida,
"comi
físicas
TenS c não tens razão, respondia o da direita ao da morais ...„.„.„, «»'"> homem, o imitasse, e. que firiel ^p^v,, não o aban-
",„''. não foi em tudo mais, um ho- cada-um guardasse ínvmlavel a d(jnou ^ com ele até 0 üm_
^squerda: mem vulgar; da sua tristeza sua.mosca ,jwul. nio declive, até o fundo do vaie
¦—' Desde traça© elétrica se estenda a todos os bon- nasceu a sua bondade, uma * porta dos setenta «nos, sombrio... -
que a 'parece
des, estamos livres, claro. bondade larga de compassivo: Mestre sentiu que a amargura Grande e~ nobre-Mestre 1» Não
Machado de Assis não odiou os da sua «xistência era dema- sei o que diga da sua memória
-—..Claro,:parece; mas entre parecer e ser, .a diferença é homens; teve pena de todjs ciada. O cálice transbordava. sagrada, nesta coluna da "Ga-
grande. Tu não conheces a-história da nossa espécie, .colega; eles, porque teve pena de si Mas o seu grande espirito áin- zeta", que por tanto tempo foi
'ignoras a vida dos barros desde "o começo do mundo. Tu nem mesmo. da encontrou forças para su- soa. Coube-me> a honra ema-
féflêtes'íjrte,'" tendo o salvador dos
"homens : nascido entre nos, '¦ Dentro do eterno "círculo vi- jwrtar com tranqüilidade o úl- gadora de substituí-lo aqui —
honrando a nossa humildade com a sua, nem-nó dia de Natal cioso" queé a vida
— em qfue o timo golpe. Ninguém ouviu 'a e este artigo deveria ser a sua
vagalume inveja a estrela, ein boca desse homem superior apoteose
escapamos da pancadaria cristã. Quem nos poupa no dia, vinga- .,„. „a estrela „„„„ inveja ,„ „a .-„, lua, em .... uma blasfêmia, no transeacer- Mas que valem palavras, de-
que
se no dia seguinte. que a lúa inveja o sol, e em,que bo. Tinha a dignidade de uma P°*s 00 que disse a cidade, na
Que tem isso com a liberdade? / o sol pergunta com desespero velha e nobre àguiá ferida de m"d5x homenagem- daqirele
morte; e nessa dignidade mor- préstlto que levou ao cemitério
— Vejo, redarguiu melaiicolicamente o burro da direita, "por despojo do escritor exem-
'-.-j^ejo*Tj«e*há'*niuito*c1e**horaem nessa caljeça. ¦-* - '•" que nõo nasci eu um simples reu- o
-.-.. [vagalume?"
Dele, nos últimos dias* da- * ftà nas*-Relíquias de Casa
"...,' —
Com» assim.? Ijradoli o burro da esqupda estacando 9 — a-alma desse homem -raro existência, putrp poeta poderia Velha", penúltimo "4 livra
'riiii-iriride Ma-
--..jaassoj...O cp.cli.eiro^ciitre dois cochilos, jyntou as rédeas ,e.gol- uompreendeui que todos -os-ho- dizer o que ele disse,de* Artur chadò ^ãZ de SkiV1 "à
rfe ÃssiV, página 141, Ml.
-peoa^arparelha. --.._-¦<¦- de Oliveira enfermo: uma frase que a cidade com-
mens,-todas as coisas, todo o: *'A v-ne-
".'"—" ¦Universo merecem'apejftfis com- , preenÜeu € cúnipytü;.
'grandes '
SchVisle ò' golpe?J perguntou o animal da_ direita.' ÍFfça paixão. Nunca em seus versos- TaçãoT tiqs fiop^ehs é
jabeií.çjç. <íiíç,".quaiiijy og bondes .cntrara4.11 nesta cidade, .vieram e em sua prosa houve -um gri- "Verás num lârgó' rosto " " KÜIftano
¦¦¦-¦* '¦.'¦* .uma ¦viítude...<ias ..èidadès..."
í-ceni &. jegeaí de.,£«¦ não. empregar o chicote. Espanto umvetsal to de raiva nem um movimen-,
Teií- prftpi*tft'Tostb; Nobre e extraordinária ^virtude
*'dos»cocl«.iros: onde é -tjfte a' capital do ¦ Brasil de-
que sc viu burro andar sem chicote f To- mansa; to dc* asco.'A sua ironia foi-_..„, de
¦ do-sõs-btiVros desse tempo entoaram cânticos de* alegria e íllAir não feí-la; peíiííSaVa. íoürn<™eóíârgó'
«.„. rtr. H3o-do tIbo antigo* ¦ monstrou TJOssulr.-' •¦¦'*»
"- O* féretro*do- Mestre amado
"«¦Mraiif f01 "paia o" cemitério** arrastado
a* uleiá dos trilliós, sòbrò ós quais os cáftos. deslizariam
aatúrajni<in.tç.. Não .cònhccíiuii o hojiièm. ,[.' 'que, para usar esta metáfora humana, —' esticaremos, a" caneta. nuníã'onda de amOr, oscilando
'¦—¦Sei, o* liorfienr imaginou uiir-chicote, juntando as duas Então leremos a liberdade dc apodrecer. Ao fim* de três dias, tãnte Spbre o yqitò.' cbraÇ&o palpi-
das rédeas". . ••também em certos casos, usa um a vizinhança começa á notar o burro * cheira mal; conversa- frente, doas Biobandeiras de Janeiro. ..A
das Èsco-
pontas Sei que, que
^alho <!c árvore, ou unia vara dè ifiarmêlèiro.'.'. ção e queixumes. No. quarto dia, um vizinho, inais atrevido, Ias, os^..pendòes: dos moços tre-
-'¦-'Justamente-. Aqui acho razão ao .'homem. Burro magro corre aos jornais, conta o fato e pede Unw reclaiiração: Nà qMin- miam e arfavam com -grandes
dia, aparece um asas luminosas; e o rumor que
não tem força; mas/levando pancada; puxa. Sabes o que a di- t0 dia sâi a reclamação iniprtssa. No sexto as rodas da earreta arranca-
flgcntc' verifica, a exatidão da noticia; no sétimo chega uma vam das pedras das ruas era
detona mandoudizer ao antigo gerente Shaíinon? Mandou isto: . - ,_..-
"Engorde..os-biirajs, dWlies ile comer, mtrito capinr^; nráitrf feno, carroça, puxada por.outrp>urre.e leva o cadáver. como-o soluça ""• d«* *erra ¦ * ca-
* " ^
".",...' rloca. ¦'.-""•;V .•*..-•". *
-toaga-os fartos, para-qu-Kelci sc afeiçoenVao serviço >. oportuna- roeguiurse uma pausa. „v .. * V.
= «ente mudaremos dc política, ali fighti"" : . ~ l" a lugubre- *SSe"° hmTO' dS ef1*!da- Nao çoithcçcs . Quando o féretro parou-um
,. momenta-junto do moiiiunen.o
.-.. ._. .-.«.» -a luigua da esperança. ~.-
.... — J!isso nao ro.e .queixo eu-..'"'.•' .
Sou-tle pouco- coraefes; e...,.. .._ p0()fr. «-r, „,„, TOlega; mas- a esperança é de José de Alencar, eu cuidei
-quando própria das ver um sorriso apontar' na f a-
. menos trabalho, .e- quando «stou réjileto. Mas.qoe tem ^^^ (racas cmt0 õbomem e o gafanhoto; o burro distingue-
..¦Op.ni «om; a*.nessa lilier«lade, depois do bonde elétrico? se peli fortaleza. A nossa raça é essencialmente filosófica.-Ao cada ce de bronze da estátua, ádo-
na luz meiga d» tarde que
"*,''
..— O Bõn<Je eíétrico apenas nos fará mudar de senhor. Homem que anda_sõbrc dois pés, e provavelmente â águia, qtie morriarr B pareeeu-ms . ijue
.-,. —i-De qae modo?="-¦ ->¦ V.,. .„ . voa alto, çab& a ciência da astronomia. Nós, nunca seremos, ás Alencar estava dizendo a Ma-
de Assis com-ligeira alte-
trõnomos; mas ~a filosofia é nossa. Todas^àg tentativas huma- chado ração, o que Machado, de Assis
\:— Nos somos bens da companhia. Qnamlo ' tudo'andar por nas a este respeito -sfiõ-perfeitas .quimeras. Cada sçculp. ..._>,-.* carioca disse um dia a Alencar
^¦fames, não sompsjá precisos; vendenvnOs. Passamos hatu- 'O
- freio'cortou a frase ao turro, porque 0.cocheiro encur cearense:
•falnicntc às carroças. tou as rédeas, e' travou o carro.* Tínhamos chegado ao•¦"ponto
—. pela burra"de BaTaaiVií excTamou o burro da esquerda. terminai. Desci e fui mirar os dois interlocutores. NSo podia Hão de o* «nos volver — n3o neves como
[as
Ncnfiuma aposentadoria?.nenhum prêmio? nenhum sinal de crer que fossem eles a parelha para levá-la ao outro lado do De alheios climas, dè geladas cores;
M5o de o» anos volver, mas como as
gratificação? oh! mas.onde está a justiça deste munclo? carro; aproveitei a ocasião e murmurei baixinho, entre os dois , I Ilores,
— burros: ... Sobre o leu .nome, vividos e leves...
..— Passaremos às carroças continuou o outro pacifica-
HòuylinTims. _
menfe — onde a nossa vida será um pouco melhor; não que Tu, carioca Musa, que Os amores
e tristes, rústicos e -breves
nos falte pancada, mas o dono dc tini só burro sabe mais o que Foi um choque elétrico. Ambos deram-um estremeção, ie Meigos Desta uente escreveste — ora os
Iczcirã, coisa nos vaníãrani as" e'perguntaram-me cheios de entusiasmo:. íesclx-vcs
lhe custou. Üm dia, a velhice, a qualquer que patas No volume- dos pátrios' esplendores.
-torne incapaz, restituir-nos-á a liberdade... Que homem és tu.-que sabes a nossa língua?
' ã—Erifim! ' E ao tornar este sol, qué te hã levado,
Mas o coclieiro, dandó-lhês dè rijo umà lambada, braflou -Já não acha a tristeza. Extintor o dia
da nossa dor, da nosso amargo -.cs-
"
— Ficaremos soltos, na rua, por pouco tempo, arrancando para mini, que lhe não espantasse os animais. Parece que a. Iam ... [panto.
*l»vera ser cm mim, se era eu que espantava os animais
•le-uma erva-que aí deixem crescer para recreio da* vista. Mas bada Porque o templo implacável e pésádo
"-*''viçBSa? «ias como dizia-o burro da esquerda, ainda agora:. Que.o hDmenft.consumiu.vna Serra Via,
que valem duas dchtadas <íe ervií; que nenV sen-pe* Não conseguiu o engenho, a flor, o
Enfraqueceremos; a idade ou a lazeira ir-nos-á matando, até — Onde está a justiça deste mundo? [encanto"...

;s.7,7?üi?*ílí<U,.x..
DOMINO», M.I-IM1 SVFUMKNTO UTíaAMO »'A MANHA - WeJWAJM

A iconografia de Machado de Assis •* Sc


^ma CREAJURA
antiea e formidável,
te uma criatura antiga
Sei de formidável.
iConíiiiuaçito ila pãeiiw 1031 clareza. "Paia ai chegar a via- píritu. Du-se-ia que nus cama- Oue a si mesma devora os mciubms e as rnlranbia»
za tias suas linhas frias, dos gem espiritual de Machado de das mais profundas do seu ser tom a sofrrguidão da fome insaciável.
seus cabelos brancos, dos seus Assis foi bem secreta. Veio do subterrâneo — nele tão rico de
olhos sem alegria. O olhar ss nada, venceu as suas origens reca quês, ambições e experièn- Habita juntamente os vales c as montanhas;
adoça afinal na ternura da sua modestas, tornou-se honYein de cias — palpitava uma poderosa
vontade, que teria "vindo im- E no mar, que se rasga, à maneira 'li' abismo,
grande saudade. A expressão e cultura, de gosto e criou a sua
serena, mas não feliz. Um ar própria personalidade E um penosamente na urdidura se- F.sprcjítiiça-se toda cm convulsões estranhas. -ç
reli?, ivo e distante, q;jtí z a*!*- doloroso e belo poema o da ela- creta da forma, corrigindo,
tes d"! resignação que de re- boi ação do gênio neste obscuro vencendo cada imperfeição, Traz impresso na fronle o obscuro despotismo
volta. A gloria não atenua a heroísmo. Machado de Assis não desenvolvendo cada feliz indl- Cada olhar que despede, acerlio v mavinsn, ';
melancolia da solidão, mas em- revelou nunca esse árduo com- cação, esbatendo, dando som- Parece uma expansão de amor e de egoísmo.
presta á fisionomia uma digni- bate interior, não fez transbor- bra e luz", para chegar afinal
dade recolhida e nobre. Adqui- dar no ódio e no despeito a sua a uma relativa harmonia de li-
Friamente contempla'o desespero e a roso,
rindo aquela expressão serena e humildade inicial. Aristocrati- nhas e a uma serena expressão
mansa dos últimos anos, e!e li- zou-se silenciosamente". "O seu fisionômica de superioridade e Custa do colihrí, como gosta do verme,
berta-sc de toda submissão heroísmo está neste trabalho distinção. A fisionomia de Ma- E citiRC ao coração o belo e o niVniüIruoso.
étnica, e é um exemplo vivo do de libertar-se da sua classe, chado de Assis, que lenta e
domínio integral do espírito so- nessa tragédia surda do **spí- gradualmente se apurou e con- Vara cia o chacal c, como a rola, inerme;
bre a matéria. Conseguindo a rito que se eleva, na distinção formou an longo dos anos, nu- lí caminha na terra imperturbável, como
libertação pela cultura, ele des- pessoal, no desdém de ser ma marcha tranqüila para a Pelo vasto areai um vasto paquiderme.
liçiwse definitivamente não só agres»; vo aos poderosos e feli- ar istocra ligação das formas,
dos comprom ssos sociais e zes". Como se deduz do exame apagando todas as marcas da Na árvore que relwnta o seu primeiro gomo
étnicos eom a sua origem hu- dos seus retratos, libertou-se da raça e da origem humilde, tra- Vem a folia, que lento e lento se desdobra,, ,._,.
nilíde e obscura, mas até dos classe, da raça. até da forma. duz assim "o labor incessante Depois a flor, depois o suspirado pomo.
compromissos físicos: torna-se Guardando embora no rosto e da cultura na matéria untref-
fino. polido, claro; estira e na alma a sombra suave das sal", e o grande artista dessa pois essa criatura está em toda a obra:
brnnqueia a pele; atenua os lá- melancolia» da luta, tomou, mor- transfiguração "foi o Tempo,
bios grossos, os cabelos crespos. folófílCA e espiritualmente, um sutil e infatlgavcl". A serena Ocsta.o seio da flor e corrtnn|>e-lhe o fruto; ¦'/.
o prognatismo. Todas as in- ar de infinita e natural no- harmonia fisionômica de Ma- E é nesse" destruir que as suas forcas dobra. .1
tuencias que estavam na raiz breza. chado de Assis, nos ílthros
da sua vida — a côr. a pobreza, E essa silenciosa aristocrati- tempos da sua vida. como do- An» de igual amor « |>oluto e o impoluto;
a feiúra — todas elas ele as do- zaçáo processou-se tanto no cumeirtamos com o estudo na- Comei;» e recomeça unia perpétua lida,
mina. recalca e vence. B para plano espiritual como no plano ciente de sua evolução Jeono- K ííõrríiVlo obedece ao divino estatuto.
eheaar a psse ponto, que lomta somático. A flor humana, nes- gráfica, exprime a segurança e Tu dirás que é a Morte: eu direi que é a Vida.
e silenciosa viagem! Oraça te ser estranho e. surpreenden- a alegria dessa vitória.
Aranha fixou esse roteiro se- te, foi um supremo esforço da MACHADO 1>F. ASSIS!.
neto com muita penetração e ctvMWseão, da cnHnrn e do es- Rio. 24-IJC-41.

A obra de Machado de Assis, o morto terrível, que é a mor.


"Memórias Póstu- Viana te propinada em conta-go.as.
¦ partir das
mas de Braz Cubas", não se ca-
racteiiza somente pelo seu alar-
Sobre o pessimismo de Machado de Assis- Moog Ferido no seu orgulho pel»
mal que o aflige, Machado de
Assis vinga se derramando so-
niante sentido de destruição e do s;u
bre a humanidade a bilis"splecdi-
nci!Kiivismo. Distingue-a, mais contra as visões macabras que picio ao surto de melancolia, epllepsia e a tristeza a interpre-
a tentaculizam, a vigília entre- não é suficiente para explicar personalidade d»
tação total da"Não humor, aquela mesma
abmiante ainda, uma tonalida- ' da bilis" de que era feito o au-
dc nvariavel de tristeza e me- cortada de pesadelos, a angústia esses pensadores doentio* de romancista! é impiedade
sem "intermezaos" de alegria a denunciai lhe a epllepsia", dis mor do atormentado Swift O
lancolia. Por detrás de sua apa - aniquilamento na obra de Ma-
homem que proclaenava, ao iei-
rente impassibilidade. sente-se ágitar-lhe os mais intknos re- chado de Assis. O contacto assi- com autoridade o sr. Afrãnio
çessos da sensibilidade, davam duo com os volumes de Sten- Peixoto, porque no seu entender mo da primeira fase que."?.!;;«-
que palpita uma alma em crês foi esse o mal determinante na ma coisa se salva ao nauír>.-;i>
estile exacerbação de pessimis- nome ao mal de Machado dé dhal. de Flaubert ou de Shope-
•no. Pertinaz, continua, a triste- Assis. Era a epllepsia. Dlagnos- nhauer, a leitura habitual de transformação do seu gênio. das ilusões", transforma-se nu
za que satura as páginas da úl- tico cruel, mas irrecusável. Alem Swift, de Sterne e de De Mais- Sem aceitá-lo. o sombrio humo- justiçador dos homens « da «-
tlma fase está a denunciar que de que. a eclosão da neurose e tre. não bastam tambem para rista do "Oom Casmurro" tor- da. Na vida só vê a ínantdade e
as suas crises intermitentes na Justificar a mudança. Só a neu nar-se-Ia misterioso, absurd), a imperfeição imanentes. Nos
alguma transformação violenia incompreensível, como incom- homens só vê as imperfetçó.-*
se operou no espirito do escri- viam sido inequivocamente te*- rose explica a intempestiva
tor A («ravidade do caso e indis- temunhadas era várias oportu- transfiguração. E mesmo que « preensivel afigurou-se a Lemat- 3eus olhos não descansam, en-
íarçavel. O tormento das àilacs- nidades. não pretenda faser da critica tre a tristeza de Maupassant. quanto não surpreendem em
O ceticismo por si só, apesar um capitulo de patologia, força. antes de penetrar-lhe a causa flagrante a deformação de ta-
rações interiores, a lmaginaç"0 oculta que não foi outra senão das as coisas.
que já se não pode defender de ser o estado de espírito pro- é procurar na conexão entre a

A GRAFOLOGIA DE MACHADO DE ASSIS


metros. Não é tão pouco o seu xiliada uma certa figura excessivamente encurtados, das
Pelo gratálago JOWER ITERENZ "roprend porde dessus". Essa sua palavras: estas, porém nâo se
espirito sequioso de cultura. Ele
"Jornal
do Brasil" de 13-10-1907) não tem ambição de saber. Es- finura mescla-se ainda de di- agarram nem se apertam mui-
(Publicado no tatnos aqui tratando com um plouiacia e se não ha de re- to contra as outras, de sorte que
simples que leva ao extremo a cear dele uma deslealdade, en- temos, em vez de avarento. um
O -Jornal io Brasil", ie 19 d« tanto, inegável, é a lucidez de sua simplicidade e que não tem tretanto sabe. quando é preci- econômico que gasta metódica-
outubro ie 1907. publicou um estu- um observador a que não faltou ambições di-
do, com o («trio acima, auieeaa outrossim o dom da intuição que profundas de quallda- so, velar a verdade com evasí- mente, conquanto se possa res-
Tra- rege até o senso poético e in- de alguma. vas e rodeios que nunca irão zer que haveria neste ponto
pelo gra/ólofo Jomer doít' Erera.
leitura de»- de encontro positivamente á trlções a faser. Em todo caso,
tapa-se, como ae vê O espirito é todo feito Um dos seus característicos ê verdade, mas que não a dei- não temos indícios precisos para
m página, ie «mo «r_ru<« analise ventivo. de ponderação, reflexão, razão o ceticismo prático em tudo e xam transparecer completa. E' concluir, pela desorganização
psicológica tio eteritor. equilibrada e le-
O trabalho nao pode ter e*m«i- perfeitamente aceita aa coisas como elas são e nem todas as verdades se possivel do orçamento tanto,
Ão, ioda t»« que « trata de recom- vando esse equilíbrio até a exa- nessas disposições exerce tran- que dizem, e ele acha que, nos ca- mais que o sr. M. de A. não é
titiiir a figura mental e moral ao geração visto que o seu instinto quilamente, mecanicamente, as sos que lhe tocam, deve ser o um generoso e antes pelo con-
homem raro e pmetigwio «se «- de prudência é todo feito da suas aptidões. O seu ceticismo próprio, juiz do como deve pro- trário um egoísta que ss defen-
crenew íenta» obrát primai ie w»- mais extrema reserva e da fá-lo «nisantropo, mas amável, nunciar-se. A sua reserva é de calado e seguro,
sa literatura. mais cautelosa previdência. A sendo no fundo um indolente e completa, e se apanhado em „,.„.„„ -utA_
O Mi»*» io gra/ótogo lower cultura, porem, deste espirito um fraco. Essa misantropia completa, e se apanhando em ™ ÍS^JSL^f.5^^™«!
i- Srenz loi /«Uo nobre uma pagina não é completa, quer dizer, não amável evita o sr. M. de A. indlsereção, como acima se dis- «faí» '°1 ««rito haviajtepre-
uas "Memórias Póstvnuu ie Bras^ que
Cuba*'', â fotografia atava ;¦ está na Orazão direta da intell- seja um satírico. As montas fe- se. netanão contiua e sabe re- ^f0 a° *?"»
sr. M. de A. é, no rinas que aguçam os cortes dos ter*! a tempo. Jn"enta«ar
^."1
emiMlidecida, entoe ponteei re- gencia. «*° »"» nSo *» »
produzi-la. fundo, um rudimentar, quanto a seus "tt" perdem toda a morda-
Imtm cultura, e isto não só porque cidade ter diante Não é um enérgico, nem um no sr. M. de
Remetem», por iuo, o pa- que podiam resoluto. Não o é um forte. O . A .sensualidade
ra o oriflna! te HocHaio de AM" supre o que não aprendeu com das curvas do traçado e da «no- A- **° P"°omm». ,.___« .« „,„.._.
»lno» «»•„.,_.
«us aparece e mutua iat pajnie» ama faculdade admirável de lew de alguns traços. que faz a sua força é a metodl- como ha, alias,
— a ¦fae-nmOe timt- íacão r*rseverante da oouca Predominasse,
Çonclue-se dal aio a sátira, Zmff*STní «Io J"dSÍ *-*£¦• ^r^nf^ramo
iettt suplemento apreensão e porque a sua
ie aaa carta — «o (.«««ante e tao dez que o pôs hesitante e pou-
deicHlpalim laia ela — enviada a co ousado o paraliza fatalmen- que não é possivel com este perdiçi e «be temperar a sua » ™*fi*<%,°,jl^JS""8
João Biíeiro, «if 23 o> /«mereiro ie temperamento, mais ao humo- ™rde'. 1^S^STÍS
te no convencionalismo, no rismo, homorismo que não ha Vitalidade, de maneira que nun- FS£
1905.
no hábito, na comodidade ca tendo de se mostrai resolu- J" nde J™ *?££¦ l"^,0™
A inteligência do sr M. de A. do convencional, do aceito, do nada de agressivo, mas que um to nem enérgico, para o seu gas- » P"«W»« mUá* ? "1!>r«'nle
gesto,
larga» clara, aberta, viva resseu- admitido. risonho e amargo pessimismo to lhe ". basta essa sua perseve- dos sentidos, e agindo sob essa
te-se do seu nervosismo e de se cont-en-
tempera. O sr. M. de A. é pois ran «nsta^ SuSESZ V£S^7£££' fa
uma certa inibição física que K' um homem que espirituoso mas não desse espiri- de equilibrada. Assim como no- independência ™mP»ç«bi de
lhe obscurece o horizonte inte- ta com pouco, não pretendendo to epigramático e incisivo que tam^ a rotina d. inteligência, •« - "«• * SSSS. t
lectual e lhe limita a per- descobrir AméricasA nem atirar ataca e corrige, mas maiisaoien-
cultura ru- te brincalhão, e logo arrenpendi- agora Ele notamos a rotina da von- recalcitra contra o aguilhão. B'
eepção íntima das coisas. Des- lanças em África. tade. age como deve agir. "*» ""•.'"íg?^
taça-se desta letra uma fcnpres- dimentar e o equilíbrio da ro- do de qualquer excesso nesse faz ó oue deve fazer ns s-us diu ndR e fcita- nao tend0 «.?™ 'u*m °«
são de rotina e caturrice mis- tina, que o fazem ordeiro, me-
ser particular. A imaginação tam-l"Z£?JzelZ£ cu.eim" !isri1enCtrrend0 "^
turado com uma simultânea todio». e perseverante, sem M. bem aqui, não corre a rédea sol- sem imprevistos e pode-se com- mollar a nin»,«'m'
impressão de atividade for- enérgico, impedem que o sr. o ta mas c um aerostato cheio de parar a sua volição, a um regato Terminaremos com um ultl-
ça perseverante, tornando esta de A. seja conquanto possua lastro e que mantém não muito desliza manso porque o mo traço, para dizer que este
naturema toda feita de semi- dom da invençãosuas e da poesia, longe da terra á"seu "guide-rop" que declive é suave, sem reservado e este modesto i um
pedregulhos
tons e de claros escuros forte- um original. As produções preventivo.
cunho da que o obriguem a encachoar-se suscetível e não deixa de se
mente acentuado por vazios, não tiveram jamais ofundo nem O caráter do sr. M. de A. e e a procurar romper barreiras, sensibilizar com a lisonja. Fi- as-
traços de timidez, reserva e novidade, nem no A sua força é a força do ha- sim como com a censura.
sendo tudo isso en- na forena, e como a sua inteli- tambem complexo. Perfeita- bito adquirido e não ha nesse nalmente, digamos que a sua tt-
prudência, pó- mente leal mesmo franco, in-
xertado num caráter de bonho- gencia é de primeira ordem,vários capaz de uma dobrez, mesmo al- caráter energias possantes, co- midez e não o essa impede de ser vai-
mia nativa, que não se deixa de-se deduzir que, nos não nessa inteligência su- doso vaidade gosta,
senão raramente abordar por- gêneros de literatura conhecidos guma vez provalvenmcnte indis- mo que
blimidades nem profundezas, sem mostrar que gosta da exi-
que ha nela aqui e ali espinhos e admirados, o sr. M. de A. creto apesar de sua prudência, corrigi-se, Economicamente, temos bicão ornamental e dos aplausos
brilhar como ele logo se emenda, quase
que habilmente se escondem. pode facilmente entre o» pri- remenda-se, e sua reflexão au- um avarento, dados o* finais da platéia.
A lucidez intelectual é, no en- um dos primeiros

^^^^^.
MOINA lit — «UPUiMRN-rO l.lfTllAaiO VA MANHA DOMINA». H-H-IMI' ¦"•^t.

AS REMINISCENCIAS DE UN DOS MAIORES AMIGOS DE MACHADO DE ASSIS


Bernardo ie Oliveira foi um os leitores hão de encontrar, bonitas, minhas conhecidas, |Wt- Fui e voltei acompanhando ríamos outro processo para des-
dos maiores amigos de Macha- lendo essas páginas, » mesmo ia salier o tpie havia em relação as senhoras. )ku-1io si-ii. lí à n.issii n-sposta
Ão tíe Assis. Funcionário do Mi- prazer que nós encontramos etn a uni que nào, disse que. lamentava is-
nistc'io da Yiação, onde chegou divutyà-las. processo <pic interessava Ao ver-me entrar com tias.
a uma delas, Machado vciu recebi-las uo so, porquanto, se nutro houvesse,
am mais altos postos adminis-
tratnvs. foi ali, durante vinte ver tpie o processo meio da sala. haveria o pretexto para unia
Fiz-lhes
«nos, companheiro de Macha- subido, naquele mesmo nova visita nossa.
havia
sto de Assis e de Arthur Ateve-
tio. Gozou Aa confiança t da
Lembrança dia. ao diretor-tfcr;i!, sr. Ma
Deixei-os à vontade.
Quase uma hora depois, vol-
P» mn> depois de me haver
chegado às mãos o processo
intimidade de ambos. ebado de Assis, para despaelto, • aram as senhoras ao meu £.i
desjtachado, fui ao gabinete tle
Conhecendo essa circunstân- de Machado de Assis e ijue estava em ordem; deven- binele.
«Io baixar, provavelmente des Então, até agora? Koram
Machatlo. |>edir-lhc descul)Kis
tia da vida de Bernardo de Olt- |K'lft lempo — tp.ia.se uma hora!
veira, e sabendo do grande Bernardo ée Oliveira j»aehado, no dia seguinte, como item recebidas? — qur lhe tomaram as minhas
«mor que nutre pelas coisas li- sem|M"C acontecia ein casos iden- Oh ! Magnífica ti tente bun. apresentandas.
terárias, insistimos compele pa* Velho funcionário do Minis- ticos. Fez-nos seiitar e palestrou mm- — Pois filhe, disse-me ele,
ra oue, saindo um pouco dessa
modéstia enorme êm qne tem té riu ibi Yia<ão, onde Irai talhei Moravam, como eu sabia lt» conosco, contou-nos ;ité ant- - e
não senti o 1eni|»-> passar.
sempre vivido, nos desse as suas durante ((ua.se meio século, sul) (disseram-me elas) nas S*tf ¦l«»tas. Despachou tle pronto o
; assou tão <lepress:t. . . Ou;m-
temmiscènvias sobre aquele pe- a chefia direta ile Machado dc Ponifs, em Niterói: não seria ;iosso -
píoão de sua existência, possa- Assis e Artur Azevedo, aquele, papel e disse tpie ia nton- do tiver desta fazenda nã»
4o ao lado de um dos maiores possível obter o despacho do dt- <iá-lo já para o senhor. Ouan- faca eerimónia, traga, traga,
diretor geral e esle. diretor <lr relor n;,i|ncla mesma ocasião. do vciu acompanhar-nos até à eu terei minto
vultos da literatura rio século |ue prazer cm
secc,ão, cotn aniltos privando na para evitar-lhes a volta ao Kio,
passado. Bernardo de Oliveira porta, perguntou-nos se não te- rece!*ier. Tem carta branca.
— o Major Bernardo — ê, no maior intimidade, como funcio- nrt dia seguinte, o «|ne lhes se-
teu recato, um poeta senswel, uário e tonto amigo, poderei, ria incômodo, alem de dispen-
ale discreta e verdadeira emo- st.Ure eles, tli?er alguma coisa rtmso? "Mandasse o continuo
fio. Irmão de Alberto de OH-
veira. partilha ele com todos os sem maior esforço de memória, anuncia Ias, experimentas»»*. .
a*us irmãos aquele me?mo sen. .imito eniliora esta já esteja tini Não, disse eu, se mandar MACHADO DE ASSIS E ANATOLE FRANCE
Íimen'0 de poesia, que tão |muico embolada, não somente n contínuo, o diretor dirá No dia 3 de abril de 1909. na Ali se encontram as palavras
abundantemente transparece e que
]K'la es|nmja tia idade. que tudo não, pois não gosta «le receitei* Sorbonne. em Paris, realizou- eom que Anatole France abrira
na obra do ilustre poeta vai
ftilíie"Nutalia". alagando, conto tamltem senhoras; irei eu mesmo, se a "Fe.sta da Intelectual ida- a festa; a esplêndida conferên-
tie )*.dtr- de Brasileira". Organizada pela cia de Oliveira Lima - tre
anos em que lhes disse o íbe Machado de Asiss e *u-
Diante de nosstt insistência. )*dos que as receba. Sociedade dos Estudos Portu- >a
Bernardo de Oliveira dispôs-se meu último adeus. f: lui. guises de Paris, com o coneur- literária"; uma pequena anto-
a escrever alguns capitulou de Sobre Machado iwKÍerei nar- so da Missão Brasileira de Pro- logia, em tradução (raiuresa .e
tuas memórias. S hoje publica- rar. no momento, mw Pi tis não, disse-me Ma paganda, teve a alta presiden- Vitor Oiban, do trabalhos do
mos fl primeira de suas páginas pequeno cia de Anatole France. grande escritor; e páginas so-
episódio ali ocorrido, natpiela ehado. Falaram. então, Anatole Fran- bre Machado de A.ss s asisnadas
âe recordações de Machado de
'Assis. Sela Secretaria, )>ouco£ meses antes Nesse caso. voltarei ja. ee, Richet, Oliveira Lima, por Alcindo Guanabara, Rui
encontramos um «de Pina. era mhvs- Barbosa, Salvador de Mendon-
Gabriel
traço curioso da psicologia do do falecimento datpttte meu «mi- cmwi elas. Olhe, o proces?»» 4 tro do Brasil emqueParis, e Xa- ea, Euclidee da Cunha, José
frunde escritor — aquela ft~ doso amigo e chefe. este am.ii; trata-se dc uma após
vier de Carvalho, promotor da Vciíiwimo c Magalhães dc Aae-
Hcidade que ele encontrava na Unia ocasião apareceram-me ida; t um caso tle reversão, e comemoração. redo.
companhia das senhoras... ;*s>tà etn ordem, Encerrando temi trabalhos, Em uma de notwas colunas
no Ministério, onde ru era. e#>-
Bernardo de Oliveira prome- foi Louis Mi- "ije
lndWpwi-Hir o publicado por publicamos a bela página
H-nos novas páginas ie lem-
mo (ni durante muitos Mitos, pwee-wa. «r* ehanaj cm Paria, em IM9. tam Genie Lattn", com que Anatole
branca? de Machado de Assis c encarregado do Montepio, trei *ptal es-tava um minha j>asla, so- livro intitulado "Machado de Franec saudou o gênie de Ma-
4e Arthur Azevedo. Cremos que «¦emWas. todas irt+iis. inovas e bre a sua mesa. Amís et son oeuvre literaire". crwido de Aasi*.

Uma fotografia de Machado de Assis com os seus amigos

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¦ .m^^tWkWíÊVÍttÊ
:,v'.;>4M:fflmm,-^MmiT-&^^^ AAíí'A-'-1'Avvvva<:v.AvTAí*í!^^^Ê^KU
\mAmTmÈAAvAAAAAv>---,v..^Am
Farm homenagear Lucio âe Mendonça, os seus amigos $* reuniram com ele, num almoço. Foi feita a fotografia que anui reproduzimos. Veem-se de pé. da esquerdv para m
shreilt: Meéollv Amvnt,.. Artur Aiereio. Inalei it Soma, oloim íifoc José Veríssimo. Souza Bmderu. FUInto te fmliki. Gv ¦¦*•¦¦ ¦ Passo: Huietfr UernmrieU, Vatenlim
Mflhmn, JKtdrtyo 0/m*i « Heitor PeUoto; sentados: totó UM., Jfwtade ée Astu, túeio it Mnsimtm « Silm *o»«*
DOMINGO, n-ü-IMI •vplcmcnto umumio d*a manha — pagina iu

MIGALHAS INÉDITAS
Foram de poela o* primeiros metros versos da "Marmota' Amaro, \t>,r exemplo, já está
TRISTÃO DE ATAIDE
insistência de amigos que en-
fila Academia Brasileira)
Em fins de 1893, no número
ensaios e os últimos lampejos a publicação do seu primeiro li- em germe nesses bosquejos su- tendeu reunir os seus p>einas 2 da rua Cosme Velho, poucas
«lo gênio de Machado de Assis: vro que conta: iis "Crisálidas" tis. que faziam prenunciar, em esparsos.
"Era minha intenção casas abaixo da de Machado fie
¦ ic 1864. Nele deixinl dt lailo "*o le-
Quando, nesse memorável dia pleno romantismo, os novos ru- :la-los nm dia". E reunia, então, Assis, fòr» transmitido
16 de janeiro de ÍX.VS, desferi- >s primeiros versos escritos coin mos da poesia brasileira. Ma- aos três livros anteriores, os j^ado da miséria humana" a
" '¦',
ra ele na Marntola", do seu pena de adolescente, ao fogo mais um carioca. K essa crean-
chailu <lt Assis (oi o grande ia- |M>emas que escrevera entre 187Ü
amigo e animador Paula l»nlo, dos primeiros arrebatamemos c,o de união poética entre o ro- e 1900 e a que flew o non»e mi- ça ia ser batisada no .dia 27 dc
*u inicio tio mais belo voo liie- tle autor, ao mesmo tempo lasci- "Ociden- '|nc
inanlismo e o |>arnasianisit»o. pessoal e impreciso de janeiro «le 1894, no (lia cm"casa
rarin *\r nossas letras,— era o vo t. sejilimental. Eram versos Ouando começou, a surgir a ge- tais". nessa mesma já velha
verso que recebia a -ua nascen- impregnados de romantismo, e** ração imrnasiana já encontrava, Nele se vinha refletir a figu- .uul" ia celebrar-se o easatnent©
\t aspiração literária P.ra um ntritos quem sabe sob a inspi- em seus livros publicados e nos ia definitiva do romântico ul- le uma jovem de 16 aitos —
"A
Piwma romântico, Palmei- ração desse caixeirinho inspira- )>ocmas que de raro em raro irapassado e do realista desilu- lulicta Peixoto da Silva, irniã
ia", escrito a (> de j;ineii'o, e as- do, que se consolava do balcão pro*lnzia, os delineamentos da dido, «pie envolvia os homens dc minha mãe, com um rajtaz ti*
Mnado apenas Assis, mai que comercial nas reuniões do es- nova poética, que estava conti- t as coisas no manto do sen ter- 21 — Alfredo Loureiro Ferreira
Indo faz crr.r serem dn próprio. critório tje Caetano Kilguei- ta ba muito nas entrelinhas e rivel desencanto. À musa, alta Chaves. O batisando figurara
"dou-
Versos dirigidos a uma ras: Casímiro de Abreu. 'Jue mesmo nas linhas desse evadidtt e serena, que alcançava enlão no próprio cortejo do casatmn-
zela" que lhe não fora fiel: teriam sido os versos do poeta do espiritualisnto romântico pa- a marca definitiva de sua ex- to, na matriz da íílória, no !-ar-
" Amei!. ,. mas neyra
paixão das " Primaveras" st livesse ra o cepticismo realista. pressão perfeita e inesquecível, í<o do Machado, sob o olhar es-
Perve.rtrn o coração vivido o que iria viver o seu l'ois esse cs v as ia n tento de es- em alguns poemas, como a jwníado da assistência. Ao che-
companheiro de conversas líri- "Mosca Azul",
Dessa imagem de candura! peranças que marca a passagem que iriam ficar yarem em casa, cujo jardim to-
Soíri então dor cruel eas. nesse Kio remoto e deser- <Ío romantismo ao realismo — è para sempre na memória dou ra todo iluminado a copinhos »Ie
Sorvi da desgraça o fei t<> "lc 1857, ann cm inie volta- que vai também marcar o ter- pósteros ~— refletia não mais as azeite, como nesse tempo ainda
St»i vi trafus <raiiiarKtira". ra «lo "exílio" n poeta dos ceiro e último período da/poê- |taixões do inicio ou as ale- se usava, e depois da refeição,
"Meus
Versos de amor. versos de oito anos'*, tiui maebadiana qi»e representa* grias descritivas da mat ur ida- ouviram os convidados uma me-
adolescente apaixonado nesse Só líi-us salte se a sua musa mos com as datas fie 1900 e dc e sim uma filosofia negra da nrninha de seis anos incomplc-
momento em que ;i mocidade ;->c não leria iainbe.ni, como a de }'J07, mas que começa bem antes vida, que ia exprimir nessa pá- tos, minha irmã Abiyail, recitar
"partidislas" tia "Poesias estas quadrinhas que Machado
dividia e.m Ca- Macahdo, sofrido as variações Ja publicação de suas gina genial, soberba, sombria e
saluni. ria Charlou mi tlu l.agniii do gosto suCõssivn. ( ompletas". solitária — *'No alto", que cot- de Assis escrevera, a pedido dc
cniiHi alguns anos antes st ba- "Pn- íjuando em PAIO o próprio responde na sua obra poét ica meu padrinho e especialmente
Cinco anos de()ois das
tiam. em jornalecos efêmeros
mu veras" e seis anos atiles das
Machai-lo preparou o volume dc ao látego desolado coni que íe- para essa solenidade*
os
"orsalisias" e "monianistas',
"Espumas -ua oi ira poética inlegrtil, con- chára. anos antes, o seu "Biaz
1'lutuantes", portanto
jarliilálios ilas anislas Orsal r em pleno romantismo, surgiam
ítssou que não íoi jqjenas |»r Cubas". Por ora sou pequenina
Mníani, 1855 foi o ;mo em qne "Crisálidas" Mas. quando e%i tamlxjw ereseef
essas tão difere»-
Tltallterg fer delirar as platéias ies, lão (K-ssoais, pm que os ur- lia «le vir uma menina
<W> Lírico; íoi o ano que viu o
primeiro trilho da listrada de
ferro Pedro II, como assislra
nmlfos da é|xica e o fervor ?!«
mu tcmpenimenlo arrebatado ¦«
NO ALTO Dizer o que vou dizer.

"l-i- vibrante já se envolviam minta V©m dizer, m>ivos amado^


à mort* <U) vellto poeta da f> poeta chegara eut nltit do montanha,
f-xpressào comedida e pr-fewa, Qh€ é df>ce e consola*lor
herdade" — Alves Branco e iio o
Jfi qnamio m a descer o vertente dv oes>tt, Wr assim <lois namorado*
que anunciava grande prwáa-
jovem e desesperado lírico das Viu nma coisa estranho, .. Coroando o s*.*h amor.
"lns]»»r»n:ões dt> ( kmsir»". d*-»r ile mais larde. Machado
Umo figmo má
«jwrecia, ao conirário de lotU-M
1-Crn de apatia e indtíei'«¦>*,*» os spus companheiros de gera-
Rntão, v*4v*mitt o oHutr 00 sutil, oo etkstt. Cawr é lei preemsa;
pelas letras « ambiente que a
"1'crstújriea" cão, não como pissuido por nma Ao graciosa Ariel, que de hmxo o atonponho, Casai, amigos, casai.
dr l'anla Hrthi
inspiração arrebatadora, toas Heijii-flor casa eom ro^k
Num tom medroso e ogrest*
procurava em vão animar e a como gnia vigilante dc titw gé- Mamãe casou com papae.
«fite » adolescente |>au|>érrno« e lJe,imnhi o que será.
nio lírico, cujo fervor e cuja
desconhecido ia em pouco e;w- contenção produziam logo *le
Como se perde nt) or um som festivo 9 éoeo, Tttr isso, a viva alegria
prestar o ardor de uma |w«ixão inicio uma das obras primas
literária indomável. Eis, por imortais de nossas letras — os
Ou l>em eomo se fo.*M Qu* nos enche a todos Mü
"Versos Um pensamento r»ào, )¦" ser este grande dia
por exemplo, como uma |«quc- a Corina".
lia revista literária da éjroea re- Muito maior para vós.
o A essa fase dc fervor c arre- Ariel se desfez sem lhe dar mais resposta.
gistrava quatro anos antes
"1'llimos Can- hatamento românticos, da ado- Para descer a encosta
aparecimento dos Eis aí fica o meu recado
'Aca- íescéncia e da primeira moci- O outro eslendeu-lke a mão.
tos" de Gonçalves Dias:— Adeus. Se (ór para Item
'lailr - »le lS55a WA — suce-
Ia cie ser mímoseado o públic > Que eu veja ri casal casado
• lc a segunda etapa que sr es- Crescendo, caso lambem.
brasileiro com mais um volu- "Palmas"
tende das de 1X70 as Essa negação desoladora ia calhas. A essas, que ofereço
me de poesias do sr. Gonçalves "Americanas"
dc 1X75. levá-lo ao silêncio poético. K neste dia. quero-as bem por dois
Dias. Este gênero de publica- Enviando os versinhos encaiv
Wssn vida sc indico como data final dc sua motivos. Primeiro, por serem
ções. tão raro no lintsif, qn;sn* precoc emente tadores, fazia-os acompanhar o
do são como as deite sr., devia amadurecida, em que a inten- evolução lírica, não o inicio do desse Machado de Assis que
nosso vizinho dessa outra qua-
¦•idade do gênio e a íragiüdiule século mas 1907, c que nesse ;mo nmito me fez sofrer, pois lhe de-
ser saudado pela impren^i pe- ¦»o, em dra, a meu Padrinho, que coni-
da saude fizeram precipitar o 1 Saudade lhe abriu dc novo o grande parte, como aliás
riódica cnmo um nconteciiiun- piei a deliciosamente o rama-
tempo em sua marcha orgàni- li ração. K, depois das ne^a- toda nossa geração., o sorriso
In glorioso para o paiz. Mas 1:1- "Ocidentais"', de cepticisnío com lime:
felizmente nãn foi assim. A im- ca, representa essa segunda fase i;òes terriveis das que entramos
a morte da esposa querida como ]«ira a vida^descrendo de todos
prensa tornou-se um mar es- poética a maturidade do espíri-
•o. .A humanizou dc novo esse e de tudo. Depois, ]ion|ue se Marinhas,
tagnado, aonde apenas sc lhe ri- poesia então se cxterioii- que
¦;i. Perde a nota ingênua e ai- triste mas intrépido coração. E trata de tunas quadrinhas inédi- Ahi vão cinco quadrinhas
volvem no fundo ídgunias pai-
'lente dos primeiros versos. As- abriu-se nessa flor derradeira e ras que foram recitadas... no Para que a flor fias sobrinhas
xòcs mesquinhas, das misérias "Soneto
suine um ;ir mais grave e mais maravilhosa, nesse a :1íp (lo meu batizado! Recite. .Adeus. Sé feliz.
políticas ou das rixas indivi-
cum enlaçou, cm O teu.
duaís. esquecendo-se desse modo mv(N>. Keflete a>= alegrias inti- Carolina", que
"Relíquias da Ca Já contei, um dia, que mo-
•nas do noivado feliz. E !'*07, as suas rávamos perto da casa que por Machado de Assis.
a inteligência". (O Corsário — pro-
-¦ura aconi]»anliar a nu»Ia india- sa Velha", c que è o fcclv» 111- lautos anos abrigou e onde
15-3-1851).
Nesse ''mar estagnado" c nista, sofrendo a influência di- ("omparavel de tuna obra totln morreu o grande velho sempre Eis aí como me sinto, desde a
"Machadinho" ia solta* reta ile Gonçalves Dias. Macha- fia dedicada ao amor das boas moço, em Cosme Velho. Meu mais remota infância, unido a
que o
as velas de sua imaginação exu- do respeitou, e mais do que is- letras. Não o cito aqui .pois cer- jKidrinhn, Antônio Martins Ma- esse homem misterioso que, ai-
berante. Se em 1908. — ao dc- so, amou aos dois grandes co- lamente Mucin l.eão.o transcre- unhas, que vive em meu cora- .guns anos mais tarde, já meni-
volver ao pó o que dele recebera rifeus ilo romantismo, em pro- verá em lugar dc honra deste ção como vivem meus pais, era no, eu via descer, à tardinha, so-
« a Deus uni grande gênio que sa e verso -- José de Alencar número dedicado, em boa hora, amigo d*1 Machado de Assis. litário e triste, a nossa calçada»
»*¦ rebelara. — deixava na sua e íionçalves.Dias. Foram os nu- a uma memória que nunca, nos Amizade de vizinhos, que alias todo de preto, com os olhos pre-
esteira uma palpitarão literária mes de sua mocidade literária. rançamos de rememorar. faziam anos 110 mesmo dia, o íjadns no chão. Era à hora em
oue viera dia a dia se afirmai.- K p>r mais que deles sc di>t.*n- Pois bem. a essa comemora- que provocou fia parte de Ma- que os gramados cheiravam a
do, no mais impressionante dos '.Hasse, p>r eles sempre manteve ção quero tamlieni trazer o meu ¦.hado uns versinhos, que chega- terra molhada, pois o rejratW
"crescendos", — o mesmo fervor dos primeiros raminho de violetas, como o ram até a mim completamente do jardineiro por eles pissara
a ele mais do'
f|iie a ninguém se'devia essa es- ;empos, que nessa fase central dessa inglcsinha que ha trinta mutilados e que diziam mais ou vrazendo a caricia da á^ua Ires-
"Ambos nascemos
panlnsa nintacão de cenários. O de sua poética é mais visível en- anos vi no páteo de Verona, jiin- menos isto: ca às folhas cançadas do sol ar-
poeta se desdobraria. I^go de- tâo e sintomática. Nem por isso to ao túmulo de Julieta, e que juntos. Ambos no dia 21 de dente. Eu respirava com fervor
pois. 110 maior prosador de nos- deixa de vibrar, nesse período. ta levar tocantemente a sua ofe- junho abrimos a altorrecida o cheiro da terra húmida. ehei-
*»a terra, mas nunca deixaria de a nota pessoal e inconfundível tenda humilde ao poema imor- Htoradeira, qtie c das mães ettr- ro de viço e de vida. E olhava,
"Fale tal ile amor infeliz. E' também na melodia. Amltos aprendemos a medo. o homem de olhos bai-
voltar com fidelidade à forma de sua poesia. Era. nas
inicial de sua expressão. ras". a "Lira Chinesa". Obset- muito humilde o meu raminho de a ler e a taboada. E tal conto xos na calçada, que mandara
Três etapas sofreu a evolução vim Mário Matos, com razão, violetas. Mas foi colhido uo cresce este soneto, crescemos \ersos jwira o meu batisado.E
de sua inspiração poética, que que esses versos, com ligeiras próprio canteiro do nosso poe- juntos. até hoje o cheiro de terra mo-
modifica <ões de ordem simples- ia. Os poetas vão deixando cair, lhada nas tardes quentes dc ve-
podem ser expressas por seis
«laias: 1855-1»H; 1870-1S7.Í, mente tipográfica, seriam hojt ao longo «le sua vida, essas pe- Como se explica então, meu rão f o homem misterioso e
"gtovinrto"
1900-l'JO7. .incluídos, snn esforço, entre qncninjis migalhas do seu ban- sombrio «los tempos do Cosme
£11 já grisalho t lu cabelo pre- Velho, vivem juntos em minha
A primeira -marca « inicio <i* poemas d*» nosso m»tderui*tm>. quete._ E os honíens vão var-
aua vida literária * vai «Ue pri- O oriental»»» d» sr. Auslen remb «u rotuüwiido essas m- Sau»Ja»»t.
¦."T.t:
.<.) <>)¦¦¦ v.u ¦•¦¦¦¦¦ /^TTFTTT*
pp^W»rr^iiwiPTnn*'"''».y"»'TI"^'»'rl'r'»' u. p >¦'¦•¦>.!- * ¦"¦¦

BOMIN00. M-S-INt Pf5»


PAGINA lll — SllPLIlMUNTO I.ITKRARIA l»'.\ MANHA

Somòra e /uz na g/ór/a c/e /Hac/iac/o c/e As/s


/ edição fi ancesa de DOM CASMURRO, o prefácio do sr. Afrânio Peixoto
um trabalho me dito do admirável tradutor Francis de Miomandre
F íüs&SiSu TZT^z^ro ^zt^it^i :a::sf:
ver enquanto houver homens
que se lançam à vida, que tinia
esperam e que depois entre ns

«eZ^r^r^-. ar. ft^r=s a s sft«^vr 3>^E£


Finalmente, o grande romance burocrata, trabalhador manual lham no
"eterno", longe ao tecia do ««do,
curta ias
«Janta
de
seca
«pirito
que pouco. A vida tal como cia è,
tão dolorosa c tão querida
« níít. qualquer que seia sea mtn-
terioso sentido. — Francis de
A

de Machado de Assis aparecia „«• se /ornou um dos primeiros momento de modo tpie passa que outros tdiMores
efêmero. As- ««"»•« '«»«« ""'"*" *« Miomandre". +
im francês, na tradução de um humanistas do seu tempo «* narram in- ternura hum «na ie magnas *
«dmiravel artista como é Fran- cuja existência ioda tocada pe- sim. pots. etc e medido, sem discreto reabsomidas. de meditação, tio- comparemos agoia os
-
dois
«•ls dc Miomandre*eve Por sua vez Ia ferida incurável de uma tt- fase. sem veemência:
reser- nia que era o fruto ie uma ex- prefácios, o qu? foi "iMica*. e
MiomarX a wrte de én-' mâZinvelcivel- nào /oi le- e matizado, f tambem
Sr»tnldTSm. ™do «m«wecLuva, um deri- -ado, familiar, modesto de domínios: permeia continua em todo, os om> (kNMttto..No de Pr an-
lho ao tempo primeiro se- naíl-r-o nara os grandes sonhos, uma miúda e quotidiana huma- da vid*>«*%**•. o da cultura como cs de Miomandre. o france. ne
i«tá7io to^rSixTdo Bra- Zub% no Jto Machado di «idade que agrada infinitamen- SSunr^H^tSSi"do "écufõ
"£%**!<> de •*«». W **> "h»™a
sil en. Paris - o animador do Assis í«»e o dom da Ironia, Ndo te. Ji falei dcMenmee quanto experimentado ele r0mani ••mil,
m romariw mais P»-nir
seu trabalho e revisor do texto esta ironia que wmba de fu- "humour*. ao estilo, de Sterne quanto ac, próprio sa- XIX um
..-..,..•,.„ s,Za«
Ainda „*:„
não ™,,i.„
muito r—
fa- j„
do, ™~
com »
a í..^»™j.^-.
fnconciíncía rfn
ío án*.
dei- "nii-mour*'. Acrescentemos Ju-
./u- Ma
Wa que
gue os homens suo traços feito . e o nome de Bnlsoç ine
traduzido. maus, e sobretudo nesçtosj vem à nena. No rio brasileiro
miliarisado com a linsrvia por- do. a ironia seca e curta io, fa- its Kcnard e Oeoraes Couríeh- os torna incapazes ie apro, que et-
*mDr*w>
pref.«clo que foi impresso
tuguesa, Francis de Miomandre Mdores de «spirtío. mo. nma ne Imiiiio mai, mocos que ele)
"cocMalV iwimi- lar as rara, ocasiões de felict- corre mundo com o volume do
«ão se abalançarla a empreen- ironia nutrida de ternura nu- « teremos o dade que este^ as nom cttsmitrro, a glória de Ma-
úer uma ti-aducão desta res- mana. de magnas reabsOrvidás toriolento.com um ressaibo&e ¦ ¦"•*" lias, ~" ele_
m_
•* os — -" "" ""—-¦•
^tido^tr Assis se redm ao Ta-
ponsabilidade se não fora a co- de medítaçáo. uma Ironia a»e amar-jor, picante.de brasileiro, perdoa, porque o» chado de "poder
eittraoi-dlnárlo era fruto da experiência con- que ê Machado Assis — conhece, poroue tem a perce- t.o de ele ser lido e sem-
íaboracão do
"Toda a América". Hnua: a ironia da mais alta Afrânio Peixoto d« Academia prdo fn/aínie-ntenfe Mcida tes- mre relido" (Ponson d» Terrail
poeta de m espécie de inocência profun- tambem é sempre ilrtoi: e a sua
CT^a.':teiZs "SS?«trato
?X r^rSJS S^lS o prefácio do dispHcente o daTTcenos resi^Jniina,.
bem que se esconde debaixo da» ^^j^™?
* .f compa ada a «m
írtlsta; e não e sempre na fl- „. Afrânio Peixoto. Depois de pobre Machado aparece •'f<
«ielid?dc à letra de cada frase umas trêfesas linhas a respel- apoueado na sua Imensa flíii- ações criminosas, fiada lhe es- <*-*«• soupeon J™ HÍ^?L,'
damertune^
¦ue está o maior mérito de um u» das traduções em geral, o r» humana e na sua imensa si- capa dos ridículos e dos saberia i»teo* un Pi-
ouant Por um nowo qu. a
trabalho assim, O que se qaer acadêmico brasileiro assim apre- unificação artística. Cada traço io homem: porem, não Afrã"<o pei»o"> i"« »•
* corresfwndéncla de espírito e senta Machado de Assts ae- ittil- contam uma Insinuação jeitosa, condena-los em nome ie dou- sr. '«
Insinuando qne s*» fcrat* de uma
de expressão Se o charme de verso que lê francês: Nio deixa de ser cruel, alem de trma alpuma. Seu tignostiàs- sem simules cac''i>ci"ria.
Machado é antes de tudo a sua "Machado de Assis i um dos superficial e leviano, que o sr. mo absoluto, completo,
maneira que esperar de um mais famosos escritores brasi- Atrãnto Peixoto escreva,"deter- por lima crueda. sem sequer uma RIBEIRO COUTO
tradutor que não tosse canaa ;«iro.«. V urbano, caseiro, ínti- a
exemnlo, que gfluueira teníaçáo. Mte i lambem eon-je- fD» Aead*nm Bt9?í'.r»M)
do mesmo charme na sua Hn- mo. pintor das ?nedioere« vidas mino" não a* a traie curta do nifo, como a sua bondade e a
(¦psa? cifadtnas: o aue lhe interesso mestre (tolice a que outros sua inteligência: a tal ponto
A edição francesa do Dom sdo os humildes que ele ama críticos respeitáveis teem dado que ficamos a perguntar, as ve-
Catmurro apareceu com duas porque esse "menos" ie huma- curso), como ate mesmo o ta- ses, je não seria aquilo a sua
notas de Introdução de Francis nidade lhe serve de pretesto manho dos capítulos e o nume- própria essência. Quando pe-
ipmoíaWKH
de Miomandre e íim prefacio do para observações malianas. que ro de pfl-rlnas dos próprios ro- iteframos fcem no pensamento
tr. Afr&nio Peixoto. Esses do- se aplicam ao homem cm a*, mances! (Esse método o erudl- de Maefcado de Assis, pensa-
eiinientos merecem, por sua ral. s" introspec/iro. Maltcin- to sr. Atrünlo Peixoto aplica mento tão impregnado de eme- "O culto dos grandes homens
•ee», tradução em portusuês. e so. Portanto, humorista, nio ieualment* a José MaMa de He- cdo que esta chega a con/»»-
« o que me empenhei em faser m„<(0 rude. i Sterne. d «drena, redia. para exolicar os sonetos dtr-se com aque'e numa umea uma virtude das cidades" —
para este número de AUTORES d Daudet. aliás sacrificando de
"Xas. Trophées"!'. .iNbsídncia mental, e para a disse, com estas palavrxs ou
t! LIVROS, com que o meu de- menos i imaginação que á ex- Enfim, o Mnclvdo de Assis qual em veritde seria preciso palavras parecidas, Machado
TOtado e querido Mucio leão pressdo. fido inventa nada: nos que o sr Afrânio Peixoto levou encotiírar-jc um nome, sim de Assis.
fal enriquecer t, bibliografia seus romances a vida toda p.ue. pela mão ao Injtltvto Interna- quando penetramos bem nesse O governo da República de-
eritlca cie Machado de Assis. quotidiana. Teria podido escre- cional de Coonçracão tnteiee- pensamento, lemos como qui monstrou que o culto daí
ner dezenas de volumes, como tual, e ao resto do mundo, é um terror, como se as dissolyi-
— grandes homens é uma virtude
ias de repente todas aparen- não só das cidades, mas das
A primeira nota de Francis fei Mareei Prmist. Porem, tt- nma espécie de tsrtamndo sem sem cias maravilhosas que nos ro. mesmas nacionalidades, no oti-
ie Miomandre é uma homena- nha um defeito físico: fieaue- Wefío. contando histórias — no4 achássemos em clallaar, em 19M. como oficia-
a Ronald de Carvalho ;a»a. Daí resulta a sua frase sabor, encafifndo d» .e encon- deiam
«em"Nota do cen-
do tradutor — Esta curta, cortada, na medida da trer numa roda Ilustre. coiilacío com o vácuo untver- luiou, as comemorações
tradução estava terminada, sua respiração: a frase curta O nior é a comparação com sal. íntão, rajâo maior para tenàrio do nosso máximo es-
suando sobreueio a morte por determina pequenos capítulos, Georires Courtnline. aquele no- admirar noquemelo o escritor tenlu critor.
acidente ie Ronald ie Cana- algumas veies repetições para pular humorista para nrovlso- podido, desta desta ewines A Academia Brasileira, casa
lho cujo auxilio e cujos conse- melhor exprimir uma tdtía re- rias l«iturns fer^vlárlas. er.- cêneta, falta unimmc de que Machado de Assis fundou
lhos me naniam sido tão pre- tieente, por vetes sugerida mais quanto o trem não rara numa apoio», construir seu mundo e que guarda religiosamente »
eiosos no decorrer do traba- do que explicada. «.«¦»« peone- estação onde h* jornais. ideal, com o seu cenário, sua memória daquele que já era,
tho. Sem esse amigo agora ie- nos capitulas determinam, •» sociedade, suas idéias. nos íins do século passado, pro-
Bntrelsnto. o prefacio "At esta a ironia, o fundo ie clamado • chefe da literatura
Mparecido eu talvez não tives- seu turno, livros não muito lon- que
te ousado empreender esta ver- gos. Proust devia ser. social- Francis de Miomandre escre- Machado de Assis. Sem dou- brasileira — a Academia mos-
tão e não a teria publicado se, mente, um conversador inexqo- vera nam esta mesma edição írinas nem teorias. Nadamundo, mau trou-se sensível ao ato do go-
iepois ie um minucioso exa- tavel. Quando as eonvenúm- do Dom Cftsmurro, é uma ma- o«e o conhecimento do verno. E, hoje, numa das pa-
me ele não a houvesse aprova- cias sociais, a doença, o obri- rsvilha de anudeza. de exatl- ao mesmo tempo /n/alli»el desencantado redes de seu salão de honra,
Oo'completamente Nio quero gavam a calar-se. voltava-se dão analítica, de probidade e e enternecido tam- próximo da mesa de trabalho
aue esta obra venha a público para a correspondência: o r«. de amor. Nenhum admirador bem, e completo. Qualquer coi do autor de Bnu Cobas, lemos,
tem diaer o gue deuo a Ronald calcado se expande nas cartas de Machado de Assis poderá ler so como a fusão ie Próspero e em bronae, a seguinte Inseri-
te Carvalho e a lembrança co- e. A /alfa de correspondf-nefa. táo comovidas Unhas sem tam- de 'Por Balmc. ção, alusiva aquele ato gover-
movida e fiel aue guardo ia em numerosos votiimes. 'lo- De bem se comover. Infelissmente, mim, ndo conheço em namental:
nossa curta colaboração. Poe. tempos em tempos te vêem ficaram inéditas, em França, bferatara nenhuma do século
ta ie uma sensibilidade sur- rescer romances em volumes exceto o fragmento aproveita- XIX — que é entretanto o si- MACHADO DE ASSIS
meeniente atenta a todos os inumeráveis- Honorê d'Vrfé. io na nota de Introdução. Mio- culo io romance — um roman-
frêmitos da natureza e ia viia Madeleine de Scudert, Ponson mande me havia mandado uma ce mais perfeito que "Dom Cas- Homenagem ole
interior espirito vasto e pode- du Terrail, Alexandre Dumas, cópia desse trabalho. Para que marro", alfój a obra-prima do reconhecimento
roso cujo ardor generosamente Mareei Proust, Knmain «oi- não se perca, pelo menos em ontor. E com que simplicidade,
que ar da
te inflama ao contacto de todas land. em épocas e em gêneros português, aqui dou a sua tra- que suprema elegância,
me obras vivas e belas, este ho- dit-ersos. se exprimiram num dução: de nio saber para onde vai! Academia Brasileira
"Mestiço, filho de um negro Essa fragmentação em peque-
mem ainda tão jovem, tinha longo ritmo, com uma longa ao *,
diante de si um tuturo maani- paciência. K isso ê tambem e ie uma lavadeira, Machado nos capítulos, processo /otiori-
«co. Nele, o Brasil perdeu uma verdadeiro para o leitor. Have- de Assis é certamente uma das to dot aue nada teem a dtóer. Presidente da República
força" rá sempre jatanetosos para di. almas mais aristocráticas gue com que misteriosa habilidade
Sr. Getúlio Varga»
A seiunda nota de Francis de *¦«. gue leram tudo Uso-.. Ma», jamais anfjurntn pelo chdo de Machado de Assis dela se Jerpe
Miomandre é em parte o fra- Machado ie Assis gaguejava, espinhos e de flores deste mun. para.tuaestabelecer a perspectiva
narração, para conden-
Pelo seguinte decreto n."
emento de um prafáclo que o remendo a ênfase, como Meri- do incompreenshet. Prova ãe da
tradutor preparara para Dom mêe, de guem wstaoa, empre- que a teoria de hereditarieâa- tar-the mais a trama! Idlgres- estas 1065, de 31 de janeiro de
Casmurro, mas que o Instituto gou o seu gênio em ser exato, de não ê senão um erro. Tot digressões, estas falsas 1939:
Internacional de Cooperação (José Maria de Heredia, que pobre: iepois, am pouco menos sfles, que temos de começo com
Intelectual não publicou, em tambem sofria it gagueira, não pobre: mas nio saiu nunca de uma simples satisfação tilosá- Art. I.* — O Governo
flrtude de Já haver pedido publicou senão uma obra pe- sua cidade, nem da sua médio- fica, ah! cem como percebemos, de Federal comemorará, no
«mas páginas de apresentação quena! um êxiguo volume ie so. eriiade. Muito tarde conheceu repente, paginas adiante,
A Hn- a seja como for, tinha seu sentido revelador ui« tdtia corrente ano. de modo con-
te Machado de Assis ao sr. netos, todos perfeitos). glória;
Tudo a- digno, o I." centenário do
Afrinlo Peixoto- «a« de Machado de Assis nun- um coração demasiado nobre e carnal significação!
'Machado de Assis — Joa- ca é excessiva. Ele gosta ie fa- para ambiciona-la. Qualquer so, e esse "humour" de mu as-
Maria Machado ie Assis lar na primeira pessoa porque que viesse a ser o seu destino, pectos, e esse estilo magistral nascimento de. Joaquim
mtm todos os sucos aa Hn- Maria Machado de Assi».
(1839-1908) era filho de um se conta a si próprio, sem exa- Machado de Assis lhe teria si- elixir e ieesse cxotlsmo de toques
operário negro e de uma mu- gero. minuciosamente, com pe- do superior. Porque, do ponto ona,
Vier do povo branca. Aos IS ouenas palavras precisas. Não de vista espiritual, onde sobre estava avaros, por Isso mesmo mais Art. 2." — O Ministério
para auxiliar sua mãe seguiu escola nenhuma: nem posto para considerar a Impressifos,, e.s«e exotismo tn
anos da Educação designará uma
tduvá aue era lavadeira fez-se romântico, nem naturalista, vida. a glória lhe teria pareci- voluntário que evoca toda uma
aprendi ie tioógrato. dedlcan- nem parnasiano. Era clássico, io igualmente preciosa e vã. paisagem com um simples co- comissão de sete membros,
rosário ie Uu. queira e - menos que o pro
to as nWttes ao estudo. Entrou impessoal, sem originalidaie um admirável Este príncipe encarnado prlo ma* - o «»*•»« para
organizar o plano das
Senols pari a administração ostensiva, e sua glória é ser li- soes. num burocrata, este fWj™/? "J1"» ".'Th.""^^ comemorações.
píWtoi.lue não abandonou se- do e sempre poder sê-lo, poi» "Capttu".
intenso aue se tornou um dos primei- de «Itoro ressaca ie "Capiti
ndo nos tílfimos anos da vida »•» «'>»' demasiado do seu tempo. "ttvro teesguecfijrt
inesquecível, pejado dei de Getúlio Vargas
ÂVtoildata"no rigoroso sentido provoca o tédio. O ar, a água, ro, humanUtas cuja existência to- humaniiMe, arejado te estou
ataMftm* tendo*** formado o pio, n*> teem cheiro ou gos- esse - homem tocada incurável tt- cismo, fraternal e distante, ll-
Gustavo Capanema
rnslnTÓmio
'SSSitT admMu uma cui- to açudo, que provocam o pra- da pela
inata - no sem dai*, fett, para «mr\ 193»."
ruoUcoi ttum lar ZmAát. mai nüo uma rUta ie uma timidez
tar%
mmmfí^^^^m^mimm^1'^^!!^^^' ¦:^ii'À'"\
M"1*'-'*¦-;¦ >> ¦" '!'7»**..'.;**;*:"''v.'i fiifU'f^.^fí'f ?¦¦
jp-fc DOMINGO, M-9-19,1
SUPLEMENTO LITERÁRIO D'A MANHA — PAGINA 119

0 MENINO DO MORRO -
Há vinte e cinco anos, pre- carioca, no período mais igno-
Humberto
de Campos
Correspondência e escritores
MACHADO DE ASSIS A JOÃO RIBEIRO
nha-sc para a escola, mas o seu
cisamente na data de hoje,fale- rado e, quiçá, mais venturoso
pensamento não está ainda, nas
cia no Rio de Janeiro, em uma da sua vida. E' o pequenote de "Americanas" ou no "DOM
quieta e sombreada casa do Cos- dez anos, com a-sua carinha es-
nie Velho, um ancião quc rece- cura e.pálida, com todos os e.s-
GASMUKRO". Está, inteiro,
em uns.niaracujás que viu, .nu
D fov j ?.*¦ »'
bera na pia. católica, e das le- íigmas da criança nobre. Pela
quintal <lo capitão Quintíliano,
Iras .profanas o nome de Joa- manhã, com o sol ainda embru-
quando espiou por cima da cer-
quim Maria Machado de Assis. lhado.nas nuvens do horizonte, ca, e em umas«*ro.as ínàriscadei-
Contava, ao morrer, quase se- sai ele da casinha triste de opc- ras quc vira rio quintal, e con-
tenta anos. Era mudo e cala- i ario modesto, a calça "dé risca- tra as qtiais cxperitncntara, Ilfilí.: -:;L^.<^K:;:Í i** -^:, ^iíllüs^^ l..-,?-, í*..L : p-1: #4:-^ *^.i|;- ;^ Lill
ido de figura, mulato de . san- dinlio. acima do joelho,'' os, ,pcs inutilmente, quatro vezes, a, ba- lll|;5f ;v;:;:ií-L;|;!i- ^;:-si.;-.;
clitiLLí^ ^:¦;;¦;-;* -'-:,:. - ; ..L||
gue, escuro dc pele, e usava uma ácscalços, a camisa aberta; no ladeira que fabricara- na vés-
barba curta e de tonalidade peito. Vai lá em baixo, na fuá,
perá. '*.*¦*.»¦ ... K#i-'L^ '.^í--ri
¦
porem, quattu ^UmM/ÊÊSS:^0ÊiWr¦¦'-¦¦'¦ L|il:'.;..-. ¦ rM-/. ir:,.¦.M?
confusa, que lhe dava uns ares còmjirar, jinra á mãe doente é Passam-s'c,
de antigo escrava brasileiro, ti- cansada, a liljrá, de ciirrie, e nin anos.,.P.Jillio t|c..liaria X-eor
lho do senhor e criado.,em casa pouco, de arroz .O pai, mádru-
poldina é agora, saeristão. da
de boa familia. -Eragago-de pador, se foi- jara o.traba- Lampadosa. Ainda * .mora :no
¦'tjocâi límpido tie espírito, ¦ e lho, darjá as últimas-: "áai fde '*^í'^: '''"• '"' '->
pinceladas niÒri*ò, hiâs hoje
'pai,
casa ari- . tí* *y*-~ *'í >
manso'(le coração. E tornara- ilo frònréspíciò de Urna casa, tes dò .porque é.pfecipo
.scjiçlp estudo e pelp trabalho, .para"as bandas de- .Botafogo, amaijl.ieçer ,lá. ,eni baixo... qa. igçç- 'ji ' ' "'.
.- c i.4vm&, belo - nome, e a glória Tendo dc: fazer: a viagsm a pé, fl>','i, l,'«/t*' .**!l
'Hiai*-pura,> e mais legítima- das saiu ainda com escuro. ,-E,' o ja, para ajudar &< missa: de pa-
dre Safmentó. "todas' O vinho* ficon
letras1 «'acionais." mcfriiio Joaquim Maria lá-se "pára-
ÁS evocar, todavia, esse 'atira; niórro'abaixo, assobiando,
fias galhètas, e ás
mehtag „éstü.o, prontas, aíiruma-
.. ,s4 ... Jp"£. . .., , <<< .«• *í t* ,•*¦.*-»-»*.
.grande roottQ de há um .quarto ç abaixándo-se, de vez em quan- daç .¦.euidadqsamentc.. po ga-vetãp
¦de século, o que me vem à do, afim. de apanhar uma
jiedra da sacristia. Mas o padre Sar- >.¦ •¦ '•"*..'- -.» /'« -.';,.

lembrança ou melhor; à imagi- <om rjue espante um lagarto ou mento quer quc ele abra aigre-
nação; não é o autor de algtt- ¦fnça Jt> *• ' il -
pontaria num passarinho... ja. é varra o estrado' do altar, *ssssiSíS:!M:::Sffl^^^^^ t. <v»v *•-»¦*.- "k*-**rrrrrx.
**
rnas obras inipereciveis da nos- Quem encontrar naquelas altü- todas as manhãs, por causa das ^ *'/i*««.
sa .língua; nem p primeiro pre- ras, e àquela hora, o filho de pulgas. E o menino ..Joaquim
'•/«... ./t:"'."' ' **:'
-sidente da Academia Brasileira Maria Leopoldina, dirá,
por Maria, não-tem a menor idéia, /kÍ>( Ji-ut ..„
de- Letras; nem o chefe de sec- acaso, que ele possa- -escrever, anda, do ritmo das "Falè-naS*-*
"Memorial'de Ay- "QuiiíCas Bòf* ':yHÍ..«v
ção do antigo Ministério da um dia, o C do enredo <lo '. ,^.
Viaijão, è Obras' Públicas; é u rês", ou ás "Memórias Póstú- b»'.. :,„. .:;...¦;. •* ..¦'•>^f.'.-r^,-
menino de 1&49, o filho de más -.de Braz .Cubas"?. ,'"¦- 'Maria Leopoldina -morreu, -<> ¦' ¦ <í ' , - ¦- - Sr
¦' mestre"' Francisco e dá Ma- Às n^ve horavlá vem ele, de Chico Pintor casou-se de novo. - "* «¦'•i ' * • -J i-t*** *.
ria -Leopoldinar .do niorra do; novo, para a rua' descendo •¦• o ÉS Joaquim Mártí é,
*agora, ^iv- <*> i
Livramento; o -sacrisiãb. db já- morro. Aonde'Vai, "câíctnha'què vém de aprendiz de tipogralo. Ao a>"á-
dre Silveira Sarmento na igreja roupa Mudada? A é anhecer, desce o: íúprrò,; e passa ii A;yÍÍ- • ^' {'^ -• **** •* *T ".'
da Eáhijiadpsa: ò-.'.aprendiz dc. mesma'. A çamísá. foi, porém, ainda-, na; - Lampadosa.- Hfio ,:
tipógtáfò e Yevisorj dá Impreu-- "itbstituida por -urna ; jiluzinha ajuda mais a" missa, mas"Aquele gosta •'¦:• "-.
•-¦¦'-
>¦--
¦sa- Nacional. .E-,- em suma. o do mesmo pano grosseiro e traz,
dc entrar no' téiiiplo. »**--.
.' L
* " '' IBw .:} «¦*'«" .'**'¦
mertihp'humilde" e b ' rapaaofcr agora, chinelas dè couro, que silêncio, aquele.'.recolhimento, f*.<r
"devia
^olíscuro, dc. que sair." ifos. arrasta na ponta do \yè. vai .aquele clicirp de- velas que se
"seu" . ,/ ".>**.i
poucos,- uma das individualída- para a escola, o filho de queimam,- enchem-lhe a -alma £ ky^ « ** Í-í "i. *¦¦*•
des mais-.fprteSj je mais. expres- Chico Pintor. E.leva debaixo "de ",*
de uma doçura esquisita, e-
sivas-da cultura brasileira,.-em Ao braço, apertando*», uma carícias o coração. Pensa nos x- ' ie., • .'**,
todos os-tempos.'
'-
caixa pequena c' suja dentro da cantos, mas ainda não pensou - f
O/'Mactiaíjò* dc Assis quc me tjüaí vai o tiyro.. prirtiáriò, .de "Ressurreição",, neiii se íeni-
na
vem. aos,olhos., dé espírito neste folhas, amarrotadas, em quç.es- "Esaú e
bron; ainda-de Jaeob".
monwnto.é,-assim, o, do morro tá aprendendo .a.ler. Encamí- Depois; eníra-Hic pela vida a 1
¦
livraria;"dé Paula Britb. Nas-
&-'^* ./HT^
0 OPERÁRIO MACHADO DE ASSIS cem-lhe QS priijreifòíi ysrsoi, E
"
.-'... .'¦' ¦¦ . - J •¦ ; i\ Joaquim ..Maria Machado :dé
-Assis, .aparecendo àkiz da His- '-Ú i
tória. pcfdé tpdo'- cf'iíitcresse ... ^ ;Frt***'« , -. ,- . ,w
jíjira iijjm,.p.or((iic deitou .dt ser ri,,P'^á«^B^iail#;:-?:i;S'Ml^^SP^R?s*^Í
o.menino-dp morro^o filho, da
Maria Leopoldina,,.- o. -.sacristào -í»
(U± . r *. v. ."¦' ^c t
da batíipadosa,;o'aprcmliz mo- .:•¦¦¦ -^*,-'« ' ''

destó e'; obsturò da ¦ Irrfpreiísa


.JfJaçíon^r* '",".-
¦„.'¦.¦..¦¦'.'¦"' ,.'..l,,
.¦/Há uni ,quai-lQ.;dc,;.séculó, 11.0
dia de hoje, morria o fdbo tris- Jllli €?: '¦ :¦ r.::.~':{Mkrr>:% -"^^^Mií^^rK^^WÊ
te do pobre e honrado Chico
Pintor, dó morro do Livra-
mento ÍJ E; terá, (Jçntrg de pôu-
cas horas, a sua.... hamenageji!.. $illl^>(!ÊÊ^k.r^
Rajiazes que amam a sua obra. e
admiram a sná'vida, e que fim-
darani uma insfituição qUe.dç*
nonunaram, ¦'.'Academia.. Mpáa-
do de Assis", irão, hoje, ctAnr '*'"í
dê flores- o-seu túmulo;fJ?arão ^"^¦Fèv^Wp,, . ,- -,
,'*,,' Mçú í-aro-Tõlp Ribèjrj).;*;; ...
mais! irão á Escola'Municipal, Vá dcsMilpando a ísfrá. Áqul, lhe deixo as proyas.e cópia aos
que tomou o iiomé.'ao peijüejio- versos áô Artjír âe. Oliveira,'.para sutístitiiir' a' Menina t Moc»
te do -niorro. do Ltvra«rierito',.,e Çonve!*i'ooe.ã substituição, seja feVta de modo que a entenciaoá
distribuirão ' por todos os aly «iíj farls. O titulei.é* "A-rtur fa Oliveira, íiífermo". Pode ser qui
lá. ^ipoHhanl'quç'o seu noriie é o do autor dós excertos è. o^jPO-
tios, a história da vida humilde jijiam .no luear Jrtà cafta '.'"está' no larto) 40 meu. Se pudermos
ilo sacristão."da. Çhiwpadosá.- t .lajar lçgq, i bom. .J . ,
(Jir.Tlhés^ão:." .' , - ppi,apértó'dèi))ao,e
"yeltto '."'..adeus, ."".... t
—* .Mcninqs, o fil|io <la ^íà- ., ?*»' -¦.
.'" —> t Machado.dçAiísii .-.
ria Leopoldina, . lavadeirâ da
fiílipa dos brancos, chamou*se,
riiáis tarde, Joaquim' Maifia
Macliado de'Assis. Glorificai o
OP N OES SOBRE MACHADO DE ASSIS
seu nome! Honrai a sua me- De ARARIPE JÚNIOR: destinos do mundo, a natureza
- * ¦ Machado dè Assis tudo fole- da alma. a existência de um
mória! - ráva, menos qne o supusessem deus e ds um diabo, as condi*
Machado, meu mestre, tu hão Ingênuo. Pòr slrial que uma ções dá terra, já não digo daqu|
Maclíndo Oe Assis, depois de ter sido vendedor de Mu, e, Pio- morrerás. Tua lembrança está vez, iiiterpelando-o sobre o seu a Um milhão de anos, mas daqüj
. vavelmentc sacrlstão, foi operário da Imprensa Nacional..Para. '* schpènhaurlsmb, yl-lhe uni fu- a dois mil anos. E querem sabèt
eníroii, como aprendi;: de tlpògrato,. .em. 18S6, Era um. ojjrcsíB .ptssi- j-iva na alma dos moços, eo o que mé disse o autor dp "Me*
mo, pais, cm vea dc aprender mesmo osea o/içio, andava sempre pe- Zil nós olhos, estranho, quase
teu nome, ainda mais. vivo, no agressivo, porque eu o tinha moriai de Aires"?
los cantos, tonto livros... Foi jettú'umà'denuncia sobre esse lato ao " * — Tudo,
arretar da repartição, qúe era o nmanétsta Manuel ^Antônio ae Al- ' Coração das crianças! "gló- apertado eom úm argumento de meu amigo, tuflòl
como perpétuo ''em-*
meida, autor das •'Memórias dc nm Sargento dé Milieias' . Tendo Louvado sejas"!tú na fua otimista, ò qúe seguramente me Menos viver
chamado o rapas à sua presença, naturalmente para repreanae-lo, iia, o Bqcee triste,menino,.do teria maguado também, sé eu pulhado-- ' ..
Manuel de Almeida tez com ele a iwJiíior amizade dois. .t tornou-se.o. spi fòisé' susceptível de entezár-me . _ ipois, meu caro mestre, ré-
durante
.protetor. Machado dé Assis permaneceu -w-íüí..* anos na. Im- morro do Livramento!... eflm' a opinlãd' filosófica; para tôrqui-ll}è„, .8 aauj,rçtg,are„ fít
prensa Nacional, -'ii*--.
Wosso gravura mostra o
*j ,-—•*,.
em íiie
-r*
trabaluou,
>-'Íj :-opefario,
auanda .ilií* (-Do-" Diário- dè-• SiVPaiilo" Aiím' hidlfren*; '** qíránü qSêr qúéstò màrè de" sviháteggia*
prelo de 30-9-33).
o romancista de "Quincat Borba"» que seja, sobre a vida lutura, os mento (émpulhaçãoj jn'í dolce
,,"-'"! AJ,«}A.At„',..i"^.iMti>..t:A<:: .r..\...-~.s.^«i.^-.}rrr's^r^^pfm'^
r'~«Ç7
Domínio, tt-».lMI
PÂGltíà íi» —"SUPLEMENTO I.lTFIBríBIO D-A MANHA

MâÇiiâdo de Assis na aprec/ação Mâchddo de Assis


de Mdnuel Bandeira v Passa hoje o aniversário do nascimento de Machado de Assts.
Boa oportunidade para rememorar essa grande figura. Aprovei-
' tou-a a Academia Brasileira para inaugurar o monumento con-
Em vôo T.iiçja Miquel Per ei- ..sagrado
JVo jcu eslnio critico e bio-" descreve f.ücia Miguel Pereira. ao seu primeiro presidente.
sobre Machado de As- Poucos amiqos, só os Íntimos. ra temperou a sua solidez .'mie-
gráfico -bem -a. simpatia, e can- Esse monumento iòi feito mediante contribuições' colhidas
sis, escreveu Lúcia Miguel Pe- Lembro-me do dr. Heitor lectual com
etn todo o Brasil, e as que foram de S: Paulo não são dás que
, reira: Bento Cordeiro: ¦ '• nho que demonstra pelo grande irienòs
' avültam. Mas é justo q,Ue as contribuições de São Paulo
¦ "A um amigo seu ,que o Machado de, Assis,, comq ii., esauinqide. à glorlficàção de Machado de Assis não se cifrem nuris simples
acusava de materialista, .já no conheci,, eslá todo no livr.o de O abandono,de Maria Incs, a punhados dé moedas* Creio quê esta modesta comemoração na
Academia Paulista não será a única em 8. Paulo: deve ser mes-
fuit da vidas, retrucourvwamen- Lúcia MigtielréPereiro, E' tuna ovultação da epilepsta a Caro- mo a mais apagada e mais inútil, purque, infelizmente, não hou-
te: Materialista, eu? absoluta- ressurreição digna de figurar Itna' são nódoas irreparáveis. ve tempo,, entre o dia 9, ém que prestámos homenagem a Anchie-
\ tucnlè!" ao lado dos melhores de Stra-\ Machadq de -^íííí venceu'em ta, e a presente data, em que se recorda o romancista de,"Braa
E. no. pi da página vem. d" chey. Sente-se neste estudo,' a, Ioda a linha. Mas foi uma vi- . Cubas",,para buscar em nossa companhia outro orador e para
nota: . .* ^ . ..-¦- .... .,, par d.e senso .crilico, inc.omjtm, lória que lhe envenenou as fon- .preparar uma nova sessão pública. ,' .., ,:...,,
¦ ."O dr. ¦ Abel Ferreira dc a imaginação '.penetrando,da romanetsta, •tes do pensamento. O seu pes- 'improviso, • ' Erft,
pois, ihinhá intenção dlzèr-vòá alguma coisa; menos de
"ITdlos. o aíliigo Abel citado por ¦ tudo , ludo.- viwijv.. simismo não me parece ingê- acerca dè Machado dé Assis e Sua obra; seria um
" "dé Asss num admi- cando. A- críiica-e a biografia, 'nuô. Sendo' o egoisnto rt* linha' meio, embora' muito fraco; dè* salvar a situação em que se èn-
Machado
"t,avil "conduzidas contra ò nttsso grèriiio diante desta oportunidade. Mas, apesar
"Q Inçcntlto", a par e passo, è*/HV mestra da suè: vtda, lev'è,' pára
.coulo pu- de todo o mèií desejo de servir ã Academia, as minhas ocupa-
..blicado em 1906.no Almpnaqiie. iibrdiíi-se através a\e lodo ó vo- •iòq se d es pre sar q si .Jirópriot "ções híè absorveram "de'talmoao, que só hoje pude "não"'deve- pensár'um
r Çartiier.. Abri'de Maios e. sen- liinie'.. No gênero, não t^e.lem- de- dttspresar., a* homens cm poudó rio"qué deveria dizer, para logo verificar que
•colega Manoel de -.Sousa B&n-- hro>de ouira- .obra em nossa lite- bloco, de atribuir sempre aos Ma* diSèt", pórfalfa absolúta^e tempo para reunir ò rebanho
' diápèrso'e lento das idéias. -
deira eram consultores fécriicÒs rafura que dê maior impressão humanos um movei egoísta'. E
de harmonia.1 & pode-se dtzer- È• horrível .pcjisàr-se a, que[./mes-. Aliás, reconheço que seria; indispensável qualquer discurso
tda Ministério da Vtdção..." ')ue nela Lúcia Miguel'
Peco licença para'retificar:' o} Pereira quinhq ideal Afaria Incs foi sa- com ares solenes, ou qualquer-estudo com rares profundos. Ma-
dr. Abel de .hiatos não era ton- revela toda. a medida do seu ta- c rifiçado no bem estar burguês, chado de Assis é uma— das nossas figuras literárias mais eslu-
dadas e conhecidas tanto mais conhecidas no meios inte-
sullor do. Ministério; mas fre- lento crítico e dos seus dotes de na tranqüilidade burguesa. Pou- lectuais, quanto menos compreendidas e apreciadas do grande
' o escritora. co importa que dentro desse te-
' qncniava assiduaiuente gabi- público. Sobre ele teem escrito muitos dos nossos homens de
nete do meu pai, onde Machado Ela sabe diâèr muito numa pouso o romancista tenha ata- letras de maior tomo. A tentativa de demolição feita por Silvio
*En- do uma grande obra. Essa obra Romero como que teve a virtude de provocar uma reação de
dc Assis, aparecia de vez em frase caria. Por exemplo:
quando para espiy.recer. costava-se, se.m abraçar". Ca- nos enche de admiração, mas apreço e de encarecimento, que não ficou só no severo Uvriniio
De uma \eita que Machado pUulo 'admirável é aquele em deixa-nos no coração, um sen- de Lafayette. O nosso ilustre companheiro Alfredo Pujol ergueu-
lhe um monumento bio-cniico que há dc ser sempre lido e con-
de Assis entrou'lá, estava meu que ela analisa os romances A timenlo amargo. sultado por quem queira falar de Machado de Assis, Graça Ara-
pai- fazendo uma mancha do Mão e a Luva, Helena e Ja-Íã Lúcia Miguel Pereira espan- nha e com ele toda uma legião de escritores teem vindo a re-
"ppstó 'seinafórico do Castelo, Garcia, mostrando
que eles rc- Ia-se que Machado de Assis,- velar novos aspetos do homem è da sua .obra, ou á ayentar no-
uma aqiiarclinha em papel al- presentam o debate que Macha- tendo ¦ assumido todas ai extt-- yas interpretações. ,,,.."-
wasso. Machado dc Assis gos- do de Assis travou .com a, sua yioridades burguesas, não se te- E, acima da* natural variedade dos juízos e dos sentimentos,
tou muito da pintura- e-pediu-a conciència para justificar, a seus r.ha¦¦ aburijuèsddg. Aqui é que paira afinal, hoje em dia, a certeza de" que o ilustre homem é
a meu poi.. No dia- segninle próprios oihõs, o abandono de não concorda com ela, pois -me 'frase"dé uma das aquisições definitivas do nosso"patrimônio — digamo-lo com uma
contou que tinha mandado -en- Maria Incs. oratória colegial — do nosso de-glôriasi".
parece que Machado de Assis Machado é ainda, e serã ainda por muito tempo, objeto de ema-
caixilhar a aquarela. Esse capítulo é uma- aquisi- toi -visceralmente um• burguês, ranhsdas controvérsias; nia? há Aele "de uwa larga porção £e rea-
V.Meu pai ficou tão cheio de cão nova e definitiva para a cri- r-elo seu amor ao conforto pru- lidade consumada que jà fica .acima todas as controvérsias.
honra, que saht dali narrando o fica. ' ". " "
dcthemente mediano^ .e'..pclo E' úniãdas nossas máiores-figíiras' literárias. Antes de tudo,
falo a meio mundo.. Virada a última, página ao egoísmo feros com que se apli- pela sua arte de escrever. E' bém certo há grandes escrito-
Dias depois o dr. Antonino , "mar Nôs, no Brasil, que ordinariamente, èscre-
livro, que impressão se cou a alcançá-lo. A andes de res que escrevem
Fialho, encontrando-se com guarda vemos mal: òu somos é artificiosos, ou somos derra-
do biografado? Hum... rutn- sua obra foi o preço do seu tri-. mados e tf.osconexós, ouguindados somos cortfusoá e desiguais, tanto na
Machado de Assis,"Machado falou-lhe no unfo.
de zinha! disposição e nos movimentos íntimos como nas fôrmas.de.ex-
caso. P'ra que?
Assis espinhou-se todo e res-->
fondeu amoladíssimo: —,J...á
é a 1. .erceira pessoa que me Constancio
fala nisso!
Ao que o dr. Antonino re-
Na ocasião da morte de Machado de Assis- - Alves
plicôu simplesmente: —' Stnto (» DE OUTUBRO DE1908) ¦¦*¦ - Abres o grande livro è sem detença
muito ter sido a terceira... Musa, depõe a lira! A invilecida gloria ¦ '-
Foi por esse tempo que tive Cantos de amor, cantos de glória esquece' Fulmina a sentença. --
• iortttna de conhecer o mes- Novo assunto aparece
.Ire. Que o gênio move e a indignação insp.ra. Quem eram esses arlequms que a musa da Indignação nage-
lou tati severamente, no ano remotíssimo de 1864. não tel-dtar.
Tinha acabado de aparecer o Esta esfera é mais vasta Sal. porem, quem foi ou quem é o poeta que desassombrádamsnte
"Dom Casmurro''. Uma tarde, E vence a letra nova a letra antigal os fustigou, e pedia à justiça que lhes apMcasse acúleos su-
tomando o bonde no Largo do Musa. toma a vergasta piemehtares ás chicotí-das da sátira.
Machado, aconteceu sentar-me E os arlequins fustiga. Mas receio que não me creiaqi se lhes afirmar que aquele
poeta de tão Inflamada indignação e de tão rude V3fBastá. é
üo lado de Machado de Assts, E a Musa-, obedecendo à invocação do poeta, entrançou em o pessimista sorridente de "Braz Cubas", e o desencantado e en-
que vinlyi lendo um jornal. látego ao cordas sonoras ainda vibrantes do c!^','»!' (;°s idilos cantador teorista da filosofia do medalhão, é o criador de tán-
Pois, não é que ele dobrou o e golpeou os arequins com uma cólera altiva que estala nestes tas pequeninas maravilhas que todas espelham uma alma f5-
jornal e puxou conversa com o açoites vingadores: cunda às paixões tumultuosas, e todas revelam uma arte avessa
tapazola de quinze anos? Pt- •os gestos trágicos e às lmprecações violentas.
Como aos olhos de Roma. E' natural essa incredulidade porque eu também não acre-
quei radiante. Machado de As- Cadáver do que foi, pávido Império
sis começou a contar um pay- ditaria que esse* versos são de Machado de Ass's se ele metmo
De Caio e de Tibério — não tivesse feito essa declaração incrível: se não estivesse ago-
teto que fizera na baía eom um O filho de Agripina ousado assoma: ra. aberto diante dos meus olhos na pág. 81. o volume das 'Ç:-!-
grupo de escritores, passew du- E a lira sobraçando «álidas"; se não lesse à pág. 169 deste livro a nota em que o
rante o qual o Holanda reci- Onde o povo idiota e amedrontado autor garante tur recitodo aquela poesia no Clube Plumine:i,:e,
Pedia, ameaçando, num saráu literário. Escreveu-a, recitou-a, publiçou-a! Mai,
taras O aplauso acostumado —
— Recitou atfuefa estrofe do* tarde, pprém, trinta e sete anos depois, ao recolher, sobo tjfto
Oiitróra ao deus Cnligula O vestido comum de uma edição definitiva os filhos espalhados não pçr-
Lusíadas... Como, r mesmo* E o povo que beijava mltiu que, aquele entrasse na casa gloriosa. Desagradourlne ,n.a-
Do episódio em que Venus vai De novo submetido ' turalmenté aquele ar de revoltado, aquele falar alto, lede que?
Ao ré?io saltimbanco o aplauso dava. da politica! e dè que modo? como oposicionista?), aquela vu-
ped r a Júpiter pelos portu-
E tu, tu não te abrias eárdadè de gestrts tão, destoantes da? maneiras, da.Jinijussjn
yueses...' do espirito dos irmãos (jue todos enunciavam em termos .nobres
Eu, muito vaidoso de mostrar
'minha O', céu de Roma. ã cena degradante! ld,:'jiü sutis ou sentimentos raros: qns repetindo a praça.e^ó-
9 jamíliaiidade com o E tu, tu não caias, tirt. le velhos poetas chineses, putrds evocando com,Ironia di"-
O! raio flamejante! ¦ "crèta
Camões recitei: e lágrimas curtas amores extintos e tr:stesas não s?B«l-
¦ *C'um delgado ccndalas par- Tal da história que passa tadas, estes formulando perguntas, irrespondíveis sobre o.dés-
Neste de luzes século famoso. tiiio, aqueles dizendo o incessante pavor da fragilidsde humana,
tes cobre..." O ençenho portentoso ante o mistério da vida, e a indiferença dá morte. Com .eIe'fo,
Machado de Assis inlerrom- Sabe iludir a néscia populaça. o assobiar daquela vergasta democrática desafinaria do mir-
peu-me: — A estrofe anterior t Nào busca o mal tecido
múrio de conversas em. t-oni menor, em que o sorriso e o iedo
A memória traiu-me. Não sorvem aoenas como servia a Baudelaire. no dizer de Gautier
Conto de outrora; a moderna in.so*ência para grífitr mu!to de ltve a panavra.
korme meio de me lembrar dj Não encanta o ouvido,
estrofe anterior! Piquei deso- Rascma a conccncia. E como seria impossível tirar das maus do imprudente o
Instrumento dos seus desagravos cívicos e pentear-lhe doce-
lado. mente'a gaforinha rebelde. — o castigador de arlequins ficou
Naquele ano, estive, à notte. A.veemência dessa paixão, depois de mirto arrr^oar n«; q»e
de As."S. caminham sobre a corda, e "teem consigo a maromba" e da parte de fora, dciherdado e enjeitado!
em casa de Machado Aparecendo agora aos que não conhecem a obra do mestre
no dia do seu aniversário. Co- Tornam em cinzas frias até os recantos subterrâneos, aqueles versos mostram, num Ma-
.ma eu linha vontade de conlie- chado de Assis, para bem dizer inédito. Um Machado de Ass a
cer aquele interior, quando pas- O amor da pátria e as ilusões dos povos, expira numa nota 1nveros3i1r.il. Nlníuem falou de outro a não ser do que conheee-
mos há uns vinte e cinco anos. dos livros mais modernos d-s
sova ie tarde pela riia e via o de esperança: felhetins e das "Balas de estalo", da "Gazeta", dos salõrs. rias
vulto dc d. Caroltyd, sentada deliciosas da "Revista Brasileira", de José Veríssimo.
E lá soa o momento palestras
jimfo à janela da esquerda, leu- Em que reluz.a «soada da Justiça. 09 Livraria Difnier: o cético amável, o conservador ©oihedWrt' e
io! Interior simples, como o Então musa da história, vigilante de/JT-ma urbanidade impecável, falando baixo, apro-
jP^K "•"""••a tÉ-S-lti» SUPLEMENTO LITERÁRIO D'A MANHA - PAGINA lll »M|

A PAIXÃO DE
nd apreciação de Amddeu A 11m lG,,cn
.r .1
JESUS CRISTO
pressão. Machado era perfeito senhor da sua lingua e do seu vltalizar, para an fazer entrar no dinamismo interior das re- (Continuação de página 100)
estilo. presentações.
Com as paisagens da sociedade, é a mesma coisa. Os per- predissera os dois atos, que um
Essa lingua era da melhor que por aqui se encontra, apu- pagou pelo suicídio e o outro pe-
rada. simpliticada, aescaroçada, reduzida a uma coisa ciara, sonagens de Machado nâo mergulham bem na atmosfera da ias lágrimas do arrependimen-
«o.rentia, maleavel, capaz de penetrar fludamente o espírito vida real, na atmosfera absurda e misteriosa da vida. São, sem to.
do leitor, por todos os poros. Algum ressaibo que tenha de cias- dúvida, fiéis. Todos copiados do natural. Todos arrancados, in-
teiros, â realidade. São fiéis, exatos, reais como peixes de ver- Talvez ambos pudessem ser
«.cismo, é tâo discreto e tâo bem afetçoado que nâo chega a dispensados, náo menos o pri-
arranhar. Nunca descal no pedantesco ou no pernóstico. Ma- dade, mas fóra da água. Falta-lhes a tal atmosfera de absurdo
e de mistério; são figuras, náo direi de uma só peça, mas de meiro qne o segundo, por mais
cnaoo tem mesmo a habilidade sutil de tirar um partido muito
três ou quatro peças, enfim dé um certo número de peças que que o grupo dos discípulos es-
próprio, com certo pico"outrossim", expressões que a lingua fa-
Jocoso, de "óbito", "todavia"... se podem contar e medir. Sáo bonecos; bonecos vivos, bonecos condesse o Mestre aos olhos doa
imitar enjettou, como de carne e osso, que nós todos conhecemos bem, de oe ter en- inimigos, Se assim fosse, o su-
O seu esl.o, esse ê uma maravilha de instrumentação. O es- contrado por ai no torvelinho das cidades, mas que Machado plicio seria igualmente certo,
crltor adaptou-o magistralmente a dupla função de todo estilo isolou das correntes imponderáveis que percorrem a atmosfera mas a tragédia divina nâo teria
— manifestar inteiramente o seu autor, fazendo-o sentir com da vida coletiva e vão modificando, diluindo, acidentando os aquela nota humana. Nem tudo
todo o relevo, toda a frescura, toda a energia ou toda a delica- caracteres, tornando-os contraditórios e fugitivos, dando-lhes é lealdade, nem tudo é resistiu-
deza dos seus movimentos emocionais, e constituir ao mesmo por vezes profundidades e irradiações inconclentes que, se os cia na mesma família.
tempo, pto ação reflexa, uma disciplina secreta com que o ar- consideramos isolados, eles não teem. A parte humana nasceu aln-
tlsta molda, ordena, e constrói o seu mundo Interior. O seu Os naturalistas Já concordaram em que, para bem conhecer da, não já naqueles que deviam
estilo e delicioso para os leitores, muito embora, as vezes, caia os animais, é preciso observá-los no meio natural em que eles amor a Jesus, se não nos que o
na monotonia daquela "gagueira" que se lhe tem notado: um vivem. Assim, o homem, fóra da Sociedade, não pode ser intel- perseguiam; tal foi esse pro-
estilo arrastante, insínuante. macio como uma rede. Discreto ramente colhido como ele é. Isolado, ainda é o homem, sem cesso de poucas horas. Jesus ou-
como um envoltório propositadamente reduzido ao mínimo, esse dúvida; não obstante, Já é "outra coisa". E* uma pequena peça viu s interrogatório dos seus
estilo não aumenta nem diminue o que o homem tem para dl- de um grande aparelho, pequena peça que se examina entre as atos religiosos e políticos. Era
ser Nunca o arrasta, nunca lhe dà uma vertigem, nunca o do- pontas dos dedos, uma colsinha simples e Inofensiva: mas essa acusado de querer destruir a lei
mina, como acontece com os oradores e com todos os que pare-
"inspiração", pequena peça essa colsinha simples pode ser, integrada nas de Moisés e não aceitar a do-
cem arrlscadamente confiar ã ao inconciente, o suas funções, algo de análogo ao bloquito de galena de um apa- minação romana, fazendo-se
trabalho de pensar por eles. Machado é plenamente senhor do relho de rádio, ou a uma das extremidades dotrlgêmlo no corpo Rei dos Judeus. "Mestre, deve-
seu instrumento; faz dele o que quer. Tudo quanto lança no pa- humano, ou ao humilde fragmento de cobre sem o qual não se mos pagar o imposto a César?"
pel e eminentemente refletido, meudamente ponderado. Esse es- verifica numa Instalação o mistério da corrente elétrica. tinham-lhe perguntado antes,
tilo é o seu melo natural de expressão, aperfeiçoado e apurado Para apanhar, porem, o homem na plenitude do seu papel para arrastá-lo a alguma pala-
por um esforço que se dissimula. Daí a impressão de facilidade, efetivo, vital, ou dar a ilusão de que se apanhou, é preciso ter vra de rebelião. A resposta
de comodidade, de fluência, que ele nos dá, ao mesmo tempo Imaginação; essa Imaginação da realidade, que precede as ve- (uma de tantas palavras que
.gue de precisão insuperável. rlflcações precisas do espirito científico. Machado não a tinha. passaram daqueles livros ás lin-
Mas o autor oe "Braz Cubas" não foi notável apenas pelo Não a tinha, de certo, por natureza, e não a tinha também por
"parti-pris" e guas dos homens) foi que era
estilo: fol-o também pe:o espirito. Pelo espírito, considerado por comodidade. Preferia pegar as suas figuras preciso dar a César o que era
na sua significação mais superficial — se bem que o "espirito" cá fóra e colocá-las em cima da sua mesa, para as examinar de César e a Deus o que era de
dele nunca fosse Inteiramente superficial — e considerado na à sua vontade e seu vagar. Era inevitável que as encontrasse di- Deus. Caifás e o Conselho aca-
•ua significação mais profunda e mais nobre. Espirituoso e es- minuidas e simplificadas, com os seus caracteresínhos bem acen- baram pela condenação; para o
piritual. Toda a sua obra esta banhada numa atmosfera de es- tuados. reduzidos a um certo número de "qualidades" clássicas crime político e para a pena de
piritualidade. Nada o Interessou no mundo como o homem, e e secas. morte era preciso Pilatos. Se-
no homem o seduzia exclusivamente o aspeto moral, sendo tudo Entretanto, essas figurinhas são Interessantes. Não nos dio gundo o sacerdote da lei, era
o mais acessório. E se nunca propugnou ou sequer insinuou toda a sua realidade interior e toda a realidade em que se mo- preciso que um homem morres-
uma doutrina, manteve em todo caso uma atitude permanente viam, mas dão-nos a que é possível apreender quando se isolam. se pelo povo.
e invariável, posto que discreta, de protesto e de perdão — pro- De resto, o processo é velho como a literatura, e Machado, no Pilatos foi ainda a nota hu-
testo de quem não se conforma, perdão de quem tudo com- Brasil, foi mais fiel e mais penetrante do que muitos outros. Além mana, e acaso mais humana
preende. de tudo, era bem seu direito reduzir o mundo e a vida às dl- que todas. Esse magistrado ro-
Machado não tinha grande imaginação, ou tinha medo ã mensões do seu temperamento e do seu gosto, ou, por outras mano, que, depois de interrogar
imaginação. Já se disse que a natureza nâo o comovia: não palavras, fixar o ângulo de visão que lhe convlnha. Ele via, a Cristo, não lhe acha delito ne-
irei a tanto, pois parece Imensamente Improvável que uma alma como criatura pensante, o homem considerado como criatura nhum; que, ainda querendo sal-
delicada e sensível possa conservar-se indiferente ao céu, ao pensante. Ou mal-pensante. Atitude intelectualista de um puro vá-lo da morte, pensa em sol-
Intelectual, a quem só Interessava a vida aparente, clara e ea- tá-lo pelo direito que lhe cabia
mar, as montanhas. Em todo caso, é notável a ausência de talogavel dos espíritos.
natureza nos seus livros. No mínimo, Isso deve indicar uma em tal ocasião, mas consulta ao
curiosa impotência para reter as Imagens recebidas, para as (Continuai ac página 119) povo, e ouve deste que' solte
Barrabás, e condene a Jesus;
que obedece ao clamor públi-
vando com igual sorriso Voltaire ou Calmo te quem sabe se lou- mentam a si mesmos, e uns aos outros como a sua maldade. co, e faz a única ressalva de la-
vando mais facilmente Calíno que Voltaire), concordando sem- "Chamo-me Natureza ou Pandora? Sou tua mãe e tua var as mãos inocentes de tal
pre, não discutindo nunca, pouco intimo com os Íntimos ate inimiga. Não te assustes, minha inimizade não mata; é sobre- sangue; esse homem não finge
com os seus próprios personagens a quem, desconfio, tratava tudo pela vida que se afirma. Vives; não quero outro flagelo" sequer a convicção. A conciên-
com certas ceremônias, não lhes confiando tudo quanto disses- Braz Cubas, que ouviu no seu delírio.estas palavras, tomou-as cia brada contra o crime que
sem e não dizendo deles todo o mal que pensavam. por verdades incontestáveis e tanto assim que as confirmou, na lhe querem impor, mas a tra-
Este. com efeito, i o Machado de Assis verdadeiro, o que seguinte fórmula que é o último tópico de suas memórias e o queza cede aos que lho pedem,
deva ficar, o que ficará. Se relembro o outro, o de 1894, que resumo de sua experiência: "Não tive filhos, não transmiti a e entrega o acusado à morte.
vergasta arlequins. com entusiasmo juvenil, é para dizer que nenhuma criatura o legado da nossa miséria".
A morte, fecho da Paixão,
tez bem o mestre em fechar-lhe a porta da coleção definitiva. Realmente a vida que ele "viveu, a que viveram quase todos termo de uma vida breve e
Tentar inclui-lo nessa obra serena e aristocrática eqüivale- os seus irmãos, Virgilia, Eugênia, DOM CASMURRO, justifica
encravar a praça pública em um pequenino salão cheia, foi cercada de todos os
ria a querer a observação que Machado de Assis põe na boca do Diabo: "a elementas que a podiam fazer
fidalgo. "O homem é uma errata pensante (disse Braz Cubas misantropia, pôde tomar aspecto de caridade; deixar a vida aos mais trágica. O riso deu as mãos
emendando a Pascal); cada estação é uma edição que corrige outros, para um mlsantropo, é realmente, abarrecê-los". *à ferocidade, e o açoite alter-
a anterior e que será corrigida também até à edição definitiva". Que os homens são merecedores desse aborrecimento, o ro- nou com a coroa de espinhos.
Machado de Assis "Derepudiou acertadamente aquela primeira mancista o mostrou insistentemente, apontando as suas figuri-
edição de si mesmo. si mesmo", não sei bem. Não será nhas leves e airosas, mesmo quando são grotescas, figurinhas a Fizeram do profeta um rei de
aquele Machado de Assis inverossímil também em Machado de que um luar de sonho adoça o desencanto da realidade; e que praça, com a púrpura aos om-
Assis inverídico? Não se pode honestamente atribuir à Índole, ele esculpiu meticulosamente, servindo-se da matéria prima bros e a vara na mão. Vieram
"relações sociais", refletia injúrias por atos e palavras,
ae um homem o que é puro efeito de admirável e duradoura que foi tomar â oficina dos grandes
o citado Braz Cubas para desculpar certas irregularidades de clássicos. agravação do suplício dado en-
Cotrim Não será esse critério uma explicação daquela e de Criando-as à Imagem do modelo que via através do seu
tre dois ladrões; irias ainda nos
outras ligeiras incoerências na obra do maravilhoso escritor? pessimismo, não podia dar-lhes asas de anjos. Dava-lhes pipa-
falta alguma cousa para com-
Como quer que seja ele reconheceu finalmente o seu en- rotes, porque a sua misantropia mais as desculpava que as mo- pletar a parte humana daquela
cano e fez a sua errata. Errata que algumas quereriam corrigir les tava. E a razão da desculpa era que as tinha a quase todas
cena última.
sem atender em que a contra-emenda nâo aperfeiçoaria, diml- por doidas...
"A loucura entra em todas as casas", afirmou um As mulheres vieram rodear o
nuiria o artista. dos seus doutores. Desse mal quase não escapou sequer um per- instrumento do suplício. Com
Machado de Assis afirmativo, Machado de Assis sem balbu- sonagem. outro animo que faltou alguma
elamentos de opinião, sem reticências, sem aquelas expressões vez aos homens, elas trouxeram
dubitatívas, sem os ou, os quem sabe ou não sei, os talvez (fra- Raros são os mais ou menos malucos. Maluco é Rubião. A a consolação e a paciência aos
quezas do homem, se quiserem, mas graças no seu estilo) não obra do romancista parece-nos que poderia, sem improprieda-
dc, ser representada em resumo por aquele hospício de Itaguai, pés do crucificado. Nenhum
seria mais o nosso Machado de Aseis, o que choramos e amare- egoísmo as conservou longe,
mos sempre. Seria Já outro, talvez o que surgiu há quarenta do famoso conto: O Alienado. Doidos, doidos, todos doidos. Mas
nenhum tremor as fez estreme-
anos, e certamente não valia o que morreu agora. porque a Machado de Assis repugnava a violência, o alarido, o cer de susto. A piedade era como
excesso, mesmo na loucura, todos os seus loucos são mansos
Quem espanque saltimbancos políticos, quem diga palavras alma nova incutida naqueles
azedas, ou proféticas, definidas e efêmeras sobre as nossas col- Quincas Borba, o pior de todos, não faz esgares, faz filosofia. corpos feitos para ela. Com os
sas, os nossos problemas, as nossas reformas, ah! sempre tere- As suas pedras mais desatinadas ele não as atirou — juntou-as
"Humanitismo". olhos nos derradeiros lampejos
mos de mais, para o nosso bem, ou para o nosso mal. para o edifício do seu de vida, que estavam a sair da-
O que ainda não tínhamos tido (salvo o esboço), logo apa- As outras criaturas que não teem filosofias e que parece te quele corpo, aguardavam que
gado, que foi Alvares de Azevedo e que não sei quando, nem se
"humorista, rem juizo, no melhor da festa denunciam por um volver de este fosse amortalhado e sepul-
teremos mais outra vez, é o tanto quanto o pode olhos, ou um gesto, por um farrapo de palavra a falha tado para lhe darem os balsa-
sér um homem da nossa raça, vivendo sob este nosso céu, tão interior. mos e os aromas.
franco, tão incompatível com o luar doentio de Meine, os corvos
filosóficos de Põe, a pesada névoa britânica de Sterne. Esta Os originais dessas estatuetas, aliás não copiadas, colheu- Tal foi a última nota huma-
névoa, que se derramou pelo coração e pelo espirito do criador os Machado de Assis em demorados anos, e na penosa ascenção na, docemente humana, que
de Qulncas Borba, dourou-a a graça de Xavier de Maistre, e de sua vida, que outros fazem em macio elevador de luxo, e què completou o drama da estreita
assim se tornou mais penetravel à atenção do nosso público, ele fez a pé, por escada desamoravel, degrau por degrau, não Jerusalém. Ela, e o mais que se
de terceiro ou quarto andar, mas desde a rua. passou entre a noite de um dia
geralmente alheio ao mistério de filosofias complicadas.
A de Machado de Assis não era tão rebuscada que não a Julgaríamos, ao primeiro, relance, que são reproduções In- e a tarde de outro completaram
pudéssemos enxergar sob o véu dc sua arte, e acompanhar no fieis. Mas um exame mais apurado verifica que, abstração feita o prefácio dos tempos. A dou-
vôo desconcertante de sua fantasia. Era accesslvel, e muito daquela maneira que define o gênio e dispensa assinatura de trina produzirá os seus efeitos,
acentuada, o que parece singular neste artista de meias tintas. escultor, elas traduzem na ondulação dos seus vestidos, nos a história será deduzida de uma
"Filosofia desigual, agora austera, logo brincalhona, coisa que sulcos de suas faces miúdas, no harmonioso mover dos seus pe- lei, superior ao conselho dos ho-
não ediflea nem destrói não inflama nem regela e é todavia quenlnos braços — almas que realmente viveram; e é essa mis- mens Quando nada houvesse
mais que passatempo e menos do que apostolado". teriosa colaboração de uma fantasia sem par e de uma obser- ou nenhuma fosse, a simples
São palavras de Braz Cubas. vação agudissima que assegura àqueles seres excecionais, a for- crise da Paixão era de sobra pa-
A luz dessa filosofia, mais para a Hgeireza do conto que tuna de não desaparecerem pelo corredor, escuro, por onde o seu ra dar uma comoção nova aos
para á pretensão do tratado, Machado de Assis viu a natureza criador viu sumir-se, atrás de um solene cortejo de personagens que lêem neste dia os evangells-
que atormenta o homem com a vida, e oa homens que se «tor- políticos — o porteiro do antigo Senado. tas.

-*
Upjj||,|||)i)|^illf.l4^.!!|l!iii'J'.'.lJ!. ...i"ii.H.U!,iiii. 1.1..,,.i|.. i .1.., . im...... i, . .ji ¦.,.,¦ .¦•¦"•• ,.4, .1 .:,-,¦'¦¦...,.,.-......¦¦, r.^^^r^^^

oorniBl., Mf.lMl á*fe,


PAGINA lll — SUPLEMENTO I.ITi»l-l»IO D1* MANHA

com inteira ignorância da qua-


lidade psicológica desse pais.
dessa hierarquia, de onde di-
MACHADO DE ASSIS
mana a sensibilidade do sin-
guiar escritor. E por isso acen-
tua-se mais o aspecto surpre-
E CARLOS DE LAET
endente do seu temperamento
raro, e divergente do que se en-
tende por alma brasileira. Ha ANTÔNIO J. CHEDIAK
um encanto nesse mistério ori-
ginal, e a bruca e inexplicável Entre os pouquíssimos literatos poupados pela clava formidanda ds
revelação do talento concorre Laet, se em seu corafcão coubesse orgulho, podia orgulhar-se Machado
vigorosamente para fortificar- de Assis. . '
se o secreto atrativo, que sen- O egrégio publicista, como lhe chamara Ruy, ao sentir-lhe a larpa
timos por tão estranho espírito envenenada feri-lo direitinho, em polêmica sobre direito, o egrégio pu-
admiração que nutria Ma-
De onde lhe vem o senso agu- blicista nâo ocultou nunca a insondavel por
do da vida? Que legados de chado. Ligeiro correr de olhos por sua obra jornalística vem demonstrar que,
ou de imaginação, rece-
gênio, ein vez de arrefecer-se com o tempo, foi ela avultando-se com ele.
beu ele? Ninguém sabe, De on- Vão referências, longas algumas, breves outras, todas comprobatõ-
de essa amargura e esse desen- rias do quanto estimava Laet aquele que um dia denominaria seu
canto? De onde o riso fatiga- chefe.
do? De onde a meiguice? A
volúpia? O pudor? De onde es- Em 1876, assinava, com o pseudônimo de Sic, os folhetins domln-
do Diário do Rio de Janeiro Em 17 de dezembro, nào tendo
se enjôo dos humanos? Essas gueiros mais novidades, perguntou: "Que mais vos hei de contar, meus fieis
______________? m\W W\W\\\\\^^'
qualidades e esses defeitos es- amigos e pacientes leitores?
tão no sangue, não são adqui- Que o globo continua a rodar em torno do seu eixo. e fê-lo com lan-
ridos pela cultura individual ta rapidez que está meio achatado nos pólos? Mas, isto é uma .verdade
A expressão psicológica de Ma- geológica que já tinha cabelos brancos no tempo de Humboldt,
O DESFECHO chado de Assis é muito intensa Que Machado de Assis asseverou-me que lia meus folhetins, e daquí
lhe aperto a mão se houve coragem para Lanto? Mas isto só poderia en-
para que possa ser atribuída a» cher-me de orgulho, se eu não soubesse que Magalhães, o máximo pon-
estudo, à observação própria. tilice das tetras pátrias, casou a ,z '*¦¦*¦ **ra com a diplomacia..."
Prometeu sacudiu os braços tnanietadoí Cada traço do seu espirito tem • • •
raizes seculares e por isso ele
F. súplice pediu a eterna compaixão. resistirá a tudo o que passa. Laet. em seus folhetins, adota.a o processo de montar o Pégaso.
com ele correr em busca de noticias. Em determinado momento,
Ao ver o desfilar dos séculos qne vão Em 1865, quando se inicia es- para "O Pégaso abateu as orelhas, e multo pacifica, sensata e vagarosa-
ta correspondência, quem era mente tomou o caminho da rua do Ouvidor Não ha entusiasmo qu»
Pausadamenle. como um dobre de fimaot. Machado de Assis? Já era aque- resista a certas duchas intelectuais.
le geômctra sutil, que encerrara Ao apear-me. topei com o autor das Falai», que ordenou-me lhe
o Universo no verbo, que ae entregasse o bruto para Ir até ao Diário oficial.., Mas eu receei que
Mais des. mais cem. mais mil e maU um bitíão, libertara da exaltação racial e aquilo fosse volta ao namoro com laia Garcia, e pela primeira ve»
... iDIãri. d* Ria. 13-1-1878).
Vns cm<jidos de luz, outros ensangüentados... sabia dissimular nas linhas desobedeci-lhe
tranqüilas e desdenhosas o frê-
Súbito, sacudindo as asas ile tufão. mito da natureza e revelar a Fechado o Diário do Rio, passou para o Crumlro, onde Machado
Fita-lhe a águia em cima os olhos espamtaios. loucura dns homens. Tinha ape- publicava semanalmente o laia Garcia, em folhetim. Pequenas, as re-
nas vinte e cinco anos: a sua fcrèncias. mas sempre amáveis. Porem, vamos lê-lo ao Jarual da Ca*
assi-
ação literária era eficiente ro mércio, secção do Microcosmo, que durou 10 am*. de 1878 a 1888.
Pela primeira vez a riseera do herói, teatro, no romance e na critica. nadoEmC. 29de deL. outubro de 1882, desenvolvendo o tópico do sumário —
Havia publicado novelas. fei'o Mais um para a estante dos bons livros — exarou: "Abrão Vossas Ex-
Que a imensa ave do céu perpeWamenle rói, representar comédias, brilhava celências e Senhorias lugar na sua biblioteca para mais um bom e es-
no "Diário do Rio" ao lado de pirituoso livro do sr. Machado de Assis — Pa_»is Avulsos — reunião de
Deixou de renascer às raivas que a consomem.
Quintino Bocaiúva, que Nabuco contos e artigos humorísticos, alguns dos quais já foram devidamente
chamaria o "jovem Hércules da apreciados, quando figuraram no rodapé das folhas diárias favorecidas
imprensa daquela époc.". Fô- pela colaboração do distinto escritor,
Uma invisível mão as cadeias dilue; ra até futurista", se por este Não destoa o livro dos que o precederam, firmados pelo mesmo nome:
afinou-se mais o estilo e guardou-se felizmente a graça e a originali-
Frio, inerte, ao abismo um corpo morto rm; epiteto recordarmos ter sido o dade das outras imaginações do autor.
jronista singularmente clássico Lembra ele em advertência preliminar, palavras de S. João e Dl-
Acabara o suplício e acabara o homem. de um efêmero (ornai de 1803 derot, para çxcusar a leveza de tais composições. Não era preciso tan-
"Futuro". Era o "Cri- to. Bastava mandar virar a página. Da primeira a filtima do livro cor-
poeta das
sálidas". rr o sopro da inspiraçÊo, mas trazendo, como o da brisa, por sobre as

A amizade de Joaquim Nabuco Para ai chegar, a viagem es- onde frutifiquem.


pivitu?l de Machado de
foi bem secreta. Veio do nado leitores; mas
Assi,
asas perfumosas. miriades c'e germens a esvoaçarem procurando o solo
Pelos novos contos de Machado de Assis passará imensiaade de
bem poucos serão os que, sob a lápide conceituosa do li-
Pedro Garcias. saberão desentranhar o tesouro de que reza
e Machado de Assis
cenciado
venceu as suas origens modss- & historieta prólogo do Gil-Braz. Nem outra é a feição caracteristk-a
tas. tornou-se homem de cul- dos contos, oue devem oferecer distração apenas aos que com ela se con-
tura. de gesto e criou a sua tentam, e ensinamento também aos que o procuram até nas horas de
Joaquim Nabuco tinha quin- se sobre o filho e germinava- doloroso própria personalidade. E' um lícitas diversões. ,__,..
e belo poema o da Tem-se notado que das ultimas produções do sr. Machado de Assis
se anos, quando pela primeira lhe a conciência da predestina- elaboração do obs- ressumbra certo humorismo, talvez por demais carregado de triste-a.
gênio neste
vez escreveu a Machado de ção. Outro impulso para a vi- curo heroísmo. Machado de A dosagem do humorismo, segundo osMas formulários em voga. é de panes
Assis. tória fora a própria beleza cor- iguais de melancolia e jovialidade. os poetas, como Heine e Ma-
Assis não revelou nunca esse chado de Assis, sempre deitam mais absinto... , *
A sua adolescência raiava co- poral. Já na adolescência Joa-
árduo combate interior, nac A razão é fácil de explicar. Naturezas mais impressionáveis, tam-
mo a aurora de uma grande quim Nabuco ergue-se, por en- fez -----:¦-transbordar no
v,„miidirie ódio bem mais devem elas sofrer com o aspecto das deformidades que a todo
vida. Este menino de colégio, tre os excessos e desordens dos
d^en Ini- instante lhes apresenta a observação cotidiana. Enquanto poetaa, vi-
que publica versos assinaladas tròp.cos, com aquela expressão W%™*£%£ ciai. Ai istocratizou se siienLiu S2- vendo de ambrosia e rimas, teem ampla licença para fabricar mun.js
pelos críticos, pertencia ao ja- apolinea, que e uma libertação samente. O seu heroísmo est* a seu jeito... Quando dessas esferas baixam ao planeta que habitamos,
triciado brasileiro em uma épo- de toda a submissão cósmica e a desilusão é grande... Começam a viver em prosa e sentem por totfos
neste trabalho de libertar-se ,1a os pontudos cotovelos da reall-
ca, em que a nossa comunhão que exprime na perfeição da sua classe. nes;a tragédia surda os lados a magoarem-nos incivilmente
social tinha a feição aristocrá- íorma o domínio do espírito so- dade... Então, falam, escrevem, riem como os outros, mas em suas ex-
tica de um pais de senhores bre a matéria universal. Aque do espírito que se eleva pressões divisa-se o amargo desdém que lhes merecem as patifa,, is
distinçã o desdenho circunstantes. e nos seus mesmos sorrisos há um quê de saudade psloo
de escravos E"„i reaSf este maravimoso de jj-j-jlno aos poderosos outros mundos, os tais que eles fabricaram, mas não podem gravitar no
ser agressivo
Na grande casa familiar da triunfo contempla as coisas e aos felizes. Da sua angústia verdadeiro, no real sistema planetário, sujeito a tantas perturbações
e
praia do Flamengo formara-se- não pertence a elas. Intelectual transpira a perene í cometices.
lhe o ambiente da imaginação Durante toda a sua atividade, Tenho de mim para mim que o humorismo triste do sr. Machado
da luta. Das tristes de Assis nasceu no primeiro dia em que com o pé da botina deu em ai-
política. Aí, como um orá- Nabuco permanece sereno e es- melancolia
o abandona fontes da sua inteligência per guma das patotas que de vez em quando assaltam a secretaria da agri-
culo da jurisprudência e dos ta serenidade não cia cultura... Quem vê desses monstros, vive triste com certeza.
Abolição, siste para sempre o travo
partidos, vivia seu pai, o sena- mesmo na sarça da amargura. Mas esta amargura Querem vé-lo contente, rlsonho, satisfeito? Náo o demitam, náo, por-
dor Nabuco, um dos iluminados José do Patrocínio, Luiz Gama e da vida é nobre, é o desencan- t|ue com ser ele um dos nossos melhores e mais laboriosos escritores,
Inspiradores do Império, vene- André Rebouças são o próprio to do civilizado e não o rancor morreria de fome. se o obrigassem a viver só de suas letras: mas dêem-
rado como uma divindade por sofrimento escravo, que pede, do escravo e o destempero do lhe uma licença, como as de que gozam outros funcionários, isto é. por
«ma clientela de cortezáos e solicita, reclama e impõe a 11- selvagem. toda a vida, e com vencimentos por inteiro, sob a condição de produzir
discípulos. berdade. Joaquim Nabuco é * uns tantos volumes por ano.
esclarece o senti- - O heroísmo de Joaquim Na- Romances, em lugar de relatórios; e em vez de fastidiosos ofícios.
Era um desses espíritos en- razão que buco foi de separar-se ia papeü avulsos, como os que acabam süo de ser publicados!"
mento. do Laet. De Laet!! E só mes-
genhosos e duteis, que o arti- aristocracia fazer a abolição Pois estes dizeres. srs. leitores,
valor lhos ditar.
licio idealista da monarquia mo a consciência do poderia
heroísmo de Machado de As-
parlamentar afelcoara, e cuja A essência intelectual de Na- °
de ora- suas origens <|U foi um*™g^ >"J'«_
«pressão de escritor e buco provem das
Para o mestre da ironia, a palavra do mestre do humorismo era sa-
Ȓ?*
dor. trabalhada pela disciplina é por isso que nele se acentua, £ VriiuT AmbStive- tive grada. Bastava, para batizar um escritor noviço. Era. também, o
o pensa- «nsaoesp^ntual.Amoos
jurídica, se estilizara até '' mais do que o artista, tradição >f™f e
'nosso" afetivo.
pureza cristalina das senten- dor político. E' uma heróicamente
"S^UdadM afirmar 'Dous Depois de apreciar uma obra de Aurélio de Azevedo, apresentou:
ças. Quando mais tarde, Ma- espiritual que ele conserva
e
^^.^^f
as Pupilas personaiiaaces poetas: o sr. Alberto de Oliveira com as suas Meridionais e a
chado Je Assis 'Nabuco, evocar o Velho eleva a um grau superior, ainda st Melo Morais Filho com os seus Mitos e Poemas.
outra que a essa vocação politica se Por mais estranha e singula: O sr. Alberto de Oliveira chega-me 14 todo coberto dos louros com
Senado dirá: o coroaram os seus amigos e entusiastas. Com as Canções Romãml-
das principais vozes do Sena- alie a sensibilidade artística, que se tenha afinado a sensi- que cas este moco entrou loeo com o pé direito na literatura. Saiu a ba-
orador Ele não foi artista absoluto e bilidade literária de Machado
do, era especialmente solenemente na Revista Brasileira um antlstite literário, o nosso
maior que tenha tizá-lo
para os debates solenes... A exclusivo; a sua atração pela de Assis, por do seu ge
Machado de Assis. De então por diante e porçue o recém-nascido, como
palavra do velho Nabuco era história e o culto pelo passado sido a peregrinação cs príncipes das Mil r uma noites, realmente deitava pérolas e dlaman-
do sor- tes de cada vez que falava — desde então por onde ele vai passando, è
modelada pelos oradores da tri- são manifestações de um tem- nio e a sua libertação tropical, o salva de aplausos e um chover de carírias".
A minha Nos estudos tilégio da natureza uma
buna liberal francesa. peramento politico. Dois que Laet estimava: Alberto e Melo Morais. Não lhes negou pa-
este mistério
Impressão era que preparava os históricos Nabuco considerava escritor, que por brasilei- lavras admiráveis (Microc. 9-3-884).
social, ü é um acidente
leu* discursos e a maneira por sobretudo a evolução grande
a diretriz política das socieda- ro, permanece como o intérprete
que os proferia realçava-lhes da agudo e sugestivo da socieda-
matéria e a forma sólida e bri- des. Herdou do pai o amor
lhante. Gostava das Imagens perfeição, o gosto do conceito, a
de do seu tempo. O Brasil, po- Fazendo certa comparação entre o jogo de xadrez e uma disputa no
o interessou somente Clube Beethoven. foi fino e malicioso: "A este combate em que o hcrol
literárias; uma destas, a com- fórmula expressiva e gráfica, rem, náo desarmado (Caldas Viana) vai bater-se contra dous. devem ser convl-
a que"doele ajuntou a moderni- como o laboratório psicológico
paração do poder moderador espírito, a curiosidade dos seus estudos. A formação dados todos os espíritos versados em planos e traças par» estivar oe rei,
¦ estaiuaoe u»™^_'
_Tpst_ftIia"de GÍÍaíIco~fíz êntâó _. dade ii,.»—h™. _«• ____»_«___. ministros mais ou menos constitucionais, conselheiros democratas re-
nacional atraiu-lhe vivamente
fortuna. O gesto não era vivo, cosmopolita, o sabor da
novlda
Seguiu a cor- nublicanos feroclsslmos. Parte do ministério, segundo me disseram, vai
nu naiisado o busto cheio era de e o ardor romântico. o„ gênio .
poético. _.-._,, . assistir à partida de que nodem resultar fecundlsslmos ensinamento».
do indianisinc Juls de combate cosetuma ser o sr. Machado de Assis. Excelente,
trannuUo e a »oz adquiria uma Machado de Assis não tem rente dos épicos
se e assim esse homem universal como entendido que é. mas eu nio o ouisert para tódos os xadrezes...
SSioridade que habitualmente história de familia. O que e essencialmente Mavloso coração, na sua qualidade de poeta, havia de achar dgjui-
S£ tinha" ««be das suas origens é Impre- foi americano {Continua na pagnut itoj
A auréoli do pai irradiara- ciso; é a vaia e vulgar filiação, brasileiro
W^m '' '" .M.,..a,:,f_,,.,.,..M1,,. -.,......,....„..,.,¦. -a, ,.,.,.-. v:«.-,,-:™ww*^vwl!Vliyt * ~qm»KI^1

DMriai», M-t-lMt
SUPLEMENTO U1IMIIO D'A MANHA — PAGINA I»

Machado de Assis, o moralista A ÚLTIMA RELÍQUIA...


UM APÓLOGO ando, acolchetando, a linha, pa- (MASCARA)
periência, murmurou à pobre
Era utna vez uma agulha, ra mofar da agulha, perguntou- agulha:
que disse a um novelo de Unha: lhe: — Anda, aprende, /o/o. Can-
Por que está você com — Ora, agora, diga-me; sas-te em abrir caminho para
quem
esse ar, ioda cheia de si, toda
enrolada, para fingir que vale
é que vai ao baile, no corpo da
baronesa, jazendo parte do ves-
ela e tia i que vai gozar da vi-
da, enquanto aí ficas na caixi-
iül ^^I^bI^bIH
alguma coisa neste mundo? tido e da elegância? Quem é nha tle costura. Fase como eu, ¦Dia %^I^IH
Deixa-met senhora. que vai dansar com ministros t que não abro caminho para
Que a deixe? Que a dei- diplomatas, enquanto você vol- ninguém. Onde me espetam,
se, por que? porque lhe digo ía para a caixinha da costurei- fico.
que está com um ar insuporia* ra, antes de ir para o balaio das Contei esta história a um pro-
vel? Repilo que sim, e jatarei mucamas? Vamos, diga lá. fessor 'de melancolia, que me
sempre que me der na cabeça. Parece que a agulha não dis- disse, abanando a cabeça: —
Que cabeça, senhora? A sc nada; mas um alíinele, dc tambem eu tenho servido de
senhora não é alfinete, é agu- tabeça grande e não menor ex- agulha a muita linha ordinária!
lha. Agulha nào tem cabeça.
Que lhe importa o meu ar?
Cada qual tem o ar que Deus
lhe deu! Importe-se com a sua
vida e deixe a dos outros.
A CAROLINA
Mas você é orgulhosa.
¦¦¦¦HkMÇM rç.i|ií;;l:i:;: Ç rr mSW-J
De certo que sou. Querida, ao pé do leito derradeiro BWr** ?%Bm\^m\^m\m
Mas por que? I.m (|iie descansas dessa longa vida,
E' boa! porque coso. En- -Aqui venho c virei, pobre querida,
tão os vestidos e enfeites de
Trazer-te o coração do companheho.
nossa ama, quem c que os cose, ¦ ^Ê wÊÊÊÊf "¦ AÊÊÈÉ
não sou eu, e muito eu? !a Kf
Você fu ra o pa no, nada Tnlsa-llie aquele afeto verdadeiro
mais; eu é que coso, prendo (jue, a despeito de toda a humana lida,
vm pedaço ao outro, dou feição J'ez a nossa existência apetecida
aos babados.. . li mim recanto pôs uni mundo inteiro.
Sim, mas que vale isso?
Eu c que furo- o pano, vou adi- Trago-te flores, — restos arrancados
ante puxando por você, que ^^^K». sí'^V-LJb.* ** %3mm
vem atrás, obedecendo ao que Da terra que nos viu passar unidos
eu faço e mando... E ora mortos nos deixa e separados.
Tambem os batedores ião
adiante do imperador. Oue eu, se tenho nos olhos mal feridos
Você é imperador? .
Pensamentos de vida formulados,
Não digo isso. Mos a
rerdade è que você faz um pa- São pensamentos idos e vividos. A moscara mortuária de Machado de Assis. Pode-se perce-
pel subalterno, indo adiante, ber como a fisionomia dele estava alterada, pela enfermida-
vai só mostrando o caminho, vai MACHADO DE ASSIS de atros que o afligia.
jazendo o trabalho obscuro e
Ínfimo. Eu c que prendo, ligo,
a junto...
Estavam níste, quando a
Machado de Assis na apreciação de Amadeu Amaral
[Continuação da página 117) nato. Nada de esvoaçante, de incerto, de íurta-côr, de involun-
costureira chegou à easa da ba- Puro intelectual... E' muito f aeil que o puro intelectual tário: tudo bem sólido e recortado, todas as junturas tomadas
roneza. Não sei sc. disse que cala no humorismo. E' o castigo automático do pecado contra com argamassa. Tudo o contrário do "humor" natural, caracte-
isto sc passava cm casa dc uma a vida, que é o orgulho da inteligência. Castigo, porque o humo- risticamente volúvel e contraditório, tudo obra da inteligência,
baroneza, que tinha a modista rismo (certa modalidade de humorismo) sendo o divertimento por natureza disciplinante e construtora.
e o enguiço dos leitores, é a doença desgraçada do autor, uma "humoristas", deixam influen-
ao pc de si, para não andai , Há escritores, que sem serem
espécie de diabete do espírito. ciar-se pelas variações do seu humor, tornando-se, estilística-
atrás dela. Chegou a costurei- Um puro intelectual é um homem que desconfia das pai- mente, ora frios e sarcásticos, ora impetuosos e agressivos, ora
ra, pegou do pano, pegou da xões, aa imaginação, do coração, e que procura reduzir o mun- melancólicos e anhelantes, ora impertinentes e irônicos. Macha-
agtitha, pegou da linha, enfiou do à secura de uma coleção de idéias claras, e tudo afere e do era sempre igual, e dificilmente se poderá inferir o seu estado
a linha na agulha, c entrou a apreça à luz da inteligência, e profundamente aborrece toda de ânimo do colorido de qualquer das suas páginas, salvo poucas
ser. Uma e outra iam andando animalidade, sem desconfiar que, às vezes, aquüo a que ele exceções. De tal modo ele se continha. Sempre o intelectual des-
chama animalidade pode confinar com o sublime e ir engolfar- confiado do coração, cheio do pudor de seus afetos. O seu estilo
orgulhosas pelo pano adiante, se no divino. Um dia, ele reconhece que está separado da vida literário era o equivalente artístico do estilo moral que impusera
que era a melhor das sedas, cn como um despojo de remotos naufrágios. Vè-se condenado a ã sua pessoa.
tre os dedos da costureira, ágeis não ser mais que um despojo, e vê que a vida continua e conti- Não obstante, era um humorista, neste sentido diverso e des-
como os galgos dc Diaqa — nuará eternamente a ondular e a estrondar, tão alheia à sua viado que ora se dá ao humorismo — a atitude mental de quem
lógica, à sua espiritualidade, à sua sabedoria, à sua razão, como se compraz em ver o lado mesquinho e ridículo da vida, a enfer-
fará dar a isto uma cor poclt- o está o mar com relação aos cadáveres que carrega no seio ou mida.de e a maügnidade do homem por trás de todas as suas
ra. E dizia a agulha: aos destroços de navios arremessados ã praia. Vem-lhe, então, hipocrisias e de todas as suas ilusões, sem contudo querer
Então, senhora linha, am- o dese)o de clamar o seu desespero e a sua revolta. Mas a clari,- admoestá-lo nem querer afligi-lo.
da teima no que dizia há pou- vldência adquirida o tornOu timido; a sensatez a que se habi- Tem-se procurado explicar essa atitude de Machado pela
tuou, lhe mostra a Inutilidade e o ridículo de todo o desmando sua origem humilde, pela sua qualidade de mestiço e pelo "mal
co? Nào refará que esta lítstm- trágico ou sentimental. Então, ri-se. Ri-se com lagrimas nos sagrado" que ainda mais o humilhava. Não posso crer nessa
ta costureira só se importa co- olhos. E' um homem esmagado, mas, enfim, liberto de tantas exp.icaçào, demasiado precária e demasiado "retrospectiva"
migo; eu ê que vou aqui entre opressões... Rl-se. para se impor sequer como conjetura. A origem humilde e a
os dedos dela, unidinha a cies, Assim Machado de Assis se tornou humorista. "Tornou-se". qualidade de mestiço são coisas vulgarissimas no Brasil, e en-
jurando abaixo e acima... de fato nâo o era de temperamento.
porque "humour" tretanto somos, notoriamente, muito pobres de Machados. O
O de temperamento é o verdadeiro "humor", por mal de que ele sofria tambem não é raro, e costuma fazer per-
A linha não respondia nada, oposição aos estados concientes e voluntários, como o instinto sonalidades lunáticas, desiguais e violentas, e nào afiná-las
ia andando. Buraco aberto pela se opõe à reflexão, como a espontaneidade se opõe ã regra, para sempre por um diapassão tão puramente intelectual. •
agulha era logo enchido por como a fantasia e o "bon plaisir" pessoal se opõem ás conve- Ao contrário do que se pretende, o caso de Machado de
eia, silenciosa e ativa, como nlências consagradas do espírito social. Escrever segundo o Assis pode prestar-se com muito mais verossimilhança a um
"humor", isto é, segundo os movimentos inconcientes e capri- combate aos exageros da teoria dos determinantes mesológlcos,
çuem sabe o que (az, c nào esta chosos que vão imprimindo certas tonalidades aos nossos sen- raciais e fisiológicos. Todos esses fatores podem ter importân-
para ouvir palavras loucas. A timentos, à nossa imaginação, às nossas associações represen- cia, mas todos podem ser neutralizados pelas virtualidades pró-
agulha, vendo que ela nào lhe tativas, c dar toda a preponderância ao coeficiente individual, prias do Espirito. Esse parece ser o caso de Machado. Machado
dava resposta, calou-se tambem, é, justamente, o contrário de escrever "como se costuma", isto triunfou, pelo espírito, de todas as inferioridades e sujeições;
e foi andando. E era tudo si- é, compondo, ordenando, arquitetando, aperfeiçoando, dando a domou e regulou não só os seus afetos, as suas paixões, os seus
lêncio na saleta de costura; náo máxima satisfação que se possa a essas entidades abstratas que instintos, a sua arte, o seu estilo, a sua vida, como a própria
são a lógica, a razão, o bom-gosto, e tendo em vista o progresso doença. De tudo isso ele formou o reino do seu caráter. E' justa-
sc ouvia mais do gue o plic-phc- regular das artes, do saber e dos bons costumes... Esse "hu- mente o exemplo mais notável de "espiritualidade" que eu conhe-
pltc-plic da agulha no pano. mour" natural, Machado não o teve. Em moço. era um moço ço, fora do círculo dos místicos e dos filósofos. Como a cigarra
(aindo o sol, a costureira do- respeitador, estudioso, circunspecto, meio romântico. Na idade de Anacreonte, dir-se-ia que não tinha ossos, nem carne, nem
liou a costura, para o dia se~ madura, começou a humorizar: foi uma evolução. E essa evolu- nervos, que era pouco menos que um puro espírito, "quasi igual
ção continuou, acentuando-se, até o fim. Mas o seu humorismo aos deuses".
puinte; continuou, ainda nesse era cerebral- Como quer que seja — e isto já eu devia ter dito desde
e no outro, ate que no quarto Fazia capitulozinhos curtíssimos, capítulos de reticências, logo, poupando-vos tamanha peraa de tempo, — Machado de
acabou a obra, e ficou esperan- páginas de fantasia gráfica, à maneira de Sterne, mas estava a Assis é sem dúvida um dos nossos exemplares humanos mais
do o baile. cem léguas da maneira intima, da física mental de Sterne, que curiosos c igualmente mais nobres. E sejam quais forem as
Veio a noite do baile e a ba- era ao mesmo tempo um imaginativo, um sensitivo, um pensa- restrições ou as considerações que nos inspirem, vistos de perto,
roneza vestiu-se. A costureira, tivo, enfim, um dansarino e um mágico da prosa kaleidoscopica. os aspetos da sua produção, podemos ficar-nos em que a obra
e admiração de Nietzsche. Com todo aquele aparelhamen-
delicia "técnica Que ele deixou é uma das mais conseqüentes, mais .sólidas,
que a ajudou a vestir-se, levara to de humorística". Machado era um reflexivo, um me- mais facetadas da nossa literatura, contendo dois ou três livros
a agulha espetada no corpmho. tódico. um timido, um espírito lento e cauto, cheio de travões e que em qualquer pais do mundo seriam grandes livros — e de
para dar algum ponlo necessá- de abafadores concientes, respeitador de todas as regras e con- certo mais apreciados e mais exaltados do que teem sido por
'io. E enquanto compunha o veniências, incapaz de um agravo à pudicícla do leitor ou às aqui.
injunções da gramática. "construído", aos bocados, de va- A homenagem que a Academia Brasileira lhe presta hoje
vestido da bela dama, e puxava Tudo quanto escreyia era é a coisa mais justa que ele pudesse efetuar. Devemos felicitá-la.
« um lado ou oulto, arregaçava gar, com assento e com pausa, correspondendo um cálculo de Se a casa não se opõe. a mesa o fará, por melo de um telegra-
daqui ou dali, olhando, abolo- sua meditação a cada pedra, a cada alinhamento, a eada or- ma. E desculpem-me esta conversa inútil » descosida.
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T?^.qg^t!!xv*e™>*%^?.*--<vr*r'

PAGINA 13» — SUPLEMENTO stlTíssaAItlO D"A MANHA

Machado de Assis e Carlos de Laet Machado c/e Assis,


romancista
(Continuação da página 118) Estes dizeres desagradaram a Laet. Para defender o poeta ineipien-
c4 *"d0 ,ue nos !^crT!,,S\^^
&TSSEÍ2&T. TS..^S*SSTm março. A questão arrastou outros: Silva
Luiz Murat. Tudo sobre versos agudos.
Ramos, Valentim Magalhães
Correram-se os clássicos. Em CAPITO
determinado momento, Artur afirmou que, excetuando-se -Machado de De repente, ouvi bradar
Assis todos os outros nacionais, inclusive Gonçalves Dias, claudicaram,
"O meu exce- uma voz de dentro da casa
Valentim Magalhães escrevia as Notas» à margem, na Gsueta de No- usando versos agudos. Ao que, pronto, emendou Laet:
Meias." LaTjV^tahâl contüíúirla travando conVele eicandicidas pen- lente amigo, o sr. Machado de í»***"!» "«JSÍJiÍmSSÍ. ao pé:
Sndi. era que se trocavam desaforos nadapara desejar. Foi por isso o único apontado¦J^SJ^Sl*'SSÍSS^ -— Capitú!
data: "O tom ge. exceção, pelo seu esmero na forma poética" , SS? n^T.^Í.SS?
Pois que se apreciassem,
que somente dedicou um pedacinho às Historias sem dele. oito versos agudos, num soneto: E no quintal:
tal deste folhetim tem sido favorável às pessoas de que me tenho ocu Mamai!
pado, e isto começa a incomodar-me...- "Prometeu sacudiu os braços manletadoa
O sr. Machado de Assis publicou em livro os contos e fantasias com E súplice pediu a eterna compaixão. E outra ver na casa:
aue depois da publicação das rásginas Avulsas, tem continuado a os- Vem cá!
smaltar as colunas de alguns jornais fluminenses; e como ocultar qua Ao ver o desfilar dos séculos, que vao
acho conceituosas e dignas de leitura as Historias sem data do brühan- Pausadamente, como um dobre de finados... me Não pude ter. As per-
te .Meritor? Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bíllao, nas desceram-me os tres de-
Mas por que nio o diz e de que diabo tem medo? — pergunta-
me o leitor estupefacto. Uns cingidos de luz, outros ensangüentados... graus que davam para a chá-
Tenho medo do elegante colega das Notas a margem que. para Súbito, sacudindo as asas do tufão.
Fita-lhe a águia em cima os olhos espantados. cara, e caminharam para o
terminar as suas muitas Injustiças, me convidou a nao faier critica-
de compadre, deixando entrever que por seu turno osia a .. ,»i - quintal visinho. Era costume
dar de sistema. Pela prlineilra vez a víscera do herói, delas, às tardes, e às manhãs
A proposta de semelhante pacto veio surpreender-me, por multas Que a imensa ave do céu perpetuamente ró»,
Deixou de renascer às raivas que a consomem. também. Que as pernas tam-
razões- — porque é a primeíria vez que na conta de blandiciosa e mesu-
relra é tida a critica exercida nestas páginas; porque parte do colega, bem são pessoas, apenas in-
cuja propensão ao elogio vai até decantar as belas formas físicas e os se- Uma invisível mão as cadeias dilue,
Prio, Inerte, ao abismo um corpo rue; feriores aos braços, e valem
dosos bigodes de seus gentis colegas; porque, finalmente, mesmo na quês- Acabara o suplício e acabara o homem". de si mesmas, quando a ca-
tao a que tão fora de propósito foram trazidas palavras deste rodapé,
aqui não se tinha elogiado ninguém, ao passo que o escritor da» Notas Machado, acrescentou Laet, nem excluirá os agudos,"nosso nem aplicara beca não as rege por meio de
a margem organizou logo uma extensa lista de gloriosos dramaturgos na- a tal uniformidade do Eloi. Como ficaria o soneto do impeça- idéias. As minhas chegaram
elonais, revelando certa indignação por me serem desconhecidas as obras vel Machado", se três oxítonos arguiu Artur de pecado o Alma ml
meditas de algum deles! ' por ao pé do muro. Havia ali uma
Em todo o caso como ao colega parece que vai chegando mais nl- nlia gentil que te partiste? (J. do C 6-2-887).
tida compreensão de seus deveres de crítico, por Isso o felicito, esperan- A isto opôs Artur, no dia seguinte, que o soneto de Machado era porta de comunicação man-
"uni primor artístico, um modelo de uniformidade". Servira-se da for- dada rasgar
do que. multo breve, pelo glorioso papel de Arlstarco, troque as suas pe- por minha mãi,
nosas funções como órgão da nova geração". IJ. do 0., 10-8-884). lua francesa: "os dois quartetos teem quatro versos graves e quatro agu- Capitú e eu éramos
dos que se harmonizam perfeitamente. Cada um dos dois tercetos co- quando
meça uniformemente por dois versos agudos, com rimas emparelhadas, pequenos. A porta não tinha
e termina por um verso grave, que vai rimar com o seu equivalente" chave nem taramela; abria-se
A propósito de um banquete a Taunay, onde se congregaram lndlvl- Depois de"Oh! citar o soneto de Arvers — Mon ãme a son secret... — e:
"Depois do coup da milieu, disse- clamou: Machado de Assis é um arquiteto, não é um mestre dc empurrando de um lado ou
duos de opiniões dlverssas. satirizou:
me uma vez o sr. Machado de Assis, a confraternização é, tanto enten- como obras!"
Laet se ofendeu com esta pensando que havia dito Artur puxando de outro, e fechava-
ato de concórdia, principio de baã digestão. Flslologia e politica passagem,
aconselhar a fusão amistosa de todas as opi- r.ue criticara a Machado: "ninguém, mais do que eu, particular e con- se ao peso de uma pedra pen-
deram-se. portanto, para em casa. na rua do Ouvidor,
niões". IJ. do O., 3t)-5-s38S>. vlcta, assim como pública e solenemente, "saráus" literários, de pena em mão ou dente de uma corda. Era
nestes rodapés, nos bondes, em
... empunhando a taça dos festlns contratemos, gostosamente tem reco- quasi que exclusivamente
nhecido e proclamado o esmero literário do poeta das Crlssálidas e Ame- nossa. Em crianças, fazíamos
Pnr nraslfto do 22* aniversário de publicação do primeiro livro de ricanas". . visita batendo de um lado, e
d? II) de outubro de 1886: Assim, Machado, "a cuja presença o escritor do D «»» parece que-
preso por Iconoclasta", no Imo jà estaria dando-lhe ra- sendo recebidas do outro com
"otimamente
MachadoSeveuntTrMicrtSo.
conheces caro Rio, esse admirável talento que. h» rer levar-me "Dificilmente com meu
óerto deum"quarto de século atravfe doHrosaicos labores do funciona- zôes: conseguirá o maligno confrade ind.spor-me muitas mesuras. Quando as
ffmo a qu? S atirou a luta pela vida, colabora contínua e eficazmente chefe... anos Nem é bom bullr nisso.. Estou aqui. estóu lembrando que hà bonecas de Capitú adoeciam,
Sara a pátria literatura dando aos mais moços o exemplo da fiel e fe- alguns desembalnhel a espada em prol do regime da legalidade
cúnda aliança dotalento e do trabalho. Por isso. inútil for» recordar quero dizer, dapara manter no trono o meu legitimo rei. o sr. Machado, ao o médico era eu. Entrava no
aoui os ítalos dos seus muitos livros. passo que nova geração, a cuja testa se avolumava o sr Azevedo. quintal dela com um pau de-
DeVa-me norem lembrar-te que a feição característica dessa Bela partia o grito de revolta, que teria por se conseqüência a tumultuaria en-
rntelirência é uma serena, conquanto amarga concepção da sociedade tronização do sr. Luiz Delfino. Como esquecem as cousas! Quando baixo ao braço, para imitar o
Sue rj cerca Dizem-no pessimista, e o é. mas sem irritação nem ouel- com a coragem do leão acuado por um troço de árabes, desesperadamen- bengalão do doutor João da
Sumes Inúteis Pensa talvez mal do mundo, mas quer bem a todos, te se debatia o sr. Rozendo. na travessa do Ouvidor, com ele esteve em Costa; romova o
belas amostras de uma substância espirito o obscuro batalhador do Microcosmo, pugnando para que das pulso à doen-
Lembra-me ter certa vez admirado insinua-se que sou te, e pedia-lhe que mostrasse
Salina Eram de colesterina, o principio dominante da bills... O mãos não caísse o cetro da pátria literatura. Agora, "E'
«SiimismrVé a secreção biliar do espirito humano; porem Machado de um rebelde! Não. nesta questão de agudeza. sou eu quem está na ordem, a lingua.' surda, coita-
Assis conhece excelentes processos para depurá-lo. Melhor do que nin- e protegido pela autoridade de quantos desde el-rei d Diniz até ao sr^
Bernardino Queiroz, com escala por Camões, Castilho e Machado de
da!" exclamava Capitú En-
•mem ele sabe cristalizar o amargo. ima- tão eu cocava o queixo, como
A esta feição característica da Índole moral de seus escritor, con- Assl». teej-i nort-do com verso» asudos e s—»i. o menor cuidado das
sorcla-se admirável correção de formas, que põe extáticos, ante as vi- ginárias simetrias do mestre do Palanque o doutor, e acabava mandan-
trinas em que as exibe, os bárbaros que, como eu, parecem ter desapren- Lembramos, ligeiramente, que este pedaço se prende a um concurso do aplicar-lhe umas sangue-
dido os segredos dos antigos lapidários do pensamento. sobre qual o maior poeta do Brasil. O certame carregou à briga os
Ora a.ssim como a extrema correção põe a obra de Machado de nossos mais belos talentos. Chegou-se, até, a luta de braço. Rozendo sugas ou dar-lhe um vomito-
Assis a coberto das invectivas dos censores, que primeiro atentam na Muniz se pegou, dentro da redação, com os chefes de A Semana. O que rio: era a terapêutica habitual
forma assim também o caráter impessoal, posto que pungente, do seu vej0 a provocar nova celeuma de rir á caqulnada quem a acompanha, "Há alguma do médico.
humorismo o tem isentado dos protestos e inimizades que inegavelmen- mais tarde, levou-se. na Penix dramática, uma peça:
te suscita a enunclação de certas verdades. Sabe ele dizé-las com tal diferença? Em melo & representação levantou-se Artur e houve um Capitú!
Jeito, que cada qual entende que sâo com o vizinho e fica satisfeitíssimo frege: cadeiras quebradas, bengaladas. murros, o diabo. O autor da peça
colocado o Artur como personagem, salientando-lhe os defeitos.
Mamai!
c amigo do humorista. havia
Por isso tantos aíeiçoados conta quantos os seus leitores de há vm- mí&s. seguira o mesmo processo de Artur. Novas polêmicas: Artur. Bo- Deixa de estar esbura-
te e dous anos. Quando alguns amigos resolveram festejar com um ban- t.aiuva. Ferreira de Araulo. Valentim. Pilinto de Almeida, etc. Laet,
quete o aniversário da primogênita de Machado de Assis, começaram n qlie também metera o bedelho, comentou em dado momento — que difi- cando o muro; vem cá.
chover empenhos. Palava-se jà no teatro de Pedro II. e em mil modes- e cul- cii. dificílimo de acreditar era aue ao escrúpulo e habilidade tão conhe- A voz da rnãi era agora
rihentos talheres. Felizmente, acabou tudo em proporções mais cidos no censor da peça, "o digno presidente das Letras e Artes. sr.
tas, como o requeriam a ordem e o bom gosto dos ágapes literários. Machado de Assis", houvesse passado inotório algum insulto, principal- mais perto, como se viesse já
Jantcu-se no Globo. Logo no princípio foi proposto que nâo have- mente centra "\m ^u confrade nas letras e no alto funcionalismo... da porta dos fundos. Quis
ria outros brindes senão os endereçados ao festejado escritor, suprimidos Antes me sorri a idéia rle que. com a maliciosa finura que todos lhe re- passar ao quintal, mas as per-
assim habilmente quaisquer laivos de recíproca admiração. A idéia, for- conhecemos, quiz o crítico humorista praticamente comprovar o perigo nas, há
mulada pelo sr. Elísio Mendes, foi unanimemente aceita. dessas mascaradas dramáticas e a nenhuma tolerância dos homens de pouco tâo andarilhas,
Voiou-se também com muitas aclamações que nunca jamais se pro- letras a quem preside*'. Não cdotava Artur fazer o mesmo, pareciam agora presas ao
letasse ali criação de sociedade de homens de letras. Incorrendo em ana- » • * chão. Afinal fiz um esforço,
tema até à décima nona geração, todo o que por palavras ou gestos ten-
tasse renovar o inf ando tentame. Esta resolução, depois de varar-me O Microcosmo de 13 de marco é, inegavelmente, a melhor tirada empurrei a porta, e entrei.
os seios da alma, a mim que fui um dos da comissão diretora da maio- humorística e literária de Laet. na primeira metade de 1887. Capitú estava ao pé do muro
grada agremiação, deve ir também cravar-se como agudo espinho nos Sumariou os àebates da 1." sessão da 1.* legisla*ara do Grêmio das
sensíveis corações dos srs. Bocaiúva, Joaquim Nabuco e outros de quem tretas e Partes — Previdência do Gran-mestrc de Assis,
fronteiro, voltada para ele,
pendem as condições do combate, quer dizer, da fraternal associação. Fórum partes nela Castro Lopes, II signor Foglinso. Avelino. Va riscando com um prego. O ru-
Ao lado direito do lugar que, obsequlosamente se concedeu ao escrl- lentim. Vasques, Saraiva, Cerqueja. Olavo (Bilac), Kiros (Ciro) de mor da porta fê-la olhar para
tor do Microcosmo, sentava-se o comendador Oliveira Rodrigues, o im- Azevedo, mais vozes, anônimo;, entrelinhistas e literatos,
ar- traz; ao dar comigo, encos-
pertérrtto batalhador da Imprensa que de alguns anos a esta parte Laet apanhou, de relance, todos os sucessos do mês. políticos,
costuma aparecer no mais aceso das polêmicas ferozes, dando-lhe com aà tfsticos, sociais, literários, etc, comentariou-os irônico, fez falar tou-se ao muro, como se qui-
sua faceclosa bonhomia sabor pacatamente burguez e mais consoante personagens de acordo com suas tendências e opiniões, com apartes
brandura dos nossos costumes. Quanto desejei que ali tam- caidinhos ao ca~o. Justamente, rigorosamente, fielmente como sol suce- sesse esconder alguma cousa.
em se achassem os que do comendador fizessem mito!
Ereconizada <jer numa reunião, onde vários falam, palpitam, se esquentam, se ele- Caminhei para ela; natural-
-oca- Vam ao sublime ou descambam ao ridículo ninguém se entende, muitos
Depois da recitação de várias poesias, que em qualquer outra mente levava o gesto muda-
«lão teriam feito Jus a calorosos aplausos, e por maioria de razão os od- „, irritPm, e todos se mordem. Mas, sobre eles, Machado, o Gran-
tiveram depois do coup du milieu, encerrou-se a festa, por uma feliz ins- mestre de Assis, do, porque ela veiu a mim, e
piraçâo, com a leitura de trechos du Crlsálidas. ...
perguntou-me inquieta:
Ao saudoso poeta pendeu a fronte, ouvindo aquelas estrofes que O princípio fat<dfstÍco que caracteriza a Machado, chamou várias Que é que você tem?
foram os primeiros cantos de sua alma então toda aberta às suaves ins- rezes a atenção de Laet. Em 1387, 10 de abril, polemizando com Ciro de
pirações do romantismo... "Verdade é que em outros tópicos Eu? Nada.
E' a amizade evocando o amor — exclamou alguém conceituo- Azevedo, descambou para a politica:
o sr. Ciro escusa os desvirlos revolucionários como produtos de uma Nada, não; você tem
histórica, determinada por leis Imprescriptivels...'* Mas
Mas não foi bem exato... Afetos que estão em Machado de Assis, fatalidade alguma cousa.
s^^^-^jgfi^sà^òscuto * **¦ M pri' ^^íxriusfffíüsrs jürí»s &ssrüK
"e"í
morrerão teo cedo... Podem dormir o sono das crlsálidas, mas para já
o exame destoutro

parte, e que anda agora


modo

a
ds

inquirir
encarar

- - se
a

a
questão,

fatalidade
fatal!,
com

é.
levar-me

ou não,
dema-

real'
Quis insistir que nada, mas
não achei lingua. Todo eu
^UdemdeSHomCde Mi projetada em festa dedicada era olhos e coração, um co-
Luta Guimarães Jr., por ocasião de sua chegada da Europa. Nela, Na- *
ração que desta vez ia sair,
Teixeira^et vazou
^^X%^^^o*Xra*«^,7^JT^ Em
apreciação a Poesias e P«ma, de Mucio
a Machado, trpografo: "Um dos nossos mais dis- com certeza, pela boca tora.
disociedade Ataques de um lado e desânimo de outro abafaram carinhosas palavras olhos da-
Méiarom«litimento de todos, mesmo dos desafetos, que, por sugestão tintos homens de letras foi tipógrafo, e nunca por rsto tentaram der- Não podia tirar os
-»« sumidades
.™ih^«, em „m que n,„> temt™, assento como respeitado mestre quela criatura de quatorze
resneltado mestre'
So decruS da reunião, barão de Paranápiacaba, se deram as mõos em -'»¦»-'- ribá-!o das
sinal de paz. Narrou-o Laet, em precioso folhetim. Sinal de mágua. (J. do C, 5-2-ÜJI8I. anos, alta, forte, e cheia,
recordou o sucesso, segundo se viu. apertada em um vestido de
Um caso curioso, narrado por Laet, em que entrou Machado, como
testemunha: "Acometido de um acesso oe indiscrição, como o que chita, meio desbotado
Os ca-
obrigou o barbeiro de Midas a deitar em um buraco a confidencia da belos grossos, feitos em duas
Entremos em 1887. Acabava de sair o Trepadeiras Selvagens, de regia deformidade, certo empregado de uma confeitaria da rua do
Bernardino Queiroz. Livro "muita d* versos. O prefaciador. Paranápiacaba. Ouvidor solicitou o comparecimento de três homens discretos e contou- franças, com as pontas atadas
s»cliara-os dedilhados com singeleza", e. o mais raro, impre-
- « uma à outra,
à moda do tem-
nados de sentimento — condição essencial da poesia. Eram os três o sr. Afonso Celso Júnior, Machado de Assis po, desciam-lhe pelas costas.
Artur Azevedo, que vinlia assinando, no Diário de Noticias, a secçSo otecuro autor destM linhas. claros e gran-
De nalanrjue, com o pseudônimo de Eloi, o- herói, tecendo corrida apre- O fato é curioso... Nada mais, nada menos do que Isto... Quase Morena, olhos
clacáõ ao livro, nfo se animou a contradlser o juízo do La Ftontaine na- todas as tardes, conhecido escritor ultraministeiialista compra, na tal des, nariz reto e comprido,
um oonselho ao sr. Queiroz. pedindo-*e que cul- suíço, fios de ovos, item embralrroslnho que
eional: mas adiantou consteitaria, queijo fina e o queixo
primeira composição do volu- amarra com fitinha cor de rosa. Aos que o Interrogam sobre o ende- tinha a boca
"A
«lasse mais um poucochinho da forma:
me começa por tunTquswlr» lntrtomente composta de versos agudos. CConlinuo página na 128) largo. As mãos, a despeito de
Oom» esta, outras imperfeições h»..." WT-l-*cW).
uomiMo. n-t-an
SUPLEMENTO' UTKRAMO D'A MANHA — PAGINA Ul

O GRANDE PESSIMISTA- MUCIO LEÃO


Humilde e pobre, tendo quenino baleiro do morro sqlver de suas infinitas infâ-- novas ilusões; em cada um
nascido num lar absoluta- do Livramento, do sacristão D. Severina inicia nos tor-
mias, a humanidade mi- deles rebentavam as verdu- mentos e nas amarguras
mente desprovido de qual- da Lamposa, do tipógrafo seravel. Procuremos em to- ras de uma primavera, e de um amor sem retribui-
quer brilho, Machado de da Imprensa Nacional, se os dos os seus livros quem seja amareleciam depois, para
Assis teve com os homens deuses tivessem dado a esse ção uma pobre criança de
verdadeiramente bom, ver- remoçar mais tarde... A doze anos. D. Paula al-
e a vida os choques mais escritor um pouco das emo- dadeiramente leal. Um dos vida tinha assim uma jegu-
terríveis. Puro intelectual, covita, com a tolerância de
ções e das lágrimas, que são seus primeiros romances, laridade de calendário...". uma velha conhecedora do
de inteligência fria e geo- tão comoventes em Pedro Helena, não é mais do que
métrica, inimigo das confi- Nozière. Se a vida é assim indife- assunto, as aventuras ex-
a pintura de um amor ro- rente, assim má, no abando- tra-conjugais da sobrinha.
dências e das confissões, Jogado num meio que mântico, vagamente inces-
ele se recusou, em toda a lhe era superior, segundo a no em que nos deixa — como E a própria Caetaninha, tão
tuoso. Esaú e Jacob relata a havemos nós, os homens, ae
sua obra, a dar os depoi- corrente dos preconceitos, luta de dois irmãos, inimi- doce e tão pura, é no silên-
mentos das suas emoções, o drama de Machado de ser melhores do que ela? cia do jardim, beijando o
gos desde o Ventre materno. Nesses romances, nesses
dos seus sofrimentos. Nele, Assis ha de ter sido crucian- Brai e Cubas e sobretudo, o primo, que se reconforta das
nada que seja o transpare- te. Imagine-se esse drama, Dom Casmurro, são roman- contos, nada de bondade, perigosas metafísicas do
cer da sua alma. Nada que nada de carinho. Machado tio...
quando o escritor compa- ces de traições. de Assis teve o pudor de des-
nos sugira, por exemplo, rava, à mediocridade real Nos contos, os mesmos des- Como as mulheres, os
uma paisagem da infância, do meio, o seu gênio au- vios do coração, as mesmas cobrir nos outros homens o homens de Machado de As-
uma queixa, uma confissão reolado da pobreza e do lado generoso ou sublime. sis são de uma total e con-
cruezas postas a nu. E, o
da adolescência, cheia de abandono. Desse contraste mais interessante é que tu- Corramos a galeria das suas ciente amoralidade. Quin-
ilusões e de amor. A ver- nasceu o primeiro pessimis- do isto se encontra narrado mulheres, entre as quais cas Borba supõe a avó es-
dade e a poesia, dos primei- mo de Machado de Assis — com um ar de serenidade, Capitú é um símbolo en- magada por um coche afim
ros tempos de Goethe ou de pessimismo agravado, mais com uma indiferença abso- cantador, porem ihiquo. A de facilitar uma demons-,
Renan, as ambições ho- tarde, com a doença, que luta e quase olímpica. É que bela Flora é uma indecisa, tração filosófica; anterior-!
nestas de Taine. conserva- veiu a fulminá-lo. o filósofo somente encontra- repartida entre dois namo- mente, roubara ao seu me-;
das em "Etienne Mayran", Já Taine acusava no hu- va na vida, uma serena e in- rados. Virgínia possue a lhor amigo um relógio. Ru- i
as desencantadas aspirações mour, como um dos seue clemente madrasta. A vida mais tranqüila ausência do bião foge a uma prome-
dã vida án flor de Anatole característicos, um despre- "creatura antiga e senso moral; trae o ma- sa solene, feita diante de
para ele,
France — nada disso des- zo cruel pelos circunstan formidável" é tão semelhan- rido com a mesma doçura um agonizante, para voltar
cobrimos no velho pensa- tes. Esse cruel desprezo, te à morte que nós chega- que teria para colher num a - cumpri-la, ao verificar
dor. que é comum a Sterne, a mos a confundir uma com a jardim uma rosa. Sofia, a que, se não realizá-la, per-
O único personagem em Dickens e a Thackeray, a outra. A natureza não nos doce amada de Rubião, ex- dera uma herança. O conse-
que ele se deixou um pou- Carlyle e a Swift, foi o ama nem nos perdoa: é in piora o professor mineiro lheiro Ayres tem várias vir-
co retratar — o Conse- grande segredo de Macha- flexível em seus desígnios. com uma serenidade igual tudes, mas lhe falta a mais
lheiro Ayres — é, quando do de Assis. Um dos seus E é ela própria quem nos àquela com que lhe ouve os essencial de todas'— a sin-
muito, o Machado de Assis, contos principais, o Alie- diz, quando acaso nos fala: galanteios cretinos. Estas, as ceridade.
cínico em filosofia, desde- nrsta, é um tanto um resu- "Chama-me Natureza ou mulheres dos romances. Nos Sempre, enfim, esse pes-
nhoso em moral, dos últi- mo da sua obra. Dir-se-i?. Pandora; sou tua mãe e contos achamos expressões simismo torturado, esse pes-
mos anos. que ele encarou a vida e os tua inimiga." Essa mesma semelhantes da frieza dos simismo torturante. Lem-
Fosse ele um escritor me- homens através das lentes indiferença, encontramo-la sentimentos ou da força das brando os sentimentos de
nos frio e matemático, mais de um diretor de hospí- através dos séculos, em to- ambições. D. Camila evita Machado de Assis, perante
sentimental — e que mara- cio de alienados, dir-se-ia das as idades: "Cada sé casar a filha para conservar a vida, nós nos* sentimos
vílhosa pintura da dor que em todos os seus com- culo trazia a sua porção de a ilusão de uma juventude tentados a fazer a mesma
e da melancolia dos seus panheiros de planeta ele sombra e de luz, de apatia e que morre. Augusta comete reflexão da águia diante de
primeiros anos teria deixa- viu, apenas, maníacos e lou- de combate, de verdade e de a mesma injustiça. Mme. Ashaverus: — "Nem -ele a
do! Ku gosto de imaginar o cos. Só uma universal ir- erro, e o seu cortejo de sis- Tavares se diverte em con- odiou tanto, senão porque a
que seria o romance do pe- responsabilidade poderia ab- temas, de idéias novas, de quistar os maridos alheios. amava muito".
alguns ofícios

ravam a sabões
rudes, eram
curadas com amor; não chei-
finos nem
Parece que não.
Mas então quando fala?
Disse-me que hoje ou
constantes, enfiados neles, e a
isto atribuo que entrassem a
ficar crescidos, crescidos
MUNDO INTERIOR
águas de toucador, mas, com sombrios, com tal expressão
no
água do poço e sabão comum, amanhã pretende tocar que...
trazia-as sem mácula. assunto; não vae logo de pan- Retórica dos namorados,
codas, falará assim por alto e
* dá-me uma comparação exata
por longe, um toque. Depots, e poética para dizer o que fo-
OLHOS DE RESSACA entrará em matéria. Quer ram aqueles olhos de Capitú
Tudo era matéria às curió- primeiro ver se mamai tem a Não me açode imagem capaz
resolução feita.. .
sidades de Capitú. Caso hou- de dizer, sem quebra de dig- ^Dl I ^M -J^^B BmL^^BiIIIÍHÍII ^M \\\\m'' aa\\\\\\\\a\\\Ji\\\\\\
ve, porem, no qual nâo sei se Que tem, tem, inter- nidade do estilo, o que eles
aprendeu ou ensinou, ou se rompeu Capitú. E se não tosse foram e me fizeram. Olhos
fez ambas as cousas, como de ressaca? Vá, de ressaca.
preciso alguém para vencer
eu. E' o que contarei no ou- E' o que me dá idéia daquela
já, e de todo, não se lhe fa-
tro capítulo. Neste direi so- iaria. Eu feição nova. Traziam não sei
já nem sei se José
mente que, passados alguns Dias influir tanto; que fluido misterioso e enér-
poderá
dias do ajuste com o agrega- acho
que fará tudo, se,sentir gico, uma força que arrastava
do, fui ver a minha amiga;
que você realmente não quer para dentro, como a vaga que
eram dez horas da manhã. D. ser se retira da praia, nos dias de
padre, mas poderá olean-
Fortunato, esTava no ressoca. Para nâo ser arras Ouço que a natureza é uma lauda eterna
que çar...? Ele é atendido; se,
quintal, nem esperou que eu porem... E' um inferno isto! tado, agarrei-me às outras De pompa, de fulgor, de movimento e lida,
lhe perguntasse pela filha. Você teime com ele, Bentinho. partes vizinhas, às orelhas, Uma escala de luz, uma escala de vida
Está na sala, aos braços, aos cabelos espa- Do sol à ínfima luzerna.
pentean-
do o cabelo, disse-me; vá de- Teimo; hoje mesmo ele Ihsdos pelos hombros; mas
Ouço que a natureza — a natureza externa —
vagarzinho para lhe pregar ha de falar. tão depressa buscava as pupi-
Tem o olhar que namora, e o gesto que intimida,
um susto. Você jura? las, a onda que saia delas vi-
nha crescendo, cava e escura,
Feiticeira que ceva uma hidra de Lema
Fui devagor, mas ou o pé Juro! .Deixe os
ver Entre as flores da bela Armida.
ou o espelho traíu-me. Este ameaçando envolver-me, pu-
olhos, Capitú.
pode ser que não fosse; era xar-me e tragar-me. Quantos E, contudo, se fecho os olhos, e mergulho
um espelhinho de pataca Tinha-me lembrado a defi- minutos gastamos naquele jo- Dentro em mim, vejo à luz de outro sol, outro abismo,
(perdoae o barateza) com- nição que José Dias dera de- go? Só os relógios do céu te- Em qpe um mundo mais vasto, armado de outro orgulho^
"olhos rão marcado esse tempo infi-
prado a um mascate italiano, les, de cigana obliquà
A eternidade
Rola a vida imortal e o eterno cataclisma,
moldura tosca, argolinha de e dissimulada". Eu não sabia nitó e breve.
E, como o outro, guarda em seu âmbito enorme,
latão, pendente da parede, en- o que era oblíqua, mas dissi- tem as suas pêndulas; nem
Um segredo que atrai, que desafia — e dorme,
tre as duas janelas. Se não foi mulada sabia, e queria ver se por não acabar nunca deixa
ele, foi o pé. Um ou outro, podiam Chamar assim.
a verdade é que, apenas en- pitú deixou-se fitar e exami-
Ca- de querer saber a duração das
felicidades e dos suplícios. Há MACHADO DE ASSIS
trei na sala, pente, cabelos, nar. Só me perguntava o que de dobrar o gozo aos bem-
toda ela voou pelos ares, e só era, se nunca os vira; eu nada aventurados do céu, conhecer capou ao divino Dante; mas capaz de os pentear, se qui-
lhe ouvi esta pergunta; achei extraordinário; a cor e a soma dos tormentos que já eu não estou aqui para emen- sesse.
Ha alguma cousa? a doçura eram minhas conhe- terão padecido no inferno os dar poetas. Estou para con- Você?
Não ha nada, respondi; cidas. A demora da contem- inimigos; assim também a tar que, ao cabo de um tempo Eu mesmo.
vim ver você antes que o pa- plcção creio que lhe deu ou- quantidade das delícias que não marcado, agarrei-me de- Vai embaraçar-me
dre Cabral chegue para a li- tra idéia do meu intento; ima- terão g o s a d o no céu seus finitivamente aos cabelos de cabelo todo, isso sim.
Ção. Como passou a noite? ginou que era um pretexto desafetos aumentará as Capitú, mas então com as Se embaraçar, você de-
Eu bem. José Dias ain-
para mirá-los mais de perto, dores aos condenados do in- mãos, c disse-lhe — para di- sembaraça depois.
da não falou? com os meus olhos longos, ferno. Este outro suplício es- zer alguma cousa — que era — Vamos ver.

ffiiw- .rA;:~i-A.
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PAGINA 18» - SUPLEMENTO IIHiHAHIO P'A MANHA ^^.o,^ooojoi^¦—¦ —SiS

DE JOAQUIM NABuCO
ALGUMAS CARTAS DE MACHADO DE ASSIS CARTA «a»f;,'"".^.^ A /VlnV>.nAUU AoOlO
aACAROLINA
u™*".» ÍAasse são bens que a natureza espo- *«>, 1«« » """V-»» ue ^*"*»". Ut
•I de Março. às mãos che-as pelo teu ".ais que ae na uiu.tu •Londres,
seM ri( perten,.eí e„ focatitno <-> vensMiwo es... 8 de outubro il São sei porque o Quintino náo
Minha querida C. número de mulheres que sa- .estaurauo. bu, se ^"""m°u nw ;ç04.
A/„c/.ado. loi membro jumiatlor. Eu se-
Recebi ontem duas cartas beni amar e sentir. Como te tsranae suipe,uau.o aivei««
0«r«,Hí«(í <---r«..*«-. „ja «»o-

eomo as li, reli e beijei.' A „s mais: sofreste. fi' a minha autu*; nao e que a vioa em si carla soi)re „ Sentença, carta ver- tml„, qmKÍ_ _ nosso criador
mi-
ambição dizer íi. íi.a grande ul- me vaina muito. Keieve-me dlldeiramnte
nha tristesa converteu-se em primorosa .- unia fra (jraiide entusiasta do Qum-
lúbita alegria. Eu estava ma desanimada: "lecanta-te, uisísteiicia, e receba um aoiato
tão ^ w_(j fcrf ^ re((,rj a ^ (,H/ra(/a do gHm.
,/íiío por ter noticias tuas crê e ama; aqui está uma alma ainanUMimoao
que /f) w/_ „,„,,„„,> rasí„ de ser,
^ado a vida „orque
TcZT^mlleTen^tZ ^1™*'™*° de Assis", lao passado e viver preferia que cie adqu,
ts duas cartas, uma das quais Á responsabilidade de fazer das recordações. Por enquanto nK ,;,„/„ depois da fundação
devera ler vindo antes, mas te feuz é de certo meUndrcsa. U) — Nao loi possível encon- ^u um escrava da atualidade „„„„,;„ „ t,„lia antes de quase
que, sem dúvida, por causa do Mas eK aceitos com alegria, trar-se esta caria ae Joaquim f ^ rfjfl fl ^^ ^ ^ fundadores. A exclu-
Foi eleito Souza Ban- ^ 1 «, ' ""'
Z^tveTZ^ebTSs ^EJ^JSZ'"'" "T- f VTXr de olhar t™ *'i*"c„mo síru_*""„ do Ja l-crrena
/=
earfas min*ios. Uma -Jelan. a oiha ouerida: íamftcm e» íe- deira para a vasa de Man.m, para me mpedtr para mado
que foi escrita no sábado, levei- „]_0 pressentimentos acerca da júnior. de M»c"''" us tados, pura o passado t para de *ft(„|li;, Araújo, se vivesse, como e d
c no Domingo às t horas ao minha felicidade; mas que ê is- (Correspondência ii„iuro. Mas que vivacidade, ./g „ do Capislrano, que
correio, sem lembrar-me (per- ¦„ Hnão o imto receio tle aue-, do de Assis e Joaquun mou- .¦ : „. tíue doçura,
Ugeiri.a, i «uo
que aui_eram oSt o ¦_Quintino
,,,io quiseram,
toa-me) que ao domingo a bar- vSc }oi ainda comiletam.«te co, editada por Caca A.anua, que que
espirito, m0 m.|(JOIÍ, supoe-se que ie-
ea sai à.S horm da manhã. As ,..,,_.' pa8s. 149/50J. benevolência » do seu
quatro horas levei a outra car- obrigado pc-i /í.-r uue me SEGUNDA CARTA '" ia dizendo que beatiluitei I cmou> j,ca assentado que recui-
ta e ambas devem ter seguido nmniaste; dei-lhe dois beijos a~~janejr0 i ^e Agoa- pode cultivar u vesícula do )el ,„„ i>0<lemos declará-lo; não
tntem na barca da» duas ho- como se fosse em ti mesma. • *
' 4 sua jjiosofia social, em o,()i((,)„OJ confessar que o esque-
ras da tarde. Deste modoi não ^u que apesar de seca e sem «-a
'«r?ds!%zr^oma L %L7<de tlTZT * " Nabuco. romanCes, mus suas canas Hoí. Se, entretanto, ele st

aflição pela minha, e estou que


^"wt2tt?£ ^"' *e T^í Te "treseH,ar: *** we,hor T'
"sábado
é o dia de minha ida. Aires . Você
me *"*o quie ine
^^ ^ ^ m beal,Ulde, raf mlra M(/a para _ combina-
terá a última. Faltam poucos dias e está tao P"'"' ,> , de t,K0em e ,.„,„„ convém a um rapa, e 1'apa iíl0 e eleger dois ao mesmo tem-
Eu já tinha ouvido ei que o longe! «as que fazer? A resig- " urumo ,
>„ d(, f(i „„,„ a que Eu (/(./|(J ,,„,„ ddaltlr xm-
""nZ Oos-tent. ho]e ai lemm Acadeiu,^ '„, . frK das clei.áes, parqu.
a" úei na
retraTZ:o%7eanáTsa^á"enr_ 'SY^^ZS; am^ Ha dous
*ue se projetava essa viagem ttfronteZs o destino que e tão meu querido go nU vi lli:er que 0 0,en- „0 Mm,alo n morre Slglim do,
Juit de Fora. Creio, como tu. co„0sco. ?T íw!™™ a. 5- di e o acuse, de hipocrisia cha- ,-amiidatos mais difíceis de pre-
ball.oi, da secr™
tue os ares não fazem nada ao Votto i questão ie casa; mmdo.0 de feliz. icnr, ou ha oulra vaga. A mi-
lie nTê ZZTZ ífiSS? Z:tmdJZima TstTl se q^ioZliT?T'eL. Junte
"cònversT A fJ0 de Papa vou con- „ha teoria já lhe disse devemos
outra a «to a soiidão ,-m que vivo. ^ ^ ,„„,„ ,,„, ,-m ha jazer nl„ para . Academia

^x^pztz srssfftíiís.-ss: "f^r^^z vtr,^:xz rrr/r^V^r


^tnttes^rS. X entanto. Zhài'melhor
lembras perfeitamente que „e2 com o F. e ficar autoriza- Depois «™ ™°™. ™™'"w,".. tempos. 1'ia-me em Roma, no „, siipenoridades do pais. A

rie se íroie disto X casa ha-de precisamos de todas estas pre- ro por saber a'^ ^eme ia- ^^ ^^ C(lr(/l0,s em [od_ vus podem esperar, ganham em
encontrar-se. porque empenha- cauções. Depois .. ienoU que- na. A r eaelaidade tm-taive z ma,o. .^ cll/r»f-«« '«depo,s por
cu.cava, ia iwta e ji(i|(,W(/() 0 ,„,„. ^^^
acítfwafão,
ZtZjrjmrrnTzz = £ irssrss =érti££r^ ;:cs„f.,,; a ^^ ^ ^r^t^r","
te nisto o men coração. Creio. Tiia. queimaremos o mundo, do que <•« r« <-»'™..-m

desagradou basta ,mr> e ela resp0ndeii-i«e: Cha- r«r serem de altjuim coleriii
< ser autorizado positivamente acima da, suas olarias fofa. e o livro nao «nal.
temos ãas „as ambições estéreis. Es. como ponlo mf_m ,,„„„ üory yossa Dor! Marmita nao esta representada
por ele. Ainda assim,

' » «^
«W AcaSl^-AcaSel ^ilo ,W..»r « ~^-
k\!,?r%r:èagT:0cn^.
'naturalmente StiXST ^ SL, *^i *«
V«""dteer
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Ç"°
que
mia.
Já lá pnncipK /„ ^ jsWf *¦„ , *
temos m. W« ta »¦
*<¦ í"*" ">u'™»> as '' ™V C, "J
eu condescendo sempre confiao- IJ..-- .«Jj,/, J. UqphjJn lio Jj b*U;^?,'* c',rí° -Im ficam rwndíí» "V.. ?».'/'/«"- W*"*'-'
Por „„e nõo? So/res(e («nin 003501190 OC mdLlldilU UC ""' „™,,wadÔ"'«.rindoTt Ví„ # rfa /f/ro-íu a «as &<¦'« ''« ***¦»«'« individualidades Iam-

__&*££&• Assis i Inp DUMSvÃs?SS#?sr;é:;;="";::^i.• KK?


HÜ,MU " ,U"M»"« "V"UW" na literatura. E* bom. e indis- ^orrfarfo, rnoira r/,e/e do -Jornal do Comercio ,

í
obedecida, yío te admires, t . '.„„•,,
(Da Corresponiencm ie Machaao pensavel reclamar para a nossa J' ,„m.,iilimte ,,ue ni-ile momento esta coleco-
BotSJSíxB ^^
__,-. „,,,(„ natural- é? tão do-

qúe se presta ao liras,!, eo «osso Car-


_TX:eeTn^t^tZlttíde PRIMEIRA CARTA , fnternacionaes y>. Uva

A mudança de PetrópoU. pa- Meu caro Nabuco. Realmente é triste ver-nos con- „,„-.,„ ,/„„„ Beatitude ou 1 «.«a fl w/(> rftf „„„„,„. £. ,,„<„„«
V. nota em oo- D()r ac<rríer, meu cara /*miflo, ,.
ra cá è uma necessidade: os Quando ia responder à sua siderados, como <: i!ann-i0, mas que ele
ares nio fazem bem ao F..e il caiu de » de Outubro, aqui S*™"/^, J meus sinceros agradecimentos ,; rf •„,,„ aJÍ,-,„ (/.
der- '^ ,'„¦
S"JÍ L:,rr;'í 1^_X£J£?Z£ ^nahveaz',.embafxadorSdon"S™ pelas bondades largamente „ JW„PHflt
Sêss^/nT^iaTtoA^mêdo Se-me* .'ISÜS. ouWa^é 17 de espirito. Um aiabraço pelas dis- ramldas em sua carta. Nao es- /;,f ^ „,.. c„w „ /a ,
tem ree« do e
ios trovões, tu que ainda nüo Novembro, a respeito desta ca- tinçoes que o nosso urasu in- lm cert0 de que ,u,o teríamos eHlmv a lork, fara a Atai.-
veiu sao para
estás bem brasileira, mas que tastrote. (1) A nova carta que perd;do hldo sn„ 0 esforço que ^ £. vndade que eie nenhtf
has-de ser espero em Deus. com palavras de animação, teiro. ,is ,.„/,>,,> „ deduzir a nos- ',,ij,,;.i,,.i. eom o Mar-
imha '"'"
Acnsas-mc de pouco confian- quaes poderiam ser ditas por Não é verdade que a nossa >¦« para .' rf *»a »Ji»idua« "««a
e verdade!- esquecesse V.; íalamos P^va ' \">' '"°™vrJ Uns lumor, mas a cadeira um-
te em tí? Tens enão tens ra- V, tão altas, cabaes gente reivinaicuao ^
de ler _ e a cadeira de
tão: confiante sou; mas se te ras. Ha só um ponto, meu sran- muita vez a seu respeito e re- vanecendo M/(j m(ja
Hão contei nada i por que não ae amigo; é que as lê e relê um cordamos dias passados. Se nao melhor parte para nos da divi- y„„„„,, t patrono Olaviano, t
valia a pena contar. A minha velho homem sem lorças, radi- lhe escrevem mais é porque a s-w jeila pe[0 Arbitro. Kão fo, desses dols „ Juceq»a-i'por seria o
história passada io coração, re. calmente enfermo. Farei o que vida agora é abrarvante, com as .mbaia.ia rf vencida jui uma . ... indicado
«">,caatt '<" elei
tume-se em dois capítulos: um obedecer ao precei- mudanças da cidade e afluência
puder para empatada, *. isio, isto quan- 1"frt'"""'
mesmos.
mmor. não correspondido; ou- to da amizade e da bondade, de estranhos. Tudo se prepara tart,da
tro correspondido. Do primei- Ainda uma vez, obrigado para a Exposição, que abre a 11. da » outro jogador era a ingia- Y(IJ ,„;„/,„, c(lri„s \, . acha-
ro nada tenho aue dizer; to ou- Indo á carta anterior, dir-lhe- A Acade.nia vae andando; la- íírr„} f por certo meia MÍana. ^ g compromisso que tomei pa-
tro não me queixo; fui eu o prl. hei que a inscrição para a Aca- zemos sessão aos sábados, nem f/._ %m dm,,nm. om%rd malJ ji.jire eleição do Assis Brasil,
meiro a rompê-lo. Não me acu- demia terminou a 30 de Novem- sempre e com poucos. A sua «" «"<""<>¦
...
\«« ¦
•»« »„ '"* .,ti "'"'''„'"-
„,. sera cimdiialo
tes por isto Ha situaçôe, que bro. e os candidato, sáo o Oso- idéia relativamente ao Jose
te náo sem solrimen- rio Duque-Bstrada, o Vicente de Carlos Rodrigues e boa. Falei £ a nova eleiçaoT Nao falo \a0 0 sera sem o seu concurso,
prolongam
to- Vma senhora de minha Carvalho e o Souza Bandeira, dela ao Graça e ao Veríssimo, rf(| f/flfj0 do futuro Presidente, \r. enlão decida por mim sem
mmhade obrigou-me com osseus (2) A candidatura do Jaceguai que concordam; mas o Graça , ^ pare(e u st tslar tr»- «reiuiso do Jacequa.. Em uma
conselhos a rasgar a página i.ão apareceu; tive mesmo oca- pensa que e melhor c°n™»;;*r '"""»» 7 "'¦;'mas ,«¦ ""<¦ mi-
desse romance sombrio; fi-lo siáo de ouvir a este que se nao primeiro o Jose Carlos, iwie-
HO, palavra y, . ¦'
elíiçSo do patavra, _, guarda. da
Bandeira es- ,,/,„ convencia literária, ausen
eom tor, mas sem remorso. Eis apresentaria. Quanto ao «uin- ce-lhe que ele pôde nao querer; m Acadêmico. O
tuio. tino, não falou a ninguém. A se quizer parece fácil. (21 Nao creveu-me e eu teria prazer em \, dn prelw como me acho.
A tua pergunta natural i et- sua. teoria das suRerioridades é ha vaga, mas quem sabe se não dgr_ii,e a „eu y
voto, mas o meu y. compreenderá agora por-
ta: Qual destes dois capítulos boa; cs nomes citados são di- a darei eu? (3). . aj .( quem v„ia e lardel ia„i0 em responder-
tra o ia Corina? Curiosa! era gr.os. eles é que parecem re- Releve-me estas idéias fune-
Lu pensei <.»'•' "•'. "« . escrever
primeiro. O que te afirmo é cuar Estou de acordo com o bres; sao próprias do estado e for mm ./""'?
Memona, e leniio
,
aue ios dois o mais amado foi que V. me escreve acerca de d» idade. Peço-lhe que apresen- ecguay d esla ves se apresenta- „„„ „,„„
seoundo. Assis Brasil, mas também este te os meus respeitos a Mme. rl0 /;/,, porem, achou mais fa- horror ho;e as Memórias, lis-
Mas nem o primeiro nem o não se apresentou. A eleição, Nabuco e a todos, e receba para (-l pmmr ]i„,„a\-lá tio que as ;0u nos últimos dias do Graça
teoundo se parecem nada com entre os inscritos, tem de ser si as saudades do velho amigo •
eH(0i,cr,ás do nosso re- Aranha conosco, for nwior
"^
^er^^^ZT^ * Machado de Assis" duto. Quais são essas baterias? qve seja o ^^^J";
VeTcTcL^ra^tet sal- xar, nao quisera prolongar a
amores mais forfs são os que si V., como guarda da conscien- (1) — A» Conferências sobre A do Garn.,er lhe daria uma
nascem simplesmente da neces- cia literária, por mais bisonho Camões. va rf> ... quantos tiros? Onde ansiedade de I oces Iodas ai de-
tiiade de amar. Assim i comi- que possa ser. Ha tempo pars (2) — José Carlos Rodrigues (St-g flJ 0„inlsf Eu nada set, pois dc uma separação de mais
~,ua não
go; mas. alem dessa, há uma receber as suas ordens e a se quis »Pres",*?r- . . mas se efe ior candidato, meu de cinco anos. Vai haver lagri-
'Jm«a\ 'ZZere. "Ss,
meu caro amigo. Te- set^bTo^meZo^n™ ab^u voto é dele pela razão que fui mas de alegria ai; eu esto,, «
ZZZfUSí no
vulgares que tenho conh'ciio. nho estado com o nosso Graça reamente a primeira vaga. O seu ,„ ,,„„„ lhe sugeri o ano pas- <- Ia. rrou.\e-o desconhecido et-
Espirito e coração como os teus Aranha, que trata de estabele- substituto foi Lafaiete Rodri- (adg . .
a ;,/,:;„ )/ tnd UIMa curta .piffs, restiluo-o glorioso, (1)
tão prendas raras; alma tio boa cer casa em Petrópolis, onde vai gues Pereira, que sob o pseudo- dj.endo que e\e „õ0 se perando q„r todos terão o uics-
t tão elevada, sensibilidade tão trabalhar oficial e literariamín- nimo de Lablenus o defendera apresentaria .„„„.•„_',,, contra o- %juim,no.
Quintino. icontinua na n
«.animao piwr» W>
meHnírosa, razão tão direta não te; ouW falar de outro livra dos ataques de Silvio Romero.
-.-.-, ^-row^^sw^ , " *" ¦-:- flui
| * ¦--¦----.-.- - - - -

,

M«««e. M-t-IMl
•UPLKMCMTO JMTUAUO D'A MANHA — PACINA lll

Machado de Assis num discurso de Alcindo i


HBÜHli?:.
ímss&tm J

Guanabara, na Câmara dos Deputados wÊÊMJÊJ wÊ B


O sr. ALCINDO QÜANABA- tumes e as Idéias, aplaudindo ou saudade, Machado de Assis
RA — Teem, sr. presidente, as combatendo com bondade, su- escreveu que trinta anos derois a
assembléias políticas uma fun- blinhando o risível com o sor- impressão que lhe causara esse
ção nao escrita nas leis, uipa riso. Tinha tambem as grandes formidável Senado de 1»60* era
lunçap nao explicito nos codi- paixões, mas revelava-as com a impressão de respeito dian-
gos institucionais, mas que, uma inexcedlvel suavidade de te desses homens oue fizeram
¦ Ip ; '
nem por isso, lhes compete me- forma. a hlstóna dos primeiros dias rie
nos. - a função de conserva- Era um liberal. Nào amava vida do Império no seio dos
rem, resguardarem ou acen ¦ poiitica, que o não fizera Deus quais se oi-stacava a figura de
tuarem o grau da cultura da paia condutor de homens. Ele Montezuma, ainda com j pres-
sociedade de que dimanam e mesmo conta como entrou para tiglo de ator de 1823* era im-
sobre que agem. E ao exercício a imprensa em 1860. Ao sair úo pressão do artista diantea dos
dessa função que venho convi- Frovisórlo, indo tomar sshá num que mantinham a linha Ha ora-

WüSSíSÊ
dar a Câmara dos srs. Deputa- restaurante da rua dos Latuei- cão tremenda do ll«o
dos, propondo que se amplie a ros, Quintino Bocayuva son- Branco, falando oitoprimeiro horas a fio
homenagem de voto de pesais dou-o sobre política, coisa de em defesa da missão de 1851
que consta da ata que se acaba que nunca haviam falado No A poiitica, propriamente não o
de ler e loi nela registrado, dia segu!nte, era convidado para impressionava: interessavam-
pela morte de Machado de As- trabalhar no Diário do Rio, que no a idéia o quadro e o ator
sis. designando a Câmara uma se fundava sob a direção de Sal- Mas a sua entrada na imprensa'
Comissão de .seu seio para re- danha Marinho, redigido por entre esses dois pólos - Sa'sia. "¦
presentarla nos funerais do Quintino. Era a idade de ouro da nha Marinho e Quintino Bo
ilustre pensador brasileiro. imprensa fluminense: Saldanha cajsuva — mostra bem o seu es Bjjf^BWM IÍK-sJ^M \VjÊk \m*rA - - j^a
Não é certamente excessiva Marinho, Quintino Bocayuva. pirito; e, depôs, toda a sus Obra
essa homenagem. O Brasil in- Bernardo Guimarães e Pedro revela-o um liberal.
telro orgulha-se de ter produ- Lu'z-- Era um panteista: adorava a
zido o grande espírito que se ° a- Rodrigues Peixoto — Natureza. AdoraVa e temia-a
acaba de extinguir (Muito bem) octaviano. Reside talvez nesse temor
e a Câmara é bem a represen- ° sr- ALCINDO GÜANABA- lhe causava o espetáculo quis da wW:e%uSJ&uWí \\\WÍáji* w^^Sm MfflB^B ^B *'*'{$
tante do Brasil inteiro. Acen- RA — Octaviano e outros .. Era forca Invencível da natureza,
tuando o seu respeito e a sua ° teraPO rtos prendes nomes e "rirz. causa indefinida da sua tlmt
veneração por essa entidade ti!,s grandes lutas. Sentia-se o
•singular no campo de ação em nimor dns á-juas que se avolu- No mesma força, confundia-
que se moveu, rirá a Câmara maram e vieram subni"reir o se nara ele o bem e o mal,
testemunho de que o pais vtne- Imnério. E' curioso ver em uma viiJa e a morte. Por isso. amava ^MnBkLfj^JVT-iei !
ia os que representam a su* al- crônica, página dulcissima de e temia a força universal
ta intelectualidade e rende o
devido preito de grat!dão aus "Sei de uma criatura Mr'* -..
que lhe encerram a cultura. antiga e formidável
Machado de Assis sintetiza com- Que a si mesma devora os membros e as entranhas ¦WY-'A< & ¦;¦-' * "ei'A' , -J
pleta e admiravelmente o nosso Com a sofreguidão da fome insaciável...
grau de cultura mental. E!e é Assis, colocada no Pequeno rrionoU,
o chefe superior e incontestado Estátua de Machado de
da nossa literatura. Direi mais: sede da Academia Brasileira -— —
ele parece a expressão única da
literatura brasileira, sob este as- Ama de igual amor o poluto e o impoluto,
pessto. da naciona'dade — pai- Começa e recomeça uma perpétua iiüa,
meira solitária no meio do oa-
sis! 'Muito bom).
Ninguém, como ele, afirmou,
na obra literária, a sua intíivi
E, sorrindo, obssiece ao divino estatuto,
Tu dirás que é a Morte, eu direi que e a Vida" MENINA E MOÇA
dualidade e a nossa naci-iili  Ernesto Cybraê
dade. Antes dele. contempora Era um afetivo. Esse Memu creto livro de amor, é o monu-
neamente com ele. GoncaWes ÍS?1 ?e APs'.livl'° aiuíla Pu" mento a memória da que lhe íoi
Dias e José de A'encar. de blicado este mês e que lhe pro- a companheira na morte. Nào Está naquela idade inquieta t duvidosa,
quem. aliás, ele mesmo dizia que longou a vida, como se só vi- sabia ele de melhor tarefa na
Que não c dia claro e é já o alvorecer;
encarnou, como ninguém, a al- vesse para acabá-lo, é um dis- vida, que essa de amar: Entre-aberto botão, entrr-fèchada rosa,
ma brasileira, falava do Brasil Utn pouco de menina e utn pouco dê mulher.
mas do Brasil que nós não co- -*£ amar e ser amado é, neste mundo,
nhecemog, de um Brasil me- As veees recatada, oulras estouvadinha, '
histórico, do Brasil dos «e'va- A tarefa melhor da nossa espécie,
sens romantizados e poetizados, Tão cheia de outras, que nào valem natia!... Casa ho mesmo gesto a loucura e o pudor;
Que é. para nós outros, quase Tem coisas de criança e modos dc mocinha,
um Brasil de ficção. O seu cam- Estuda h catecismo e lê versos dè amor,
po de atividade foi a sociedade Esse coração de ouro, esse nüo se pareça com nenhum ou-
em que vivemos. Não tinha ima- eap.mo de cristal desapareceu, tro, concenuanâo-se nele o püi- Umas vezes, valsando, o seio lhe palpita,
pina-são. ou não se servis dela: Rendo-lhe, neste momento,
,_,-¦_, um samento brasileiro , -para render V)e cansaço talvez, talvez de comoção.
falava como filosofo, como ano- Pie-to pessoal de estima, de ve- a homenagem de sua venera- Quando a boca vermelha ós lábios abre e agita,
tador. como crítico. neraçào e do respeito que sem- ção a mais alta expressão que
pre nutri por ele, desde qüe, e.e teve nesta terra! Empenhe- Nãot sei sc fiede um beijo ou ias uma oração.
Assim, a sua ação é dupa: ainda adolescente, o conheci; mo-nos para que o Brasil ates- Outras vices, beijando a boneca enfeitada,
mental e social. Por outra: a sofrendo como ele disse de si te nesta solene homenagem
sua atividade literária teve sem- em relação a Alencar, a admi- sua própria glória, o próprio Olha furtivamente o primo que sorri;
pr» reflexo na atividade -social. ração do menino Heine por Na- desvanecimemo de constituir E se corre parece, à brisa enamorada,
Ele#éra um calmo, um retraído, poleão. Releve-me a Câmara um meio capaz de permitir a Abrir asas de anjo e trancas de uma huri.
um tímido, e, não obstante, foi que de pessoal parece naver eclosão de um espírito, superior
ccnsideravel e intensa a sua in- nestas palavras. No fundo, esse sob tantas faces, como o de Ma Quando a sala atravessa, è raro que uão lance
flnencia sobre as classes cultas preito, não o rendo eu só; senão chado de Ass s! Os olhos para o cspclho;-e raro que ao deitar " •
da sociedade. De fato. ba>ta todos os que nesta terra teem D d _, è Nao teia, um quarto de hora, es folhas «de um romance
percorrer as obras que deixou, algum cultivo, e conhecem A1^earre ° ete inaugurava
para se sentir que'nenhum fe- arte e a amam. Machado dè Assis disse: -Con- Em que a dama conjugue o eterno verbo amar.
noroeno social se produziu sf»m Por isso mesmo, confio ^em que cjuincio o livro de Iracema, es-
que para ele o arfsta houvesse a Câmara renderá aos restos creveu Alencar estas palavras Tem na alcoz-acm ijue dorme, e descansa de dia,
cqntribuido, direta ou indireta- mortais de Machado de Asss meiancóiicas* "A can A cama da boneca ao pé do toucador;
ni»nte, ativa ou passivamente, a homenagem que dela solicir tíiva alnaa ,;o olho d0 Co«juèi- jandaia
Quando sonha, repete, em-santa companhia.
ná crônica ou no romance: ati- to. Não a.solic to por ele; mas mas não repetia ja o ma- Os livras do coléiiio c o nõmè_ de um doutor.
vãmente pela propaganda es- pelo país. Sei, pelos seus per- ro, viòso nome de Iracema. Tudf
boçada nos seus personagens: sonagens, o que ele pensava sobre a terra". "Senhcfres, Afeffra-se em om-iiula ns..e.ompassos^díi..oriiiieslra;
passivamente, pela crítica irôni- dessas homenagens posst-mor- passa cio livro hão podia E quando entra mim baile, é já dama do toin;
ca., que, Jhe era peculiar. Tinha tem, o qua ele pensava, da mor- aser filosofia outra, màs a é
?'
nm estib seu. própro, singuhr. te e do que ia para o cemité- posteridade C ompeiisa-llie a modistá os calados tia. mestra; ¦ ,
aquela jtndaia qué hão deixa o 'lem
tiríleo na nossa e, quiçá, em rio.-. "Teve ~ põe èlé na boca isoquero e respeito à-Gcsün, mas. adora a Dason,
»'Heias Jínttuas. Não sei se d-rei de um dos seus heróis, teve1 a que ao contrário da
emudecera novela re-
demais, dizendo que* tinha ou morte" vagarosa; a morte d? um que e rerstirá o nanome dalindv
pos luidados da vida o mas tristonho e actrbo
Que fizera,,...uma língua nova. vinho fftrado, que sái impuro pete trbnjara e dn seu imortal i""..-
Vara cia é o estudo, excetuando talvez ¦
oue novo ou, pelo menos insson- de uma garrafa para. entrar pu- ^f- ¦ /) lição de -sintaxe cm que'combina o verbo
fundivel. era o poríun^iès aue rificado na outra: a borra iria To love: mas sorrmdo ao professor tle inglês.
tratava. Era Vm irôrslco. t«; uma para o cemitério". Não vale a Senhores, confirmemos esta
ironia que não era, rem se nnre- pena indagar que cemitério, palavra. Nssm tudo passa sobre Quantas vezes, porem, fitando o olhar ao espaça,
cia. com resuirít rios fran?o?es Naquela crônic? de memórias a terra' A memória de Macha- larece acompanhar uma eterea visão;
nem o h""«oiir dos ing!es3ss de trinta anos pssüsados. fala- do de Assis não passará1 pe.-
uma ironia que suoerava a de va-nos ele de um perrona^em manecerá fiel e firme e bri- Quantas çriisando ao seio o delicado braço
St?íne ou de X-.vier de Mols- de cpssnca de ses1! nreta. ca!- Pirnte, honrnndo-nos e disfn- Comprime as pulsações do innweto coração!
tre e dir-se-la f'1'ia de Anatole cão e ir^ias de ses-a e ss-.neto de fuindo-nos e elevando-no:
,
France. se o pão houvera ore- fivela. Era um longo e infinito Corresoondamos a esse favor Ah! sc nesse momento alucinado, fores
ceíido. OriRinrl e único era um corredor escuro e desaparecia rendendo a esse grande es-*iri Cair-lhe aos pés, confiar-lhe uma esperança i>3,
flosofo. um comentador, um num cen-itério — que náo vrlia «o a homenatrem que o Brasl' Hás de vc-la zombar dos tens tristes amores,
rHt.ico e um anal-sta — ana'isti Rir da tua aivutura c contá-la à mama.
d"s coisas e dos homens, das corque "todos os cemitérios se
»'mas e dos costumes dos tndi- parecem!" rt*-n^os re*atpa'". E' que esta criatura, adorável, dvina,
viduos e do meio, das paixsjes Emnenhemo - nos. senhores. Senhores, nem todos os ceml- Aêtn se pode explicar, nem se pode entender;
fr—nrieg e dos pequenos vf-l"?. ror d»sm*sntlr e.-*'-» -ssereão no térios se parecem! Procura-se a mulher e encontra-se a menina,
Não tinha o sarcasmo dlssol- mie lhe r-íTetta! Emoenhemo- Nem tudo passa sobre a ter
»ente, mu um doce e benérolo nos nara que o cemitério em ra! (Mu to bem. multo om Qutr-st ver a menina e encontra-se a mulher!
ceticismo. Era trai anotador. m»<- •*• v5-> r»">l«-« os r-rf<«s o orad» é vivamente cumpri
eomentando a situação, o* cos- mortais ile Machado de Assis uientado). MACHADO DE ASSIS

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r^-^r^;1 '¦'¦'¦¦.¦yi^rp:r;^:-". . ..•J.-^;i:a:;>v.;;.e-e,ev;e-,*-a^ ,.-.-.-e¦-,*-.¦¦•r..-.le-,i.r. v -..'¦

Domínio, a-l.lMI
**t
PAGINA 134 — SUPLEMENTO I.ITBWARIO D'A MANHA

VIDROS QUEBRADOS um conto de machado de assis


Ajuda: da- Podem imaginar o que se-
Homem, cá para mim rançar a moça e fugir com dos e viu-me saltar o mu- ra o convento da madres prin- ria!
são cou- ela. Afinal, sosseguei e cs- ro, fugindo. Supôs natural- va-se com as
Isto de casamentos cipais... Quando soube disto não
¦as talhadas no céu. E' o creví a Cecilia perguntando mente que era um ladrão; come- fiquei menos desesperado.
e diz bem. se consentia a tirasse mas no dia seguinte, Três dias depois, Cecilia
que diz o povo, que caso, Mas. refletindo bem, com-
Não há acordo nem conve- por justiça. Cecilia respon- çou a desconfiar do confis- foi convidada pela mãeiama preendí que a situação era
niència nem nada que faça deu-me que era bom ver meteu a escrava em aprontar-se, porque
um casamento, quando primeiro se a mãe voltava .são e o demônio da limpos. passar duas semanas naman-
negra Ti- melhor. Cecilia não teria
mais contemplação com a
Deus não quer... atrás; não queria dar-lhe pôs tudo em pratos jucá. Ela acreditou, e
a fi- dou-me dizer tudo pela mes- mãe, e eu podia tirá-la por
Um casamento bom, desgostos, mas jurava-me, A viuva partiu para
a estava ilumi- lha: ma preta, a quem eu jurei justiça. Compreendi que era
emendou um dos interlo- pela luz que seria minha e — Cabeça de vento! pes- que daria a liberdade, se negócio que não podia es-
nando, que
cutores.
só minha... te! isto são coisas que se chegasse a casar com a si- friar. Obtive o consenti-
Bom ou mau, insistiu
Fiquei contente com a façam? foi isto que te ensi- nhá-moça. Vestiu-se, pôs a mento dela. e tratei dos pa-
o orador. Desde que é ca- me pa- roupa necessária no baú, e péis. Falei primeiro ao
a cor- nel? Deixa estar; tu osso!
samento é obra de Deus. carta e continuamos A viuva, cer- gas, tão duro como entraram no carro que as desembargador João Rega-
Tenho em mim mesmo a respondência. da filha, fez o Peste! Peste! esperava. Mal se passaram das, pessoa muito de bem, e
ta da
prova. Se querem, conto- diabo. paixão Começou por não ir A preta apanhou uma so- cinco minutos, a mãe revê- que me conhecia desde pe-
lhes... Ainda é cedo para o trancou va não lhes digo nada; lou tudo à filha; não ia le- queno. Combinamos que a
voltarete. Eu estou abarro- mais à Campestre, ia a ficou
que
em sangue. Que a tal vá-la para a Tijuca, mas moça seria depositada na
tado... as janelas, não parte o convento, donde sai- casa dele. Cecilia era agora
nenhuma; mas nos escre- mulherzinha era das ará- para mais apressada; tinha
Venancio é o nome deste víamos um ao outro, e isso bias! Mandou chamar o ir- ria quando fosse tempo de amedo a mãe a fosse
cavalheiro. Está abarrota- bastava. No fim de algum mão, que morava na Tijuca, casar. Cecilia ficou desespe- buscar,que com um noivo da
do, porque ele e lies ami- tempo, arranjei meio dc um José Soares, que era en- rada. Chorou de raiva, ba- encomenda; andava ater-
gos acabavam de jantar. vê-la à noite, no quintal da tão comandante do 6° ba- teu o pé, gritou, quebrou rada,
As senhoras íoram para a casa. Pulava o muro da talhão da Guarda Nacio- os vidros do carro, fez uma cordas... pensava em mordaças,
sair quan-
sala conversar do casamen- chácara vizinha, ajudado nal; mandou-o chamar, .algazarra de mil diabos. to antes. Queria
to de uma vizinha, moça
por uma boa preta da casa. contou-lhe tudo, e pediu-lhe Era um escândalo nas ruas
teimosa como trinta diabos, A respon- por onde o carro ia passan- Tudo correu bem. Vocês
primeira coisa que a pre- conselho. O irmão
que recusou todos os noivas ta fazia era prender o ca- deu que o melhor era casar do. A mãe já lhe pedia pelo não imaginam o furor da
que o pai lhe deu, e acabou chorro; depois dava-me o si- Cecilia sem demora; mas a amor de Deus que sossegas- viuva, quando as freiras lhe
desposando um namorado nal, e ficava de figia. Uma viuva observou que antes se; mas era inútil. Cecilia mandaram dizer que Ceei-
de cinco anos, escriturado noite, tinha bradava, jurava que era as- lia tinha sido tirada por
porem, o cachorro de aparecer noivo,
do Tesouro. Foi à sobreme- soltou-se e veio a mim. A medo que eu fizesse alguma, neira arranjar noivos e con- justiça. Correu à casa do
sa que este negócio come- viuva acordou com o baru- e por isso tencionava reti- ventos, e ameaçava a mãe, desembargador, exigiu a fi-
çou a ser objeto de pales- lho, foi à janela dos fun- rá-la de casa, mandá-la pa- dava socos em si mesma... lha, por bem ou por mal;
tra. Terminado o jantar, a
companhia b i f u r cou-se;
elas foram para a sala, eles
para um gabinete, onde os
esperava o voltarete iiabi-
tual. Aí o Venancio enun-
MACHADO DE ASSIS - Monteiro Lobato
ciou o princípio da origem A 21 de junho do ano da graça de 1839, reinando no Brasil plgmentada. Adospelehomens pigmentada estava em desfavor, por set
divina dos matrimônios, a jovem majesuiut ma estade ue d Pedro» II. nascia no Rio
de u._ra de Janeiro, característica primitivos que os brancos caçavam
que o Leal, sócio ^ ^ ^ „„ii„. nos kraals africanos, para mete-los no trabalho duríssimo da
princípio mas que miste- cana de açúcar ou do café. Negros. O negro misturado com o
da íirma Leal & Cunha, de carne humilima. pigmentada, nevrótica. — filósofos, na pre- branco dava o pardo.
corrigiu e limitou aos ma- riosamente de evoluiriam presididos por musas e
dar ao mundo Alguém. Joaquim Maria, veio ao mundo misturado. E pobre, pauper-
trimônios bons. Os maus, destinação rimo, humilimo. Um zero. O mais absoluto dos zeros. Perfeito
segundo ele explicou dai a Les petites marionettes nada social.
pouco, eram obra do dia- Font, font. font, Mas recebera a marca divina. Iria subir sempre. Talvez qu»
bo o Destino o fizesse nascer no degrau último justamente para qua
Tiois petits tou rs a sua ascenção fosse completa e ele pudesse ter a intuição per-
Vou dar-lhes a prova,
Et puis s'en vont. feita de tudo. Quem nasce em degrau do meio só adquire expe-
continuou o Venancio, de- rièncla dai para cima — e jamais será um completo.
•abotoando o colete e en- Emergem do oceano do
"Unde". dão três voltinhas e submer- E o moleque Machadlnho foi crescendo na rua. e foi subindo
costando o braço no peitoril gem-se no oceano do ' Inde". Emergem as marionettes aos mi- o morro social. E foi estudando como e onde podia, ao acaso doa
da janela que abria para o Ihões e aos milhões se submergem.— Folhas da árvore da vida. encontros e dos livros, sem mestres, sem protetores, apenas guia-
folhas passam, leva-as o vento só a árvore parece eterna do pelas forças internas. E vendeu balas em taboleiros, e ajudou
jardim. Foi no tempo da As Marionettes, marionettes — brancas, pretas, amarelas, cof de mi^as como coroinha, e fez-se tipógrafo — meio de ainda, no
Campestre Ah! os bailes cobre, de olhos azues ou negros, de cabelos encaracolados ou trabalho manual, ir aperfeiçoando a sua cultura nascente. Apro-
da Campestre! Tinha eu lisos. Surgem carne sensível apenas, ranzinhas nuas e lnerme». xjma.se d0s letrados, ouve-os com respeito, assimila o que pode.
então vinte e dois anos. que choram e mamam, e exigem das mães prodígios de amor oijserva-os. classifica-os. Aprender foi a sua primeira paixão a
Enamorei-me ali de uma mo- para lhes assegurar uma sobrevivência que Crescem, qualquer "fontfilhote de Taj aprendendo sobretudo a observar o jogo das marionettes en-
alcança sem o ajutório de ninguém. trols tre sl na eterna luta miudinha da vida — a enganarem-se mu-
ça de vinte, linda como o Inseto tours et puis s'en vont" — desintegram-se na crise da tuamnte, a pensar uma coisa e dizer outra, a fingir, a mentir em
sol, filha da viuva Faria. morte petits benefício próprio, a enfeitar os "trols petits tours" de todas as
desaparecendo do plano físico.
A própria viuva, apesar dos Nem todas se somem, entretanto. Nalgumas de exceção, por engenhosas truanices que a luta impõe.
cinqüenta feitos, a i a d a Influxo de causas misteriosas, uma coisa imponderável ecriadora. inana- Machad0
inteligência as sobe sempre. Começa a escrever, isto é. a lançar no
mostrava o que» tinha sido lisavel se desenvolve, a que chamamos suas ain(Ja jn,ormes reaçôes mentais. Mostra-se desde
esse algo aumenta a natureza por meio de «ontr'bul««» £ Não destrói. O sen-
Vocês podem imaginar se que
não previstas dela Mater Suprema: que a aumenta com as obrascomeço * extremamente a cauteloso. Não, inova.
me atirei ou não ao namo- do Todas m marionettes f perfeitamente calibrado
pensamento artístico. Do pensamento. e "da sua estética.
ro... n»n«im sua última é pensar, mas pouquíssimas
função uivima^R^»^^
Sua mnçao k-^ m|wta _ —H>mii uma u* existência
•"***
pensam, Sob(, Firma 0 ,ado econômico da vlda acarrapatando-se ao
Com a mãe? em milhares — pensam construtivamente e de modo a darem
ao mundo flores novas. Estado. Compreende bem cedo que no Brasil só como funciona-
Adeus! Se dizem toli- j o™a. —ti.. . „,nh„ rio público teria o sossego da ausência de cuidados materiais,
Muitas dessas flores vieram da Grécia anUga_- e nenhu P realização do seu sonho instintivo _ perpetuar--» sob
ees, calo-me. Atirei-me A ma da moderna. Outras nasceram em Roma. No unm» J "™«^« £ » M admitlrla ele. em seus devaneios da
filha; começamos o namoro dieval o clarão das fogueiras iluminou uma orquídea preciosa » Brasl, ^ 0 malor de todos „ injco
na noite; con _ Erasmo. A liberdade moderna fez que desabrochassem mui- ™££™ , Ja „„,„
logo primeira filhas do penetram na historia inacce»ivei um» d0
uu tempo,
re..,,*,.
correspondemo- ífmboSa t*e *•«»<: «ores pensamento, Machado de
tinuamos, o Destino marcara-o para isso
Ss poucas letras de um nome. Dizemos Homero, E no entanto que «e°»™ »'tuí-
nos; enfim, estávamos ali, dlTemof HÔrácto dizemos François Villon - iremos dizer Ma- Assis é o grande nome do Brasil, tao grande meteorica rutninm de
das orquídeas raras que flori- ção de absoluto destaque, acima ate da
estávamos apaixonados, em JhTdSll™- Nomes"marionettes tílu>u-lhe o dom da
menos de quatro meses. Es- ram no caudal sem fim das vont'" qui font. font, font, *uJto^:J™!^j!^J»e^J£,*-*" **""' "~™ supremo da esca-
s*en ' criatividade artística para ascender ao degrau
creví-lhe pedindo licença trois petits tours et,, puis . , , „ _, da lá onde "mata Machado de Assis se assentou sozinho.
falar à mãe; e, com Ninguém as adivinha ao nascedouro. Todas nascem a mes- «*' Tai^ luminoso espirito da crítica no Brasil, uma
para ina coisa - três quilos de carne que mamam ei choranu As que Miguel-Pereira,
efeito, dirigi uma carta à vingam sobreviver transformam-se em seres astuciosos e tontos <• • publicou sobre ele, há três anos.
t°5 e auarenta páginas espelhantes. A mais alta
?iuva, expondo os meus sen- ...os adultos - cheios de defeitos ou tortuosidades adaptat.va, J™™Q jnr^™Vmqmatéria SeVntllM literária - uma lição
timentos, e dizendo que se- deformados pela terrível premencia de serem forçados a viver aos homens. Não há estudo biográfico menos enrl- -
ria uma grande honra, se na multidão sob o regime darwinico da luta, a parasitarem-se «™ anedotas. menos policial, menos sensacionalista
uns aos outros, a escravizarem-se uns aos outros ou as ideolo- 5"ir mals .^nolíante
„.." empolgante,
me admitisse na família. glas que se vão formando - religiões. Estados, morais. E mor- nem
Respondeu-me oito dias dc- rem de mil maneiras, de mil moléstias, apagando-se da memõ- Para abordar o perigoso tema. Lúcia Miguel-Pereira deixa- ae
se ficar no estado dalma de Thoreau diante da placidez
pois que Cecilia não podia ria coletiva da maneira mais absoluta
lembrança, temos hoje dos milhões de cria- Walden Pond Situa-se diante da misteriosaJagoa humana que
casar tão cedo, mas que Que idéia, que
ainda podendo, ela tinha turalque deram suas três voltinhas durante o grande século foi Machado de ^se_com_ex_tre_ma_ _sl™P^idade J™\<#
lhe causa. E
rle PerirleO reações que a contempação do plácido mistério
outros projetos, e por isso No dia acima citado, de junho de 1839, nasceu no Rio de leitor sái do livro comde a Machado sensação fUica do "'^ogralado
de Assis cumpre acrescentar
sentia muito, e pedia-me Janeiro a humilima criança que ia dar ao pedaço de mundo Entre as obras
desculpa. Imaginem como chamado Brasil o maior nome da sua literatura, istonesse é. a mais mais esta: a biografia que ele determinou.
desabrochada setor Machado J- *£ sua "S^^JSS^T^
fiquei! Moço ainda, sangue U orquídea de pensamento jamais £
na guelra, e demais apaixo- Jo^qTlm*Maria Machado de Assis. Um
"pardinho". Er, demais tira ^»^L'tT
S5taSJ3SS55,«í
^âTi ha ¦"J^,
nado, quis ir à casa da viu- com est? nome que as orgulhosas marionettes de têz branca de- mas o leitor «•/"**> «"* pK£ efeitos
J« que começa a proau™
*»a, fazer uma estralada, ar- nominavam pejorativamente os filhotes das marionettes de pele «erlondade. Talvez a da língua,

li***
——
Domínio, ia-9-lMl
SUPLEMENTO LITERÁRIO D'A MANHA — PAGINA 125

NÃO RECOLHIDO ÁS SUAS OBRAS COMPLETAS


era sua, ninguém tinha o velho, muito amigo dos fi- semanas da minha vida.
direito de lhe botar a mão. lhos, sisudo também. No guei-a, a escrevf outra, seca, outra em copas, preferiu e
Afinal chegou o dia, mas mas suplicante, que me dis- levou o bolo.
A mulher do desembarga- dia seguinte ao da minha veio um desastre, que me sesse se deveras estava — E' boa! vamos à espa-
dor foi quem a recebeu e chegada, fez-me um lortgo atrapalhou tudo. Minha doente, ou se não queria dilha.
não sabia que dizer; o ma- interrogatório acerca da mãe deu uma queda, e fe- mais casar. Responderam-
rido não estava em casa. família da noiva. Depois (A Semana de 13-4-1895).
riu-se gravemente; sobre- me vocês? Assim respondeu
Felizmente, chegaram os confessou que desaprovava veio erisipela, febre, mais ela.
filhos, o Alberto, casado de o meu procedimento. um mês de demora, e que Tinha feito as pazes
dois meses, e o Jaime viuvo, Andaste mal, Venan-
ambos advogados, que lhe cio; nunca se deve desgos-
demora!
Não morreu, felizmente;
com a mãe? Opiniões sobre
fizeram ver a realidade das tar uma mãe . logo que pôde viemos to- Qual! Ia casar com o
coisas; disseram-lhe que era Mas se ela não queria? dos juntos para a Corte, e filho viuvo do desembarga- Machado de Assis
tempo perdido, e que o me- hospedamo-nos no Hotel dor, o tal qüe morava com
Havia de querer se o pai. Digam-me se não é
lhor era consentir no casa- Pharoux; por sinal que as- De Lafayette Rodrigues Pe-
mento e não armar escãn- fosses com bons modos e ai- mesmo obra talhada no céu.
sistiram, no mesmo dia, que reira:
dalo. Fizeram-me boas au- guns empenhos. Devias !a- era o 25 de março, à para- Mas as lágrimas, os vi-
lar à pessoa de tua amiza- Machado de Assis não é r«o-
sências, tanto eles como a da das tropas no largo do dros quebrados?... mântico, não é realista, não é
mãe, afirmaram-lhe que eu, de e da amizade da familia.
Esse mesmo desembarga- Paço. Os vidros quebrados parnasiano, não é decadente.
se não tinha posição nem Eu é que não me pude ficaram quebrados. Ela é E' um espírito culto, imaginoso,
família, era um rapaz sério dor podia fazer muito, ü
ter, e corri a ver Cecília. que casou com o filho do cáustico, que traduz em versos
e de futuro. Cecília foi cha- que acontece é que vais ca- Estava doente, recolhida ao
sar contra a vontade da tua depositário, daí a seis st- liem feitos as suas inspirações
mada à sala e não fra- seu quarto; foi a mulher manas... Realmente, se os e descreve cm cenas animadas
sogra; separas a mãe da fi-
queou; declarou que, ainda lha, e ensinaste a tua mu- do desembargador que me casamentos não fossem ta- a vida do seu tempo e traça fi-
que o céu lhe caísse em ci- lher a desobedecer. Enfim, recebeu, mas tão fria que lhados no céu, como se ex- guras que reproduzem a realida-
ma, não cedia nada. A mãe desconfiei. Voltei no dia se- de com que está em contacto,
saiu como uma cobra. Deus te faça feliz. Ela é bo- plicaria que uma moça, de
nita? guinte, e a recepção foi casamento pronto, vendo segundo os processos que" lhe
Marcamos o dia do casa- ainda mais gelada. No ter- ¦
Muito bonita. pela primeira vez outro su- parecem mais adaptados ão in-
mento. Meu pai, que estava ceiro dia, não pude mais e jeito, casasse com ele, as- iento. Ora pinta o que está-
então em Santos, deu-me Tanto melhor. perguntei se Cecília teria sim do pé para a mão? E' o vendo, o que não é ser realista,
por carta o seu consenti- Pedi-lhe que viesse co- feito as pazes com a mãe, e que lhes digo. São coisas porque assim o fizeram clássi-
mento, mas acrescentou migo, para assistir ao c»- queria desfazer o casamen- arranjadas por Deus. Mal cos e românticos, orn, entre-
que, antes de casar, fosse mento; impôs só a condição to. Mastigou e não respon- comparado, é como no vol- gando-se aos caprichos de sua
vê-lo; podia ser até que ele de esperar um mês. Escre- deu nada. De volta ao Ho- tarete: eu tinha uma licen- fantasia, remonta ao ideal, ou
viesse comigo. Fui a San- vi para a corte, e espe- tei, escrevi uma longa car- ça em paus, mas o filho do para embelezar a natureza, ou
tos. Meu pai era um bom rei as quatro mais longas ta a Cecília; depois, ras- desembargador, que tinha para exagerar-lhe as asperezas
as escahrosidades, o horrível.
Mas é sempre um homem do
novos. De uma plasticina pobre, como è a língua portuguesa, modelos. E em que estilo, com que pureza de linguagem! seu meio. Não cuida em ser
começam a brotar surpreendentes linuras — e ficamos sabendo A literatura brasileira é pobre de altos valores. Multa gente romântico, realista ou qualquer
que a riqueza de uma lingua nâo vem da sua opulência voca- na canoa, muito livro, muito papel Impresso, muita vaidade, e, outra coisa. Luta, pensa e es-
bular. Pobre também é argila, que dá toscas panelas nas mãos modernamente, muito cabotinismo. Mas está redimida de todos creve como um homem do seu
tio oleiro ou da o Perseu nas de Benvenuto Celllni. Por fim a esses defeitos pela apresentação de uma obra de solidez eterna. tempo,
grande revelação veio: nao há língua pobre, não há argila po- tão duradoura "Missa do como a lingua em que foi vasada.
bre, para um grande artista. Há artistas pobres. Há artistas Galo", "Uns Braços", "Conto Alexandrino", "Ca- * *
tão miserave'mente pobres que só sabem escrever jogando com pitulo dos Chapéus", "Anedota Pecuniária" _ é difícil escolher
toda a riqueza vocabular da lingua. "Fizeste-la rica porque não entre os contos machadianos. porque são todos água da mesma
pudeste fazê-la bela", disse Zeuxis ao discípulo que pintara fonte. Ah, se a lingua portuguesa não fosse um idioma clan- Quem reúne dotes tais é cer-
uma Venus excessivamente enfeitada. destino... tamente um escritor de grande
Machado de Assis ensinou o Brasil a escrever com limpeza, Antes de escrever estas linhas reli várias obras de Machado distinção. Mas não é só isso. Não
tato. finura, limpidez. Criou o estilo lavado de todas as dou- de Assis — e sO por já me haver comprometido com "La Prensa" raro, pela bela organização do
radas pulgas do gongorismo. do exagero, da adjetivação tropi- anlmel-me, a dizer sobre ele, tão pequenino, tão insignificante,
cal, do derramado, da enxundia, da folharada intensa, que es- tão miserável me senti. E envergonhei-me de juízos anteriores em período, pela propriedade e pre-
conde o tronco e o enga'hamento da árvore. que, por snobismo ou bobagem, me atrevi a fazer restrições irô- cisão da expressão e por um
Antes dele havia grandes mestres que começavam contos nicas sobre tamanha obra. E se não desisti da incumbência foi certo polimento, o sr. Machado
"O me proporcionar ensejo de penitenciarão em público. Por
assim: pegureiro tangia o armento para o aprisco". Era o por de Assis toca a essa graça, a
lindo, o extasiante, a bsleza de espernear. Machado de Assis que, francamente, acho grotesco que na atualidade brasileira ai essa flor de elegância, que «os
guem ouse falar de Machado de Assis conservando o chapéu na
provou que Isso é o idiotamento feio. Como o provou? Fazendo atenienses chamavam atiasmo
6 contrário. Escrevendo: "O negro tocava o gado para o cabeça. Nossa atitude tem de ser a da mais absoluta e reverente
curial". humildade. Quem duvidar, releia o "Conto Alexandrino" ou "Mis- e os romanos urbanidade.
sa do Galo".
Machado «de Assis expulsou do estilo todas as falsidades. * *
Expujsouaté o patriolismo e a grotesca brasilidade — essa. in- veu Ano cautela desconfiada com que o Machado de Assis social vi-
tromissão da politica de terror na arte. Foi contemporâneo"ceu de no seu meio
caso
carioca permitiu-lhe o máximo de felicidade possivel
— um caso difícil, de extrema superioridade mental
casos de superidiotia, em que poetas de nome falavam em De Afranio Peixoto:
aliada á extrema sensibilidade de um. orgulho sem licença de ma-
brasileiramente azul", ou, se era homem de mais latitude, .em nifestar-se em vista tom da pele e do cargo incolor que ocupa Machado de Assis, eis o nos«
"céu americanamente azul". Para Machado de Assis um céu va na administração.do
azul é simplesmente e sempre, um céu azul — só. Quantos ministros orgulhosos e ocos não so grande e verdadeiro lumio-
foram seus superiores legais e sociais — a ele que, por natureza, rista.
Ensinou-nos a escrever tão bem, dando-nos uma série de era o mais alto do Brasil? A vassoura do esquecimento já varreu
obras tão perfeitas de equilíbrio e justa medida, que "abafou a para a lata do lixo o nome de todos esses magnatas, de todos Possuiu aquela delicada e do-
banca", como diria um meu amigo analfabeto, impenitente Jo- esses seus "superiores"; mas o nome de Machado continua em lorída sensibilidade com que na
gaüor de roleta. E nâo so a abafou no Brasil, como ainda em ascençâo. vida cotidiana, que viveu e
Portugal. Nem o próprio Eça de Queiroz, o talento mais rico em Havia nele um curioso gregarismo. Sempre gostou de grê- 'maginou, foi tímido, encolhiao,
arte que Portugal produziu, chega á perfeição de Machado. Em sociedades literárias; chegou até a fundar uma academia
E;a há "elegâncias", maneirismos. atitudes — deliciosas atl- mios, de "imortais" da foi o presidente e se tornou o única
trepidante, reticente, desconfia-
tr.ties, mas, que o impediam de planar nas regiões sereníssimas imortal sem aspas. qual A explicação disso talvez fosse a sua ingè- do de tudo e mais de si mesmo,
cio estilo de Machado de Assis. nita necessidade de observar o "jogo das marionettes"; agre-- cético que nunca foi á afirma-
Os contos de Machado de Assis! Onde mais perfeitos de miando-as em torno de qualquer tolice humana, tinha-as como- ção, que chegou a negar num
forma e mais requintados de idéias e mais largos de filosofia? damente à mão para o estuda, como o anatomista tem em seu pessimismo desenfreiado e atroz.
Onde mais gerais, mais humanos dentro do local, do tadivl- laboratório .reservas de coelhos, cães e macacos eni gaiolas, para Para os seus nervos VÍbrateis
eual? Temos de correr à França, para em Anatole France en- uso experimentai.
cnntrarmos um seu irmão. Este. entretanto, desabrolhou no tríesmò no repouso, para' sua
A filosofia de Machado foi mansamente triste. Estudou de
nais propício dos canteiros — animado por uma alta civilizar mais as cobaias, conheceu demais a alma humana. Filosofia sem pele descascada, todos os con-
Çuq, estimulado por todos os prêmios, rodeado de todos os re- revolta, calmamente resignada. A conclusão última aparece em tactós, ainda os simpáticos,
quintos do conforto e da arte. Já o pobre Machado dé Assis, Braz Cubas, o herói da vulgaridade satisfeita que termina as eram niolestos.
ti teve como ambiente um sórdido Rio colonial, e prêmio ne- memórias póstumas com um. balanço em sua vida terrena. Ba-
ri;um afora a sua aprovação íntima, e parquíssima renda men- lanço com saldo. saldo? "Não tive filhos, não transmiti a
£sl para a subsistência: e como leitores, nada no mundo inteiro, nenhuma criatura Que o legado da nossa miséria".
«ue era o leitor de Anatole — mas apenas meia dúzia de ami-
Saldo equivalente apresentou a vida de Machado de Assis
gos. O preço pelo qual vendeu ao editor Garnier a propriedade Não teve filhos. Não legou a criatura alguma os seus E é tudo, talvez, talvez de
lltsrária dê tod» a sua obra — oito contos de réis. 500S000 cada pigmentos, mais, porque se não fosse^te-
livro — mostra bem claro a extrema redução do seu circulo de a sua gaguelra, a sua tara epilética, o seu desencantamcnto das
leitores. marionettes — já que não poderia legar-lhe também o seu gênio. mer acusação de parcial, rete-
E não houve em sua vida ato de maior generosidade. Que coisa ria apenas Machado dc Assis.
Mesmo assim, cercado por todas as limitações, foi de sua terrivel para uma criatura qualquer, ainda que de mediana sen-
saiu a obra prima da literatura brasileira, sibilidade. conduzir pela vida afora a carga tremenda de ser filho E este, pela excelência das pá-
pena que primeira
e.-ras "Memórias Póstumas de Braz Cubas", livro que um dia de Machado de Assis! ^inas que escreveu, é luimorts-
" r.iundo lera com surpresa. "Será possivel que isto surgisse num ta como os maiores que teem
Sabe quem é aquele corvo triste que vai saindo daquela
tais "in fleri". lá pelos "Dom
fundões das Américas?" dirão todos. existido; pela perfeição do esti-
E deu-nos depois Casmurro". o romance"O perfeito; e repartição? !o e pureza tle linguagem como
"Esau e Jacob". e "Qulncas Borba" e finalmente Memorial Aquele corcovado, moreno, trejeitante?
de Aires", obra em que estiliza e romanceia o nada — o nai»a Sim. E' o fiho de Machado de Assts... o fez. artista que não possuía-
de uma velhice — da sua velhice de quase 10 anos. Estamos a ver o ar de apiedada compunção que se estampa- s e ainda não temos outro;
Entremeio aos romances foi produzindo contos — e que ria no rosto do informado. pela abundância de sofrimento
contos! Que maravilhosos contos, diferentes de tudo quanto
"maqul-se A natureza só permite aos gênios uma filha: sua obra. Ma- de gênio, capaz só ele dc en-
fez no Brasil ou na América! Contos sem truques, sem chado de Assis compreendeu-o como ninguém, e depois de dar cher uma antologia que se nâo
ns". sgm paisagem de enchimento, tudo só desenho do mais cui- ao mundo a mais bela das filhas afastou-se do tumulto sozinho,
dado. como os de Ingres. Tipos e mais tipos, almas e mais almas cabisbaixo, na tranquildade dos que cumprem uma alta missão eslustrará. no confronto «com
— uma procissão imensa de figuras maia vivas do que os próprios e não deixam atras de si nenhuma sombra dolorosa. as peregrinas.
if'-".''r,,v.-.-i->...i":\.e>>1-! :.":-::rc\:,."V::y>.i" ,<?".:¦?"¦¦¦¦¦¦:¦¦ r v -. e-ve.-7.a.-.:-^..7; v -;
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Domingo, M-S-1M1
PAGINA 126 — SUPLEMENTO LITEBABIO D'A MANHA

"ADEUS"
O DA ACADEMIA - o* B*rb™ Um inédito de
Desianou-me a Academia Brasileira de Letras para vir tra. os anos, a medida que o rastro de luz penetrar, pelu futuro alem, Machado de Assis
ter ao amigo oue de nós aqui se despede, para lhe vir trazer, nas coda vez mais longe do seu loco.
mal próprias paZras, num gemido da sua lira. para lhe vir O que se apagaria talvez seo nao colhêssemos logo na me-
ONZE DE JUNHO
trazer o nosso
'¦coração de companheiros". mona dos presentes, dos que lhe cultivaram o afeto, dos que
Eu ouase não sei dizer mais, nem sei que mais se possa lhe seguiram os dias, dos que lhe escutaram o peito, dos que lhe
se
di-er auando as mãos que se apertavam no derradeiro encon- fecharam os olhos, è o sopro do suo »ída moral. Quando ele Quereis sentir a gran-
irõ se sermram desta para a outra parte da eternidade. Nunca lhe exalou pela última vez. os amigos que lh'o receberam como
eraui a voz sobre um túmulo, varecendo.me sempre que o si- ierradeiró anelilo contraíram a obrigação de o reter, como se deza? Relede esta palavra
lêncio era a linguagem de nos entendermos com o mistério dos referia na máxima intensidade de aspirações dos nossos pul- com que o forte almirante
mortos Só o irresistível de uma vocação como a dos que me mões o aroma de uma flor cujae deíe espécie se extinguisse para a
Impregnar a tradição, que deu conta da famosa bata-
chamaram para orgam destes adeuses me abriria a boca ao re- pé dar a sentir aos sobrei>it>eníes, "Não
deste jazigo, 'se em torno do qual, ao movimento das emoções não perece. . lha: fizemos tudo
sobrepõe o murmúrio io indizivel, a sensação de- Eu nao fui dos que o respiraram de perto. Mas ftomem do
vrimídas não sou estranho às influencias do ma! e do bem. quanto desejáramos, mas
uma existência cuja corrente se ouvisse cair de uma outra bacia, meu tempo,
no insondaDel do tempo, onde se formam io »eio das águas que lhe perpassam no ar. Numa época de lassiiao e vwlencta. fizemos tudo quanto po-
tem manchas as rochas ds cristal exploradas pela posteridade. hostUidade e fraqueza,necessita, de agressão e anarquia nas coisas e nas
Do oue a ela se reserva em surprezas. em maravilhas ie idiUu, a sociedade justamente, por se recobrar, it diamos". Toda grandeza
transparência e sonoridade e beleza na obra de Machado de mansidão e energia, de resistênciaas e conciliação. Sao as Dirtu. da ação palpita nessa sim-
Assis dilo-ão outros, hão de o dizer os seus confrades, já o está des da vontade e as do coração qúe salvam nesses transa,
di-endo a imprensa, e de esperar é que o diga, dias sem conta, Ora, dessas tendências que atraem para a estabilidade, a pacl- plicidade; essa palavra, que
icrreâor io seu nome, da lápide que vai tombar sobre seú corpo, licação e a disciplina, sobram exemplos no tipo desta fida, mal parece limitar-se, que se
«ias abrir a poria ao ingresso ia sua imagem na sagração dos extinta e ainda quente. to-
incontestados a admiração, a reminiscência, a mágoa sem cura Modelo foi de pureza, correção, temperança e doçura; na reparte irmãmente por
dos oue lhe sobrevivem. Eu, de mim, porem, não quisera falar família, que a unidade e devoção do seu amor converteram em dos, proclama nada menos
senão do seu coração '., e de"sua. alma. santuário; na carreira pública, onde se extremou pela fideliiaie a destruição do poder
. . _
Daqui, deste
,, -
abismar.se de ilus°X'"SPZ^r„9MrãTa . „__™~,. „„„ •„!,.„ e pela honra; no sentimento ia língua pátria, em que prosava que
«™° ™' <"« Souza e cantava como Luiz de Camões; na convi- naval inimigo; — ação de-
tram ao cerrar ie cada sePul"°'^^0^fJZtL!Xdl
,ua resplandecendo, na sua ,faseinação na> <™P«'«"«ã«*J *» do »™cia dos seus colegas, dos seus amigos, em que nunca deslisou cisiva, por uma tática de-
da modéstia, do recato, da tolerância, da gentileza. Era sua alma
teu voo. Muito ressumbra sempre da nossa df«f«^'™«ltJ^' um vaso de amenidadee melancolia. Mas a missão da sua exis. Casiva, que um ano depois,
do seu surto e na confmnça ias suas asas^ Asjx^awaiasma^ repartiáaComtudo, entre o ideal e a rotina, não se lhe cumpriu em outros mares, outro
alias do gemo mal se libram nos tange, da nossa atmosfera ie •
o mesmo ealix da morte, car-
toaas as partes envolvida e distanciada pelo infinito^ Para se amargura, atitude lhe não alterou a brandura áa tempera e a vencedor tinha de repetir,
não perder no incomensuravel deste, para se avizinhar a terra
do firmamento, para desassombrar a>™P™et™bf*"*ennl« Poderíamos gravar-lhe aqui. na lage ia sepultura, aquilo de para inscrever Lissa ao pé
more nao há nada como a bondade Quando ela como aqu, à
livro cristão: "Escreve, lê, canta, suspira, ora, sofre de Riachuelo.
se debruça ora de uma campa ainda aberta ,a se nao cuida c*ntrat s virilmente", se eu não temesse claudicar, alien-
que.lhe esteja a beira, de guarda, o mais matquisto dos nomes, ....<-
turando que as suas tributações conheceram o lenitivo da prece
.....> (O Globo, 11-6-1882.)
no sentimento grego, e os braços de si mesmo se levantam, se O instinto, não obstante, nõ-lo adivinha nas trevas iõ seu nau'
estendem, se abrem, para tomar entre si a visão querida,.qu? se frágiç, quando, na orfandade do lar .despedaçado, cessou de en-
aparta. contrar- a providência das suas alegrias edas suas penas, entre
a
Nâo ê o clássico dá lingua; não é o mestre áa frase; não é as caricias' da que tinha sido a meeira àa suá lida e do seu
árbitro áas letras: não é o filósofo do romance; não e o ma- Machado de Assis
gico áo conto; não é o joalheiro do verso, o exemplar, sem rival pensamento
Mestre e companheiro, disse eu que nos {amos .despedir.
entre os contemporâneos, da elegância e da graça, áo aticismo Mas ,jjsse mai A morte não extingue: transforma; não "morta
e da singeleza no conceber e no dizer; é o que soube viver"uma
de ser bom. Nascido como
in- ia. renova; „ã0 diuorcia! aproxima. Um dia supuseste
e
aniqui-
e seus amigos
tensamente da arte. sem deixar separada" a consorte dos teus sonhos e das tuas agonias; que
destas predestinações sem remédio ao sofriment»", a amargura te soubera "por um mundo inteiro no recanto" do.teu ninho, e, Lúcio de Men-
do seu quinhão nas expiações da nossa herança o não mergu. todavia, nunca ela te esteve mais presente no intimo áe ti Uma carta o
thou no pessimismo dos sombrios, dos mordazes, dos invejosos; mesm0 e na expressão do teu canto, no fundo do teu ser e na donça, não recolhida no vo-
dos revoltados. A dor lhe aflorava ligeiramente aos lábios, lhe face ias tuas acges. £Sses quatorze versos inimitáveis, em que "Correspondência",
'ocavá ao de leve a pena, lhe reçumai-a sem azedume das obras. <, enievg iios {eus discípulos resume o valor de toda uma lite- lume da
mim ceticismo, entremeio de timidez e tlesconfiaça, de inãul- -aiura< eram a aliança de ouro áo teu segundo noivado, um anel do escritor
géncia e receio, com os sens toques de malíciaas a dúvidas sorrirem, «t de outras núpeias, para a vida nova do teu renascimento é da
quando em quando, sem maldade, por entre e as tua glorificação, com a sócia sem nódoa dos teus anos de mo-
tristezas tio artista. A ironia mesma se desponta, se embebe cidade e madureza, da florescência e frutificação de tua alma. Rio, 2 de abril de 1901.
de suavidade no íntimo desse temperamento, cuja compleição., Para os eleitos do mundo áas idéias, a miséria está na de-
sem iesegualdades, sem espinhos, sem asperezas. refratária aos cadência, e não na morte. A nobreza de uma nos preserva das Meu querido Lúcio.
antagonismos e aos conflitos, dir-se-ia emersa das mãos áa pró- ruínas da outra. Quando eles atravessam essa passagem áoin-
que se lavra. visível, que os conduz à região da verdade sem mescla, então é Logo que recebi a sua caria,
pria'Harmonia, tal gual essas criações da Hélade.linhas
ram para a imortalidade num mármore cujas parecem ^ue entramos a sentir o começo do seu reino, o reino dos mortos jm-tttcaó Laemmcrt, onde achei
relevos dó ambiente e projeções do céu no meio do cenário que soSre os vims_ á. minha espera o exemplar tlãs
as Circunda. "Ainda quando -a tida mais não fosse'que a urna da saudade, "Horas do bom tempo.". Já o.
Deste lado moral da suá entidade, quem me dera saber ex. osãcrário da memória dos bons, isso bastava pari a reputarmos neces*
a gênero. titulo trazia a jrescura
prtnür nesle momento, o que eu desejaria. Das riquezas da sua um benefício celeste, e cobrirmos de reconhecimento
inspiração na lírica, dá sua mestria no estilo, da sua sagaciiaiè siãade qúe no-lã doou: Quando ela nos não-ê prodigaliza dádivas .'ária aos meut invernos. De-
na vtxologia do seu mimo na invenção, da suabonomíá nó como a ió teu espírito e a da tua poesia, que lhe ievêra vem ter sido bem bons tempos,
himorismo, do seu nacionalismo na originalidade, ia súa lha- mój dtitifdttr ia grandeza, a que te acercaste- primeiro io que esses, que você acordou em pa^
ne'« tato e gosto literário, darão testemunho perpétúamènte nós, mestre e companheiro. lépidas, com vida e von-
às seus escritos galeria áe obras primas, que não atesta menos Ao chegar da nossa hora, em vinio a de te seguirmos um gínas 'ade. E'. doce achar-se na con-
ãa nossa cultura, da independência, da vitalidade e ias ener- a um no caminho ie todos. levando.te d segurança da justiça
rias ver- Ia da vida passada algumas hor,
olas civili>adoras' da nossa raça io que uma exposição inteira da posteridade, teremòs-o consolo dehaver cultivado,
ie tesoiros do solo e produtos mecânicos io trabalho. Mas, nesta dadeiras belezas da tua vida, sua idéáXidade. sua sensibilidade, ias, tais que não esquecem, que
hora ie entrada ao ignoto, a esie contado quase direto, quase sua casttdade, sua humanidade, um argumento mais' ia d exis- onfc revivem
> fa:em reviver aas
tensivel com a incógnita'do problema supremo, renovádg com têneta e da infinidade dessa origem' iedo todas as graças, e a tua, com- oulros. Não M senão um re-
interrogações dá nossa ansiedade cada vez que um de nós de. potência de' quem devemos a criação universo
laparéce na torrente das gerações, não é ocasião dos cânticos panheiro e mestre, sobre cuja transfiguração na eternidade < lógio para elas, mas i preciso
saber,
Ae entusiasmo, dos hinos pela vitória nas porfias io talento, n* glória caiam as suas benção, eom as da pátria que te reclir ser bom relojoeiro para
A este não faltarão comemorações, cujo circulo se alargará com na ao seio.- dar corda i jas?-ta bater de no-
vo, eomo você jes.
Ao pé delas, vi os contos, reti
LIN VIEUX PAyS muitos e agradeço as sensações
de vária espécie, que me dei-
...juntamente choro e rio. utmm. ou alegres ou melancá-
-*£.. fZyrtyi (Camões)
Itcasoft dramáticas.
^ifé. Una destas, a do
"Raspe-
de", é ias mais vivas. E,das
n est un vteux pays, plein d'ombrè et de litmiète, melancólicas não sei se alguma, "Ai
Oü l'on rêve le jour, oü l'on pleure ie soíe; -. valerá mais ¦ que aquela.
sombra do rochedo", que r um
Ün pays de blaphème, autant que de prière.
litro em cui.o páginas:: a com-
..líé pour le doute et pour 1'espoir. paração da matfbã e. da tarde t.
¦; deliciosa, e a que.jormae ilá *
;rr'^^~^7a.7~7r.w.'«;^^í„^!^;«.;.,.^; i* dar mais verdadeiras.
On n'y voit-point'de fleurs sans un ver quê les ronge, IiYb7o "'Mãos*?";*
..„. «a £z.^—., #, —^.__ mL^c ,-np... á:.:'.z .;¦-!:. E~as a'"Ugrimã
Poiht dé mer saiis tempéte, oií.de ãoleilsans niüt; ."•;„
perdida" fé'o restaf Eis.ál boá
¦¦-¦ ™S-~* st. .....',*._...q^^í , .•**¦ Le bonheuç.y parait quelquefois
dahs un sbnge .'. prosa, com' emoção e sincçri-
^-;. s^~>...£ ,t, dade...' .''_./'
Entre les bras du sombre ennui.
A Academia agradece ò novo
, **i-a-.<a-^íí„^ií: livro ao seu fundador e cá o es-
L'ampur y va souvent, mais c'est tout un delire,
' pera para jazermos, algumas
¦?*
Un. désespoir sans fin, une enigme sans mot; . sessões, necessárias, .
Parfois il rit gaiment, mais de cet affretl rire Até breve, até o primeiro ai-
*%; *&&.* sanglot. moço da "Panelinha",
Qui n'est j)e'ut-être qu'un
Rst&ve esta lelra; nunca íoi
,; ^m^^Ki^ bonita: a idade a está faenilo
On va dans oe pays de mis^ea«t dívresse. execrável. Só ô coração se con-
Mais on le voit á peine, on en sont, on a peur; \" serva.
fotografia ie. porte: dm folha W. do -que livra «. f íe registre ie batismo Je 1'habite pourtant, j'y passe ma jeunesan... -r,.
se- encontrm o <u*e*to de < Amigo velho e admirador
. úa paróquia de Santa Rita, em
batumo do grande escritor . J Hólas! ce pays, c'e«t món coeur. (a). Machado deAffis,
-
m -w-a»- -" ¦•"¦¦"¦"(«ppf rt-Vftrtr-mf!"

, Domine, M-9-IMI «irPl.BMENTO LITRKAKIO D'A MANHA — PAGINA 1(7

Aglorificação de Machado de Assis-'Souza


Bandeira
Diante do grande morto que pelo trausbordamenta estlrám- veis estudos da vido nacional
aera acompanhado hoje a se- bico que constitue a essência da durante mais de quarenta anos
pultura pelos olhares piedosos nossa atividade literária. através dc Iodas as viciseltu-
de todos os que prezam a arte Pettorvcu taáUÍ ^ fases aa des da nossa história. Debalde
e o gosto, nao cabem frases, nossa vlda intelectual P'*ocurar-se-á nele o precon-
nem lugares comuns, de que lhe ,„ „* versos, contos e oSrT quem <*ito de
um ponto de vista po-
era tao inimigo. mances, comparando-os com os ,itic0 ou social, o prurido de ta-
A sua vlda foi simples e se- diversos momentos da nossa wr crlt»ca, ou a pqrcocupaçâo
rena como a dc um justo. evolução literária, há de notar de reformar os costumes, a sua
voiveu-se circunscrita ao excr- na sua vasta obra os traços da arte' bcla e suPe™r. pairava
cicio das funções públicas de sua comunhão com as dlferen- *' critica, ou a preocupação
onde tirava a subsistência, de- les modalidades do pensamen- subalternas, e correspondia pu-
d 1 c a d a exclusivamente a o to nacional. Com efeito, encon- ra e simplesmente a um alto
Ideais superiores da arte, e cor- tram-se-lhes vestígios do india- '(leal estético, podendo-se, dl-
reu longos anos paralela à da nismo, do romantismo que per- zer' como t"sse Vasari de Mi-
suave companheira dos seus turbou a imaginação dos poetas suei Ângelo, que escrevia "per
dias, cujo desaparecimento de 1850 a 1860, da musa guer- mostrare maggionarmente l'ar-
»eio lançar no maior desânimo, reira inspiradora dos cantores to sua ossere grandíssima".
Não há que respigar os lan- da guerra do Paraguai; dos Há três anos, porém, o sor-
ces dramáticos que avolumam apuros do parnasianismo. Quem, riso foi-se-lhe abrindo um ri-
».s biografias, e os belos gestos porém, poderá dizer que Ma- tus melancólico. A desvelada
que fixam a atitude dos ho- chado de Assis foi indianista, companheira da sua vida,
mens notáveis perante o reco- condoreiro ou parnasiano? oriunda de uma familia de ar-
nhecimento. E, quCi atravessando todas as tistas e Poetas, que tanto lhe
Preso á cidade onde nasceu, escolas, e sendo influenciado por comprendia o sentir e o pensar,
onde viveu, e de onde nunca se todas as correntes literárias, <le',t<"1 deserto o ninho delicio-
ausentou para longas excursões, nunca abdicou a bela liberdade s0 cia mala perfeita felicidade
pois, ele próprio dizia que Bar- do seu espírito, e por isso soube C0tliugal.
bacena tinha vida, como a de conservar-se sempre ele pró- G o velho poeta, coração es-
Kant, será o tormento dos bió- prio no meio da diversidade de aencialment* afetivo, minado
grafos futuros, principalmente influências literárias que sofreu, pela moléstia cruel que lhe
depois que desaparecida a ge- Não Iez escola nem corroía o organismo, poud* me-
ração que com ele viveu, vierem proselitismo. Foi, porém oeíttceu resul- lancollcamente meditar, no seu
"* " pP0curar* tado magnífico de uma afirma poético **"" retiro do Cosme '-"" Velho,
S8."?™™*5* sobre a triste, mas consoladora
™i« 55fí.^t™^ el™intos 1a3SaB?m guiu
5ão do próprio esforço. Conse-
verdade dos seus belos versos:
apreciação da sua obra. dade levantar
£l. a ^ÍSIHS?*.,0"
para
a sua individual!-
aciraa d0 „.„ meio e mals
E quanto ao exame da sua in- ainda, erguè-ra bem alto até a "Anuir
Iluèncla sobre o melo literário mais remota posteridade, en- e mt itauÂm i n«He annd*.
da época em que viveu, à ana- quanto entre a gente da língua A tarefe melhor 4a nm» ovéete, Machado de Assis, em outro retraio dos seus 40 anos
Use dos elementos determinan- portuguesa houver quem apre- i», cbd, k ««tr», <M mis,
tes da sua função na vida ar- cie a manifestarão artística do
tística do pais, está ainda lon- falar. Sem outra preocupação
ge o momento em que, bem co- de ordem geral além da lite-
nhecidas as correntes intele- ratura, elevou-se, por seu único
ctuals das três gerações que esforço, de um simples e obscu- Tudo o que havia de afetuoso
atravessou, se possa ter o re- ro tipógrafo até a maior culml- meigo nos arca nos do seu
Machado de Assis, crítico
euo necessário para deslindar nàncla na literatura nacional, coração, objetivou no seu úíti prática. (Continuação da página 107)
sua verrédeira influência, no a fina ironia do seu espirito m0 livr0 "Memorial de Ayres" seu Não o podendo infelizmente citar, remeto o leitor ao
livro.
meio a que pertenceu. 0 ^oce ceticismo que se espar- *> te'ti0 diferente dos outros, Abundam neste os conceitos etn que a açudeíti da Idéia é
O que, porem, está ao alcan- zla por Iodos os seus escritos, t*!"6' uma retratação de tanta relevada pela excelência da expressão, freqüentes na obra de
ce de quantos com ele de per- verdadeiros prodígios de mela Ironia espalhada nos anterlo Machado de Assis, Eis algumas amostras:
to privaram, ou de longe adml- tinta, nunca atingidos por es- res' mas em toio caso uma ma "0 sublime é simples" 122) — "Vm
poeta nâo é nacional só
rarani e amaram a sua obra, critor algum de Portugal ou do nifestação ao grande público de porque insere nos seus versos muitos nomes de flores ou aves
o encanto inolvldavel da sua Brasil, faziam dele um tipo Machado de Assis que só era do pais, o que pode dar uma nacionalidade de vocabulário t
pessoa, o caráter indelevelmen- único na literatura da nossa conhecido e amado por um nú> nada mais" (231, — "Eníre o admiração supersticiosa e o des-
te individusJ da sua arte, o ati- língua, para o qual, se pro- mer0 limitado de amigos inti tem absoluto há um ponto que é a -ftiíHea" 131) — "Aborrecer o
cismo do seu temperamento su- curarmos termos de compara- mos e discípulos fieis. passado ou idolatrá-lo vem a dar no mesmo vicie: o vicio de
perior ás paixões humanas Ção. so os poderemos achar em Chegou para ele a época da uns, que náo descobrem a filiação dos tempos t datam de si
às efêmeras escolas literárias, outras literaturas, na suave fi- glorlficação nacional. A Aca mesmo a aurora humana e àe outros que imaginam que o esps-
cm que se dividiu a atividade losofia de Renan, no tino sor- demia Brasileira, a que dedi rito do homem deixou as asas no caminho e entra a pé num
intelectual dos homens do seu riso de Anatole France, na pre- cou as últimas energias da sua charco" (fíJ) — "Em poesia, logo que a expressão náo traiue as
tempo. cisão psicológica de
"humour" Stendhal, alma, na pessoa de Ruy Barbo idéias, tanto importa nâo as ter absolutamente" tl4t) — "A
A sua linguagem da mais li- no Pu«8ente de Ster- sa, um dos mais altos repreaen verdadeira ciência nao i a qut se incrusta para ornato, mas •
dima vernaculidade, mas sem ne' na 'ágrims ?« » dc João tantes da mentalidade br&si que se assimila para nutrição" (165) — "Não Imitar nada, nem
«s artificius de um purismo De- Paul° Rlchter. na irreverência lelra, dir-lhe-á, à beira do tú ninguém, é a condição das obras vivas" (ltS) — "Sáo basta ttr
calculada de Heine. O seu esti- mulo, o último adeus. O gover- razão, cumpre saber ti-la" 1170) — "Antônio José foi um desti-
dantesco, fez dele o trande
clássico da nossa época, que lo, tantas vezes comparado ao no. pondo-sc à frente do senti- w> decapitado, era um engenho sem —disciplina, "Defeitos
nem gosto- mas
sorriso sibüino da Gioconda, mento nacional, decretou-lhe caracleristico e pessoal" (IM e JI7) não fazem mal
passará as gerações futuras co- , . . . . ... "O
mo o escritor que aliou o espi- et» 9'"'° if subentendidos e homenagens extraordinárias. E quando hi vontade e poder de os corrigir (216) — esptrffo
mo verdadeiro da língua às ne- rei*"***- ?"« permitiam ao a mocidade das escolas, cheia da seita (literária) tem fatal marcha do odioso ao ridículo" (16C).
cessidades oriundas das trans- lelt"F ° ****** prazer inte.e- de ardente e piedoso entusias- Esse espirito nâo o tinha Machado de Assis, como ainda o
formações sociais, fugindo ao c-ual de «otaborM ™m o au- mo. mostrará como sabe presar conceitos tesfemunAa este livro, onde diferentes correntes e tendências,
mesmo l*mpo aos dos extremos tor "" Mnc"M,,es P°r e6t« »">- a memória do grande brasilei- são apreciados e manifestações Mterárjaj e autores ie diversas escola»
cujo exagero orça pelo ridículo; fuiatia3. ro, que. caso único no nosso com a mesma alta simpatia intelectual que não
a vulgaridade nas expressões havia melo pelo só prestigio da sua exclue a isenção io juieo pessoal do critico e â sua franca ex-
Se por temperamento, como iudiciosamente observa o
que nivela a linguagem literá- pouca preocupação de meio fl arte. conquistou um lugar sa- pressão. ir. Mario de Alencar, espirito «ó*o vulgar ias nossas letras *
ria as grosseiras do plebeifimo. sito onde se agitavam os per liente entre os grandes vultos
ou o tingido gongorasmo dos es- sonagens. Raramente se per- da nossa pátria. miiffo afim do de Machado de Assis, refugia este à crítica par-
«mores que, a cata dc maior mitia uma descrição. Nenhuma tlcularizada dos autores — que era acaso mais do seu gosto —
t.evação no seu dizer, enchem paisagem se destaca dos seus é poraue a "asua natureza aristocrática e exquisita sensibilidade
os seus escritos de frases fei- escritos como uma dessas pa- repugitava furba muffa das vaidades irritadiças, das voca-
tas, dc vocábulos tirados aos gmas que levem um escritor à ções ie anfiteatro", como ele tão excelentemente diz, que por
rtrdonários. ou de redundar.- posteridade. ¦iia de regra essa critica assanha açul, e em toda a parte, entre
eiiii enfáticas, em que se diluem os seus estudue iam direito Opiniões sobre os medíocres.
A sua censura do "Primo Basilio" e da maneira literária
os pensamentos mais elevados. js ajmas c aos estados de es- ie íça ie Queiroz, num momento em que caiamos num dot
O estilo de Machado de Ass.s.
clássico do mais exigente rigor pinto,
mas sem a preocupação
fuU1 do roman(.e psicológico.
Oa expressão, profundamente banalizado pela última é ia-
Machado de Assis nossos laceis embevecimentos por quaisquer ruins novidades ll-
teràrias, não lhe certifica somente a capacidade critica, mas et
«aturado do versar constante mentavel frase de Bourget. Be- lie Silvio Romero: coragem intelectual- Podemos não concordar inteiramente coi»
elos mestres da língua, que pra- uulr sobre a vlda uns profuu- dj suas opiniões — eu, ao menos, «fio concordo com iodas, como
Viçava com amor. nome de lon- ^^ conceilos. filhos de uma Foi imi motivo de festas cn- áe todo discordo do seu juizo sobre o "Gonzaga" de Castro Alves
fi Ht <>s admiradores do sr. M. — mas havemos de reconhecer-lhes o alevantado da inspiração,
ise se ressente de tais defeitos, níssima e penetrante observa dos argumentos e a perspícuidade dos conceito». £ o
c apesar do apuro geométrico ^0, olhar a sociedade sob o chado tk Assis o apura:intento a força íça de Queiroz o reconheceu em carta,
da forma, era, 110 entanto, prúnia irisado de uma ironia a d* suí*-5 ))ficsias completas, num próprio na Academia Brasileira. Nem se fez aqui, t talvezguardada
hofe
perfeitamente compreensível llm tempo piedoso e acre, e belo volume uitidanisnlc im- apreciação mais fusta do livro de £ça do uu sistema em Portugal,
poi qualquer peMoa cujo conhe- e Uterino.
ltluiml- tudo isto na linguagem Náo era menor blearria dizer à nova geração ie poetas dos
cimento se nao elevasse da lin- mal5 casta, mais elígall&, maUl „,.«„, "o "üsl« iluslrf va« 'u'"'
vale flumi-
euagem vulgar. sóbria, que Jamais empregou ","se.*! ^. ho.,e "J'"'5 alu tlgura* primeiros anos ie 79 as verdades que lhes disse Machado ie As-
sis no seu artigo citado, modelo ie critica simultaneamente
Esse apuro, só o podem con- escritor em sua lingua, na sua " nla's »»*'»»*> reprcseiitante perspicaz, isenta t urbano, e a eufas sentenças o tempo »e*>
«cguir os grandes mestres, e época tal foi o papel do chefe dc nossa literatura. Dos escri- dar plena sanção.
•rui todas as épocas de todas as incontestado da nossa llteratu- tores vivos c o mais celebrado, Em suma. Machado ie Assis, sem ter feito oficio de critico,
nações, nào se contam por cen- ra, cuja morte todos prantea- e aináH contan<lo os mortos, ele é. como tal, um dos maii competentes e mais sinceros que temos
tenas os escritores nesse caso. mos. ' . "' s """**
mn ra„„, ,„:,
™,s „,„,.:*,. tido. Respeitador do trabalho alheio, como todo trabalhador
Bem dúvida algum», o nosso Este continuo sorriso discreto 1»*"aos honesto, extreme de paiiSes pessoais, com o mínimo dos in/a-
grande mijfto é um deles. t bondoso, sempre temperado *> mundo do {íensainentn brast- fitieis preconceitos literários ou com a força de dominá-los, des-
A sua arte, elevada e espiri- pelo mais completo sentimento leiro. I'ara mim, que llie faço confiado de sistemas e assertos absolutos, com Uno gosto e tato
tuul, refletia, na banalidade do de medida, manifestou-se em várias restrições à nomeada, e conhecimentos literários senão profundos seguros, e mais uma
nosso meio. a feitura superior todas as suas obras, desde a« motivos longamente ex- visão própria, talvez demasiado pessoal, mas por isso mesmo im.
de um espírito grego, tradualn- da mocidade, até a çulmiuãn- .. . . pressionaníe da ilida, ninjiiem mais do que ele poderia ter
do a perfeita euritmia da sua cia dos seus grandes livros, co- P0"08 «" l,vro <»pcciai ai tor- exercido com a utilidade que lhe reconhecia, a critica "doutrl-
"Brax Cubas*'. "Quincu "me. ° celebre escritor nao e nária. ampla, elevada", a critica como atividade Uterárüt e/e-
produção. O gosto e a medida mo
do seu espirito manifestam-se Borba", "Dom Casmurro" e tudo quanto dele lem dito a !i»a. cuia falta, escrevia em 1*73, "i um dos maiores males de
em qualquer dos seus escritos. "Esaú e Jacob". Nesses roman- nnlsa ,|a admiração: mas, mes- que padece a nossa literatura".
E' assim que pôde acompanhar ces imorredouras, como nos assjm a mwB Essa critica, que ele não quis oii não poude fazer senlo In-
de perto, e por mais de quaren- seus contos, gênero em que ne- ¦_ _„,'i própri06 termitente t
_„ parcialmente, supre-a de modo cabal uma obra de
?a ar . a nona vida cplrituaJ. nhum autor, doe no»*w, se lhe olhos, c «ti tipo «olavel por imaginação que i o mais perfeito exemplar de engenho t bem
•em que tt áebssmtt domipw pode comparai, deixou admira- pau de uni tituw * yotto Uterário existente nus nossas letras.
«||w~wt—"'.'Tr'",* >'«'«"«a«...«'FrjJ:tj;.«il„a,«.;.,,«.., 1...1 ...;,,¦ «a. «¦^...y.a.tv.y "¦ .^OTrrrrç«TT«T*-T« ÍWí.fKwpiIl,^ Jlw^

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Relíquias de Machado de Assis


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trabalho du escritor, Acha- :<? /toyt; rio >1 cadsníia Brás,leira, no salão de honra da institui-
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cão. Veem-se sobre ela o pinec-nez" e outras relíquias do autor de "Dom Casmnrro"

0 carvalho de Tasso MACHADO DE ASSIS E CARLOS DE LAET


Nabuco. a Graça Aranha (Continuação da página 120».
reco cio mimo, responde que o destina ao Peri. grandíssimo cachorro
LOKDKHS, 12 de Abril de do mais poderoso dos srs. ministras.
Parecendo que este ato singularmente enaltece a gratidão do lio-
1"H5 mem para com o seu melhor amigo, e que não deverá ignorá-lo a
benemérita Socied.ide Protetora dos Animais, deliberou plantar, no lu-
Meu raro amigo gar das confidencias, umas canas faladoras. e que a toda gente vão
O i(hi' vai nessa caixa é um contando a historieta. Ao alio: a casa da rua Cosme Velho, n. 48 tantigo IS), em que
'lassa Alimárias aos srs. ministros, aprendei quanto mereceu l*iu país u escritor viveu muitos
ramo dr carvalho de que essencial mente ministerialista!",
anos e morreu. Em baixo: saida do
lltc mundo para oferecer uo Ma-
Qual o escritor ? Qual o ministro ?
enterro de Machado de Assis, da Academia Brasileira (sede
chado tie . fssis do modo
_— antiga, no Silogeu Brasileiro) ¦
que
the parecer tmils simbólico.
Km 1894, Laet tomava conta de um folhetim no Jornal do lirasil. ¦nado, os brasileiros, e entre todos estes povos não lhes faltaram templos,
O melhor (> talvez que a .-iea-
Tornou-se critico de arte. Desancou bordoeira a valer sobre os chefes altares e oblações.
demiti lhe nfcreçu, mas tf mi ndoda chamada então escola nova, ou bernardelesca. Por isso, teve de en- Árbitro e senhor das mais belas inteligências, o fato consumado
«f como são problemas para o frentar os mais adestrados especialistas cm arte. Assinava as descom- aceita hoje as homenagens dos nossos adversários da véspera. Só os
posturas com Cosme Peixoto, ora oficial, ora alferes. Depois que mor- loucos lhe resistem. E quanto mais improvisas as suas sentenças, tanto
sr. mesmo resolver. . Is pala- rou Ploriano e subiu Prudente, passou a empregar Cosme de Morai*. mais-entusiásticas as adorações a que ia», jus.
tiras, porem, rom que ele fur Uma das polêmicas travou-se com certo Maria), na Gazeta de No-
ticias. Como Laet atacasse do mesmo jornal a Lulú Sênior (Ferreira de Esta evolução, aliás, é fruto da evolução que edulcora os azedumea
oferecido devem ser sutis. \'in- Araújo i. muitos supuseram que Cosme confundia um e outro. primitivos, e vai amaciando os caracteres filantrópicos. O Prometeu
ffvem sabe dizer-lhe lão bem co- helènico insurgira-se, mesmo acorrentado, e predizia a Jove a queda da
Foi então que Machado de Assis serviu de mediador. Em post tirania... O muçulmano, vendo arder a casa, cruza os braços e não
tno o sr. o que ele gosta tie ou-dcriptum ao rodapé de 30 de novembro de 1894, declarou: "Cavalheiro atalha o incêndio... O homem da nossa época e da nossa terra com-
vir, e tíe ninguém, estou certo, tão discreto quão oficioso escreve-me informando que MariaI não é, pra uma girãndola. arma um discurso e deita ovação á Fatalidade
como talvez eu supusesse (diz cle>. o ilustre Lula Sênior, mas sim. um vencedora.
tie cônsul erarki a vas sala (tem
mancebo, fidalgo nas letras por via <Ve hereditariedade. Ao sr. M. de
tão honrosa porá o seu nome. A. ilais as .iniciais do meu correspondente) tenho que responder que Há. prova o ilustrado Mestre, uma engenhosa alegoria que figura
absolutamente jamais confundi Lulú Sênior com Marial, cujas vacila- cm antigas pedras gravadas. Laquesis. uma das Parcas, com o fuso
Devemos trata-lo com o ca- ções de estreiante nunca poderiam ser tomadas pelas manhas do vete- em punho, fia os humanos ctestinos. e de um lado e de outro estão duas
máscaras — a cômica, indicando as cenas ridícula:; da vida, e a trá-
rinho e a veneração cam que rano. Se trouxe ã baila o bom Lulú e porque ele. diretor da falange gica, para indicar a face grave das sucessos humanos. Desgraçados, con-
bernardalesca. veio contar onde se mete para apreciar estatuas.
no Oriente /ratam as caravanas clue. aqueles, cuja trama vital se tece sob o influxo da tragédia! K
Quanto à fidalguia literária de Marial, apenas lembro que a Cons-
ã palmeira ás veses solitária do tituicão ainda bem que, na mor parte dos casos, é a comédia que prevalece a
de 24 ae fevereiro de 1891. vigente pelo menos em parte, abo- que fornece agradáveis aesthuw.
•0.«.f. liu as títulos de nobreza, que aliás náo eram hreditários no Brasil,
mesmo nos tempos ominosos. Com este humour terminou o preletor. tendo de finíssimas farpas
Muitas recomendações afetuo- crivado as torpezas hodiernas. e mais uma vez revelado as tendências
Assim, respeitando a gloriosa ascendência de Marial. mui respeito- profundamente reacionárias que tão mal esconde nas suas rendilha-
tos do seu muito dedicada ami- samente pondero que, simples alferes republicano, não lhe posso fazer
das crônicas; e no meio de ferventes aplausos lhe sucedeu m tribuna
continências como a um príncipe de sangue. Aguente-se no balanço!" o habilíssimo José Veraz".
Diante desses testemunhos, que poderiam multiplicar-se. restam
TOAOUIM N.MirCO. duas conclusões: o valor de Machado para Laet, e a compreensão per-
Uma passagenzinha por que se pode aferir serem mesmo as inl- feita deste das obras de sen mestre, Quem resumiria, tão bem, tudo o
ciais de Machado de Asiss: Amarrotava, sem dó as belos vultos da re-
"Lulú é inteligente, não o nego. mas às vezes í|UP h* em Machado 0> Assis? Eram dois espíritos que se casavam
pública e a Lulú Sênior: perfeitamente, na linguagem e no espirito. Observaram com a mesma
íica mais tapado, talvez por abuso tíe nutrição. Pois não se lembrou luneta. Um. mercê de Deus continua de pé; outro, não se sabe porquo
Carta de Joaquim Na- dc dizer que é indiscreto e indecoroso ter um homem três avôs ma-
chos? Naturalmente pensa que avô é só o pai do pai ou o pai da mãe
Fatalidade, vive ainda criminosamente no esquecimento.
fsalvo seja!>. Está enganado. No francês, com licença do sr. Arth.
buco a Machado de Mendonça, é que se estabelece distinção entre aieuls e aieux. Pergunte
lá ao sr. Machado de Assih se avós não é sinônimo de antepassados.
-
Poã'e um homem ter três. quatro, vinte avós machos e não quer isto
UM SONETO
Assis dizer que a uma avó dele correspondessem simultaneamente "singular,
dos. Ou pretende o Lulú que seus avôs foram fêmeas? E
dois ma ri-
mas por lá se fique com a idéia, e não me atormente por isto. Entrego
é:
(Continuação da página 121)

mo orgulho dele aí que eu te-


a questão ao sr. E'rico Coelho, pois já decai no domínio da panteno-
¦tênese e da reabsorpção positivista" (J. do B.. 12-12-894). Carlos de Laet a Machado de Assis
Sob o titulo'. Mitologia, imaginou Laet um concurso para esta ca-
nho, a mesma certeza que d ora deira vaga na Escola de Belas Artes. E'. queremos crer, uma a'as mais Lido no cemitério de São JoSo Batista, na come-
etn diante ele é quem mais pode humorísticas peças de Cosme de Morais. Tiveram de experimentar-lhe moracão do 13.* aniversário da morte do escritor.
o amargo de seu fel, políticos, literatos, pintores e mais gente. Pala
jazer pelo brilho e nome tias sobre os candidatos: "eram temíveis. Abria o préstito mestre Macha-
nossos letras. F.le o apresentará dínho, logo seguido por José Veras? <o José Veríssimo), Capistrano Ta- Quando um anjo de espada rutilante
bajára 'isto é. Capistrano d? Abreu), e outros distintos homens de Deus pôs no limiar do Paraíso
m um grande amigo que eu uo- letras.
Vãmente lenho aí. o Ministro Teve entre as justas iras doce ttviso
A ciência fornecera campeão na pessoa de um positivista perfel-
Russo, Conde Prosar, tradutor tamente ortodoxo, menos na parte que proíbe o exercício co magia-
"vindo 1'ara n triste casal, pnisiritti. errante.
He fhsen. A Condcssa Prozor è tério acadêmico. Do mundo artístico tinha o simpático Auré-
lio. rada vez mais dominado pelo desejo de aparentar jacobinismo... "Voltareis. disse, e tudo pnr constante
tambem uma intelectual da pn- E do político o monocular e trovejante Zé Lopes (isto é, Lopes TrovãoV.
meira ordem. Dar idéia, conquanto resumida, de todas as preleções, seria tarefa Num amor impoluto, casto e liso..."
superior às nossas forças; assim, apenas alguns e mal tomadas apon- /:' aaasalhou cmn paternal sorriso.
Adeus, meu caro Amigo, mui- Nmentos pudemos colher tia longuíssima ses.sâo de sete horas, que Laura e Petrarca, Hcatris e thtnte,
tas saudades a Iodos, da nossa duraram as provas, o que aliás não foi muito, porque oito meses gasta
e um afctttosisst- o fabrico de um orçamento, e ainda precisa remendos do Executivo.
pequena roda
mo abraço do lodo seu Mestre Machadinho escolhera como ponto — o "Destino" ou Com [ícnsamentos idos c vividos
"Fatalidade"; e esteve, como sempre, impecável na forma e, no fundo, Terminada a lahuta peregrina
disfarçadamente mordaz. Surgem mais dois, mãos dadas, sempre unido,...
JOAQUIM NABUCO' Fez ver como, desde Êdipo. perseguido pela Fatalidade, até o maior
escultor dos nossos tempos (sorrisos modestos dos srs. Rodolfo e
dr. S*le»l, tão ingratamente recompensadas pelos contemporânew. a> Balem à poria da mansão intima-
fura implacável divindade executa desígnios, contra o> quais nada valera "Somos nós! somos nós. os fnraffidQS... ,
(I) Oianaau puUlioulo humanas resistências.
em 1902., filam chanumun-Ite o* latiiKK. »a«nkè m grego»; rato oa— So» Macluulo de Assis! li' Carolma!"

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